Ser Diferente É Normal
Ser Diferente É Normal
l. A frase, inserida no meio de uma propaganda antiga, acompanhava uma cena simples: uma adolescente cantando e danando sozinha em seu quarto, algo cotidiano, comum. A menina era portadora de Sndrome de Down e, assim, o texto fazia todo sentido. Uma mensagem que ficou gravada na memria. a mais pura verdade, tambm assim que pensam aqueles que estudam, pesquisam e planejam sobre a educao para crianas portadoras de deficincias, seja qual for. Foram esses pesquisadores curiosos e interessados no assunto que, atravs de seus trabalhos, iniciaram grandes mudanas na histria da educao mundial. Se formos dar um pulinho no passado para observar a realidade em que viviam essas crianas ao longo do tempo, percebemos que falar sobre educao infantil para deficientes e educao inclusiva algo relativamente recente. Segundo um artigo da professora Elzabel Maria Alberton Frias, durante a idade antiga e a idade mdia houve um perodo de grande excluso social e marginalizao relacionados s pessoas portadoras de deficincias. Muitas eram rotuladas como invlidas, perseguidas ou at mesmo mortas, forando-as a se esconder longe do convvio social. Aos poucos, a questo foi evoluindo, passando por um perodo de assistencialismo, at chegar ao sculo XX, no qual a questo foi se configurando por uma viso mais cientfica, relacionada medicina, pedagogia e psicologia, mais prxima forma atual. Felizmente, o avano desses campos de pesquisa possibilitou a criao de leis que garantem os direitos dos portadores de deficincia, inclusive o direito educao. Atualmente a lei clara: obrigatrio acolher todos os estudantes independente de suas diferenas e necessidades . Por trs desses avanos, pode-se encontrar grandes histrias sobre fora e luta pela incluso social, como a vida de Berenice Piana, responsvel pela formulao de uma lei, batizada com seu prprio nome, que instituiu a Poltica Nacional de Proteo dos Direitos da Pessoa com transtorno do Espectro Autista. Me de um filho portador do transtorno, Berenice precisou batalhar por uma lei para que a legislao brasileira passasse a proteger melhor os direitos das crianas autistas. Em entrevista ao programa Encontro com Ftima Bernardes, Berenice contou um pouco mais da sua corajosa aventura (assista aqui). Alm disso, compartilhou com outras mes suas experincias e opinies sobre educao inclusiva. Este um assunto polmico que ainda gera debates entre especialistas de diversas reas. H quem diga que a melhor forma de se educar uma criana ao lado de todas as outras, no importando as diferenas que existam entre elas, para que possam conviver em sociedade. No entanto h o argumento contrrio, daqueles que acreditam que uma escola inclusiva no est realmente preparada para lidar com todas as especificidades que uma criana portadora de deficincia necessita, sendo melhor, assim educ-la ao lado de outras iguais a ela, tentando evitar que ela sofra e/ou seja excluda por ser diferente.
Sobre as motivaes que a levaram a escrever sobre o tema, Snia conta: A indiferena diferena, em geral, sempre me incomodou, mas eu no sabia o porqu nem sabia direito o que fazer com essa inquietao. Como professora de Comunicao encontrei alguns alunos que mereciam um olhar diferente, o que nem sempre consegui atender. Nem por isso o incmodo passou. H seis anos sou me de uma criana que tem hipotonia e problemas de coordenao motora. A cada dia percebo que a sociedade est avanando em relao s diferenas, mas as instituies ainda so morosas e despreparadas. Os problemas comeam com a educao infantil e perpetuam at a idade adulta. O blog nasceu a partir dessas inquietaes. Por enquanto, s recebi apoio e mensagens que esto de acordo com a proposta do espao: ser diferente absolutamente normal; ainda no encontrei humanos iguais por ai, nem mesmo os gmeos. E no favor nenhum reconhecer e respeitar a diferena, seja ela de cor, sexo, deficincia, enfim, a diferena bem vinda. As difetenas o que nos completa. Precisamos nos concientizar de que as diferenas devem ser vistas de forma mais humana. As pessoas que so taxadas de diferentes sofrem pelo preconceito que a sociedade aponta, fecham as portas limitando-os as oportunidades que na maioria das vezes eram pra ser aproveitadas normalmente. Infelizmente na maioria das vezes as pessoas que lutam contra o preconceito, so as mais preconceituosas, e usam as diferenas para conseguirem chegar ao sucesso mostrando uma coisa que no de corao e sim, pura hipocrisia. Precisamos nos acostumar e aprender que devemos aceitar as diferenas dos outros, como se fosse as nossas, pois, o que normal ou diferente? S o nosso Criador, com seu infinito poder, pode julgar o que diferente ou normal, pois, aos seus olhos, somos todos iguais. Marlia Ferro