Mestre 3
Mestre 3
Mestre 3
A
D
A
R
E
G
IONAL D
E
M
A
T
E
M
T
I
C
A
S
A
N
T
A
C
ATARINA
-
U
F
S
C
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Reitor: L ucio Jose Botelho
Vice-Reitor: Ariovaldo Bozan
PR
AO - PRCE
Pr o-Reitora: Eunice Sueli Nodari
DEPARTAMENTO DE APOIO
`
A EXTENS
AO - DAEx
PR
ENCIAS F
ISICAS E MATEM
ATICAS - CFM
Diretor: Mericles Thadeu Moretti
Vice-Diretor: Tarciso Ant onio Grandi
DEPARTAMENTO DE MATEM
ATICA
Chefe: Nereu Estanislau Burin
Sub-Chefe: Carmem Suzane Comitre Gimenez
Apoio:
INSTITUTO DO MIL
ATICA - SBM
CATALOGAC
AO NA PUBLICAC
AO PELA BIBLIOTECA UNIVERSIT
ARIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Revista da Olimpada Regional de Matem atica Santa Catarina/
Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciencias
Fsicas e Matem aticas. n.1 (2004) . Florian opolis:[s.n],
2004 -
v.: 23 cm
Anual
ISSN 1679-7612
1. Matem atica Competi c oes. 2. Matem atica Quest oes, Problemas,
exerccios. I. Universidade Federal de Santa Catarina. II Centro de
Ciencias Fsicas e Matem aticas.
Comissao da Olimpada Regional de Matematica de SC:
Coordenador: Jose Luiz Rosas Pinho.
Professores: Carmem Suzane Comitre Gimenez, Eliezer Batista, Licio Hernanes Bezerra,
Nereu Estanislau Burin, Waldir Quandt e William Glenn Whitley.
Bolsistas da olimpada: Ana Paula Bertoldi Oberziner, Rodrigo Maciel Rosa, Tatiana
Sprandel.
Bolsistas do PET - Matematica: Ana Beatriz Michels, Carla M orschb acher, Caue Ro-
ratto, Cinthia Marques Vieira Andretti, Felipe Vieira, Graciele Amorim, Helosa Cristina da
Silva, Leonardo Koller Sacht, Louise Reips, Marcos Teixeira Alves, Monique M uller Lopes
Rocha e Paulo Ricardo Bo.
Comite Editorial da Revista da Olimpada Regional de Matematica Santa Cata-
rina:
Ana Beatriz Michels
Felipe Vieira
Graciele Amorim
Karla Christina da Costa Kagoiki
Jose Luiz Rosas Pinho
Monique M uller Lopes Rocha
Waldir Quandt
William Glenn Whitley
Editora cao Eletr onica: Tiragem:
Alda Dayana Mattos 1000 exemplares
Ana Beatriz Michels
Monique M uller Lopes Rocha
Rodrigo Maciel Rosa
Arte da Capa: Postagem:
Renata Leandro Becker Segundo Semestre de 2005.
Revista da Olimpada Regional de Matematica Santa Catarina N.
o
3, 2006
ISSN 1679-7612
Sumario
Apresenta cao 7
VII ORM (2004) 9
Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Nvel 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Nvel 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Nvel 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Solu c oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Nvel 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Nvel 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Nvel 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Premiados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Nvel 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Nvel 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Nvel 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Escolas Participantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Artigo 47
Os N umeros e o Innito
Ivan Pontual Costa e Silva 49
Artigo 63
Problemas Olmpicos: Analise quanto `as Diferentes Tecnicas de
Resolu cao
Juliana Duarte Zacchi 65
Artigo 77
O Problema da Divisao da Pizza
William Glenn Whitley 79
Artigo 85
Se a Terra nao e Plana , quais sao as Rela c oes Metricas adequadas
para determinarmos Comprimentos e
Angulos?
Celso Melchiades Doria 87
Solu c oes de problemas propostos na revista anterior 107
Problemas propostos 117
Outras olimpadas 121
Informa c oes gerais 125
Envio de Problemas e Solu c oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Envio de Artigos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Cadastramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Como adquirir a revista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Erramos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Fale Conosco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
7
Apresenta cao
A Revista da Olimpada Regional de Matem atica (ORM) de Santa Cata-
rina tem por objetivo divulgar esta Olimpada e a Olimpada Brasileira de
Matem atica (OBM). A ORM ocorreu em 2004 em sua 7
a
edi c ao contando com
o apoio, externamente, da Sociedade Brasileira de Matem atica (SBM) e do In-
stituto do Milenio - Avan co Global e Integrado da Matem atica Brasileira (IM-
AGIMB), e internamente das Pr o-Reitorias de Cultura e Extens ao (PRCE), de
Assuntos Estudantis (PRAE) e de Ensino e Gradua c ao (PREG) da Universi-
dade Federal de Santa Catarina. Ela e realizada como um projeto de extens ao
do Departamento de Matem atica, com a participa c ao de um grupo de profes-
sores e de alunos com bolsas da PRCE, alunos do PET - Matem atica e alunos
colaboradores, todos do Curso de Matem atica da UFSC.
Neste segundo n umero da Revista apresentamos as provas (com solu c oes) da
IV, V e VI ORM (anos 2001, 2002 e 2003 respectivamente), artigos dos profes-
sores da UFSC Licio Hernanes Bezerra e William Glenn Whitley, participantes
do projeto da ORM, solu c oes de problemas propostos no n umero anterior e
novos problemas propostos. Este n umero foi nanciado atraves do programa
PROEXTENS
3.
Assim, da semelhan ca, temos:
BD
BE
=
CD
AE
3
=
CD
1
CD =
2
3
3
.
Assim:
A
ABD
=
2
3
2
=
3
e
A
BCD
=
2
2
3
3
2
=
2
3
3
.
Portanto, A
ABCD
=
3 +
2
3
3
=
5
3
3
.
2. (i) Pelas tabelas, vemos que corresponde ao nosso 0, pois ele so-
mado a qualquer um dos outros algarismos n ao os altera, e que
corresponde ao nosso 1, pois multiplicado por qualquer um dos
outros algarismos ele n ao os altera.
(ii) O primeiro n umero representado por dois dgitos e (observe
que, na tabela da adi c ao, este e o primeiro n umero que surge nas
linhas 2, 3 e 4). O primeiro n umero com 3 dgitos deve ser, ent ao,
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
26 VII ORM (2004)
(corresponderia a 100 em um sistema posicional de 4 al-
garismos).
(iii) Observe que usando a distributividade temos:
() = (+ ) () = + =
+ ,, pois n ao altera o n umero na multiplica c ao.
Prolongando-se a tabela da adi c ao, e f acil ver que
+ =, ou seja, () =.
Da, conclui-se que () = e que () () =,
ou seja, e o quadrado de . Esse raciocnio (com as pro-
priedades distributiva e associativa) permite ver que as opera c oes
nesse sistema podem ser feitas como no nosso sistema decimal (como,
por exemplo, 3 8 = 24: escrevemos o 4 e v ao 2).
E isso que
usaremos no pr oximo item.
(iv) () + () + () = , pois:
() ()
+
(v) ( ) = () , pois:
( + )
Ent ao, = .
3. Seja abcdef um n umero de seis algarismos (com a ,= 0). Vejamos:
abcdef bcdef fedcb fedcbx.
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Solu c oes 27
(a) f ,= 0. Ent ao:
(i) ou b ,= 0, mas, neste caso, x = f e x = f + e + d + c + b.
Impossvel.
(ii) ou b = 0. Temos, ent ao:
c ,= 0. Neste caso, a0cdef cdef fedc fedcx, em
que x tem dois algarismos, x = f + e + d + c = 10e + f.
Da, d + c = 9e. Mas ent ao, a = f, b = e = 0 e d + c = 0,
o que faria c = 0. Contradi c ao.
c = 0. Neste caso, a00def def fed fedx, em que
x = f +e +d e tem tres algarismos. Impossvel.
Ent ao, s o resta o caso:
(b) f = 0.
Se b = 0, teremos: a0cde0 cde0 edc edcx, em que x =
e + d + c e tem tres algarismos. Impossvel. Ent ao, se f = 0,
devemos ter b ,= 0. Da: abcde0 bcde0 edcb edcbx, em
que x deve ter dois algarismos e x = e + d + c + b = 10e. Ent ao
d + c + b = 9e. Alem disso, a = e e b = d. A soma m axima de tres
algarismos e 27. Assim, temos:
(i) e = 0; neste caso, d +c +b = 0 d = c = b = 0. Impossvel.
(ii) e = 1; neste caso, a = e = 1 e d +b +c = 9.
_
c = 1 d = b = 4 141410
c = 3 d = b = 3 133310
c = 5 d = b = 2 125210
c = 7 d = b = 1 117110
c = 9 d = b = 0 Impossvel
(iii) e = 2; neste caso, a = e = 2 e d +c +b = 18.
_
c = 0 d = b = 9 290920
c = 2 d = b = 8 282820
c = 4 d = b = 7 274720
c = 6 d = b = 6 266620
c = 8 d = b = 5 258520
(iv) e = 3; neste caso, a=e=3 e d +c +b = 27 b = c = d = 9
399930.
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
28 VII ORM (2004)
4. Para valores de x pr oximos de 1 a primeira fra c ao, em valor absoluto, e
muito grande. O mesmo vale para valores de x pr oximos a 2. Vamos
analisar os valores f(x) para os quatro pontos da lista L mais pr oximos
de 1 e de 2. Os pontos de L s ao: 0,
3
500
,
6
500
, etc. Devemos, ent ao,
tomar o maior valor da lista menor do que 1, o menor valor maior do que
1, o maior valor menor do que 2 e o menor valor maior do que 2. S ao
eles: x
1
=
498
500
, x
2
=
501
500
, x
3
=
999
500
, x
4
=
1002
500
respectivamente.
O valor x
1
est a descartado, pois f(x
1
) < 0. Descartamos tambem x
3
,
pois: [x
3
2[ < [x
3
1[, o que nos d a
1
[x
3
1[
<
1
[x
3
2[
ou
16
[x
3
1[
<
16
[x
3
2[
<
32
[x
3
2[
.
Como
32
x
3
2
< 0, tem-se f(x
3
) < 0.
Vamos analisar f(x
2
) e f(x
4
):
f(x
2
) =
16
501
500
1
+
32
501
500
2
= 16 500
32 500
499
= 16 500
497
499
.
f(x
4
) =
16
1002
500
1
+
32
1002
500
2
=
16 500
502
+
32 500
2
= 16 500
503
502
.
Mas
497
499
< 1 <
503
502
. Logo, f(x
4
) e o maior valor.
5. De 400 q 600, temos 600 q 400.
Portanto 2004 600 2004 q 2004 400 1404 25p 1604
56, 16 p 64, 16.
Os primos nessa faixa s ao 59 e 61. Se p = 59, q = 2004 25 61 = 529.
Porem, 529 = 23
2
. Se p = 61, q = 2004 25 61 = 479. Este n umero e
primo (basta testar a sua divisibilidade por primos ate o 19). Portanto,
p = 61 e q = 479.
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Premiados 29
Premiados
(em ordem alfabetica por nvel e por tipo de medalha)
Nvel 1
Ouro
Carolina de Paula Peters (Colegio Salesiano de Itaja)
Igor Hinnig Wolniewics (Centro Educacional Menino Jesus)
Marina Freitas Klein (Sociedade Divina Providencia Colegio Sagrada
Famlia)
Natan Cardozo Leal (E.E.B. Orestes Guimar aes)
Vitor Costa Fabris (Associa c ao Beneditina da Providencia - Colegio S ao
Bento)
Prata
Andre Mateus Netto Spillere (Associa c ao Beneditina da Providencia -
Colegio S ao Bento)
Ingrid Knochenhauer (Educand ario Imaculada Concei c ao)
Julia Pinheiro Machado (Stio Escola Sarapiqu a)
Larissa Miranda Hinisch (Colegio Cora c ao de Jesus)
Natsue Eccel Mizubuti (Colegio Santo Ant onio )
Renan Henrique Finder (Colegio dos Santos Anjos)
Bronze
Aline Peterle (E.E.B. Municipal Aurora Peterle)
Camille Fiamoncini Mattos (Educand ario Imaculada Concei c ao)
Eduardo Machado Capaverde (Colegio Cora c ao de Jesus)
Revista da ORM/SC n
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3, 2006
30 VII ORM (2004)
Guido Quint Tonelli Santos (Educand ario Imaculada Concei c ao)
Jenifer Wegert (IMA - Instituto Maria Auxiliadora)
Men cao Honrosa
Alexandre Schmidt Ferreira (Colegio Murialdo)
Ana Carolina Paterno (Escola Municipal Governador Pedro Ivo Campos)
Ana Luiza de Amorim (Sociedade Divina Providencia Colegio Sagrada
Famlia)
Ana Paula de Assis Schimidt (Centro Educacional Menino Jesus)
Beatriz Luzia Wetzel (E. E. F. Professor Emir Ropelato)
Bernardo de Sousa Valverde (Educand ario Imaculada Concei c ao)
Betina Leit ao Mehl (Colegio Nova Era)
Brenda Schmitt de Araujo de Mattos (Colegio de Aplica c ao da UFSC)
Bruno de Almeida L. C. Silva (Colegio Catarinense)
Bruno de Brida (Alpha Objetivo)
Carlos Eduardo Rosar K os Lassance (Colegio Catarinense)
Carolina Brandt (Colegio Supera c ao)
Carolina de Borba Albino (IMA - Instituto Maria Auxiliadora)
Denise Albertazzi Gon calves (Centro Educacional Menino Jesus)
Douglas Paute (Escola Municipal Governador Pedro Ivo Campos)
Eduardo Biscoli Brand ao (Colegio Supera c ao)
Eduardo Luis Festa (
Aguas Mornas)
Revista da ORM/SC n
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3, 2006
Escolas Participantes 43
69. E.E.B. Dr. Paulo Medeiros (Joinville)
70. E.E.B. Jo ao Gaya (Luiz Alves)
71. E.E.B. Nereu Ramos (Itaja)
72. E.E.B. Professor J ulio Scheidemantel (Timb o)
73. E.E.B. Prof
o
Jo ao Martins Veras (Joinville)
74. E.E.B. Prot asio Joaquim da Cunha (Sombrio)
75. E.E.B. Tenente Anselmo Jose Hess (Luiz Alves)
76. E.E.B.Professor Jose Rodrigues Lopes (Garopaba)
77. E.E.M. Dr. Ruben Roberto Schmidlin (Joinville)
78. E.M.E.F Rodolpho Dornbusch (Jaragu a do Sul)
79. E.M.E.F. Maria Nilda Salai St ahelin (Jaragu a do Sul)
80. Educand ario Imaculada Concei c ao (Florian opolis)
81. E.E.B. Coronel Ant onio Lehmkuhl (
Aguas Mornas)
82. E.E.B. General Osvaldo Pinto da Veiga (Capivari de Baixo)
83. E.E.B. Get ulio Vargas (Florian opolis)
84. E.E.B. Osvaldo Aranha (Joinville)
85. E.E.B. Professor Henrique Stodieck (Florian opolis)
86. E.E.B. Ruy Barbosa (Timb o)
87. E.E.B. Professor Heriberto Joseph M uller (Blumenau)
88. E.E.F. Dom Jaime de Barros C amara (Palho ca)
89. Escola de Educa c ao B asica Raulino Horn (Indaial)
90. Escola Agrotecnica Federal de Rio do Sul (Rio do Sul)
91. Escola Agrotecnica Federal de Sombrio (Santa Rosa do Sul)
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
44 VII ORM (2004)
92. Escola Bar ao do Rio Branco (Blumenau)
93. Escola B asica Municipal Beatriz de Souza Brito (Florian opolis)
94. Escola B asica Municipal Paulo Rizzieri (I cara)
95. Escola Basica Municipal Tranquillo Pissetti (I cara)
96. Escola B asica Professor Leopoldo Hanof (Orleans)
97. Escola de Educa c ao B asica de Lages (Lages)
98. Escola de Educa c ao B asica Francisco Eberhardt (Joinville)
99. Escola de Educa c ao B asica Frei Policarpo (Gaspar)
100. Escola de Educa c ao B asica Henrique Estefano Koerich (Palho ca)
101. Escola de Educa c ao B asica Irm a Maria Teresa (Palho ca)
102. Escola de Educa c ao B asica Jo ao Frassetto (Crici uma)
103. Escola De Educa c ao B asica Municipal Aurora Peterle (Sider opolis)
104. Escola de Educa c ao B asica Jo ao Colin (Joinville)
105. Escola de Educa c ao B asica Orestes Guimar aes (S ao Bento do Sul)
106. Escola de Educa c ao B asica Prefeito Avelino Muller (Bigua cu)
107. Escola de Educa c ao B asica S ao Jo ao (Agrol andia)
108. Escola de Ensino B asico Presidente Juscelino Kubitschek (S ao Jose)
109. Escola de Ensino Fundamental Professor Emir Ropelato (Timb o)
110. Escola de Ensino Medio Alberto Bauer (Jaragu a do Sul)
111. Escola Din amica (Florian opolis)
112. Escola Municipal de Ensino Fundamental Albano Kanzler (Jaragu a do
Sul)
113. Escola Municipal de Ensino Fundamental Max Schubert (Jaragu a do Sul)
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Escolas Participantes 45
114. Escola Municipal E.F. Itinerante Maria Alice Wolf Souza (Lages)
115. Escola Municipal Erwin Prade (Timb o)
116. Escola Municipal Governador Ivo Silveira (Balne ario Camburi u)
117. Escola Municipal Governador Pedro Ivo Campos (Joinville)
118. Escola Municipal Maurcio Germer (Timb o)
119. Escola Municipal Padre Martinho Stein (Timb o)
120. Escola Municipal Professora Karin Barkemeyer (Joinville)
121. IMA - Instituto Maria Auxiliadora (Riodo Sul)
122. KUMON - Curso (Florian opolis)
123. KUMON - Joa caba (Joa caba)
124. KUMON - Unidade Porto Uni ao (Porto Uni ao)
125. Kumon - Unidade S ao Bento do Sul (S ao Bento do Sul)
126. Sistema de Ensino Lideran ca (Itaja)
127. Stio Escola Sarapiqu a (Florian opolis)
128. Sociedade Divina Providencia Colegio Sagrada Famlia (Blumenau)
129. Sociedade Educacional de Santa Catarina (Joinville)
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
46 VII ORM (2004)
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Artigo
48 Artigo
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Os N umeros e o Innito 49
Os N umeros e o Innito
Ivan Pontual Costa e Silva
Dep. de Matem atica, Universidade Federal de Santa Catarina
CEP: 88.040-900, Florian opolis-SC
Um Pouco de Hist oria
A ideia b asica de n umero e pelo menos t ao antiga quanto o homo sapiens,
e provavelmente j a era conhecida por alguns de seus ancestrais homindeos.
E
tambem uma das primeiras ideias matem aticas que temos, ainda crian cas. Nos
dias de hoje, mesmo em sociedades onde essa concep c ao n ao atingiu qualquer
grau de sostica c ao (como por exemplo em certos grupos indgenas ou em
certas tribos africanas) podemos perceber a existencia das no c oes b asicas de
um, dois, muitos. No entanto, nos defrontamos com diculdades consider aveis
se tentamos denir n umero mais precisamente. Se nos perguntamos o que
e n umero?, freq uentemente sentimos que justamente por ser uma no c ao t ao
b asica e familiar se torna difcil dar uma resposta adequada.
A no c ao de innito certamente e mais sutil, mas ainda bastante familiar.
Assim como no caso dos n umeros, e difcil caracteriz a-la adequadamente em
palavras. Em Filosoa, faz-se uma distin c ao entre innito potencial, que cor-
responde a um processo que continua sem cessar, e innito atual, que e um
innito est atico, pleno e acabado. Um exemplo do primeiro tipo de innito
vem se, come cando do n umero 1, passamos a somar mais um. Esse pro-
cesso, ` a parte das obvias limita c oes fsicas, em princpio n ao terminaria jamais,
isto e, nunca chegamos a um n umero que seja o maior. Mas ainda assim,
em geral n ao pensamos no innito como um n umero; o innito nesse exemplo
e, portanto, potencial. Essas concep c oes de innito devem-se principalmente
a Arist oteles(384-322 a.C.), que via v arios exemplos de innito potencial na
Natureza, como o ciclo (assim ele julgava) das esta c oes do ano. Arist oteles,
contudo, negava que pudesse existir innito atual. Uma reta em geometria
costumava ser vista como outro exemplo de innito potencial: n ao importa
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
50 Artigo
o quanto se caminha sobre a reta, pode-se sempre ir alem.
1
Usando a ideia
aristotelica de innito potencial, o matem atico grego Eudoxo de Cnido(408-
355 a.C.) elaborou aquilo que se tornaria a semente do C alculo Integral seculos
depois, o metodo da exaust ao.
2
Arquimedes(287-212 a.C.) usou esse metodo
para calcular areas e/ou volumes de guras como o crculo e a esfera. Fil osofos
como Plotino(205-270 a.C.), por outro lado, defendiam a existencia metafsica
do innito atual, a ser conhecido atraves de insights msticos.
Se o leitor sente que essas no c oes s ao vagas e controversas, n ao est a sozi-
nho. Os matem aticos permaneceram, em sua maioria, longe de tais discuss oes
metafsicas. Ainda assim, com o advento do C alculo Diferencial e Integral no
sec. XVII, eles passaram a trabalhar sistematicamente com conceitos bastante
mal-denidos e relacionados ao innito, como a ideia de innitesimais (quan-
tidades que seriam n ao-nulas, mas menores do que qualquer n umero) e somas
com uma innidade de termos. Em uma polemica que se tornou famosa em
sua epoca, o bispo irlandes G. Berkeley(1685-1753), em sua obra O Analista,
criticou violentamente (e com bastante pertinencia) o uso descuidado dessas
no c oes difusas. Felizmente, os matem aticos continuaram seu trabalho sem se
importar com tais crticas, e realizaram tremendos avan cos. De fato, e uma
caracterstica peculiar da ciencia que o rigor excessivo imposto no incio de uma
investiga c ao sufoca a imagina c ao e a criatividade. No entanto, de um modo
geral julgava-se, em concord ancia com Arist oteles, que s o o innito potencial
teria lugar na Matem atica.
No sec. XIX, porem, tendo a Matem atica alcan cado um enorme desen-
volvimento, sentiu-se a necessidade de deni c oes mais precisas e um cuidado
maior com o rigor das demonstra c oes. Fundamental na epoca foi o movimento
de aritmetiza c ao da An alise, promovida por nomes como B. Bolzano(1781-
1848), A.-L. Cauchy (1789-1857) e K. Weierstrass(1815-1897), para tornar mais
rigorosas as bases do C alculo Diferencial e Integral, libertando-o do conceito
de innitesimal. Esse objetivo foi alcan cado denindo-se adequadamente limite
de fun c oes, continuidade, series innitas, etc. em termos de propriedades dos
n umeros reais. O passo seguinte para estabelecer a An alise Matem atica em
bases s olidas seria uma melhor compreens ao matem atica dos n umeros reais.
1
Ali as, os termos potencial e atual derivam-se das no c oes tecnicas em Filosoa de ato
e potencia. Em particular, como j a deve estar claro do contexto, atual n ao se refere ao
presente momento.
2
Veja, por exemplo, as Refs. [1] para uma descri c ao do metodo da exaust ao, e para mais
detalhes hist oricos do que apresentado aqui.
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Os N umeros e o Innito 51
Os pioneiros nessa investiga c ao foram principalmente J. Dedekind(1831-
1916) e G. Cantor(1845-1918). Tornou-se possvel construir, em um sentido
tecnico preciso que n ao e possvel discutir aqui, os n umeros reais a partir dos
n umeros racionais, construir estes a partir dos n umeros inteiros, e estes ultimos
a partir dos n umeros naturais
3
. Em cada passo, podem ser denidas, de
um modo preciso, as opera c oes de soma, produto, etc., e demonstradas, como
teoremas, suas propriedades b asicas (o leitor interessado pode consultar, por
exemplo, a Ref. [2]). O desenvolvimento l ogico nal ent ao passou a depender
exclusivamente dos n umeros naturais.
Seria possvel caracterizar os n umeros naturais de forma matematicamente
precisa? A resposta positiva a essa pergunta assumiu sua forma denitiva com
os axiomas de Peano, criados pelo matem atico e l ogico italiano G. Peano(1858-
1932)
4
, a partir dos quais toda a aritmetica dos n umeros naturais pode ser
obtida. Peano usou os termos primitivos n umero (natural), zero e suces-
sor de e cinco axiomas envolvendo estes termos . Veja a Ref.[2] para uma
apresenta c ao e discuss ao dos axiomas de Peano.
Motivado por seus estudos em An alise Matem atica, Cantor criou em sua
epoca uma nova disciplina matem atica, a Teoria dos Conjuntos
5
, que veio a
se tornar a base de grande parte da Matem atica moderna, e revolucionou o
ensino dessa disciplina. No curso de suas descobertas, Cantor (e, em menor
grau, Dedekind) deu a primeira caracteriza c ao precisa da no c ao de innito em
Ciencia, e mostrou que de fato existem tipos diferentes de innito! Falamos hoje
do conjunto N dos n umeros naturais, e ao pensar na totalidade dos n umeros,
estamos de fato introduzindo o innito atual na Matem atica. Embora isso
3
O leitor com pouca experiencia em Matem atica superior pode car espantado ao ouvir
falar em construirn umeros. O que se quer dizer e que se denem certos objetos matem aticos
cujas propriedades mimetizam as propriedades usuais dos n umeros, tornando-os modelos
matem aticos, ou vers oes abstratas, do conceito intuitivo de n umero. S ao uteis por terem a
precis ao que falta ao conceito intuitivo. Esse tipo de processo de abstra c ao est a no cora c ao
da Matem atica.
4
Lembramos ao leitor que axiomas s ao proposi c oes n ao demonstradas, envolvendo apenas
certos termos n ao denidos, os termos primitivos, a partir das quais se podem derivar, atraves
das regras da l ogica, as proposi c oes demonstradas ou teoremas. Esse e o chamado metodo
axiom atico. Toda a Matem atica moderna, bem como partes de algumas outras ciencias,
como a Fsica, baseiam-se no metodo axiom atico.
5
Cantor elaborou a Teoria dos Conjuntos de forma relativamente intuitiva, que e a maneira
como esta disciplina e ensinada nas escolas. Um conjunto de axiomas para a Teoria dos Con-
juntos foi apresentado pelo matem atico alem ao E. Zermelo(1871-1959) entre 1904-08, pos-
teriormente desenvolvidos por T.Sk olem(1887-1963) e A. Fraenkel(1891-1965). Neste artigo,
usaremos uma abordagem intuitiva ` a la Cantor.
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52 Artigo
pare ca t ao prosaico para n os hoje, que desde pequenos estudamos Matem atica
na escola atraves da no c ao de conjunto, as descobertas de Cantor foram ex-
tremamente revolucion arias para a epoca, e s ao reconhecidas como estando
entre as maiores conquistas intelectuais da hist oria humana.
O restante do Artigo e como segue:
Na Se c ao 2, mostraremos que o conjunto N dos n umeros naturais, o conjunto
Z dos n umeros inteiros e o conjunto Q dos n umeros racionais s ao innitos de
um mesmo tipo (innito enumer avel), mas o conjunto R dos n umeros reais
pertence a uma classe de innito maior (innito n ao-enumer avel).
Na Se c ao 3, discutiremos a caracteriza c ao de Cantor de conjuntos innitos,
bem como a hierarquia de innitos introduzida por ele.
Finalmente, no Apendice, revisamos as deni c oes b asicas de: fun c ao, fun c ao
injetora, sobrejetora e bijetora.
Um, Dois, Tres, Innito
Para entender o grande insight de Cantor, vamos considerar uma pergunta
simples: o que signica contar ?
Quando crian cas, em geral s o sabemos contar coisas em n umero pequeno,
usando os dedos das duas m aos, por exemplo. Nesse caso, associamos cada
objeto a ser contado com um dedo das m aos, de forma que a cada objeto esteja
associado exatamente um dedo, isto e, de modo que n ao haja dois dedos para
um unico objeto, ou dois objetos para um unico dedo. Conseguimos contar
desse modo somente tantos objetos quanto podemos associar assim aos dedos
das m aos. Se houver mais objetos do que dedos, n ao conseguiremos, somente
usando as m aos, contar esses objetos, mas contaremos assim um subconjunto
pr oprio (isto e um subconjunto que n ao e o conjunto todo) do conjunto desses
objetos. Suponha (com o n umero regular de dedos) que tenhamos um conjunto
O com exatamente 10 objetos, digamos 10 ma c as. Nesse caso, estabeleceremos
o que em Matem atica se chama uma bije c ao, ou correspondencia biunvoca
entre o conjunto dos dedos e o conjunto O de ma c as (veja o Apendice para
uma deni c ao mais precisa): cada dedo corresponde a exatamente uma ma c a,
n ao sobram dedos nem ma c as sem seus associados.
Suponha porem que O tenha 15 elementos. Ent ao n ao poderemos, s o us-
ando os dedos das m aos, estabelecer uma bije c ao. Conseguiremos no m aximo
estabelecer uma bije c ao entre o conjunto dos dedos e um subconjunto pr oprio
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Os N umeros e o Innito 53
O
. Podemos
pensar nessa associa c ao matematicamente como uma fun c ao f : D O que e
injetora, mas n ao sobrejetora (ver Apendice).
6
Podemos, ` a custa de um ligeiro aumento na abstra c ao, tornar essa descri c ao
mais geral. Seja X um conjunto qualquer. Se X e o conjunto vazio, isto
e, sem elementos, podemos dizer que X tem 0 (zero) elementos, ou que o
n umero de elementos de X e zero. Vamos imaginar agora que X e o conjunto
de estrelas da Via-L actea. Esse conjunto, embora enorme, e nito. Vamos
imaginar, com um esfor co adicional de imagina c ao, que desejemos cont a-lo.
Nesse caso, come camos escolhendo uma das estrelas, e associando a essa estrela
o n umero 1. A seguir tomamos outra estrela e associamos o n umero 2, e
assim sucessivamente, de modo a rotular cada estrela com um n umero diferente.
Teremos assim a seq uencia de n umeros naturais 1, 2, . . . , N ate um n umero
N, correspondendo ` a ultima estrela que tomemos. Nesse caso o natural N e
exatamente o que entendemos pelo n umero de objetos de X. Note que nesse
caso temos uma bije c ao entre os conjuntos 1, 2, . . . , N e X.
Essa discuss ao sugere um fato geral interessante. Para comparar o n umero
de elementos de dois conjuntos nitos, n ao e necess ario cont a-los separada-
mente. Em um onibus, por exemplo, para vericar se h a mais assentos ou
passageiros, n ao e necess ario contar os assentos e os passageiros. Basta fazer
cada passageiro sentar em um assento. Se sobram passageiros, h a menos as-
sentos e mais passageiros, e se sobram assentos, ocorre o oposto. O n umeros
de elementos de dois conjuntos e igual se, e somente se, h a uma bije c ao entre
eles. O genio de Cantor foi notar que isso pode ser imediatamente generalizado
para cole c oes innitas, como discutiremos abaixo.
Subindo ainda uma nota na abstra c ao, podemos tornar essas ideias mais
precisas. Para cada n N
= N 0, denotaremos por I
n
o conjunto
I
n
:= k N : 1 k n = 1, 2, . . . , n.
Temos ent ao a seguinte deni c ao fundamental.
6
Nesse ponto e preciso mencionar novamente que o termo conjunto tem um signicado
tecnico em Matem atica diferente do conceito de cole c ao na linguagem corrente. Embora
intuitivamente seja natural consider a-los como tal, as cole c oes de ma c as e dedos n ao s ao con-
juntos em um sentido matem atico. Isso pode ser uma surpresa para o estudante que, lidando
com ideias intuitivas, identica qualquer cole c ao com conjunto. No entanto, desconsideramos
tais sutilezas em prol da clareza de ideias.
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54 Artigo
Deni cao: Um conjunto X e dito ser nito se, e somente se, for vazio ou se
existir n N
n + 1
2
se n e impar.
e uma bije c ao (veja o Apendice para uma prova desse fato). Intuitivamente,
essa fun c ao corresponde a organizar os inteiros na seguinte ordem:
Z = 0, 1, 1, 2, 2, 3, 3, . . . ,
associando o zero ao primeiro da seq uencia, o 1 ao segundo, e assim por diante.
Como se n ao bastasse isso, existem tantos n umeros racionais quantos n umeros
naturais! A demonstra c ao desse fato not avel que apresentamos aqui e um pouco
mais complicada, mas pode ser entendida com alguma paciencia. Come camos
notando que a fun c ao de Z em Q que leva cada inteiro p em
p
1
e injetora. Agora,
lembre que cada racional pode ser escrito, de forma unica, como uma fra c ao
irredutvel
p
q
, onde p, q Z, e podemos assumir, sem perda de generalidade,
que q > 0. Agora denimos uma fun c ao : Q Z assim:
(p/q) =
_
2
p
3
q
se p 0;
2
p
3
q
se p < 0.
Essa fun c ao e injetora (veja Apendice). A seguir, usamos um importante
teorema, cuja demonstra c ao n ao daremos aqui:
7
Observamos, numa nota hist orica, que a descoberta desse fato e atribuda a Galileu
Galilei(1564-1642), que considerou esse absurdouma prova de que n ao poderia haver innito
atual em Matem atica, uma vez que contradizia a m axima aristotelica o todo e maior que as
partes.
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56 Artigo
Teorema 2 (Schr oder-Bernstein) : Dados conjuntos quaisquer X e Y , su-
ponha que existam fun c oes injetoras f : X Y e g : Y X. Ent ao existe
uma bije c ao entre X e Y .
Demonstra cao: A demonstra c ao pode ser encontrada, por exemplo, em [4].
Aplicando o Teorema de Schr oder-Bernstein ` a nossa situa c ao, conclumos
que existe uma bije c ao entre Z e Q, e portanto h a tantos racionais quanto h a
inteiros. Mas j a vimos que existem tantos inteiros quanto h a naturais.
Deni cao: Um conjunto X e dito ser innito enumer avel, ou simplesmente
enumer avel
8
se, e somente se, existir uma bije c ao entre N e X.
Nesse sentido, o pr oprio N, Z e Q s ao enumer aveis. Um fato importante e
que e possvel mostrar [3] que subconjuntos de conjuntos enumer aveis ou s ao
nitos, ou s ao eles mesmos enumer aveis.
Isso sugere a seguinte pergunta crucial: Ser a que todo conjunto innito e
enumer avel, isto e, ser a que todo conjunto innito tem o mesmo n umero de
elementosde N? A resposta e n ao. H a genuinamente mais n umeros reais do
que n umeros naturais.
Teorema 3 (Cantor) : O conjunto R dos n umeros reais n ao e enumer avel.
Demonstra cao: O metodo usado para esta demonstra c ao e chamado metodo
da diagonal, devido a Cantor. Come camos notando que basta mostrar que
algum subconjunto de R n ao e enumer avel. Se esse for o caso, ent ao o pr oprio R
n ao pode ser enumer avel, pois se fosse, qualquer subconjunto seria enumer avel
(conforme discutido acima) e teramos uma contradi c ao. O subconjunto C que
queremos considerar e o intervalo (0, 1] de todos os n umeros reais r com 0 <
r 1. A demonstra c ao de que C n ao e enumer avel e por contradi c ao. Suponha
que C e enumer avel. Ent ao existe uma bije c ao : N C. Escreva r
n
= (n),
para cada n N. Essa bije c ao nos d a, ent ao, uma listagem C = r
0
, r
1
, r
2
, . . .
de elementos de C. Usamos agora o fato de que cada n umero real r
n
dessa
lista pode ser escrito, de maneira unica, em forma decimal innita sem uma
seq uencia de zeros no m [2]:
r
n
= 0, a
n0
a
n1
a
n2
. . . ,
8
Alguns autores aplicam o adjetivo enumer avel tambem aos conjuntos nitos.
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Os N umeros e o Innito 57
onde a
ni
0, 1, . . . , 9 para todos n e i. Por exemplo, 0, 7 = 0, 6999 . . . , e
1 = 0, 999 . . . . Considere agora o arranjo duplamente innito
r
0
= 0, a
00
a
01
a
02
. . .
r
1
= 0, a
10
a
11
a
12
. . .
.
.
.
.
.
.
r
n
= 0, a
n0
a
n1
a
n2
. . .
.
.
.
.
.
.
Para cada n, tome b
n
= 1, se a
nn
,= 1 e b
n
= 8, se a
nn
= 1. Ent ao
b = 0, b
0
b
1
. . . b
n
. . . e um n umero real de nosso conjunto C. Logo, b = r
k
,
para algum k. Porem, isso n ao pode ocorrer, uma vez que, da maneira como
obtivemos b, b
k
e certamente diferente de a
kk
. Temos assim a uma contradi c ao;
logo C n ao pode ser enumer avel.
Para o Innito... E Alem!
Cantor generalizou a discuss ao acima para conjuntos quaisquer, introduzindo
a no c ao de cardinalidade, ou tamanho de uma conjunto X, denotada por [X[.
Se X e um conjunto nito, sua cardinalidade e simplesmente seu n umero de
elementos. A deni c ao geral de cardinalidade de um conjunto para incluir con-
juntos innitos e sosticada, e nos levaria muito alem do escopo deste Artigo.
Basta dizer que dois conjuntos X e Y tem a mesma cardinalidade, [X[ = [Y [,
se, somente se, existir uma bije c ao entre X e Y . Intuitivamente, isto signica
que X e Y tem o mesmo n umero de elementos. Assim, N, Z e Q tem a
mesma cardinalidade um do outro, mas diferente da de R.
X, se f(x) = f(x
), ent ao x = x
, ou
equivalentemente, se x ,= x
N, f(n) = f(n
) 2n = 2n
n = n
.
A fun c ao : N Z tambem e injetora. De fato, dados n, n
N, se
(n) = (n
), ent ao n e n
2
n = n
Q, se (
p
q
) = (
p
),
11
O leitor mais exigente notar a que, embora intuitivamente ntida, h a certa imprecis ao
nessa deni c ao; por exemplo, o que e exatamente uma regra?
E possvel dar uma deni c ao
mais precisa de fun c ao, porem isso nos desviaria demais dos ns deste Artigo.
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Os N umeros e o Innito 61
ent ao necessariamente, p e p
3
q
e q = q
.
Dada uma fun c ao f : X Y , a imagem de f, denotada Imf, e o sub-
conjunto de Y que s ao valores de f. Em outras palavras, s ao aqueles y Y
para os quais existe x X tal que f(x) = y. Claro que Imf Y mas em
geral Imf ,= Y . Se Imf = Y , f e dita ser sobrejetora (ou sobrejetiva). A
fun c ao : Q Z acima, por exemplo, n ao e sobrejetora, j a que qualquer
n umero primo maior que tres em Z j a n ao estar a em sua imagem. J a a fun c ao
f : N P acima e claramente sobrejetora.
Se uma fun c ao e sobrejetora e injetora simultaneamente, ent ao a mesma
diz-se ser bijetora, ou uma bije c ao, ou ainda, uma correspondencia biunvoca.
A fun c ao : N Z acima e uma bije c ao. Com efeito, j a vimos ser ela injetora.
Para ver que e sobrejetora, tome um a Z arbitr ario. Vamos mostrar que
existe algum n
a
N tal que (n
a
) = a. De fato, se a 0, tome n
a
= 2a, e se
a < 0, tome n
a
= 2(a) 1. O leitor pode checar ent ao, usando a deni c ao de
do texto, que (n
a
) = a. Mas como a e arbitr ario, todo a Z e valor de ,
que e portanto uma bije c ao.
REFER
ENCIAS
[1] C.B. Boyer, Hist oria da Matem atica, 2
a
Edi c ao, Ed. Edgar Bl ucher,
S ao Paulo, 1996. V.J. Katz, A History of Mathematics - An Introduction, 2
a
Edi c ao, Ed. Addison Wesley Longman, Reading, 1998.
[2] H.H. Domingues, Fundamentos de Aritmetica, Atual Editora, S ao Paulo,
1991.
[3] E.L. Lima, Curso de An alise - Vol.1, 6
a
Edi c ao, Projeto Euclides, IMPA,
Rio de Janeiro, 1989.
[4] M. Aigner e G.M. Ziegler, As Provas Est ao nO LIVRO, Ed. Edgar
Bl ucher, S ao Paulo, 2002.
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62 Artigo
[5] G. Iezzi e C. Murakami, Fundamentos de Matem atica Elementar, vol.1,
7
a
Edi c ao, Atual Editora, S ao Paulo, 1996
[6] A. Tarski, A Concep c ao Sem antica da Verdade e os Fundamentos da
Sem antica, Existencia e Linguagem - Ensaios de Metafsica Analtica (Ed. J.
Branquinho), Editorial Presen ca, Lisboa, 1990.
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Artigo
64 Artigo
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Problemas Olmpicos 65
Problemas Olmpicos: Analise quanto `as
Diferentes Tecnicas de Resolu cao
Juliana Duarte Zacchi
juzacchi@yahoo.com.br
Para muitos educadores a resolu c ao de problemas e uma grande priori-
dade no ensino de matem atica. No entanto, professores de ciencias exatas de
faculdades s ao testemunhas da diculdade encontrada pelos seus alunos na re
solu c ao de problemas, o quanto se sentem perdidos ao se depararem com um
problema n ao rotineiro.
Nos ensinos Fundamental e Medio, a enfase no estudo de matem atica e
na aprendizagem e aplica c ao de algoritmos envolvendo c alculos, o que, muitas
vezes, torna o estudo enfadonho.
H a uma forte tendencia hoje em dia em contextualizar a matem atica, para
que o aluno perceba as v arias aplica c oes do conte udo que aprendeu. Mas,
devido a complexidade dessas aplica c oes, essa ideia rapidamente deixa de ser
pratic avel em sala de aula.
Trabalhar com resolu c ao de problemas n ao rotineiros em sala de aula, con-
tribui para o desenvolvimento da inteligencia, pois o aluno e estimulado a en-
contrar um caminho n ao conhecido de antem ao (contornando obst aculos) para
alcan car um m desejado.
E muito comum nos depararmos com algumas teorias da did atica, ou metodos
pedag ogicos que, apesar de nos parecer propcios, n ao s ao pratic aveis. O que
os professores mais alegam e que: Isso toma tempo demais; s o tenho 3 aulas
semanais, n ao conseguirei cumprir o programa, etc.
Por essas raz oes acredita-se que a Olimpada Regional de Matem atica de
Santa Catarina (bem como as outras competi c oes a nvel nacional ou interna-
cional) possa ser um forte instrumento para o professor trabalhar com resolu c ao
de problemas com seus alunos. Uma das vantagens desta competi c ao e que e
uma atividade extra-classe em que o professor n ao precisa se preocupar com a
elabora c ao dos problemas.
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66 Artigo
Os problemas olmpicos exigem muita criatividade e imagina c ao em suas
resolu c oes. Mais do que um malabarismo com contas, eles exigem ideias
muitas vezes simples mas brilhantes.
S ao problemas n ao convencionais, pois exigem pouco uso de f ormulas e n ao
s ao habitualmente encontrados nos livros did aticos.
Arma c oes como estas s ao geralmente encontradas quando faz-se referencia
aos problemas olmpicos. Mas, anal:
O que caracteriza um problema olmpico?
No que eles se diferem dos problemas usuais?
Am de tentar responder ` a essas quest oes faz-se aqui uma an alise destes
problemas quanto ` as diferentes tecnicas de resolu c ao. Esta an alise concentra-se
nos problemas olmpicos da segunda fase da ORM e baseia-se em uma teoria
da did atica da matem atica de Ives Chevallard.
Uma das preocupa c oes da comiss ao que elabora estes problemas, e que o
conte udo exigido para sua resolu c ao esteja adequado ao nvel da quest ao. Um
problema de nvel 2, por exemplo, deve abordar somente conte udos vistos ate
a 8
a
serie.
Os problemas olmpicos, portanto, est ao vinculados aos conte udos dos livros
did aticos, porem n ao vivem neles. Dicilmente s ao encontrados em livros
did aticos problemas no estilo olmpico.
Quadro Te orico
A an alise dos problemas olmpicos utilizar a conceitos da Teoria Antropo-
l ogica do Saber de Ives Chevallard.
Chevallard se utiliza metaforicamente de termos ecol ogicos como habitat e
nicho am de ilustrar que um saber n ao vive isolado, ele est a ligado a insti-
tui c oes (habitats) e desempenha uma fun c ao (nicho).
Aqui o signicado de institui c ao n ao est a necessariamente atrelado a insti-
tui c oes de ensino, e mais amplo, pode ser, por exemplo, um livro did atico ou
um artigo de revista. Neste caso, o nosso objeto (saber) matem atico s ao os
problemas olmpicos e tem como institui c ao as Olimpadas de Matem atica.
A descri c ao que Chevallard faz de uma organiza c ao matem atica ser a a base
para a an alise dos problemas olmpicos. Ele as descreve em termos de tarefa,
tecnica, tecnologia e teoria relativas a um objeto matem atico.
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Problemas Olmpicos 67
Em rela c ao ao objeto matem atico estudado (os problemas olmpicos), temos:
Tarefa - e uma a c ao, e a pergunta do problema, por exemplo: calcular,
determinar, demonstrar.
Tecnica - o que e feito para realizar a tarefa, a maneira com que se chega
` a solu c ao do problema (o que foi utilizado). Por exemplo: algoritmos,
experimenta c oes.
Obs: e o estudo da tecnica que nos permitir a classicar os problemas em
tipos ou classes.
Tecnologia - e o que valida a tecnica, e o suporte te orico, o que est a por
tr as. Por exemplo: deni c oes, teoremas, propriedades.
Teoria - e a tecnologia de uma tecnologia, um discurso mais amplo que
justique a tecnologia. Exemplo: algebra, geometria, teoria de conjuntos.
Para esta an alise foi escolhida aqui uma prova da segunda fase da ORM
de SC. A prova e do nvel 1 do ano de 2001. Para classicar os problemas em
termos de tarefa, tecnica, tecnologia e teoria, primeiramente apresentamos os
enunciados e solu c oes destes.
Listagem dos problemas com resolu c ao:
1. Um trabalhador limpa um terreno em quatro horas e outro trabalhador
limpa o mesmo terreno em oito horas. Quanto tempo os dois trabalha-
dores, trabalhando juntos, levam para limpar o terreno? Dar a resposta
em horas e minutos.
Resolu c ao: O trabalhador que limpa o terreno todo em 4 horas e duas
vezes mais r apido que o trabalhador que limpa o mesmo terreno em 8 ho-
ras. Assim, em um mesmo intervalo de tempo, aquele trabalhador limpa
o dobro do terreno que este ultimo trabalhador. Portanto, o trabalhador
mais r apido limpa
2
3
do terreno (gastando
2
3
4 =
8
3
de hora), enquanto
que o outro limpa
1
3
do mesmo terreno para a tarefa estar terminada
(este trabalhador gasta os mesmos
8
3
de hora,
1
3
8 =
8
3
).
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68 Artigo
Como 1 h = 60 min e
1
3
h = 20 min, ent ao
8
3
h = 8 20 = 160 min =
120 min + 40 min = 2 h e 40 min.
Portanto, os dois trabalhadores levam 2 h e 40 min para limparem o ter-
reno.
2. Com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 deseja-se construir n umeros de tres
algarismos satisfazendo as seguintes condi c oes:
(a) Em cada n umero os algarismos devem estar em ordem crescente da
esquerda para a direita, ou seja, o algarismo da centena deve ser
menor do que o algarismo da dezena, e este deve ser menor do que
o algarismo da unidade.
(b) Para quaisquer dois algarismos considerados (ou seja, dentre os sete
algarismos acima) deve existir sempre um unico n umero onde estes
algarismos aparecem ao mesmo tempo (exemplo: dados os algaris-
mos 1 e 2, devemos ter um e somente um dos n umeros 123, 124, 125,
126 ou 127).
Quantos n umeros e preciso construir de modo que as duas condi c oes sejam
satisfeitas? Apresente estes n umeros.
Resolu c ao: Vamos come car construindo os n umeros 123, 145 e 167 satis-
fazendo as condi c oes (a) e (b) para qualquer par que contenha o algarismo
1. A condi c ao (b) ainda n ao est a completamente satisfeita.
J a existe um n umero com os algarismos 1 e 2, e com 2 e 3 (o n umero
123), mas n ao existe ainda nenhum n umero com os algarismos 2 e 4 ou 2
e 5 ou 2 e 6 ou 2 e 7.
Tentamos ent ao 246 e 257 e esgotamos a condi c ao (b) em rela c ao ao al-
garismo 2. Falta ainda vericar esta condi c ao para os algarismos 3, 4, 5,
6 e 7.
Vejamos: 347 e 356.
Podemos vericar que estes 7 n umeros satisfazem as condi c oes (a) e (b):
123 246 347
145 257 356
167
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Problemas Olmpicos 69
Obs:
Existem outras solu c oes possveis. Por exemplo:
123 247 346
145 256 357
167
Estas s ao as duas unicas solu c oes possveis, xados os n umeros 123,
145 e 167.Note que, xado o n umero 123, temos 3 possibilidades
para os outros n umeros com o algarismo 1: 145 (e da 167), 146 (e
157) e 147 (e 156). Finalmente, com os algarismos 1 e 2 temos 5
possibilidades: 123, 124, 125, 126 e 127. Portanto o n umero total
de solu c oes possveis e: 5 3 2 = 30.
O n umero 7 pode ser obtido da seguinte maneira: com 7 algarismos
podemos formar C
3
7
= 35 n umeros (que ter ao seus algarismos em
ordem crescente) distintos de 3 algarismos. Para cada par de al-
garismos existem 5 possibilidades de formar um n umero. Portanto,
35 5 = 7.
3. Usando moedas nos valores de 1, 5, 10, 25 e 50 centavos, qual o menor
n umero de moedas necess ario para pagar uma conta de 94 centavos? E
se a conta for de 99 centavos?
Resolu c ao:Para formar 94 centavos necessitaremos de 4 moedas de 1 cen-
tavo (n ao h a outra possibilidade). Faltam 90 centavos.
Para formar 90 centavos com o menor n umero possvel de moedas, parti-
mos das maiores moedas:
50 + 25 +. . . ?
E a necessitamos de pelo menos uma moeda de 5 centavos.
Assim teremos:
90 = 50 + 25 + 5 + 10
Qualquer outra possibilidade necessitar a mais moedas:
90 = 50 + 10 + 10 + 10 + 10 = 50 + 25 + 5 + 5 + 5
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
70 Artigo
etc. Portanto, o menor n umero para pagar a conta de 94 centavos e 8:
94 = 1 + 1 + 1 + 1 + 50 + 25 + 5 + 10
Se a conta for de 99 centavos, ainda necessitamos de 8 moedas:
99 = 1 + 1 + 1 + 1 + 25 + 50 + 10 + 10
4. Observe as igualdades:
2
2
1
2
= 3
3
2
2
2
= 5
4
2
3
2
= 7
Explique porque a diferen ca entre os quadrados de dois n umeros consec-
utivos e sempre um n umero mpar.
Resolu c ao: Se considerarmos dois n umeros consecutivos, um deles ser a
par e o outro mpar. O quadrado de um n umero par e par e o quadrado
de um n umero mpar e mpar. Assim, a diferen ca entre um n umero par
e um n umero mpar (ou mpar e par) ser a mpar.
Algebricamente:
(n + 1)
2
n
2
= 2n 1 (mpar).
5. Uma sala de oitos metros por quatro metros deve ser ladrilhada com
ladrilhos quadrados de 25 cm de lado. O dono da sala resolve usar
ladrilhos vermelhos e azuis, formando blocos de mesma cor no seguinte
formato:
Ele tambem quer que a sala seja ladrilhada com estes blocos de forma que
os blocos da mesma cor n ao quem encostados lado a lado (e permitido
que se encostem em um vertice). Ser a possvel ladrilhar a sala com estas
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Problemas Olmpicos 71
exigencias usando um n umero inteiro de ladrilhos de cada cor? Justique
sua resposta.
Resolu c ao: Podemos formar blocos de 1m x 1m com 4 blocos b asicos
(dados no enunciado) da seguinte maneira:
A
A A A
A
A A A
V
V V V
V
V V V
onde A = azul e V = vermelho.
Agora basta juntar 8 colunas, cada uma com 4 blocos destes acima.
Teremos portanto: 8 4 = 32 blocos iguais aos blocos acima, ou seja,
32 4 = 128 blocos b asicos, sendo 64 vermelhos e 64 azuis. Teremos
portanto: 4 64 = 256 ladrilhos azuis e 256 ladrilhos vermelhos.
Classica cao
Para cada problema apresentado acima faz-se uma classica c ao em termos
de tarefa, tecnica, tecnologia e teoria (segundo conceitos de Ives Chevallard).
ORM - 2001, Nvel 1: Problema 1
i) Tarefa: determinar quanto tempo levam os dois trabalhadores para
limparem o terreno;
ii) Tecnica: opera c oes; reconhecimento do dobro de um n umero; repre-
senta c ao decimal;
iii) Tecnologia: algoritmo das opera c oes; sistema de numera c ao; sistema de
medidas;
iv) Teoria: aritmetica.
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o
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72 Artigo
ORM - 2001, Nvel 1: Problema 2
i) Tarefa: determinar quantos n umeros s ao possveis de se construir satis-
fazendo as condi c oes propostas e apresent a-los;
ii) Tecnica: opera c oes; arvore;
iii) Tecnologia: algoritmo das opera c oes; rela c ao de ordem; sistema de nu-
mera c ao;
iv) Teoria: aritmetica; an alise combinat oria.
ORM - 2001, Nvel 1: Problema 3
i) Tarefa: determinar o menor n umero de moedas para pagar a conta;
ii) Tecnica: opera c oes; parti c ao de um n umero;
iii) Tecnologia: algoritmo das opera c oes;
iv) Teoria: aritmetica.
ORM - 2001, Nvel 1: Problema 4
i) Tarefa: explicar porque a diferen ca entre os quadrados de dois n umeros
consecutivos e sempre um n umero mpar;
ii) Tecnica: opera c oes; reconhecimento de padr oes; reconhecimento de n umeros
pares; reconhecimento de n umeros mpares;
iii) Tecnologia: algoritmo das opera c oes;
iv) Teoria: aritmetica.
ORM - 2001, Nvel 1: Problema 5
i) Tarefa: Determinar se e possvel ladrilhar a sala com as exigencias do
dono;
ii) Tecnica: reconhecimento de padr oes; pavimenta c ao do plano;
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o
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Problemas Olmpicos 73
iii) Tecnologia: algoritmo das opera c oes;
iv) Teoria: aritmetica; geometria.
Abaixo s ao descritas as tecnicas que guraram dentre os problemas listados
anteriormente.
Opera c oes: e a tecnica mais elementar. Todos os problemas analisados
exigem essa tecnica que consiste no uso das quatro opera c oes b asicas
(adi c ao, subtra c ao, multiplica c ao e divis ao);
Reconhecimento do dobro de um n umero: capacidade de reconhecer quando
um n umero e o dobro de outro;
Reconhecimento de n umeros pares e n umeros mpares: capacidade de
identicar se um n umero e par ou mpar;
Reconhecer um n umero par, por exemplo, exige do aluno uma boa com-
preens ao da deni c ao de n umeros pares. Todas as tecnicas desse tipo exigem
a compreens ao da teoria envolvida.
Reconhecimento de padr oes: geralmente o aluno percebe um padr ao em
seus c alculos quando h a uma repeti c ao constante de resultados;
Arvore: tecnica bastante utilizada para listar todas as possibilidades para
um certo evento.
E uma maneira sistem atica de list a-las sem repetir
qualquer possibilidade ou esquecer de alguma;
Parti c ao de um n umero: decompor um n umero natural como soma de
naturais.
Pavimenta c ao do plano: dispor guras geometricas de modo a cobrir uma
regi ao do plano sem que haja superposi c ao ou espa cos vazios.
Algumas tecnicas utilizadas na resolu c ao dos problemas olmpicos tambem
s ao freq uentemente encontradas nos livros did aticos como, por exemplo, a re-
presenta c ao decimal.
Em um estudo mais aprofundado desses problemas (ver [1]) tecnicas como
a experimenta c ao e reconhecimento de padr oes s ao encontradas com bastante
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
74 Artigo
freq uencia o que talvez possa responder em parte as perguntas do incio deste
artigo: O que caracteriza um problema olmpico? No que eles se diferem dos
problemas usuais?
Essas tecnicas s ao raramente encontradas na resolu c ao de exerccios de livros
did aticos, o que torna os problemas olmpicos diferentes. S ao tecnicas como
estas que despertam o raciocnio l ogico nos alunos, o que vem a ser uma das
caractersticas destes problemas.
As quest oes discursivas exigem que o aluno exponha seu raciocnio de forma
clara e compreensvel, o que permite a eles uma sistematiza c ao do raciocnio e
uma melhor compreens ao da solu c ao apresentada.
Os problemas olmpicos s ao formulados de modo que n ao apresente t ao
claramente os conceitos matem aticos utilizados em sua resolu c ao, levando o
aluno a relacionar as f ormulas, teoremas e resultados que aprende na sala de
aula a estas situa c oes-problema.
Criatividade e originalidade s ao necess arias para resolver estes problemas,
pois os mesmos geralmente descrevem situa c oes para as quais nenhum processo
rotineiro foi previamente aprendido. Ao resolver estes problemas com certa
freq uencia, o aluno adquire suas mais variadas tecnicas, ampliando assim seu
conhecimento matem atico.
Esta an alise feita com uma prova de nvel 1 revela que a teoria envolvida
nos problemas e essencialmente a aritmetica (com algumas no c oes b asicas de
geometria e an alise combinat oria), visto que alunos 5
a
e 6
a
series ainda n ao
conhecem a algebra e pouco sabem sobre geometria, por exemplo.
Percebe-se tambem que as tecnologias envolvidas nesses problemas s ao bas-
tante elementares, n ao h a nada muito sosticado, o que nos faz crer que a
diculdade encontrada em suas resolu c oes consiste mais em interpretar o enun-
ciado e ter uma ideia inicial da resolu c ao.
Julgando de suma import ancia a resolu c ao de problemas para o desenvolvi-
mento do pensamento l ogico e raciocnio crtico dos alunos, a an alise apre-
sentada aqui, utilizando conceitos da Teoria Antropol ogica do Saber de Ives
Chevallard, pode em muito auxiliar o professor na hora de escolher os proble-
mas a serem trabalhados com os alunos em sala de aula.
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Problemas Olmpicos 75
REFER
ENCIAS
[1] ZACCHI, Juliana Duarte. Problemas Olmpicos. 68s. 2004 (Trabalho
de Conclus ao de Curso) Curso de Licenciatura em Matem atica, Departamento
de Matem atica, Universidade Federal de Santa Catarina.
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76 Artigo
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Artigo
78 Artigo
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O Problema da Divis ao da Pizza 79
O Problema da Divisao da Pizza
William Glenn Whitley
Departamento de Matem atica, UFSC (Aposentado)
A Professora Carmem Suzane Comitre Gimenez apresentou um problema
interessante sobre como cortar uma pizza e distribuir as fatias (Revista da
Olimpada Regional de Matem atica de Santa Catarina - N
o
2, pg 116, Problema
5).
Consideramos uma pizza em forma de um disco circular perfeito com cen-
tro O na origem de um sistema de coordenadas cartesianas. Consideramos,
tambem, que a pizza e cortada em oito fatias. Concordamos que todos os
cortes passam por um ponto que chamaremos de V e que os angulos dos bicos
das fatias em V s ao todos de 45
o
. Armamos que se voce d a peda cos alterna-
dos para duas pessoas, cada uma receber a 4 peda cos e a quantia total de pizza
dada a cada pessoa e a mesma. Veja a Figura 1.
Figura 1
Na Figura 1, marcamos os quatros cortes com estilos de linhas diferentes,
etiquetamos os pontos onde os cortes (cordas) interceptam a circunferencia e
indicamos a distribui c ao das fatias para a pessoa 1 ou a pessoa 2. Nesta gura
notamos que o ponto V est a bem afastado do centro O da circunferencia. Se
Revista da ORM/SC n
o
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80 Artigo
um dos cortes passa por O, a solu c ao e imediata, n ao sendo discutida aqui.
Portanto, podemos girar e/ou reetir o desenho ate o ponto V estar no primeiro
quadrante e a corda mais curta ser horizontal.
Na Figura 2, as quatro cordas iniciais s ao salientadas pelas retas mais
grossas, deixando mais clara a divis ao do disco nos peda cos de pizza. Em
seguida, incluimos c opias destas cordas obtidas atraves de rota c oes de 90
o
,
180
o
e 270
o
das cordas originais. Queremos usar as simetrias da gura resul-
tante para apontar pedacinhos menores de areas iguais nas diferentes fatias.
Por ultimo, nas guras futuras, as fatias que v ao para a pessoa 1 ganhar ao um
sombreamento cinza, enquanto as da pessoa 2 permanecer ao brancas.
Figura 2
Antes de iniciar esta tarefa, devemos esclarecer um ponto de terminolo-
gia. Rota c ao de 90
o
, reex ao vertical e reex ao horizontal s ao termos bastante
claros, mas reex ao em 45
o
e um pouco ambguo. Anal, h a dois eixos di-
agonais. Chamaremos a diagonal que desce enquanto progride para a direita
(inclina c ao 1 no sistema de coordenadas cartesianas) de diagonal negativa e o
outro (com inclina c ao 1) de positiva. Chamamos a aten c ao para uma situa c ao
especial neste desenho. Uma corda, aquela representada pela reta s olida, e
curta o suciente para que o quadrado formado por suas imagens tenha seus
vertices fora da circunferencia. O quadrado formado pelas cordas pontilhadas
tem seus vertices na borda e os outros dois quadrados tem seus vertices no
interior do disco. Dependendo de quanto o ponto de intersec c ao das cordas e
distante do centro, esta situa c ao pode se alterar signicativamente. Portanto,
enquanto a distribui c ao das fatias n ao se altera, a congura c ao dos pedacinhos
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
O Problema da Divis ao da Pizza 81
do nosso desenho podem se alterar nos cantos perto dos di ametros dos quadra-
dos. Tentaremos fazer um agrupamento de peda cos que n ao dependa desta
propriedade especial do desenho.
Na Figura 3 vemos as quatro fatias menores acima da corda s olida, cada
uma com marca c ao diferente. Em seguida vemos c opias de duas delas, as duas
mais para a esquerda, sob a reex ao pela diagonal positiva e c opias das outras
duas sob a reex ao pela diagonal negativa. Como reex ao preserva area, para
cada uma destas quatro fatias, achamos uma area equivalente, sempre dentro
de uma fatia no outro agrupamento.
Neste momento as quatro fatias menores delimitadas pela corda s olida j a
foram compensadas por partes de outras fatias. Das fatias menores delimitadas
pela corda pontilhada, tres j a foram compensadas, e uma parte da quarta fatia
foi consumida. Desejamos compensar o resto desta fatia. Para facilitar os de-
senhos futuros, anotaremos as areas j a compensadas preenchendo-as com feixes
de linhas horizontais. Novas areas em discuss ao ser ao marcadas preferencial-
mente com feixes de linhas diagonais.
Figura 3
Na busca de um lugar para encaixar esta regi ao, giramos e reetimos a
gura ` a procura de uma regi ao sombreada de formato igual. Achamos duas.
Podemos reetir em rela c ao ao eixo vertical ou girar 90
o
no sentido hor ario.
Optamos por girar. O que aconteceria se voce optasse para reetir? Daria para
compensar as regi oes restantes, fornecendo outra solu c ao? Veja a Figura 4.
Passamos a examinar a fatia grande delimitada pelas cordas pontilhada
e tracejada. Notamos que e uma regi ao quadril atera e que os lados opostos
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
82 Artigo
formados por partes das cordas s olida e tracejada s ao paralelas. Temos assim
um trapezio T que e muito especial, seus angulos medem ou 45
o
ou 135
o
.
Figura 4
Se examinamos o tri angulo XZV notamos que os angulos em X e Z s ao
de 45
o
e o tri angulo e is osceles. Assim, a corda tracejada que passa por V e
perpendicular ` a base e e a sua mediatriz, ou seja, XY = Y Z. Devido ` a simetria
por reex ao vertical, XX
e vertical e V XX
A B
C
Figura 1: tri angulo ret angulo
A
B
C
b
a
c
A
B
SOL
O
TERRA
Figura 3: Alexandria e Seyne , =
Na g.3, o ponto A corresponde ` a cidade de Syene enquanto o ponto B
` a Alexandria. Erat ostenes concluiu que lhe bastava conhecer o angulo e
a dist ancia Aswan-Alexandria para estimar a circunferencia da Terra. Isto
porque ele conhecia as f ormulas AB = R. R =
AB
e C = 2.R, da onde
C = 2.
AB
. (3)
Estas f ormulas, consideradas evidentes nos dias de hoje, eram grosseira-
mente deduzidas e n ao dispunham de uma representa c ao algebrica adequada
para manipul a-las, tornando o conhecimento e as aplica c oes acessveis para
poucos.
A ideia de Erat ostenes foi determinar o angulo , o que ele fez considerando
as seguintes hip oteses:
1. A Terra e uma Esfera, assim como a Lua.
2. Os raios do sol chegam ` a Terra praticamente paralelos;
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
90 Artigo
3. O caminho que percorre a menor dist ancia entre Alexandria e Aswan,
se continuado, descreve uma circunferencia igual a de um grande crculo
(Equador)
Desta forma, Erat ostenes simplicou o problema da determina c ao do angulo
. No instante em que o raio de Sol atinge o ponto A ortogonalmente, o
mesmo raio ao atingir o ponto B forma um angulo com uma estaca ncada
ortogonalmente ao ch ao. Na gura, observamos que os angulos e s ao iguais,
uma vez que angulos opostos pelo vertice s ao congruentes, assim como angulos
correspondentes tambem s ao.
Erat ostenes mediu =
25
e
AB = 5.000 est adios
12
, da onde C = 2
25 5000 = 250.000 est adios. Considerando que 1 est adio correspondia a 157,5
metros, segue que C = 39.375 Km e R = 6.266, 71 km. Apesar do metodo
utilizado ser pouco preciso, o resultado obtido e excelente pois ao compar a-lo
com a medida atual de R = 6.378, 11 km, obtido a partir dos 40.075 km de
circunferencia, o erro e da ordem de 111 km (1, 75%).
Se tal extraordin ario resultado pode ser feito conhecendo-se ape-
nas esta simples propriedade de linhas retas, que de certa forma e
evidente, quantos grandes problemas s ao esperados de um profundo
conhecimento da geometria ? Esta quest ao n ao pode ocorrer a uma
mente inquisidora da verdade; e fundamental determin a-la a n ao
perder tempo em adquirir o conhecimento
- Malton (sec. 18), New Royal Road to Geometry
2
o.
Metodo
Os Gregos conheciam um segundo metodo para o c alculo da circunferencia
da Terra utilizando uma estrela xa no ceu, em vez do Sol. Este 2
o.
metodo e
atribudo a Posidonius (135 - 51 a.c.), tutor de Cicero.
Posidonius observou que quando a estrela Canopus encontra-se no horizonte
sul de Rhodes, ela vista de Alexandria, ao sul de Rhodes, encontra-se acima
do horizonte formando um angulo de
24
, como mostra a gura 4. Para aplicar
este novo metodo, Posidonius teve que assumir as seguintes hip oteses;
12
unidade de dist ancia utilizada na Grecia antiga
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Se a Terra n ao e Plana... 91
1. O arco, sobre a superfcie da Terra, ligando Rhodes e Alexandria encontra-
se sobre um grande crculo,
2. Os raios de luz vindos de Canopus chegam ` a Terra paralelos,
R
O
TERRA
CANOPUS
A
C
pq
= s. op +t. oq [ s, t R.
A interse c ao de (R) com
pq
e uma circunferencia que denominamos de
equador e denotamos por e
pq
. Alem disto, os pontos p e q dividem o equador
e
pq
em dois arcos e
1
pq
e e
2
pq
denominados segmentos.
Para obtermos rela c oes metricas sobre (R) assumiremos os seguintes axi-
omas;
Axioma 1 : Dados dois pontos p, q (R) existe um unico equador e
pq
(R) tal que p, q e
pq
.
Axioma 2 : Os pontos p e q dividem o equador e
pq
em dois segmentos e
1
pq
e
e
2
pq
.
Axioma 3 : A dist ancia esferica entre dois pontos distintos p, q (R) e
d
(R)
(p, q) = inf(L(e
1
pq
), L(e
2
pq
)).
Axioma 4 : Para qualquer par de equadores e
1
e e
2
h a uma transforma c ao
f : (R) (R) que preserva as dist ancias entre pontos de (R) e f(e
1
) = e
2
.
Ao supormos que o angulo entre os vetores op e oq mede , a dist ancia
entre p e q (g.10) e dada por
d
S
2
(R)
(p, q) = R. = R.arcos
_
< op, oq >
R
2
_
(5)
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3, 2006
Se a Terra n ao e Plana... 97
x
y
z
p
2
_
.cos(
p
).cos(
q
)
_
,
(6)
onde =
q
p
e =
q
p
.
Se supormos que p pertence ao plano-xy, isto e,
p
= /2, segue que
d
S
2
(R)
(p, q) = R.arcos (cos().cos()) . (7)
De acordo com o axioma 4, existe uma transforma c ao em (R) preservando
a dist ancia e levando p ao ponto (1, 0, 0). Assim, podemos assumir que p
pertence ao plano-xy e
p
= /2. Portanto, a dist ancia entre os pontos p e q
sobre (R) satisfaz a identidade
cos
_
d
(R)
(p, q)
R
_
= cos().cos(). (8)
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
98 Artigo
2
b
R
_
, 0, cos
_
2
b
R
_
).
Portanto,<
OB,
OC >= cos
_
a
R
_
= cos
_
b
R
_
.cos
_
c
R
_
.
B
C
b
A c
a
Figura 12
Conforme dito anteriormente, a
nossa experiencia cotidiana mostra
que a express ao 1 e adequada para
resolvermos problemas de medi c ao
quando, por exemplo, queremos
medir as dimens oes de uma con-
stru c ao, ou de terrenos e ate as
dist ancias dentro de uma cidade.
Sendo assim, a identidade 1 deve
ser obtida a partir de 9 quando
os lados a, b e c do tri angulo s ao
muito pequenos em rela c ao ao raio R.
Por exemplo, para um segmento AB
medindo 10 metros sobre a superfcie da Terra temos que
10
6378, 11
1 mm.
Vejamos o que ocorre ao assumirmos na identidade (6) que
a
R
0,
b
R
0 e
c
R
0.
Segue das series de Taylor da fun c oes cosseno e seno que
a
R
0 cos(
a
R
) = 1
(
a
R
)
2
2
+o((
a
R
)
4
), (10)
sen(
a
R
) =
a
R
o((
a
R
)
2
). (11)
onde
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
100 Artigo
lim
a
R
0
o((
a
R
)
4
)
(
a
R
)
2
= 0.
As aproxima c oes 10 e 11, quando aplicadas ` a identidade 9, resultam em
1
1
2
_
a
R
_
2
+o(
a
R
4
) =
_
1
1
2
_
b
R
_
2
+o(
b
4
R
4
)
_
.
_
1
1
2
_
c
R
_
2
+o(
c
4
R
4
)
_
(12)
Consequentemente,
a
2
b
2
c
2
2
=
1
4
b
2
.c
2
R
2
+
1
2R
2
_
b
2
.o(
c
4
R
4
) +c
2
.o(
b
4
R
4
)
_
+ (13)
+
_
o(
a
4
R
4
) o(
b
4
R
4
) o(
c
4
R
4
)
_
o(
b
4
R
4
).o(
c
4
R
4
) (14)
Assim, se R a, R b e R c, ent ao
a
2
b
2
+c
2
,
sendo que no limite
a
R
0,
b
R
0 e
c
R
0
a
2
= b
2
+c
2
.
Portanto, o Teorema de Pit agoras euclideano deve ser aplicado quando os
lados do tri angulo s ao muito pequenos em rela c ao ao raio R, embora ele s o vale
nas situa c oes limites descritas acima ou quando a, b e c s ao xos e R .
Agora, vamos considerar um tri angulo qualquer.
Proposi cao 1 : Lei dos Cossenos - Seja ABC um tri angulo esferico em
com angulos internos medindo , e e cujos lados opostos medem a, b e c,
respectivamente. Ent ao,
Revista da ORM/SC n
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3, 2006
Se a Terra n ao e Plana... 101
cos() =
cos
_
a
R
_
cos
_
b
R
_
cos
_
c
R
_
sen
_
b
R
_
.sen
_
c
R
_
,
cos() =
cos
_
b
R
_
cos
_
a
R
_
cos
_
c
R
_
sen
_
a
R
_
.sen
_
c
R
_ ,
cos() =
cos
_
c
R
_
cos
_
a
R
_
cos
_
b
R
_
sen
_
a
R
_
.sen
_
b
R
_ .
(15)
Demonstra cao: Sem perda de generalidade, suponha que
A = (1, 0, 0), B = (cos(
B
)sen(
B
), sen(
B
)sen(
B
), cos(
B
))
C = (cos(
C
), sen(
C
), 0).
(16)
Assim,
cos(
a
R
) = <
OB,
OC >= cos(
C
B
)sen(
B
),
cos(
b
R
) = <
OA,
OC >= cos(
C
),
cos(
c
R
) = <
OA,
OB >= cos(
B
)sen(
B
);
(17)
da onde segue que,
sen(
a
R
) =
_
cos
2
(
B
) +sen
2
(
C
B
)sen
2
(
B
)
sen(
c
R
) =
_
cos
2
(
B
) +sen
2
(
B
)sen
2
(
B
).
(18)
Os vetores
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
102 Artigo
n
AB
=
OA
OB
[
OA
OB [
= (
(0, cos(
B
), sen(
B
)sen(
B
))
_
cos
2
(
B
) +sen
2
(
B
)sen
2
(
B
)
n
BC
=
OB
OC
[
OB
OC [
=
(cos(
B
)sen(
C
), cos(
B
)cos(
C
), sen(
C
B
)sen(
B
))
_
cos
2
(
B
) +sen
2
(
C
B
)sen
2
(
B
)
n
CA
=
OC
OA
[
OC
OA [
= (0, 0, 1)
(19)
determinam os planos
AC
,
AB
e
BC
, respectivamente. Considere
n
AB
, n
BC
, n
CA
uma base orientada de R
3
. Uma vez que,
cos() = < n
AC
, n
AB
>,
cos() = < n
AB
, n
BC
>,
cos() = < n
AC
, n
BC
>,
obtemos
cos() =
sen(
B
)sen(
B
)
_
cos
2
(
B
) +sen
2
(
B
)sen
2
(
B
)
cos() =
cos
2
(
B
)cos(
C
) sen(
C
B
)sen
2
(
B
)sen(
B
)
_
cos
2
(
B
) +sen
2
(
B
)sen
2
(
B
)
_
cos
2
(
B
) +sen
2
(
C
B
)sen
2
(
B
)
cos() =
sen(
C
B
)sen(
B
)
_
cos
2
(
B
) +sen
2
(
C
B
)sen
2
(
B
)
.
(20)
Da rela c ao 16, temos
cos
_
a
R
_
=cos
_
b
R
_
cos
_
c
R
_
+sen
_
b
R
_
sen(
B
)sen(
B
)
sen(
C
B
)sen(
B
) =sen
_
b
R
_
cos
_
c
R
_
cos
_
b
R
_
sen(
B
)sen(
B
),
(21)
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Se a Terra n ao e Plana... 103
e, consequentemente,
sen(
B
)sen(
B
) =
cos
_
a
R
_
cos
_
b
R
_
cos
_
c
R
_
sen
_
b
R
_
sen(
C
B
)sen(
B
) =
cos
_
c
R
_
cos
_
a
R
_
cos
_
b
R
_
sen
_
b
R
_ .
(22)
As express oes 21 aplicadas ` a 16 resultam nas seguintes identidades:
cos() =
cos
_
a
R
_
cos
_
b
R
_
cos
_
c
R
_
sen
_
b
R
_
.sen
_
c
R
_
,
cos() =
cos
_
c
R
_
cos
_
a
R
_
cos
_
b
R
_
sen
_
a
R
_
.sen
_
b
R
_
.
(23)
Analogamente, a identidade para o cos() e obtida a partir da situa c ao na
qual os vertices do ABC s ao
A = (1, 0, 0), B = (cos(
B
), sen(
B
), 0)
C = (cos(
C
)sen(
C
), sen(
C
)sen(
C
), cos(
C
)).
(24)
Neste caso, obtemos
cos() =
cos
_
b
R
_
cos
_
a
R
_
cos
_
c
R
_
sen
_
a
R
_
.sen
_
c
R
_
.
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
104 Artigo
Corolario 1 : Lei dos Senos - Num tri angulo esferico ABC, como na
proposi c ao 1, valem as identidades
sen()
sen(a)
=
sen()
sen(b)
=
sen()
sen(c)
. (25)
A seguir, como no caso do Teorema de Pit agoras, vamos analisar as ex-
press oes 14 quando R a, R b e R c. Ao aplicarmos as aproxima c oes
10 e 11 ` a primeira express ao em 14, segue que:
cos() =
_
1
1
2
a
2
R
2
+o(
a
4
R
4
)
_
_
1
1
2
b
2
R
2
+o(
c
4
R
4
)
_
.
_
1
1
2
c
2
R
2
+o(
1
R
4
)
_
_
b
R
o(
b
4
R
2
)
_
.
_
c
R
o(
c
4
R
2
)
_ =
=
b
2
+c
2
a
2
2
1
4
b
2
c
2
R
2
bc
1
R
3
.
_
b.o(
c
4
R
4
) +c.o(
b
4
R
4
)
_
+
1
R
2
o(
b
4
R
4
).o(
c
4
R
4
)
+
+
R
2
.[o(
a
4
R
4
) o(
b
4
R
4
) o(
c
4
R
4
)]
bc
1
R
3
.
_
b.o(
c
4
R
4
) +c.o(
b
4
R
4
)
_
+
1
R
2
o(
b
4
R
4
).o(
c
4
R
4
)
+
+
1
2
[b
2
.o(
c
4
R
4
) +c
2
.o(
b
4
R
4
)]
1
R
2
.o(
b
4
R
4
).o(
c
4
R
4
)
bc
1
R
3
.
_
b.o(
c
4
R
4
) +c.o(
b
4
R
4
)
_
+
1
R
2
o(
b
4
R
4
).o(
c
4
R
4
)
.
Portanto, no limite
a
R
0,
b
R
0 e
c
R
0 vericamos a identidade
a
2
= b
2
+c
2
2bc.cos() (26)
A
Area de um Triangulo Esferico
Uma vez que as rela c oes metricas em tri angulos esfericos s ao simples, e
natural que haja uma express ao para a area.
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Se a Terra n ao e Plana... 105
Um gomo em e uma regi ao limitada por dois segmentos e ligando
os pontos antpodas p = (x, y, z) e q = (x, y, z), em . Em cada um dos
vertices p e q, os segmentos formam um angulo denominado o angulo do
gomo. Um gomo com angulo e equivalente, pelo axioma 4, ` a
G
com angulo e
A+A
= 2R
2
,
onde A
+A
+A
= 2R
2
Consequentemente,A+ (2R
2
A) + (2R
2
A) + (2R
2
A) = 2R
2
,
e A = R
2
. [( + +) ] .
REFER
ENCIAS
[1] C.M.Doria, Geometria sobre as Superfcies, notas.
[2] J.L.Heilbron, Geometry Civilized, Oxford, 1998.
[3] Enciclopedia Brit anica, 1995.
[4] Enciclopedia Larrousse Cultural, 1998.
[5] Eugenio Gomes, VIEIRA - Serm oes, 3
a
edi c ao, Ed. Agir, 1963.
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Solues dos
Problemas
Propostos
108 Solu c oes de problemas propostos na revista anterior
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
109
1. Proposto por Ivan Pontual Costa e Silva, UFSC. Seja L uma reta, P
1
e P
2
pontos distintos fora de L mas coplanares com L. Mostre que existe um
unico ponto P de L com a propriedade que d(P, P
1
) +d(P, P
2
) e mnima,
e neste caso, o menor angulo que PP
1
faz com L e o menor angulo que
PP
2
faz com L s ao iguais.
SOLUC
AO(enviada pelo proponente)
Temos duas situa c oes possveis:
(i) P
1
e P
2
est ao em lados opostos com respeito a l;
(ii) P
1
e P
2
est ao do mesmo lado com respeito a l.
Caso (i):
P
P
P
l
P
Seja P
1
P
2
o segmento que une P
1
a P
2
. Estando P
1
e P
2
de lados opostos
de l, h a um ponto P de l entre P
1
e P
2
. Nesse caso,
d(P
1
, P
2
) = d(P
1
, P) +d(P
1
, P
2
) (1)
Seja P
um ponto qualquer de l, P
,= P. P
, P
1
e P
2
. A desigualdade triangular
garante que:
d(P
, P
2
) +d(P
, P
1
) > d(P
1
, P
2
) (2)
Da equa c ao (1), temos portanto:
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
110 Solu c oes de problemas propostos na revista anterior
d(P, P
1
) +d(P, P
2
) < d(P
P
1
) +d(P
, P
2
), (3)
isto e, d(P, P
1
) +d(P, P
2
) e a menor possvel, e P e o ponto procurado.
Seja o menor angulo que PP
1
faz com l. Nesse caso, e menor ou
igual a um angulo reto. Um dos angulos que PP
2
faz com l e oposto pelo
vertice, e portanto, congruente a , sendo esse imediatamente o menor
angulo.
Caso (ii):
Seja l
(ii)-(b): P
1
n ao est a em l
Subcaso (ii)-(a):
A
P
l
l
P
A
1
2
Seja A ponto arbitr ario de l, com A
. Os tri angulos P
2
AA
e P
1
AA
e P
1
A
s ao as respectivas hipotenusas.
Portanto:
d(P
1
A
) > d(P
1
A) (4)
d(P
2
A
) > d(P
2
A) (5)
(P
1
A
) +d(P
2
A
) > (P
1
A) +d(P
2
A) (6)
E A e o ponto procurado.
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
111
Por constru c ao, o angulo menor que P
1
A e P
2
A formam com l s ao con-
gruentes, sendo ambos retos.
Subcaso (ii)-(b):
Seja P
2
o ponto em l
simetrico a P
2
com respeito a l (existe e e unico
por transporte de segmentos).
A A P
P
P
P
P
2
2
1
l
P
2
est a do lado oposto ao de P
1
com respeito a l, e portanto, existe um
ponto P fora de l entre P
1
e P
2
. P ,= A. Pelo caso lado- angulo-lado,
temos:
P
2
PA P
2
PA (7),
de onde
d(P
2
, P) = d(P
2
, P) (8)
Seja P um ponto qualquer de l.Se P=A temos d(P
2
, P
) = d(P
2
, P
) (9)
por constru c ao. Se P
,= A, temos que P
2
P
A P
2
P
A (10) pelo
caso lado- angulo-lado.
Logo
d(P
2
, P
) = d(P
2
, P
) (11)
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
112 Solu c oes de problemas propostos na revista anterior
Pelo caso (i),
d(P
1
, P
) +d(P
2
, P
> d(P
1
, P) +d(P
2
, P) (12)
Portanto:
d(P
1
, P
) +d(P
2
, P) > d(P
1
, P) +d(P
2
, P) (13)
e P e o ponto procurado.
Finalmente, o angulo = P
2
PA e o menor angulo que P
2
P faz com l,
por ser menor que um angulo reto. Pela congruencia de tri angulos (7),
temos:
P
2
PA
P
2
PA (14)
Seja A um ponto de l de modo que P esteja entre A e A. O angulo
P
1
PA
2
PA, e portanto congruente a este.
Logo, P
1
PA
2
PA, sendo este o menor angulo.
2. Proposto por Andrzej Solecki, UFSC. Seja f(x) = x
3
3x
2
+ax+1. Quais
as 3 razes reais desta fun c ao, sabendo que as mesmas est ao em PA? Qual
o valor de a?
SOLUC
AO (enviada pelo leitor Vilmar Minella Junior)
Represente as 3 razes em PA: xr, x, x+r. Utilizando-se a rela c ao de
Girard, temos: xr+x+x+r =
b
1
, onde b = 3 xr+x+x+r =
b 3x =
(3)
1
x = 1.
Substituindo-se o valor da inc ognita x na equa c ao, encontraremos o valor
de a: x
3
3x
2
+ax+1 = 0 1
3
3(1)
2
+a(1) +1 = 0 13+a+1 =
0 1 +a = 0 a = 1.
Para o polin omio car divisvel, faremos:x = 1 ou x1 = 0. Assim sendo,
baixaremos o grau do polin omio.
a) Pelo metodo da chave:
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
113
x
3
3x
2
+x + 1 [ x 1
x
3
+x
2
x
2
2x 1
2x
2
+x + 1
2x
2
2x
x + 1
x 1
00
b) Pelo dispositivo pr atico de Briot-Runi:
1 3 1 1
1 1 2 1 0
Desta maneira transformamos a equa c ao de terceiro grau em uma equa c ao
de segundo grau :x
2
2x 1 = 0.
Podemos resolver esta equa c ao pelo metodo de B askara , ent ao:
x =
b
+
2a
= b
2
4ac = 4 + 4 = 8
x
1
=
2 +
8
2
x
1
=
2 + 2
2
2
x
1
= 1 +
2
x
2
=
2
8
2
x
2
=
2 2
2
2
x
2
= 1
2
3. Proposto por Ant onio Vladimir Martins, UFSC, retirado do livro Tech-
niques of Problem Solving. Com um grande quadrado de chumbo, e
possvel achar o centro de uma pequena circunferencia . Mas se voce
tiver um grande tri angulo equil atero, como achar o centro desta mesma
circunferencia?
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
114 Solu c oes de problemas propostos na revista anterior
D
O
E
D E
A
B
C
r
SOLUC
AO(enviada pelo graduando Felipe Vieira)
Sobre uma circunferencia, a qual estamos interessados em encontrar seu
centro, colocamos o vertice A do tri angulo eq uil atero ABC. Da interse c ao
dos lados AB e AC com essa circunferencia resultam os pontos D e E.
Girando o tri angulo eq uil atero ABC em torno do vertice A, de modo que
o lado AB passe pelo ponto E, encontramos a reta r dada pelo ponto lado
AC do tri angulo em sua nova posi c ao.
Agora, colocamos uma das bases do tri angulo eq uil atero sobre a reta r e
deslizamos horizontalmente sobre ela ate um dos lados tocar o ponto E
(de maneira que um dos lados do tri angulo n ao coincida com o lado AC) e
obtemos o ponto D (dado pelo vertice do tri angulo ABC com a reta r).
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
115
Fa camos este mesmo procedimento, girando o tri angulo eq uil atero ABC
em torno do vertice A, de modo que o lado AC passe pelo ponto E e
assim encontramos o ponto E.
Tra cando os segmentos DD
e EE
=DD
e a dist ancia EE
e igual a
3
2
lado do
tri angulo ABC. Prove!
Provamos que e possvel encontrar o centro da circunfencia utilizando-se
de um tri angulo eq uil atero. Ser a possvel encontrar o centro dessa mesma
circunferencia utilizando-se qualquer polgono regular?
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
116 Solu c oes de problemas propostos na revista anterior
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Problemas
Propostos
118 Problemas propostos
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
119
Convidamos o leitor a enviar solu c oes dos problemas propostos e a sugerir
novos problemas para as pr oximas edi c oes.
1. Proposto por Cesar Raitz, UFSC. Dado um quadrado de centro em O e
cuja medida dos seus lados e a. Um outro quadrado tem a medida dos
seus lados b, com b maior que a, e tal que um dos seus vertices e xo em
O e gira em torno de O. Qual deve ser a posi c ao do quadrado maior para
que o permetro da parte comum dos dois quadrados seja mnimo?
2. Proposto por Jucavo Savie Rocha, mestrando UFSC. Sejam 16 cartas de
baralho, do valete ao as ( J,Q,K,A) e dos quatro naipes (Ouro, Espada,
Copas,Paus), todas distintas. Disponha essas 16 cartas em um quadrado
quatro por quatro de forma que em nenhuma linha, coluna ou diagonal
se repitam duas cartas de mesma letra ou mesmo naipe.
3. Proposto por Cesar Raitz, UFSC. Os lados de um tri angulo medem re-
spectivamente 6 cm, 8 cm e 10 cm. Um disco de raio 1 cm rola no interior
do tri angulo sempre tangente em pelo menos um dos lados do tri angulo.
No momento em que o centro dos disco chega na posi c ao inicial de partida,
depois de ter feito uma volta completa no tri angulo, qual e a dist ancia
que ele percorreu?
4. Proposto por Lucas Spillere Barchinski, graduando UFSC. Qual a proba-
bilidade de amigo oculto com n pessoas de certo ( ou seja, ninguem pega
a si mesmo)?
5. Proposto por Fabiano Carlos Cidral, graduando UFSC. Prove que todo
subconjuto de 1003 elementos do conjunto A = 1, 2, 3, ..., 2004 possui
pelo menos dois elementos cuja soma e igual a 2005.
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
120 Problemas propostos
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Outras
Olimpadas
122 Outras olimpadas
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
123
Resultados de alunos de SC em outras Olimpadas
Resultados na OBM
2004
Nvel 01
Renan Henrique Finder (Joinville) - Medalha de Prata
Vitor Costa Fabris (Crici uma) - Men c ao Honrosa
Nvel Universitario
Giuliano Boava (UFSC - Florian opolis) - Men c ao Honrosa
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o
3, 2006
124 Outras olimpadas
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Informaes Gerais
126 Informa c oes gerais
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
Envio de Problemas e Solu c oes 127
Envio de Problemas e Solu c oes
A se c ao de problemas propostos e solu c oes e uma se c ao din amica. Con-
tribua propondo problemas e enviando-nos suas solu c oes de qualquer prob-
lema proposto. Os problemas n ao devem exigir, de preferencia, conte udos de
matem atica de nvel universit ario, porem podem ter solu c oes alternativas us-
ando estes conte udos.
Envio de Artigos
Professores do ensino fundamental e medio, professores universit arios, bem
como alunos de gradua c ao e p os-gradua c ao est ao convidados a enviar seus
artigos para a revista.
Artigos submetidos para publica c ao ser ao analisados pela comiss ao edi-
torial. Os artigos devem abordar os temas de forma clara e n ao eminente-
mente tecnica e n ao devem necessitar, como pre-requisitos, conhecimentos de
matem atica de nvel universit ario.
N ao h a exigencia de um editor de texto em particular mas, caso o autor
conhe ca e utilize o L
A
T
E
X, ent ao o artigo poder a ser submetido neste formato.
Cadastramento
Diretores, coordenadores e professores de matem atica que desejarem que
seus alunos participem das olimpadas (OBM e ORM) podem cadastrar suas
escolas entrando no nosso site ou entrando em contato diretamente conosco
(ver abaixo).
Alunos interessados em participar das olimpadas de matem atica podem
consultar nosso site para vericar se a sua escola est a cadastrada. Caso contr ario,
devem solicitar a seus professores de matem atica que cadastrem a escola. Lem-
bramos que as olimpadas de matem atica s ao feitas para os alunos, n ao sendo
uma competi c ao entre escolas. Assim sendo, espera-se que as escolas estimulem
seus alunos a participar e que, no mnimo, apoiem aqueles alunos que assim o
desejarem.
Como adquirir a revista
Esta revista est a sendo distribuda gratuitamente a diversas escolas do es-
tado de Santa Catarina (um exemplar por escola). Escolas que n ao receberam
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006
128 Informa c oes gerais
a revista podem nos solicitar o envio da mesma.
Erramos
Na Revista n
o
2, tem-se as seguintes altera c oes:
i) Na p agina 103, onde se le (a b)
2
0, deve-se ler (a b)
2
0;
ii) Na p agina 116, onde se le F24 = 2
24
+ 1, deve-se ler F
24
= 2
2
24
+ 1.
Fale Conosco
Entre em contato conosco para esclarecer sua d uvidas, dar sugest oes ou
fazer corre c oes por:
Nosso site: www.orm.mtm.ufsc.br
Telefone/Fax: (48) 3316809 (PET - Matem atica)
e-mail: orm@pet.mtm.ufsc.br
Endere co: PET - Matem atica
Departamento de Matem atica - CFM
UFSC
Campus Universit ario - Trindade
88040-900 Florian opolis/SC
Revista da ORM/SC n
o
3, 2006