Exegese de Isaías 40. 1-2.
Exegese de Isaías 40. 1-2.
Exegese de Isaías 40. 1-2.
Campinas
2012
SUMRIO
1 Texto Hebraico de Isaas 40.1-2 .......................................................03
2 Anlise Textual .................................................................................. 03
2.1 Delimitao do Texto .................................................................... 03
2.1.1 Critrios de Abertura .................................................................. 04
2.1.2 Critrios de Fechamento............................................................ 04
2 Anlise Textual
Essa primeira parte do trabalho tem como objetivo a apresentao de alguns
argumentos que confirmem o fato de que a percope de Isaas 40:1-2 um texto
completo, ntegro2. E, posteriormente, sero analisados os termos do texto e suas
variantes de acordo com os manuscritos do aparato crtico da Bblia Hebraica
Stuttgartensia (BHS), a fim de trazer o texto o mais prximo possvel do seu original.
A) O critrio retrico presente que confirma o fato de ser o comeo de uma nova
unidade o anncio de um tema4. A presena do termo
consolem por
duas vezes no incio do verso 1 indica o assunto que ser tratado no texto e a
nfase no chamado para consolar. Aqui, o profeta relata a mensagem de Deus de
consolo aos exilados5
indicando
uma
quebra
da
percope
anterior
(captulo
39),
e,
ou
),
mesma linha do anterior. Assim, pode-se dizer que o texto de Isaas 40:1-2 um
pargrafo dentro de uma percope maior.
Segundo o comentrio The interpreters Bible9, esses versculos (40.1-2) so o
prefcio, ou o prlogo de um poema maior que vai at o v.11, e que pode ser lido da
seguinte maneira: Primeira estrofe (v.3-5); segunda estrofe (v.6-8); terceira estrofe
(v.8-10) e concluso (v.11). Outros dois comentrios que dividem este texto da
mesma forma so Matthew Henrys Commentary (pg. 708) e Comentrio Bblico
Vida Nova (pg. 989-990)
BOWIE, R. W., SCHERER, P., BUTTRICK, G. A (editores). The Interpreters Bible. New York: Abingdon
Press, 1956. v. 6.
10
Ibid.
11
A obra utilizada para esta anlise foi a Bblia Hebraica Stuttgartensia. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft,
1990. p. 1211.
12
FRANCISCO, Edson de Faria, 2005. p. 209.
13
ARCHER, 2004, p. 58.
Verso 2
a) Para o verbo
sufixo pronominal, sabemos que o Qal no infinitivo indica "3 pessoa do singular
masculino"15. Ento, a diferena que o TM apresenta um termo em "3 pessoa do
singular FEMININO" e a variante "3 pessoa do singular MASCULINO". Portanto, a
mudana de gnero.
14
Ibid, p. 61.
LAMBDIN, 2003, 69.
16
ARCHER, 2004, p.37
15
proposta. Mas ainda assim, de acordo com os outros cnones, e de acordo com a
afirmao do Archer que 1QIsa pertence mesma famlia de manuscritos que
representada pelo Texto Massortico17, optamos pela leitura do TM, com o verbo no
feminino, e no no masculino, como sugere a variante, pois o verbo est
concordando com o termo
alternativa18, mas agora, ao invs de estar na forma Qal, os editores preferem usar
o verbo no Piel. Por no ter nenhuma testemunha textual que concorde com os
editores da BHS, sua proposta alternativa de leitura na forma Piel, foi considerada
uma mera conjectura sem o direito de passar pelo crivo dos cnones da Crtica
Textual, aderindo-se ento o termo do T.M.19
2.3 Traduo20
1 Console21, console meu povo, diz vosso Deus,
2 Fale 22 ao corao de Jerusalm e proclame 23 para ela que sua guerra 24
terminou 25 , que sua iniquidade est perdoada 26 , que ela recebeu 27 da mo de
Yahweh em dobro por todos os pecados dela.
17
Ibid
William Lacy Lane, em Guia para o Aparato Crtico da BHS (Seminrio Presbiteriano do Sul, Julho/2001
obra no publicada), na pgina 1, diz que quanto relao com o TM, as notas podem ser: 1) Aditivas: so
variantes que sugerem que se adicione palavra ou frases ao que est no TM. Essas notas so geralmente
sinalizadas pelo sinal +. 2) Supressivas: so variantes que sugerem que se extraia do texto palavras ou frases.
3) Alternativas: so variantes que propem que a palavra ou frase do TM deve ser substituda pela palavra ou
frase da nota. A BHS indica isso colocando a referncia nota (letras a, b, c, etc) antes da palavra a ser
substituda. No caso de frases, toda a frase que est entre duas letras de referncias deve ser substituda (por
exemplo, uma frase que est entre ). Por isso que esta variante est denominada como alternativa.
19
WRTHWEIN, Ernst. The Text of the Old Testament. Leiden: Oxford Basil Blackwell, 1957, p. 80.
20
Os livros usados para a traduo deste texto foram: BDB, 1976; LAMBDIN, 2003.
21
BDB, 1976, p. 636; LAMBDIN, 2003, 102 e 149
22
Ibid, p. 180; Ibid, 102 e 149
23
Ibid, p. 894; Ibid, 102
24
Ibid, p. 838
25
BDB, 1976, p. 571; LAMBDIN, 2003, 52
26
Ibid, p. 953; Ibid, 139
27
Ibid, p. 542; Ibid, 57
18
a) O verbo
Piel, imperativo, masculino, plural. A presena deste termo por duas vezes no
incio do verso 1 indica o assunto que ser tratado no texto e a nfase no
chamado para consolar. uma ordem exclusiva para consolar Jerusalm.
b) O verbo
Verbo Piel, imperativo, masculino, plural. Este verbo no Piel transmite a idia
de um falar direcionado to somente ao corao de Jerusalm.
c) O termo
d) O verbo
Verbo Nifal perfeito, terceira pessoa, masculino, singular. Ento, estando este
Nifal em uma conjugao natural e existindo na forma Qal correspondente
(voz ativa), este verbo foi traduzido na voz passiva, como comumente o Nifal
entendido.30
28
A obra base para essa parte do trabalho foi: OWENS, Jonh Joseph. Analytical Key to the Old Testament.
v.4. Michigan: Baker Book House, 1994. p. 119.
29
BOWIE, R. W., SCHERER, P., BUTTRICK, G. A, 1956. v. 6, p. 425.
30
Ibid; LAMBDIIN, 2003, 140.
1a
1b
Orao
Orao verbal,
Console
Independente.
Orao verbal,
coordenada, assindtica,
Principal de 1c
1c
Orao verbal
subordinada substantiva
objetiva direta a 1b
2a
Orao verbal,
coordenada, assindtica a
2b
2b
Orao verbal,
coordenada, sindtica,
conjuntiva, aditiva a 2a e
principal de 2c, 2d e 2e
2c
Orao verbal,
subordinada, substantiva,
objetiva direta a 2b.
2d
Que sua iniquidade est perdoada
Orao verbal,
subordinada, substantiva,
objetiva direta a 2b.
2e
Orao verbal,
subordinada, substantiva,
objetiva direta a 2b.
10
1a
1b
1c
2a
2b
2c
2d
2e
11
4 Anlise Literria
A anlise literria de Isaas 40.1-2 se presta a definir sua classificao ou gnero
literrio, dentre tantos gneros literrios que os livros profticos abarcam, de acordo
com a concluso tirada depois de um estudo da prpria percope bem como da
opinio de estudiosos desta rea. Num segundo momento, esta anlise tem a
funo de determinar as caractersticas prprias desta percope que respondam ao
porqu de tal gnero. E por fim ser analisado o contexto de vida (Sitz im Leben) no
qual surgiu esta obra do profeta Isaas e em que contexto de vida esta mensagem
foi usada, especificamente quanto percope que vem sendo estudada neste
trabalho.
31
BENTZEN, AAGE. Introduo ao Antigo Testamento. Trad. Helmuth Alfredo Simon. So Paulo: Aste, 1968.
v. 1. p. 211-219.
32
AMSLER, S.; ASURMEDI, J.; AUNEAU, J.; MARTIN-ACHARD, R. Os profetas e os livros profticos. Trad.
Benni Lemos. So Paulo: Edies Paulinas, 1992. p. 405.
33
BENTZEN, 1968, p., 201 e 208.
12
A profecia um gnero bblico mais amplo do que a maioria das pessoas pensa,
pois ela envolve os mensageiros de Deus na proclamao da palavra de Deus para
a cultura vigente, que precisava ser mudada.34 O objetivo nesta etapa da exegese
analisar a qual gnero literrio o texto de Isaas 40.1-2 pertence, bem como apontar
as caractersticas que o fazem ser de tal gnero.
A partir das caractersticas comuns a este texto e dos inmeros gneros literrios
nos livros profticos, constatou-se que Isaas 40-66 uma poesia com
caractersticas de um orculo de salvao, pois nos mostra a salvao redentora
para indivduos, comunidades e naes atravs do SENHOR. J a primeira parte
(Isaas 1-39), apresenta a punio humilhante pelo pecado do povo 36 . O foco
principal dos orculos de salvao era a restaurao do povo de Deus Terra
Prometida depois do exlio, tema que tratado no texto que objeto deste
trabalho.37
34
KAISER, Walter C., SILVA, Moiss. Introduo Hermenutica Bblica. So Paulo: Editora Cultura Cristo.
2002. P. 135.
35
Ibid.
36
DRISCOLL, Mark. Um livro que voc vai realmente ler: Sobre o Antigo Testamento. Trad. Ktia Ferreira.
Rio de Janeiro: Tempo de Colheita, 2010, p.73.
37
BIBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA, 2009, p.882.
38
LASOR, William S., HUBBARD, David B., BUSH, Frederic W. Introduo ao Antigo Testamento. Trad. Lucy
Yamakami. So Paulo: Vida Nova, 1999, p. 321.
13
para que ocorra seu cumprimento.39 Deus d uma ordem para consolar o seu povo,
e apesar do povo ter se rebelado, Ele os libertaria do cativeiro. Aquilo que o profeta
profetizou, se cumpriria. O intento principal aqui anunciar o fim da punio divina, a
gloriosa interveno de Deus em favor dos exilados e a promessa de restaurao
baseada na palavra divina que sempre cumpre o seus propsitos.40
A partir das caractersticas comuns a este texto e dos inmeros gneros literrios
nos livros profticos, constatou-se que Isaas 40.1-2 uma poesia com
caractersticas de um orculo de salvao, pois aqui o profeta anuncia uma nova
perspectiva, na qual se contempla a ao salvadora de YHWH41
Verso
Estrutura
Texto
Console, console meu povo, diz
vosso Deus,
Nota-se pelo quadro acima que o texto de Isaas 40.1-2 contm um nico anncio de
Salvao. Aqui ns temos o anncio de que o livramento est vindo ao povo de
Israel, que se encontra cativo no exlio babilnico. Yahweh est livrando o povo do
cativeiro, e para isso, Ele d ordens para consolar o Seu povo que estava cativo
(v.1), dizendo ao corao de Jerusalm que a guerra terminou, que sua iniquidade
est perdoada, que ela recebeu da mo de Yahweh em dobro por todos os seus
39
40
14
pecados (v.2). O livramento chegou. Yahweh est para colocar fim a todo o
sofrimento do seu povo com grande salvao.
),
42
43
15
profetizou durante o reinado de quatro reis de Jud: Uzias (morreu em 740 a.C.),
Joto (750-731 a.C), Acaz (635-715 a.C) e Ezequias (729-686 a.C). Era um perodo
de grande agitao poltica em decorrncia do imperialismo assrio.
Em uma brilhante srie de profecias de grande alcance, ainda que
especficas, Isaas prediz a queda da Babilnia pag (46.1-47.15) e a
salvao do remanescente de Israel. Mais de cem anos antes de
Ciro assumir o reinado da Prsia, Isaas o anuncia pelo nome como
o agente ungido por Deus para reconduzir o remanescente do seu
povo de volta terra.47
Da mesma forma que Deus havia predito coisas passadas, que foram historicamente
cumpridas, agora Ele est predizendo coisas novas (a libertao de Israel), e o
cumprimento dessas profecias anteriores pode servir para Israel como garantia de
que as coisa novas certamente tambm acontecero. A maior parte do povo geme
sob as condies de vida que sofre em terra estranha, e Jerusalm e as cidades de
Jud esto abandonadas, oprimidas pelo exlio babilnico. Esta profecia portanto
nasce para proclamar libertao de um estado de angstia e aflio.52
47
48
16
5 Anlise Retrica
Na Anlise Retrica, nossa preocupao se volta para a maneira pela qual o autor
procura dar maior expressividade, maior colorido, maior vivacidade a seu texto.53
Esta parte do trabalho facilita o entendimento das formas de expresso e das
nfases das poesias hebraicas. Para isso, o que ser feito aqui : estudar as linhas
poticas de Isaas 40.1-2, a mtrica, que d ritmo poesia, e identificar os
paralelismos de ideias presentes, as figuras de linguagem, as palavras chave que
aparecem e outros recursos retricos que so percebidos na percope.
Verso Classificao
1a
Bicola
1b
Colon
Mtrica
53
17
2a
Bicola
2b
2c
Bicola
2d
2e
Bicola
2f
nfase para consolar o povo de Deus. Ele fala ao corao de Jerusalm (v.2), com
delicadeza mais do que agressividade.
caracterizando um ritmo e
articulao potica.
57
ALTER, Roberto, KERMODE, Frank. Guia Literrio da Bblia. Trad. Gilson Csar Cardoso de Souza. So
Paulo: Fundao Editora da Unesp. 1997. P. 189.
18
Verso
1a
Colon
Console, console meu povo,
1b
2a
Paralelismo
Paralelismo sinttico entre
1a e 1b, e 1a e 2a, 1b e
2a.
fale ao corao de Jerusalm
Paralelismo
entre 2a e 2b.
sinonmico
2c
que sua guerra terminou,
Paralelismo
58
construtivo
19
2e
Paralelismo sinttico ou
No versculo 1 Console, console meu povo, diz vosso Deus, encontramos uma
figura de linguagem que se chama repetio, e tem por objetivo destacar a
importncia do consolo que Deus tem preparado para o seu povo. uma nfase.60
No final do versculo 2, encontra-se uma metonmia61, que quando se usa o sujeito
no lugar de algo que pertence ele ou se relaciona com ele. ... que ela recebeu em
dobro por todos os pecados dela, a palavra dobro significa algo completo, ou uma
recompensa plena. Israel recebeu das mos de Yaweh o dobro, uma plena
retribuio por todos os pecados dela.
A repetio do verbo
59
BULLINGER, E.W. Figures of Speech used in the Bible. Grand Rapids, Michigan USA: Baker Book House,
1993. Traduo nossa.
60
BULLINGER, E.W. Diccionario de figuras de diccion usadas en la Biblia. Trad. Francisco Lacueva.
Barcelona: Editorial Clie. 1985. P. 185 Traduo nossa.
61
Ibid. p. 506.
20
O aparecimento de
para Jerusalm. Esse que traz o contedo da mensagem que ser falada ao
corao de Jerusalm: que sua guerra terminou, que sua iniquidade est perdoada,
que ela recebeu da mo de Yahweh em dobro por todos os pecados dela.
4 Extrao da Mensagem
Aps verificarem-se os detalhes gramaticais, sintticos, estruturais e tambm
detalhes do gnero literrio de Isaas 40.1-2, o tema que ser proposto : Consolo e
libertao para o povo de Deus.
) Console,
console o meu povo, diz vosso Deus. No aparece neste captulo o que tinha
acontecido com Israel, nem se refere especificamente ao exlio. Declara-se
simplesmente que Israel teria passado por um severo tempo62: (
Sua guerra terminou (v.2) e recebera em dobro por todos os pecados dela. O
imperativo repetido nos mostra o tom compassivo e urgente do consolo. O profeta
usa a expresso verbal
O fato de o verbo dominante ser console d a entender que o povo de Deus est
vivendo em um estado de aflio e opresso do exlio babilnico. Esta profecia,
portanto, proclama libertao de um estado de angstia que no teve incio seno
um sculo depois da morte de Isaas 63 Parece que Isaas foi transportado em
esprito para a poca do exlio, e muito tempo antes, ele j profetizou a libertao do
povo.
62
63
PFEIFFER, Charles F. Comentrio Bblico Moody. So Paulo: Imprensa Batista Regular, 2001. P. 42.
RIDDERBOS, J. 1995, p. 309.
21
64
BOWIE, R. W., SCHERER, P., BUTTRICK, G. A (editores). The Interpreters Bible. New York: Abingdon
Press, 1956. Vol. V. P. 424.
65
RIDDERBOS, J. 1995, p. 311.
66
CARSON, D.A. Comentrio Bblico Vida Nova. Tradutores: Carlos E.S. Lopes, James Reis, Luclia Marques,
Mrcio L., Valdemar Kroker. So Paulo: Vida Nova. 2009. P. 990.
22
5 Anlise Contextual
Nessa parte, o primeiro princpio hermenutico, a saber, o sentido dessa poesia de
acordo com todo seu contexto, comear a ser analisado. Assim, o texto de Isaas
40.1-2 ser estudado mediante o seu contexto prximo, remoto, do livro e cannico.
Isso ser feito por meio da comparao de textos e da Teologia Bblica.
67
BBLIA de formao espiritual Renovare: Nova Verso Internacional. Editor Richard Foster; editores gerais:
Gayle Beebe [et al.]. Trad. Cludia Ziller... [et al.] Rio de Janeiro: Ichtus, 2009. P. 1155.
23
toda a cidade, com a qual Yahweh est comprometido, aos inimigos de Jerusalm.
Nesta percope de Isaas 39.1-8 o incio do relato do exlio babilnico.
provvel que esse orculo tenha sido transmitido por volta de 700 a.C., no fim do
reinado de Ezequias. Quando chegamos no captulo 40, j um espao de 160 anos,
durante os quais a cidade de Jerusalm foi destruda e seus lderes, exilados na
Babilnia.68 O perodo de silncio entre o 39.8 e o 40 a afirmao de que, em
perodos de perda e de silncio, deve haver apenas a espera fiel e a confiana em
Deus.
68
24
71
72
KAISER, Walter C. Teologia do Antigo Testamento. So Paulo: Vida Nova. 1988, p. 212.
KAISER, 1988, p. 212.
25
dos egpcios, dependeu de Yahweh e foi livrado de forma poderosa. Ele se tornou
um grande exemplo de como Deus, na sua soberania pode livrar seu povo.73
73
74
HILL, Andrew E. & WALTON, J.H. Panorama do Antigo Testamento. So Paulo: Editora Vida, 2007, p. 463.
SCHOKEL,1988. p. 271-272.
26
6 Atualizao da Mensagem
Na perspectiva de Isaas, a restaurao aps o tempo de exlio inaugurava um novo
tempo, e a salvao atravs do servo de Deus, Ciro, liga-se uma maior salvao,
que Cristo, o Servo de Deus, trar ao seu povo. O Consolo e a libertao foram
cumpridos plena e perfeitamente com a vinda do Servo de Deus, Jesus Cristo, que
veio para libertar o seu povo da escravido do pecado.
Assim como a iniquidade do povo de Deus foi perdoada, quando ainda estavam no
exlio, e por causa da graa e misericrdia do prprio Deus, foram libertos da
escravido do exlio babilnico, assim tambm, no Novo Testamento, ns, que
estvamos escravizados pelo pecado, incapacitados de oferecer qualquer coisa para
sermos aceitos por Deus, fomos vivificados, libertos da escravido do pecado, por
causa da misericrdia de Deus e do seu grande amor com que nos amou (Efsios
2.4-5). De acordo com Schokel75 , essa libertao realizada por Cristo pode ser
entendida como o terceiro xodo. O primeiro xodo, foi a libertao do povo de
Israel do Egito, o segundo, foi a libertao do povo de Deus do exlio babilnico, e o
terceiro xodo, a libertao do povo de Deus da escravido do pecado, realizado por
Cristo.
Cristo o perfeito Servo de Deus, que veio para expiar os nossos pecados, e morrer
vicariamente em nosso lugar. Ele trouxe a verdadeira mensagem de consolo e
libertao para o ns, o povo escolhido de Deus. Cristo o nosso modelo de servo.
Cristo muito maior do que Ciro. Ele aquele que nos amou quando ainda
estvamos longe, exilados e escravizados pelo nosso pecado, e aquele que
75
SCHOKEL,1988. p. 271-272.
27
expiou todo o nosso pecado, para nos transformar naquilo que verdadeiramente
somos chamados: povo de Deus, filhos de Deus.
O povo, que seria exilado, seria devolvido sua cidade, e nessa volta, tambm
haveria uma volta ao servio e adorao, com um corao obediente. Essa
renovao espiritual e a volta histrica em si eram para a realizao de um objetivo
muito maior, a saber, a redeno eterna do povo escolhido de Deus.77
Conclui-se ento que o Messias prometido foi proclamado por Isaas como agente e
mediador da aliana. Essa mensagem, transmitida pela proclamao proftica, era
proveniente de Yahweh e no foi dada a Isaas por experincia, percepo, reflexo
ou meditao sobre mensagens anteriores. Yahweh falou para e por intermdio de
Isaas e no centro de sua mensagem divinamente concedida estava aquele que foi
chamado de Filho da Virgem, Filho que governar, Rebento de Jess, Filho e Servo,
Servo Sofredor e Filho Ministrador: Jesus Cristo.78
76
CALVINO, Joo. As Institutas da religio crist. Trad. Odayr Olivetti. So Paulo: Cultura Crist. Vol. 2, 2006,
p. 195.
77
GRONINGEN, Gerard Van. Criao e Consumao: O Reino, a Aliana e o Mediador. Trad. Susana Klassen.
So Paulo: Cultura Crist, vol.2, 2004, p. 195-196.
78
GRONINGEN, 2004, p. 193.
28
Referncias Bibliogrficas
ALTER, Roberto, KERMODE, Frank. Guia Literrio da Bblia. Trad. Gilson Csar
Cardoso de Souza. So Paulo: Fundao Editora da Unesp. 1997.
BROWN, F., DRIVER, S., BRIGGS, C., The Brown-Driver-Briggs Hebrew and
English The Bible Educational Society. Saint Louis, USA, 1956.
29
BULLINGER, E.W. Figures of Speech used in the Bible. Grand Rapids, Michigan
USA: Baker Book House, 1993.
CARSON, D.A. Comentrio Bblico Vida Nova. Tradutores: Carlos E.S. Lopes,
James Reis, Luclia Marques, Mrcio L., Valdemar Kroker. So Paulo: Vida Nova.
2009.
DRISCOLL, Mark. Um livro que voc vai realmente ler: Sobre o Antigo
Testamento. Trad. Ktia Ferreira. Rio de Janeiro: Tempo de Colheita, 2010.
30
LASOR, William S., HUBBARD, David B., BUSH, Frederic W. Introduo ao Antigo
Testamento. Trad. Lucy Yamakami. So Paulo: Vida Nova, 1999.
OWENS, Jonh Joseph. Analytical Key to the Old Testament. v.4. Michigan: Baker
Book House, 1994.
SCHOKEL, Alonso. DIAZ, J.L. Sicre. Profetas I: Isaas, Jeremias. Trad. Anacleto
Alvarez. So Paulo: Paulinas, 1988.
Watts, John D. W.: Word Biblical Commentary. Isaiah 34-66. Dallas : Word,
Incorporated, 2002.