1. O documento discute a realidade dos idosos no Brasil e as possibilidades de envelhecimento pleno.
2. Apresenta os cinco pilares da inteligência emocional - autoconsciência, administração das emoções, automotivação, empatia e sociabilidade - como fundamentais para uma vida plena na maturidade.
3. Descreve um projeto de intervenção com idosas em uma instituição de caridade com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida através do desenvolvimento dos pilares da inteligência emocional.
1. O documento discute a realidade dos idosos no Brasil e as possibilidades de envelhecimento pleno.
2. Apresenta os cinco pilares da inteligência emocional - autoconsciência, administração das emoções, automotivação, empatia e sociabilidade - como fundamentais para uma vida plena na maturidade.
3. Descreve um projeto de intervenção com idosas em uma instituição de caridade com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida através do desenvolvimento dos pilares da inteligência emocional.
1. O documento discute a realidade dos idosos no Brasil e as possibilidades de envelhecimento pleno.
2. Apresenta os cinco pilares da inteligência emocional - autoconsciência, administração das emoções, automotivação, empatia e sociabilidade - como fundamentais para uma vida plena na maturidade.
3. Descreve um projeto de intervenção com idosas em uma instituição de caridade com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida através do desenvolvimento dos pilares da inteligência emocional.
1. O documento discute a realidade dos idosos no Brasil e as possibilidades de envelhecimento pleno.
2. Apresenta os cinco pilares da inteligência emocional - autoconsciência, administração das emoções, automotivação, empatia e sociabilidade - como fundamentais para uma vida plena na maturidade.
3. Descreve um projeto de intervenção com idosas em uma instituição de caridade com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida através do desenvolvimento dos pilares da inteligência emocional.
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RUTE ALMEIDA TEOBALDO MOURO
PILARES DA INTELIGNCIA EMOCIONAL: PASSOS PARA UMA VIDA
PLENA NOS ANOS DOURADOS
FORTALEZA/2002
2 RUTE ALMEIDA TEOBALDO MOURO
PILARES DA INTELIGNCIA EMOCIONAL: PASSOS PARA UMA VIDA PLENA NOS ANOS DOURADOS
Monografia apresentada ao Curso de Educao Emocional e Qualidade Humana, do Instituto Koziner em parceria com o Ponto de Apoio- Assessoria, para obteno do ttulo de Educador Emocional.
CAPTULO 1- VELHICE: LIMITES E POSSIBILIDADES.................................... 7
1.1. A realidade scio-cultural do idoso no Brasil..................................................... 7 1.2. Perspectivas para o idoso no Brasil................................................................... 12 1.3. Possibilidades de viver a maturidade de forma plena a partir da conscincia de si mesmo................................................................................................................. 15
CAPTULO 2- INTELIGNCIA EMOCIONAL: OS 5 PILARES QUE SUSTENTAM O DESENVOLVIMENTO INTELIGENTE DAS EMOES...... 21
CAPTULO 3- VIVENDO OS ANOS DOURADOS LUZ DOS 5 PILARES DA INTELIGNCIA EMOCIONAL............................................................................. 42
3.1- Despertando para novos hbitos de vida: projeto de interveno com pessoas da maturidade................................................................................................................ 42 3.1.1- Metodologia............................................................................................. 44
Falar em velhice extrapola ao campo individual ou pessoal, pois perpassa uma questo social, de valores e cultura que merece ser refletida e estudada.
O envelhecer em uma sociedade capitalista remonta ao significado de desigualdades e preconceitos, pois torna o homem intil e desprestigiado pelo simples fato de envelhecer, tornando-o descartvel para um sistema em que o novo smbolo de atual, moderno e avanado e o velho ultrapassado e de pouco valor. Esta realidade perpassa pelas relaes de trabalho, familiares, pessoais e por toda a sociedade.
O homem na vida em sociedade valorizado pelo que produz, pela ocupao no meio produtivo, mas ao mesmo tempo desvalorizado como ser humano, que repleto de significados, sentimentos e emoes, e como tal deve ser respeitado pelo simples fato de ser gente. Na sociedade a valorizao do Ter se sobrepe ao Ser e nesta perspectiva o envelhecer torna o homem mais desprestigiado pelo fato de perdas de relaes profissionais e sociais, condies fsicas, o que dispe o homem ao abandono e excluso.
Na sociedade capitalista o belo cultuado de forma contundente, seja nos meios de comunicao, nas praas, nas ruas, nas famlias, entre os seres humanos nas suas relaes sociais, que no se apercebem no processo de envelhecimento e consideram a velhice como algo distante de si ou inexistente, por no perceberem a relao com a realidade vivenciada, que cristaliza o homem a vivenciar o presente sem analisar o futuro pelas cobranas do aqui e agora.
5 A velhice mesmo estando prxima pelo fato da convivncia com pessoas idosas, ou seja, o idoso como imagem refletida no amanh, as mscaras so usadas para encobrir o envelhecimento.
O homem durante a vida passa por vrios estgios: infncia, adolescncia, adulta e velhice. Estgios estes que devem ser valorizados em cada etapa para que o homem possa chegar a uma velhice plena e digna. A velhice construda a cada dia da existncia e que o ser humano muito mais do que precisar TER ele precisa SER, perceber-se como um ser completo e que sua completude se encontra nele e nas suas relaes com os outros. Perceber que o ser humano no se constitui somente por um corpo, mas por sentimentos, emoes e sobretudo por um esprito.
Dados estatsticos revelam que a populao brasileira aumentar significativamente nos prximos anos o seu nmero de idosos e que a realidade social do Brasil mudar significativamente. Pode-se prever, para o final do primeiro quartel do prximo sculo(daqui a 37 anos, no ano 2025) uma populao constituda por muitos velhos(os nascidos antes de 1970, com 55 anos ou mais) e jovens proporcionalmente menos numerosos do que na situao atual. (BARRETO, 1992: 12 ).
Diante desta realidade, algumas aes embrionrias tem sido realizadas e uma delas a Poltica Nacional do Idoso PNI (Lei n 8.842- 4/1/1994) que foi sancionada pela Presidncia da Repblica, mas que muito tem que ser feito para torn-la realidade.
Cada cidado, cada brasileiro responsvel pelo idoso e pode dar sua contribuio para que a realidade na velhice seja mudada. O idoso deve ser reconhecido como pessoa repleta de experincias, conhecimentos e potencial que foram adquiridos ao longo da histria, que tem muito a ensinar, mas tambm a aprender em uma relao de troca e crescimento.
Os seres humanos so capazes de construir e reconstruir a sua histria independente da idade, classe social, etnia ou cor, e nesta perspectiva que acreditamos na possibilidade de uma velhice plena, a partir da conscincia de si 6 mesmo e da elaborao ou reestruturao de novos propsitos de vida, novas relaes sociais, com descobertas de novos potencias, e para tanto acreditamos que os Pilares da Inteligncia Emocional: autoconscincia, administrao das emoes, automotivao, empatia e sociabilidade, podero possibilitar estes novos horizontes e perspectivas.
Neste sentido, o trabalho realizado, primeiramente procurou vislumbrar as possibilidades e limites da velhice atravs da anlise da realidade scio-cultural do idoso e as perspectivas para o idoso no Brasil, com uma orientao voltada para as possibilidades de um envelhecer saudvel.
No segundo captulo, foram vistos os cinco pilares da inteligncia emocional, como ncoras para uma vida plena, pois a conscincia de si mesmo, a administrao das emoes, a motivao, a empatia e a sociabilidade se vividas no cotidiano de forma correta e consciente do ao homem a possibilidade de viver de forma saudvel no s fisicamente, psicologicamente ou socialmente, mas principalmente, emocionalmente e espiritualmente.
No terceiro captulo, procurou-se d nfase ao fato de que homem pode a qualquer poca se desenvolver, para tanto precisa mudar posturas e procedimentos. Tambm abordada no captulo a metodologia de um trabalho a ser realizado com um grupo de idosas que vivem na Casa de Nazar, entidade com fins filantrpicos da Congregao So Vicente de Paulo.
Nesta perspectiva, acredita-se que as ferramentas da inteligncia emocional podero possibilitar a melhoria da qualidade de vida das idosas, pblico alvo deste trabalho, a partir de uma atitude concreta de mudanas de hbitos, de crenas e valores que permeiam a vida das pessoas.
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CAPTULO 1- VELHICE: LIMITES E POSSIBILIDADES
1.1. A realidade scio-cultural do idoso no Brasil.
A realidade aponta hoje um nmero crescente de idosos em todo o mundo. Entretanto as autoridades governamentais no tm se voltado com ateno especial para o fato, visto que as polticas pblicas voltadas para o idoso no correspondem realidade, ou seja, no tm na prtica atingido ao seu objetivo que melhorar a qualidade de vida dos idosos, atravs de uma vida scio-econmica ativa na sociedade. Mesmo os pases desenvolvidos no encontraram uma soluo satisfatria e humana para seus velhos. (BARRETO, 1992: 19).
O Brasil, que h alguns anos era considerado um pas jovem, tem mudado paulatinamente este quadro, visto que a exploso demogrfica que acontecera no passado, no percebida na atualidade, tendo como grande fator contribuinte a insero da mulher no mercado de trabalho, a partir de mudanas econmicas, sociais, culturais que se apresentaram e hoje muito mais contundentes com a globalizao. Isto implica que o pas est envelhecendo e uma nova realidade desponta no horizonte.
No Brasil, segundo pesquisa do IBGE estima-se que os idosos com mais de 60 anos j representam 8,3% da populao. Devido ao rpido envelhecimento da populao brasileira h uma previso de que no ano 2020 o Brasil seja o 5 pas do mundo em populao idosa, com 33 milhes de pessoas com 65 anos ou mais.
8 Apesar do Brasil ser considerada a 8 economia do mundo, classificado como subdesenvolvido devido aos baixos ndices sociais encontrados em pesquisas, por conta da pobreza e misria que vive maior parte da populao brasileira. Podemos constatar esta realidade na citao abaixo retirada do manual do V Frum Nacional de Gerontologia e 1 Frum da Poltica Nacional do Idoso realizados em 1997, na cidade de Fortaleza.
Com uma populao de 144 milhes de habitantes (estimativa de 1988), cerca de 34 milhes de brasileiros fazem parte de famlias que ganham no mximo 2 salrios mnimos mensais. Deste grupo, aproximadamente 15 milhes de pessoas recebem 1 salrio mnimo mensal. Eles integram um grupo de 72 milhes de pessoas que dividem 13% da renda nacional. Em contraposio, um grupo de 14 milhes de brasileiros detm 47,2% da renda nacional. (MANUAL DO PARTICIPANTE, 1997: 31).
A velhice tem sido vivida ou percebida diferentemente nos vrios percursos da histria, seja por conta de dados demogrficos, por determinaes econmicas, sociais ou culturais. Segundo ARIS (apud BARRETO, 1992), antes do sculo XVIII a velhice era considerada ridcula e sem valor. No sculo XIX era respeitada, sbia e com relevante experincia. J no sculo XX a velhice adquire o seu respeito negando a prpria velhice.
a velhice como conceito biolgico e moral desaparece, e a presso social exerce-se no sentido de negar a velhice enquanto tal, valorizando a pessoa que consegue disfar-la fisicamente(velhos bem conservados) e/ou psicologicamente (velhos de esprito jovem). (BARRETO, 1992: 23).
Atualmente os velhos tm algum respeito social, mas so aceitos no mais como velhos, mas como homens de uma certa idade ou pessoas conservadas, com aparncia de jovens , ou seja, se nega a velhice devido a uma realidade perversa de preconceito e marginalizao pessoa do velho, que tenta de alguma maneira ser substitudo pelo novo. Neste sentido, a velhice reforada como algo 9 ruim que no deve ser lembrado. Este sentimento consciente ou inconsciente aceito pela sociedade, inclusive pelos velhos que negam a si prprio. No mundo capitalista e globalizado o que tem valor a produtividade, o resultado que o homem pode oferecer de imediato ao capital ou a sociedade, dentro de um ponto de vista do material ou do Ter. Neste aspecto, o velho sem as mesmas condies fsicas do passado desprestigiado e excludo, por ser visto como ultrapassado e portanto sem valor.
Entretanto, a excluso do homem dos direitos sociais, de uma vida digna e respeitada, no est presente somente na velhice, mas tem os seus traos marcados nas fases da vida, que apenas so acentuados na velhice. Portanto, necessrio se faz transformar a realidade social existente, com polticas pblicas eficientes e eficazes que proporcionem ao homem o direito dignidade, como ser integral, que tem necessidades fsicas, biolgicas, econmicas, profissionais, sociais, mas tambm afetiva, emocional e espiritual.
Diante da realidade que vivida na velhice e dos dados demogrficos que so apontados, onde o nmero de idosos cresce substancialmente em relao ao nmero de nascidos e o Brasil no mais to jovem quanto no passado, se faz necessrio atitudes concretas para mudar a realidade presente, visto que os velhos do futuro j nasceram, e em 2020 sero 33 milhes de idosos e o Brasil estar ocupando o 5 lugar no mundo em populao idosa.
Como os velhos do futuro vem a velhice hoje? Como se sentem em relao a serem velhos? O que se tem reproduzido sobre a velhice no contexto atual? Devem- se examinar as idias sobre a velhice hoje, considerando a ameaa de uma piora, no futuro, seja de suas condies de vida, seja do desrespeito a seus valores, idias e experincias. (BARRETO, 1992:25). necessrio que sejam revistos os conceitos e ideologias acerca do velho, como tambm sejam criadas polticas pblicas de qualidade que possibilitem ao homem viver dignamente.
O envelhecimento ao longo da vida influi gradativamente na perda da estrutura do organismo, chegando velhice com caractersticas bem especficas da idade: cabelos brancos, rugas, andar mais lento, postura encurvada e a capacidade 10 auditiva e visual reduzida, tornando o velho frgil. Diante dessas circunstncias o ser velho passa a ser excludo do meio social e da vida economicamente ativa. Devido excluso em que o idoso est condicionado, pela realidade economicista e preconceituosa, onde o velho sinnimo de descartvel e em desuso, h uma depreciao no somente dos jovens em relao aos velhos, mas por parte do prprio idoso em relao a sua imagem e condio social, levando-o depresso e solido.
A solido uma realidade que se apresenta contundente na aposentadoria, onde as horas se tornam mais longas pelo sentir-se desocupado. Alm do que, a perda dos relacionamentos adquiridos no dia-a-dia do trabalho reduz o crculo de amizades. A famlia no tem tempo para ouvir ou falar com o seu idoso, a sua ateno est voltada para as obrigaes do cotidiano. O sentimento de solido ocorre exatamente dentro desse contexto.
...quando se procura companhia e no se acha; quando as palavras necessitam de um ouvido para se tornarem comunicao, e permanecem ruminao; quando a dor, a saudade, a mgoa tornam- se muito pesadas por falta de um ombro amigo onde derramar lgrimas; quando o alegre e pitoresco so percebidos ou lembrados, mas no se atualizam em um rir junto; quando j no se conta inteiramente com algum e em ningum se pode confiar. (BARRETO, 1992: 30).
Entretanto, esta realidade se apresenta mais evidente ou no, dependendo da situao econmico- financeira da pessoa idosa, como tambm da prpria sade fsica, emocional e espiritual em que o idoso construiu a sua histria de vida.
Quando o idoso dono de bens e capital tratado de uma maneira, por amigos e parentes, mas quando despojado de bens materiais e de sade visto e sentido como uma cruz que precisa ser carregada, dissociando a realidade do idoso da realidade social futura, pela negao scio-cultural a que se estar submetido os cidados brasileiros.
Entretanto, o reforo ou a negao da velhice acontece entre os prprios velhos, quando se descuidam do corpo e sobretudo da sade ou exageram nos 11 cuidados com a beleza, na tentativa de amenizar os efeitos do tempo. importante que se perceba que se pode viver uma vida saudvel, independente de ser novo ou velho, pois a sade construda e tambm modificada, dependendo da atitude do homem consigo mesmo.
Partindo do pressuposto que o homem um ser integral , que tem um corpo, uma mente e um esprito, pode-se perceber que a sade no estar relacionada somente a fatores fsicos e orgnicos, mas psicolgicos, emocionais e espirituais, ou seja, a construo de uma vida saudvel pressupe a percepo do homem como ser interdependente, que tem direito a uma vida digna de desenvolvimento pleno e obrigaes na construo de um mundo melhor.
Os padres de sade e vitalidade na sociedade capitalista transmitido diariamente nos meios de comunicao, que enaltece o corpo e a sensualidade como preponderantes na vida das pessoas, o que traz em seu bojo o sentimento de medo e excluso pela possibilidade da velhice, negando portanto o ser que est alm do fsico e material.
A velhice uma fase que faz parte da vida e deve ser respeitada e considerada tanto quanto qualquer outro momento de crescimento e evoluo do homem. Neg-la fazer-se impotente diante do real, recusar a prpria natureza humana.
O sculo XX, tirando o velho sbio de cena, perdeu em parte a sua sabedoria: perdeu o gesto pelo transcendental, que no aliena, mas critica o viver repetitivo dos que negam a prpria existncia humana, compreendida como o tempo de se viver, envelhecer e morrer. (BARRETO, 1992: 36).
. O idoso tem na alma a experincia de vida, os sentimentos sobre a realidade no qual posto e tambm as possibilidades de vivenciar outra realidade. Para tanto preciso quebrar paradigmas e estar aberto ao novo, a novas experincias e possibilidades que vo alm do aparente.
12 Nesta perspectiva, novos horizontes se abrem para uma vida mais digna e humana para os idosos, que tm conquistado alguns avanos em relao a direitos sociais, como a Poltica Nacional do Idoso, atravs da Lei n 8.840, que traz possibilidades de um novo viver para os anos dourados, mas na certeza de que muito ainda tem por se fazer em prol da dignidade do velho no nosso pas.
No item seguinte, sero abordados os avanos dados na conquista da humanizao do idoso que tem sido relegado social e culturalmente a um segundo plano pela falsa conscincia de que a prosperidade est no novo e moderno.
1.2. Perspectivas para o idoso no Brasil.
No Brasil, no final da dcada de oitenta, fruns e debates foram realizados para discusso da situao social do idoso, o que fomentou a criao da Lei n 8.842 de 04 de janeiro de 1994, que versa sobre a Poltica Nacional do Idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso. Regulamentada pelo Decreto n 1.948 de 03 de julho de 1996.
Em 1997, aconteceu no Centro de Convenes Edson Queiroz- Fortaleza/Ce, o V Frum Nacional de Gerontologia e 1 Frum Nacional da Poltica Nacional do Idoso com o propsito de fomentar discusses sobre a temtica. Por ocasio do evento foi posto que a Lei 8.842 uma das mais avanadas do mundo , mas vrias so as dificuldades para p- la em prtica.
A realidade brasileira, que no est desconectada do contexto global, tem suas peculiaridades, seus limites e possibilidades, compreendendo que a realidade se faz em um processo que no linear, mas de avanos e retrocessos, na esperana de que as mudanas extrapolem o discorrer de uma lei, partindo para a efetivao do instrumento legal.
Entretanto, muito se tem a fazer para que seja efetivamente implementado o que dispe a lei, visto que a realidade posta bem mais complexa do que as 13 possibilidades contidas no instrumento legal. Para se fomentar discusses acerca de estratgias para viabilizar a concretizao do respeito dignidade da pessoa idosa e aos seus direitos enquanto cidados, passos tm sido dados nesta perspectiva e horizontes se abrem na busca deste caminho.
As discusses acerca da questo da velhice no Brasil tm culminado em propostas para a melhoria da qualidade de vida dos idosos. Estudos, pesquisas e encontros entre profissionais, entidades, polticos e sociedade civil tm possibilitado rever a realidade e sugerir novas formas de insero nesta realidade.
Pode ser percebida tal situao quando verificamos que as polticas destinadas ao idoso no so mais as mesmas de 20 anos atrs, como pode ser visto no manual do V Frum Nacional de Gerontologia e no 1 Frum Nacional da Poltica Nacional do Idoso, ocorrido em 1997.
Nos anos 80, apesar das muitas discusses originadas em torno da questo do idoso, pouca prtica se deu no campo econmico e social, pois se verificou o aumento do nmero de idosos e um decrscimo da qualidade de vida deste idoso. As questes econmico-sociais do Brasil so cada vez mais excludentes, exigindo do Estado uma posio mais efetiva na soluo dos problemas sociais que se agravam com o crescimento da populao idosa, mas que na pratica no se realiza.
As polticas sociais surgem para atender as necessidades emergentes do idoso, que vem imbuda de uma prtica assistencialista e mantenedora do status quo, ou seja, as aes propostas objetivam suprir as necessidades emergentes ou bsicas desta populao, sem nenhum vis transformador da questo social ou econmica que assola o Pas. Neste contexto, os asilos foram alternativas para dar resposta aos problemas sociais do idoso.
No se pode deixar de menciona algumas entidades que ao longo dos anos tm proposto e realizado aes no sentido de contribuir para a soluo de algumas questes relacionadas e velhice, como: Legio Brasileira de Assistncia-LBA (extinta); Servio Social do Comrcio-SESC; Associao Cearense Pr-Idosos- ACEPI; Associao Nacional de Gerontologia-ANG. 14
Hoje no Brasil a realidade social e econmica dos idosos no foi alterada substancialmente. predominante dizer que a famlia o ambiente ideal de integrao e convivncia para o idoso. Entretanto, o Estado no tem dado a contrapartida para o desenvolvimento scio-emocional destes idosos que possibilite a sua autonomia e a melhoria de suas relaes com os diversos grupos sociais e etrios com quem se mantm relaes cotidianas.
As aes governamentais so incipientes em relao demanda e quando no, as aes esto voltadas mesma de anos atrs, ou seja, construo de asilos que no do respostas s necessidades dos idosos, mas os excluem ainda mais do convvio social, da liberdade e dos seus direitos enquanto cidados.
Neste sentido, se faz preponderante uma interveno governamental, como da prpria sociedade civil que d respostas mais efetivas para a melhoria da qualidade de vida dos idosos, propondo portanto uma mudana de paradigmas, ou seja, ter aes menos assistencialistas e mais transformadoras, fomentando o compromisso com o desenvolvimento integral do idoso.
O campo norteador dessa poltica manter o idoso fora do ambiente institucional, atuando na comunidade, sendo um agente crtico e consciente de si enquanto cidado com direitos e deveres, possibilitando a melhoria das relaes familiares e com a comunidade, fortalecendo a auto-estima dos idosos e o melhor convvio social.
Entretanto, se faz fundamental que o governo atue de maneira macro na realidade scio-econmica do pas, pois muitas das questes sociais so originrias da mau distribuio de renda e da mau versao do dinheiro pblico, gerando a excluso social e o aumento da violncia.
A ao governamental precisa ser de carter promocional e no assistencial, mais preventiva do que curativa, proporcionando a melhoria de vida da populao ao longo da existncia e no com aes paliativas, no sentido de atenuar uma realidade 15 conflitante, mas sendo pr-ativo e coerente nas suas atitudes. Neste processo a sociedade civil um grande parceiro para o bem-estar social. A Associao Nacional de Gerontologia, em 1997, no V Frum Nacional de Gerontologia props algumas recomendaes para o poder pblico no sentido do mesmo atuar com maior eficincia na realidade social dos idosos. As reas sugeridas com as respectivas recomendaes para atuao do Estado so: educacional, lazer, novas aprendizagens, sade, promoo e assistncia social, habitao, trabalho, previdncia e seguridade social e preparao para aposentadoria.
As propostas sugeridas pela ANG para as aes do Estado esto pautadas na Lei n 8.842, de janeiro de 1994, que dispe sobre a Poltica Nacional do Idoso, que trouxe avanos significativos, teoricamente, melhoria das condies da pessoa idosa. Entretanto, muito tem a se fazer para torn- la real, ou seja, os problemas sociais que permeiam o Brasil no sero resolvidos somente por desejos, mas, a partir de polticas pblicas e compromisso social dos poderes pblicos com a sociedade e desta na conquista de seus direitos sociais, econmicos e polticos.
1.3 Possibilidades de viver a maturidade de forma plena a partir da conscincia de si mesmo.
A vida em sua essncia feita de fatos simples e cotidianos, e o homem na sua ansiedade e complexidade torna o simples, complexo, afetando a si mesmo e se fragilizando perante as situaes que emergem.
O fato mais cotidiano na vida que o homem a principal referncia dele mesmo com suas atitudes e imagens que constri perante as pessoas. Os pensamentos, palavras e aes so imbudos em sua essncia do que sou, do que semeio para mim e dos frutos que sero colhidos com as definies das minhas escolhas.
O homem interage no mundo diretamente, quando se assume enquanto um Eu no mundo, ou indiretamente, quando se coloca no mundo inconscientemente: as 16 pessoas..., meu pas.... ...inclusive o mais simples olhar, contm um pouco de mim mesmo. (GUARDINI, 1987:11)
Cada pessoa tem seu mapa de mundo e um Eu no universo, que se faz existente com a existncia do outro. No entanto, um Eu incompleto que se constri no dia-a-dia na interao com o outro. Portanto, as pessoas no so prontas e acabadas, mas questionveis e sua complementaridade se faz no respeito e humildade de ser que no absoluto.
O mundo construdo a partir de cada pessoa. O que ocorre no mundo responsabilidade de todos. As atitudes tomadas influem nos outros e inclusive na pessoa que praticou a ao, fazendo parte da sua essncia e exprimindo o que ela .
Aceitar a si mesmo faz parte do crescimento enquanto ser humano. Admitir o que se faz no cotidiano e que de forma positiva ou negativa est atingindo o meio em que se vive o incio da mudana, quando h o reconhecimento de que se faz necessrio mudar algumas atitudes para se chegar ao bem-estar em sua plenitude: psicolgico, emocional, espiritual e social.
Este processo no fcil, pois requer o resgate de valores muitas vezes esquecidos, como o amor, a paz, a tolerncia, a humildade, o respeito, a fraternidade e quantos outros, que podem mudar a vida do homem consigo mesmo e com o outro.
Mudar uma atitude de coragem e requer do homem a aceitao de si mesmo. O auto-respeito e a auto-valorizao permite ao homem a possibilidade de mudana, quando reconhece que um ser inacabado e que pode alcanar a sua plenitude se cultivar os valores, que so essenciais para a vida do homem.
Neste processo de aceitao de si mesmo preciso reconhecer as limitaes e as possibilidades e saber em que caminho se quer percorrer, buscando a plenitude do ser sem alimentar na alma o ressentimento e o tdio que levam baixa auto-estima e a desmotivao pela vida.
17 Na raiz de tudo est o ato de aceitar-me a mim mesmo.... Tudo isso fica especialmente difcil quando tomo conscincia no s das limitaes, mas tambm das carncias e defeitos do meu ser: problemas de sade; perturbaes da estrutura psquica; cargas hereditrias; preocupaes com a situao social e histrica, e assim por diante. (GUARDINI, 1987: 16). O reconhecimento de que os seres humanos so finitos, inacabados e que tambm so seres de coragem, alegria e amor, permite ao homem alar vos em busca da realizao plena.
Quando o homem no reconhece sua finitude, se aceitando como ser absoluto, pleno de si mesmo, mas que no consegue encontrar respostas para os conflitos internos que vivencia, cai na angstia e na desolao, motivos que levam a uma sociedade doente que busca a felicidade, a paz, a beleza no mundo externo, no material, na condio do ter e no do ser.
Os sentimentos de confiana e coragem, so substitudos pelos sentimentos de arrogncia e medo, pelo fato do homem no se reconhecer como ser finito que pleno em valores, e portanto capaz de transformar-se e encontrar a plena felicidade.
...Somente o caminho que parte da aceitao de si prprio leva ao verdadeiro futuro- cada um ao seu. (GUARDINI, 1987:20). Neste processo de aceitao de si o homem para se sentir livre enquanto ser precisa perdoar-se e perdoar ao outro, fazendo o seu prprio julgamento e buscando a paz para o seu corao.
Essa atitude possibilita ao homem mudar comportamentos e crescer enquanto pessoa, interagindo consigo e com os outros de uma forma saudvel e positiva, pois cabe a cada pessoa a responsabilidade pelos seus atos e pelo resultado de suas atitudes. A vida se mostra para cada pessoa como resultado do que foi plantado e cultivado por cada um no jardim da vida, ou seja, da forma como cada pessoa elaborou os acontecimentos do cotidiano.
O homem traz para si a prpria degradao quando faz mau uso dos seus pensamentos, sentimentos e de suas aes. O resgate do auto-respeito se faz necessrio diante das incongruncias e inconsistncias que o mundo apresenta e 18 como parte do universo cada ser responsvel pela histria da humanidade, que pode ser resgatada com o respeito a si prprio.
Aceitar-se a si mesmo pressupe conhecer-se verdadeiramente, ou seja, necessrio que haja o despojamento da arrogncia e prepotncia para abertura simplicidade e humildade de ser quem , que s possvel com a pureza do corao e sobretudo com o amor.
O homem um ser diverso, um ser de mudana, que ao longo da vida passa por vrias etapas, desde o nascimento at a morte. A cada idade vivida h uma nova experincia, ou seja, mudanas que agregam tenso, incertezas, mas tambm crescimento e renovao.
Mesmo diante de tantas mudanas ao longo da vida, o homem um ser nico, pois a diversidade do ser fortalece a sua unidade, a partir do momento que se reconhece enquanto pessoa que faz a sua prpria histria.
As etapas da vida so nicas e devem ser vividas intensamente pelo homem, que s vezes vive momentos marcantes, repletos de emoes que levam de forma positiva ou negativa para o final da existncia, mas precisa se trabalhar em seus valores e formas de ver o mundo.
Conhecer a si o primeiro passo para se alcanar a mudana de sentimentos, pensamentos e atitudes na busca de viver plenamente os valores que vivificam o homem, que fortalece a alma, que elevam a auto-estima e a motivao pela vida.
Conhecer as limitaes e possibilidades do que possvel fazer ou no fazer permite ao homem grandes realizaes, quando tem a maturidade das idias, dos valores que do riqueza ao homem enquanto ser, conseguindo superar suas prprias limitaes.
O homem quando chega fase da velhice percebe que as possibilidades fsicas no so mais as mesmas, mas nem por isso se torna uma pessoa limitada, pois 19 um ser repleto de sentimentos, valores e experincias ricas em subjetividades, onde mora a essncia do homem.
A vida no se resume ao fato de ser novo ou jovem, mas um processo de desenvolvimento e amadurecimento, em que cada fase tem a sua magnitude. Um dos aspectos mais discutveis do nosso tempo a colocao do valor da vida no fato de ser jovem, pura e simplesmente. (GUARDINI, 1987:68).
O caminho positivo para superao da crise consiste na aceitao do envelhecimento como algo natural, mas no no sentido do fim, mas na possibilidade de um ser que se renova a partir de si mesmo, repleto de valores e experincias que se unem ao novo, ao moderno, na perspectiva de uma nova construo e percepo da vida.
Neste sentido, nasce o homem sbio que se reconhece em outro estgio da vida e que aceita a condio natural da existncia. Os significados da existncia no esto interligados somente ao biolgico, fsico ou ao aparente, mas essncia, onde os valores so dons preciosos que do o sentido real da vida e que leva o homem ao no transitrio e efmero.
Descobrir-se neste processo leva o homem a uma velhice plena, pois, liberta- se da priso do ser eternamente jovem para um ser consciente de suas limitaes, mas tambm consciente de novas possibilidades.
A velhice no caracterizada somente por doenas ou limitaes de ordem fsica, biolgica ou psicolgica, mas tambm uma fase de alternativas quando o homem se percebe como um ser que sujeito e no objeto, ou seja, que capaz de transformar e de fazer da vida algo pleno de valores e possveis realizaes.
...enquanto ele for capaz de lanar um olhar sobre sua vida, ter a possibilidade de fazer algo melhor ou pior, tendo, portanto, um dever para consigo mesmo. preciso que saiba que lhe cabe a obrigatoriedade moral de exigir no s dos outros, mas tambm dele prprio. (GUARDINI, 1987: 81).
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Este processo de construo e realizao passa pela aceitao constantemente renovada do que pode ser mudado, de que o outro importante porque se vive em sociedade, de que valores como o amor, o perdo e a pacincia valem a pena serem vividos. Se o homem mantm-se atento a essas questes ao longo da vida, chegar velhice com maior plenitude, com uma mensagem de paz e de que muito se conquistou e ainda tem com o que contribuir, se vendo como um eterno construtor da realidade.
A realidade que o homem poder ser sempre melhor em qualquer fase da vida, se a ele for dada a oportunidade, como tambm e principalmente se ele se d a oportunidade de viver em plenitude, a partir da aceitao de si mesmo, da valorizao do ser e no somente e simplesmente do ter como a nica fonte de felicidade.
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CAPTULO 2- INTELIGNCIA EMOCIONAL: OS 5 PILARES QUE SUSTENTAM O DESENVOLVIMENTO INTELIGENTE DAS EMOES.
2.1- Autoconscincia
Ter conscincia de uma emoo quando ela acontece e no se deixar dominar pela mesma, d possibilidade ao homem de traar novos rumos na sua vida. Conhecer a si mesmo a pedra fundamental da inteligncia emocional, pois permite ao homem voltar-se ao seu interior, estar aberto aos seus sentimentos e pensamentos.
Ser autoconsciente, ter uma ateno voltada ao seu interior e no se deixar dominar pela emoo, mas ser o autor da sua vida, significa manter o estgio auto- reflexivo e perceptivo mesmo em meio s emoes conturbadas ou perturbadoras.
A auto-observao permite que se tenha a conscincia dos sentimentos que surgem. Ser observador de si mesmo, de suas atitudes, sentimentos e pensamentos d o poder de controle sobre as situaes possibilitando mudanas de percurso e aprendizado.
22 Para MAYER (apud GOLEMAN, 1995: 60) Autoconscincia significa estar consciente ao mesmo tempo de nosso estado de esprito e de nossos pensamentos sobre esse estado de esprito, entretanto, ser autoconsciente das emoes e pensamentos no significa ser reativo ou julgador destes estados interiores.
Entretanto, h pensamentos que revelam a autoconscincia de uma forma limitada, quando surgem pensamentos do tipo: no quero me sentir assim , quero pensar em coisas boas ou ainda, no quero pensar nisso.
Ser consciente dos pensamentos e sentimentos um passo para ir em busca da mudana. O fato do homem est em busca de viver melhor e ser feliz um passo fundamental para se alcanar a mudana, mas importante ter claro que a necessidade de mudar somente se efetivar quando h o reconhecimento de si mesmo.
Entretanto reconhecer um sentimento, por exemplo: a raiva, no significa neg- la ou deix- la de lado como se no existisse, mas significa aceit-la, compreend- la, possibilitando assim, no agir movido pela raiva, mas na perspectiva de livrar-se dela, pois o reconhecimento e a aceitao dos sentimentos nos torna superiores e no dominados por sentimentos que podem levar ao fracasso.
MAYER (apud GOLEMAN, 1995) diz que as pessoas tendem a adotar tipos de estilos para acompanhar suas emoes:
1- Autoconscientes- quando entram em algum estado de esprito negativo no ficam ruminando, reconhecem a emoo e procuram tirar solues positivas, ou seja, buscam o aprendizado. 2- Mergulhadas- esto imersas em suas emoes, e so incapazes de super- las, perdendo o controle de suas vidas. Pouco fazem para superar um estado de esprito negativo, acreditando no serem capazes de controlar suas emoes. 3- Resignadas- Embora reconheam um estado de esprito tendem a aceit-lo, no exercendo o poder da mudana. Ex: depressivos.
23 Para se atingir a mudana preciso estar consciente da necessidade da mudana e depois praticar, agir, pois sem ao no h mudana. Ser inteligente emocionalmente faz parte de um aprendizado e nunca tarde para comear.
Em geral as mulheres sentem com mais intensidade as emoes do que os homens. Entretanto, isto no est relacionado a diferenas de sexo, mas ao poder de observao e percepo do real, pois quanto mais ateno se tem aos fatos que acontecem, maior ser a sensibilidade emocional. Neste sentido, existem pessoas que sentem mais as emoes que outras. E ser autoconsciente, passa pela percepo destas emoes e pelo poder de canaliz- las em seu prprio benefcio e dos outros.
Existem pessoas que no conseguem descrever seus sentimentos, no tm palavras para express- los, so as que os psiquiatras chamam de alexitmicos, ou seja, os que tm alexia, que vem do grego e significa a(ausncia), lexis(palavra) e thyms(emoo). Entretanto, estes casos so considerados problemas clnicos e que precisam ser tratados com um tcnico da rea.
Os alexitmicos, aparentemente parecem no ter emoo, no entanto, o problema mais pela sua incapacidade de manifestar e descrever as emoes do que necessariamente a ausncia das mesmas. Falta-lhes totalmente a aptido fundamental da inteligncia emocional, a autoconscincia saber o que sentimos enquanto as emoes se revolvem dentro de ns. (GOLEMAN, 1995: 64).
Definir em palavras os sentimentos que passam no interior ter o poder sobre esses sentimentos. Ter conscincia dessas emoes e saber at onde elas impactam ou podem impactar na sade fsica e psicolgica, um dos caminhos fundamentais para viver uma vida plena.
Na vida preciso constantemente estar tomando decises, pois elas fazem parte do cotidiano das pessoas, em maior ou menor grau. Para serem tomadas preciso no se utilizar somente da lgica e da razo, mas das emoes e da intuio, que nos alertam para as escolhas que precisam ser tomadas. Essas decises no podem ser bem tomadas apenas atravs do uso da razo; exigem intuio e a 24 sabedoria emocional que acumulamos de experincias passadas. (GOLEMAN, 1995: 66).
A autoconscincia fundamental para a intuio psicolgica. Freud, em seus estudos, diz que grande parte da vida emocional inconsciente. Os sentimentos que vivem no interior do homem nem sempre chegam ao nvel da conscincia.
Os primeiros sinais de uma emoo ocorrem quando no se consciente desta emoo, ou seja, em uma situao em que se tem medo de algo, antes que este medo se torne claro no consciente, o corpo j mostra os sinais emotivos atravs do suor que sinaliza um sentimento de ansiedade. Portanto, h dois nveis de emoes, inconsciente e consciente.
Nesta perspectiva, quando se trabalha a auto-percepo, a autoconscincia, ou seja, se tem conscincia das emoes e sentimentos no momento que surgem,ou como um momento desagradvel est impactando na vida e cotidiano das pessoas, pode se ir em busca da superao deste estado de esprito, pois difcil se transformar aquilo que no se conhece, que no tem controle.
As emoes no so boas ou ruins, a diferena est no como so canalizadas, ou o que se estar fazendo com as informaes e estmulos que chegam a nvel consciente ou inconsciente. O aprendizado e crescimento emocional esto neste limiar, o que aprender com a emoo, o que a emoo quer dizer.
Ser consciente emocionalmente passa pela percepo de que a emoo tambm impacta no corpo, que ela se manifesta fisicamente. Na verdade o corpo fala e quer possibilitar um aprendizado de como esto nossas emoes. medida que se toma conscincia deste fato e se mantm mais atento linguagem corporal, ser possvel ter maior poder para a transformao.
Ser autoconsciente estar atento aos seguintes itens:
1- Ter conscincia dos sentimentos, pensamentos e reaes. 2- Estar atento a si, ao estado de esprito e aos pensamentos sobre este estado. 25 3- Perceber as emoes e canaliz- las em seu benefcio e dos outros. 4- No existem emoes ruins, pois possvel aprender com elas quando as utiliza em benefcio prprio e dos outros. 5- Quando se amplia o conhecimento de si mesmo, amplia as relaes com o universo. 6- Reservar um tempo para si e priorizar os tesouros que existem no seu interior.
Para se ter autoconscincia necessrio reconhecer os sentimentos para transform- los, ou seja, no negando os sentimentos que se ter conscincia dos mesmos. Entretanto, a autoconscincia pode ser percebida em trs nveis:
1- Conscincia meditativa- contemplao no reativa e julgadora dos estados interiores. 2- Conscincia reativa- estgio inferior no devo me sentir assim . 3- Conscincia crtica- mais restrita no pense nisso.
A autoconscincia passa pela auto-aceitao e auto-responsabilidade sobre os sentimentos. S possvel transformar um sentimento se o aceitamos, pois no h motivao para a mudana quando no se reconhece um estado interior ou quando se nega este estado.
preciso da mesma forma ser responsvel pelas emoes, pensamentos e aes. O bem-estar ou mal-estar que uma emoo, pensamento ou ao ocasiona em si e no outro responsabilidade individual de cada um.
Cada pessoa responsvel por realizar os seus sonhos e no esperar pelos outros, pois estes podem colaborar, mas o ator principal da vida na perspectiva da mudana o prprio indivduo. No assumir as responsabilidades pelos atos tornar- se vtima e no agir em prol da mudana. Ser responsvel assumir a prpria vida.
A autoconscincia est alicerada em 5 Pilares que do sustentao ao homem, no sentido de se autoperceber para uma possvel mudana:
1- Atentar para os sentidos. 26 2- Prestar ateno nos atos. 3- Entrar em contato com os sentimentos. 4- Identificar as suas reais intenes. 5- Examinar como faz avaliaes.
Estar atento aos pilares da autoconscincia oportunizar a si a mudana de atitudes e de sentimentos, compreendendo que a partir da ateno que dispensada a cada um dos pilares que se chegar a melhor compreenso de si mesmo.
Para tanto, ferramentas podem ser utilizadas para este fim, como fazer o registro dirio das emoes, enfocando as sensaes, os fatos e as causas que levaram a estes sentimentos. Fazer relaxamento, meditao e exerccios corporais na busca da autoconscincia.
Ser consciente das emoes, dos pensamentos e comportamentos, sem neg- los, mas se sentindo responsvel por eles e aceitando-os na busca da superao o primeiro passo para a conquista da inteligncia emocional.
2.2- Administrao das Emoes
Manter o autocontrole e suportar o turbilho das emoes tem sido considerada uma grande virtude, diante da realidade posta no mundo moderno. Ser inteligente e sbio na conduo da prpria vida possibilita dar saltos qualitativos na busca da felicidade.
Administrar as emoes no significa a supresso das mesmas, mas o equilbrio na sua conduo. Como Aristteles observou, o que necessrio a emoo na dose certa, o sentimento proporcional circunstncia. As emoes so um despertar para a autoconscincia e sua finalidade lev-lo a fazer uma pergunta, a esclarecer coisas, a descobrir e ampliar suas habilidades, a agir ou tomar uma posio. (COOPER, 1997:57). 27
Para administrar uma emoo necessrio ter conscincia da mesma, identific- la primeiramente, para ento poder agir de forma a redirecionar a ao para algo construtivo que traga o bem-estar e o equilbrio das emoes e conseqentemente a melhoria das relaes inter e intrapessoais, fortalecendo o nvel de confiana e respeito.
Manter sob controle as emoes que afligem o homem fundamental para o seu bem-estar. Isto no significa que as emoes devam somente ser positivas , mas toda emoo traz um aprendizado e possibilidades de mudana e crescimento, mas para isto preciso saber identific- la, aceit- la e administr- la para o alcance desse bem-estar to desejado.
Controlar as emoes e obter o bem-estar pode estar relacionado com pequenas atitudes, como: ler um bom livro, assistir a bons filmes e programas ou manter bons relacionamentos. Outra forma de administrar as emoes pode ser procurando ajuda de profissionais.
Por conta de um fato o homem pode ser tomado pelo sentimento da raiva, mas, se deixar fluir pensamentos construtivos buscando compreender o outro, poder manter sob controle a indignao. Muitas vezes a raiva abafada e ignorada., no entanto importante valoriz- la e ouvi- la, pois ela pode ser um termmetro indicador da necessidade de mudana. Como disse BENJAMIM FRANKLIN (apud GOLEMAN, 1995: 72) a raiva nunca sem motivo, embora raramente um bom motivo.
O sentimento da raiva um dos mais sedutores, pois leva o homem em um primeiro momento a sentir-se energizado, e o que a provoca a sensao de estar em perigo. Entretanto, o perigo no caracterizado somente como uma ameaa fsica, mas uma ameaa dignidade humana.
A raiva pode ser crescente a partir de estmulos que se recebe, como em um filme ou uma cena desagradvel que transmita injustia. Mas tambm ela pode ser controlada, quando se tem conhecimento dos reais motivos que levaram algum a 28 agir de determinada maneira, podendo passar para sentimentos de piedade, solidariedade e respeito.
Quando algum se deixa dominar pelo sentimento da raiva, se age pelo impulso, as atitudes podem ser as mais inadequadas, levando ao arrependimento e a uma possvel ansiedade ou depresso. O ideal controlar a emoo, sabendo administr-la, pois quando no se percebe a necessidade de reelabor-la pode agir impulsivamente com a pessoa errada, pelo motivo errado e no momento inoportuno.
Para manter a calma diante de um sentimento de raiva, uma das estratgias poder ser buscar um local que transmita paz, alegria e que distancie a pessoa do ambiente e das outras pessoas que lembrem o fato.
ZILLMANN (apud GOLEMAN, 1995: 76) constata que a distrao um poderosssimo artifcio moderador do estado de esprito, por um simples motivo: difcil continuarmos zangados quando estamos nos divertindo. Entretanto, necessrio esfriar a raiva e depois de uma maneira construtiva e assertiva, enfrentar a situao, ou seja, resolv-la.
Quando se deixa dominar por sentimentos de medo e ansiedade e estes passam a ser fortes bloqueadores da criatividade e pr-atividade, se perde a oportunidade de conquistas, fortalecendo relaes de desconfiana e insegurana.
Para que existam relaes de confiana e respeito preciso agir na busca do bem-estar coletivo. De acordo com WASHINGTON (apud COOPER, 1997:62) toda ao feita na presena de outras pessoas deve ser praticada com algum sinal de respeito aos que esto presentes. Esta atitude levou-o a valorizar-se e valorizar os outros, buscando est alerta as emoes e necessidades do outro, na perspectiva da harmonia.
Um sentimento se torna hostil quando no se tem controle sobre ele, pois na verdade o fato de como reagimos a um determinado sentimento que nos leva ao bem ou mal estar. A forma como recebemos uma emoo pode ser um canal de oportunidades ou de ameaas que sufocam. Para ter sucesso, precisamos canalizar 29 e controlar essas energias e, sempre que possvel, dirigi-las para alguma coisa construtiva. (COOPER, 1997:62).
Para COOPER (1997), no so somente atravs dos pensamentos, mas tambm das emoes que aprendemos a ouvir, esclarecer, valorizar, mudar, inovar, considerar as pessoas. Mas para isto preciso no se deixar dominar por sentimentos hostis ou que possam nos levar a desmotivao, mas entender a mensagem que este sentimento quer transmitir e agir positivamente para o alcance dos objetivos, ou seja, preciso ser responsvel pelos sentimentos, pensamentos e atitudes para sentir-se tambm responsvel para a mudana.
Para se administrar s emoes ou sentimentos hostis algumas atitudes podem ser tomadas com este sentido:
1- Fazer movimentos corporais, pois a fisiologia muda psicologia; 2- Transformar as palavras e expresses, visto que elas podem transmitir alegria ou dor; 3- Fazer relaxamento e meditao, pois proporcionam o equilbrio do fsico e psquico, acalmando as excitaes; 4- Criar uma cadeia de pensamentos positivos estar atento aos dilogos internos; 5- Assistir a bons filmes; 6- Fazer tarefas que vinham sendo adiadas; 7- Chorar quando para liberar os sentimentos, mas quando provoca a ruminao alimentando ainda mais a hostilidade, traz o sentimento de infelicidade; 8- Criar situaes de humor e alegria.
TRUNGPA (apud GOLEMAN, 1995: 78) mestre tibetano disse que a melhor maneira de controlar a raiva ou sentimentos hostis no eliminando-os, mas no agir com base neles, ou seja, querer eliminar a raiva incentivando o sentimento da raiva prolongar o seu estgio e no exatamente elimin- la.
Para o controle eficaz das emoes necessrio basicamente que se esteja atento aos pensamentos, sentimentos, comportamentos e a fisiologia, pois um alimenta o outro, ou seja, se a postura e expresso corporal modificada vai influir 30 nos pensamentos e sentimentos, como tambm, se o crebro alimentado por pensamentos construtivos o corpo se sentir mais relaxado e o comportamento e postura sero modificados. Seguir este caminho se dar oportunidade de viver melhor.
2.3- Auto-motivao
A pessoa sobre um forte impacto emocional pode perder a razo e no ter conscincia de seus atos. A ansiedade, o mal- humor, a desesperana possibilitam ao homem o refgio em si mesmo, em seus sentimentos, tirando- lhe a capacidade do raciocnio e de ver a soluo para as situaes emergentes.
Os sentimentos interferem sobremaneira no que se deseja fazer desviando a ateno para outros pensamentos e aes que no os inicialmente propostos. Quando as emoes fluem de forma a elevar a auto-estima, ou seja, os sentimentos so de alegria, entusiasmo, confiana, cuidado e persistncia, os pensamentos e as aes fluem em busca da meta, do trabalho proposto e a conquista se evidencia mais prxima.
A motivao pelo que se faz um pressuposto para se obter o sucesso na vida, este de uma forma plena e no somente na esfera financeira. As caractersticas emocionais das pessoas so fortes condutores realizao ou insatisfao diante dos revezes da vida.
Ser inteligente emocionalmente possibilita ao homem administrar com eficcia suas emoes e canaliz- las para o seu bem-estar e felicidade, interferindo de forma positiva nas esferas da vida para o alcance das metas propostas.
Para se alcanar s metas, s vezes se faz necessrio adiar os impulsos que em um determinado momento poderiam prejudicar o alcance das mesmas, necessitando portanto trabalhar a pacincia e a perseverana para alcanar as metas propostas.
31 Para se manter motivado preciso saber esperar, aguardar o momento oportuno para agir, e assim, agir com sabedoria e no com impulsividade ou irracionalidade. Saber administrar as emoes, cont- las, um dos passos para se manter motivado.
Apesar da palavra emoo ter em seu significado mover-se e neste sentido as emoes levam geralmente a uma ao, possvel o homem conter os seus impulsos, utilizando suas capacidades, ou seja, ser inteligente emocionalmente.
Uma das emoes que prejudica o desempenho e o alcance das metas e pode levar a desmotivao a ansiedade, que em um grau elevado dificulta o raciocnio e a percepo da realidade pela ocupao da mente de algo que no real, mas imaginrio, criado pelo nvel de ansiedade e preocupao. Entretanto, uma baixa ansiedade poder acarretar pouca energia ou desmotivao para concretizao de uma meta ou objetivo proposto.
As emoes quando no administradas ou fora de controle podem levar a resultados inimaginveis, causando desde uma desmotivao at a doenas psquicas, levando ao no alcance dos objetivos ou mesmo a no clareza destes objetivos. WALTER MISCHEL (apud GOLEMAN, 1995: 96) em seus estudos verificou que a Inteligncia Emocional tem como um de seus papis a capacidade de atingir metas, determinando como as pessoas podem empregar bem ou mal suas outras capacidades mentais.
Emoes como o riso, a descontrao, melhoram o estado de esprito e possibilitam ao homem solues criativas e maior fluidez nos pensamentos e na tomada de decises, ao contrrio da ansiedade, que embota os pensamentos e a capacidade criativa.
Para atingir as metas estabelecidas preciso ter confiana em si mesmo, acreditar que o alcance das metas inevitvel, ter esperana e ser determinado para o alcance dos resultados, mas tambm ser flexvel quando as circunstncias assim exigirem. Desta forma, o homem estar sendo inteligentemente hbil e sensato diante da vida e mantendo-se firme diante dos reveses que se apresentam. 32
Ser inteligente emocionalmente se permitir a manter estados de esprito que possibilitem alavancar a vida de uma forma positiva, no se deixar dominar por sentimentos e pensamentos que rebaixam a auto-estima e auto- motivao, mas por sentimentos e pensamentos que elevem o homem ao estgio sublime de bem-estar e felicidade.
O otimismo considerado um dos sentimentos que permite ao homem transpor dificuldades, pois uma atitude que protege as pessoas da apatia, desesperana ou depresso... (GOLEMAN, 1995: 101). Entretanto, deve-se ser realista diante da vida para que as frustraes no sejam motivos para a baixa auto- estima e desmotivao.
Pessoas motivadas tm grandes chances de superar as dificuldades e desolaes da vida por verem os insucessos como um aprendizado e no como derrotas, ou seja, vem os problemas como oportunidades de crescimento. Neste sentido, o que diferencia uma pessoa motivada para uma desmotivada a maneira de interagir com a situao problema .
Nesta perspectiva, inteligncia em seu sentido amplo no medida somente pelo coeficiente de inteligncia- QI, mas pelo coeficiente emocional- QE, pois no basta ser capaz em determinado assunto ou rea do saber, mas ser capaz de superar uma frustrao, pois os autos e baixos da vida faz parte da existncia humana, a diferena est no modo como reagimos a eles na perspectiva de superao.
As emoes so fundamentais no processo de superao das dificuldades como para manter a motivao para o alcance das metas. Quanto mais se tm sentimentos de confiana e otimismo mais se alcana o sucesso, mas quando o homem se deixa dominar por sentimentos de fracasso e derrota, mais distante de alcanar os resultados esperados. Portanto a inteligncia emocional perpassa pelo saber se auto-motivar para se sentir bem e feliz diante das situaes cotidianas.
Um dos pontos para a auto- motivao o estado de fluxo que leva o homem a mergulhar na tarefa, ou seja, no que est fazendo, sem perceber o mundo a sua 33 volta, canalizando todas as emoes e sensaes para o desempenho de uma ao. A capacidade de entrar em fluxo inteligncia emocional no ponto mais alto; ....No fluxo, as emoes no so apenas contidas e dirigidas, mas positivas, energizadas e alinhadas com a tarefa que est sendo realizada (GOLEMAN, 1995: 104).
O estado de fluxo permite ao homem ter um controle da situao ou da tarefa a que se props. Entretanto, perde a conscincia de si mesmo devido ao seu estado de absoro e entrega, mas sem perder o controle da tarefa que a sua meta primeira.
Uma tarefa que exija pouco ou demais de uma pessoa pode gerar sentimentos de tdio e ansiedade que dificultam o estado de fluxo. Portanto, o fluxo para ser alcanado se faz necessrio que a ateno esteja relaxada, pois ele se encontra no limiar entre o tdio e a ansiedade.
A concentrao em uma determinada atividade e a facilidade em mergulhar no que est realizando tem maior possibilidade de acontecer quando se conhece o processo que leva ao alcance da meta e quando se est empenhado em uma tarefa em que o prazer o ponto mximo.
Nesta perspectiva, se pode verificar que vrias so as possibilidades de se permitir a automotivao e que o estado de fluxo o cume deste processo. Portanto, esteja atento aos itens abaixo para manter sua motivao em alta: 1- Ter clara a misso de vida; 2- Manter a determinao e a perseverana nas metas; 3- Conter os impulsos; 4- Manter o entusiasmo, a confiana e a esperana; 5- Controlar a ansiedade e a preocupao.
2.4-Empatia
34 Quando falamos em empatia o mesmo que falarmos em rapport que tem como significado o relacionamento que se mantm com outra pessoa de forma harmoniosa, onde a comunicao verbal ou no verbal entra em ressonncia e similaridade.
Na comunicao se pode enfatizar as diferenas ou as semelhanas com quem se comunica, sendo que a comunicao ocorre a nvel consciente e inconsciente. O homem em suas relaes utiliza mais a mente de forma inconsciente do que consciente. Na verdade se tem conscincia dos atos em 5% a 9%, ficando 95% a 91% dos atos do homem ao nvel do inconsciente.
O inconsciente responsvel por detectar as semelhanas e similaridades com os outros, com os lugares ou coisas, independente de serem prazerosas ou no. Neste sentido, quando se busca enfatizar no outro as semelhanas que causam prazer e conforto, as resistncias so reduzidas havendo uma grande possibilidade de se entrar em sintonia com a pessoa com quem se comunica, mas quando as diferenas so enfatizadas no ser possvel fazer empatia com o interlocutor.
Para se fazer empatia necessrio que se respeite o mapa de mundo do outro, suas verdades, seu estilo, sem no entanto aceit- los como seus. Tambm pode se manter a comunicao com base nas similaridades, no que comum entre o mensageiro e o receptor. Esse comportamento d maior possibilidade do outro se perceber e agir para a mudana quando a nfase dada nas similaridades e no nas diferenas.
Uma tcnica utilizada para se fazer empatia ou rapport a da recapitulao verbal, ou seja, se confirma o que o outro diz com a expresso de que entende o que o outro sente. Desta forma, oportuniza o contato com o processo interno da pessoa, gerando um clima de confiana e receptividade.
Esta tcnica possibilita reduzir as resistncias e facilitar a comunicao, levando a reflexo sobre atitudes e comportamentos assumidos, com vistas mudana. Segundo CHUNG (1999) a recapitulao verbal pode acontecer em quatro nveis: 35
Nvel I- recapitular as palavras e expresses lingsticas faladas; Nvel II- recapitular o significado que as palavras procuram transmitir; Nvel III- recapitular as emoes implcitas nas palavras e no tom de voz; Nvel IV- recapitular as palavras quanto aos significados e as emoes implcitas.
O nvel IV o mais profundo dos nveis porque utiliza a razo e a intuio, ou seja, o hemisfrio esquerdo e o direito do crebro respectivamente para compreender os sentimentos do outro com os seus significados e com os resultados proporcionados pelos mesmos.
A empatia o meio com que se mantm um bom nvel de comunicao com o outro pela forma de se relacionar com ele, ou seja, procura-se no dilogo, na interao, igualar-se a outra pessoa no comportamento verbal e no verbal, a partir da percepo do mapa de mundo do outro, respeitando as diferenas.
Da mesma forma que o rapport e a empatia, o espelhamento tem o mesmo significado. Espelhar algum ajustar-se ao seu comportamento, podendo interagir em relao ao humor, linguagem corporal e verbal e caractersticas vocais.
Neste sentido, possvel espelhar qualquer parte do comportamento do outro e quando houver a sintonia possvel conduo deste comportamento, mudando posturas e procedimentos, ou seja, proporcionando ao outro novas atitudes. Espelhar nada mais do que uma comunicao no verbal feita diretamente para o interior da outra pessoa com este significado: Veja, temos algo em comum! Estou com voc! Estou prestando ateno em voc. (CHUNG, 1999: 142).
A empatia busca a harmonia das relaes interpessoais, o vnculo positivo entre as pessoas e se d de forma sutil, mas atinge fortemente os nveis inconscientes do crebro, possibilitando a mudana e a tomada de deciso de maneira mais assertiva. Portanto, a empatia busca afunilar as semelhanas e afinidades das relaes, atingindo o nvel inconsciente da mente.
36 O rapport, espelhamento ou empatia para acontecer de forma segura ou eficiente preciso que se esteja atento ao interlocutor no que diz respeito ao seu ritmo e tom de voz, a sua respirao e postura e com discrio acompanhar os movimentos percebidos.
Espelhar a respirao a forma mais difcil de se estabelecer empatia, pois requer capacidade para no captar os sentimentos negativos provenientes do outro, ou seja, no se deixar contaminar , alm de ser desconfortvel acompanhar um ritmo respiratrio mais lento ou acelerado que o habitual.
Em relao voz preciso estar atento ao ritmo e tonalidade do interlocutor e sutilmente acompanh- lo, criando um ritmo harmnico na relao. Alm do que importante estar atento postura do outro, se colocar no mesmo nvel. Ex: em p ou sentado, coloque-se na mesma posio.
Entretanto, para se manter a empatia no necessrio que qualquer movimento seja repetido, pois isto no mmica, mas um leve movimento poder ser feito e esta atitude chegar ao crebro do outro de forma inconsciente, estabelecendo a harmonia na comunicao com o interlocutor.
A empatia para se estabelecer pode levar alguns segundos ou poucos minutos. Aps a sincronizao a comunicao fluir normalmente, sem que seja preciso fazer o acompanhamento das atitudes do outro a todo instante, mas apenas viver este momento positivamente.
Entretanto, preciso estar atento para perceber qualquer alterao ou desalinhamento na comunicao, para que se possa retornar a empatia a partir das vrias formas de espelhamento, pois uma das melhores maneiras de conduzir bem a comunicao sincronizando os movimentos corporais, gestuais ao do interlocutor.
Para estabelecer a empatia preciso ir alm da congruncia fsica ou gestual, preciso ter congruncia moral, preciso ser tico e honesto nas palavras e aes. Isto significa que no preciso concordar com o que o outro diz, mas respeit- lo em 37 suas opinies ou concordar com o que realmente se acredita, alinhando-se ao outro para obter um bom relacionamento.
Neste sentido, se estar transmitindo uma comunicao eficaz com o interlocutor e estabelecendo a empatia e construindo positivamente relacionamentos de confiana e respeito.
2.5. Sociabilidade
Socializar-se com as pessoas est alm do fato de relacionar-se com elas. A socializao est em entender os sentimentos e comportamentos do outro e agir de forma a interagir com estes sentimentos. Poder exercer controle sobre as emoes do outro a essncia da arte de relacionar-se. (GOLEMAN, 1995: 125)
Para se chegar ao nvel da socializao se faz necessrio duas condies: o autocontrole e a empatia. A sincronia com o sentimento do outro exige que a calma e a pacincia sejam aliadas nesta trajetria. Entender o outro sem utilizar dessas ferramentas se torna no mnimo pesaroso, portanto, o controle das prprias emoes imprescindvel.
Neste processo, a empatia uma outra grande aliada, pois faz com que o interlocutor entenda a dor e o sentimento do outro, o momento por qual est passando. Viver a socializao, a relao fluidificante no relacionamento interpessoal, alm de gratificante, fortalecedora, pois permite ao homem a construo de valores que possibilitam a cada dia o amadurecimento das emoes e o respeito a si e aos outros.
A expresso dos sentimentos, das emoes um diferenciador nas relaes sociais, pois a forma de express- los poder fortalecer ou enfraquecer os vnculos. necessrio saber o momento certo e a forma adequada de expor os sentimentos, este um grande diferencial na competncia social.
38 Saber expressar os sentimentos e perceber os sentimentos ou momento do outro um fator de inteligncia emocional. Manter um contato inteligente com as pessoas implica em ter claro at que ponto as emoes demonstradas podem impactar no outro de forma positiva ou negativa, pois as emoes causam um impacto e este depender da habilidade na expresso desses sentimentos.
A relao entre as pessoas, dependendo da sincronia no relacionamento, pode afetar o estado de esprito do outro. Quando se quer mudar o estado de esprito de algum se deve agir empaticamente, buscando na atitude fsica ou expresso corporal um grande aliado para interferir no bem estar ou mal estar da pessoa com quem interage, pois o contgio emocional acontece subliminarmente no contato social.
A eficincia interpessoal transcorre na habilidade em saber sincronizar-se com o estado de esprito do outro, perceber e entender o sentimento das pessoas com quem se relaciona. Interagir na busca da congruncia com as emoes das pessoas, ser capaz de transmitir e receber emoes um grande passo para influir no estado de esprito do outro e na arte de socializar-se.
Na arte de socializar-se HATCH e GARDNER (apud GOLEMAN, 1995:131) consideram importante quatro aptides nas relaes interpessoais:
1- Organizar grupos- esta aptido est relacionada aos grandes lderes, pois envolve a conduo de pessoas respeitando os seus esforos;
2- Negociar solues- saber mediar e resolver conflitos;
3- Ligao pessoal- criar empatia, percebendo e reagindo conforme as emoes e preocupaes do outro.
4- Anlise social- detectar e intuir os sentimentos das pessoas, buscando o conhecimento dos sentimentos do outro.
Pessoas com estas aptides esto propensas a serem grandes lderes, pois facilitam os processos humanos, tem uma relao interpessoal contagiante pela 39 sensibilidade em perceber os sentimentos das pessoas. Neste processo, so conhecedores de si mesmo e sabem administrar suas emoes.
Para ser inteligente socialmente preciso alm das habilidades citadas, ser congruente com o que fala e faz, como tambm com os seus sentimentos, com a sua realidade interna e o que externa para os outros. Pessoas que mascaram o que realmente so, esto propensas a criar uma falsa relao de sociabilidade, que facilmente se rompe pela inconsistncia da integridade pessoal.
Para se ter habilidades sociais deve se iniciar na tenra idade orientaes e informaes sobre atitudes eficientes de comportamento. No basta s pessoas terem nveis altos de inteligncia intelectual, ser um cobra em um determinado assunto, mas preciso saber se relacionar com as pessoas para viver em harmonia social.
Hoje o coeficiente intelectual (QI) no atende mais as necessidades humanas, ou seja, ele isoladamente no d mais respostas s demandas emergentes na sociedade. Para ser bem sucedido no meio de tantos desconfortos e injustias existentes na atualidade necessrio que ao coeficiente intelectual seja agregado o coeficiente emocional.
Neste entendimento, a arte de viver em sociedade, um dos pilares da Inteligncia Emocional um dos grandes passos para viver em harmonia consigo e com os outros e ganhar espaos de crescimento pessoal e profissional. Portanto, importante que ainda na fase infantil se aprenda a expressar e interpretar emoes que se fazem presentes em cada gesto e ao, ou seja, aprendendo a se conhecer que se aprende a entender os sentimentos do outro. Deve-se ter claro que na vida tudo se aprende atravs da integralizao de novos conhecimentos e novas aes.
As pessoas com habilidades de socializao tm a competncia de perceber, interpretar e responder a sinais emocionais dos outros e agir de forma a fortalecer as relaes interpessoais, ou seja, respeitam o direito das pessoas e mostram-se solidrias e interessadas pelo que elas fazem, agindo com base no que do interesse do outro e assim fazendo suas sugestes e at mudando o percurso, mas de forma que o relacionamento se mantenha fortalecido, com base no respeito e amizade. 40
A arte de viver em sociedade requer a sabedoria em influenciar pessoas em suas emoes e colocar-se no lugar delas, possibilitando a mudana de humor e a melhoria dos sentimentos. Reverter um sentimento de dor e dio, por sentimentos de alvio e paz alcanar o auge da sociabilidade humana.
A sociabilidade poderia ser definida como a arte de lidar com as emoes do outro e para tanto se faz necessrias quatro caractersticas pessoais:
1- saber se comunicar eficaz e profundamente; 2- saber analisar e compreender relacionamentos; 3- ser cordial; 4- saber solucionar conflitos;
Sociabilidade a capacidade de convivncia entre as pessoas, respeitando as diferenas e compreendendo as emoes que fluem no outro na possibilidade da interao positiva em proveito de todos.
Os relacionamentos so fortalecidos quando as emoes que emergem no momento da interao so respeitadas e bem conduzidas, primando pela valorizao do outro e respeitando os prprios sentimentos.
A comunicao uma das caractersticas pessoais importantes no processo da sociabilidade, pois a todo o momento h comunicao entre as pessoas, consciente ou inconsciente, atravs de sinais emocionais que se expresso atravs de atitudes corporais, vocais e visuais.
A comunicao profunda vai alm do aparente, quando busca trazer luz da conscincia as emoes que permeiam o interior do homem e portanto esto alm das palavras.
Para que a sociabilidade seja atingida preciso que os quatro primeiros pilares da inteligncia emocional estejam em sincronia nas mentes e coraes das pessoas.
41 Ser autoconsciente, saber administrar as emoes, ter automotivao, ser emptico e ter a arte de socializar-se possvel com a construo diria de novos hbitos, conscientes de que as mudanas so fomentadas a cada dia com uma atitude concreta e real, a partir da sincronia entre pensamentos, sentimentos e aes.
Para tanto se faz necessrio utilizao das ferramentas da inteligncia emocional para o alcance da mudana, que podem ser vistas nos anexos deste trabalho.
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CAPTULO 3- VIVENDO OS ANOS DOURADOS LUZ DOS 5 PILARES DA INTELIGNCIA EMOCIONAL
3.1- Despertando para novos hbitos de vida: projeto de interveno com pessoas da maturidade.
O homem no corre-corre do dia a dia tem esquecido de valorizar-se enquanto ser e priorizado o ter como a nica forma de sobrevivncia e felicidade. Neste processo de estresses, onde os cuidados com os sentimentos, as emoes, as sensaes do corpo e os valores que enobrecem o ser em suas relaes intra e interpessoais so esquecidos, as pessoas tem encontrado descontentamento e infelicidades.
Para se viver a vida em plenitude necessrio associar o trabalho com o prazer e com os cuidados essenciais da vida atravs de elementos que favoream um envelhecer saudvel e para tanto se faz necessrio mudar hbitos, onde os pensamentos, sentimentos e emoes so vistos como partes importantes no processo de crescimento do homem.
A afetividade quando cultivada na busca do verdadeiro amor, da paz e solidariedade humana, enobrece a vida das pessoas proporcionando maior vitalidade, sade e uma sobrevida mais feliz e harmoniosa.
43 Pensar o homem v- lo em sua inteireza, corpo, mente e esprito, repleto de emoes e subjetividades e portanto necessrio que se leve em conta no somente o fsico mas tambm tudo que compe e fortalece a vida humana para se chegar a uma vida plena no sentido mais nobre do ser.
Durante a vida o homem se volta para as obrigaes dirias e quando muito com os cuidados com a esttica do corpo e esquece de cuidar do ser. algum de idade que esteja energtica, psquica e espiritualmente harmonioso e estvel desfruta mais sade que um jovem bonito musculoso que se rendeu s sombras do vale. (HERMGENES: 1998,16)
preciso que as pessoas desde a tenra idade tenham o direito de viver mais a sua essncia, os valores humanos e aprendam a valorizar o ser e no o ter, pois a essncia da vida est no desenvolvimento de valores espirituais e no de contra valores que querem exprimir no material a essncia do homem.
Quando as pessoas comearem a praticar as suas qualidades inatas, como a paz, o amor, a pureza, a felicidade e o poder, conquistaro uma vida mais plena e digna de ser vivida.
Neste sentido, para se chegar a uma vida mais saudvel os cuidados com a sade devem iniciar cedo e passa pelos cuidados fsicos, alimentares, espirituais, sentimentais, psicolgicos e emocionais. Mas no quer dizer que mesmo na terceira idade no se possa dar um novo rumo vida.
Quando h o verdadeiro propsito de mudar, de superar o declnio e subir a montanha, possvel o renascimento de um novo homem, pois se assim no fosse se estaria negando a existncia da alma, do psiquismo e restringindo o homem ao material e efmero.
Os anos dourados da vida se faz presente quando o homem se d oportunidade de seguir novos rumos e d um novo sentido vida, onde at ento era movido pelo estresse do cotidiano. Esta nova etapa deve estar recheada de energias 44 positivas e para tanto preciso trabalhar a essencialidade do homem, esquecida e alijada no processo do rumo sobrevivncia.
possvel resgatar e superar o que foi esquecido e viver uma nova vida. A terceira idade no a fase da decadncia, mas da possibilidade da ascenso, quando assim se acredita e capaz de reconhecer que ao homem foi dado o poder de vencer. a fase mais propcia para se escapar do vale e galgar o alto da montanha, para uma verdadeira superao humana. (HERMGENES: 1998, 13).
Neste sentido que se prope um trabalho com idosos, levando-se em conta os cinco pilares da inteligncia emocional como ferramentas para se atingir este fim. No entanto, no se tem a pretenso de solucionar os problemas das pessoas, mas dar- lhes a oportunidade de tomar outras atitudes diante da vida.
3.1.1- Metodologia
O trabalho a ser desenvolvido com pessoas da maturidade se prope a possibilitar aos idosos uma nova perspectiva diante da vida, vendo-a como uma fonte inesgotvel de alegrias, de paz e equilbrio fsico, psquico, emocional e espiritual. Bastando para tanto ver a vida com os olhos do Ser positivo, sbio e que capaz de dar novos rumos vida a partir da incorporao de novos hbitos, que no dependem de idade, mas da vontade do querer fazer e do fazer.
As atividades sero desenvolvidas de forma ldica, buscando a integrao, a positividade e harmonizao grupal como meio para se atingir a qualidade humana do grupo e para tanto algumas ferramentas da inteligncia emocional (KOZINER: 2000) sero utilizadas, como os cinco pilares da autoconscincia, o relaxamento, os pensamentos automticos e os dilogos internos construtivos, o poder das palavras, conscincia corporal, posies perceptivas e outras como a risoterapia, musicoterapia e o canto (HERMGENES: 1998).
45 Estas ferramentas sero abordadas nos anexos, juntamente com o plano de aula elaborado para ilustrar o que seria o trabalho a ser desenvolvido com as pessoas da maturidade, no sentido de enriquecer o trabalho e possibilitar a sistematizao das aes e fazer dos conhecimentos adquiridos uma ao concreta no cotidiano das pessoas.
As atividades a serem desenvolvidas sero inicialmente voltadas para um grupo de 15 idosas da Casa de Nazar (entidade com fins filantrpicos da Congregao So Vicente de Paulo), na faixa etria de 50 a 90 anos. Os encontros sero quinzenais, aos sbados pela manh das 9 s 11 horas. Algumas das idosas no so alfabetizadas o que implica em aplicar uma metodologia de trabalho condizente com esta realidade.
A Casa de Nazar tem um quantitativo de 53 idosas, sendo que maior parte delas encontra-se com a sade j comprometida, sem condies de participar das atividades e outras so resistentes s atividades sugeridas. Esta anlise se refere a outros trabalhos realizados na Casa de Nazar, com profissionais das universidades onde um nmero pequeno de idosas participam.
O trabalho sugerido ter incio em fevereiro de 2003 e ser necessrio para a realizao do mesmo uma sala ampla com cadeiras, som, TV e vdeo, textos e material de expediente como, papel ofcio e A3, lpis de cor, etc.
Com este trabalho se acredita ser possvel dar condies s idosas de refletirem sobre a importncia da mudana de hbitos para uma vida mais feliz, com harmonia, amor e respeito, a partir da percepo de si mesmo como princpio para renovao de comportamentos e valores apreendidos at ento.
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CONCLUSO
A inteligncia emocional hoje, dentro do processo de evoluo do conhecimento um instrumento muito importante para se trabalhar as questes internas e externas do indivduo que passa por momentos de mudanas aceleradas no campo tecnolgico, econmico e social, onde o estresse do dia a dia impulsiona o homem a procurar alternativas de viver com melhor qualidade de vida.
Neste contexto, onde os valores e as relaes humanas sofrem alteraes pela sobreposio do ter em relao ao ser, a inteligncia emocional vem possibilitar novas reflexes, em que possvel ter uma vida feliz e harmoniosa a partir da conscincia de si mesmo, da administrao das emoes, da auto- motivao, da empatia e da sociabilidade que poder dar novos rumos a vida das pessoas, quando estas buscarem novas alternativas de vida.
Neste processo de reconstruo do eu interior, est a prtica de valores que engrandeam o homem enquanto ser, como a simplicidade, a humildade, a solidariedade, a tolerncia, o respeito, a pacincia, a sabedoria que reconstruiro a sociedade com valores que a humanidade procura e muitas vezes no encontra, como a paz , o amor e a felicidade, que na realidade esto dentro de cada pessoa e precisa somente ser vivido.
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Portanto, viver em plenitude deixar para traz o homem velho e reconstruir um homem novo, viver a verdadeira espiritualidade e os valores humanos e assim resgatar o ser que por vrios motivos foi esquecido.
Neste sentido, possvel ver os anos dourados no como o fim, mas um novo comeo, onde reconstruir uma vida nova, diferente, plena de graa e sabedoria depende de cada um, da semente que se quer plantar no ntimo do ser e dos frutos que se quer colher, pois nunca tarde para fazer acontecer, para tomar uma atitude diferente e se viver plenamente.
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ANEXOS
49 ALGUMAS FERRAMENTAS DA INTELIGNCIA EMOCIONAL
Os Cinco Pilares da Autoconscincia
1- Atente para os seus sentidos
Procure observar no dia a dia o que est ao seu redor, utilizando-se dos sentidos viso, audio, olfato, tato e paladar como instrumentos de percepo muito importantes. Ser que voc utiliza bem os seus sentidos ou tira concluses apressadas das situaes. Como est o seu poder de auto-percepo e de percepo do outro.
Ser que voc um bom ouvinte. Quando estiver interagindo com algum procure se certificar que realmente entendeu o que lhe foi dito, partilhando com o outro o que compreendeu, para evitar mal entendidos. Ou ainda use expresses de ateno como estou entendendo, mesmo e ainda afirmaes de sentimento como eu percebo e sinas no verbais que possibilite ao interlocutor que voc o est escutando.
2- Preste ateno em seus atos
importante que esteja atento s suas atitudes no seu cotidiano. Ser que voc tem conscincia dos seus atos, do seu modo de falar, dos seus gestos, da expresso do seu corpo quando est interagindo com outras pessoas? As suas atitudes esto repletas de sentimentos e nelas voc expressa o que sente, mesmo que inconsciente. Faa das suas atitudes uma ao consciente.
3- Entre em contato com os seus sentimentos
Os sentimentos so reaes emocionais espontneas s interpretaes e expectativas que criamos em relao ao que experenciamos ou que poderemos experenciar. Perceber os sentimentos como raiva, amor, tristeza, alegria, ressentimento e tantos outros podero nos fazer agir de forma diferente conosco e com os outros, visto que os sentimentos interferem no humor e na auto-estima.
Os sentimentos precisam e devem ser sentidos e no negados, mas tambm podem ser transformados ou reelaborados na busca de uma melhor qualidade de vida. As atitudes que expressamos ou sensaes que sentimos exprimem sentimentos, como uma dor de estmago pode expressar nervosismo, o balanar as pernas pode ser ansiedade ou apertar os braos de uma cadeira pode significar que est com raiva.
50 4-Identifique suas intenes
As intenes podem referir-se aos seus desejos imediatos e aos de longo prazo. Entretanto nem sempre as intenes esto evidentes para os outros ou para o prprio interlocutor. Pode ocorrer que a busca do sucesso nem sempre para satisfao prpria mas para mostrar a algum que competente ou que a aproximao para uma amizade no se refere a interesses monetrios mas necessidade de preencher vazios, de encontrar um ombro amigo.
5-Examine como voc faz avaliaes
Avaliaes so as diferentes impresses, interpretaes, apreciaes e expectativas que voc tem de si prprio e das outras pessoas e situaes. Tambm chamadas de crenas, elas so influenciadas pela educao, experincias anteriores, princpios morais e religiosos. Geralmente tem a forma de um pensamento ou de um dilogo interno (isto no vai dar certo; sou capaz, vai ser um sucesso).
Tomando conscincia das suas avaliaes voc fica sabendo como seus pensamentos influenciam seus sentimentos, suas aes e reaes. importante nas avaliaes usar a expresso Eu penso ou Eu sinto, para que fique claro que as avaliaes so suas e no dos outros. O que interfere no nosso bom ou mau humor so as nossas avaliaes. Cada pessoa poder interpretar um mesmo acontecimento de uma forma diferente, pois depende da histria de vida de cada um, por isso no existe uma nica verdade e preciso respeitar isto.
Reao Condicionada de Relaxamento
Aps aprendermos a atentar para as mudanas em nosso nvel de excitao, o passo seguinte aprendermos a diminuir a excitao aps constatarmos sua ocorrncia. A maneira mais eficaz de fazer isto atravs do relaxamento que vai proporcionar o equilbrio da respirao e da circulao sangnea, possibilitando a alterao da reao emocional, dando-lhe tempo para determinar o melhor curso de tomar a ao.
A premissa da reao condicionada de relaxamento a associao a imagens e pensamentos especficos; da em diante sempre que estiver numa situao aflitiva, voc dever evocar aquelas imagens e pensamentos para que eles o relaxem. Para tanto necessrio:
1- Escolher um local tranqilo; 2- Encontrar uma posio confortvel; 3- Adotar uma atitude passiva; 4- Escolher uma formulao mental (afirmaes +imagens+sensaes) tranqilizante que funcione para voc e repita-a para si mesmo algumas vezes.
Uma vez internalizando o relaxamento, se estar apto a contornar qualquer mudana de excitao.
Os pensamentos automticos geralmente possuem em comum algumas das seguintes caractersticas:
? Tendem a ser irracionais- no so censurados, no h avaliao lgica; ? Geralmente acreditamos nele- por no serem questionados, acabam sendo aceitos como verdade; ? Eles tm tendncia de acionar outros pensamentos automticos- no apenas perpetua ou exacerba o sentimento, mas torna mais difcil para voc interromper esse pensamento; ? Podem muitas vezes levar a um raciocnio distorcido- surgem devido a informaes insuficientes a respeito da situao, produzindo avaliaes incorretas.
Dicas para evitar o raciocnio distorcido: 1- No faa generalizaes exageradas; 2- Fique longe da rotulagem destrutiva; 3- No tente ler pensamentos; 4- No estipule regras de como os outros deveriam agir; 5- No assuma a importncia de um acontecimento.
A diferena entre os pensamentos automticos e os dilogos internos construtivos que os primeiros so contraproducentes, ao passo que os ltimos so deliberados e produtivos. Evitando ao mximo os pensamentos automticos, interrompendo-os assim que eles acontecem e aprendendo a ter dilogos internos eficazes, voc poder ajudar a impedir os efeitos das situaes aflitivas.
A opo do dilogo interno construtivo que em vez de encurralar-se num canto voc cria um plano de ao para solucionar o problema. O dilogo interno tambm pode ser em forma de perguntas. Fazendo perguntas voc comea a explorar o significado das suas emoes e poder usar esse conhecimento para ajudar a resolver a situao.
52 O Poder da Palavra Falada
Uma das maiores descobertas que voc pode fazer o poder de mudar imediatamente suas emoes, apenas escolhendo conscientemente as palavras que usa para descrever o modo como se sente. A esse poder de transformar instantaneamente as emoes, de baixar ou elevar a sua intensidade, chamamos de Vocabulrio Transformacional .
fundamental expandir o seu vocabulrio transformacional para que as palavras que voc escolhe produzam os estados emocionais que voc deseja e merece. O objetivo simplesmente sentir cada vez mais menos dor e mais prazer na vida.
Vocabulrio Transformacional
Emoo/Expresso negativa Transforma-se em Estou me sentindo... Estou me sentindo...
Zangado para desencantado Com medo inquieto Deprimido calmo antes da ao Desapontado indiferente Aborrecido surpreso Magoado incomodado Humilhado constrangido Impaciente na expectativa Inseguro questionando Sufocado ocupado
Boa Palavra Grande Palavra Estou me sentindo... Estou me sentindo...
Atraente para deslumbrante Contente sereno Confiante absolutamente seguro Satisfeito vibrante Feliz extasiado Alerta energizado timo espetacular Forte invencvel Animado entusiasmado
53 Conscincia Corporal
Podemos transformar o estado emocional atravs da mudana da fisiologia, ou seja, atravs do movimento do corpo, como postura corporal, atitudes, gestos, movimentos oculares e respirao.
CONSCINCIA CORPORAL - EXERCCIOS Fonte: Instituto KOZINER CONSCINCIA CORPORAL - EXERCCIOS Fonte: Instituto KOZINER
CONSCINCIA CORPORAL - EXERCCIOS Fonte: Instituto KOZINER CONSCINCIA CORPORAL - EXERCCIOS Fonte: Instituto KOZINER
54 Posies Perceptivas
Existem trs posies bsicas de percepo de onde tarefas e relacionamentos podem ser avaliados. As pessoas variam em suas capacidades de assumir estas diferentes posies, o que pode trazer um impacto na capacidade de algum em julgar um estado particular.
Do ponto de vista de um observador
Do ponto de vista da prpria pessoa Do ponto de vista do outro
1- Empatia e Posies Perceptivas a) Formar grupos de trs pessoas (ABC); b) A pessoa A fala sobre uma questo significativa do seu momento de vida; c) A pessoa B escuta com empatia e no final do depoimento de A d um retorno do que viu e do que percebeu; d) A pessoa C escuta empaticamente ao dilogo e avalia como observador a comunicao A-B; e) Trocam de posies, at que cada pessoa experimente as trs.
2- Empatia e Sociabilidade a) A pessoa A escolhe um tipo de personalidade com a qual tenha dificuldade de lidar socialmente; b) A pessoa B representa a personagem; c) Se dramatiza uma situao onde A e B interagem com a inteno de que A estabelea empatia com B; d) Trocam de papis.
1 Posio 3 Posio 2 Posio
55 Outras Ferramentas Para Alcanar Sade Plena
Algumas atitudes tomadas no cotidiano podem trazer uma vida mais plena de satisfao e felicidade, onde alguns estados podem ser alcanados como o de euforia(alegria), eutimia(paz) e eurritimia(funcionamento coordenado dos rgos).
Entretanto, as atitudes tambm podem provocar emoes que levam ao estresse e a desarmonia, portanto necessrio que se esteja atento aos sentimentos, pensamento e as aes tomadas no dia-a-dia para que os estados de disforia(tristeza), distimia(inquietude) e disritmia(pertubaes funcionais) no sejam uma freqncia na sua vida.
Neste sentido, algumas simples atitudes podem ser tomadas, como assistir a um bom filme, ouvir uma boa msica, ou mesmo cantar, elevando o estado de euforia, pois o bom humor, um sorriso verdadeiro e uma boa gargalhada possibilitam uma melhor qualidade de vida.
Conhea os benefcios da risoterapia, da musicoterapia e do canto:
Risoterapia:
Modernas pesquisas indicam que a gargalhada mexe terapeuticamente no s com a musculatura da face, mas tambm com as pregas vocais, nervos, msculos e glndulas; massageia o diafragma; age beneficamente sobre o trax, o abdome, o fgado e os pulmes.
Segundo estudos realizados pelo Western College of Springfield o riso muito importante para o sistema imunolgico, pois uma boa risada estimula as atividades das clulas que vitalizam o corpo e combate possveis vrus e bactrias.
O riso influencia diretamente o hipotlamo, centro cerebral que governa a reao do corpo ao estresse, como tambm promove vasodilatao cerebral, melhorando o fluxo sangneo. O estado fsico e orgnico no so os nicos beneficiados pelo riso, pois tambm os seus efeitos so percebidos nos estados psicolgicos, energticos e intelectuais.
Buscar atividades e atitudes que possibilitem o riso e a descontrao um grande remdio para a sade e melhoria da qualidade de vida, pois com a mesma intensidade que a tenso debilita o sistema imunolgico, a distenso provocada pelo riso espontneo, o bom humor e o moral elevado melhoram as defesas e o equilbrio do meio interno orgnico.
56 Musicoterapia:
A msica uma das grandes alternativas para a melhora da sade. Em hospitais do primeiro mundo, doentes em enfermarias e mesmo em CTIs apresentaram melhoras significativas quando passaram a escutar msica ambiente devidamente selecionada do repertrio clssico.
Entretanto a msica no deve ser usufruda somente em leitos de hospitais, mas em casa, no trabalho e na vida diria, pois a boa msica, escutada de forma centrada, sentindo a melodia, proporciona bem estar fsico e psicolgico.
Escutar os sons da natureza, o canto dos pssaros, o rumor das ondas, dos ventos, ou sons musicais de forma a se desligar dos afazeres do dia-a-dia, buscando o silncio ambiental e interior e sentindo a respirao, fonte de vida, possibilita o relaxamento do corpo e da mente e assim a harmonia do homem em todos os seus estados, fsico, psicolgico, emocional e espiritual.
A escuta de msicas que provocam excitao, agresso aos sentidos humanos, provocam imunodepresso, ou seja, debilitam o sistema imunolgico e enfraquecem os msculos e rgos do corpo facilitando a contrao de doenas. Seja um adepto da boa msica.
Canto:
Cantar traz vrios benefcios sade, possibilitando o bem estar e harmonia interior. Quando voc canta, voc relaxa fisicamente e mentalmente, pois a energia flui positivamente, alm de favorecer a sanidade ao idoso e promover a expanso pulmonar.
O adgio popular j diz que quem canta os males espanta . Experimente e cante como puder, contanto que sejam msicas que lhe tragam bem-estar, que lhe proporcione alegria, levante o moral e revigore as suas energias, de forma que ao final voc se sinta um novo homem, energizado e feliz.
Se voc for dotado de algum talento para o canto, participe de um coral, pois investimento de alta rentabilidade, em termos de rejuvenescimento do corpo e do esprito.
57 Plano de Aula
Tema: Inteligncia Emocional e Meus Anos Dourados
Objetivo: O primeiro encontro tem por objetivo apresentar a proposta de trabalho a ser realizada e possibilitar a integrao do grupo. Local: Casa de Nazar Dia: 15 de fevereiro de 2003 Horrio: 9 s 11 horas Material: xerox da proposta para ser entregue aos participantes; cartazes com o tema dos encontros (discutir o tema com participantes), o que inteligncia emocional; revistas, papel ofcio, lpis de cor, som, CD, suco.
9:00h- Apresentao da proposta a ser realizada na Casa de Nazar de forma expositiva e participativa. 9:20h- Apresentao do grupo atravs da dinmica do desenho(desenhar uma metfora que me represente e apresent- la ao grupo, dizendo o seu nome e o porque da metfora). 10:00h- O que Inteligncia Emocional com enfoque nas ondas evolutivas, nas inteligncias mltiplas e nos pilares da I.E., que ser apresentado de forma expositiva, ilustrativa e participativa. 10:30h- Expresso corporal atravs da msica, com exerccios de respirao. 10:40h- Avaliao em crculo. 10:50h- Encerramento (lanche/suco)
58 BIBLIOGRAFIA
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COOPER, Robert e SAWAF, Ayman. Inteligncia emocional na empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
CREMA, Roberto. Introduo viso holstica: breve relato de viagem do velho ao novo paradigma. So Paulo: Summus, 1989.
GOLEMAN, Daniel. Inteligncia emocional: a teoria revolucionria que redefine o que ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.
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KOZINER, Mrio. Curso Alfabetizao Emocional. Apostila do Instituto Koziner. Mdulos I, II, III, IV e V. 2000. Realizao: Ponto de Apoio-Assessoria.
Manual do participante. V Frum Nacional de Gerontologia. 1 Frum Nacional da Poltica Nacional do Idoso. Mar/1997.
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TOFFER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1998.