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Constrangimento

Este estudo teve como objetivo avaliar a influência do contágio emocional e gênero no sentimento de constrangimento experimentado por brasileiros em diversas situações sociais. Participaram 325 pessoas que responderam a questionários sobre constrangimento, contágio emocional e demografia. Os resultados mostraram que níveis mais altos de contágio emocional estão associados a menores níveis de constrangimento, e mulheres relataram maiores níveis de constrangimento do que homens.
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Constrangimento

Este estudo teve como objetivo avaliar a influência do contágio emocional e gênero no sentimento de constrangimento experimentado por brasileiros em diversas situações sociais. Participaram 325 pessoas que responderam a questionários sobre constrangimento, contágio emocional e demografia. Os resultados mostraram que níveis mais altos de contágio emocional estão associados a menores níveis de constrangimento, e mulheres relataram maiores níveis de constrangimento do que homens.
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O sentimento de constrangimento: evidncias acerca do contgio emocional e do gnero Explaining the embarrassment feeling: emotional contagion and gender

evidences
Valdiney Veloso GOUVEIA1 Theodore SINGELIS2 Valeschka Martins GUERRA3 Giovani Amado RIVERA4 Tatiana Cristina VASCONCELOS4

Resumo
O objetivo deste estudo foi saber em que medida o sentimento de constrangimento experimentado em diversas circunstncias sociais poderia ser explicado pelo contgio emocional e gnero. Tratou-se de um estudo correlacional, com a participao de 325 pessoas, a maioria do sexo feminino (65,7%), com idade entre 14 e 75 anos (mdia= 26,7; desvio-padro= 10,40). Um tero era formado por membros da populao geral e os demais eram estudantes (87,7% universitrios; 12,3% secundaristas). Todos responderam individualmente ao Questionrio de Sentimento de Constrangimento, Escala de Contgio Emocional e a um conjunto de perguntas demogrficas. Os resultados indicaram que a pontuao total de constrangimento e seus fatores especficos se correlacionaram negativamente com o contgio emocional. As mulheres apresentaram maior pontuao nas dimenses de constrangimento do que os homens. Os resultados foram analisados com base nas atuais teorias acerca da emoo, considerando igualmente a perspectiva de gnero. Palavras-chave: constrangimento; contgio emocional; gnero.

Abstract
EXPLICANDO O SENTIMENTO DE CONSTRANGIMENTO

This study aimed to comprehend the extension of emotional contagion and gender influences on the embarrassment experienced in several social circumstances. It was a correlational study, with 325 participants, 65% of which were female, all aged from 14 to 75 years old (media= 26.7; standard deviation= 10.4). The sample group included students, 87.7% of them were from the local university, 12.3% were high school students, and the rest of the group were from the general population. They answered individually the Embarrassment Questionnaire, the Emotional Contagion Scale, and also a set of demographic questions. Results showed that the total score of embarrassment and its specific factors are negatively correlated to the emotional contagion. Women have presented higher scores on embarrassment dimensions. These findings were analyzed based on the present theories of emotions, as well as on a gender perspective. Key words: embarrassment; emotional contagion; gender.

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Professor Doutor, Departamento de Psicologia. Universidade Federal da Paraba. Campus Universitrio, s/n., Castelo Branco, 58051-900, Joo Pessoa, PB, Brasil. Correspondncia para/Correspondence to: V.V. GOUVEIA. E-mail : <vvgouveia@uol.com.br>. Professor Doutor, Departamento de Psicologia, Universidade Estadual da Califrnia. Los Angeles, CA, USA. Doutoranda, Departamento de Psicologia, Universidade de Kent. Canterbury, Inglaterra. Professores, Universidade Federal da Paraba. Joo Pessoa, PB, Brasil. Agradecimentos: Durante a preparao deste artigo, o primeiro autor contou com bolsa de produtividade do CNPq (Proc. 520521/99-4), instituio a qual os autores agradecem. Tambm desejam expressar seu agradecimento Lvia de Oliveira Borges, responsvel pela coleta dos dados em Natal, e a dois revisores annimos que apresentaram contribuies valiosas.

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De acordo com Parrott (1996), as emoes compreendem reaes fisiolgicas, comportamentais e cognitivas perante eventos pessoalmente significativos que se associam a sentimentos subjetivos de prazer ou desprazer. Elas desempenham papel importante na vida social dos indivduos, permeando, favorecendo ou dificultando as relaes interpessoais e a apresentao do eu. Os estudos acerca desse construto psicolgico tm procurado enfatizar a natureza e a existncia de emoes bsicas, o julgamento das emoes, as diferenas individuais na disposio emocional, a intensidade e a reatividade da emoo (Cacioppo & Gardner, 1999). No caso especfico das pesquisas acerca das emoes bsicas, o sentimento de constrangimento (desconcerto) tem sido considerado central, especialmente no que diz respeito s relaes entre as emoes e as situaes sociais em que se fazem presentes, real ou imaginariamente, agentes sociais (Haidt, 2003; Rozin, Lowery, Haidt & Imada, 1999). Parrott (1996) afirma que o construto sentimento de constrangimento tem conseqncias evidentes no mbito das relaes interpessoais, pois est relacionado aos papis desempenhados e s identidades sociais assumidas pelos indivduos. Os estudos sobre o tema tm procurado enfatizar sua fonte de origem (Cupach & Metts, 1992; Edelmann, 1987) e os fatores que podem explicar as diferenas individuais em medidas desse sentimento (Edelmann & McCusker, 1986). Dentre tais fatores, evidenciam-se como preponderantes a suscetibilidade ao contgio emocional (Cacioppo & Gardner, 1999; Doherty, 1997) e o gnero (Cross & Madson, 1997; Watkins et al., 1998). No contexto brasileiro, entretanto, so escassos os estudos desse tema. Em busca realizada em dezembro de 2005 no Index Psi (www.bvs-psi.org.br), por exemplo, incluindo a palavra constrangimento, foram encontradas 24 citaes no Lilacs e sete no SciELO, porm seus resumos no revelaram qualquer relao com o tema em questo, motivando a presente pesquisa. Especificamente em culturas coletivistas, como a brasileira (Gouveia, Albuquerque, Clemente & Espinosa, 2002; Gouveia & Clemente, 2000; Hofstede, 1984), o constrangimento est presente em muitos dos comportamentos e interaes interpessoais, pois est relacionado necessidade de pertencer (belonging) a
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um grupo e ao sentido de obrigao com os outros, caractersticos de seus membros (Triandis, 1995). Dessa forma, este estudo tem como objetivo avaliar em que medida o grau com que brasileiros experimentam o sentimento de constrangimento pode estar relacionado e/ou ser influenciado por sua suscetibilidade ao contgio emocional e o seu gnero. Portanto demanda-se considerar mais detalhadamente tais construtos.

O sentimento de constrangimento
Alguns estudos transculturais tm comeado a mostrar que reaes emocionais so freqentemente os melhores preditores de julgamentos morais (Haidt, Koller & Dias, 1993). As chamadas emoes morais so divididas em duas trades: a trade vergonha, constrangimento e culpa, e a constituda por desprezo, raiva e repugnncia - essa ltima denominada como trade da hostilidade (Larrington, 2001). Para Haidt (2003), as emoes morais so aquelas ligadas aos interesses ou ao bem-estar da sociedade como um todo, assim como ao bem-estar do outro (no-eu), no envolvido diretamente no comportamento em questo, como juzes ou agentes. As emoes que constituem o primeiro plo so consideradas centradas no eu e, algumas vezes, so denominadas de autoconscientes. Ainda de acordo com Haidt (2003), essas emoes esto totalmente relacionadas a aspectos da vida social que podem variar culturalmente (por exemplo, a nfase em uma estrutura social hierrquica versus igualitria, caracterstica de sociedades coletivistas verticais e horizontais, respectivamente (Rozin et al., 1999; Triandis, 1995) sugerem que tais emoes so cruciais para a civilizao humana, pois refletem ou implementam a internalizao da ordem social no indivduo. Segundo Schlenker e Leary (1982), o constrangimento definido como uma experincia ou estado emocional, expresso como um tipo de ansiedade social e que resulta da perspectiva da avaliao dos outros em situaes reais ou imaginrias. Esse sentimento compreende uma espcie de reao psicolgica ao comportamento de contrariar as normas e demandas sociais, obedecendo ao desejo de agir segundo as expectativas e interesses dos demais (Singelis & Sharkey, 1995).

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Parrott (1996) afirma que o constrangimento a mais social de todas as emoes e que requer um reconhecimento das convenes sociais, assim como uma representao das crenas e avaliaes dos outros. Em geral, segundo esse autor, as pessoas procuram evitar esse sentimento, pois a experincia emocional envolve uma sensao de inaptido social ou imprudncia, associada surpresa. Fisicamente, tal reao acompanhada por sinais evidentes de nervosismo, como rubor e reduo do contato visual. No entanto, apesar de o termo constrangimento ser, muitas vezes, confundido com o sentimento de vergonha, Sabini, Garvey e Hall (2001) procuraram diferenciar esses dois construtos em funo dos seus antecedentes, de forma a garantir a existncia do sentimento de constrangimento como uma emoo distinta (Edelmann, 1987). Segundo Keltner e Buswell (1997), seus antecedentes esto relacionados a situaes e comportamentos que resultam de uma violao das convenes ou normas sociais, implicando um aumento da exposio social do indivduo. As experincias constrangedoras mais comumente reportadas so situaes gerais de confuso: fsica e de controle corporal (tropear em algo), cognitiva (esquecer algo importante), manuteno de privacidade (ter seus sentimentos expostos) e interaes sociais desastrosas. Todas essas situaes so consideradas constrangedoras, pois envolvem convenes sociais que, ao serem violadas, levam a uma avaliao negativa do comportamento e da identidade do ator. Keltner e Buswell (1997) afirmam que para surgir o constrangimento necessria a ao de processos cognitivos complexos, como realizar uma avaliao a partir da perspectiva de outra pessoa, fazendo com que esse sentimento se manifeste mais tardiamente no desenvolvimento do ser humano. Nesse sentido, Edelmann (1987) mostrou que o constrangimento aumenta com a faixa etria, a partir da infncia tardia. Apesar de a definio do construto constrangimento obter certo consenso, tem sido bastante debatida a questo de sua operacionalizao, devido, principalmente, s dvidas acerca da sua dimensionalidade. Edelmann (1987) rene provas a favor de uma estrutura unidimensional, porm os resultados de Miller (1992) permitem pensar que existem mais dimenses,

correspondendo s circunstncias sociais que provocam esse sentimento. nos resultados encontrados por esse ltimo autor que este estudo est baseado. Miller (1992) agrupa as situaes sociais em quatro grupos principais, a saber: (1) comportamento individual, subdividido em deficincia pblica normativa, constrangimento por prejudicar a outro e ser o centro das atenes; (2) comportamento interativo, expresso como interao desajeitada e constrangimento do grupo a que a pessoa pertence; (3) provocaes dos demais, que se referem s transgresses reais e/ou irreais; e (4) comportamento de espectador, definido como constrangimento emptico. Theodore Singelis procurou operacionalizar essas categorias de Miller (1992), propondo uma medida de constrangimento com oito fatores: deficincia pblica normativa, falha em regular a privacidade do outro, falha em regular a prpria privacidade, situao de protagonista, perda de papel, sentir-se culpvel, desconcerto endogrupal e desconcerto emptico. Entretanto, no Brasil, Gouveia, Singelis, Guerra, Santos e Vasconcelos (2005) observaram que o conjunto desses fatores converge para uma pontuao total de constrangimento. De acordo com a denominao dos fatores da medida de constrangimento, eles no envolvem apenas situaes sociais vivenciadas pelo indivduo em interao real ou imaginria, mas tambm por outras pessoas. Para Miller (1987) as respostas emocionais perante as experincias de outras pessoas so claramente afetadas pela perspectiva do observador perante o outro, pela avaliao cognitiva desses outros e pela identificao com eles. Tem-se comprovado que as pessoas mais sensveis viso dos demais so particularmente ansiosas em relao a sua prpria imagem pblica, dando nfase em atributos internos do eu e demonstrando maior propenso a experimentar constrangimento (Singelis & Sharkey, 1995). Assim, de acordo com Miller (1987), quando uma pessoa est em uma situao constrangedora, os observadores podem reconhecer e, de forma emptica, compartilhar aquele constrangimento, mesmo que as aes da pessoa no reflitam nem ameacem a identidade social do observador. Essa hiptese foi testada pelo autor e demonstrou uma correlao de r=0,36
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EXPLICANDO O SENTIMENTO DE CONSTRANGIMENTO

(p<0,05) entre a percepo do constrangimento do ator e o constrangimento relatado pelo observador. Observadores com altas pontuaes em constrangimento consideraram os atores como mais constrangidos, reportaram maior constrangimento emptico e exibiram maior quantidade de reaes fisiolgicas do que os observadores com menores pontuaes em constrangimento. Nesse sentido, um fator que pode ter um impacto fundamental no desencadeamento do sentimento de constrangimento, principalmente do constrangimento emptico, a suscetibilidade ao contgio emocional (Doherty, 1997), construto que ser discutido a seguir.

expresses no verbais, o contato interpessoal direto fundamental para a transmisso de emoes. Portanto o contgio emocional depende muito mais de expresses corporais e no verbais. Em situaes de grupo, a expresso das emoes percebida pelos seus membros por meio de sinais no verbais, como expresses faciais, linguagem corporal e tom de voz. Barsade (2002) afirma que o grau de ocorrncia de um contgio emocional ser mediado por processos de ateno, ocorrendo maior suscetibilidade ao contgio quanto mais ateno for direcionada ao objeto. Esses processos de ateno, por sua vez, podem ser influenciados por fatores externos, como o tipo de emoo e a intensidade em que ela expressa; por diferenas individuais como o sexo, as diferenas na tendncia a imitao espontnea e uma suscetibilidade geral a apreender as emoes dos outros (Barsade, 2002; Doherty, 1997). Nesse sentido, o contgio emocional se refere a um estado emocional no observador como resultado direto da percepo do estado emocional de uma outra pessoa (objeto de observao), sendo a intensidade dessa emoo considerada elevada e autodirigida. Preston e Waal (2002) procuram diferenciar esse sentimento de outros, como empatia, empatia cognitiva e simpatia, nos quais a emoo no autodirigida, mas dirigida ao outro, e sugerem que tais emoes existam em um continuum no qual, em cada situao especfica, localizam-se diferentes nveis de excitao, de objetos e de motivao para ajudar. Doherty (1997) verificou em um de seus estudos que as pessoas com maior suscetibilidade ao contgio emocional so mais propensas ao constrangimento (r=0,25, p<0,05), e se sentem ansiosas perante grandes grupos (r=0,32, p<0,01). As maiores pontuaes em contgio emocional esto positivamente associadas com emocionalidade (r=0,29, p<0,05) e sensibilidade (r=0,42, p<0,05). Esse construto tambm se correlacionou negativamente com estabilidade emocional (r= -0,30, p<0,05). Esses aspectos demonstram a ligao desse construto com caractersticas socialmente determinadas como femininas (Baron-Cohen, 2004), o que sugere uma forte influncia do gnero tanto na suscetibilidade ao contgio emocional como no sentimento de constrangimento. Tais aspectos precisam ser minuciosamente considerados.

Contgio emocional
Como emoo, o constrangimento afeta momentaneamente a identidade apresentada pelo indivduo na interao social. Essa identidade, estvel ou flexvel, pode ser ameaada por um outro elemento inerente ao sujeito, denominado de contgio emocional. De acordo com Doherty (1997), as pessoas tendem a imitar inconscientemente as expresses emocionais do outro, o que produz uma experincia emocional simultnea e congruente com a original. Assim, a suscetibilidade individual a um maior contgio emocional j foi relacionada gentica, ao gnero, s experincias prvias e caractersticas de personalidade (Cacioppo & Gardner, 1999; Doherty, 1997). Segundo Doherty (1997), as pessoas especialmente suscetveis so aquelas: (a) que prestam muita ateno e so capazes de ler as expresses emocionais dos outros; (b) que se percebem como interdependentes e inter-relacionadas, muito mais do que independentes e nicas; (c) que tendem a imitar expresses faciais, vocais e posturais; e (d) cuja experincia emocional consciente muito influenciada por feedbacks perifricos, isto , comentrios e observaes realizadas a seu respeito por outros, ainda que de forma indireta. Barsade (2002) procura diferenciar o contgio emocional do contgio cognitivo. Para o autor, a transferncia de idias qualitativamente diferente da transferncia de sentimentos. Para a compreenso de idias, os objetos centrais so as palavras, que, no entanto, so consideravelmente menos importantes na compreenso das emoes, nas quais dicas no verbais so essenciais. Devido importncia dada a essas
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O gnero como varivel sociocultural


De acordo com Markus e Kitayama (1991), a cultura pode ter um papel central na formao da experincia emocional, pois as emoes estruturam-se de acordo com a forma com que a pessoa compreende o mundo. Na histria da humanidade, a sociedade tem oferecido crenas e ideologias sobre os gneros masculino e feminino, que apiam e legitimam os papis que devem assumir homens e mulheres. Uma grande quantidade de pesquisadores tem procurado utilizar a varivel gnero em seus estudos, como, por exemplo, nas diferenas existentes entre homens e mulheres nas pontuaes de autoconceito (Watkins et al., 1998). Nessa pesquisa transcultural, os autores encontraram diferenas de gnero de acordo com o autoconceito e a auto-estima em culturas como as da Austrlia, Canad, Nova Zelndia, Estados Unidos e o grupo tnico branco da frica do Sul, onde as mulheres enfatizaram os valores familiares e relacionamentos sociais mais do que os homens. Baron-Cohen (2004), em seu livro A diferena essencial, procura demonstrar sua hiptese de que a diferena entre os gneros se deve ao tipo de crebro de cada um: os homens tm um crebro sistematizador, enquanto as mulheres apresentam um crebro empatizador. Essa diferena faz com que elas sejam mais preocupadas com as relaes interpessoais, tenham mais facilidade para ler a mentedos demais e, portanto, sejam em princpio mais suscetveis ao contgio emocional e, em maior medida do que os homens, tendam a se constranger em situaes sociais desastrosas. Algoe, Buswell e DeLamater (2000) realizaram uma reviso de pesquisas acerca das diferenas de gnero nas emoes e concluram que a populao geral acredita na existncia de uma diferena na freqncia da experincia e expresso de determinadas emoes por parte de homens e mulheres. Eles tambm afirmam que algumas emoes so, de fato, vivenciadas e expressas com maior freqncia por mulheres; so as chamadas emoes femininas, que incluem felicidade, vergonha, medo e constrangimento. Outras emoes so vivenciadas mais freqentemente por homens: orgulho, desprezo e raiva. Eles categorizam ainda as emoes neutras, no relacionadas ao gnero, que incluem a repugnncia, o interesse e o cime. Com base nesse marco terico, esses autores procuraram estudar

as diferenas de gnero com relao interpretao da expresso facial de determinadas emoes (por exemplo: raiva, medo, repugnncia, desprezo e constrangimento). Em seu estudo, eles encontraram que os participantes do sexo feminino apresentaram maior tendncia a usar esteretipos de gnero com maior freqncia do que os homens na interpretao da expresso facial dos indivduos observados. Os resultados comprovaram os efeitos do gnero na interpretao da emoo. Em um outro estudo, realizado por Grossman, Wilhelm, Kawachi e Sparrow (2001), que compara homens e mulheres com altas pontuaes de fobia social em uma situao de exposio pblica em forma de discurso, foi encontrado que as mulheres demonstraram maior nvel de ansiedade e constrangimento durante o discurso do que os homens. Nesse mesmo sentido, Miller (1987), ao observar as mdias do constrangimento emptico de acordo com o gnero, encontrou que as mulheres (M= 4,4) normalmente reportam maior constrangimento pessoal do que os homens (M= 3,5), F (1, 58)= 6,19, p<0,05. Sabe-se, portanto, que a sociedade est impregnada de ideologias que servem, de certa forma, como guia e justificativa das condutas do indivduo, legitimando e contribuindo para que homens e mulheres adotem certos esquemas psicolgicos, biolgicos e de condutas a respeito da formao dos papis sexuais (Baron-Cohen, 2004; Paz, Torres & Echebarra, 1990). nesse contexto de desigualdade social da cultura ocidental contempornea que se inserem as situaes e interaes sociais antecedentes aos construtos aqui estudados. Esta pesquisa especificamente trata de conhecer em que medida o gnero feminino mais susceptvel ou exposto influncia de circunstncias que produzem constrangimento.

EXPLICANDO O SENTIMENTO DE CONSTRANGIMENTO

Mtodo
Este estudo de tipo correlacional. A varivel critrio corresponde ao sentimento de constrangimento, figurando como variveis antecedentes a suscetibilidade ao contgio emocional e o gnero. Duas hipteses principais foram formuladas: hiptese 1: a suscetibilidade ao contgio emocional estar diretamente correlacionada ao sentimento de constranEstudos de Psicologia I Campinas I 23(4) I 329-337 I outubro - dezembro 2006

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gimento; hiptese 2: as mulheres apresentaro maior pontuao em sentimento de constrangimento do que os homens.

Participantes
Participaram do estudo 325 pessoas, das quais 110 viviam em Joo Pessoa e 215 em Natal. Aproximadamente um tero delas era da populao geral (28,2%), sendo os 71,8% restantes divididos entre estudantes universitrios (87,7%) e secundaristas (12,3%). A maioria era do sexo feminino (65,7%), com idade entre 14 e 75 anos (M= 26,7; DP= 10,40). Entre os que disseram trabalhar, 57,0% tinham uma profisso qualificada (engenheiro, veterinrio, economista, etc.). Essa amostra intencional, portanto no probabilstica; participaram aquelas pessoas que estavam presentes nas salas de aula visitadas ou que, a pedido dos pesquisadores, concordaram em responder escala em suas prprias residncias.

seu melhor amigo beijando outro e, no dia seguinte, encontrar esse amigo), desconcerto endogrupal (Alfa= 0,63; por exemplo: ir a um restaurante com amigos que soltam piadas grosseiras ao garom e, ao retornar ao local, o garom comentar sobre a grosseria de seu grupo de amigos) e desconcerto emptico (Alfa= 0,75; por exemplo: estar assistindo a um espetculo amador em que o artista procura, inutilmente, fazer com que as pessoas sorriam). A pontuao total, correspondendo ao somatrio de todos os itens, apresentou um Alfa (de Cronbach) de 0,92. - Escala de Contgio Emocional: desenvolvida por Doherty (1997), uma medida unifatorial composta de 18 itens que descrevem cinco sentimentos bsicos: amor, felicidade, medo, raiva e tristeza; a escala tambm inclui uma sexta faceta, que procura verificar o nvel de ateno dada s emoes das outras pessoas. Esses itens so respondidos em uma escala de quatro pontos, sendo 1= sempre e 4= nunca; quanto menor a pontuao, maior a suscetibilidade ao contgio emocional do participante. Sua consistncia interna (Alfa de Cronbach) no estudo original foi 0,90. A adaptao dessa medida para o Brasil foi realizada por Gouveia, Guerra, Santos, Rivera e Singelis (2006), confirmando sua estrutura unifatorial (Alfa = 0,82). Na presente amostra, o ndice de consistncia interna foi de 0,81, corroborando-se tal estrutura. Nesse caso, as saturaes variaram de 0,31 a 0,64, explicando 25% da varincia total (eigenvalue de 4,50). Finalmente, antes de dar incio participao no estudo, as pessoas consultadas deveriam expressar seu acordo assinando um termo de livre consentimento, disposto em uma folha anexa. Na ltima pgina, figuravam ainda perguntas de carter sociodemogrfico (gnero, idade, escolaridade e profisso).

Instrumentos
Os participantes responderam aos seguintes instrumentos, dispostos na ordem em que se apresentam: - Questionrio de Sentimento de Constrangimento: descreve 40 situaes do cotidiano para as quais o participante deve dizer em que medida as considera constrangedoras. Os itens so respondidos por meio de uma escala de sete pontos, que vai de 1= nada constrangedora a 7= muito constrangedora. Gouveia, Singelis, Guerra, Santos & Vasconcelos (2005) comprovaram sua validade de construto no Brasil, indicando que ela cobre oito fatores do sentimento de constrangimento: deficincia pblica normativa (Alfa= 0,77; por exemplo: derramar uma bebida sobre si mesmo em uma festa), falha em regular a privacidade do outro (Alfa= 0,81; por exemplo: surpreender uma pessoa no provador de uma loja em roupas ntimas), falha em regular a prpria privacidade (Alfa= 0,80; por exemplo: ser surpreendido ao sair da ducha por um convidado da casa), situao de protagonista (Alfa = 0,72; por exemplo: um grupo de amigos lhe canta parabns para voc em um restaurante local), perda de papel (Alfa = 0,62; por exemplo: contar uma piada a um grupo de conhecidos e, no final, ningum sorrir), sentir-se culpvel (Alfa= 0,68; por exemplo: ver a namorada do
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Procedimentos
A maioria dos participantes respondeu aos questionrios individualmente, porm em ambiente coletivo de sala de aula. Uma vez obtida a autorizao do professor da disciplina, os aplicadores se apresentavam solicitando a colaborao voluntria dos estudantes presentes. Foi-lhes informado que se tratava de uma pesquisa sobre diferenas individuais nas atitudes e sentimento de desconcerto, no havendo respostas certas ou erradas. A todos foi assegurado que suas respostas seriam confidenciais, devendo ser tratadas

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estatstica e coletivamente. Procurou-se igualmente indicar dois endereos institucionais onde os participantes poderiam se dirigir em caso de dvidas e/ou com o fim de obter informaes sobre os resultados da pesquisa. Em mdia, 25 minutos foram suficientes para concluir a participao. Alternativamente, uma menor quantidade de participantes, menos de 30% do total, respondeu o questionrio em sua casa, a pedido dos estudantes que previamente participaram do estudo e concordaram em solicitar que outros tambm o respondessem.

ao contgio emocional (r= -0,29; p<0,001). Os fatores especficos de constrangimento apresentaram esse mesmo padro de correlao, como segue: desconcerto endogrupal (r= -0,30; p<0,001), desconcerto emptico (r= -0,28; p<0,001), sentir-se culpvel (r= -0,28; p<0,001), deficincia pblica normativa (r= -0,27; p<0,001), regular a privacidade do outro (r= -0,20; p<0,01), regular a prpria privacidade (r= -0,20; p<0,01), perda de papel (r= -0,18; p<0,01) e situao de protagonista (r= -0,11; p<0,05). A segunda hiptese procurava estabelecer a relao entre o sentimento de constrangimento e o gnero, afirmando que as mulheres apresentariam uma maior pontuao no sentimento de constrangimento. Inicialmente, procurou-se verificar a diferena entre homens e mulheres no que diz respeito pontuao total de constrangimento, tendo-se confirmado essa hiptese. Especificamente, as mulheres apresentaram uma mdia global (M= 4,9, DP= 0,80) superior a dos homens (M= 4,2, DP= 0,96), t (290)= 6,83; p<0,001. Posteriormente, complementando os achados antes descritos, procurou-se comparar os mltiplos fatores especficos que provocam constrangimento em razo do sexo do participante. Nesse caso, efetuou-se uma Multivariate Analysis of Variance (Manova) (Tabela 1). A Manova apresentou efeito principal do gnero nas pontuaes dos fatores de constrangimento, Lambda de Wilks= 0,74, F (8, 283)= 12,37, p<0,001. Coerentemente com a hiptese proposta, as mulheres apresentaram mdias superiores s dos homens em sete dos oito fatores (Tabela 1). O fator situao de protagonista no apresentou diferena significativa entre os sexos (p=0,07).

Resultados
Inicialmente, procurou-se conhecer o nvel de contgio emocional apresentado pelos participantes do estudo, comparando-o com o ponto mediano da escala de resposta (2,5; amplitude de 1= sempre e 4= nunca). importante enfatizar que quanto menor a pontuao, maior a suscetibilidade ao contgio emocional. A mdia dos participantes na escala, isto , a diviso do somatrio pelo nmero de itens (18), foi de 1,87 (DP= 0,38). Esse valor estatisticamente menor que o ponto mediano da escala [t (298)= 28,45, p<0,001], indicando sua tendncia a um maior contgio emocional. A primeira hiptese afirmava que os participantes que apresentassem uma maior suscetibilidade ao contgio emocional (ou seja, uma menor pontuao nessa escala) tambm apresentariam uma maior tendncia a se sentirem constrangidos, o que foi corroborado. A pontuao total de constrangimento correlacionou-se negativamente com a suscetibilidade

EXPLICANDO O SENTIMENTO DE CONSTRANGIMENTO

Tabela 1. Anlise multivariada (Manova) das circunstncias sociais que provocam constrangimento de acordo com o gnero, com as respectivas mdias (M) e desvios-padro (DP). Gnero Constrangimento M 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Deficincia pub. norativa Privacidade do outro Prpria privacidade Situao do protagonista Perda de papel Sentir-se culpvel Desconcerto endogrupal Desconcerto emptico 4,8 4,3 4,0 3,5 4,5 4,5 4,2 3,3 Masculino DP 1,30 1,44 1,52 1,38 1,15 1,10 1,18 1,42 M 5,8 5,2 5,2 3,8 4,9 5,3 4,8 3,8 Feminino DP 0,90 1,26 1,14 1,39 1,03 1,02 1,02 1,28 F 60,754 31,546 60,008 03,273 10,996 31,684 19,957 09,242 p 0,001 0,001 0,001 0,070 0,001 0,001 0,001 0,010 Contraste

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Discusso
Este estudo teve como objetivo principal conhecer a relao entre o sentimento de constrangimento, a suscetibilidade ao contgio emocional e o gnero no contexto brasileiro. Espera-se que esse objetivo tenha sido alcanado. Entretanto no possvel deixar de reconhecer a especificidade da amostra tratada. No compreendeu uma amostra probabilstica, mas intencional, pois se contou com a participao daqueles que concordaram em colaborar no estudo. Alm disso, majoritariamente, os participantes eram estudantes universitrios; aqueles da populao geral foram contatados por meio deles, o que pode implicar um grupo seletivo de pessoas, provavelmente de classe socioeconmica mdia-alta. Deve-se, entretanto, ressaltar que o propsito ltimo da pesquisa no foi generalizar os resultados, mas comprovar relaes que seriam teoricamente esperadas. Feitos esses comentrios, cabe considerar mais pormenorizadamente os resultados antes descritos. Os achados reforam a relao entre a suscetibilidade ao contgio emocional e o sentimento de constrangimento (Doherty, 1997). Especificamente, foi possvel observar que os participantes que apresentaram maior suscetibilidade ao contgio emocional obtiveram tambm maior pontuao em constrangimento, sendo essa relao especialmente verdadeira para os fatores deficincia pblica normativa, sentir-se culpvel, desconcerto endogrupal, desconcerto emptico. Essas dimenses podem ter apresentado maiores correlaes devido sua natureza interacional e coletiva (Miller, 1992), na qual se supe um maior nvel de contato interpessoal e, conseqentemente, uma maior possibilidade de compartilhamento de emoes. Os resultados mostram, portanto, que os indivduos caracterizados como sendo mais suscetveis aos demais, que prestam muita ateno nas experincias emocionais das outras pessoas e que so influenciados pelas interaes sociais se apresentaram como mais provveis a vivenciar o sentimento de constrangimento (Doherty, 1997; Miller, 1987; Singelis & Sharkey, 1995). importante enfatizar, no entanto, que nenhuma dessas caractersticas representa um dficit, mas apenas reflete diferentes formas de lidar com o mundo e de interagir com os demais, que podem, em parte, resultar de contextos culturais diferenciados.
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Sharkey e Singelis (1995) afirmam que uma maior sensibilidade ao contexto social e o constrangimento associado a essa sensibilidade podem ser vistos como caractersticas positivas que contribuem para a adaptao do indivduo ao contexto e ao sistema social, especialmente nas culturas coletivistas. Essa influncia da cultura na vivncia e expresso das emoes pode ser facilmente identificada pela varivel gnero, que demonstrou estar relacionada com o sentimento de constrangimento, como previsto (Algoe et al., 2000; Grossman, Wilhelm, Kawachi & Sparrow, 2001; Miller, 1987). De forma consistente com os estudos prvios, as mulheres apresentaram uma maior tendncia a vivenciar o sentimento de constrangimento do que os homens. possvel que esses resultados sejam devidos aos papis sociais construdos e atribudos s mulheres (Belo, 2003; Oliveira, 2000), que enfatizam determinados tipos de emoo como caractersticos desse sexo. No obstante h que se reportar igualmente maior capacidade das mulheres em reconhecer e vivenciar as emoes do outro (Baron-Cohen, 2004). Finalmente, importante enfatizar a dificuldade para encontrar no contexto brasileiro pesquisas acerca do constrangimento, assim como de emoes bsicas. Estudos sobre o tema devem ser estimulados. De acordo com Larrington (2001), algumas pesquisas da Psicologia transcultural sugerem que a emoo em si uma base para o comportamento moral e social. Segundo Rozin et al. (1999), o mundo moral dos indivduos no diz respeito apenas racionalidade, mas tambm envolve sentimentos fortes associados aos aspectos cognitivos da moralidade. Para esses autores as emoes constituem um tipo particular de percepo ou racionalidade. Nesse sentido, o estudo que ora se apresenta compreende uma contribuio em tal direo, sendo recomendadas ainda pesquisas futuras de forma a avaliar a extenso desses achados.

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Recebido em: 23/6/2005 Verso final reapresentada em: 13/6/2006 Aprovado em: 28/6/2006

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