Educação de Jovens e Adultos: Projeto Formar Da Funasa
Educação de Jovens e Adultos: Projeto Formar Da Funasa
Educação de Jovens e Adultos: Projeto Formar Da Funasa
Resumo
Empresas do setor público investem na alfabetização de funcionários para elevar a escolaridade e
melhorar a qualidade dos serviços prestados à população. O Projeto FORMAR, implantado em 1999
pelo Ministério do Planejamento, permite que os servidores públicos tenham acesso à educação no
próprio local de trabalho e concluam os 1º e 2º graus.
O presente estudo consistiu na identificação dos benefícios percebidos pelos funcionários da Fundação
Nacional de Saúde (FUNASA) em Brasília-DF, matriculados em 2003 no Projeto FORMAR –
Educação de Jovens e Adultos.
Abstract
Companies of the public sector invest in the alfabetization of employees to raise the study and to
improve the quality of the services given to the population. The Project to form, implanted in 1999 for
the Ministry of the Planning, allows that the public services have access to the education in the proper
workstation and conclude the first one and according to degrees.
The present study it consisted of the identification of the benefits perceived for the employees of the
National Health Foundation - Funasa, in Brasília – DF, registered in 2003 in the Project to Form -
Young and Adult Education.
O Distrito Federal, mesmo não sendo dividido em prefeituras como os demais Estados da
Federação, é analisado como um município que concentra 83 mil analfabetos com idade
superior a 15 anos que não sabem ler nem escrever e ocupa o oitavo lugar entre os municípios
com o maior número de analfabetos.
Diante a realidade econômica e tecnológica do mundo atual, é cada vez mais adotado o
conceito de analfabeto funcional, que inclui todas as pessoas com menos de quatro séries de
estudos concluídas. O estudo do INEP revela que 35% dos analfabetos do Brasil já
freqüentaram a escola. Eles abandonaram os livros por causa da baixa qualidade do ensino ou
pela necessidade de trabalhar. (MEC/INEP, 2003).
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Uma das metas estabelecidas pelo Projeto FORMAR é a melhoria da escolarização dos
servidores públicos federais, proporcionando a todos a conclusão do 1º e 2º graus, por meio
do ensino em regime de suplência, utilizando as instalações do órgão onde o servidor trabalha.
No geral, os jovens e adultos que retornam à sala de aula são pessoas que não tiveram a
oportunidade de estudar na infância e adolescência, ou que por algum motivo suspenderam os
estudos antes de concluir o Ensino Fundamental e Médio da Educação Básica. Mesmo
aqueles que já detêm habilidades de ler e de escrever desejam adquirir novos conhecimentos e
certificação para concorrer no mercado de trabalho.
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Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
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A novidade inserida nesta política em relação à educação de jovens e adultos é que ela
passa a ser entendida como uma modalidade inscrita no campo do direito à educação,
superando a concepção compensatória da EJA como recuperação de um tempo de
escolaridade perdido no passado e a idéia que o tempo apropriado para o aprendizado é a
infância e a adolescência.
O autor ainda ressalta as vantagens colhidas pelas sociedades que investe em educação de
adultos. Pinto (1987) afirma que durante o processo de desenvolvimento de uma sociedade,
aumenta cada vez mais a necessidade de educar adultos para complementar a sua participação
na sociedade e esta atinja níveis culturais mais altos e mais identificados com as políticas
defendidas pelos dirigentes.
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Brasil, foram marcados por duas características: uma educação destinada à classe trabalhadora
ou classes mais subalternas e implementada na história paralelamente ao sistema regular de
ensino.
Gadotti e Romão (2001, p.36) lembram que durante os governos militares (1968 a 1978),
as experiências de educação libertadora de Freire foram substituídas por outros movimentos
implementados oficialmente, como a Cruzada Ação Básica Cristã (Cruzada ABC), o
Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) e o Programa de Preparação de Mão-de-
Obra.
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Em 1997, com o Presidente Fernando Henrique Cardoso foi implementada o Programa
de Alfabetização Solidária, que teve continuidade no governo de Luís Inácio Lula da Silva a
partir de 2002. O Programa é coordenado pela Secretaria Nacional Extraordinária de
Erradicação do Analfabetismo, vinculado ao Ministério da Educação. Porém, estas iniciativas
em relação a EJA permanecem tímidas.
Segundo Arbache (2003, p.25) “as novas políticas sociais procuram criar oportunidades
que permitam a saída da condição da pobreza de forma sustentável agindo no âmbito do
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indivíduo, mas, também, do contexto em que ele vive”. Isto porque, as diferenças sociais
existentes em nosso país geram a violência crescente e induzem a marginalização de classes
em relação a outras mais privilegiadas. Por outro lado, há o consenso generalizado de que a
educação para a cidadania é uma de suas principais armas, reconhecendo que a família e a
escola são os pilares da educação.
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CODER, responsável pela execução das atividades de desenvolvimento de recursos humanos,
pela coordenação e elaboração do Plano Anual de Capacitação.
A Portaria MARE nº 3454 de 15 de dezembro de 1998, Artigo 3º, previa que o público
alvo para capacitação no Projeto FORMAR é “todo servidor que não possui o segundo grau
completo”.
A metodologia utilizada nas aulas do Projeto segue o método aplicado pelo educador
Paulo Freire na Alfabetização de Jovens e Adultos, enfatizando o “Tema Gerador” que é um
conteúdo escolhido de comum acordo entre professores e alunos. Este tema é trabalhado por
um mês, tendo como resultado uma apresentação de alunos e professores denominada
“Culminância”.
Parafraseando, o seu método consiste na seleção de uma palavra que faz parte do
universo vivencial do alfabetizando, isto porque para Freire (1975, p.150): a educação é
conscientização. É reflexão rigorosa e conjunta sobre a realidade em que se vive. (Bello,
1993).
Esta palavra, denominada geradora era retirada do cotidiano dos alunos, para uma
comunidade de pedreiros poderia ser o tijolo, para um agricultor, a terra, para um mecânico,
motor. (Bello, 1993).
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No método Paulo Freire, a escolha das palavras geradoras era feita após o levantamento
do universo vocabular dos grupos. Segundo Freire (1979, p.74), a fase de seleção de palavras
geradoras é feita com os seguintes critérios:
Nos 2º e 3º segmentos, os alunos assistem às aulas somente das disciplinas que ainda não
foram aprovados. Os coordenadores e professores avaliam os alunos continuamente e
diariamente, verificando o desenvolvimento da aprendizagem e selecionam aqueles alunos
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que terão condições de realizar ou não os exames, segundo o calendário de exames oferecidos
pela Secretaria de Educação do Distrito Federal.
No ano de 2002, o número de alunos matriculados no ensino fundamental caiu para vinte
e dois e o número dos matriculados no ensino médio caiu para seis. Os dados eram indicativos
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de uma forte evasão escolar. Já em 2003, permaneceram matriculados vinte e quatro alunos:
dezoito no nível fundamental e seis no nível médio.
Conclusão
A implantação de um Programa de alfabetização de jovens e adultos na organização
pública permitiu que os alunos participassem das aulas sem prejuízos ao trabalho. Cinco
alunos são liberados pelas chefias no horário das 10 h as 12 h e outros cinco são liberados no
horário das 14:00h as 16:00h.
Os alunos do Projeto FORMAR são adultos, com idade entre 28 e 55 anos, que
residiram no interior do país antes de virem para Brasília-DF e interromperam os estudos para
trabalhar, priorizando a educação dos filhos e o sustento da família. Todos ressaltaram a
importância da participação das professoras no Projeto, que segundo eles têm muita
disposição para ensinar, como também, a utilização do material didático como facilitador para
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o acompanhamento do programa, principalmente os livros da coleção Caderno do Futuro do
IBEP 2.
Os alunos assistem às aulas numa sala do 1º andar do prédio da FUNASA. A sala de aula
possui um ar condicionado, um quadro branco, uma televisão, um vídeo, vinte carteiras
escolares, um armário e material didático (livros didáticos, dicionários, canetas, lápis, pincéis
para quadro branco), bem como mesa e computador ligado à rede Internet.
A comunicação entre professor e aluno e entre os alunos ocorre de forma direta. Cada
turma é composta por cinco alunos, as carteiras escolares ficam em círculo para que todos
participem da aula e ninguém fique isolado. Os alunos fazem anotações no caderno e as aulas
ocorrem de forma dialógica.
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Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas. Companhia Editora Nacional.
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Sugestões
No Projeto FORMAR implantado na FUNASA, os alunos devem ser distribuídos em
turmas conforme o nível de escolaridade, os que estão em séries mais avançadas e os que
estão em séries iniciais, tendo em vista um melhor equilíbrio dos alunos no acompanhamento
das disciplinas para que nenhum deles se sinta constrangido por saber menos que o outro.
Referências Bibliográficas
ARBACHE, Jorge Saba. Pobreza e mercados no Brasil. Documento elaborado no âmbito do
Convênio CEPAL/DFID. Departamento de Economia da UNB. Brasília-DF, 2003.
BELLO, José Luiz de Paiva. Paulo Freire e uma nova filosofia para a educação.
Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per01.htm). Acessado em 04
abr.2004.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Paulo Freire; tradução de Moacir Gadotti e Lílian
Lopes Martin. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
1975.
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Glossário Pedagógico. Termo Dialogismo. Disponível em:
http://www.educacional.com.br/glossario_pedagogico/paulofreire.asp. Acessado em 11
abr.2005.
PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. Cortez. São Paulo: 1987.
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