Atividade Soe Portugues 3° Ano
Atividade Soe Portugues 3° Ano
Atividade Soe Portugues 3° Ano
Texto pa ra as qu es tõ es de 0 1 a 05 .
Quincas Borba, que não deixara de andar, parou alguns instantes.
- Queres ser meu discípulo?
- Quero.
- Bem, irás entendendo aos poucos a minha filosofia; no dia em que a houveres penetrado inteiramente, ah! nesse dia terás o
maior prazer da vida, porque não há vinho que embriague como a verdade. Crê-me, o Humanitismo é o remate das cousas; e eu, que
o formulei, sou o maior homem do mundo. Olha, vês como o meu bom Quincas Borba está olhando para mim? Não é ele, é
Humanitas...
- Mas que Humanitas é esse?
- Humanitas é o princípio. Há nas cousas todas certa substância recôndita e idêntica, um princípio único, universal, eterno,
comum, indivisível e indestrutível - ou, para usar a linguagem do grande Camões:
Pois essa substância ou verdade, esse princípio indestrutível é que é Humanitas. Assim lhe chamo, porque resume o universo, e
o universo é o homem. Vais entendendo?
- Pouco; mas, ainda assim, como é que a morte de sua avó...
- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas;
mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra, e a destruição não
atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da morte. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir a outra
vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se
suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra
e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações
bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e
ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a
destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
(Machado de Assis, Qu inc as Borb a . Cap. VI)
04. No período
O e ncon tro de dua s ex pan sõe s, ou a ex pans ão de dua s fo rmas , p ode det ermi nar a supr essã o d e u ma dela s;
mas , rig oro sam ente , n ão há mort e, há vi da, po rqu e a su pres são de uma é a co ndiç ão da sobr eviv ênci a da
outr a (. ..).
os conectivos grifados estabelecem, entre as orações, relações de sentido, respectivamente, de
a) modo e ressalva.
b) ressalva e explicação.
c) contraste e modo.
d) causa e modo.
e) explicação e causa.
05. Assinale a alternativa em que a adaptação da frase abaixo apresenta concordância correta.
... ond e h á ba tat as em abun dân cia.
a) onde deve existir batatas em abundância.
b) onde houveram batatas em abundância.
c) onde poderia existirem batatas em abundância.
d) onde possa haver batatas em abundância.
e) onde iam haver batatas em abundância.
Texto pa ra as qu es tõ es 06 e 0 7.
SON ET O
07. A alternativa que melhor exprime as características da poesia de Álvares de Azevedo, encontradas no poema transcrito, é a que
destaca a presença de
a) antíteses construídas sobre extremos, tais como "reclinada" X "embalsamada" e "virgem do mar" X "anjo entre nuvens
d'alvorada".
b) uma atmosfera de sonhos que evita a nitidez da descrição, como em "Entre as nuvens do amor ela dormia" e "Pela maré das
águas embalada".
c) inversões violentas da sintaxe corrente, como em "Não te rias de mim, meu anjo lindo!" e "Era um anjo entre nuvens
d'alvorada...".
d) comparações que prenunciam a morte, como em "Pálida, à luz da lâmpada sombria" e "Sobre o leito de flores reclinada".
e) uma fuga pueril e adolescente à objetividade quotidiana, como em "Não te rias de mim, meu anjo lindo!" e "O seio palpitando...".
Texto pa ra as qu es tõ es de 0 8 a 12 .
a) I, II e IV . b) I, II e III . c) I, III e IV .
d) II , III e IV . e) II e II I.
09. Assinale a alternativa contendo apreciação correta das características (I) dos diálogos de Juca e Nequinha e (II ) da carta lida por
Juca.
10. Assinale a alternativa que expressa adequadamente a relação de sentido presente no período
Não com a o torr esm o q ue faz mal.
a) Apesar de que faz mal, não coma o torresmo.
b) Quando faz mal, não coma o torresmo.
c) Não coma o torresmo, cujo faz mal.
d) Não coma o torresmo, onde faz mal.
e) Não coma o torresmo, pois faz mal.
12. A observação das características do texto leva a concluir que se trata de um exemplar da prosa
a) modernista, privilegiando a descrição de ações das personagens e soluções na língua coloquial.
b) naturalista, privilegiando o diálogo franco, em linguagem popular, e a verdadeira natureza das personagens.
c) realista, privilegiando a narração de fatos do cotidiano, e construções da língua culta.
d) romântica, privilegiando a descrição de estados de alma das personagens e soluções da língua popular.
e) regionalista, privilegiando a narração de fatos reveladores da índole das personagens, com construções próprias da língua culta.
As escolas poderiam ensinar a escrever, mas não o fazem. Não que as aulas de redação sejam em menor número
do que o desejado. O problema é que essa matéria é ensinada de forma errada, por meio de assuntos distantes da vida real.
"Em vez de escrever redações sobre temas vagos, como 'Minhas férias' ou 'Meu cachorro', o aluno deveria ser adestrado
nos diferentes gêneros da escrita: a carta, o memorando, a ficção, a conferência e até o e-mail", opina o professor Luiz
Marcuschi, da Universidade Federal de Pernambuco. Por último, há a questão do nível dos professores. "A maior parte da
mão-de-obra nessa área é de baixa qualificação", diz o professor Pasquale Cipro Neto. "Como o aluno vai aprender a
diferença entre sujeito e predicado se nem o professor entende direito? Infelizmente, não existem bons professores de
português em número suficiente para atender à imensa demanda que o país tem."
Pasquale conhece bem as carências nessa área. Ele percorre o Brasil para dar palestras. Transformou-se em estrela
de magnitude nacional depois de atuar em comerciais da rede de lanchonetes McDonald's, em 1997. Pasquale, no entanto,
não é uma unanimidade. Esteja em São Paulo, Macapá ou Passo Fundo, inevitavelmente ouve críticas. Elas ecoam o
pensamento de uma certa corrente relativista, que acha que os gramáticos preocupados com as regras da norma culta
prestam um desserviço à língua. De acordo com essa tendência, o certo e o errado em português não são conceitos
absolutos. Quem aponta incorreções na fala popular estaria, na verdade, solapando a inventividade e a auto-estima das
classes menos abastadas. Isso configuraria uma postura elitista. Trata-se de um raciocínio torto, baseado num esquerdismo
de meia-pataca, que idealiza tudo o que é popular - inclusive a ignorância, como se ela fosse atributo, e não problema, do
"povo". O que esses acadêmicos preconizam é que os ignorantes continuem a sê-lo. Que percam oportunidades de
emprego e a conseqüente chance de subir na vida por falar errado. "Ninguém defende que o sujeito comece a usar o
português castiço para discutir futebol com os amigos no bar", irrita-se Pasquale. "Falar bem significa ser poliglota dentro
da própria língua. Saber utilizar o registro apropriado em qualquer situação. É preciso dar a todos a chance de conhecer a
norma culta, pois é ela que vai contar nas situações decisivas, como uma entrevista para um novo trabalho." Felizmente, a
maior parte das pessoas não está nem aí para a conversa mole dos relativistas. Quer saber, isso sim, de falar e escrever
direito. A julgar pela máxima do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein - "os limites da minha linguagem são também os
limites do meu pensamento" -, os brasileiros que tentam melhorar seu português estão também aprendendo a pensar
melhor.
(Trecho extraído da revista Veja de 07/11/2001)
14. "... Os limites da minha linguagem são também os limites do meu pensamento..."
Essa máxima serve como:
A) conclusão das idéias defendidas ao longo do texto.
B) exemplificação para comprovar a idéia central do texto.
C) argumentação para comprovar a importância do falar e escrever bem.
D) argumentação final do texto apontada pelo especialista em língua.
15. Leia o capítulo abaixo, do romance O Amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos, e responda à questão seguinte.
Mundo, mundo
QUANDO Emília bateu à porta do meu quarto, acordei assustado. Já eram dez horas. Bocejando, pus-me a
lembrar do sonho que tive, e que dirão literário, mas posto em mim deixa de o ser. Eu fazia longa viagem, e o calor e o
cansaço me derreavam. As coisas se tornaram confusas e os botões dourados da blusa azul do chefe de trem cresciam,
cresciam, como a querer invadir todo o espaço. Três passageiros que iam, silenciosos, em poltronas de frente, se
levantaram, a certo momento, colocando-se em torno de mim.
O primeiro disse: sou o poeta irônico.
O segundo disse: sou o poeta místico.
O terceiro disse: sou o poeta sem nome.
Passando-me a mão pelos cabelos, falou o poeta irônico:
16. Assinale a alternativa INCORRETA sobre Cyro dos Anjos e seu romance O Amanuense Belmiro.
A) Sua obra, fortemente influenciada pela de Machado de Assis, apresenta, como a do mestre realista, uma constante
oscilação entre a melancolia e o humor. Seus principais romances, "O Amanuense Belmiro" e "Abdias" apresentam
ambos a forma de diário, escrito por narradores insignificantes, homens "menores", como Brás Cubas de Machado de
Assis.
B) Introspecção e memória fundem-se no discreto da vida urbana de personagens simples e humildes. Essa qualidade,
aliada a uma linguagem clara e composta com muito rigor, faz de Cyro dos Anjos, um dos narrados mais ágeis do
nosso modernismo.
C) Acompanhamos a gerações, os exercícios de metalinguagem, as meditações de Belmiro, enquanto ele vai vivendo sua
vidinha em Belo Horizonte. Bem informado, Belmiro, entre citações de escritores como Drummond, Machado e
outros, vai descrever o cotidiano e resgatar a memória da sua infância em Vila Caraíbas.
D) O romance termina como o poema Cota Zero, de Drummond, citado por Belmiro no início da narrativa: Stop
A vida parou
ou foi o automóvel?
Inesperada e abruptamente, Belmiro é atropelado e deixa seu diário incompleto. Cyro dos Anjos critica, assim, a
fragilidade do homem que vive oprimido na cidade grande e assassina.
GABARITO
01 – B 02 – D 03 – C 04 – B 05 – D 06 – E 07 – B 08 – C
09 – A 10 – E 11 – C 12 – A 13 – C 14 – C 15 – A 16 – D