Antenas de Celular
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S E X T A - F E I R A ,
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ONCOLOGIA
CINCIA
Tese de doutorado da UFMG analisa taxa de mortalidade por neoplasia causada pelas radiaes eletromagnticas emitidas pelas antenas de telefonia mvel em Belo Horizonte
A pesquisadora mineira Adilza Condessa Dodi afirma que a legislao deve ser revista para garantir nveis seguros de radiao
preciso uma legislao mais restritiva, pois as normas foram feitas para atender apenas a indstria da telefonia
studiosos do o alerta para um perigo real e ignorado por muitas pessoas. O maior problema ambiental a ser enfrentado em todo o mundo no sculo 21 so as radiaes oriundas de antenas de celulares. A concluso est na tese de doutorado da professora Adilza Condessa Dode, defendida no Departamento de Engenharia Sanitria e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), intitulada Mortalidade por neoplasias e a telefonia celular no municpio de Belo Horizonte Minas Gerais. A professora pesquisou, desde 2005, a relao existente entre os bitos causados por cncer e os geradores de sinais dos telefones mveis na capital mineira. Os resultados so impressionantes e mostram que as principais vtimas so os moradores das reas localizadas num raio distante at 300 metros das antenas instaladas na capital mineira. Nesse permetro, a taxa de mortalidade de 21,74 a cada 10 mil habitantes. O mesmo ndice, para uma rea de 1 mil metros, de 19,92 por cada 10 mil habitantes. A pesquisadora tambm explica que o risco relativo, que indica a chance de o cncer ter sido provocado pelas ondas eletromagnticas da antena crescem medida em que se aproxima da fonte. A 100 metros da antena, esse risco calculado pela pesquisadora de 1,25. O mesmo ndice, em 200 metros, cai para 1,18 e, a 300 metros, para 1,09. Quando a distncia da fonte emissora de 1 mil metros, o risco relativo chega a 1, taxa considerada despre-
JUNIA OLIVEIRA
zvel ou que no pode ser associado radiao emitida pela antena. Os dados revelam ainda que a maior quantidade de transmissores e de mortes est na Regio CentroSul de BH, com uma incidncia de 3,3 por 1 mil habitantes. A menor encontra-se no Barreiro, com ndice de 1,65. A professora de engenharia do Instituto Metodista Izabela Hendrix fez o geoprocessamento de todas as antenas da capital que passaram pelo licenciamento ambiental e constam no banco de dados da Agncia Nacional de Telecomunicaes (Anatel). O projeto passou pelos comits de tica da UFMG e da Secretaria Municipal de Sade. A pesquisadora considerou os nmeros do municpio que apontavam 24 mil mortes pela doena num perodo de 10 anos, entre 1996 e 2006. Depois, filtrou todos os tipos de cncer que, segundo a literatura mdica, podem ser causados por campo eletromagntico, como mama, prstata, pulmo, intestino e fgado. O resultado foram 4.924 bitos. A partir da, lanou a hiptese: Onde h antena h morte por neoplasias?. Queramos saber onde essas pessoas moravam, pois no podia ser pura coincidncia. Fizemos raios de 100 metros at 1 mil metros em torno das antenas, para calcular a taxa de mortalidade, conta Adilza. Na Regio Centro-Sul, onde os dados so ainda mais preocupantes, foi feito o monitoramento ambiental, para medir o campo eletromagntico em 100 pontos da rea. O maior valor encontrado foi de 12,4 volts/metro. J a densidade da potncia, medida que preocupa os mdicos e responsvel pelos estragos no organismo, chegou ao mximo de 40,78 microwatts por centme-
tro quadrado. Os nmeros esto abaixo do que recomenda a Lei Federal 11.934, de 5 de maio de 2009, mas ainda assim lanam o sinal amarelo. A norma segue os padres da Comisso de Proteo Internacional de Proteo contra Radiao No Ionizante (ICNIRP). Segundo a legislao, o campo eltrico pode ser de at 41,25 volts/metro e a densidade da potncia de 435 microwatts para uma frequncia de 850 megahertz ou de 58,34 volts/metro e 900 microwatts por centmetro quadrado para a frequncia de 1.800 megahertz. O que encontrei em Belo Horizonte est dentro dos padres , mas quando comparado a outros pases, como Sua, Rssia, Itlia e China, esto com valores extremamente maiores. Por que l os governos j diminuram os limites de exposio humana para proteger a sade pblica? E por que aqui continuam altos?, questiona Adilza. Ningum contra o sistema de telefonia celular, mas ns queremos uma tecnologia segura. E no h um limite de segurana que garanta uma dose de radiao diria que no cause danos. Por isso, pedimos que se adote o princpio da preveno, ressalta a doutora.
As ERBs comunicam-se com a Central de Comutao e Controle (CCC), que completa a ligao com outros usurios de telefone fixo e mvel, mas tm limite no nmero de ligaes. O aumento do trnsito requer a instalao de novas ERBs, o acrscimo de novas antenas a ERBs existentes ou o compartilhamento entre as operadoras
Apesar de cientistas terem indcios de que a exposio prolongada radiao das ERBs e celulares pode afetar o organismo, a OMS atesta que at hoje nenhum efeito sade humana causado pelo sinal emitido pelas antenas de telecomunicaes ou pelos aparelhos de celular foi comprovado cientificamente
A comunicao das pessoas e o acesso a dados s possvel graas s ERBs. No havendo a estao, no h sinal nos aparelhos
No Brasil, a Anatel responsvel por regular, fiscalizar, acompanhar e estudar o assunto. A agncia obrigada a acompanhar os nveis de exposio aos campos eltricos, magnticos e eletromagnticos de radiofrequncias
PRECAUO O estudo mostra o caminho das ondas eletromagnticas. Elas entram em contato com o aparelho celular, que por sua vez emite radiao quando a pessoa est falando. A antena do aparelho voltada para o crebro e irradia diretamente para esse rgo. Pedimos indstria que faa aparelhos que projete as ondas para fora do crebro. Quando voc fala, absorve 40% da radiao, 30% dela vai na direo da antena e o restante se dispersa, afirma Adilza. Algumas medidas de precauo foram destacadas na tese. Entre elas, o pedido para que o Brasil adote padres de exposio humana nos nveis dos pases europeus. E para que BH siga o exemplo de Porto Alegre, onde uma lei municipal determinou nveis como os da Sua: campo magntico no valor de 4 volts/metro para frequncias de 850 megahertz e de 6 volts/metro para 1.800 megahertz, alm de densidade de potncia de nove microwatts por centmetro quadrado. preciso uma legislao mais restritiva, pois as normas foram feitas para atender apenas a indstria da telefonia. O estudo da professora de Minas Gerais o quarto do gnero no mundo e indito no pas. Ela faz coro a outros pesquisadores, que comprovam os risco de cncer de crebro em quem usa o celular por tempo prolongado. O projeto Reflex, que envolveu sete pases e 12 laboratrios, publicado em 2004, mostrou que a frequncia usada pelo celular (1800MHz) causa dano ao DNA. Uma pesquisa feita em Netanya, em Israel, provou que dentro do raio de 300 metros a comunidade tem um risco maior de contrair cncer. A terceira tambm de Israel, feita na cidade de Usfie. Na Austrlia, um oncologista tambm fez um alerta: depois de 10 anos de uso do celular, comearo a aparecer os maiores ndices de cncer cerebral no mundo, nmeros que vo explodir a partir deste ano at 2012.