1. O documento discute as principais tendências teóricas e metodológicas no estudo da interação social e desenvolvimento humano ao longo do tempo.
2. Desde o século XIX houve interesse em entender os efeitos dos grupos sociais no comportamento humano de forma especulativa.
3. Na década de 1930, desenvolveram-se técnicas de observação e instrumentos para pesquisa empírica, mas estudos diminuíram na 2a Guerra.
4. A década de 1970 trouxe novas propostas te
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1. O documento discute as principais tendências teóricas e metodológicas no estudo da interação social e desenvolvimento humano ao longo do tempo.
2. Desde o século XIX houve interesse em entender os efeitos dos grupos sociais no comportamento humano de forma especulativa.
3. Na década de 1930, desenvolveram-se técnicas de observação e instrumentos para pesquisa empírica, mas estudos diminuíram na 2a Guerra.
4. A década de 1970 trouxe novas propostas te
1. O documento discute as principais tendências teóricas e metodológicas no estudo da interação social e desenvolvimento humano ao longo do tempo.
2. Desde o século XIX houve interesse em entender os efeitos dos grupos sociais no comportamento humano de forma especulativa.
3. Na década de 1930, desenvolveram-se técnicas de observação e instrumentos para pesquisa empírica, mas estudos diminuíram na 2a Guerra.
4. A década de 1970 trouxe novas propostas te
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1. O documento discute as principais tendências teóricas e metodológicas no estudo da interação social e desenvolvimento humano ao longo do tempo.
2. Desde o século XIX houve interesse em entender os efeitos dos grupos sociais no comportamento humano de forma especulativa.
3. Na década de 1930, desenvolveram-se técnicas de observação e instrumentos para pesquisa empírica, mas estudos diminuíram na 2a Guerra.
4. A década de 1970 trouxe novas propostas te
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A INTERAO SOCIAL E O DESENVOLVIMENTO HUMANO
MARIA SALEfE FBIO ARANHA (I)
Univrnidotk Estadunl PaM/isla - &11"' Trabalhando com o estudo da interaoedo desenvolvimento de relaes sociais h algm tempo, 6etItilnOl; necessidade de, olhando retrospectivamente, analisar as leituras que tm norteado a busca de conhecimento acerca desse fenmeno. Pareee-nos importante a localizao, a identificao e a anlise das tendncias tericas e dos procedimentos metodolgicos que tm caracterizado essa investigao, na tentativa de iniciarum processo de sistematizao do conhe- cimento j produzido, bem como de detectar direes para pesquisas futuras. Pretendia-se realizar wn trabalho extenso de reviso da literatura visando atender as necessidades acima expostas. Entretanto, limitaes em condies objetivas (vasta quantidade de trabalhos, dificuldade de acesso a muilo!l deles, questo de limitao de tempo) impediram o alcance da meta inicialmente assumida. Desta fonna, a anlise que aqui vamosexporrestringiu-se a wna amostra mais restrita de publicaes, embora algumasde1a$ sejam revises muito boas e razoavelmente abrangentes de material produzido em detenninados perodos cronolgicos. Embora peRnafiea a idia e a proposta de sistematizar o conhecimento j produzido sobre o tema em questo, estaremos nos atendo apresentao das principais tendncias tericas e metcxlolgicllS assumidas are o presente momento. No estudo sobre o desenvolvimento hwnano, a interao social tem ocupado diferentes espaos, dependendo da funo a ela atribulda por diferentes abordagens tericas. O interesse pela questo das relaes sociais interpessoais surgiu ainda no sculo XIX, poca em que se iniciaram o questionamento e a reflexo sobre os efeitos dos grupos sociais no comportamento humano. Entre 1830 e 1930, pode-se constatar uma produo muito rica e variada de idias, cujos eixos comuns eram: 1. a pressuposio de que as experincias de grupo encontram-se entre os mais importantes determinantes da natureza humana e 2. a de que os fenmenos sociais so passlveis de investigao cientlfica. Alm disso, j se apontava,desde essa poca, que "8 experincia social-noSOlIlente com adultos, mas tambm com coetneos - de importncia central para a ontognese em muitas espedes" (Hartup, 1983, p. 104). Na realidade, 11 preocupao maior parecia ser a de buscar conhecimento sobre a natureza 11Iunana, com nfase nos efeitos do gnlpo sobre o comportamento humano, do que propriamente nos efeitos da interao social. Pressupunha-se que 11 identificao de caractensticas conlWIS encontradas nos indivfduos em difC1entes grup05 e em diferentes contextos levaria ao conhccimento da natureza humana. Apesar da riqueza das idias expostas, estas tinham um carter mais especulativo, no tendo favorecido 11 construo de uma base empirica consistente, dado que a coleta de dados MO era sistemtica, quando analisada a partir dos p:uimetros atuahnente exigidos para a investigao cientJfica. Na decada de 30, acirrou-se o debate acetta da validade de se estudar o papel do grupo social, discutindo-se conceitos produzidos tanto pela Psicologia Social, como pela Psicanlise (tais como o de "realidade" do fenmeno social, o de inconsciente coletivo, o de self especular, entre outros). Concomitantemente, constata-se um maior investimento no desenvolvimento de mtodos de investigao do comportamento social. Foi nessa poca que se iniciou o desenvolvimento de tcnicas de observao do comportamento de indl vlduos em grupo. Estudos sobre o "clima social" de grupos de crianas fortaleceram os esforos de criao de tcnicas experimentais para a investigao dos efeitos da manipulao de diferentes variveis. Um outro avano metodolgico foi representado pelo desenvolvimento de instrumentos sociomtricos. Com o advento da 2 1 Guerra Mundial, os estudos sobre a interao social praticamente desapareceram da literatura, tendo voltado a aparecer, aps seu trmino. mostrando um interesse especial pela teoria neo-freudiana e pela teoria de aprendizagem social do desenvolvimento da person.1Iidade, enfatizando a relao pais-filhos (Hartup, 1983). Na dcada de 60, relativamente pouca pesquisa foi feitasobre as relaes intetpessoais, no que se refere sua emergncia, ou s mudanas que nela ocorrem no decorrer do tempo. Cabe lembrar que grande parte da produo cienHfica nesse penodo abordava, sim, a interao, mas com o objetivo de identificar os eventos determinantes do estabelecimento, da manuteno e da mudana do comportamento do individuo, No que se refere ao aspecto metodolgico, mui!,ls das tcnicas de que dispomos hoje para a investigao cientfica foram desenvolvidas nesse perodo, tanto para 8 observao e descrio do comportamento humaoo, como para as intervenes experimentais. A dcada de 70 mostrou-se surpreendentemente rica para o estudo da interao, tanto no que se refere quantidade de traballios publicados, como, principahnente, no que se refere a propostas tericas acerca de sua natureza e fWlo, vindoa oferecer, assim, novas direesestimuLadorase provocativas para a pesquisa. A primeira grande tendneia encontrada caracteriza-se pela investigao dos efeitos da interao no oomportamento social dos indivlduos, enfatizando o individuo, em sua aquisio de competncias sociais, ou o ambiente, em suas influneias na detenninao do desenvolvimento. ErK:ontram-se aqui: 1. Os trabalhos fundamentados na teoria social da aprendizagem, dando continuidade iro investigao e demonstrao dos efeitos do reforamento e da punio, bem como de diferentes estratigias de instalao e modificao do eom- portamento. Nesta linha de pesquisa, o aspedo fundamental reside na busea de conhecimento sobre oomo se d a detenninao mutua do eomportamento, dentro do contexto interativo, avanando mais recentemente na eonsiderao de aspec:- tos cognitivos da aprendizagem social- representados pela ateno s mudanas observadas no significado das eontingncias, em flUlo do desenvolvimento. 2. Os trabalhos fundamentados em variaes da teoria de sistema, mais frequentes na investigao das relaes familiares. Nesta linha de pesquisa, as interaes foram ora coneebiclas em tennos de relaes de poder e de troca, ora como contexto de processos adaptativos que pennitem manter o equilfbrio do sistema. ~ interessante lembrar que neste perlodo, a produocientlfica referente tanto ao contexto familiar, como ao contexto escolar comea a apontar a necessidade urgente de se olhar para a interao como processo. Crltieas ao estudo da famUia enquanto sistema de troca e de poder desviaram a ateno dos investigadores da "preocupao com. resultados da Interao, para esforos em delinear o pl'OCUSO interativo propriamento dito" (Aldous, 1977, p. 14). Tais esforos passaram a buscar infonnao acerca da qualidade da interao familiar, das percepe5mutuasentremembrosda famllia edas relae5afetivas e de compromisso entre os membros da famllia. (Maocoby and Martin, 1983). Da mesma fonna, os estudos desenvolvidos no contexto escolar passaram a mudar, de "estudos lineares e atornlstioos da influncia do professor sobre o aluno, para o estudo de processos mais complexos, interacionais e sistmioos" (Minuchin e Shapiro, em Cannichael, 1983, p. 230). No tocante investigao da interao no contexto das parcerias entre iguais, principalmente criana-criana, os esforos, desde o inicio j se caracterizaram pela busca de descrio da interaoeseseusefeitos, bemcomosobreosignificado de relaes espec:iais (a de amizade, por exemplo). Segundo Hartup (1983), as tendneias de pesquisa eneontradas a partir da dcada de 70 eram: 1. Desenvolvimento de estudos descritivos, incluindo a populao de bebs,anterionnenteignorada. 2. Desenvolvimento de novas tcnicas em registro de observao e slntese de dados (anlise sequencial), para a identificao de mudanas comportamentais oconidas como conseqncia da interao com outras crianas. 3. Estudo do significado de relaes especificas (ex., de Ilmiude) e desenvolvimento de padres comportamcntais nas interaes de amizade, a partir da observao direta. 4. Investigao de estruturas gruPllis, especialmente de grupos de crianas pequenas. S. Desenvolvimento de novas estratgias para melhorar as habilidades sociais. Esse movimento ganha em sistematizao e clareza, vindo a constituir a segunda grande tendncia. Nela, a interao passa a ser vista enquanto processo complexo que tem propriedades prprias e peculiares, qualitativamente diferentes das dos seus componentes mais simples. Alm disso, nesta tendncia, a interao passa 11 ser vista como via de foltT1ao de relaes sociais, produto considerado "como um sistema comport.'lmental de imensa significfincia adaptativa para os seres hlDnanoo." (Schaffer, 1984, p. 4). Bowlby (l969), em SuIl teoria do apego, olha para a parceria me-criana como uma unidade que se estabelece bidiredonalmente e na qual ambos os parceiros permanecem em uma relao recproca contnua, em todos os estgios do desenvolvimento da crian,a. '"A nfase dada por Bowlby na adaptabilidade mtua da mii e e do beb destacou a ne cessidade de se examinar o desenvolvimento social em tennos do que acontece entre pessoas e niio somente dentro dos indivduos tratados como unidades isoladas." (Schaffer, 1984, p. 4). Hinde (1976, 1979, (981) presta enonne oontribuioao refletirquestcs tericas e metodolgicas acerca do estudo da interao enquanto unidade de construo das relaC8 sociais. Partindo do pressuposto de que as relaes cotidianas aparentemente triviais tm um efeito cumulativo no desenvolvimento e na caracterizao dos indivlduos, Hinde aponta que estas tm sido o ponto de encontro entre diferentes disciplinas, embora nao seja central em nenhuma delas. "Qualquer pessoa que examine a literatura sobre relaes interpessoais no pode deixar de se espantar com a diversidade de abordagcns tericas e metodol8icas usadas em seu estudo, e pela ausncia de tentativas de integr-las. Acredito que a falta de integrno nesta rea das cincias sociais reside, em parte, na ausncia de uma base descritiva. Se quisennos progredir na compreenso das relaes, ou se quisennos especificar as condies necessrias para o desenvolvimento de um tipo de relao ao invs de oulro, devemos, com certeza, comear com uma abordagem dcscritiva."(Hinde,1976,p.1). Segundo Hinde (1976, 1979, 1981), interao um episdio ondeA faz lt para B e B fax y para A. Ele aponta para o fato de que a delimitao deste episdio, no caso da investigao cienUfica, arbitrria, dependendodos que se pretende conhecer. considerando que a natureza da interao depende da influncia atomizada de cada um dos parceiros, faz-se importante, ao descrev-Ia, referir-se tantollOseu conte6do, corno sua qualidade. l a relao um fenmeno que envolve algwn tipo de interao intennitente duas pessoas, envolvendo intercmbios durante um pedodo relativamente utenso de tempo. Aponta ainda que existe algum grau de continuidade ll!I interaes sucessivas, de forma que cada inteno afetada pelas interaes passadas e podem afetar ll!I intenes no futuro. Da mesma fonna, a percepo que cada parceiro tem das interaes passadas elou como imagina ou se predispe para interaes futuras, podem afetar o curso da relao. Ou seja, para compreender uma relao preisa-se conhecer tambm os aspectos afetivos/cognitivos envolvidos, reconhecendo que estes, alm dos comportamentais esto intimamente interligados. Sugere. s partir destas reflexes, que para descrever a relao aborde-se tanto o conte6do, como a qualidade e o padro das interaes entre os parceiros. Lembra, ainda, quemesmo ll!I interaes didicas ocorrem em um oontextosocial pllidico, palco da trama de relaes que afeta cada interaio em particular e todas as interaes, influenciando-as e por elas sendo influenciado. Schaffer, ColliseParsons (citados por MaccobyeMartin, 1983) afirmam que o conceito de dilogo essencial para a compreenso das interaes, sugerindo que dUlls aquisies na 1I infncia so vitais para a habilidade da criana em participar de dilogas: reciprocidade e intencionalidade. Da mesma forma que outros autores, Oottman e Rausch (cilados por Maccoby e Martin, 1983) tm comparado a interno me-beb a wna dana ou dilogo comportamenlal, hOS quais as aes sucessivas dos parceiros se encontram intimamente coordenadas. A coordenao pode tomar a forma de contingenciamento mtuo ou de sincronia, ou p:xIe ainda ser recIproca em um sentido mais restrito: aes qualitativamente combinadas, como no caso da imitao ou dosorrlso mtuo. Bakeman e Brown (citados por Maccoby e Martin, 1983) sugeriram que todas estas aes, bem como outras, podem ser consideradas atos comunicativos e que podem ser mais significativas para rastrear o dilogo que para procurar as trocas de aes semelhantes. Mais recentemente, Schaffer (1984), investigando o processo do desenvolvimento infantil, tece considernes que vm se somar s demais, acima expostas, apontando que: o desenvolvimento da criana recm-nascida um empreendimento conjunto entre a criana e o adulto que dela cuida. Da mesma forma, medida que ela vai crescendo, aumenta o nmero e a diversidade de pessoas com quem ela inte['!lge. Consequentemente, qualquer estudo sobre o progresso da criana deve se preocupar tanto com o papel do adulto, quanto com o da criana; - o progresso no seu desenvolvimento no uma questo de acrscimos quantitativos, mas sim de reorganizaes sequendais que periodicamente 000f1'effi na vida mental da criana; - tais transies so iniciadas pela prognunao inerente criana (detenninao biolgica). Cada nlvel alcanado, entretanto, estipula CQl\juntos de tarefas desenvolvimentais que devem ser realizadas pela criana e pelo adulto, pan! que ela possa completar essa fase e progredir para a prxima transio. Ou seja, reorganizaes na criana detenninam mudanas no comportamento do adulto interagente, favorecendo assim, novas experincias interativas e eonsequentes novas reorganizaes; - como a criana se desenvolve etn mn contexto social, so as interaes e as relaes com as pessoas e sistemas sociais que tm um papel crucial para suas aquisies e para a construo de funes psicolgicas cada vez mais sofisticadas; - para examinar.jXlrtanto, o desenvolvimento social da criana, deve-se estudar o <jue aCQl\lece entre pessoas, e no somente o que acontece com os indivlduos, tomados como unidades isoladns. Alm de redirecionar o foco de an.:ilise, apontando a interao social, bem como a relao social interpessoal como sistemas que s fXXIeriio ser apreendidos em sua bidiredonaJidade, uma outra grande contribuio desta tendncia reside na enftica demonstrao da ne<:essidade de se envidar esforos para a construo de uma Cincia das Relaes Interpessoais, enquanto um conjunto sistem.atizado de conhecimentos. Somente a descrio das relaes, a categorizao e classificao de suas propriedades que possibilitario a identificao de principios explicativos referentes sua dinmica, favorecendo a fonnulao de previses. "A complexidade e diversidade das relaes entre pessoas tanIA, que um pluralismo terico parece inevitvel no momento ( ... ) Pode-se (entretanto) afastar o perigo do ecletismo se houver a tentativa de, primeiro, especificar onde cada abordagem litil e, ento, buscar formas de relacionar os conceito!! explicativos de wn grupo e de outro, para identificar duplicaes e, talvez, agrupar principias em wn pilar central comwn." (Hinde, 1979). Isto posto, passarse apresentao da terceira grande tendncia constatada na literatura acerca do estudo da interao social, representada pela leitura scio-constrotivista do desenvolvimento humano. Esta tendncia, conquanto se assemelhe anterior em algumas proposies - patticulannente no que se refere leitura do desenvolvimento das relaes sociais enquanto processo, do continuo movimento dialtico de influncia entre os parceiros interativos, e pressuposio do efeito cumulntivo das interaes no desenvolvimento cognitivo, bem como no desenvolvimento das relaes interpessoais dos sujeitos - toma-se absolutamente peculiareinovadora, ao defender o plano interativo como o contexto em que se d a construo, por um lado, da subjetividade humana e, poroutro, da prpria histria da humanidade. Tem, entre seus principais representantes, os psiclogos da antiga Unio Sovitica, dos quais Vygotsky e Leontiev so os mais conhecidos atualmente. Pode-se constatar na Psicologia sovitica dois momentos histricos mais marcantes: a dcada de 20 e o perodo iniciado na dcada de 70. Segundo Valsiner (1988), emm dois os principais temas de investigao na dcada de 20: l. as relaes sociais das crianas e 2. os principios do estabelecimento, da manuteno e da dissipao de grupos sociais infantis. Alm destes, outros tpicos foram ativamente estudados nesse perodo: - o estudo sobre os efeitos da classe social das crianas, bem como seu de origem - rural ou urbano - no desenvolvimento de relaes interpessoais e no desenvolvimento psicolgico; - o estudo sobre a natureza da viso de mundo e da compreenso da sociedade e de suas instituies, pela criana; - o estudo sobre a natureza da viso de religiosidade pela criana; - o estudo sobre o desenvolvimento das relaes da criana com o trabalho, em diferentes condies ambientais. Tendo sido extintas, por decreto, a ellistncia de classes sociais e a religio, tais questes debmmmde ser investigadas, tendo sido interrompida uma interessante direo de pesquisa. A partir da dcada de 70, duas linhas de abordagem ao estudo da interao tm estado presentes na Psicologia sovitica: 1. a primeira,enraizada nostrabalhosdeBekhterevedeLomov, utiliza-se princ:ipahnente de metodologia experimental para detenninar de que fonnas a interao entre pessoas (relao sujeito-sujeito) afeta seu desempenho individual em tarefas de resoluo de problemas (com o objetivo de provar que a interao, enquanto condio para o trabalho individual, pode facilitar seu desempenho individual). Esta linha no se preocupa em identificar como a interao funciona enquanto influencia as aes dos individuas. 2. a segunda, enraizada no trabalho de Vygotsky e de Leontiev, tem se carocterizado mais por estudos descritivos que experimentais e, em linhas gerais, defende que: a. o desenvolvimento hwnano wn processo continuo de aquisies quantitativas e de transfonnacs qualitativas que se do no sujeito psicolgico, a partir de suas experincias no contexto das relaes sociais; b. "a estrutura humana complexa o produto de wn processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligaes entre histria individual e histria social" (Vygotsky, 1984, p. 33); c. tal ligao se d no contexto interativo, plano que permite a apreenso pelo individuo, tanto das propriedades estruturais dos objetos materiais e ideais, COOK) de seu significado e funo social; d. a interao homem-ambiente ser sempre mediada pelo uso de COOlO pelo lISO dos sistemas de signos "criados pelas sociedades ao longo do curso da histria hwnana, mudando a fonna social e o nlvel de seu desenvolvimento cultural" (Vygotsky, 1984, p. 8); e. a internalizao dos sistemas de signos produzidos culturalmente provoca transfonnao5es comportamentais e estabelece wn elo de ligao entre as fonnas iniciais e as mais avanadas do desenvolvimento individual; f. as funes psicolgicas que emergem e se consolidam no plano intersubjetivo (ao entre sujeitos) tomam-se intemalizadas, transfonnaodo-se para constituir o fwlcionamento interno do individuo (plano intra-subjetivo) (Ges,I99I); g. o plano inlra-subjetivo, no sendo, desta forma, meramente uma cpia do plano extemo, se caracteriza peJa slntese elaborada pelo sujeito, a partir "das estratgias e conhecimentos j dominados pelo sujeito c de ocorrncias no oontexto interativo" (Ges, 1991, p. 18); IL ao interagir, a subjetividade OOllStnda socialmente que se manifesta, "modificando ativamente a situao estimuladora como uma parte do processo de resposta a ela" (Vygotsky, 1984, p. 15); i. desta fonua, temos wn sujeito que no passivamente mold'ldo pelo meio, nem realiza suas aquisies assentado em recursos exclusivamente individuais, mas sim wn sujeito interativo que se constroi sociahnente, ao mesmo tempo que participa ativamente da constnlo do soda!. Embora tenhamos nos restringido apresentao das idias de Vygotsky e Leontiev, cabe ressaltar que a natureza social do desenvolvimento das funes psicolgicas da criana constitui a base axiomtica da maior parte da produo da Psicologia infantil sovitica. Podem-se citar, ainda, os trabalhos de Basov, que diferem dos de Vygotsky, ao aceitar o estudo da interao enquanto fenmeno complexo a partir de suas partes componentes, "de fonna que a sntese da qualidade do todo possa ser observada no curso do acompanhamento das relaes estabelecidas entre os cpmponentes do sistema". A atomizao do sistema no s aceita por Basov, como vista como necessria, caso se pretenda compreender "como uma nova estimulao externa se integra estrutura de estimulas internos j existentes" (Valsiner, 1988, p. 178). Em sua investigao, Dasov se utiliza tanto de mtodos T ..... , .. de observao, quanto de entrevista "clnica" (questionamento explicito da criana enquanto esta desempenha tarefas I!ropostas), visando dar conta da wtidade retrospectiva por ele apontada tanto na intm corno na extrospecio. Posterior produo de Vygotsky e de Basov, cujos trabalhos se desenvolveram na dcada de 20, surge o trabalho de LilJina,j na dcada de 70, dedicado 11 investigao do papel da interao social nas vidas de crianas institueionalizadas. Sua maior contribuio foi a de enriquecer com procedimentos descritivos a base de conhecimento aeen::a das interaes inieiailJ da criana. Em slntese, o material aqui revilJlo, ainda que nio extensivamente comentado, permite algumas consideraes: o interesse acerca do estudada interaio social antigo na Psicologia; entretanto, ainda no se dilJpe de wn conjunto sistematiz.ado de conhecimento, configunr.do por uma boa base descrit iva, e por principios e leis explicativas que possam nortear a pesquisa, em termos do que importa, quando importa e como importa; as tendncias constatadas na abordagem do fenmeno reproduzem as eneontradu na prpria Psicologia, na busca de conhecimento sobre o homem, seu objeto de estudo; inicialmente voltada pata a busca de compreenso acerca da naturez.a do homem, caminha da viso positivista para wna visosistmica e histrica ("o comportamento s pode stT entendido corno a histria do eomportamento" (Vygotsky, 1984, p. 9); metodologicamente, como conseqncia da mudana dos pressupostos tericos adotados, movimenta-se da utiliz.ao de mtodos soeiomtrioos para descries lineares, de causa-efeito e, mais re.:entcmente, para a utilizao de descries e anlises sequendais. Conquanto as propostas tericas atualmente adotadas sejam extremamente provocativas e mais abrangentes, encontramo-nos ainda muito distantes da compreenso de como a interao fundona enquanto afeta as aes dos indivIduas. Faz-se necessrio sistematizar o conhecimento j produzido a respeito dos efeitos da interao (aspecto mais investigado nas diferentes tendncias), enquanto permanece como instigao para D pesquisa, a busca de conhecimento acerca de como se d esse processo. Refel'incias BibliQKn.fkas .. Dowlby.J.(l969) II,,,,,,,,,, .. """u.a.Ne.VoriI:H&sIcIlookt.\\:oLI(An.ochmeat). u..,..., ... U.17-loI. Ilanup.W.W.(L983)i'<oerrdotiono.EmP.M_el.CarnUdIld(Ed&.).lltutiIhooI;o{CIoi/dIV<:IIoloo._ YOO"k:JolmW"llloyands.... flL:do. RA. (1976) Ondooctibl:la /7, 119. llinde, RA. (19711) Jhwdr UodI!nMNIi.., JU/ationM/M. Ncw YOO"k: Acad<.mi<:Pr.-m.:. Hin<k,R.A.(I9ILI)ThcbMaol .... kn:eolirolcfpenroRal ... latlonshlps.I!mS.DuckeR.Gilmour(F.da.). PerstHtQ} JUIDIIOMIoIps I: Slodyl.., NnYOO"k: Acoda,Iic l'moI b",. Mooocoby. li. e ManIn. I.A. (l!nl) Soolallllllollln tbeCOllleXl of f1ll'lily: F*'""I-child iu!uactk .. Em P. M ....... ... Y<lfk;IdInWilkyands.... MIP>cbIn.P.P.o Shoplro. E.K. (l!nl) ThcflCbool ... C<>IIIQl M ........ ol.