Escrita Criativa - Parte 01
Escrita Criativa - Parte 01
Escrita Criativa - Parte 01
da linguagem / Renata Di Nizo. So Paulo: Summus, 2008. Bibliografia. ISBN 978-85-323-0526-8 1. Arte de escrever 2. Criatividade I. Titulo.
CDD-80.0469
808.0469
Xscrita L< n a t i v a
/ O prazer da linguagem
Renata Di Nizo
Compre em lugar de fotocopiar. Cada real que voc d por um livro recompensa seus autores e 05 convida a produzir mais sobre o tema; incentiva seus editores a encomendar, traduzir e publicar outras obras sobre o assunto; e paga aos livreiros por estocar e levar at voc livros para a sua informao e o seu entretenimento. Cada real que voc d pela fotocpia no autorizada de um livro financia o crime e ajuda a matar a produo intelectual de seu pas.
summus editorial
Sumrio
Introduo
13
o s C A M I N H O S DA ESCRITA H o r a de acabar c o m o pesadelo Desfeito o quiproqu O n d e m o r a a criatividade A motivao de a p r e n d e r O gosto pelas palavras O h b i t o da pesquisa ajuda. E m u i t o A l e i t u r a a b s o l u t a m e n t e essencial A s janelas da p e r c e p o O c a m i n h o da inspirao O p u l o do gato 27 29 3 0 33 3^ 38 4 4 49 5^ 5^
II ETAPAS DA ESCRITA W o r k s h o p Escrita Criativa A autodisciplina C o n h e c e r - s e p a r a estabelecer u m m t o d o . . . . A diviso e a c o m p l e m e n t a r i d a d e c e r e b r a l . . . . Uma h o r a p a r a cada coisa 63 64
EXERCCIO 4
S e q u n c i a de exerccios p a r a s e n s i b i l i z a r os s e n t i d o s I15
EXERCCIOS
66 7^ 7^ 79 81 88 8 9 9^ 98 lOO I02
EXERCCIO
EXERCCIO 7 EXERCCIOS
Q u a r t o de infncia
Poro A p r i m e i r a vez
P r i m e i r a etapa da escrita: c r i a o Segunda etapa da escrita: edio Na fico e na poesia Correio eletrnico O dilogo do e-mail tica e etiqueta c a m i n h a m j u n t a s Valores da c o m u n i c a o Reflexo
EXERCCIO?
Diante de u m a i m a g e m , uma histria 117 I18 II8 I18 II9 I20 120 . . . . 121 121 122
E X E R C C I O 14 A j u n o d e d o i s a n i m a i s E X E R C C I O 15 A s h i p t e s e s f a n t s t i c a s E X E R C C I O 16 O b j e t o s p e r d i d o s d a i n f n c i a
E X E R C C I O 17 A l g i c a f a n t s t i c a E X E R C C I O 18 A v i d a d o s p r o v r b i o s 109 E X E R C C I O 19 T c n i c a d a i m a g i n a o a t i v a : j a r d i m da c r i a t i v i d a d e II3 EXERCCIO20 EXERCCIO21 II3 II3 E X E R C C I O 22 E x p l o r a n d o a s i n t a x e E x p l o r a n d o o erro criativo Explorando o prefixo arbitrrio. .
CRIATIVIDADE
E X E R C C I O 23 M i n h a s m e m r i a s E X E R C C I O 24 O d i l o g o c o m o c r t i c o i n t e r n o .
Referncias bibliogrficas
Introduo
N
do.
^A V I R A D A D O SCULO X X , a v e l h a m q u i n a d e
es-
c r e v e r e as c a r t a s m a n u s c r i t a s j h a v i a m c a d u c a -
f o r m a d o s p e l o r i t m o das i n v e n e s t e c n o l g i c a s . G r a a s aos a v a n o s d a i n t e r n e t , s o m o s o b r i g a d o s a a d m i t i r a r e l a o c a d a vez m a i s e s t r e i t a e n t r e as n o v a s tecnologias e a escrita. Q u e m t i n h a e m m e n t e q u e " g r a mtica n u n c a mais" forado a encarar, cedo o u tarde, o pavor gramatical que tantos arrepios provoca. Gramtica no nenhum bicho-papo, como
nos vestibulares
assombrando.
RENATA D I Ntio
E S C B I T A C a i A T I V A - O r R A Z E I DA L I K O U A O E U
hemisfpesquisas
vilegia a l e i t u r a . F r e q u e n t e m e n t e ,
so incapazes
erros
b s i c o s , ideias t r u n c a d a s , falta de a d e q u a o , de clareza e o r i g i n a l i d a d e . A s e m p r e s a s t e n t a m s u p r i r tais deficincias prometem com doses cavalares de s e m i n r i o s preciso e conciso. que Mas
conhecimento. beneficia-se
dessas
descobertas.
Popularizou-se
dobradinha corpomente, sendo reconhecido o admirvel talento do crebro para m o l d a r a realidade. Muito a l m das o p e r a e s l g i c a s e r a c i o n a i s , bus-
objetividade,
produz
efeitos
instantneos.
c o n s e g u i a m m e l h o r a r o u m o d i f i c a r seu p r o c e d e n d o s i n d u e s m e n t a i s :
referncias de m u n d o , resultado de intensa observao e curiosidade permanente; acordar para o Para quebrar o elo dessa cadeia de pensamentos como armadilha para a negaauto-estimental vacilaes negativos, do que se
temos que nos valer de uma programao positiva e estarmos sempre atentos e intromisso a capacidade s
e, a c i m a d e t u d o , f o r t a l e c e r o b i n m i o
emocionais mentalizando
de pensamentos de realizao
e criatividade.
deseja alcanar...
(Cobra. 2 0 0 0 , p. 4 0 )
A criatividade em evidncia
Ou E M 1 9 8 1 , o RENOMADO NEUROLOGISTA R o g e r W . S p e r r y g a n h o u u m P r m i o N o b e l p o r suas p e s q u i s a s s o b r e a rio s e j a : u t i l i z a n d o as h a b i l i d a d e s d o no-racional. exemplo, O t r e i n o de em hemisfAyrton com direito por
Senna,
consistia
imaginar
15
RENATA D I N I Z O
supera-
ma
rpida
e eficaz. ao
Seu
d o u t o r a d o alia o
funda"A
mento no
cientfico
intuitivo.
premissa
[da pesquisa]
desenvolvimenfun-
ajudar
pessoa a a p r e n d e r
a desenhar..."
(Edwards,
apresentou um
e n o s E s t a d o s U n i d o s . U m a das c o r r e n t e s n o r t e - a m e r i c a n a s , o brainstorming I93S)> ganhou ( p r a t i c a d o e m p i r i c a m e n t e desde mundial. Utilizado para ideias, deixa a
mscara (recurso utilizado pela para imobilizar o paciente e Com esta paciente foi,
projeo
produo
rpida
e q u a n t i t a t i v a de
um
breve espao t e m p o r r i o p a r a a " p i r a o " . J a escola inglesa i n o v o u c o m o m t o d o d o p e n s a m e n t o lateral de E d w a r d de B o n o tcnica mais metdica e o r g a n i zada q u e e m p r e g a p r o c e s s o s c o n s c i e n t e s . porm, uma f o r m a de pensamento Esta l t i m a , no linear e
foi feito um trabalho de aproximao sucessiva do objeto desencadeador da fobia a mscara. Neste caso, empoupossibili-
C V u t / C a r v a l h o , i998<p-113)
Sperry anos
tambm 1980, a ao
participativa e a coleta de sugestes para a m e l h o r i a dos processos. A escola russa, r e s p o n s v e l p e l o todo Triz, contribuiu sua c o m tcnicas analgicas para todos os mque
Nos
desenho. lado
demonstraram
eficcia
probleem proem
com o
te
17
R t N A T A Dl
NIZO
ESCKITA CRIATIVA - O
PRAZER DA L I N O U A O E U
que ma-
aberta democraticamente
a todos,
o nascimento da criatividade
nar. 2 0 0 5 , p. 11)
F r a n a , desde m a i o de 1 9 6 8 , m o v i m e n t o s de preconizam a imaginao, enfatizando A s t c n i c a s d e p e s q u i s a d e i d e i a s e as p r t i c a s p e d a g g i c a s se d i s s e m i n a r a m e m e s c o l a s , u n i v e r s i d a d e s , empresas e t r e i n a m e n t o s abertos. Assim, na de 1 9 8 0 , Azpecial de dcada es-
vanguarda
e m a l t o e b o m t o m q u e t o d o m u n d o c r i a t i v o ! Esse era o l e m a da Synapse, escola f u n d a d a p o r C h r i s t i a n A z n a r , P i e r r e Bessis e G u y A z n a r . Segundo o socilogo e escritor francs Guy nar (2005). ao desmistificar a imagem do
Estados
criador lhes
solitrio, que recorre prpria intuio, o que interessava era pesquisar a criatividade e m
grupo.
Littrature Potentielle), f u n d a d o pelo poeta e matemtico Raymond Queneau, at h o j e ensino de revoluciona redao. Georges a Os Pe-
Para t a n t o , f a z i a m uso de diversas c o r r e n t e s e p r t i cas c r i a t i v a s : t c n i c a s d e e x p r e s s o c o r p o r a l , t c n i c a s onricas e projetivas, desenho, tre outras. Precursores da p r i m e i r a associao francesa para expresso grfica, en-
abordagem
tradicional do
m e m b r o s dessa o f i c i n a ( I t a l o C a l v i n o , rec,
universitria h cerca de
criatividade e expresso n o I n s t i t u t o de C i n c i a s
E d u c a o ( I C E ) da U n i v e r s i d a d e C e n t r a l de B a r c e l o No mais deixar a criao de ideias prpria sorie, no na. O objetivo era c r i a r novas m e t o d o l o g i a s para fade u m a l n g u a e s t r a n g e i r a , era d e s b l o q u e a r o a
contar somente com certos indivduos excepcionais ou marginais. Em suma, o importante foi estabelecer uma prtica
cilitar a aprendizagem
f r a n c s . A p r e m i s s a , p o r sua vez,
18
19
R i N A T A Dl
NIZO
m o s e d a s e n s a o d e q u e m i n h a c a r a se t a m a n h o o p n i c o de m e e x p o r . J n o
agigantava primrio,
as r e d a e s e r a m u m p a r t o . R e c e b a m o s q u a t r o t e mas e m i n h a santa m e r e d i g i a os t e x t o s , q u e eu
G e n e b r a , e m especial d e v i d o a Piaget, t a m b m i n f l u e n c i a r a m s o b r e t u d o as o b s e r v a e s , a o
mesmo de-
as l i s t a s d e p r e t r i t o s
em de
verbal.
representou u m
grande pavor
eu me defrontava c o m m e u p r p r i o
cheio: elaborar jogos cnicos, de criatividade, de palavras e c o m palavras, e n t e n d e r e fazer a f l o r a r a f u n o l d i c a da l i n g u a g e m . A l m de d e c o d i f i c a r a e x p e r i n cia o u a i n f o r m a o , a l i n g u a g e m p e r m i t e expressar, agir c o m o o u t r o , entreter a c o m u n i c a o . . . Mas nossa t a r e f a m a i s o u s a d a f o i p e s q u i s a r a f u n o d o p r a z e r da l i n g u a g e m . Os pessoas, resultados imersas mostraram-se nos jogos, encorajadores. As
de escrever.
Lembro-me
construindo frases.
de imediato um poema, mas a coordenadora achou que o poema havia sido copiado de um texto j existente. Levei
um grande sermo, injusto. Ainda me lembro da vergonha exposta e do meu recolhimento sbito ante o desrespeito ao meu primeiro poema pblico. Talvez por isso inspire at
liberavam a
expresso;
e s c r e v e r se t r a n s f o r m a v a e m u m a a t i v i d a d e l d i c a e d i n m i c a ; o c l i m a de d e s c o n t r a o facilitava a cia da escrita e da fala. Nessa p o c a , p e l a s p a l a v r a s e, p r i n c i p a l m e n t e , p e l a de m e expressar. C o n f e s s o q u e s e m p r e o d i e i as a u l a s d e i n g l s e de p o r t u g u s . Detestava q u a n d o era p r e c i s o poesias de Olavo Bilac. Lembro-me do recitar nas flun-
hoje indivduos desejosos de, por meio da escrita, na sua aptido criativa. (Di N M O , a o o ? , p. 13)
confar
apaixonei-me possibilidade
suor
20
21
RENATA D I N I Z O
respeitar o m e l h o r desempenho
de cada
hemisfrio
contribuio Tambm
to
original
do
talento
de
Edvaldo.
c e r e b r a l : u m a h o r a p a r a cada coisa. A s s i m , o e f e i t o das o f i c i n a s f o i a r r e b a t a d o r , i r r e v e r s v e l e c u r a d o r . F i z as p a z e s c o m as p a l a v r a s e d e s cobri que eu mesma era capaz de escrever. Quinze meu
i d e n t i f i q u e i o q u a n t o a c r i a t i v i d a d e estava
processava a
a n o s se p a s s a r a m . Q u a n d o v o l t e i a o B r a s i l , c o m
e de criatividade. T o r n e i - m e m i n h a m e l h o r
Meses dedicados a investigar p o r m e i o de u m a i n trospeco m i n u c i o s a e da prtica regular o desab r o c h a r da escrita. Nessa p o c a , eu j escrevia c o m muito prazer,
Comunicao
writing),
ele e l a b o r o u o m t o d o E s c r i t a T o t a l ,
q u e , p o r m e i o d e e s t m u l o s ao l a d o d i r e i t o d o c r e b r o , p e r m i t e a t o d o s escrever. F a l a n d o h o n e s t a m e n t e , fiz o curso e m estado de graa. Os exerccios que eu mesma utilizava, i n s p i r a dos na o f i c i n a de criatividade de Barcelona, eram
se i n i b i a m a o e s c r e v e r ; v e s t i b u l a n d o s , s v s p e r a s d a p r o v a , p r o n t o s p a r a o abate; m e s t r a n d o s estressados
22
23
RENATA D I N I Z O
ideias. pessoas
t e m p o , a d m i t i r q u e q u a l q u e r pessoa u m
24
dificuldade:
o u " m i n h a s frias" do de
perodo portu-
escolar. Sem
f a l a r nas aulas e n f a d o n h a s
marcantes
variando
constran-
RENATA D I N I Z O
Desfeito o quiproqu
No
INCIO D O SCULO
X X , as a u t o r i d a d e s f r a n c e s a s s o -
f r o n t a m - s e c o m a atividade da escrita, inertes diante da l i n g u a g e m . O d e s a f i o d e e s c r e v e r , s v e z e s , s i m i l a r d i f i c u l dade de chegar a u m pas de lngua estrangeira d o m i n a r o i d i o m a . Por mais que estudemos sem
gramtiganha-
ca o u a p r e n d a m o s d e c o r l i s t a s d e v e r b o s , n o
v i m e n t o da l i n g u a g e m e da m a t e m t i c a ) ( G a m a , s/d). A s s i m , o Ql t e i m a v a e m m e d i r nossa i n t e l i g n c i a ,
reservas ( a l m d e r e c e b e r os i n f a m e s t a p i n h a s n o o m b r o : " M e u f d h o , sem portugus voc no n i n g u m ! " ) . Os estudos do psiclogo H o w a r d Gardner per-
d o m n i o e m u m a rea especfica o u o c o n h e c i m e n t o f o r m a l do i d i o m a no influencia a soltura para r e d i gir. Superar o famoso " b r a n c o do papel" o u a "tela e m b r a n c o " exige estratgias a p r o p r i a d a s . Esta u m a das f u n e s das t c n i c a s d e c r i a t i v i d a d e : f a z e r s o l t a r o verbo. Escrever exige, a l m da d e s e n v o l t u r a , o a p e r f e i o a m e n t o incessante que c o n s t r i o saber. T a l c o m o se v e r m a i s a d i a n t e , a e s c r i t a t a m b m se c o n s t r i , e x ceto e m poucos casos, e m c o n s e q u n c i a d o t i p o de
m i t i r a m c o n t e s t a r a a f i r m a o d e q u e os
indivduos
t m u m p a d r o n i c o e quantificvel de inteligncia. Para G a r d n e r , trata-se da h a b i l i d a d e de resolver p r o b l e m a s da v i d a r e a l , de g e r a r n o v o s p r o b l e m a s a ser r e s o l v i d o s , de fazer algo o u o f e r e c e r u m servio v a l o r i z a d o e m sua c u l t u r a . Nesse m o d e l o , a s u p r e m a c i a da i n t e l i g n c i a l g i co-matemtica perde sua soberania. Triunfar nos
Entre-
28
RENATA D I N I Z O
O tenista Guga. A
inteligncia de ambos
pertence
c a m p o s d i f e r e n t e s . T a m b m n o basta t e r g r a n d e pediente acadmico: quem menos brilhante no lgio p o d e , ainda assim, t r i u n f a r n o m u n d o dos g c i o s o u na vida pessoal.
excone-
i n t e l i g n c i a d a p e s s o a f o r n e c e a base p a r a a c r i a t i v i d a de; ela ser m a i s c r i a t i v a n o s c a m p o s e m q u e tiver m a i s e n e r g i a " (Q/)U/Goleman, K a u f m a n e Ray, 1 9 9 8 , p . 6 5 ) . E m m i n h a o p i n i o , o g r a n d e desafio na a p r e n d i z a g e m d e u m a n o v a h a b i l i d a d e , j u s t a m e n t e , a p o i a r - s e inteligncias o u nos prprios recursos nas
A i n t e l i g n c i a , at e n t o c o n s i d e r a d a i n a t a , c o n v e r t e - s e e m c a p a c i d a d e a ser d e s e n v o l v i d a , rompendo
c o m o c o n c e i t o t r a d i c i o n a l d e q u e se n a s c e i n t e l i g e n te o u n o e de q u e a e d u c a o n o p o d e m u d a r tal mes-
criativos (ver
qualquer
t e m p o , sair d o b a n c o de reservas. A b o a n o t c i a q u e a e s c r i t a p o d e ser e n s i n a d a e a p r e n d i d a . Mas s a persistncia n o a p r e n d i z a d o rante a percia. De fato, n i n g u m mesmo ga-
aqueles
costuma
d o t a d o s de p o t e n c i a l i d a d e i n e r e n t e - chega ao sucesso s e m t r e i n o . O futebol, ginastas, m e s m o acontece c o m jogadores matemticos, inteligentes. O poetas talento ou de
pessoas basta
emocionalmente
no
p o r si s . n e c e s s r i a a p r t i c a c o n t n u a .
l a o e n t r e as v r i a s r e a s d o c o n h e c i m e n t o ,
selecio-
u m a nova competncia.
m e n t o da c o m p e t n c i a
lingustica.
30
31
RENATA D I N I Z O
T a m b m verdade q u e gostar de matemtica n o g a r a n t e a h a b i l i d a d e de e n s i n - l a . V o c p o d e ser u m excelente tcnico e no ter aptido para dar aula
esto sempre E
produzir e,
ocupam
p o s i e s de liderana
m u i t a s vezes,
i n b e i s n o t r a t o c o m as p e s s o a s . D a m e s m a v o c p o d e ser u m p r o f i s s i o n a l o u p e s q u i s a d o r
n o de t a l e n t o p a r a desenvolver a a p t i d o de escrever, necessrio que tenha conhecimento tcnico e t r e i n a m e n t o c o n d i z e n t e . A m a n e i r a m a i s eficaz d e a p r e n der descobrir onde mora a prpria criatividade.
adequa-
P o r o u t r o l a d o , u m m s i c o , salvo raras excees, n o est a p t o a e l a b o r a r u m t r a t a d o d e fsica q u n t i c a , do mesmo m o d o que u m engenheiro dificilmente criativo para c o m p o r u m a msica. E necessrio ser
c o m p e t e n t e e m u m a rea especfica para que a c r i a t i v i d a d e p o s s a a f l o r a r . Isso s i g n i f i c a h a b i l i d a d e o u d e s treza e m d e t e r m i n a d o c a m p o . E i m p r o v v e l a l g u m ser i n v e n t i v o e m u m a r e a que desconhea. Alm disso, fundamental ali-
A motivao de aprender
Q U E ASSUNTO DESPERTA e m m i m o interesse e m saber m a i s ? Q u a l a base d o m e u e n t u s i a s m o ? torna mais curioso? Ao reconhecer O que me da
a natureza
m e n t a r a capacidade d o processo criativo. Saber i n cubar, deixar o p r o b l e m a de lado p o r a l g u m t e m p o . E c o m a persistncia que se d r i b l a m os desafios
pelo p r a realizao.
automotivao... carregar
32
33
RENATA D I N I Z O
a prpria fonte de energia, no ser paralisado por mas, estabelecer uma relao mais saudvel com (Mussak, 2 0 0 3 , p. 137)
probleaquilo
chefe, d o r de cabea, globalizao, apago. P o r t a n t o , "constncia" a palavra-chave para o r i e n t a r a v o n t a de. D i s c i p l i n a v e m de d e n t r o . E f r u t o de u m a v o n t a de independente que faz escolhas, subordinando Exige
s e n t i m e n t o s e h u m o r e s aos p r p r i o s v a l o r e s . clareza de p r o p s i t o s : a e d u c a o d o q u e r e r .
t r a d o s p e l a r a z o . A d i a - s e u m p r a z e r i m e d i a t o (a s o b r e m e s a ) p a r a se o b t e r u m p r a z e r m a i o r ( e m a g r e c e r ) . E preciso fazer escolhas: que vida e u q u e r o t e r ? senvolver u m a nova competncia compreende Desub-
melhor quando
aprendizado
causa p r a z e r . M u i t a s vezes, e n t r e t a n t o , o q u e n o s i m p u l s i o n a a questo da sobrevivncia, da necessidade. H o j e e m d i a , falar e escrever n o so escolhas: so habilidades requisitadas e m qualquer funo. Mais cedo o u mais tarde, t o d o m u n d o solicitad o a i n s t r u i r - s e na c o m p e t n c i a de escrever: o e - m a i l tornou-se ferramenta indispensvel. Por o u t r o lado, o trabalho acadmico tambm exige desenvoltura
r e g u l a r i d a d e . T r a n s p o r o s c o n t r a t e m p o s e as z o n a s de c o n f o r t o . D r i b l a r o d e s n i m o . Perseverar n o t r a b a l h o p a c i e n t e e c o n t n u o da escrita. A p r e n d e - s e m u i t o ao resgatar o prazer na relao c o m a palavra, e m p e n h a n d o - s e pelo menos, f u n o da ou integralmente. Ou, em
para a r g u m e n t a r . Sem contar que o processo n a t u r a l de ascenso na c a r r e i r a i m p l i c a , e m vrias situaes, escrever artigos, p r o j e t o s , pareceres... E inegvel que o domnio da l i n g u a g e m ( o r a l e escrita) n o pode
d e v i d o ao e s f o r o de m o b i l i z a r - s e ,
ser i g n o r a d o . D e s e n v o l v e r a c o m p e t n c i a de escrever d t r a b a lho. com I n c o r p o r a r u m novo exerccio na rotina inmeros reveses: p r e g u i a , telefone, conta
amigos.
34
35
R i N A T A Dl
NIZO
sentido e m us-los. V o c conquistar o prazer. N o u m a c o n q u i s t a f c i l , a l g o q u e se c o n s t r i aos L e n t a m e n t e , o r e s u l t a d o acaba d a n d o p r a z e r . d o v o c se d e r c o n t a , j f o i c a p t u r a d o . O ser h u m a n o t e m f o n t e s i n e s g o t v e i s de p o s s i b i lidades: intuio, ousadia, imaginao, alegria, v o n tade, coragem, f... Nelas residem lembranas, c h e i ros, nmeros, formas, cores, solues, caminhos, que poucos. Quan-
sem
Uma so-
a t e n o d i f u s a q u e i n v e s t i g a a r e a l i d a d e , c o m o se
q u e r o u t r a . Palavras q u e n o s a s s o m b r a m pela e x a t i d o e nos a r r o m b a m o imaginrio. gosto pela palavra. T r e i n a r m u i t o , a o m e s m o t e m p o , p a r a se e x p r e s sar c o m desenvoltura e autoconfiana. Apostar nas Ou seja: cultivar o
ligados, p a r t i l h a n d o c o n h e c i m e n t o e sabedoria.
E siona
apri-
muito bem
as r e g r a s p a r a p o d e r b u r l - l a s .
autores consagrados, c o m o
o poeta F e r n a n d o
palavras, p r o c u r a n d o decifr-las, d e l i c i a n d o - s e as h i s t r i a s e c o m a p o s s i b i l i d a d e d e n a r r - l a s .
nhec-la profundamente. Se, n o e n t a n t o , q u i s e r m o s d e s m i s t i f i c a r e n o s r e c o n c i l i a r c o m a escrita, t e r e m o s de s o n d a r nossa presso original, l e g i t i m a r nossa autorizao expara
supe, s o b r e t u d o , u m e n c a n t a m e n t o pela l i n g u a g e m . O t a l e n t o para escrever u m privilgio sorte de q u e m teve o c o n t a t o i n i c i a l c o m a p a l a v r a p o r muita paixo. Do contrrio, resta-nos marcado zerar o
e s c r e v e r . Isso r e q u e r o l h a r , e s c u t a r , n o m e a r e m o e s .
36
37
RENATA D I N I Z O
r e c o r d a r , indagar, vasculhar, pesquisar, observar, ler, reler, inspirar e transpirar, tornando-se u m curioso n a t o da palavra. S assim ser possvel a parceria h o nesta e p r o d u t i v a e n t r e lgica e i n t u i o .
plementao
ou
citaes de autores r e n o m a d o s .
fontes
aborda-
interessante observar o a r r a n j o
U m r o m a n c i s t a t a m b m necessita pesquisar,
ideias e aplicar regras gramaticais n o garante a q u a l i dade d o texto. A l m de s o l t u r a para escrever, necess r i o , c l a r o , c o n t e d o . Q u a n t o m a i s f o r m o s capazes de a b o r d a r u m a q u e s t o e m p r o f u n d i d a d e , m e l h o r fluir a escrita. H f o r m a s de e s t i m u l a r a c u r i o s i d a d e e o conhe-
e s , t r a d i e s , c o n v e n e s , g r i a s , a v i d a das pessoas c o m u n s e o p e r f i l d o s p e r s o n a g e n s q u e c o m p e m sua o b r a . I s t o , p e s q u i s a p a r a c o n h e c e r m u i t o b e m o c e nrio da histria que contar. A i n d a q u e a g r a n d e z a da a r t e esteja, e m g r a n d e p a r te, na viso g e n u n a d o p r p r i o a u t o r , a pesquisa p r e l i m i n a r e o d i s c e r n i m e n t o bsico da c u l t u r a do consistncia e a u t e n t i c i d a d e o b r a . N i n g u m d u v i d a de q u e G u i m a r e s Rosa t e n h a r e n o v a d o a l i n g u a g e m literria com mudanas formais porque dominava a linguagem c o l o q u i a l e p o p u l a r . Seus p e r s o n a g e n s m t i c o s v i v e m n o m u n d o d e sua i n f n c i a e m o c i d a d e . V e j a m o s t r e c h o s d o p r e f c i o d e s e u l i v r o Primeiras estarias: alguns
c i m e n t o . A s m a i s eficazes s o a l e i t u r a e a p e s q u i s a . Algumas profisses, c o m o o j o r n a l i s m o , t a m b m exigem a expertise de g a r i m p a r i n f o r m a o a m p l a e b e m fundamentada. U m texto jornalstico, mente, normalA
c o n c l u s o est s e m p r e
Ento,
voc p o d e fazer d o i s t i p o s de l e i t u r a : u m a rpida, q u e l h e p e r m i t e acessar o r e s u m o , p o r q u e t u d o r e v e l a d o na entrada para capturar a ateno do leitor; e o u t r a mais detalhada, e m q u e e n c o n t r a r os e l e m e n t o s j u s t i f i q u e m a sntese i n i c i a l . Quando sou entrevistada por jornalistas, por que
[...]
costu-
e x e m p l o , p e r c e b o o e f e i t o dessas p e s q u i s a s , t a n t o n a f o r m a c o m o m e f a z e m as p e r g u n t a s q u a n t o n a c o m -
autentici-
38
39
RENATA D I N I Z O
[...]
consis-
Os produtores e
r o t e i r i s t a s so abastecidos de i n f o r m a o p o r p r o f i s sionais da rea. Sabe-se, i n c l u s i v e , q u e alguns i n v e s t i g a d o r e s se t o r n a r a m r o t e i r i s t a s . A s t r a m a s b a s e i a m - s e e m experincias cotidianas, recheadas de suspense e da viso p r p r i a dos a u t o r e s . O funcU) de a u t e n t i c i -
rada e no culta: Guimares Rosa, conhecedor dos mais profundos do idioma, no se satisfazem explorar-lhe e codificado, mas submete-o todo a uma
o tesouro re^strado
convertendo-se idas
Para tntico
Saunders, do seu
o sabor
au-
conhecimento
sobre
n t i m o d o assunto s o b r e o q u a l escreve [ . . . ] m e s m o q u e acabe p o r u t i l i z a r apenas u m a f r a o d a q u i l o q u e a p r e n d e u " (Saunders, 1 9 9 8 , p . 15). A a u t o r a adverte, logo a seguir, que a descoberta dos fatos deve ser
vrios assuntos,
r e c o r t e s de j o r n a i s e revistas, velhas
mui-
resultado d o prazer e da satisfao que a pesquisa traz. O p r a z e r , s e m d v i d a , i n g r e d i e n t e i n d i s p e n s v e l d a curiosidade que nos seduz a e x p l o r a r a realidade a imaginao. A escritora E u n i c e S o r i a n o de A l e n c a r a importncia do impulso e do refora, interesse floresce tarefas e
milagrosa-
tambm,
[...]
quando emprstide
autor e nmero
a informao
necessria e man-
Se no o fizer, muito
40
41
RENATA D I N I Z O
E desejvel avivar c o n t i n u a m e n t e a lista de I n f e l i z m e n t e , q u a n d o l i seu l i v r o e u j h a v i a p e r d i d o h o r a s p r o c u r a n d o e m v o os a u t o r e s das sas paixes, em ser qualquer rea do
conhecimento. escrita,
Elas p o d e m
utilizadas n o
t r a b a l h o da
centenas de citaes que guardava sem n e n h u m r i g o r . H o j e a n o t o t u d o c o m a m a i o r preciso possvel. A l g u m a s p e s s o a s m e p e r g u n t a m c o m o se d processo de c r i a o p a r a escrever. T r a b a l h o de meu duas
c o n f e s s a , e m Les rveries du promeneur solitaire [Os devaneios do caminhante solitrio], q u e seu v e r d a d e i r o t r a b a l h o de es-
A o u t r a f o r m a , ao c o n t r r i o , d a r i n c i o a u m a pesquisa sobre o assunto de m e u interesse e m bibliotecas, livrarias, dissertaes, p o r m e i o de soas q u e c o n h e c e m o a s s u n t o , v e l h a s n o t a s s o b r e servaes pessoais o u b a t e - p a p o s . V o u me sites, pesob-
papis Em
face d a recusa d e u m p e n s a m e n t o s i s t e m t i c o e m p r o v e i t o d o d e v a n e i o , s u a i n t r o s p e c o l i t e r r i a se passava na c o n t e m p l a o m i n u c i o s a e i n s p i r a d o r a d o espetc u l o vivo da natureza. Cabe l e m b r a r que u m a novela, realista o u fantstica, t a m b m ter de c o n s t r u i r personagens e p a n o de f u n d o baseados e m i n f o r m a o (entrevistas, conver-
impregbelo quais
sero m i n h a s fontes. M i n h a pesquisa p e r m a n e n t e . T u d o q u e cai e m m i n h a s m o s e n s e j a i m a g e n s a t r e l a d a s u m a s s o u t r a s que, juntas, p o d e m desembocar e m u m b o m personagem para u m texto, u m novo livro, u m a dinmica, a abertura de u m a palestra o u o esboo de u m a histria.
sas; d e n o v o , p e s q u i s a ) . P a r a s i t u a r u m a c e n a n o p a s sado, p o r e x e m p l o , p o d e - s e r e c o r r e r a m e m r i a s de
42
43
RENATA D I N I Z O
se p r e t e n d e d a r o b r a . S e n s i b i l i d a d e e so i n g r e d i e n t e s i n d i s p e n s v e i s . O
imaginao entre-
que dar,
informanos de ser
" b a t e r o s o l h o s " p a r a d e c i d i r se o t e x t o m e r e c e l i d o o u se v a i d i r e t o p a r a a l i x e i r a . O s
profissionais
do nada. No despencam
disposta a e n f r e n t a r , c o m criatividade e d i s c e r n i m e n to, o ambiente desafiador e m constante mutao. Significa manter-se r e c e p t i v o s i d e i a s d i v e r g e n t e s , aos
E aprender a pesqui-
sar n a i n t e r n e t , f o l h e a r u m l i v r o o u a r q u i v o c o m r a pidez e diligncia, sem a b r i r m o dos m o m e n t o s delicada concentrao para ler c o m qualidade, o faria u m investigador nato. E f a t o : a l e i t u r a a m p l i a a capacidade associativa e de
como
intelignestaativi-
cia. S e g u n d o ele,
no cotidiano, quando no
desejo,
m e n t o e de estilos de vida. O s b e n e f c i o s so a i n d a m a i o r e s q u a n d o se l c o m q u a l i d a d e , p o r q u e a s s i m se e s t i m u l a m o raciocnio crtico e a imaginao. A leitura diversificada ajuda a tirar o crebro z o n a de c o n f o r t o e dos estados h a b i t u a i s de apatia. da
p o r m , e l a c r e s c e e se d i s p e a f a z e r c o i s a s c o n s i d e radas impossveis.
N a m a i o r p a r t e d o t e m p o , as p e s s o a s s o i n d u z i das a u m a a t u a l i z a o s e m t r g u a . M a s a pressa t o r -
+4
45
RENATA D I N I Z O
E o mesmo raciocmio de estradas e ruas. Quanto mais vias de acesso, maior a possibilidade
deslocamento.
t e m p o passa e n o s s o s g o s t o s
de atalhos e rapidez de
(Cardoso, 2 0 0 3 , p. 52)
A n d r a d e , J o o G u i m a r e s Rosa, M a c h a d o de Assis, Jos Saramago, Manuel Bandeira, Rubem Rachel de Q u e i r o z , Fonseca, Lis-
Fernando Sabino,
Clarice
E m suma, a l e i t u r a u m m o d o de aquisio de
da transmisso
levam a ler. Os autores sugerem que o livro e n c o n tro, p o r t a n t o devemos l-lo dialogando.
trabalham em interdependncia.
m a i o r o h b i t o da l e i t u r a e a c u r i o s i d a d e p o r
diversos, m a i o r ser a capacidade de pensar; m a i o r a fluncia de ideias; m a i o r o arsenal de c o n t e d o e de bagagem lingustica. N a prtica, o h b i t o da l e i t u r a c o n t r i b u i , sobrede
achegar-se
inte[...]
Depois desse
sensvel, examine suas atitudes internas para com ele: a alegria, afobao, a expectativa, a curiosidade, a frustrao a indiferena, [...]. a
favorece
a a q u i s i o n a t u r a l da g r a m t i c a e d o v o c a b u l r i o . Est i m u l a a g e r a o de novas ideias, p o s s i b i l i t a n d o e n volv-las c o m outras e lapid-las c o m o u m arteso. E preciso t o r n a r sagrado o t e m p o dedicado l e i tura. Revisitar escritores que, na adolescncia, no
a inquietao,
Examine vee
ento a motivao que o leva a ler o livro. leidade trabalho; e gosto ftil; se por necessidade
Se forem de profisso
46
47
RiNATA
Dl NllO
sidade interna,
proNa foTor-
blema vital, como quem busca salvar a prpria vida. medida do possvel, procure vencer as antipatias,
l i d o s a n t e r i o r m e n t e . E m s u m a , ser u m b o m l e i t o r a u m e n t a suas c h a n c e s d e s e r u m e s c r i t o r c o m p e t e n t e .
mentar as simpatias
As Janelas da percepo
N o i m p o r t a se v o c v a i e s c r e v e r o b r a s d e f i c o , a r t i g o s e p o e s i a s o u se s i m p l e s m e n t e q u e r a p r i m o r a r os t e x t o s c o r p o r a t i v o s e r e d i g i r m e n s a g e n s b r e v e s . A s i d e i a s p r o v m d a r i q u e z a de e x p e r i n c i a s e das l e i t u ras q u e n o s p o v o a r a m . O o b s e r v a d o r q u e v o c p e r manece espreita, d u m a direo e u m sentido a COMUNICAR UM ATO CORPORAL q u e c o m p r e e n d e t o p r o c e s s o s v e r b a i s e n o - v e r b a i s q u a n t o os d e tanper-
cepo. O s sentidos - tato, viso, o l f a t o , paladar, a u dio so responsveis por nossa experincia e
da i m a g i n a o ; ao c o n t r r i o ,
nos textos,
s u b m e r g i r nas e
infinitas [...] na maioria dos casos, as boas e novas ideias lhe vm do mundo que o faculdades afrmam-
experincia
informao Denota, ao
inscritas e m mesmo
de significados. em um
tempo,
converter-se
melhor
leitor
rodeia e daquilo que ele tem em si mesmo. Estas no so inatas: desenvolvem-se, cultivam-se e
dos textos dos demais e dos p r p r i o s textos. L e r e escrever so atividades c o n c o m i t a n t e s . O t o r e o e s c r i t o r r e p r e s e n t a m u m a n i c a pessoa. O leibom
se com a experincia. Para sermos mais claros sete faculdades recordar, aprender complementares: olhar,
enumeremos sentir, e
escutar,
a trabalhar
com as palavras
com o subconsciente.
(Tmbal-Du-
enxer-
escutar, c h e i r a r , s e n t i r e o b quando
servar. As p e r c e p e s i n d i v i d u a i s a c o n t e c e m
48
49
RENAIA D I
Ni/o
E s C K I T A CBIATIVA - O
PRAZER DA LINGUAGEU
se e s t d i s p o s t o
a i r alm
da i n f o r m a o
sensorial,
pensar
[...].
E um relacionamento
q u a n d o se a t r i b u i s i g n i f i c a d o a o s e s q u e m a s d e s e n s a o , t r a d u z i n d o a e x p e r i n c i a e m sua t o t a l i d a d e . De
mundo exterior do que o sentido do pensar nos dado por aquele sentido que nos possibilita sentir-nos unos com ou-
tro ser, que ns passamos a sentir como a ns mesmos. Isso acontece ao percebermos por meio do pensar, do pensar vivo que nos enviado por um ser o eu desse ser: o
sentido do eu. (Steiner, 1999. p. 13-4.)
da Sociedade A n t r o p o s f i c a ,
considera ainda
G r a a s s p r i m e i r a s e x p e r i n c i a s s e n s o r i a i s d a i n fncia, a c r i a n a e x p l o r a seu e n t o r n o . P o r m e i o de
emoarte linque,
pura do
tudo indica
m e n t o p o r d e t r s das p a l a v r a s ) ; e n t r e o u t r o s .
[...]penetramos
e da a u t o - e x p r e s s o , consigo mesma e
quando percebemos meramente com o sentido da audio algo que soa, e sim quando percebemos, por meio do sentido da palavra, algo que tenha significado [...]. Contudo, do
com
faz. dedicaSe-
da capacidade c r i a d o r a .
soar pleno de sentido e da verdadeira percepo do pensa mento por detrs da palavra [...]. Porm, no posso relacionatranspordenrepre-
eles, " c i e n t i f i c a m e n t e , f i z e m o s
grandes p r o -
sentaes mentais, e isto requer um sentido mais profundo do que o mero sentido da palavra isto requer o sentido do
50
51
I
RENATA D I N I Z O E a C R I T A CRIATIVA - o PRAZER DA LINGUAGEM
c o m a q u e l e s a q u e m se t e m e , a q u e l e s a q u e m n o se compreende autores o u aqueles que parecem estranhos. ainda, que a condio para Os se
Diluiu-se
aquela
capacidade
de
estar
inteira-
enfatizam, com os
identificar
outros identificar-se
consigo
desenvolvimento
processo de criao i m -
plica a i n c o r p o r a o d o eu atividade; o p r p r i o ato de criar p r o p o r c i o n a a c o m p r e e n s o d o processo que os d e m a i s a t r a v e s s a m ao e n f r e n t a r s u a s e x p e r i n c i a s " ( 1 9 7 0 , p . 17)Lowenfeld e Brittain contrapem a modernidade v i d a de nossos antepassados, q u e e r a m c o n s t r u t o r e s a t i v o s d e sua c u l t u r a . C o m certeza, mantinham um suas
atos m n i m o s q u e executamos
n o cotidiano; capaci-
conheci-
mentos. Ao contrrio, implica, alm disso, poder usar nossos sentidos livremente e, com atitude criadora, atitudes positivas rodeiam [...]. desenvolver
fabricavam
se e n t r e t i n h a m c o m a o b s e r v a o d a n a t u r e z a .
possvel
r e v i g o r a r os
sentidos
permitindo o mais do
processo c o n t n u o
das e x p e r i n c i a s s e n s o r i a i s
I ^ E1I9 p o r e x e m p l o , lembro-me do quintal de minha av, com suas rvores frondosas. Assim era a floresta - eu imaginava. E da plantao despretensiosa do milharal. A o longo do ano. amos averiguar o despontar das espigas at que seus cabelos vermelhos se transformavam na minha boneca mais exuberante. Depois reunamos toda afamlia,e eu ficava encantada com o milho que virava bolo, pamonha e curau...
refinadas.
I r a l m das i m a g e n s
pr-fabricadas e
acontecinuanas.
"Precisamos fazer exerccios para VER T U D O A Q U I L O QUE OLHAMOS", afirma o escritor Augusto Boal
52
RENATA D I N I Z O
ESCRITA CRIATIVA
FRAiER
DA
LINGUAGEM
s o b r e o q u e se v . P a r a o p s i c a n a l i s t a c a n a d e n s e
Guy
n o z e s e a m n d o a s , d a q u e l e p r a t o q u e sua a v
sabia
C o r n e a u , esse m e c a n i s m o e s p e t a c u l a r : " O m a i s b o n i t o p e n s a r q u e n s p o d e m o s r e c e b e r essas o n d a s , condens-las, canaliz-las, traduzi-las, express-las, dan-las o u escrev-las" ( C o r n e a u , 2 0 0 7 , p- I 4 4 ) Assim, do mesmo m o d o que para aprender a desenhar deve-se a p r e n d e r a ver, para escrever necessrio, sobretudo e m literatura, pensar p o r imagens,
nh apaixonados, q u a n d o t u d o m u d a de sabor? A h ! E o s c h e i r o s q u e r e m e x e m as l e m b r a n a s . . . O
o d o r c o m u n i c a - s e d i r e t a m e n t e c o m o sistema l m b i co c e n t r o a t i v a d o r da m e m r i a e das e m o e s . D e s p e r t a o passado e e s t i m u l a a i m a g i n a o . P o r isso t a n tos escritores u t i l i z a m o olfato para criar e d a r v i d a s i n t r i g a s . O s s e n t i d o s se r e l a c i o n a m e n o s d e v o l v e m m u i t o s personagens
e x t r a i r delas o u t r a s i m a g e n s e o texto q u e t r a z e m e m si. R e q u e r interiorizao da experincia sensvel, o b servao m i n u c i o s a do m u n d o real e d o m u n d o t r a n s m i t i d o pela p r p r i a cultura. A um sensibilidade auditiva p r i m o r d i a l . Ouvir
ato biolgico
e escutar,
u m ato consciente
que
i m p l i c a i n t e n o de c o m p r e e n d e r .
Aguar a curiosidade. Estreitar o relacionamento c o m a realidade p o r m e i o de u m a observao p r i m o r o s a . P e r c e b e r o q u e a c o n t e c e d e n t r o e ao r e d o r . P e r m a n e c e r a t e n t o a q u a l q u e r e s t m u l o q u e possa disparar o processo criativo: u m a conversa, u m a i m a -
d e o l h o s a r r e g a l a d o s , as h i s t r i a s ,
uma leitura,
uma
m a c i a , o t o q u e suave d a seda e a aspereza d a l i x a . A s m o s e n t r e l a a d a s e o c a l o r e n t r e elas. O f r i o n a b a r r i g a e o v e n t o g e l a d o . T o c a r os c a c h o s d o c a b e l o e a fruta madura; o pontiagudo do espinho e a delicadeza d o a l g o d o ; o s o l a q u e c e n d o v r o s e as p g i n a s d o t e m p o . A h ! E o paladar... O que dizer do sabor i n d e s c r i tvel da m a n g a , d o p o i t a l i a n o b a n h a d o n o azeite, das o c o r p o . T o c a r os l i -
p a l a v r a . S o l a m p e j o s : u m a s e n s a o se a s s o c i a a o u tra, que remete a u m a terceira, e assim p o r d i a n t e . T u d o i n t e r e s s a n t e : gestos, sapatos, dentes silncios, odores e cores. O s d i a s , s v e z e s , se p a r e c e m u n s c o m o s o u t r o s . G o m o s e r i a s a i r d e u m c a t i v e i r o d e p o i s d e f i c a r s c e gas durante um ms? Certamente, notaramos as cerrados,
n u a n a s a z u i s d o c u ; r e i n v e n t a r a m o s as t a r e f a s a n t e s
54
55
RENATA D I N I Z O
EsCBITA
CBIATIVA
EKAZER
DA
LINOUAOEU
e n f a d o n h a s ; as r e l a e s g a n h a r i a m o t o q u e p e s s o a l e os a l i m e n t o s , m a i s s a b o r . O c a m i n h o da p a m o n h a ,
por
dos
executivos
escritrio.
O caminho da inspirao
M A N T E R ACESO O CALDEIRO DA CRIATIVIDADE tarefa p r i m o r d i a l de t o d o e s c r i t o r e de q u e m oferecer essa a quiser pri-
As
vezes,
decido
me
aprofundar em
um
tema.
t a m b m p r e c i s o d e o x i g n i o e das l e i t u r a s d e
fico.
respostas i n o v a d o r a s c o m a g i l i d a d e . O
S e m p r e m e s u r p r e e n d o : as r e s p o s t a s e s t o n o s l u g a res m a i s i m p r o v v e i s e m u m r o m a n c e , n a conversa
f r u t o a l g u m e, d e r e p e n t e , u m f i l m e , u m descontrado
momento
janelas de e n t e n d i m e n t o o u de p u r a i n s p i r a o .
pensando a
naquilo.
precisa
receptivo e Ray,
essa p o s s i b i l i d a d e "
(Goleman,
Kaufman
l i v r o s e a n o t a e s , f e c h a d o e m si m e s m o , s e m r e l a x a r
56
57
RENATA D I N I 7 0
en-
esalgo
ordenao. quando
pessoas l i b e r a m a c r i a t i v i d a d e
esto d i r i g i n d o na estrada. O u t r a s p r e f e r e m u m a boa leitura o u u m b a n h o t r a n q u i l o , sem pensar e m nada. H a i n d a aquelas que precisam de m o v i m e n t o s v i g o rosos o u repetitivos. Sem falar nas q u e funcionam
U m s e m - f i m de imagens de M a r i a o u J o o , desaparecidos o u aflitos p o r u m t r a b a l h o . Confusos, b e m o s g e r e n c i a r a caixa de e - m a i l s . P o r parece que c r i a m o s u m m o n s t r o . . . A comunicao r e t r a t a nossa p r o f u n d a crise de no sa-
devaneio, para a criana, para o prazer. Instantes de trgua Tempo e meditao. de Tempo de sonhar e realizar. real e o
momentos,
imaginrio,
mundo.
Nada
inspira-
c o m u n i c a d o r voc quer
O pulo do gato
Ao
L O N G O D O M E U LIVRO
nossa trajetria, nossa escrita. Italo Calvino deixou u m a obra n o m n i m o A eucao do querer, reitero a conduta, pecudis-
assentada e m valores e p r i n c p i o s , l e g i t i m a o p r p r i o q u e r e r . E p r e c i s o se d a r u m a c h a n c e p a r a a s a t i s f a o real. O q u a n t o voc q u e r escrever? Quando me comunico, deparo com o querer Pe-
f u n e s e x i s t e n c i a i s d a l i t e r a t u r a a busca da leveza c o m o r e a o ao peso de v i v e r . P e r m i t o - m e d i z e r q u e essa m x i m a t a m b m v l i d a para q u a l q u e r f u n o da escrita. ( N a d a m a i s gostoso d o que receber u m e - m a i l c o m u m a palavra m gica q u e desconcerta a seriedade da n e u r o s e coletiva.) C a l v i n o associa a leveza " p r e c i s o e d e t e r m i n a o ,
58
59
RENATA D I N I Z O
n u n c a ao q u e vago o u a l e a t r i o "
(2006,
p. 28).
Enfatiza que a escrita guarda t a n t o de realidade q u a n t o de i m a g i n a o , experincia e fantasia. do, por meio da matria verbal, Expressando
a diversidade
m u n d o d e f o r m a c o n h e c i d a e, a o m e s m o t e m p o , i n verossmil, diversa.
60
A
ta
PROPOSTA
A SEGUIR
tem
O objetivo
de
expor
m i n h a p r t i c a e os m t o d o s q u e u t i l i z o d u r a n -
concen-
p r e e n d e r o que escrever. V o c s c o n h e c e a escriescrevendo. O workshop, portanto, transforma-se em u m l u gar de m u i t a s reflexes. O d o pedestal e engajar-se aprendizagem. O facilitador precisa descer da
na r e l a o q u e vai a l m
RENATA Dt Nizo
r e s i s t n c i a n a t u r a l , os j u l g a m e n t o s , o d i l o g o no
inter-
d e d e s i s t n c i a , o s c o n t r a t e m p o s e as c r i a t i v a s j u s o
apenas
ldico. puro
s e r capaz d e a m p l i a r seus l i m i t e s c o m o
desfrutar
D e s c o b r i r q u e possvel escrever sem a angstia d e a t i n g i r u m o b j e t i v o . E s c r e v e r com e p o r p r a z e r . Essa dimenso d o prazer facilita a expresso divertir-se c o m a linguagem, contar histrias, dizer-se... na.
j u n o d e t r e i n o e p r a z e r . Isso m e s m o : v o c
s e n t i r satisfao de escrever, i n d e p e n d e n t e m e n t e
A autodisciplina
A HABILIDADE DE ESCREVER assm c o m o tantas outras r e q u e r , antes de t u d o , dedicao e azeitadas pelo gosto do trabalho perseverana palavras. treise
c o m as p a l a v r a s .
[Meu
cente-
nas de contos populares e recitava longos poemas de cor. Aquele homem formidvel deu-me o dom da disciplina e o amor pela linguagem, sem os quais no poderia hoje dedicar-me a escrever. (Allende, 3 0 0 3 , p. 5a)
com
neuronal
e s t a b e l e a . O c r e b r o se a c o s t u m a a u m p a d r o e r e luta e m aceitar o n o v o . A plasticidade cerebral, enC o m o veremos mais adiante, m i n h a proposta que sejam dedicados d i a r i a m e n t e de c i n c o a vinte m i n u t o s p a r a e s c r e v e r u m t e x t o . E n t r e t a n t o , as p e s s o a s incorporar camia q u e p a r t i c i p a m dos w o r k s h o p s de Escrita C r i a t i v a d e sistem, e m geral, na p r i m e i r a o u na segunda semana.
65
R i N A T A Dl
NIZO
EsCXITA O l A T t V A - O
PKAZEB D A U N Q U A O I U
"Outras coisas me absorveram." "No tive tempo, no deu mesmo." "No comeo foi bem legal, mas depois acabei largando."
O t e x t o se d e s e n v o l v e r . H q u e m a f i r m e q u e u m b o m p l a n e j a m e n t o p e r m i t e e c o n o m i a de t e m p o . v r i a s t c n i c a s d e e s t r u t u r a o . Se v o c n o Existem
conseguir
d e c i d i r p o r qual o p t a r , u m a sugesto bastante simples O exerccio c o t i d i a n o a n i c a g a r a n t i a p a r a escrever c o m fluncia. De fato, q u e m almeja desenvolver mesmo sem pretenso de a se e n u m e r a r d u a s listas c o m a r g u m e n t o s : os p r s e os contras. O u t r a possibilidade categorizar o material, demarcando uma to, meia dzia de ttulos. A i n d a possvel,
c o m p e t n c i a da e s c r i t a ,
t r a n s f o r m a r e m e s c r i t o r , necessita de t r e i n o . com
Concordo
a escritora n o r t e - a m e r i c a n a F r a n c i n e Prose q u a n -
menos
lineares.
Eles r e p r e s e n t a m
funcionade infor-
m e n t o m e n t a l e as r e d e s d e a r m a z e n a g e m
m a o . S o teis p a r a d e f i n i r u m p l a n o de ao eficaz
palavra-chave acrescenta
o u t r a s p a l a v r a s a s s o c i a d a s a esse t e r m o c e n t r a l , l i g a d a s a ele p o r u m a l i n h a . d e ideias Em conectadas. comum, como se v e r mais adiante, tanto Desse m o d o , c r i a - s e u m a rede
q u e m prefere planejar quanto q u e m prefere deixar o texto acontecer necessita, c o m raras excees, t r a b a nica garantia para
mais
competncias
podem
estimular
66
67
RENATA D l Nizo
C o m o p r i m e i r a c o n d i o , q u a l q u e r p e s s o a se e n volve c o m m a i o r intensidade q u a n d o u m a atividade g i r a e m t o r n o de temas de seu interesse. A s s i m , p o r e x e m p l o , se v o c g o s t a d e m s i c a e se h a b i t u a a l e r poesia, o texto ganha e m ritmo. que
crever! Alm da primeira leitura prazerosa. recomendvel uma segunda para prestar ateno na construo do texto.
i m c u s t M C i A L a i c * - n f f u i A f i c A : aprende por mero de classificaes, padres lgicos, categorizaes e relaes abstratas. a inteligncia dos cientistas, utilizada para resolver problemas de lgica e matemtica. Representa o modo de pensamento necessrio edio (segunda etapa da escrita), que checa a clareza e a objetividade do texto. Conresponde tambm habilidade de planejar um texto eficaz. Deve-se ter o cuidado de planejar sem permitir que o lado lgico iniba o processo criativo (primeira etapa da escrita). Uma boa prtica o estilo jornalstico - direto. claPD e preciso -. que deve responder a seis questes bsicas: quem? o qu? onde? quando? como? porqu? Outro exemplo o texto
R e c o n h e c e r as p r e f e r n c i a s e os r e c u r s o s d e
j se d i s p e u m b o m c o m e o p a r a c o n d u z i r a a p r e n dizagem de m o d o consciente e d e c i d i d o . A seguir, p r i m e i r o u m a definio resumida c o m base nas o b r a s de H o w a r d G a r d n e r dos t i p o s d e i n teligncia; d e p o i s , m i n h a i n t e r p r e t a o de c o m o cada t i p o p o d e favorecer a prtica da escrita.
MTcuatMCiA ciiicsTtMc*-ciiP*iiiu:
de sensaes corporais, movimento, toque e atividades fsicas. O corpo instrumento para expressar ideias e sentimentos, para resolver problemas ou fabricar um produto. a inteligncia dos esportistas, artesos, cirurgies e bailarinos. Para quem quer escrever, uma boa dica exercitar o corpo antes. Propiciar pequenas pausas regularmente. Manter um dilogo permanente com o prprio corpo e com as sensaes. Evitar longos perodos diante do microcomputador Investigar temas de interesse para ler e escrever, um pouquinho cada vez. Tudo com prazer claro! ...-.v.-.
iHTCuatMCiA H m c A L ^ aprende, sobretudo, por meio do ritmo, da melodia e da msica. Sua maior capacidade est em perceber discrimi-
68
69
RENATA D I N I Z O
nar e expressar formas musicais. a inteligncia dos cantores, compositores e bailarinos. Lembre-se: toda nota musical tem uma cor e um cheiro, pode representar uma palavra e assim por diante. Pode-se utilizar a habilidade auditiva como elemento motivador para escrever. Alis, uma boa fomna de estimular a presena do ritmo em nossos textos ouvir msica (prestando ateno nas letras e no ritmo), ler poesias (curtindo as imagens, os sentimentos, o som das palavras...). Enfim, escutar o mundo. Experimente escrever ouvindo uma msica apropriada ou compondo a letra de alguma cano. A facilidade auditiva enriquece a construo de textos ritmados e harmoniosos.
dores, polticos, professores ou terapeutas. Ajuda quem escreve a ter em conta o leitor; a pensar no pblico-alvo para encontrar a fon-na adequada de se fazer entender Motiva a partilhar o que se sabe. Significa ter mais facilidade para preocupar-se com a eficcia da mensagem que deve ser lida e compreendida pelos outros. O desafio enfrentar a tarefa solitria de escrever
i i m u c t H C i * I N T M M S S M I L : aprende melhor sozinho, respeitando seu ritmo de trabalho. Percebe o mundo interior, identificando emoes, pensamentos e metas. Permite entender a si mesmo. Pode adaptar sua maneira de agir com base no autoconhecimento, na au-
i m u t M C M n M i c i J i L t aprende imaginando formas e cores. E capaz de achar o caminho e determinar as direes do espao, percebendo as relaes visuoespaciais - tanto as frontais, maneira do escultor quanto as mais amplas, como faz o piloto ao dirigir o avio. a inteligncia dos marinheiros, dos escultores, dos arquitetos. dos decoradores. Ao saber formar um modelo mental do mundo em trs dimenses, as pessoas podem explorar e descrever cenrios mais dinmicos. As intervenes visuoespaciais ajudam o leitor a se situar com imagens ricas em detalhes. O desafio equilibrar o texto (sem abusar de descries), usando representaes visuais e estimulando continuamente o leitor. Uma boa aventura desenhar com as palavras (caligramas).
tocompreenso, na auto-estima e na autodisciplina - to essenciais ao desenvolvimento da aptido lingijstica. Sugestes: anotar os sonhos logo ao despertar e cultivar o hbito de registrar as sensaes e as observaes dirias.
i H T E u a C i i c i A N j m u u m M t aprende melhor em contato com a natureza. E a capacidade de distinguir e classificar objetos, animais, plantas. Compreende os ambientes rural e urbano. Inclui as habilidades de observao, experimentao, reflexo e questionamento do entorno. a inteligncia dos botnicos, ecologistas, paisagistas, entre outros. Uma boa dica comear escrevendo sobre o que observa na natureza para. em seguida, diversificar os cenrios, aquecendo o mago da criatividade.
cebe a motivao, a necessidade e os sentimentos dos demais. Ao compreend-los, sabe como lidar com eles, identificando a maneira adequa. da de lider-los. segui-los ou trat-los. a inteligncia dos bons vende-
70
71
RENATA D I N I Z O
essencialmente
m o d o , os a p r e n d i z e s v i s u a i s p o d e m e x p l o r a r a t c n i ca d a i m a g e m ( v e r e x e r c c i o 9 , p . I 1 7 ) . a s s i m c o m o auditivos, cio
I O ,
os
uma 118).
histria
sonorizada
(ver
exerc-
p.
Uma
preferir
segue o
tcnica da m e m r i a
23 p - I 2 4 ) '
en-
traduzir
q u a n t o a l g u m r a c i o n a l v a i se s e n t i r m a i s c o n f o r t v e l c o m a l g i c a f a n t s t i c a ( v e r e x e r c c i o 17. p . I 2 l ) . A l gica fantstica ajuda a e n c o n t r a r p a r m e t r o s racionais enquanto estimula a flexibilidade e a imaginao. Isso n o s i g n i f i c a q u e seja r e c o m e n d v e l f a z e r as m e s m a s coisas s e m p r e da m e s m a m a n e i r a . M a s i m p r e s c i n d v e l l e v a r e m c o n t a suas t e n d n c i a s n a t u r a i s . Recomenda-se, principalmente, e m u m primeiro m o m e n t o , c o n c e n t r a r os e s f o r o s d e m o d o a d e s p e r t a r o gosto pela palavra.
S u a c o m p e t n c i a se e x e r c e s o b r e t o d o o
da l i n g u a g e m (gramtica, sintaxe e s e m n t i c a ) , d o p e n s a m e n t o , da l e i t u r a , da escrita, da aritmtica, d o c l c u l o e da c o m u n i c a o d i g i t a l . Responsvel pelo b o m senso, p r e t e n d e nos i m p e d i r de c o m e t e r famoso desva-
u m b o m texto? E m u i t o provvel que o leitor tenha pensado e m u m texto objetivo, claro, b e m articulado.
processo da escrita,
72
73