Melhoramento Genetico em Gado Leiteiro
Melhoramento Genetico em Gado Leiteiro
Melhoramento Genetico em Gado Leiteiro
CLUDIO ARAGON
Universidade Federal de Lavras - UFLA Fundao de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extenso - FAEPE Lavras - MG 2008
Parceria Universidade Federal de Lavras - UFLA Fundao de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extenso - FAEPE Reitor Antnio Nazareno Guimares Mendes Vice-Reitor Elias Tadeu Fialho Diretor da Editora Renato Paiva Pr-Reitor de Ps-Graduao Mozar Jos de Brito Pr-Reitor Adjunto de Ps-Graduao Lato Sensu Marcelo Silva de Oliveira Coordenadora do Curso Nadja Gomes Alves Presidente do Conselho Deliberativo da FAEPE Nadiel Massahud Editorao Centro de Editorao/FAEPE Impresso Grfica Universitria/UFLA Ficha Catalogrfica preparada pela Diviso de Processos Tcnicos da Biblioteca Central da UFLA Aragon, Cludio Melhoramento Gentico em Gado Leiteiro / Cludio Aragon Lavras: UFLA/FAEPE, 2008 1 Ed. 40p.: il. Curso de Ps-Graduao Lato Sensu (Especializao) a Distncia Bovinocultura Leiteira: Manejo, Mercado e Tecnologias. Bibliografia: 1. Terminologia. 2. Mrito Gentico. 3. Seleo. I. Universidade Federal de Lavras. II. Fundao de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extenso. III. Ttulo. .................... CDD 005.2 Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida, por qualquer meio ou forma, sem a prvia autorizao da FAEPE.
SUMRIO
I
INTRODUO...........................................................................4 TERMINOLOGIA........................................................................5 AVALIAO DE MRITO GENTICO....................................13 TESTE DE PROGNIE.............................................................23 PROVAS DE TOUROS.............................................................26 SISTEMAS DE SELEO.......................................................39 REFERNCIAS........................................................................41
I
INTRODUO
O melhoramento gentico em uma propriedade compe uma das ferramentas disponveis ao produtor no sentido de alcanar maiores rentabilidades e eficincia. O objetivo deste curso fornecer informaes essenciais para a conduo de um trabalho de melhoramento gentico, visando atender aos principais anseios do mercado e, obviamente, responder s necessidades do produtor. fundamental que se entenda que qualquer trabalho de melhoramento, bem como de todos os aspectos relacionados, individual e particular para cada propriedade. No se pode supor que exista uma receita especfica que ir atender a todos os tipos de explorao leiteira e, principalmente, vir de encontro s principais necessidades de cada produtor. Desta forma, o trabalho de melhoramento gentico na propriedade deve ser focado fortemente sobre um correto diagnstico do sistema de produo, da capacidade de investimento, do mercado atual e futuro de leite e de animais, da base inicial do rebanho, das pretenses de expanso da propriedade, alm do tipo de animal desejado e mais apropriado para a propriedade e seu sistema. Felizmente, as ferramentas de seleo existentes permitem uma criteriosa avaliao dos pontos-chave necessrios para a conduo de um correto trabalho de melhoramento. Fica, portanto, a questo de conhecer bem essas ferramentas e trabalh-las fortemente na propriedade. Jamais pode-se deixar de pensar no melhoramento gentico como ferramenta voltada para a produo de animais mais rentveis e eficientes. A maior lucratividade a meta final de todo o trabalho. Pensando nisso, no se pode estar alienados ao que nos diz o mercado, pois, em ltima anlise, ele que determina os principais caminhos de seleo a serem adotados no campo.
II
TERMINOLOGIA
Gene Unidade fundamental da herana poro funcional do DNA. Alelo Forma especfica do gene. Locus (loci) Local especfico no cromossomo onde est localizado determinado gene.
CARITIPO BOVINO
GENTIPO
A composio allica ou gnica de um determinado indivduo (ou em um nico locus ou em mltiplos loci).
FENTIPO
Terminologia
HERANA
O animal herda duas cpias (alelos) de cada gene, uma de sua me e outra de seu pai.
Homozigoto (AA)
Heterozigoto (Aa)
Homozigoto (aa)
AO GNICA DOMINANTE
Interao entre os alelos em um locus: Quando um alelo (A) tem maior efeito que o outro alelo (a) consideramos o alelo A dominante e o alelo a recessivo.
DOMINNCIA GENTICA
- Exemplo de dominncia gentica o fator mocho, que dominante sobre o fator aspado. - Outro exemplo a pelagem preta no Holands, que dominante sobre a pelagem vermelha.
Gentipo BB ou Bb
Gentipo bb
Terminologia
HERDABILIDADE
proporo da variao entre animais que ocorre devido gentica; a herdabilidade determina a extenso que a prognie ir se assemelhar aos pais; progresso gentico mais rpido em caractersticas de maior herdabilidade; mesmo caractersticas de baixa herdabilidade, como fertilidade, tm componentes genticos.
HERDABILIDADE
Caracterstica h Caracterstica Ligamento Mdio Profundidade bere Colocao Tetos Anteriores Comprimento Tetos Ant. Volume de Leite Volume de Gordura 0,28 Volume de Protena 0,25 % Gordura 0,51 % Protena 0,45 SCS 0,10 h 0,24 0,28 0,26 0,26 0,30
Estatura 0,42 Fora (Tamanho) 0,31 Prof. Corporal 0,37 Forma Leiteira 0,29 ngulo de Garupa 0,33 Largura de Garupa 0,26 Aprumos Lateral 0,21 Aprumos Posterior 0,11 ngulo P 0,15 Insero Anterior bere 0,29 Altura bere Posterior 0,28
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INTENSIDADE DE SELEO
A medida de quanto o desempenho do grupo selecionado de parentes excede a mdia da populao. Intensidade de seleo a funo do tamanho da populao e a porcentagem de animais selecionados. - Poucos animais selecionados = alta intensidade. - Grande populao = alta intensidade.
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Terminologia
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ACURCIA (CONFIABILIDADE)
Medida da correlao entre o estimado e verdadeiro mrito gentico de um animal. funo da herdabilidade e do nmero de observaes - Alta herdabilidade = alta acurcia. - Muitos dados ou prognie = alta acurcia.
III
AVALIAO DE MRITO GENTICO
III.1 Gentica versus Meio Ambiente. III.2 Fatores de Ajuste. III.3 Grupos Contemporneos. III.4 Informaes de Parentes e seus Pesos. III.5 Confiabilidade como Medida de Acurcia. III.6 Base Gentica Importncia e Diferenas. III.7 Tendncias Genticas.
Avaliao Gentica:
Desempenho do prprio animal = o que ele parece ser. Desempenho de seus ancestrais = o que ele deve ser. Informaes da sua prognie = o que ele realmente .
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Desempenho do animal
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FATORES GENTICOS
Mrito gentico aditivo da me Mrito gentico aditivo do pai Mrito gentico dos avs
MRITO GENTICO
A avaliao do mrito gentico de um animal passa por todos os fatores de ajuste, ambientais e genticos, a fim de expurgar todo e qualquer fator que no seja o real valor gentico do animal avaliado.
TERMINOLOGIA GENTICA
Valor Estimado de Criao (EBV) o valor gentico estimado o animal avaliado.
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TERMINOLOGIA GENTICA
Habilidade Prevista de Transmisso a poro do EBV que passado para a prognie. Equivale metade do Valor Estimado de Criao.
Na avaliao do Mrito Gentico de um animal utiliza-se o Modelo Animal. Com o avano para este modelo, passou-se a incorporar na avaliao todos os parentes conhecidos com avaliao, resultando em avaliaes com maior confiabilidade.
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AvP
Dados de primos
P
AvP
A
AvM
M
Dados de parentes maternos
AvM
Com o uso do Modelo Animal calculamos o Mrito Gentico de cada animal avaliado e a expresso pode ser em PTA (Habilidade Prevista de Transmisso) ou EBV (Valor Gentico Estimado). No exemplo abaixo, usa-se a expresso em PTA.
PTA = P1 * Parentes + P2 * Fentipo + P3 * Prognie
P1 , P2 , P3 so pesos que somados igualam a 1. Ao fazermos a avaliao do Mrito Gentico deve-se considerar as caractersticas inerentes ao sexo.
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Caractersticas limitadas ao sexo (ex.: produo de leite) FMEAS PTA = P1 * Parentes + P2 * Fentipo + P3 * Prognie
Segue um exemplo de como calcular o Mrito Gentico de uma fmea em sua primeira lactao: ndice de Pedigree = 500 kg Lactao (EM) = 10.000 kg Mdia do Grupo Contemporneo = 8.000 kg Desvio = 10.000 8.000 = 2.000 kg P1 = 0,70 P2 = 0,30
III.5 CONFIABILIDADE
Confiabilidade (REL) mede a acurcia do PTA ou EBV. Funo da herdabilidade e do nmero de observaes (dados). Mximo de 99%. Estimativa do quadrado da correlao entre o PTA (EBV) e o real mrito gentico do animal.
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A confiabilidade no deve ser usada como mtodo para descartar o uso de um touro. Deve ser usada para determinar o quanto se vai utilizar o touro no rebanho. Touros de menor confiabilidade apresentam maior risco, mas podem oferecer maior potencial gentico. Veja o exemplo abaixo, comparando-se dois touros com confiabilidades diferentes:
Touro A: PTA = 1500 lbs REL = 70% Variao Esperada = 600 lbs 2100 lbs
900 lbs Touro B: PTA = 1500 lbs REL = 90% Variao Esperada = 120 lbs 1620 lbs
1380 lbs
20
Leite kg 11.51
10.61
9.46
1990
1995
2000
A Base Gentica apenas um ponto de referncia e pode ser formada por qualquer grupo de indivduos. Uma vez formada, ser o referencial de comparao. Cada pas adota sua prpria Base Gentica e NO h como fazer comparativos simples de provas, em funo das diferenas de Base.
A formao da Base Gentica e sua atualizao depende de cada pas. importante que se saiba qual a freqncia de atualizao da base Gentica do pas cuja avaliao de mrito gentico est-se analisando para se ter noo de seu grau de atualidade representativa da populao.
BASE FIXA (5 anos) a base ajustada (atualizada) a cada perodo de 5 anos, refletindo o ganho gentico da populao controlada neste perodo. BASE MVEL (anual) a base ajustada todo ano.
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o ganho gentico das diferentes populaes para as caractersticas de produo ao longo dos anos. Evoluo das caractersticas de produo da populao canadense da raa Holandesa
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IV
TESTE DE PROGNIE
A nica forma segura e confivel de conhecer o perfil da capacidade de transmisso gentica de um animal atravs da avaliao de desempenho de sua prognie. Esta avaliao chamada de Teste de Prognie. O teste de prognie realizado nas raas de leite com o objetivo de avaliar a capacidade de transmisso do animal para caractersticas de produo, conformao e sade. Essas caractersticas sero detalhadas no prximo captulo. Em linhas gerais, o teste de prognie realizado de forma semelhante nos pases de importncia no fornecimento de gentica no mundo. Ser feita referncia aqui ao teste de prognie realizado nos machos das raas leiteiras. Consiste na coleta e distribuio de smen de jovens touros selecionados criteriosamente para entrar no teste. Oriundos de pedigrees que compem a elite gentica da devida raa, os touros jovens iniciam coleta com cerca de 12 meses de idade. O smen distribudo ao maior nmero de rebanhos possvel e utilizado de forma aleatria pelos produtores. O nascimento das bezerras filhas do touro jovem em teste representar o grupo de animais com chance de garantir uma prova de desempenho. As filhas que atingirem a primeira lactao sero efetivamente utilizadas para o teste, desde que tenham ambiente com controle leiteiro oficial e que sejam oficialmente classificadas para tipo. As filhas que atenderem a esses requisitos iro compor o primeiro grupo de filhas do touro em condies de serem avaliadas e refletir a capacidade de transmisso do mesmo.
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TESTE DE PROGNIE
18-19 doses para obter 1 filha identificada 20-22 doses de smen para 1 filha em lactao
Distrib uio
a prova Filhas em prov
3000 2500 2000 1500 1000 500 0 Allocation Services tracked 402
In se m ina es
Semen Flow
2400 1800
Projeo
s ze he en Pr
s Nasc Bezerra
Pregnancies
Este processo completo, que compreende as fases entre quarentena do touro jovem at o incio da primeira lactao das filhas, leva de 4 a 5 anos dependendo do sistema de amostragem para o teste. Durante este perodo, o touro fica aguardando a publicao de sua primeira prova. Atualmente, devido ao alto grau de intensidade de seleo, cerca de 10 a 12% de todos os touros colocados em teste tero prova suficientemente competitiva para ser colocada comercialmente no mercado. As filhas que iro compor a primeira prova do touro tero seu desempenho oficialmente medido para leite, conformao e sade. A avaliao desse desempenho passa por uma srie de ajustes importantes para que se possa medir o desempenho em comparao com filhas de outros touros em situao igual. Os principais fatores de ajuste so: - idade ao primeiro parto; - poca de pario; - efeito de rebanho (manejo e alimentao); - efeito de mrito gentico dos parentes; - efeito do classificador.
Teste de Prognie
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Estes ajustes so necessrios para que se possa comparar animais em ambientes semelhantes e da atribuir as diferenas entre estes animais gentica. Como j mencionado anteriormente, o principal ponto no teste a formao dos grupos de manejo, que, por si s, eliminam uma srie de efeitos ambientais. Todos os dados de produo so ajustados para uma lactao padro na equivalncia maturidade. Uma lactao padro ajustada para 305 dias de leite, 2 ordenhas dirias. A equivalncia maturidade a projeo da produo para o 3 ms da 3 lactao. Todos os dados de conformao so baseados na primeira classificao realizada sempre na primeira lactao.
V
PROVAS DE TOUROS
Os desafios impostos ao produtor de leite so muitos. Nos ltimos anos, presenciamos um grande movimento pela melhoria da qualidade do produto, o que levou o produtor a efetuar investimentos em novos equipamentos e adequao de prticas de manejo no intuito de extrair um produto de melhor qualidade, atendendo s demandas do mercado. Basicamente, o que temos visto uma profissionalizao do setor. Pode-se dizer com segurana que os produtores comerciais progressistas responderam com muita competncia aos anseios do mercado. Para isso, lanaram mo de uma srie de prticas de manejo e ferramentas de gesto que os auxiliaram a atingir estes objetivos. No entanto, com a profissionalizao do setor novos desafios surgem. Entre esses novos desafios tem-se a necessidade de uma vaca mais eficiente, ou seja, aquela que atenda s expectativas de produo, tenha eficincia reprodutiva, dure o tempo desejado produzindo dentro do rebanho e que consiga executar todas estas funes com o menor custo de manuteno possvel. A gentica muitas vezes relevada a segundo plano em funo de seus efeitos de mdio a longo prazo. Ao contrrio das ferramentas de nutrio e manejo, o trabalho gentico exige mais tempo para se expressar plenamente em uma propriedade de leite. No entanto, ela to essencial quanto a qualidade da dieta fornecida aos animais, ou as prticas de manejo dentro de uma ordenha. So observados casos em que rebanhos comerciais de excelente manejo e com dietas extremamente bem balanceadas no esto obtendo as respostas produtivas esperadas em funo do menor potencial gentico de seus animais. A utilizao da gentica como ferramenta indispensvel para a evoluo de um rebanho imprescindvel para aqueles produtores que desejam seguir no caminho do profissionalismo no setor e, em conjunto com todas as corretas prticas de manejo e nutrio, compe os elementos essenciais para o sucesso de uma empresa produtora de leite.
Provas de Touros
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Como utilizar de forma eficiente esta ferramenta gentica? Como tirar o mximo de proveito do que nos oferecido hoje em termos de avaliao de desempenho dos touros provados? O que mais importante observar e analisar na hora de trabalhar um programa de melhoramento gentico no rebanho? Estas questes tm que ser analisadas e tratadas com a mesma importncia dada s outras ferramentas utilizadas no rebanho. Para que isso acontea, o primeiro passo entender de forma clara e objetiva o que significa uma prova de touros e como se deve utilizar os diversos itens contidos nestas provas. So muitas as informaes que se tem nas provas atuais dos touros. Tem-se que tirar proveito deste maravilhoso trabalho executado pelos pases fornecedores de gentica que, com a seriedade e persistncia, essenciais a um correto programa de avaliao, disponibilizam o que h de mais avanado em termos de mtodos de avaliao de desempenho de um reprodutor dentro da populao. O produtor tem hoje disponibilidade de utilizao de gentica de qualquer parte do mundo. preciso que ele entenda como utilizar esta gentica para o melhor benefcio de seu plantel. Um correto programa de melhoramento gentico passa primeiramente pelo estabelecimento de objetivos claros desejados pelo produtor. Sem esses objetivos, no possvel estabelecer os critrios necessrios para a determinao do caminho gentico a ser percorrido. Infelizmente, o que mais se tem hoje so produtores sem uma clara definio de seus objetivos futuros. Algumas das perguntas que o produtor deve se fazer na hora de estabelecer seus objetivos so: Que tipo de produto o mercado vai demandar nos prximos 4 a 8 anos? Qual ser a situao da minha propriedade daqui a 5 anos? Como ser o mercado comprador de gentica daqui a 5 anos? Serei comprador ou vendedor de gentica? Pretendo evoluir nas minhas prticas de manejo nos prximos anos? Terei melhores dietas para fornecer aos animais em produo? Pretendo aumentar o nmero de animais em produo nos prximos anos? Quando se dar a estabilidade do rebanho? Qual o objetivo de produtividade esperada para o rebanho (leite, gordura e protena)? Estas perguntas iro servir de base para desenvolver o programa de melhoramento gentico na propriedade. Sem esses objetivos traados, o produtor acaba indo em direes diversas a cada investimento em gentica e, dificilmente, atinge os resultados esperados.
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Aps a determinao dos objetivos, o prximo passo determinar como est o rebanho atual. O que precisa ser melhorado e o que precisa ser preservado na atual gentica para se atingir os objetivos? A determinao do status gentico do rebanho atual ir determinar os caminhos a serem tomados para o desenvolvimento do programa de melhoramento. Determinado o que precisa ser corrigido e melhorado geneticamente, lana-se mo das ferramentas que nos permitam efetuar estas correes e melhoramentos. Quais so estas ferramentas? USO DE TOUROS PROVADOS (GENTICA CONHECIDA) USO DE PROGRAMAS PARA GERENCIAR O MELHORAMENTO PERSISTNCIA, PERSISTNCIA E MAIS PERSISTNCIA!!! Vamos falar de cada uma destas ferramentas em separado.
Provas de Touros
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As provas de PTA Protena e PTA Gordura so expressas em termos de volume e percentual. No caso das provas americanas, o valor em volume expresso em lbs e indica o quanto a mais ou a menos as filhas do touro iro produzir em volume de protena e gordura ao final de uma lactao padro de 305 dias e em duas ordenhas, quando comparadas mdia da populao (base gentica). Os valores em % indicam o quanto a mais ou a menos ser o percentual de gordura e protena no leite das filhas do touro em relao mdia da populao. Como devemos utilizar estes dados? Volume e percentual so caractersticas antagnicas, ou seja, quanto mais selecionar para volume, maiores as chances de diminuir os percentuais e vice versa. Desta forma, os objetivos traados para o rebanho devem estar em sincronia com as demandas de mercado, que ser o responsvel pela remunerao do seu produto. O mercado quer volume ou percentual de slidos? A remunerao de seu produto baseada em que parmetros? Quais os nveis atuais de volume e percentual de slidos no leite em seu rebanho? Como ser o mercado no futuro prximo? Todas as questes colocadas devem ser analisadas para que se faa um correto programa gentico de aumento de slidos no leite. A exemplo do citado para leite, as provas de gordura e protena em alguns pases so expressas em EBV (tanto para volume quanto para percentual) e tambm devem ser divididas por dois para se obter a habilidade de transmisso do touro para estas caractersticas.
Provas de Touros
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Os itens de importncia comentados a seguir referem-se a um conjunto de pontos que se denomina Caractersticas de Sade. Estas caractersticas ganham cada vez mais importncia na formao de um animal eficiente dentro do rebanho. Todos querem animais de produo expressiva e os programas de seleo h anos priorizaram o aumento do potencial produtivo dos animais. Este modelo de seleo deixou efeitos colaterais no desejados, como diminuio da fertilidade, aumento dos casos de mastite e queda na vida produtiva (longevidade) dos animais. Hoje, focos esto na formao de um animal mais eficiente nestes importantes pontos econmicos de uma propriedade. Desta forma, os modernos programas de teste de prognie avaliam o desempenho das filhas dos touros para os quesitos de Clulas Somticas, Vida Produtiva, Fertilidade das Filhas, Facilidade de Pario, alm dos ndices de vitalidade das bezerras nascidas. Apesar de serem caractersticas onde o ambiente (manejo, nutrio, instalaes, etc.), tenha grande influncia, existe uma parcela gentica responsvel pelo melhor ou pior desempenho do animal nesses pontos. As provas dos touros permitem que se faa um programa de seleo gentica para melhorar em longo prazo a eficincia dos animais nas caractersticas de sade. Vamos a uma anlise destas caractersticas. USDA (02/07) PTA lbs
SCS Score de Clulas Somticas: o efeito gentico que determina maior ou menor resistncia mastite medido atravs desta caracterstica. Ela expressa na prova americana e canadense usando-se uma escala onde o valor 3.00 corresponde mdia da populao. Para esta caracterstica, nmeros menores so desejados. Como devemos utilizar este dado? A influncia de ambiente nesta caracterstica muito maior do que a influncia gentica. Desta forma, no se deve utilizar SCS como ferramenta nica no programa de melhoramento. Pode-se usar este ndice como ferramenta de descarte de alguns touros que sejam muito acima da mdia para a caracterstica e trabalhar de forma persistente com touros que situem-se prximos ou abaixo da mdia.
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PL Vida Produtiva: todos querem vacas que durem o suficiente no rebanho para compensar o investimento feito durante a fase de bezerra e novilha, que deixem sua prpria reposio e que tenham maior valor na hora de deixarem o rebanho. Resumindo, quer-se aumentar a taxa de descarte voluntrio e diminuir a taxa de descarte involuntrio. Na prova americana, Vida Produtiva expressa em meses a mais ou a menos que a mdia das filhas do touro permanecem no rebanho em comparao com a base gentica. Desta forma, valores positivos so desejados. Animais com maior longevidade (produtiva) so desejados em uma situao de produo comercial. Como devemos utilizar este dado? Mais uma vez, a poro gentica envolvida na longevidade do animal menor que a poro ambiente. Desta maneira, no se pode utilizar PL como ferramenta nica de seleo e sim combinada com outras caractersticas importantes para o programa de melhoramento gentico. O uso persistente de touros positivos ao longo do programa de melhoramento ir determinar um mais desejado potencial gentico do rebanho para maior longevidade produtiva. DPR Taxa de Prenhes das Filhas. Talvez um dos maiores obstculos nos rebanhos leiteiros comerciais seja a reproduo. Vacas de alto desempenho sofrem com a menor eficincia reprodutiva. O ndice DPR na prova dos touros importante para selecionar entre os touros que transmitam maior eficincia reprodutiva para suas filhas. Na prova americana, DPR expresso como percentual a mais ou a menos de taxa de prenhes das filhas de um touro em relao s taxas existentes no rebanho. Como exemplo, um touro com DPR = +1.0 usado em um rebanho cuja taxa de prenhes mdia de 25%. Pode-se esperar que as filhas deste touro tenham, em mdia, uma taxa de prenhes de 26%. Como devemos utilizar este dado? Em conjunto com outras caractersticas interessantes ao programa de melhoramento. DPR tem maior impacto ambiente do que gentico e no deve ser usado como ferramenta nica de seleo. O uso persistente de touros positivos para DPR ir promover melhores ndices de fertilidade do rebanho. HABILIDADE DE PARTO os dados relacionados pario so os de Facilidade de Parto, Facilidade de Parto das Filhas, Natimortos e Natimortos das Filhas. Na prova americana, esses dados so expressos em percentual de partos difceis em novilhas e como percentual de bezerras nascidas mortas ou que morrem nas primeiras 48 horas aps o parto. O valor considerado mdio para todas estas quatro caractersticas de 8%. Como se deve utilizar este dado? Facilidade de Parto do Touro deve-se usar touros com valores iguais ou
Provas de Touros
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menores que 8% para inseminao de novilhas. Facilidade de Parto das Filhas indica se as filhas do touro tm maior ou menor dificuldade ao parirem pela primeira vez. No caso de valores acima de 8% indica que as filhas do touro tm maior dificuldade de parirem pela primeira vez em relao mdia da raa. Natimortos Touro indica o percentual de bezerras filhas do touro em questo que nascem mortas em partos de novilhas e vacas. Deve-se procurar por touros com valores iguais ou menores que 8%. Natimortos das Filhas indica o percentual de bezerras que nascem mortas dos partos das filhas do touro em questo. Mais uma vez, valores desejados so os iguais ou menores que 8%. Alm destes ndices mencionados, os touros so avaliados tambm pela capacidade de transmisso de uma srie de caractersticas de tipo funcional. O teste de prognie determina em quais caractersticas as filhas do touro so melhores do que a mdia da populao classificada oficialmente. As vrias caractersticas de tipo tm importncia fundamental na determinao da capacidade da vaca em responder aos mais diversos tipos de ambiente de forma eficiente. Portanto, devem ser analisadas com ateno para que se possa trabalhar estas caractersticas nos programas de melhoramento. Conforme mencionado, so caractersticas de tipo funcional, ou seja, todas tm relao com a funo da vaca em produzir leite, reproduzir de forma eficiente, manter-se saudvel ao longo de sua vida produtiva, o que facilita a ter um desempenho com baixos custos relacionados mastite, casco, reproduo, entre outras importantes funes. A exemplo do falado para as caractersticas de produo, deve-se utilizar a prova de tipo do touro em conjunto com todas as outras caractersticas de alto valor econmico. Mais uma vez necessrio avaliar as principais necessidades do rebanho trabalhado para determinar quais os pontos deficientes e corrigi-los para a prxima gerao atravs do uso dos touros fortes para estas caractersticas. Chama-se este procedimento de Acasalamento Dirigido. Na prova americana vista a seguir, v-se uma srie de caractersticas que variam em uma escala de -3 a +3 pontos. Considera-se os valores entre -1 a +1 como dentro da mdia da raa e, nas caractersticas denominadas bilaterais, touros com valores nesta faixa so os mais desejados. Para o restante das caractersticas, procura-se touros com valores acima de + 1 como melhoradores. Obviamente que no se pode esperar que o touro seja perfeito para todas as caractersticas. Da a importncia de determinar quais so as mais relevantes para o rebanho e trabalhar touros fortes nestas caractersticas.
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Alm das caractersticas mencionadas, utiliza-se ainda alguns ndices compostos que nos mostram o conjunto de habilidades de transmisso de um reprodutor. Alguns dos mais importantes incluem o ndice de Mrito Lquido, o de Mrito Queijo, o de Mrito Fluido. A frmula para clculo destes ndices encontrase a seguir:
Provas de Touros
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23% protena 23% gordura 0% leite 17% vida produtiva (PL) - 9% SCS 6% Composto de bere 3% Composto Pernas e Ps - 4% Composto Corpo 9% DPR 6% Habilidade de Parto
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PTA = valor a mais que uma filha mdia produziria em sua vida em um mercado de queijo tpico dos EUA. Expresso em US$.
28% protena 18% gordura -12% leite 13% vida produtiva (PL) - 7% SCS 5% Composto de bere 3% Composto Pernas e Ps - 3% Composto Corpo 7% DPR 4% Habilidade de Parto
Provas de Touros
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PTA = valor a mais que uma filha mdia produziria em sua vida em um mercado de leite fluido tpico dos EUA. Expresso em US$.
0% protena 23% gordura 24% leite 17% vida produtiva (PL) - 9% SCS 6% Composto de bere 3% Composto Pernas e Ps - 4% Composto Corpo 8% DPR 6% Habilidade de Parto O TPI (ndice de Tipo e Produo) tambm utilizado por um grande nmero de produtores como forma de ranquiamento dos touros. Este ndice engloba caractersticas de produo, conformao e sade em um nico ndice. A atual frmula do TPI :
[28(PTAP) + 17(PTAF) +13(PTAT) 1(FL) + 10(CUB) + 5(CPP) + 10(PL) 5(SCS) + 8(DPR) 2(DCE) 1(DSB)]3,6 + 154 19,4 23,0 0,7 1 0,8 0,85 1,26 0,13 1 1 1
Onde: PTAP = protena (lbs) PTAF = gordura (lbs) PTAT = tipo FL = forma leiteira CUB = composto de bere CPP = composto pernas e ps PL = vida produtiva SCS = Pontuao de Clulas Somticas
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DPR = taxa prenhes das filhas DCE = facilidade de parto das filhas DSB = natimortos nas filhas Obs.: A expresso das provas em outros pases pode ser encontrada nos anexos (Canad, Holanda, Alemanha).
VI
SISTEMAS DE SELEO
Como visto anteriormente, as ferramentas disponveis para seleo so muitas. Os sistemas de seleo passam a exigir criterioso acompanhamento e gerenciamento. Metodologias adequadas a cada propriedade devem ser cuidadosamente analisada para que o programa de melhoramento gentico possa ser totalmente aproveitado. Alguns cuidados devem ser tomados na formao destas metodologias:
no utilizar valores mnimos para seleo. Usar pesos para as diferentes caractersticas desejadas. Como exemplo, pode-se observar o caso do processo onde se lana mo de valores mnimos na seleo. O produtor indica que no quer utilizar touros com menos de 1000 lbs de PTA leite, menos de 1600 para TPI e menos de + 1,00 para Composto de bere. Com este mtodo, um touro com + 980 lbs, TPI = 1800 e Composto de bere = + 2.50 no entraria! Usando o mtodo de pesos para cada caracterstica desejada, certamente este touro entraria e em uma posio alta; procure concentrar em poucas caractersticas a serem selecionadas em cada gerao. Quanto mais caractersticas a serem selecionadas menos progresso conseguido em cada uma.
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Incluir caractersticas de pouca importncia no programa, reduz a intensidade de seleo para as caractersticas mais importantes.
Utilize a combinao de ndices de Seleo aliado a um bom programa de acasalamento. Normalmente usa-se um processo de duas etapas:
Etapa 1: utilize um ndice de seleo para determinar o grupo de touros a serem usados no rebanho Etapa 2: utilize um programa de acasalamento gentico para determinar em quais vacas cada touro do grupo pr-selecionado ser usado Quase todos os programas baseiam-se em acasalamento corretivo; Determinam-se os defeitos fsicos da vaca e usa-se os melhores touros selecionados para correo; Os programas de acasalamento controlam consanginidade; Alguns programas controlam doenas de origem gentica (recessivos letais); Alguns programas oferecem a oportunidade de uso de touros de diferentes centrais; O contnuo uso de programas de acasalamento tende a uniformizar o rebanho.
VII
REFERNCIAS
Rice e Cols (1970) Dr. Kent A. Weigel Universidade de Wisconsion Madison AIPL (Animal Improvement Programs Laboratory USDA) Hosltein Canada Holstein USA Genetics Trends Dr. Brian Van Doorm CDN Canad Dra. Lcia Galvo de Albuquerque Unesp Jaboticabal Dr. T.E. Ali Journal of Animal Science Dr. L.R. Schaeffer Journal of Animal Science Dr. C.P. Van Tessel Test Day Model (suplemento J.A. Science) Dr. Rex Powell AIPL - USDA Dr. Paul M. Van Raden AIPL USDA Ashley Sanders AIPL USDA Dr. George Wiggins DHIA USA Dr. John Clay DHIA USA Dr. Ted Byrnside Universidade Guelph Canad Dr. S. Van der Beek NRS Holanda Canadian Dairy Network CDN NRS Holland Jersey Canada American Jersey Association USA.