07 - Gestao

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GESTO

Controle ambiental em indstrias de laticnios


Rosngela Moreira Gurgel Machado(1), Patrcia Cristina da Silva(2) e Valdir Honrio Freire(3) ntre as diversas indstrias que tal; (2) implantao de uma esFigura 1 compem a economia mineitao de tratamento de efluenDistribuio das indstrias visitadas em MG ra, o setor laticinista ocupa pa- segundo a capacidade de processamento de leite. tes lquidos, em escala demonspel de destaque. Segundo o trativa; (3) controle de emisses SEBRAE (1997), so aproximaatmosfricas; (4) gerenciamento damente 1200 indstrias que dos resduos slidos. atuam formalmente em Minas Gerais, sendo 90% de pequeno Principais resultados e mdio porte. De forma geral, as pequeDiagnstico das indstrias parnas e mdias empresas tm enticipantes do projeto frentado diversos problemas As indstrias que fazem parque afetam a sua sobrevivnte do projeto caracterizam-se cia como: crdito difcil, juros por um porte relativamente peelevados e competio predaqueno, principalmente no que tria interna e externa. Diante se refere ao processamento (Fidesse cenrio, natural que os gura 1). Quanto ao seu perfil pequenos empresrios sintamde produo, constatou-se que se distantes das questes am34,0% do leite recebido so bientais, encontrando-se, ainutilizados para a fabricao de da, em fase de sensibilizao. queijos, o que representa uma Contudo, o interesse crescenproduo significativa de soro te pela preservao do meio (Figura 2). No entanto, depaambiente leva a um movimento progres- Tecnolgico de Minas Gerais (CETEC), ten- ra-se com a pulverizao da produo, sivo de conscientizao da populao no do como entidades financiadoras a OCEMG com inmeras unidades, cada uma prosentido de, cada vez mais, se consumir (Organizao das Cooperativas do Estado duzindo pequenas quantidades de soro produtos e servios que gerem menor im- de Minas Gerais), SILEMG (Sindicato da (mximo de 20.000 L/dia). pacto ambiental, exigindo uma adequa- Indstria de Laticnios e Produtos DeriAs alternativas para a destinao da o por parte das empresas. vados, no Estado de Minas Gerais), GTZ parcela do soro no aproveitada esto resCom o objetivo de contribuir na busca (Sociedade Alem de Cooperao Tcni- tritas fabricao de ricota e a doao/ de solues para uma produo que seja ca), FAPEMIG (Fundao de Amparo Pes- venda aos produtores rurais para a alimenvivel economicamente e ambientalmen- quisa do Estado de Minas Gerais) e FINEP tao animal, geralmente sunos. Os principais impactos ambientais das te correta, est em desenvolvimento o Pro- (Financiadora de Estudos e Projetos). indstrias de laticnios esto relacionados jeto Minas Ambiente, que atua nos setores Em sua primeira fase, a elaborao do da economia considerados mais crticos em projeto foi dividida em quatro etapas: (1) ao lanamento dos efluentes lquidos, termos de poluio ambiental no estado diagnstico das indstrias de laticnios par- gerao de resduos slidos e emisses atde Minas Gerais. Participam desse projeto ticipantes do projeto; (2) levantamento do mosfricas, geralmente sem nenhum tipo instituies atuantes nas reas de ensino, estado da arte; (3) estudo de alternativas de controle ou tratamento. Os efluentes lquidos das indstrias de pesquisa, controle ambiental e apoio s tecnolgicas para o processo industrial; (4) micro, pequenas e mdias indstrias, com estudo de alternativas tecnolgicas para o laticnios abrangem os efluentes industriais (guas de lavagem de equipamena colaborao da Sociedade Alem de Coo- tratamento de efluentes. perao Tcnica GTZ. Com o objetivo de efetivar a transfe- tos e piso), os esgotos sanitrios geraUm dos setores contemplados pelo Pro- rncia das tecnologias identificadas na pri- dos e as guas pluviais captadas na injeto Minas Ambiente o de laticnios. As meira fase, foi aprovada a segunda fase do dstria. A destinao atual dos efluenatividades do Projeto Laticnios esto sen- projeto contemplando as seguintes etapas: tes apresentada na Figura 3. Os resduos slidos gerados nas pedo coordenadas pela Fundao Centro (1) medidas de gesto e controle ambien34 BRASIL ALIMENTOS - n 7 - Maro/Abril de 2001

quenas e mdias indstrias de dura com remoo manual ou por Figura 2 laticnios incluem embalagens Linha de produtos das indstrias visitadas em MG. meio de raspadores de superfe bombonas plsticas, embacie. No caso de formao de lagens de papelo, lixo domsemulso, esta deve ser quebrada tico, cinzas de caldeiras, apapela adio de produtos qumiras de queijo e, em menor cos e utilizao de flotao com quantidade, metais e vidros. ar dissolvido. Os sistemas de tratamento Como o volume desses resduos secundrio, envolvendo proces geralmente reduzido, solusos biolgicos, so muito utilies cmodas e simples de zados para tratamento de disposio final tm sido efluentes de indstrias de latiadotadas, sem a utilizao de cnios, em virtude da grande critrios tcnicos, podendo quantidade de matria orgnisignificar perdas econmicas ca facilmente biodegradvel, e agresses ao meio ambienpresente em sua composio. Os te, como mostra a Figura 4. processos biolgicos mais citaAs emisses atmosfricas na trao e o encaminhamento para uma dos na literatura especializada e enconindstria de laticnios so provenientes da queima dos combustveis nas caldeiras, ge- unidade de processamento, podem repre- trados em estaes de tratamento em esralmente a leo ou lenha, cujo vapor sentar a soluo definitiva para o pro- cala real so: filtro anaerbio, filtro biolgico, lagoas de estabilizao, lodos usado para a limpeza e desinfeco de pi- blema de aproveitamento do soro. sos e equipamentos e em etapas do proNa Tabela 1 so mostradas algumas al- ativados convencional e reator anaerbio cesso produtivo, como a pasteurizao do ternativas que podem ser utilizadas para de fluxo ascendente e manta de lodo. leite e a fabricao de queijos. A combus- aproveitamento do soro de queijo. to do leo resulta na emisso de poluenImplantao de uma estao de tratamento tes atmosfricos, tais como material Alternativas para o tratamento de de efluentes em escala demonstrativa particulado, xidos de enxofre, xidos de efluentes lquidos Visando testar sistemas de tratamennitrognio, hidrocarbonetos e monxido de As unidades preliminares de tratamen- to cujos custos sejam compatveis com carbono. A queima da lenha tambm libe- to geralmente encontradas nas estaes de a realidade econmica das empresas, a ra esses mesmos poluentes, alm de com- tratamento de efluentes de indstrias de equipe do Projeto Laticnios est impostos volteis como o cido actico, laticnios so as grades simples, que so plantando uma estao de tratamento de metanol, acetona, acetaldedo e alcatro utilizadas para a retirada de slidos gros- efluentes lquidos em escala demonstraseiros, e desarenadores para remoo da tiva, constituda por um sistema anaerbio (EPA, 1977; CETEC, 1982). areia proveniente das operaes de lava- (sem presena de oxignio) seguido de Alternativas para o aproveitamento do gem na plataforma de recepo. trs sistemas aerbios (com presena de soro de queijo Para retirada de gorduras em estado li- oxignio) em paralelo, como ps-trataPara as pequenas e mdias indstrias vre, so empregadas caixas comuns de gor- mento do efluente. de laticnios, as alA combinao de ternativas econotratamento anaerFigura 3 micamente viveis bio com ps-trataDestinao das guas pluviais e das guas servidas de aproveitamento mento aerbio aprenas indstrias de laticnios visitadas em MG. do soro ficam muisenta-se como uma to limitadas, se as alternativa econin dstrias forem mica ainda pouco consideradas isolapesquisada em ndamente. Contudo, vel mundial. A estao demonstraa busca conjunta tiva permitiria, de aes que faciento, a definio litem o escoamendas melhores esto da produo, a tratgias e paradoo de programetros operaciomas para melhoria nais e de projeto da qualidade nas indstrias, a imque sero utilizaplantao de unidos na implantadades estrategicao de estaes de mente localizadas tratamento em espara a pr-concencala real.
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industry. In: BARMedidas de Figura 4 NES, D. et al. Food gesto e controle Disposio final dos resduos slidos nas and allied indusambiental indstrias de laticnios visitadas em MG. tries. London: The Para as pequePitman Press, Bath, nas e mdias em1984. v. 1. presas, a identificaMETCALF & EDDY. o e implemenWastewater Enginetao de medidas ering: treatment, para reduo de disposal and reuse. desperdcios d e Metcalf & Eddy, Inc. produtos e de ma3. Ed., 1334p. 1991. tria-prima, ecoMINAS AMBIENnomia de insumos TE/CETEC. Pesquisa (gua, eletricidade, tecnolgica para combustvel, etc.) controle ambiental e utilizao racioem pequenos e mnal de pr odutos dios laticnios Miqumicos essencinas Gerais: Alternaal para otimizar o tivas Tecnolgicas. processo industrial, Belo Horizonte: Mireduzir a carga ornas Ambien te/ gnica e o volume dos efluentes a serem tratados. Dessa for- busca de parcerias com prefeituras de modo CETEC, 1998. 2. v MINAS AMBIENTE/CETEC. Pesquisa ma, pode-se conseguir uma reduo de cus- a estimular o aproveitamento dos resduos tos de produo e de implantao da esta- na forma de reciclagem e a destinao ade- tecnolgica para controle ambiental em quada em aterros sanitrios. pequenos e mdios laticnios Minas Geo de tratamento. Alm disso, devem ser realizados es- rais: Estado da Arte. Belo Horizonte: MiAlternativas para o controle das emisses foros no sentido de que fornecedores de nas Ambiente/CETEC, 1998. 2. v produtos para as indstrias de laticnios SEBRAE / MG. Diagnstico da indstria atmosfricas recebam de volta as embalagens, principal- de laticnios do Estado de Minas Gerais. As estratgias de controle de emisses de material particulado e xidos mente as bombonas, reduzindo dessa forma Belo Horizonte, 1997. 270p. de enxofre para caldeiras passam pela a quantidade de resduo gerado. v utilizao de equipamentos de controReferncias bibliogrficas le de poluentes, sem prescindir, no en(1) Engenheira Civil. M.S em Saneamentanto, de medidas de controle indireto, Meio Ambiente e Recursos Hdricos pelo COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEA- DESA/UFMG. Pesquisadora da Fundao tas tais como a otimizao dos procesMENTO AMBIENTAL-CETESB. Nota Tcnica Centro Tecnolgico de Minas Gerais- CETEC. sos de combusto, manuteno adequada dos equipamentos, controle ope- sobre tecnologia de controle - Indstrias Coordenadora do Setor de Engenharia de racional apropriado, bem como do trei- de laticnios (NT 17). So Paulo: CETESB, Controle da Poluio. 1990. 30p. (Nota Tcnica) namento de operadores. (2) Engenheira Qumica pela UniversiMARSHALL, K.R. e HARPER, W.J. The dade Federal de Minas Gerais (UFMG). M.S Alternativas para o gerenciamento de treatment of wastes from the dairy em Saneamento, Meio Ambiente e Recurresduos slidos sos Hdricos DESA/ O gerenciamento UFMG. Pesquisadora Tabela 1 - Alternativas de aproveitamento de resduos slidos da Fundao Centro do soro para as indstrias de laticnios visa, entre outros Tecnolgico de Miaspectos, a reduo nas Gerais (CETEC). Produtos Forma de obteno de resduos por meio (3) Engenheiro Ricota Precipitao de protenas do soro por aquecimento da padronizao de Qumico pela Univere acidificao procedimentos opesidade Federal de MiBebida lctea Produto elaborado a partir do soro de queijo acrescido racionais, treinanas Gerais (UFMG). de leite e outros componentes alimentares mento e conscienM.S em Saneamento, tizao dos operadoMeio Ambiente e ReSoro concentrado Remoo da umidade do soro por tratamento trmico res, melhor planejacursos Hdricos pelo ou osmose reversa mento da produo DESA/UFMG. PesquiSoro em p Secagem do soro com tratamento trmico (minimizando o resador da Fundao (evaporador ou secador) torno); a reutilizaCentro Tecnolgico de Soro para alimentao animal Soro utilizado in natura o de materiais; a Minas Gerais (CETEC).
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