Conceitos e Teorias Sobre Envelhecimento 2014 PDF
Conceitos e Teorias Sobre Envelhecimento 2014 PDF
Conceitos e Teorias Sobre Envelhecimento 2014 PDF
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Recursos pessoais
Personalidade
Mecanismos de
autorregulao do self
Atitudes/valores
Motivos
Papis de gnero
Habilidades sociais
Inteligncia
Recursos sociais
Rede de relaes
Suporte social
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Malloy-Diniz, Fuentes e Cosenza (orgs.)
como a infncia e a velhice, uma vez que na
vida adulta as pessoas esto sujeitas a even-
tos fsicos, sociais ou ambientais que podem
obrig-las a depender dos semelhantes por
perodos mais ou menos prolongados.
Em todas as fases da vida, a dependn-
cia pode assumir uma natureza que a qua-
lica como comportamental, denomina-
o utilizada por M. Baltes (1996) para de-
signar padres com duas funes bsicas.
Uma a obteno de ajuda para o funcio-
namento em domnios prejudicados por
doenas e/ou incapacidades ou para a oti-
mizao do funcionamento em domnios
em que a competncia est preservada.
Esse padro inclui a emisso de comporta-
mentos dependentes, como pedir e aceitar
ajuda. Outra funo o controle passivo
para obter contato social seguro, evitao
da solido e controle sobre o comporta-
mento de outras pessoas. exercida por
meio da emisso de comportamentos de-
pendentes (p. ex., pedir ajuda, anunciar
diculdades e aceitar ajuda), da extino
de respostas de incentivo independn-
cia (p. ex., fazendo de conta que no ouviu
ou que no entendeu) e do contracontro-
le direcionado a tentativas de incentivo
independncia e de punio da dependn-
cia (p. ex., por meio de negativas, queixas,
acusaes e agresses verbais). Uma tercei-
ra funo da dependncia comportamen-
tal pode ser mencionada: trata-se da pos-
sibilidade de ela ser uma
forma de evitar fazer es-
foro para alcanar n-
veis mais altos de habi-
lidade. Nesses casos, ela
pode estar a servio da
preservao de recursos
fsicos e cognitivos e do investimento em
domnios do funcionamento mais impor-
tantes para o bem-estar do idoso.
A dependncia comportamental
aprendida porque os comportamentos en-
volvidos tm forte probabilidade de serem
reforados socialmente, conforme as regras
que vigoram no microambiente social. Em
geral, os outros respondem com ajuda fsi-
ca e com ateno social porque as manifes-
taes de dependncia lhes so aversivas e,
como tal, devem ser suprimidas. Podem fa-
z-lo, tambm, para evitar culpa ou punio
externa por no ajudar, ou porque aprende-
ram que moral ou tico ajudar, em favor do
bem-estar e do desenvolvimento de pessoas
necessitadas. A lgica exposta com relao
dependncia aprendida na velhice conduz
concluso de que, em vez de perguntar sobre
a adequao ou a inadequao dos padres
de comportamento dependente dos idosos, a
questo a ser respondida diz respeito fun-
cionalidade desses padres e, em ltima an-
lise, a sua adaptao.
A aceitabilidade social da dependn-
cia varia em funo do valor diferencial que
os grupos sociais e as pessoas lhe atribuem
em diferentes fases e circunstncias da vida
e de desenvolvimento. Estudos compara-
tivos envolvendo crianas com decincia
mental e idosos institucionalizados (Baltes,
1996) mostraram que, enquanto as mani-
festaes de dependncia e os erros dos pri-
meiros tm maior probabilidade de serem
seguidos de punio e de incentivo inde-
pendncia, as dos ltimos tm maior chan-
ce de serem ignoradas. Provavelmente esse
tratamento diferencial decorre do fato de as
pessoas terem expectativa
de que, mesmo decien-
tes, as crianas podem
progredir, ao passo que
o destino dos idosos ins-
titucionalizados a mor-
te. Ou seja, as expectati-
vas de resultados inuem sobre a maneira
como as pessoas reagem dependncia e
independncia em diferentes momentos do
desenvolvimento. Essas expectativas so afe-
tadas pelas avaliaes dos grupos e das pes-
A dependncia comportamen-
tal aprendida porque os compor-
tamentos envolvidos tm forte pro-
babilidade de serem reforados so-
cialmente, conforme as regras que
vigoram no microambiente social.
Neuropsicologia do envelhecimento
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soas sobre os correlatos culturais mais prxi-
mos da dependncia, quais sejam, a solida-
riedade e a interdependncia.
Na velhice, a dependncia aprendi-
da tem grande chance de prosperar em am-
bientes que desestimulam e punem a inde-
pendncia e reforam a dependncia, por
meio de prticas superprotetoras e infan-
tilizadoras, consentidas e aceitas como as
mais corretas. Nesses ambientes, essas pr-
ticas se vinculam, por um lado, crena de
que cuidar com amor signica fazer em lu-
gar do idoso, visto como ser essencialmen-
te doente, mentalmente confuso e depen-
dente. Por outro, vinculam-se a questes de
ordem prtica ou do cotidiano do cuida-
do no lar ou em instituies, onde as roti-
nas organizadas em funo das convenin-
cias de horrio e da disponibilidade de pes-
soas e de recursos deixam estreita margem
de manobra para o ensaio de interaes em
que vigora o estmulo agncia e inde-
pendncia pessoal. Nesses casos, a promo-
o de padres comportamentais de depen-
dncia aprendida tem efeitos negativos so-
bre a competncia comportamental e sobre
a sade fsica e mental dos idosos.
Em resumo, os aspectos centrais da
microteoria desenvolvida por Margret Bal-
tes e colaboradores sobre dependncia so
os seguintes:
A dinmica dependncia-autonomia al-
tera-se ao longo do desenvolvimento, sob
a inuncia de variveis maturacionais,
da senescncia, de doenas e incapacida-
des, de condies do macroambiente so-
cial, de valores e expectativas individuais
e culturais e de variveis microssociais. A
ocorrncia de eventos idiossincrsicos,
inesperados e incontrolveis, ao longo
do curso do desenvolvimento, pode afe-
tar essa dinmica, por dispor novos ele-
mentos estruturadores das relaes entre
indivduos e grupos.
A acentuada dependncia fsica, cognitiva,
social e emocional no evento natural e
nem esperado para a maioria dos idosos
como consequncia do envelhecimento.
Quando ocorre, em virtude de interaes
especcas entre inuncias gentico-bio-
lgicas e socioculturais. Embora se con-
gurem condies de declnio e vulnerabi-
lidade associadas ao envelhecimento, esse
processo preserva reservas para o desen-
volvimento que podem ser acionadas em
situaes de cuidado, que deve ter como
base a valorizao das competncias e das
reservas de capacidade dos idosos. Aplica-
-se o mesmo fundamento relao cuida-
do-dependncia-autonomia, em casos de
graves dcits associados a processos mr-
bidos na velhice.
A dependncia comportamental dos ido-
sos pode ser funcional para obter a aju-
da necessria para ativar reservas laten-
tes e, assim, compensar perdas; para evi-
tar desgaste fsico e emocional devido ao
investimento em domnios muito afeta-
dos por perdas; para alcanar metas e sa-
tisfazer expectativas afetivas, tais como
obter ateno e afeto; para evitar ajuda
indevida congurada por excessivas exi-
gncias e criticismo; e para o exerccio de
controle passivo sobre o ambiente.
A dependncia comportamental dos ido-
sos pode ser intensicada em ambientes
onde a escassez de cuidadores, a escassez
de preparo tcnico e o imperativo de cum-
primento de rotinas e esquemas de tem-
po sobrepem-se necessidade de valori-
zar as competncias e a independncia dos
idosos. Pode ser intensicada em ambien-
tes superprotetores, infantilizadores e pre-
conceituosos, onde imperam falsas cren-
as sobre cuidado e sobre as possibilida-
des de desenvolvimento na velhice.
A dependncia comportamental e apren-
dida na velhice pode estar associada a des-
fechos negativos ao bem-estar e auto-
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Malloy-Diniz, Fuentes e Cosenza (orgs.)
nomia, mas pode ser um elemento cen-
tral manuteno e melhoria da qua-
lidade de vida dos idosos.
Teoria da seletividade
socioemocional
Seus fundamentos fo-
ram propostos por Cars-
tensen (1991), para expli-
car o afastamento so cial,
o declnio nas interaes
sociais e o declnio na in-
tensidade e na variedade das respostas emo-
cionais dos idosos, cujas teorias clssicas da
atividade (Havighurst & Albrecht, 1953)
e do afastamento (Cummings & Henry,
1961) apontavam como consequncias na-
turais do envelhecimento. Nos ltimos 20
anos, seus pressupostos vm sendo objeto
de intensa testagem emprica, em um pro-
grama de pesquisa que incluiu investiga-
es descritivas e de corte transversal ba-
seadas em autorrelato, pesquisas de labora-
trio envolvendo medidas comportamen-
tais e de neuroimagem comparando jovens
e idosos e pesquisas longitudinais (Scheibe
& Carstensen, 2010).
Em lugar das explicaes tradicionais,
a autora props que a reduo da amplitu-
de da rede de relaes sociais e da participa-
o social na velhice no reete prioritaria-
mente perdas fsicas e sociopsicolgicas na-
turais e esperadas, mas a redistribuio de
recursos socioemocionais, em decorrncia
da mudana na perspectiva de tempo futu-
ro. Na juventude, as pessoas tendem a cul-
tivar relacionamentos sociais mais nume-
rosos porque, nessa fase da vida, eles pro-
movem a explorao do mundo, o aumento
da informao e a armao de status e da
identidade. Suas metas so mais numerosas
e de longo prazo, porque o tempo perce-
bido como relativamente ilimitado. Na ve-
lhice, as metas de busca de informao so
substitudas por metas de busca de regula-
o emocional. Ou seja, a reduo nos con-
tatos sociais reete uma seleo ativa, na
qual as relaes sociais
emocionalmente prxi-
mas so mantidas porque
tm maior chance de ofe-
recer conforto emocional.
Essas relaes sociais so
mais importantes para a
adaptao nesse momento
de reduo da perspecti-
va temporal do que a am-
pliao da rede de contatos sociais. Assim, os
idosos tendem a reorganizar suas metas e re-
laes sociais, a priorizar realizaes de cur-
to prazo, a preferir relaes sociais mais sig-
nicativas e a descartar o que for irrelevante
a esses critrios (Carstensen, 1991).
A hiptese da diminuio da perspec-
tiva de tempo futuro com base em proces-
sos de seletividade socioemocional foi tes-
tada em pacientes jovens em estado termi-
nal, a quem se solicitou que dissessem com
quem gostariam de se relacionar nesse mo-
mento e com qual nalidade. Como resul-
tado, observou-se a seleo de um reduzido
nmero de parceiros sociais com os quais
os jovens gostariam de manter relaes uni-
camente em busca de conforto emocional.
Ou seja, conrmou-se a seleo de metas
e das relaes emocionalmente prximas,
que a teoria atribui reduo na perspecti-
va temporal. Em estudos longitudinais, ob-
servou-se que o nmero de parceiros sociais
diminui ou mantm-se estvel ao longo da
vida, mas o nmero de relaes sociais peri-
fricas declina na velhice. Da mesma forma,
os idosos que reduzem os contatos perifri-
cos, mas mantm contatos emocionais sig-
nicativos com pessoas afetivamente prxi-
mas, desfrutam de maior bem-estar subje-
tivo do que os que no o fazem (Scheibe &
Carstensen, 2010).
Na velhice, as metas de busca
de informao so substitudas por
metas de busca de regulao emo-
cional. Ou seja, a reduo nos con-
tatos sociais reete uma seleo ati-
va, na qual as relaes sociais emo-
cionalmente prximas so mantidas
porque tm maior chance de ofere-
cer conforto emocional.
Neuropsicologia do envelhecimento
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Carstensen investiu na anlise do com-
portamento emocional dos idosos mos-
trando que, com o envelhecimento, as pes-
soas passam a experimentar e a demonstrar
emoes menos intensas, a evitar estimula-
o emocional negativa e a ter menor ca-
pacidade de decodicao de expresses
emocionais. Longe de signicarem simples-
mente perda, essas alteraes so de natu-
reza adaptativa porque permitem aos ido-
sos poupar recursos j escassos, canalizar os
remanescentes para alvos relevantes e oti-
mizar seu funcionamento cognitivo, afeti-
vo e social. Tal processo reete-se em maior
capacidade de calibrar o efeito da inten-
sidade dos eventos, maior integrao en-
tre cognio e afetividade, mecanismos de
defesa mais maduros, mais uso de estrat-
gias proa tivas e maior satisfao com a vida.
Testes empricos corroboraram essas pro-
posies (Scheibe & Carstensen, 2010).
Foram testadas respostas da amgda-
la a estmulos emocionais positivos e nega-
tivos, em adultos jovens e em idosos, em si-
tuao de laboratrio. O objetivo era saber,
por meio de neuroimagem funcional, se o
nvel de ativao da amgdala muda com a
idade, em resposta visualizao de foto-
graas com contedo emocional positivo e
negativo. Nos mais jovens, as imagens nega-
tivas causaram maior excitao do que nos
idosos. No entanto, as respostas s imagens
positivas e neutras no apresentaram dife-
renas signicativas entre os dois grupos
(Scheibe & Carstensen, 2010).
Samanez-Larkin, Robertson, Mikels,
Carstensen e Gotlib (2009) acompanharam
por 10 anos o curso da experincia emocio-
nal de uma amostra representativa de indi-
vduos de 18 a 94 anos, estraticada por g-
nero, raa e status socioeconmico. Em trs
momentos de coleta de dados, os partici-
pantes relataram seus estados emocionais
durante os sete dias de uma semana, esta-
dos esses ocorridos em cinco diferentes mo-
mentos selecionados ao acaso. Tanto as an-
lises de corte transversal quanto as longitu-
dinais mostraram que a velhice associou-se
com maior bem-estar, maior estabilidade e
maior complexidade emocional. Mais in-
teressante ainda, a experincia emocional
foi preditiva de mortalidade. Independen-
temente de gnero, idade e raa, os idosos
com mais experincias emocionais positi-
vas apresentaram probabilidade de sobrevi-
vncia superior a 13 anos, em comparao
com aqueles que tinham experincias emo-
cionais predominantemente negativas.
As formulaes da teoria de seletivi-
dade socioemocional e os dados empricos
gerados por ela ajudam a compreender as
preferncias sociais ao longo da vida. A teo-
ria defende que os idosos moldam seu am-
biente social de modo a maximizar seu po-
tencial para sentir afetos positivos e para
minimizar os afetos negativos. Ao faz-lo
por meio de investimentos seletivos, os ido-
sos investem na regulao do seu compor-
tamento socioemocional e do seu ambiente.
Tais operaes representam o cumprimen-
to de metas teis ao alcance de boa qualida-
de de vida na velhice. Corporicam o me-
tamodelo de seleo, otimizao e com-
pensao, sugerindo que uma adaptao
bem-sucedida na velhice signica viver bem
com os recursos disponveis, e no propria-
mente dispor de recursos fsicos, cognitivos
e sociais excepcionais.
Teoria do controle primrio e secundrio,
segundo Heckhausen e Schulz (1995)
Comportamentos de controle e percepo
de controle so aspectos cruciais adapta-
o e ao desenvolvimento. Bebs privados
de oportunidades de ter experincias de do-
mnio sobre o ambiente fsico e social, das
quais derivariam a crena de que seus com-
portamentos geram consequncias espec-
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Malloy-Diniz, Fuentes e Cosenza (orgs.)
cas sobre o ambiente, tendem a desenvol-
ver precocemente dcits cognitivos e emo-
cionais de difcil recuperao. Da mesma
forma, idosos repentinamente privados da
possibilidade de controlar seu corpo ou seu
ambiente imediato, em virtude de uma mo-
lstia neurolgica, tendem a apresentar de-
presso, ansiedade, baixa autoestima e bai-
xo senso de autoeccia, o que prejudica
sua possibilidade de reabilitao. Em cir-
cunstncias em que intil nadar contra a
corrente, porque as possibilidades de con-
trolar o ambiente so nulas ou quase nulas,
formas ecazes de enfrentamento podem
permitir ser controlado, aceitar ou atribuir
outro signicado impossibilidade. As van-
tagens dessas estratgias so poupar recur-
sos emocionais, fsicos e cognitivos e salva-
guardar a autoestima, o que pode ajudar o
redirecionamento dos esforos de controle.
Nessa linha de raciocnio, Heckhausen
e Schulz (1995) denem controle primrio
como a adequao do ambiente aos pr-
prios desejos, e controle secundrio, como a
adequao de si mesmo ao ambiente. O pri-
meiro permite aos indiv-
duos moldar o ambiente
para control-lo e atua-
lizar seu potencial de de-
senvolvimento. O segun-
do serve para minimizar
e compensar as perdas em
controle primrio, man-
t-lo e ampli-lo. Os autores acrescentaram
a essa anlise do controle primrio e secun-
drio os atributos veracidade e funcionali-
dade. Segundo os dois estudiosos, os pontos
de vista das pessoas sobre o mundo e sobre
relaes causais podem ser vlidos, corretos
e aceitveis aos olhos de seus agentes e in-
vlidos, incorretos e inaceitveis aos olhos
de outros que julgam de um ponto de vis-
ta objetivo ou cientco. Entretanto, a vera-
cidade da interpretao que uma pessoa faz
sobre o exerccio do controle no crucial
para sua eccia. Um bom exemplo o da
pessoa idosa que atribui ao uso de um amu-
leto uma melhora em sua condio de sa-
de, que relata ter piorado quando deixou de
us-lo e que diz que melhorou quando pas-
sou a us-lo novamente. Na verdade, essas
oscilaes podem ser devidas interfern-
cia da ansiedade e de outros estados emo-
cionais negativos, que so reduzidos pela
reintroduo do amuleto, resultando em
sensao de melhora da sade.
Em muitos casos, a questo central
no , ento, de veracidade da atribuio
ou do fato de uma ao contribuir objetiva-
mente para um resultado, mas de sua fun-
cionalidade, ou seja, de qual ao concreta
ou interpretao tem maior chance de pro-
mover adaptao. Sob condies de amea-
a, as aes e avaliaes que primam pela
veracidade podem ser disfuncionais porque
criam desespero ou desamparo e, ao mes-
mo tempo, desencorajam tentativas teis ao
restabelecimento do controle primrio.
Nessas situaes, aes e interpreta-
es baseadas na sorte ou no destino, em
poderes sobrenaturais ou
no poder de pessoas po-
derosas podem revelar-se
funcionais porque desfo-
cam a ateno da impos-
sibilidade, do insucesso
e do medo para tentati-
vas de restabelecer o con-
trole primrio, sem o risco de autopunio
e de senso de fracasso. Em resumo, o grau
de funcionalidade das estratgias de con-
trole secundrio denido pelo seu poten-
cial para aumentar ou reduzir o potencial
do indivduo para o controle primrio. No
Quadro 1.5, so identicadas as variaes
das estratgias de controle primrio e se-
cundrio segundo as dimenses funciona-
lidade e veracidade.
H trs aspectos da ao que so os al-
vos das estratgias de controle secundrio.
Sob condies de ameaa, as
aes e avaliaes que primam pela
veracidade podem ser disfuncionais
porque criam desespero ou desam-
paro e, ao mesmo tempo, desenco-
rajam tentativas teis ao restabele-
cimento do controle primrio.
Neuropsicologia do envelhecimento
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Um a expectativa de alcance da meta (ou
expectativa de resultado); outro, o valor do
alcance da meta (ou avaliao dos resul-
tados da ao); e o terceiro, as atribuies
causais que as pessoas fazem sobre o resul-
tado das suas aes. O Quadro 1.6 apresen-
ta exemplos de controle secundrio verdi-
co e ilusrio, funcional e disfuncional, com
relao expectativa de resultados, avalia-
o dos resultados e s atribuies causais.
As estratgias de controle utilizadas va-
riam segundo o status de desenvolvimento e
de acordo com as exigncias de desenvolvi-
mento inerentes s diversas fases do ciclo vi-
tal. Nas crianas pequenas, as estratgias de
controle so dominadas por pensamentos
mgicos e animistas sobre o mundo externo
e por uma concepo onipotente sobre o self.
Embora inverdicas, elas tm potencial para
promover o desenvolvimento das competn-
cias, da autonomia e da curiosidade. A redu-
o do egocentrismo intelectual na passagem
da fase do pensamento pr-operacional para
o operacional coincide com a emergncia de
avaliaes mais realistas em face do aumen-
to das oportunidades de comparao social
e de crtica que caracterizam a mdia meni-
nice. Na adolescncia, a emergncia de novas
QUADRO 1.5 Controle primrio e secundrio e as dimenses funcionalidade e veracidade
Funcional Disfuncional
Verdico Ao ecaz na promoo do Ao ecaz para promoo do controle a curto prazo, mas
controle a curto e longo prazo. que enfraquece o potencial para o controle a longo prazo.
Ilusrio Ao ecaz, mas baseada Ao inecaz baseada em crenas invlidas.
em crenas invlidas.
Fonte: Heckhausen e Schulz (1995).
QUADRO 1.6 Funcionalidade e veracidade nas trs fases da ao envolvida no controle secundrio
Fases da ao Funcional Disfuncional
Verdico Expectativa Comparao social com Autoatribuio de incapacidade.
pessoas da mesma idade.
Avaliao Deixar de lado metas inatingveis. Preocupao com metas inatingveis.
Atribuio Atribuies corretas. Atribuies pessimistas.
Ilusrio Expectativa Falsas avaliaes positivas sobre Superestimativa sobre as relaes
a relao entre o comportamento entre o comportamento e os resultados:
e o resultado: se eu quisesse querer poder.
eu poderia.
Valor Desvalorizao de metas: Superestimativa de metas inatingveis.
as uvas esto verdes.
Atribuio Falsas atribuies personalistas: Autorrecriminao por ocorrncias
eu sabia.... sobre as quais a pessoa no tem
controle.
Fonte: Heckhausen e Schulz (1995).
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Malloy-Diniz, Fuentes e Cosenza (orgs.)
formas de centrao do raciocnio e de sub-
misso ao poder do grupo caracteriza novas
estratgias de controle secundrio inverdico
e, muitas vezes, disfuncio-
nal (caso das crenas oni-
potentes), cuja frequn-
cia reduzida pelo desen-
volvimento do raciocnio
abstrato e de formas mais
maduras de exerccio da
sociabilidade.
O otimismo exacer-
bado com relao s pos-
sibilidades do controle primrio a estrat-
gia adaptativa mais comum na vida adulta
e no incio da velhice, at mesmo porque a
cultura supervaloriza a autonomia e o con-
trole primrio. Com a idade, crescem as li-
mitaes fsicas e cognitivas, reais e pre-
sumidas. Crescem as ameaas ao controle
primrio at um ponto em que se torna im-
possvel no lev-las em conta, sob pena de
falncia do controle. Os muito idosos esto
mais sujeitos a enfrentar situaes de incon-
trolabilidade na sade, nas capacidades, no
ambiente fsico e social e na famliado que
os idosos jovens e os no idosos. Como re-
sultado, predominam entre suas estratgias
de manejo tentativas de controle secund-
rio envolvendo atribuio de novos signi-
cados a situaes geradoras de estresse. Va-
lem-se tambm de atribuies causais fan-
tasiosas, mas que aliviam a ansiedade pelo
erro. Ajustamento de metas (passei da idade
de querer ou fazer), comparao social com
pessoas que se encontram em situao pior
(comparao social para baixo), atribuio
de decincia e de outros atributos nega-
tivos aos outros e desvalorizao de alvos
inatingveis (as uvas esto verdes) so ou-
tros exemplos de estratgias de controle se-
cundrio. Elas ajudam a adaptao quando
promovem o controle primrio, salvaguar-
dam a autoestima e contribuem para man-
ter o bem-estar subjetivo.
Processos de reviso de vida e de redi-
mensionamento de metas que tm lugar na
velhice beneciam-se da adoo de estra-
tgias de controle secun-
drio, que podem amor-
tecer os efeitos da avalia-
o de erros e fracassos e
de encontrar sentido nas
experincias de desenvol-
vimento e nas perdas. A
capacidade de criar um
equilbrio timo entre es-
tratgias de controle pri-
mrio e secundrio favorece o bem-estar
subjetivo e a continuidade do desenvolvi-
mento em domnios selecionados na velhi-
ce. Em 2010, Heckhausen e colaboradores
(2010) caracterizaram a teoria de controle
primrio e secundrio como uma teoria de
motivao relevante explicao dos pro-
cessos de autorregulao ao longo das ida-
des, em um artigo terico em que resenham
dados de um programa de pesquisas que
conrmam os pressupostos de sua teoria.
Eventos crticos do curso
de vida, segundo Diehl (1999)
Os eventos de vida so acontecimentos que
determinam e do sentido histrico ao cur-
so da vida de grupos etrios e de indiv duos.
No mbito individual, os eventos de vida
so marcadores que dizem respeito tra-
jetria individual de desenvolvimento e de
envelhecimento. Ao discorrer sobre os prin-
cpios do paradigma de desenvolvimento
ao longo de toda a vida (Baltes, 1987; Bal-
tes, 1997), este captulo descreveu as formas
de atuao dos eventos normativos gradua-
dos por idade e por histria e dos eventos
no normativos sobre o desenvolvimento e
o envelhecimento.
Na velhice, aumentam as chances de
ocorrncia de eventos incontrolveis, como
Processos de reviso de vida e
de redimensionamento de metas que
tm lugar na velhice beneciam-se
da adoo de estratgias de contro-
le secundrio, que podem amortecer
os efeitos da avaliao de erros e fra-
cassos e de encontrar sentido nas ex-
perincias de desenvolvimento e nas
perdas.
Neuropsicologia do envelhecimento
39
doenas, acidentes, morte de entes queri-
dos e problemas que afetam os descenden-
tes. Eles propem maiores desaos resilin-
cia psicolgica dos idosos do que os eventos
controlveis, ou seja, tm papel proeminen-
te na determinao das trajetrias de enve-
lhecimento e de adaptao dos idosos, pelo
fato de obrigarem as pessoas a fazer esforos
extraordinrios de adaptao, por compe-
tirem com outras demandas ou porque os
idosos no tm os recursos necessrios para
enfrent-los de imediato. Problemas de sa-
de e perda de independncia e de autono-
mia no prprio idoso, no parceiro conju-
gal e em amigos so fonte de estresse. A ex-
perincia de declnio remete diminuio
do horizonte temporal, certeza de que a
morte est prxima e ao medo da depen-
dncia. A experincia de eventos relacio-
nados ao declnio e morte pode gerar ou
agravar estados de ansiedade e depresso
ou pode afetar relacionamentos familiares
e sociais; tambm representa oportunida-
de para aprendizado e crescimento pes soal.
Pobreza, isolamento social e discriminao
por idade expem os idosos a situaes es-
tressantes. No Brasil, tais situaes so re-
presentadas por problemas com moradia,
transporte e segurana, que podem ser vivi-
dos como aborrecimentos constantes, mas
que tambm tm grande chance de serem
vividos como eventos inesperados e incon-
trolveis. Nesses casos, a perplexidade e o
sofrimento psquico dos idosos tendem a
ser enormes e podem potencializar os efei-
tos de doenas crnicas, dor, incapacidades
e depresso.
A microteoria com a qual este captulo
concludo focaliza especicamente o pa-
pel dos eventos no normativos incontrol-
veis, ou eventos crticos, em virtude de seu
forte potencial de inuenciar o curso do
envelhecimento (Diehl, 1999). Um aspec-
to novo nessa microteoria a noo de que
a probabilidade de ocorrncia de eventos
de alta e baixa controlabilidade varia for-
temente em funo do status socioecon-
mico e da posio social do indivduo, que
so dependentes de variveis macrossociais.
Metaforicamente, essas variveis determi-
nam se as pessoas escolhem ou so selecio-
nadas por eventos crticos e, por afetarem
o desenvolvimento de recursos psicolgi-
cos e sociais, inuenciam seu enfrentamen-
to. Outro aspecto novo da microteoria a
integrao da noo de participao proa-
tiva ou reativa do indivduo nas aes que
organizam seu desenvolvimento. Em tercei-
ro lugar, ela integra a noo de que o com-
portamento no somente controlado por
presses externas ou por dcits de sade,
como tambm por um sistema de motiva-
o intrnseca que inclui senso de autoe-
ccia, senso de competncia e senso de au-
tonomia. O controle proativo do desenvol-
vimento exercido quando o indivduo se
envolve em aes com o objetivo de otimi-
zar o prprio desenvolvimento e seus pro-
dutos. O controle reativo exercido quan-
do ele enfrenta eventos crticos ou quando
responde discrepncia percebida entre o
status real e o status socialmente desejvel
de desenvolvimento. O sistema de motiva-
o intrnseca atua como instncia inicia-
dora e reguladora das aes abertas ou en-
cobertas de autojulgamento, autoavaliao,
autorreforamento e autopunio (Bandu-
ra, 1986).
Eventos crticos no so ocorrncias
isoladas, mas processos que se desdobram
no tempo, tm alta salincia emocional, de-
saam o ajustamento preexistente entre a
pessoa e o ambiente e conduzem a compor-
tamentos de enfrentamento que tm como
objetivo restabelecer o ajustamento entre a
pessoa e o ambiente. Eles ocorrem na pre-
sena de antecedentes representados pela ex-
perincia prvia da pessoa com eventos cr-
ticos, pelo grau de sucesso de suas iniciativas
de enfrentamento e pelas experincias de so-
40
Malloy-Diniz, Fuentes e Cosenza (orgs.)
cializao antecipatria proporcionadas pelo
contexto microssocial. Entre estas, guram,
por exemplo, experincias religiosas e educa-
cionais que visam preparar as pessoas para o
enfrentamento de eventos de vida.
As caractersticas da pessoa, incluin-
do, por exemplo, idade, gnero, estado con-
jugal, sade, cognio, autoestima, crenas
de controle, metas de vida e experincias
anteriores de lidar com eventos crticos, in-
teragem reciprocamente com caractersti-
cas do contexto histrico e familiar, com a
rede de relaes informais, com os recursos
nanceiros e com o status socioeconmico,
na avaliao e no enfrentamento do evento
crtico. Este apresenta caractersticas obje-
tivas que permitem classic-lo em termos
de controlabilidade, previsibilidade, dura-
o, valor positivo ou negativo e intensida-
de do estresse que suscita. Avaliaes sub-
jetivas permitem ao indivduo classic-
-lo como desao, perda, risco ou ameaa,
como parecido ou diferente de outros even-
tos crticos j vivenciados e como tolervel
ou intolervel para seus recursos. As avalia-
es cognitivas so o antecedente imediato
da adoo de estratgias de enfrentamen-
to focalizadas no manejo do ambiente, no
manejo dos prprios comportamentos, no
manejo das emoes, na atribuio de sig-
nicado ao evento ou em esquiva ou inibi-
o da atividade.
As estratgias de enfrentamento po-
dem ser bem ou malsucedidas e, dessa for-
ma, gerar impactos diferenciais sobre a sa-
de fsica, a afetividade, a atividade, o au-
toconceito, as crenas de competncia e o
controle e a hierarquia de metas do indiv-
duo. Elas interagiro reciprocamente com a
reorganizao do ajustamento entre a pes-
soa e o ambiente e com a adaptao. Os
eventos incontrolveis ameaam a conti-
nuidade e a integridade do autoconceito e
da autoestima, muito embora os esforos
de enfrentamento possam ter efeitos posi-
tivos sobre o desenvolvimento do self. Por
sua vez, os eventos controlveis e autodeter-
minados melhoram o senso de domnio e
contribuem para um autoconceito positivo
(Diehl, 1999).
Este tpico tratou de um modelo te-
rico integrativo que analisa o papel que os
eventos crticos desempenham na ligao
do desenvolvimento do adulto e do idoso s
micro e macroestruturas do ambiente so-
ciocultural mais prximo. Argumenta que
a agncia pessoal e a autodeterminao es-
barram nos limites impostos pelas circuns-
tncias macrossociais. O modelo apresenta-
do por Diehl tem em comum com as mi-
croteorias da dependncia aprendida, da
seletividade socioemocional e do controle
primrio e secundrio o paradigma de de-
senvolvimento ao longo de toda a vida, as-
sim como princpios da teoria social cogni-
tiva do desenvolvimento que enfatizam o
papel da agncia pessoal e dos mecanismos
de autorregulao.
CONSIDERAES FINAIS
O cenrio atual das teorias psicolgicas so-
bre o envelhecimento reete o desenvol-
vimento dos paradigmas de curso de vida
na sociologia e de desenvolvimento ao lon-
go de toda a vida (life-span) na psicologia.
A emergncia desses paradigmas se deu no
mesmo contexto intelectual em que se cria-
ram novas metodologias e novos conceitos
para explicar processos complexos do de-
senvolvimento individual na velhice, ocor-
rendo em contextos de complexas mudan-
as demogrcas e culturais que deram vi-
sibilidade ao idoso no cenrio poltico e
cientco. As teorias clssicas de estgio e os
dados derivados de pesquisas longitudinais
e de corte transversal aliadas ao paradig-
ma de ciclo de vida em biologia e em psi-
cologia pavimentaram o caminho que con-
Neuropsicologia do envelhecimento
41
duziu elaborao das novas vises sobre o
desenvolvimento e o envelhecimento.
As grandes teorias psicolgicas sobre
o desenvolvimento que dominaram a cena
na primeira metade do sculo XX e as ten-
tativas de estabelecimento de grandes teo-
rias sociolgicas sobre o envelhecimento
que predominaram entre meados dos anos
de 1950 e meados dos anos de 1970 cede-
ram espao a microteorias sobre aspectos
particulares do comportamento e do desen-
volvimento social, afetivo e cognitivo. Um
nmero importante e crescente de estudos
longitudinais no campo do envelhecimen-
to tem olhado para os ganhos e as perdas
do envelhecimento por meio das lentes des-
sas microteorias. Por meio delas e de mto-
dos e tcnicas apropriadas, vem conrman-
do empiricamente os pressupostos dos dois
paradigmas.
Nesse contexto, tm sido gerados no-
vos conceitos teis discriminao da na-
tureza especca das mudanas comporta-
mentais que ocorrem no envelhecimento e
compreenso da continuidade e da des-
continuidade dos temas do desenvolvimen-
to ao longo dos anos mais tardios da vida.
So contribuies relevantes no s com-
preenso do envelhecimento, como tam-
bm ampliao dos horizontes da psico-
logia do desenvolvimento.
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