Anais Do Vii Enee 28 A 31 de Outubro de 2013

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VII ENCONTRO NORDESTINO DE

ETNOBIOLOGIA E ETNOECOLOGIA
E
I ENCONTRO ALAGOANEO DE
ETNOBIOLOGIA E ETNOECOLOGIA
Um olhar interdisciplinar diante dos conflitos
Scio Ambientais

Penedo - AL
28 a 31 de outubro de 2013
I

Prezado(a)s participantes,
Agardecemos por sua participao na stima edio do Encontro Nordestino de Etnobiologia,
sendo tambm a primeira edio promovida no estado de Alagoas. Segue os resumos
apresentados durante o evento e uma sntese das palestras para que voc possa reviver os
momentos vividos durante este encontro.
Penedo, outubro de 2013
A Comisso Organizadora

II

Realizao:

Apoio:

Patrocnio:

III

COMISSO ORGANIZADORA:
Presidente:
Prof. Dr. Henrique Costa Hermenegildo da Silva
Universidade Federal de Alagoas/ Campus Arapiraca.

Vice-presidente:
Profa. Dra. Maria Silene da Silva
Universidade Estadual de Alagoas/ Campus I

Tesoureira:
MSc. Daniele Cristina de Oliveira Lima
Doutoranda do Programa de Ps-graduao em Etnobiologia e Conservao da Natureza da
Universidade Federal Rural de Pernambuco
1 Secretrio:
MSc. Washington Soares Ferreira Junior
Doutorando do Programa de Ps-graduao em Botnica da Universidade Federal Rural de
Pernambuco

COMISSES

Comisso de secretaria:
Washington Soares Ferreira Junior (UFRPE)

Comisso Scio-cultural:
Mrcia de Farias Cavalcante (UNEAL)
Evelyn Larisse da Silva Vilar (UNEAL)
Cludio Galindo (UNEAL)

IV

Comisso de monitoria:
Maria Silene da Silva (UNEAL)
Comisso de Infra estrutura:
Cludio Sampaio Buia (UFAL)
Rubens Pessoa Barros (UNEAL)
Maciel Oliveira (CBHSF)
Maria Aliete Bezerra Machado (UFAL)
Samy Santas (UFAL)

Comisso Cientfica:
Washington Soares Ferreira Junior (UFRPE)
Cludio Sampaio Buia (UFAL)
Flvia de Barros Prado Moura (UFAL)

Comisso de divulgao:
Cledson dos Santos Magalhes (UFAL)
Thiago Bezerra Gomes (UNEB)
Kssia Virgnia dos Santos Lima (UNEB)
Luanna Oliveira de Freitas (UNEB)

Comisso de Recepo:
Mony Cely Oliveira Guimaraes (UFAL)

Comisso de patrocnio:
Jhonatan David Santos das Neves (UFAL)
Jos Maciel Nunes de Oliveira (CBHSF)
Rubens Pessoa Barros (UNEAL)

ndice de resumos
1. Palestras e mesas-redondas ........ 01
Palestrantes
Profa. Dra. Laura
Jane Gomes - UFS

Ttulo

Pgina
CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO
EXTRATIVISMO DA AROEIRA

01

(Schinus terebinthifolius Raddi.), BAIXO SO


FRANCISCO
SERGIPE/ALAGOAS
Engo Thiago
Roberto Soares
Vieira - SEMARH

A COMPREENSO DE CONFLITOS EM UNIDADE


DE CONSERVAO NO BIOMA CAATINGA
SERGIPANO: O MONUMENTO NATURAL (MONA)
GROTA DO ANGICO

03

Prof. Dr. Feliciano


de Mira UNEB

DILOGOS (IM)PROVVEIS EM BIOSEMITICA

04

Prof. Dr. Eraldo


Medeiros Costa
Neto - UEFS

OS INSETOS E SEU PAPEL COMO ALIMENTO


FUNCIONAL

05

Prof. Dr. Rmulo


Romeu Nbrega
Alves - UEPB

O PAPEL DA ETNOZOOLOGIA PARA A


CONSERVAO DA BIODIVERSIDADE

07

Prof. Dr. Cludio L.


S. Sampaio UFAL
Campus Arapiraca,
Unidade de Ensino
Penedo

CONHECIMENTO ECOLGICO LOCAL DA


MEGAFAUNA NA COSTA BRASILEIRA:
ELASMOBRANQUIOS COSTEIROS.

08

Prof. Dr. Jos da


Silva Mouro
UEPB

O PAPEL DO "CONSULTOR LOCAL" NOS


PROJETOS, DISSERTAES E TESES
REALIZADOS NA REA DE PROTEO
AMBIENTAL DA BARRA DO RIO MAMANGUAPE,
PB

09

Prof. Dr. Larissa


Nascimento Stiro
UFAL Campus
Arapiraca

A ETNOBOTNICA E SUAS INTERFACES

11

VI

2. Resumos............................. 13
RESUMOS
REA TEMTICA: AGROECOLOGIA
PRIMEIRO
AUTOR

TITULO DO TRABALHO

Pag.

ALENCAR, Rosa
Carolline de

POTENCIAL ALELOPTICO DO EXTRATO DE Ximenia americana L.


(AMEIXA BRABA) SOBRE A GERMINAO DE SEMENTES E O
DESENVOLVIMENTO DAS PLNTULAS DE Lycopersicon esculentum MILL.
(TOMATE)

14

CARVALHAES,
Mariana Aparecida

CONSTRUO PARTICIPATIVA DE BOAS PRTICAS DE MANEJO PARA


O BABAU NO MEIO NORTE BRASILEIRO

05

CURADO,
Fernando Fleury

DIAGNSTICO DA PESCA ARTESANAL E AGROECOLOGIA NA


COMUNIDADE MEM DE S ITAPORANGA DAJUDA-SE

16

GENERINO,
Maria Elizete
Machado

ATIVIDADE ALELOPTICA E CITOTXICA DO EXTRATO AQUOSO DE


Crotalaria mucronata Desv. (FABACEAE) SOBRE SEMENTES DE Allium cepa
L. (cebola)

17

SNCHEZ, Diana
Carolina Martnez

POTENCIAL DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS: UM ESTUDO DE CASO


DO GRUPO SEMENTE EM CHAPADA DOS GUIMARES, MT

18

SILVA, Hudson
Toscano Lopes
Barroso da

TRANSIO AGROECOLGICA EM ASSENTAMENTOS/COMUNIDADES


NO INTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

19

REA TEMTICA: EDUCAO AMBIENTAL


PRIMEIRO
AUTOR

TITULO DO TRABALHO

PAG

BARACHO, Rossyanne
Lopez

PERCEPO DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM


RELAO S MUDANAS AMBIENTAIS DESEJADAS NA PRAIA DA
BALEIA, ITAPIPOCA, CEAR

21

CAVALCANTE, Janice
Gomes

PROGRAMA DE FORMAO CONTINUADA EM EDUCAO


AMBIENTAL PROMOVIDA PELO INSTITUTO LAGOA VIVA NO
MUNICPIO DE ARAPIRACA-AL

22

COSTA, Maria
Andressa da

EDUCAO AMBIENTAL: PCNs E A REALIDADE DO ENSINO NO


MUNICPIO DE UNIO DOS PALMARES/AL

23

GOMES, Thayse Ancila


Maria de Melo

PASSEATAS ECOLGICAS NOS MUNICPIOS DE ALAGOAS: UMA


FERRAMENTA DE DIVULGAO E SENSIBILIZAO PARA
QUESTES AMBIENTAIS

24

GOMES, Anne Mrian


da Silva

UMA ANLISE PRELIMINAR DA COLETA SELETIVA DE LIXO


COMO INSTRUMENTO PARA EDUCAO AMBIENTAL

25

VII

LEMOS, Fabrcio
Tharlen da Silva

ORGANIZAO DE CARPOTECA COMO ESTRATGIA DE


EDUCAO AMBIENTAL

26

MENDES, Antonia Tais


Silva

PERCEPO DE ALUNOS UNIVERSITRIOS DO MUNICPIO DE


CRATES CE, SOBRE O TEMA E A PRTICA DA RECICLAGEM

27

NASCIMENTO, Eliane
Oliveira do

ANLISE DO CONHECIMENTO DE ALUNOS DA ESCOLA JERNIMO


ALVES DE ARAJO, MUNICPIO DE INDEPENDNCIA CE, SOBRE
O ECOSSISTEMA CAATINGA

28

NEPOMUCENO, Jady
da Silva

ORGANIZAO TAXONMICA DE CARPOTECA COMO


ESTRATGIA DE EDUCAO AMBIENTAL

29

PICCOLO, Ntali
Isabela Pierin

A PERCEPO DE PESCADORES ARTESANAIS SOBRE CAPTURAS


ACIDENTAIS DE PONTOPORIA BLAINVILLEI (CETACEA:
PONTOPORIDAE) EM PRAIA GRANDE, SP

30

PICCOLO, Natali
Isabela Pierin

ASPECTOS ETNOECOLGICOS DA PESCA ARTESANAL A RESPEITO


DA TONINHA, PONTOPORIA BLAINVILLEI (CETACEA:
PONTOPORIDAE) EM PRAIA GRANDE SP

31

SALES, Eva Pereira

PERCEPO DE ALUNOS DA ZONA RURAL DE CRATES-CE,


SOBRE O TEMA AGROTXICOS: ESTUDO DE CASO DA ESCOLA DE
ENSINO FUNDAMENTAL E MDIO LIONS CLUB

32

SANTANA, Camilla
Gentil

AES AMBIENTAIS NA GESTO PESQUEIRA DE PIRAMBU SE

33

SANTANA, Camilla
Gentil

PERCEPES DE PESCADORES SOBRE A DEGRADAO DO RIO


JAPARATUBA

34

SANTOS, Gesyca
Patrcia da silva

35

SOUTO, Francisco Jos


Bezerra

OS PROCESSOS DE DESTERRITORIALIZAO E
RETERRITORIALIZAO DA COMUNIDADE VILA
JACAR/MARECHAL DEODORO DA FONSECA/AL
ETNOECOZONEAMENTO NA PESCA ARTESANAL EM BOM JESUS
DOS POBRES (SAUBARA-BA)
CONHECIMENTO EMPRICO DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA RURAL
DA COMUNIDADE DE LAGOA DA AREIA, NOVO ORIENTE-CE,
SOBRE APICULTURA

37

SILVA, Irislane Gomes


da

PERCEPO DE BANHISTAS ACERCA DA POLUIO DE UMA


PRAIA NO LITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE/BRASIL

38

SILVA, Hudson
Toscano Lopes Barroso
da

36

REA TEMTICA: ETNOMEDICINA


PRIMEIRO
AUTOR

TITULO DO TRABALHO

PAG

BARBOSA FILHO,
Mrcio Luiz Vargas

USO DE CAES (CHONDRICHTHYES: ELASMOBRANCHII) NA


PRTICA ETNOVETERINRIA DOS PESCADORES DO SUL DA
BAHIA, BRASIL

39

VIII

SANTORO, Flvia Rosa

COMPARAO ENTRE MTODOS DE COLETA DE DADOS SOBRE A


FREQNCIA DE DOENAS EM UM SISTEMA MDICO LOCAL

40

OLIVEIRA, Rosenil
Dias de

ETNOMEDICINA EM UNIDADES DE CONSERVAO AMAZNICAS

41

REA TEMTICA: ETNOBOTNICA


PRIMEIRO
AUTOR

TITULO DO TRABALHO

PAG

USOS TRADICIONAIS E ESTRATGIAS DE MANEJO DE Mauritia


flexuosa L. f. EM UMA REA DE CERRADO NO OESTE DA BAHIA,
NORDESTE DO BRASIL

43

ALMEIDA, Eunice
Leite

USOS TRADICIONAIS E FORMAS DE MANEJO DE Caryocar coriaceum


Wittm. EM UMA REA DE CERRADO DA REGIO OESTE DA BAHIA,
NORDESTE DO BRASIL

44

ALMEIDA, Eunice
Leite

LEVANTAMENTO ETNOBOTNICO E PERCEPO SOBRE PLANTAS


COMO BASE PARA O USO SUSTENTADO DE RECURSOS
FLORESTAIS NO ASSENTAMENTO RENDEIRAS EM GIRAU DO
PONCIANO AL

45

USO POPULAR DA FLORA TERAPEUTICA NA CIDADE DE


JUAZEIRO/BA

46

PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NAS GARRAFADAS


COMERCIALIZADAS POR RAIZEIROS EM FEIRAS LIVRES DE
ARAPIRACA-AL
PROSPECO FITOQUMICA DE Hyptis pectinata L. Poit

47

EDUCAO AMBIENTAL EM COMUNIDADE RURAL, CHAPADA


DIAMANTINA, NORDESTE DO BRASIL: UM OLHAR
ETNOBOTNICO

49

CRISTO, Fabiciana da
Hora de

CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE O EXTRATIVISMO DA


BOCAIVA (Acrocomia Aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart) NO PANTANAL
SUL MATOGROSSENSE

50

CURADO, Fernando
Fleury

CONHECIMENTO E USO DE ESPCIES ARBREAS EM


COMUNIDADES DO MUNICPIO DE CANIND DE SO FRANSCICO
(SERGIPE)
CARACTERIZAO FENOTPICA E REPRESENTAES LOCAIS
SOBRE A VARIAO MORFOLGICA DE FRUTOS DE Caryocar
coriaceum Wittm. NA FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE,
NORDESTE DO BRASIL

51

AMORIM, Francilene
da Silva

ANDRADE, Wbaneide
Martins de
ARAJO, Mayany
Mykaela Correia

48

COSTA, Monyk Melo

FREITAS, Bruno
Antonio Lemos de
SOUSA JNIOR, Jos
Ribamar de

KLANK, Francisco
Albuquerque
KREPSKY, Patrcia
Baier

52

CONHECIMENTO E USO DAS PLANTAS MEDICINAIS ANALGSICAS


PELOS ESPECIALISTAS DO POVOADO MUSSUCA SE, BRASIL

53

CONHECIMENTOS SOBRE PLANTAS MEDICINAIS NA ZONA


URBANA DE VITRIA DA CONQUISTA-BA

54

IX

PLANTAS ETNOMEDICINAIS DA CAATINGA UTILIZADAS COMO


LIMA, dos Santos

55

ENDOCRINOLGICAS PELOS INDGENAS KANTARUR,


BAHIA,BRASIL
CONHECIMENTO ETNOBOTNICO SOBRE PLANTAS TXICAS EM

MARQUES, Isis Silva

56

PASTAGENS DO ASSENTAMENTO RENDEIRAS EM GIRAU DO


PONCIANO, ALAGOAS
ASPECTOS ETNOBOTNICOS DE ESPCIES DE VERBENACEAE NO
BRASIL

57

SUSTENTABILIDADE EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS DE


POCON A PARTIR DA EXTRAO DO CUMBARU (Dipteryx alata
Vog)

58

QUEM NO VISTO NO LEMBRADO? CONHECIMENTO SOBRE


PLANTAS DA CAATINGA NA COMUNIDADE PORTO PIAT, ASS,
RN

59

POTECIAL MEDICINAL DA FAMLIA VERBENACEAE: UMA


REVISO BIBLIOGRFICA

60

O USO POPULAR DE PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DE


DOENAS GASTROINTESTINAIS NOS POVOADOS DE IMPOEIRAS E
MEIRS, PO DE ACAR- AL

61

CONHECIMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS DE DUAS


COMUNIDADES RURAIS DO MUNICPIO DE PIRANHAS/AL.

62

LEVANTAMENTO ETNOBOTNICO SOBRE USO E CONSERVAO


DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA COMUNIDADE DE
SANTA ROSA, CRABAS-AL

63

ROCHA, Dougllas
Ferreira da

LEVANTAMENTO ETNOBOTNICO DE PLANTAS MEDICINAIS


UTILIZADAS EM GARRAFADAS: IMPLICAES PARA
CONSERVAO

64

SANTOS, Lidiane dos

LEVANTAMENTO DE PLANTAS MEDICINAIS PERTENCENTES


FAMLIA LAMIACEAE: UMA REVISO BIBLIOGRFICA

65

LEVANTAMENTO BIBLIOGRFICO DE PLANTAS MEDICINAIS


UTILIZADAS POR COMUNIDADES NO CEAR

66

O USO POPULAR DE PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DE


DOENAS GASTROINTESTINAIS NOS POVOADOS DE IMPOEIRAS E
MEIRS, PO DE ACAR- AL

67

A PAMONHA COMO ELEMENTO ETNOCULTURAL RURAL E


URBANO

68

MORAISMENDONA, Ana
Cleide Alcantara
MARTNEZ
SNCHEZ, Diana
Carolina
NOGUEIRA, Dayanne
Tmela Soares
NUNES, Tatiane da
Silva
SILVA, Gilvania Fontes
da

SILVA, Wellison
Ribeiro da

ARAUJO, Nara Juliana


Santos
SILVA, Camila Moreira
da
SILVA, Gilvania Fontes
da

SILVA, Claudio
Galdino da

SILVA, Mara Lopes da

SILVA, Cludio
Galdino da
SOUSA, Vanessa
Ramos Rodrigues de
VANDESMET, Lilian
Cortez Sombra

CONCEITOS LOCAIS DE DOENAS QUE AFETAM O TRATO


GASTRINTESTINAL E PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA
COMUNIDADE DO POVOADO BATINGAS, ARAPIRACA AL

69

A IMPORTNCIA DAS HORTAS ESCOLARES NA EDUCAO


AMBIENTAL E NA ALIMENTAO SAUDVEL

70

USOS MEDICINAIS DE PLANTAS NATIVAS EM UMA REA DE


CERRADO DO OESTE DA BAHIA, NORDESTE DO BRASIL

71

AVALIO ETNOBOTNICA E PROSPECO FITOQUMICA DE

72

JATROPHA GOSSYPIIFOLIA L. (EUPHORBIACEAE)


FOLHAS SAGRADAS: PLANTAS MEDICINAIS NA CRENA
RELIGIOSA POPULAR NO MUNICPIO DE ARAPIRACA AL

73

VIEIRA, Jadla Higino

USO E DIVERSIDADE DE PLANTAS EM RITUAIS MSTICORELIGIOSOS NO AGRESTE ALAGOANO

74

VIEIRA, Jadla Higino

LEVANTAMENTO ETNOBOTNICO E ETNOFARMACOLOGICO DE


PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMO ANTI-INFLAMATRIAS
EM UM AMBIENTE DE TRASIO CAATINGA/MATA ATLNTICA
NO NORDESTE BRASILEIRO

75

VILAR, Evlyn Larisse


da SIlva

REA TEMTICA: ETNOECOLOGIA


PRIMEIRO
AUTOR

TITULO DO TRABALHO

PAG

ESPCIES VEGETAIS COM POTENCIAL NA PRODUO DE


MEL: UM RESGATE BASEADO NO CONHECIMENTO TRADICIONAL
DOS APICULTORES DA CHAPADA DO ARARIPE

77

ALVES, Andrsa Suana


Argemiro

ARAJO-SANTOS,
Igor Henrique

MAPEAMENTO PRELIMINAR DOS VALORES DAS COMUNIDADES


DO ENTORNO DE REAS PROTEGIDAS NO BIOMA CAATINGA

78

MUDANAS NA DIETA DE PESCADORES ARTESANAIS: O CASO DO


CONSUMO DE CAES (CHONDRICHTHYES: ELASMOBRANCHII)
PELOS PESCADORES DO SUL DA BAHIA

79

BARBOSA FILHO,
Mrcio Luiz Vargas

AVALIAO DAS ATITUDES DAS COMUNIDADES EM REAS


PROTEGIDAS. OS CIENTISTAS ESTO PESQUISANDO NA MESMA
DIREO?

80

BRAGAGNOLO,
Chiara

BRITO, Camilla de
Carvalho de
BRITO, Camilla de
Carvalho de

OS VRIOS USOS DO BURITI (Mauritia flexuosa): UMA


REVISO DE LITERATURA

81

LEVANTAMENTO DO USO MEDICINAL, ARTESANAL E


ECONMICO BURITI (Mauritia flexuosa) EM BARREIRAS- BA

82

XI

ETNOCONHECIMENTO E PERCEPO DOS MORADORES DA ZONA


RURAL DA MATA NORTE DE PERNAMBUCO SOBRE Cerdocyon thous
(CARNIVORA, CANIDAE)

83

COSTA, Ana Patrcia da

CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE A PESCA ARTESANAL DE


TUVIRAS (Gymnotiformes) NO PANTANAL DO MATO GROSSO DO
SUL

84

CURADO, Fernando
Fleury

COMO MATEIROS E PESQUISADORES LIDAM COM OS NOMES


LOCAIS DAS PLANTAS?

85

DANTAS, Carolina
Alencar

PESQUISADORES E MATEIROS DENTRO DA REDE CIENTFICA

86

DANTAS, Carolina
Alencar

VALORIZAO DO POTENCIAL DE COLABORAO DOS


MATEIROS PERNAMBUCANOS NA PRTICA CIENTFICA

87

METODOLOGIAS PARA AVALIAO DE ATITUDES DE


POPULAES EM UNIDADES DE CONSERVAO DA CAATINGA

88

CONHECIMENTO DE LEIS DE CRIAO DE ANIMAIS SILVESTRES


POR ESTUDANTES DO ENSINO MDIO DE ALAGOAS: UMA
COMPARAO ENTRE ALUNOS DO INTERIOR E DA CAPITAL

89

ETNOECOLOGIA DO BACURI (Platonia insignis Mart.) NA RESEX


CHAPADA LIMPA, CHAPADINHA, MA

90

CONHECIMENTO EMPRICO DA ESPCIE TATU-BOLA (Tolypeutes


tricinctus) POR MORADORES DO MUNICPIO DE BURITI DOS
MONTES - PI, ENTORNO DA RESERVA NATURAL SERRA DAS
ALMAS

91

DIETA DA POPULAO DOS PESCADORES ARTESANAIS DE


AREMBEPE LITORAL NORTE BAHIA

92

REGISTRO ETNOGRFICO DA PESCARIA DE CALO NOS


TERRITRIOS DA CIDADANIA DO BAIXO SUL E LITORAL SUL
BAHIA - BRASIL

93

A PERSISTNCIA DA PESCA ARTESANAL EM REAS URBANAS: O


CASO DOS PESCADORES DA PITUBA (APEPI)

94

ETNOECOLOGIA NA PESCA ARTESANAL DO MUNICPIO DE


PETROLNDIA-PE, NORDESTE DO BRASIL

95

A CAPTURA DO CARANGUEJO-U Ucides cordatus (LINNAEUS,


1763) NA ANDADA E SUAS IMPLICAES SOCIOAMBIENTAIS NO
ESTURIO DO RIO MAMANGUAPE PB

96

DANTAS, Carolina
Alencar

GAMARRA, Norah
Costa
GAMARRA, Norah
Costa

LOCH, Vivian do
Carmo
MACHADO, David
Dias

MALAFAIA, Priscilla
Nogueira e
MALAFAIA, Priscilla
Nogueira e

MALAFAIA, Priscilla
Nogueira e
MENEZES, Rosilda
Alves Magalhes
NASCIMENTO,
Douglas Macdo do

XII

MACROFAUNA BENTNICA ASSOCIADA CONFECO DE


BIOJIAS DA TRIBO INDGENA TREMEMB DA BARRA DO
MUNDA: UMA ABORDAGEM ETNOECOLGICA

97

PEREIRA, Bruno
Gonalves

ESTUDO DA PERCEPO DOS MORADORES DE BARRA DE


MAMANGUAPE SOBRE AS ATIVIDADES DO PROJETO PEIXE-BOI,
PB - BRASIL

98

PEREIRA, Heliene
Mota

ETNOECOZONEAMENTO NA PESCA ARTESANAL EM BOM JESUS


DOS POBRES (SAUBARA-BA)

99

FLORA DA CAATINGA: ILHA MASSANGANO, RETRATO DE UM


BIOMA EM DEGRADAO NO SERTO PERNAMBUCANO

100

CONHECIMENTO POPULAR DE MITOS E CRENAS RELACIONADOS


SERPENTES NA PRAIA BARRA DE GRAMAME, LITORAL SUL, PB

101

EMBARCAES UTILIZADAS POR PESCADORES ARTESANAIS DA


COMUNIDADE DE FERNO VELHO, MACEI, NORDESTE BRASIL

102

ANLISE DOS ESTUDOS SOBRE O CONHECIMENTO E O MANEJO


TRADICIONAL DA MATA ATLNTICA DOS PATAX DO SUL DA
BAHIA

103

SANTOS, Jade Silva


dos

SABERES TRADICIONAIS ASSOCIADOS PESCA ARTESANAL NA


COMUNIDADE RIBEIRINHA SANTA ISABEL CURRALINHO - ILHA
DO MARAJ PAR

104

SANTOS, Marlia
Tavares dos

ECOLOGIA HISTRICA DE UMA PAISAGEM TRANSFORMADA NO


CERRADO BRASILEIRO: EVIDNCIAS CULTURAIS E BIOLGICAS

105

INFORMAES ECOLGICAS E ETNOECOLGICAS SOBRE A


DIETA E REPRODUO DA TRARA (Hoplias malabaricus Bloch, 1794)
E DO TEJ (Tupinambis merianae Dumril e Bibron, 1839) NO
SEMIRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO

106

SOUTO, Francisco Jos


Bezerra
SANTOS, Carlos
Alberto Batista
SANTOS, Claudileide
Pereira dos
SANTOS, Everson
Cardoso dos

SILVA, Taline Cristina


da

SILVA, Josivan Soares


da

REA TEMTICA: ETNOZOOLOGIA


PRIMEIRO
AUTOR
AGUIAR, Tatiane Silva

ARAJO, Bruna
Monielly Carvalho de

TITULO DO TRABALHO

PAG

LEVANTAMENTO DE ANIMAIS DE IMPORTNCIA MDICA


RESPONSVEIS POR ACIDENTES COM PESCADORES E
MARISQUEIRAS NO EXERCCIO DE SUA FUNO EM
COMUNIDADES BAIANAS

108

UTILIZAO DE RPTEIS COMO ANIMAIS DE ESTIMAO:


IMPLICAES CONSERVACIONISTAS

109

XIII

ESTUDO ETNOORNITOLGICO DA AVIFAUNA SILVESTRE


CAPTURADA EM ATIVIDADES DE CAA PELOS MORADORES
RURAIS DO MUNICPIO DE JAAN/RN

110

BARBOSA, Edja Daise


Oliveira

ASPECTOS DO USO DE MAMFEROS SILVESTRES POR MORADORES


RURAIS DO MUNICPIO DE JAAN-RN E IMPLICAES PARA
CONSERVAO

111

BARBOSA, Edja Daise


Oliveira

ETNOTAXONOMIA DOS PESCADORES DO SUL DA BAHIA EM


RELAO AOS CAES (CHONDRICHTHYES: ELASMOBRANCHII):
IMPLICAES PARA A CONSERVAO

112

BARBOSA FILHO,
Mrcio Luiz Vargas

USO DE ABELHAS NO TRAMENTO DE DOENAS NA ALDEIA


INDGENA KANTARUR, NORDESTE DO BRASIL

113

LIMA, Lidiane Nunes

ESTUDO ETNOZOOLGICO DO TATU BOLA Tolypeutes tricinctus NA


ALDEIA INDGENA KANTARUR, NORDESTE DO BRASIL

114

ANLISE DE CRENAS E TRANSMISSES SOBRE SERPENTES EM


UMA ESCOLA DA COMUNIDADE RURAL DE STIOS NOVOS- POO
REDONDO/SE

115

LIMA, Jefferson
Oliveira

INVESTIGAES PRELIMINARES DO CONHECIMENTO


ECOLGICO TRADICIONAL SOBRE DPTEROS HEMATFAGOS EM
UMA COMUNIDADE DE PESCADORES ARTESANAIS NO POVOADO
DE AREIA BRANCA (SERGIPE, BRASIL)

116

MAIA, Tllio Dias da


Silva

USO DE PESCADOS NA CONFECO DE ZOOARTESANATOS EM


UMA COMUNIDADE PESQUEIRA ARTESANAL EM PERNAMBUCO

117

MARIZ, Daniele

CAA DE ANIMAIS SILVESTRES: TCNICAS E CAPTURA


UTILIZADA POR MORADORES DE UMA REA RURAL DE
FAGUNDES - PB

118

MELO, Demmya
Haryssam Menezes

RELAES DE CONFLITO ENTRE ANIMAIS SILVESTRES E


CAADORES EM COMUNIDADES RURAIS DO MUNICPIO DE
LAGOA SECA PB: IMPLICAES CONSERVACIONISTAS

119

OLIVEIRA, Wallisson
Sylas Luna de

ATIVIDADE ANTI-INFLAMATRIA E COMPOSIO QUMICA DO


LEO FIXO EXTRADO DA GORDURA CORPORAL DA COBRA
Spilotespullatus (LINNAEUS, 1758) (COLUBRIDAE: OPHIDIA)

120

OLIVEIRA, Olga Paiva

USO DE AVES SILVESTRES NO BRASIL: ASPECTOS


ETNOZOOLGICOS E CONSERVAO

121

EDUCAO AMBIENTAL SOBRE SERPENTES COM DESCENDENTES


INDGENAS ASSISTIDOS PELO PROJOVEM, NO MUNICIPIO DE BAIA
DA TRAIO, PARAIBA

122

SANTOS, Claudileide
Pereira dos

ABORDAGEM ETNOZOOLGICA SOBRE SERPENTES NA ALDEIA


DO FORTE E DO GALEGO, MUNICPIO DE BAIA DA TRAIO,
LITORAL NORTE, PB

123

SANTOS, Claudileide
Pereira dos

LIMA, Elaine Larissa


Cardoso

POLICARPO, Iamara da
Silva

XIV

INVENTRIO BIOLGICO DA FAUNA NA REA DO PARQUE


MUNICIPAL DE PAULO AFONSO-BA

124

OS SABERES TRADICIONAIS GUARANI/KAIOWA DAS LAGARTAS


DO COQUEIRO E DA BANANEIRA (COLEOPTERA E LEPIDOPTERA),
INTEGRADOS A EDUCAO DIFERENCIADA

125

VARGAS, Ana Cristina


de Souza

TURISMO INTERATIVO COM FAUNA SILVESTRE EM UNIDADES DE


CONSERVAO NO BAIXO RIO NEGRO, AM

126

VIDAL, Marcelo Derzi

SANTOS, Carlos
Alberto Batista

3.Lista de trabalhos completos a serem


publicados na revista Ouricuri e BIOFAR
(OBS.: Sero apresentados apenas os ttulos
para que no haja dupla publicao)...127
4. CANTO DE CIRCUNSTNCIA OU QUASE CORDEL DE
MEMRIA& GRATIDO por Jos Geraldo Wnderley
Marques.................................132

XV

CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO EXTRATIVISMO DA AROEIRA


(Schinus terebinthifolius Raddi.), BAIXO SO FRANCISCO
SERGIPE/ALAGOAS*
Profa. Dra. Laura Jane Gomes
Universidade Federal de Sergipe. Departamento de Cincias Florestais. Cidade Universitria
Prof. Jos Alosio de Campos, Jardim Rosa Elze, CEP 49100-000, So Cristvo, Sergipe.

Esta palestra tem como fonte principal pesquisa realizada sobre os conflitos socioambientais
envolvidos no extrativismo da aroeira no Baixo So Francisco, Sergipe e Alagoas. A espcie
aroeira tem sido amplamente utilizada pela indstria condimentar para a produo de pimenta
rosa e mais de 95% da produo exportada para pases da Unio Europia, Estados Unidos,
Canad e Argentina. Em 2008, a regio do Baixo So Francisco contribuiu com 5% da
produo extrativista nacional. Mesmo parecendo pouco, tal ao tem gerado mudanas nas
relaes socioambientais entre os atores sociais da regio. Na pesquisa foram coletados dados
entre os anos de 2001 e 2011, por meio da realizao de entrevistas com os atores envolvidos
e pesquisa documental. As informaes foram analisadas quanto natureza, conduta diante do
extrativismo e tipificao dos conflitos. A ausncia de normatizao para o manejo da espcie
o fator central gerador do conflito que se d pela apropriao e acesso aroeira. Os
pescadores que so tambm extrativistas coletam a espcie como um recurso econmico e as
empresas processadoras exportadoras utilizam o recurso como mercadoria. Pode-se afirmar
que a natureza dos conflitos acontece em vrias dimenses, a saber: Dimenso geogrfica:
rea de Proteo Ambiental APA/Piaabuu Baixo So Francisco/AL, Ilhas e margens
reas de Preservao Permanente - APP do Baixo So Francisco (SE/AL); Dimenso social:
disputa pelo acesso as reas de Preservao Permanente, rea de Proteo Ambiental e ilhas
fluviais; Dimenso jurdica/ institucional: competncia de rgo estadual e/ou federal nas
reas de UCs e APP e ilhas fluviais do Baixo So Francisco; Dimenso legal: queixa formal
(boletim de ocorrncia) dentro da APA Piaabuu. Sob a tica da tipificao dos conflitos,
observou-se basicamente o conflito social: de uso dos recursos; entre diferentes interesses
e/ou perspectivas; de classe social e o conflito de competncias: Entre esferas de governo;
inter e intrainstitucionais; entre/por novos arranjos institucionais. Convm ressaltar que
durante a analise, constatou-se a ausncia de instituies como prefeituras, rgo Estadual de
Meio Ambiente (OEMA) de Alagoas e Comit de Bacias Hidrogrficas, pois no apareceram
nos discursos dos sujeitos e no foram vistos nas aes relacionadas aos conflitos envolvendo
o extrativismo da aroeira. Considera-se que o desafio para o tratamento dos conflitos consiste
em aglutinar a diversidade de interesses e, ao mesmo tempo, abrir canais de dilogo,
participao e interao e dilogo/cooperao entre os atores, gestores federal, estadual,
municipal, extrativistas, empresrios e proprietrios e donos das ilhas, garantindo que o
extrativismo da aroeira venha a fazer parte de programas de governo a exemplo do Projeto
de revitalizao do rio So Francisco e de forma mais ampla de uma Poltica Florestal
Sustentvel.
1

*A pesquisa fez parte do projeto Estratgias para o manejo sustentvel da aroeira Schinus
Terebenthifolius Raddi) no Baixo So Francisco SE/AL, financiado pelo MCT/CNPq que
culminou, dentre outros produtos, na dissertao de mestrado em Meio Ambiente e
Desenvolvimento (PRODEMA-UFS) de Ndia Batista de Jesus, com bolsa da FAPITEC-SE.

A COMPREENSO DE CONFLITOS EM UNIDADE DE CONSERVAO NO


BIOMA CAATINGA SERGIPANO: O MONUMENTO NATURAL (MONA) GROTA
DO ANGICO
Engo Florestal Thiago Roberto Soares Vieira
Msc. Eng Florestal. Gestor do Monumento Natural Grota do Angico, Secretaria de Estado do
Meio Ambiente e dos Recursos Hdricos de Sergipe - SEMARH
e-mail: tsoaresvieira82@gmail.com ou thiagoroberto.vieira@semarh.se.gov.br

O Monumento Natural Grota do Angico (093953.5S e 093956.0S; 374010.3W e


374106.9W), uma UC Estadual de Proteo Integral, criada atravs do Decreto Estadual
24.922 de 21 de dezembro de 2007, possui 2.138 ha e est situada no Alto Serto Sergipano,
entre os municpios de Poo Redondo e Canind de So Francisco, s margens do Rio So
Francisco, no Bioma Caatinga sergipano.
A Caatinga o nico bioma exclusivamente brasileiro, espalhando-se por 9 estados (Bahia,
Sergipe, Piau, Cear, Rio Grande do Norte, Alagoas, Pernambuco e nordeste de Minas
Gerais). Apenas 7,12% de sua extenso esto sob proteo e menos de 14% so de proteo
integral. Apesar de ocupar 9% do territrio brasileiro, o terceiro bioma mais degradado, com
45,3% de rea alterada pela ao humana.
Sergipe possui metade de seu territrio composto pelo Bioma Caatinga. Segundo dados
recentes do IBAMA, Sergipe possui apenas cerca de 32% de vegetao remanescente deste
Bioma, que de grande importncia, no somente pela notvel diversidade biolgica, com
vrios taxa endmicos, mas tambm porque essas espcies so adaptadas a uma precipitao
irregular. Sendo assim, a criao de polticas pblicas que contribuam para a recuperao da
vegetao desmatada, como tambm para a conservao da vegetao remanescente faz-se
necessrio diante do cenrio atual.
Nesse sentido, UCs vm sendo utilizadas como uma das principais estratgias de gesto dos
recursos naturais, visando reduzir as perdas da biodiversidade face degradao ambiental
imposta pela sociedade moderna. Apesar da importncia desses espaos territoriais, sobretudo
pelos benefcios oferecidos pelas florestas, essas reas tm sido alvos de constante depleo,
tornando-as cada vez mais frgeis. Isso contribui para a fragmentao de hbitats e a
supresso da vegetao nativa, o que ameaa a biodiversidade global.
Na prtica, a maioria das UCs brasileiras convivem com muitos conflitos, o que gera
dificuldades em cumprir os objetivos propostos no plano de manejo. Alguns desses conflitos
dizem respeito a atividades que so graves ameaas como caa, queimadas, desmatamento,
pastoreio e presena de espcies exticas invasoras, o que tem contribudo para a perda
gradativa da biodiversidade.
Diante deste cenrio, a compreenso destes conflitos em Unidades de Conservao do
semirido pode contribuir para o gerenciamento com mais eficincia dessas reas protegidas.

DILOGOS (IM)PROVVEIS EM BIOSEMITICA


Prof. Dr. Feliciano de Mira UNEB
A emergncia de novos paradigmas envolve novos desafios. Como pode a epistemologia da
biodiversidade vegetal e a epistemologia das cincias sociais ajudar a explicar os fenmenos
da natureza e das cincias? Como podem os saberes conexos, ausentes ou subjugados
participar na sociografia de transposio e simbitica entre biodiversidade vegetal e fatos
sociais? Qual o papel da Biosemitica ?
Comecemos por uma retrospectiva da filosofia da cincia e das relaes entre a filosofia e a
biologia para se chegar ontologia destes processos. Neste mbito analisaremos o
pensamento de autores de referncia da filosofia da cincia do sc. XX, com uma incurso
pelos sistemas complexos, aplicados s cincias biolgicas e sociais. A narrativa
epistemolgica destas abordagens e as teorias da transposio epistemolgica sero tratadas a
partir da explicao botnica, para aprofundar os pontos de interseco geradores de
processos de hibridizao e mimetismo no campo da biologia vegetal e das cincias sociais,
como suporte de conhecimentos metafricos, expresso da intertextualidade entre a
biodiversidade vegetal e a sociedade humana.
A construo epistemolgica contempornea extravasa o meio acadmico e cientfico, entra
no acervo dos saberes tradicionais e da aprendizagem vivencial. Desse ponto de vista
abordaremos as etnocincias e as representaes socio-espaciais da biodiversidade vegetal, a
espiritualidade vegetal e a sua aplicao mgica e cientfica luz da descolonizao dos
saberes. Acabaremos a analisar o valor acrescentado dos saberes para a sustentabilidade dos
processos de desenvolvimento socioeconmico das populaes e, numa perspetiva
cosmopoltica, relacionamos a realidade nordestina com outras realidades, salientando as
interseces dos campos.

OS INSETOS E SEU PAPEL COMO ALIMENTO FUNCIONAL


Prof. Dr. Eraldo Medeiros Costa Neto
UEFS, Depto. de Biologia, Avenida Transnordestina, s\n, Bairro Novo Horizonte, Feira de
Santana BA.
e-mail: eraldont@hotmil.com
A entomofagia, incluindo o uso de outros invertebrados como aranhas e escorpies, uma
prtica muito antiga. Existem registros de que os insetos e os produtos elaborados e/ou
eliminados por eles j eram consumidos no Paleoltico. Hoje em dia, em muitas regies do
mundo, insetos so consumidos como suplemento alimentar ou como o constituinte principal
da dieta de diferentes povos.
No entanto, a cultura entomofgica continua desconhecida, ou melhor, menosprezada, pela
grande maioria da populao mundial, especialmente nos pases desenvolvidos. Porm, na
questo central de como alimentar a crescente populao humana, poucos discordariam do
fato de que a entomofagia tem o potencial para suprir uma proporo significativa dos
requerimentos nutricionais dos seres humanos, tanto como fonte direta de alimento ou
indiretamente como rao animal. O grande entrave que o consumo de insetos ainda visto
como prtica de gente primitiva. A repugnncia pelo consumo de insetos faz com que uma
quantidade considervel de protena animal torne-se indisponvel queles povos que sofrem
com fome e desnutrio. Esse modo de perceber os insetos, porm, varia conforme a poca e a
localidade.
O valor social, econmico e nutricional dos insetos comestveis muitas vezes negligenciado.
O hbito de comer ou no comer insetos depende da variabilidade das escolhas individuais no
interior de uma norma aceita, bem como da acessibilidade do animal. O autor complementa
dizendo que mesmo no seio das sociedades tribais h grande variabilidade individual de
preferncias alimentares e de atitudes para com os animais. Marvin Harris, um materialista
cultural, explicou a repulsa ao consumo de insetos por meio de uma relao custo/benefcio.
Segundo ele, h trs razes para um alimento ser banido do cardpio humano: quando o
alimento se torna custoso para ser obtido ou preparado, quando existe um substituto mais
nutritivo e barato ou quando incide negativamente sobre o ambiente. Com o tempo, o
alimento repelido transforma-se culturalmente em um alimento ruim para comer.
Diversos estudos tm demonstrado que a carne dos insetos composta das mesmas
substncias encontradas na carne dos animais superiores, como o boi, o porco, a galinha e o
peixe. Uma das principais diferenas est no valor quantitativo: um inseto, como a formiga da
espcie Atta cephalotes, por exemplo, possui 44,59% de protenas contra 23% no frango e
20% na carne bovina. Os insetos contm altas quantidades de protenas e de lipdeos e so
ricos em sdio, potssio, zinco, fsforo, mangans, magnsio, ferro, cobre e clcio. Pupas de
abelhas, por exemplo, contm 18% de protena e so ricas em vitaminas A e D. A anlise
bromatolgica feita com pupas de bichos-da-seda ingeridas como biscoitos na China e no
Japo revelou que em 362g de matria slida haviam 90g de gordura e 207g de protena. O
ahuautle, uma mistura de ovos de hempteros que constitui o axayacatl (caviar mexicano)
apresenta elevado contedo de arginina, tirosina e cistena, considerando-se o valor do ltimo
aminocido como o mais rico dos alimentos no reino animal at agora estudado. Por exemplo,
dez larvas grandes de Xyleutes leucomochla so suficientes para fornecer as necessidades
dirias de um adulto.
5

Os insetos, alm de constiturem uma fonte de alimento, oferecem um benefcio adicional:


apresentam propriedades imunolgicas, analgsicas, diurticas, antibiticas, anestsicas,
antirreumticas e afrodisacas. Na poca em que os insetos eram prescritos com finalidades
teraputicas pelos curandeiros e praticantes da medicina tradicional, as pessoas estavam mais
familiarizadas com a ideia de ingeri-los. interessante mencionar que a palavra medicina
deve sua origem ao mel, pois a primeira slaba tem a mesma raiz que mead, uma bebida
alcolica feita a partir dos favos de abelhas que era consumida frequentemente como um
elixir.
Quando se discute sobre recursos alimentares, preciso levar em considerao a sua
adaptabilidade ao ser humano. No que se refere aos insetos, importante reconhecer que
muitas espcies sequestram toxinas de plantas hospedeiras ou podem produzir suas prprias
toxinas, tornando-se no comestveis e, assim, eliminando sua disponibilidade para o
consumo humano. Alm disso, se uma pessoa alrgica ao consumo de camaro ou lagosta,
ento deve prestar ateno especial ingesto de insetos, uma vez que parece existir alrgenos
comuns aos membros do filo.
Escolhidos os insetos adequados ao consumo humano, preciso que parte da populao
mundial (notadamente, dos pases ricos) reveja seus hbitos alimentares e considere, luz do
conhecimento atual, o potencial alimentar que os insetos tm para oferecer, dada a grande
quantidade de protenas, gorduras, vitaminas e sais minerais neles contidos. Afinal, a
descoberta de um prato novo faz mais pela felicidade da raa humana que a descoberta de
uma estrela nova. Assim, pesquisas devem ser feitas em colaborao com as sociedades
tradicionais, pois so elas que mais consomem insetos e outros invertebrados, para identificar
as espcies comestveis, documentar sua biologia e ecologia, bem como determinar seus usos
potenciais. Os direitos de propriedade intelectual tambm precisam ser reconhecidos.
Os insetos comestveis so um dos recursos renovveis que esto disponveis para uma
explorao sustentvel para aliviar a desnutrio e a fome no mundo. preciso mudar a ideia
de que insetos no podem ser includos como itens alimentares da dieta humana, assim como
se deve pensar em estratgias de marketing para lanar produtos base de insetos comestveis
e tambm buscar mtodos para produo massiva de insetos em condies sanitrias
adequadas para no depender da coleta de espcimes diretamente da natureza.

O PAPEL DA ETNOZOOLOGIA PARA A CONSERVAO DA BIODIVERSIDADE


Prof. Dr. Romulo Romeu Nbrega Alves
Universidade Estadual da Paraba, Departamento de Biologia
e-mail: romulo_nobrega@yahoo.com.br
Os seres humanos representam apenas mais uma espcie entre as demais que compem a
biodiversidade do planeta, com as quais mantem uma srie de relaes que vem se
perpetuando desde eras remotas. Naturalmente, como qualquer outro organismo, a espcie
humana influencia o ambiente onde vive. No entanto, a condio de espcie dominante na
terrapotencializou a influncia sobre a biodiversidade em seu entorno, de forma que
atualmente praticamente todas as ameaas que afetam as espcies animais esto direta ou
indiretamente associadas s atividades antrpicas.Obviamente, a influncia das atividades
antrpicas sobre os outros animais varia em intensidade atravs da histria e depende das
culturas humanas com as quais os animais interagem. Nem sempre os efeitos decorrentes das
aes humanas sobre as populaes animais foram to impactantes como ns constatamos na
atualidade. As formas de explorao da fauna e as tcnicas de caa e pesca primitivas, que se
perpetuaram at os dias atuais em algumas comunidades tradicionais, implicam em uma
menor presso sobre as populaes dos animais exploradas e, em muitos casos, vem
permitindo o uso sustentvel recursos faunsticos.
Constata-se claramente que necessrio compreender o contexto multidimensional (fatores
biolgicos, scio-econmicos, polticos e institucionais) que envolve as interaes
humanos/animais para se estabelecer formas de convivncia que mitiguem a presso sobre as
espcies animais exploradas pelos humanos. Diante desse panorama, pesquisas
etnozoolgicas so fundamentais, pois podem auxiliar na avaliao dos impactos humanos
sobre outras espcies animais, subsidiando assim o desenvolvimento de estratgias de
conservao direcionadas a fauna. Minha participao na mesa redonda O papel da
Etnozoologia para a conservao da biodiversidade, como parte da programao do VII
ENEE, enfocar as formas principais de interao/uso/explorao da fauna por seres
humanos, suas implicaes ecolgicas e a importncia das pesquisas etnozoolgicas para
conservao animal.

CONHECIMENTO ECOLGICO LOCAL DA MEGAFAUNA NA COSTA


BRASILEIRA: ELASMOBRANQUIOS COSTEIROS.
Prof. Dr. Cludio L. S. Sampaio
Universidade Federal de Alagoas - Unidade de Ensino Penedo
e-mail: buiabahia@gmail.com
Embora o termo Megafauna seja mais frequentemente empregado para designar grandes
mamiferos, muitos j extintos, tambm aplicado para grandes animais aquticos, como
baleias, podendo ser utilizados em peixes que atingem grande porte, como os peixes serra,
popularmente conhecidos como espadartes (Elasmobranchii: Pristidae).Essas ccuriosasarraias
so facilmente identificadas por possurem corpo alongado e um rostro longo e armado com
uma fileira de dentes transversais em cada lado,denominado de serra oucatana. So
considerados os maiores peixes estuarinos do mundo, podendo alcanar mais de sete metros
de comprimento, outrora comuns em guas rasas dos grandes estuarios e baas. No Brasil so
conhecidas duas espcies: Pristis perotetti Muller & Heinle, 1841 e P. pectinataLathan, 1794,
historicamente ocorrendo dos EUA at o Sul do Brasil, contudo atualmente encontram-se
extintas localmente do litoral sul, sudeste e boa parte do nordeste. Devido aos hbitos
costeiros, grande porte, facilidade em ser reconhecido (pela caracterstica de seu rostro) e
status de conservao (todas as espcies da Famlia Pristidae so listadas como criticamente
ameaadas pela Unio Internacional para Conservao da Natureza IUCN, 2013), estamos
realizado um amplo levantamento do conhecimento ecolgico local CEL das espcies
Pristis pectinataeP. perotetti no litoral norte e nordeste do Brasil. A pesca artesanal possui
grande importncia econmica e social em boa parte do litoral nordestino, gerando alm de
renda e emprego, o conhecimento ecolgico local do ambiente e de seus organimos. Desde
2010 entrevistamos mais de 170 pescadores profissionais, entre 20 e 80 anos de idade, que
atuam em ambientes marinhos costeiros, nos litorais baiano, sergipano, alagoano e paraense,
onde grande parte deles jamais observou um exemplar, embora alguns o reconheam.
Informaes sobre seus ambientes, hbitos, biologia reprodutiva e capturas foram obtidos dos
pescadores e confrontadas com dados da literatura, confirmando o CEL entre pescadores
experientes (> 60 anos), que sugerem que o declnio populacional do espadarte nas
localidades amostradas ocorreu devido: utilizao de tcnicas de pesca criminosas
(explosivos e redes que fechavam os rios), capturas incidentais, modificao dos esturios
pelo desmatamento, barragens, sedimentao e poluio. Campanhas de informao sobre a
legislao pesqueira, de qualificao profissional e educao ambiental devem ser fomentadas
no litoral brasileiro, assim como a fiscalizao e o monitoramento de desembarques,
integrados aos portos, mercados e peixarias. Por ser carismtica, criticamente ameaada de
extino e facilmente diagnosticada, sugerimos que seja adotada como espcie bandeira das
regies costeiras, particularmente do Norte do Brasil, atraindo ateno situao de perigo
em que se encontram os espadartes e seu habitat, os esturios, importantes reas de berrios
para diversos grupos zoolgicos e para a economia local, movimentada pela pesca e turismo.

O PAPEL DO "CONSULTOR LOCAL" NOS PROJETOS, DISSERTAES E


TESES REALIZADOS NA REA DE PROTEO AMBIENTAL DA BARRA DO
RIO MAMANGUAPE, PB
Prof. Dr. Jos da Silva Mouro
Departamento de Biologia- Universidade Estadual da Paraba
e-mail: tramataia@gmail.com
A palestra intitulada: O papel do "consultor local" nos projetos, dissertaes e teses realizados
na rea de Proteo Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, PB que ser proferida, trata-se
do Conhecimento Ecolgico Local (CEL) e a Cincia formal e /ou Conhecimento Cientfico
(Ictiologia, Carcinologia e Ecologia de Esturio).Neste contexto, consultor o profissional
que, por seu saber, sua experincia, procurado para dar ou fornecer consultas tcnicas ou
pareceres, a respeito de assuntos ou matria dentro de sua especialidade. J o CELpode ser
interpretado como um conhecimento prprio, baseado nas experincias, vivncias e o saberfazer, sobre a coleta, processamento e transmisso de informaes sobre o ambiente.Alm
disso, o CEL individual, coletivo, diacrnico, sincrtico, dinmico e holstico. Essa palestra
tem como objetivo apresentar a importncia doconsultor localjunto aos projetos,
dissertaes e teses desenvolvidos no esturio do rio Mamanguape. O termo consultor local
usado nesta palestra, refere-se h uma pessoa(pescador), que auxilia os pesquisadores nos
mais variados projetos de Ecologia e Etnoecologiadesenvolvidos na APA de Barra do Rio
Mamanguape. Essa consultoria, se deu desde asaulas de campo nos Programa de PsGraduao em Ecologia e Conservao (UEPB); Doutorado em Etnobiologia e Conservao
da Natureza (UFRPE, UEPB e URCA) e os projetos de dissertaes e teses do Programa de
Ps-Graduao em Zoologia- UFPB e monografia do Curso de Bacharelado em Cincias
Biolgicas UFPB. Os trabalhos intitularam-se: monografia Distribuio e dieta da
ictiofauna em rea estuarino-recifal da APA Barra do Rio Mamanguape, Paraba, Brasil,
autora Aline Paiva Morais de Medeiros;dissertaes de mestrado:a) Preferncia alimentar
de Hippocampus reidi Ginsburg, 1933 (Teleostei: Syngnathidae) em ambiente natural
(estuarino e recifal) no Nordeste brasileiro;Aline de Farias Diniz; b) Estrutura da comunidade
e uso do habitat pela ictiofauna recifal e estuarina no Nordeste Brasileiro (PB e PE), com
nfase na estrutura populacional de Hippocampus reidi, Ginsburg, 1933, autora: Gabrielle
Dantas Tenrio: c) Uso de microhabitats pela ictiofauna na rea estuarino-recifal da APA
Barra do Rio Mamanguape, Paraba, Brasil, autor: Josias Henrique de Amorim Xavier; d)
Alimentao e caractersticas populacionais de Hippocampus reidi Ginsburg, 1933 (Teleostei:
Syngnathidae) no Esturio do Rio Mamanguape, Paraba,Andr Luiz da Costa Castro; Teses
de Doutorado: a) Teia trfica no Esturio do Rio Mamanguape, Paraba, Brasil.Josias
Henrique de Amorim Xavier; b)Aspectos biolgicos e ecolgicos de Callinectes exasperatus
Gerstaecker, 1856 (Decapoda, Portunidae) no Esturio do Rio Mamanguape Paraba,
Emmanoela Ferreira Nascimento;Gentica da conservao de cavalos-marinhos
(Hippocampus spp.) no Brasil, Gabriela Rocha Defavari;Projetos de pesquisasREDE
PEIXES ZONAS COSTEIRAS: Avaliao dos impactos das mudanas climticas na
biodiversidade e ecologia trfica de peixes de zonas rasas costeiras do Sul, Sudeste e
Nordeste do Brasil (UFRRJ/ FURG e UEPB)Seleo de habitats por peixes juvenis em zonas
costeiras rasas: comparaes entre um esturio tropical positivo e um negativo da costa
brasileira. (UEPB), todos de autoria do Prof. Andr Pessanha. Segundo informaes
fornecidas pelos pesquisadores, o apoio dado pelo consultor local foi de extrema importncia,
tais como:a) tempo de coleta reduzido pela metade;b)auxilio na escolha dos locais para
9

montagem de experimentos;c) opinar sobre condies da gua(visibilidade),melhores locais


de coleta;d) orientaes gerais de qual melhor maneira margear as camboas (direo da canoa
em relao ao vento e a mar); e) sugerir, quando h necessidade de visitar mais de um local
no mesmo dia, a ordem dos locais a serem coletados, de acordo com a mar; f) conhecimento
detalhado e profundo do esturio para coleta dos peixes;g)conhecimento sobre os
movimentos de mars e horrios mais adequados para avistagem de cavalos-marinhos
(Hippocampus erectus).Neste sentido, este conhecimento poder contribuir com a cincia
formal, principalmente como fornecedor de informao para gerao de hipteses.

10

A ETNOBOTNICA E SUAS INTERFACES


Prof. Dr. Larissa Nascimento Stiro
Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Campus Arapiraca
e-mail: larisatiro@hotmail.com
As Etnocincias j percorreram um bom caminho no cenrio das pesquisas realizadas no
Brasil, tendo mais de dois teros da produo referente a uma de suas vertentes, a
Etnobotnica, concentradas nas duas ltimas dcadas. Este crescimento acelerado reflete o
aumento do interesse dos pesquisadores brasileiros, iniciantes e experientes, pelos estudos
nesta rea. Nesta perspectiva, os estudos Etnobotnicos em Alagoas no fugiram regra, e
atualmente configuram uma das mais procuradas linhas de pesquisa por graduandos.
Assim como as demais reas das Etnocincias, a Etnobotnica possui uma metodologia
geral referente coleta e tratamento de dados, perpassando a seleo dos participantes da
pesquisa, as entrevistas, o tratamento estatstico e a interao e retorno para a comunidade
alvo. Associado a estes procedimentos apresentam-se as particularidades desta rea do
conhecimento, relacionadas s tcnicas de coleta e herborizao do material botnico citado
durante os procedimentos de coleta de dados, o tratamento taxonmico, a produo de chaves
de identificao, dentre outros.
O panorama da Etnobotnica em Alagoas, particularmente na cidade de Arapiraca, na qual
est situada a sede de um dos polos da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), tem
apresentado resultados em quatro reas principais: (1) o uso medicinal de plantas por
comunidades locais; (2) o uso mgico e curativo atrelado a aspectos religiosos por
comunidades tradicionais; (3) a relao da Educao Ambiental e seus conceitos com a
Etnobotnica e (4) os aspectos agronmicos da Etnobotnica com enfoque econmico.
O uso medicinal est sendo estudado a partir de dois projetos principais. No primeiro deles,
a relao entre a comunidade da zona urbana com as plantas medicinais foi testada a partir do
levantamento das plantas medicinais cultivadas nos quintais. Foram realizados levantamentos
iniciais acerca das pessoas que reconhecidamente possuam um papel de catalisadoras do
conhecimento acerca dos usos medicinais de plantas cultivadas em seus prprios quintais,
atravs da tcnica bola-de-neve, e em seguida foram feitas vrias visitas a cada informante,
nas quais foram realizadas entrevistas, coletas de material botnico e produo de mudas. Foi
realizada a coleta, identificao taxonmica das espcies e caracterizao dos tipos de usos,
forma de preparo e partes utilizadas. Posteriormente, mudas das plantas mais citadas foram
produzidas e destinadas em parte implantao de um jardim medicinal na UFAL - Campus
Arapiraca e noutra prpria comunidade alvo, no sentido de multiplicar o interesse e a
percepo acerca da importncia dessas plantas e seus usos na caracterizao da prpria
comunidade. Numa outra vertente, as plantas e seu uso medicinal foram abordados num
estudo acerca do uso das mesmas como anti-helmnticos. Este estudo foi realizado em feiraslivres locais, atravs da realizao de entrevistas semi-estruturadas a todos os feirantes que
lidavam com a venda de produtos medicinais de origem vegetal. O trabalho visa criar uma
listagem dos produtos, associados s suas formas de uso e partes utilizadas, gerando (1) uma
lista de espcies taxonomicamente identificadas, (2) uma caracterizao dos aspectos
etnobotnicos relacionados a quem comercializa o produto e (3) uma caracterizao dos
aspectos ecolgicos das espcies.
11

Em relao ao uso mgico, mstico e curativo com enfoque religioso, esto sendo realizados
dois projetos. O primeiro aborda o uso de espcies vegetais por benzedeiras da regio Agreste
do estado de Alagoas. Neste trabalho foram realizadas entrevista semi-estruturadas s
benzedeiras selecionadas atravs da tcnica bola-de-neve. Percebendo o quanto as plantas
medicinais so utilizadas em rituais religiosos e o poder que as mesmas exercem na crena
das pessoas que as utilizam como objeto propagador de cura, buscou-se realizar um
levantamento das plantas mais utilizadas em rituais mstico-religiosos de benzeduras,
observando como e com que finalidade as plantas so utilizadas, tentando sempre resgatar o
interesse pela cultura tradicional avaliando assim a confiana depositada nas plantas pelas
comunidades estudadas. O segundo projeto aborda o uso mstico, mgico e curativo de
plantas em rituais religiosos, associados s prticas do candombl e da umbanda no Agreste
alagoano. O objetivo avaliar o uso e a diversidade de plantas medicinais em rituais
religiosos a partir de um levantamento taxonmico e etnobotnico da flora medicinal e sua
finalidade, dando destaque ao resgate da cultura tradicional.
A relao da educao com aspectos etnobotnicos est se configurando a partir do
desenvolvimento de um projeto que visa a construo de um conceito de educao ambiental
utilizando a etnobotnica como instrumento para se alcanar tal objetivo. Para tanto foram
realizadas entrevistas com todas as famlias de trs comunidades representativas da regio
agreste de Alagoas, ministradas palestras interativas, exercitado o convvio com a
comunidade e ser efetuada uma ao final de produo de mudas das espcies consideradas
em desaparecimento pela prpria comunidade. Acredita-se que a construo de um conceito
que parta da prpria comunidade surta mais efeito na sua aplicao.
E finalmente, ainda em fase inicial, est sendo desenvolvido um trabalho com enfoque
agronmico acerca da percepo e relao dos pequenos e mdios produtores de pastagens
com as plantas invasoras, associado a um trabalho taxonmico de produo de chaves de
identificao das espcies levantadas durante a realizao da pesquisa, facilitando sua
identificao e controle.
Todos estes projetos compem uma caracterizao dos principais enfoques da pesquisa
etnobotnica em Alagoas e ratificam o aumento do interesse por estudos nesta rea to
importante das Etnocincias.

12

13

POTENCIAL ALELOPTICO DO EXTRATO DE Ximenia americana L. (AMEIXA


BRABA) SOBRE A GERMINAO DE SEMENTES E O DESENVOLVIMENTO
DAS PLNTULAS DE Lycopersicon esculentum MILL. (TOMATE)
Rosa Carolline de ALENCAR(1)*; Maria Arlene Pessoa da SILVA(2); Maria Elizete
Machado GENERINO(1); Hemerson Soares LANDIM(1); Kyhara Soares PEREIRA(3)
1- Aluna do Programa de Ps-Graduao em Bioprospeco Molecular da Universidade
Regional do Cariri-URCA; 2- Pr-Reitora de Ps-Graduao e Pesquisa da Universidade
Regional do Cariri-URCA. 3- Aluna de Graduao em Cincias Biolgicas da Universidade
Regional do Cariri-URCA
*e-mail: rosacarolline.alencar@yahoo.com.br

Alelopatia descreve a influncia de um indivduo sobre outro, seja prejudicando ou


favorecendo o segundo, e sugere que o efeito provocado por biomolculas (denominadas
aleloqumicos) produzidas por uma planta e lanadas no ambiente, seja na fase aquosa do solo
ou substrato, seja por substncias gasosas volatilizadas no ar que cerca a planta. O presente
estudo tem como objetivo avaliar o potencial aleloptico de Ximenia americana sobre a
germinao e crescimento de sementes de tomate. O efeito aleloptico do extrato aquoso
bruto foi analisado em quatro concentraes, 25%, 50%, 75% e 100% (tratamentos), em
comparao ao Controle, constando de gua destilada; para cada tratamento foram utilizadas
100 sementes de L. esculentum. As avaliaes foram feitas no 7 dia aps a semeadura, com a
contagem das sementes, medio do comprimento da parte area e da raiz das plntulas (cm).
Os dados obtidos foram submetidos anlise e varincia e as mdias comparadas pelo teste
de Turkey a 5% de probabilidade. No teste realizado observou-se que houve influncia
negativa no desenvolvimento do caulculo e da radcula a partir da concentrao 25%. A
anlise revela que houve inibio na germinao das sementes de tomate em todas as
concentraes. Com relao ao crescimento da raiz, o efeito inibitrio ocorreu
proporcionalmente ao aumento das concentraes. O extrato de Ximenia americana evidencia
potencialidade aleloptica sobre a germinao e o desenvolvimento inicial das sementes de
tomate, merecendo estudos mais aprofundados acerca dos metablicos secundrios existentes
nesta espcie.

Palavras-Chave: Alelopatia. Germinao. Ximenia americana.

14

CONSTRUO PARTICIPATIVA DE BOAS PRTICAS DE MANEJO PARA O


BABAU NO MEIO NORTE BRASILEIRO
Mariana Aparecida CARVALHAES (1,3)*; Renata Evangelista de OLIVEIRA (2,3); Maria
Jose Brito ZAKIA (3)
1 Embrapa Meio-Norte; 2 Departamento de Desenvolvimento Rural, CCA / UFSCar; 3
Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, Programa Cooperativo de Silvicultura de Nativas
*e-mail: mariana.carvalhaes@embrapa.br

A palmeira babau (Attalea speciosa Mart. ex Spreng; Orbignya phalerata Mart.) tem
importncia secular para a subsistncia de populaes humanas no interior do Brasil, sendo
importante produto do extrativismo brasileiro, como fornecedora de matria-prima para
diversos produtos florestais no-madeireiros (PFNM). So escassas as informaes cientficas
sobre a biologia do babau, sobre a atual capacidade produtiva dos babauais e possveis
mudanas provocadas na estrutura e na dinmica das populaes que h dcadas so
submetidas ao extrativismo predatrio. O objetivo deste trabalho foi organizar, atravs de
processos participativos, informaes baseadas no conhecimento de populaes rurais, que
pudessem subsidiar o desenvolvimento de boas prticas de manejo para a espcie, na regio
dos Cocais, Estado do Piau. O pblico alvo foi composto por pequenos proprietrios rurais,
assentados, assentados em processo de regularizao de posse e ocupantes de propriedades
rurais aguardando o processo de regularizao, com diferentes situaes quanto
disponibilidade e acesso ao recurso (babauais). Foram realizadas oito oficinas, que
proporcionaram um espao de reflexo sobre o recurso babau e outros PFNM. Inicialmente,
foram elaborados, nas diferentes comunidades rurais, mapas e desenhos descritivos das
florestas de babau, tendo como resultados dados sobre a disponibilidade do recurso (atual e
futura), garantia de acesso, escolha das reas para colheita e caracterizao das diferentes
fitofisionomias. Foram obtidas informaes quanto organizao para produo, prticas de
pr e ps colheita adotadas e produtividade. Questionamentos dos extrativistas sobre o uso de
fogo e agrotxicos em hortas e roas nas reas de babauais geraram a instalao de uma
horta orgnica monitorada pela comunidade, e uma cartilha sobre cultivo orgnico de
alimentos em babaual. Posteriormente, atravs de desenhos e esquemas foram discutidos os
dados coletados sobre a estrutura e gentica das populaes de babau, que apontaram
diminuio no recrutamento nas reas submetidas a intensa coleta de frutos. Foram abordadas
tambm diferenas na produtividade entre diferentes fitofisionomias. As oficinas finais foram
base para a elaborao participativa das prticas de manejo a serem testadas, e de
recomendaes para o manejo, reunidas em uma cartilha intitulada Boas prticas de manejo
para a palmeira babau, voltada para a realidade rural do Meio Norte do Brasil.

Palavras-chave: Piau; Boas Prticas; Palmeira Babau; Extrativismo.

15

DIAGNSTICO DA PESCA ARTESANAL E AGROECOLOGIA NA COMUNIDADE


MEM DE S ITAPORANGA DAJUDA-SE
Fernando Fleury CURADO (1)*; Miria Cssia Oliveira ARAGO (2); Ivaldo Pereira de
SOUSA JUNIOR (3)
1 Embrapa Tabuleiros Costeiros; 2 Universidade Federal de Sergipe; 3 Universidade
Federal de Sergipe.
*e-mail:fernando.curado@embrapa.br

O presente trabalho, realizado no perodo de 2008 a 2011, apresenta alguns resultados de


pesquisa sobre a realidade da pesca artesanal, bem como a definio de estratgias de
interveno em bases agroecolgicas na comunidade Ilha Mem de S, localizada a
112926S e 370646W, no municpio de Itaporanga dAjuda, a 53 km da capital de
Sergipe, Aracaju. Os dados foram obtidos mediante a utilizao de tcnicas qualitativas de
pesquisa, baseadas no Diagnstico Rural Participativo de Agroecossistemas e, aps as
sistematizaes, devolvidos aos moradores a partir de reunies, oficinas e outros momentos
de interao coletiva. A maior parte da populao da ilha se dedica pesca no esturio do rio
Vaza Barris, onde desenvolveram, ao longo do tempo, um saber ambiental extremamente
importante que carece de maior internalizao nas estratgias de gesto dos recursos naturais
da localidade. Referente aos saberes locais, a arte de pesca mais frequente a tarrafa,
correspondendo a 34% do total dos apetrechos utilizados pela maioria da populao de
pescadores. A segunda arte de pesca mais utilizada na ilha a vara com linha utilizada
exclusivamente pelas mulheres na captura do aratu (Goniopsis cruentata) e chega a
representar 31% do total dos apetrechos utilizados. As relaes e divises sociais do trabalho
mostram-se bem definidas: a pesca apresenta-se como atividade tipicamente masculina,
enquanto a mariscagem (a pesca e cata ou descarne dos mariscos) realizada predominante
pelas mulheres, com destaque para a captura do aratu. Constatou-se, portanto, a importncia
socioeconmica e cultural da pesca para os moradores. Por outro lado, a pesca j no
consegue mais suprir todas as necessidades dos pescadores, fazendo com que estes procurem
complementar sua renda com outras atividades, como na agricultura desenvolvidas em
quintais agroecolgicos. Os resultados das pesquisas permitiram a caracterizao e anlise
sobre a realidade scio produtiva na Ilha Mem de S, estabelecendo as condies iniciais para
o envolvimento e participao dos moradores nos processos de gesto para o desenvolvimento
local em bases sustentveis. Alm disso, favoreceu a definio de estratgias de interveno
baseadas em tecnologias agroecolgicas, desenvolvidas na forma de experimentaes
participativas.

Palavras-chave: Etnoconhecimento. Pesca artesanal. Populao tradicional.

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ATIVIDADE ALELOPTICA E CITOTXICA DO EXTRATO AQUOSO DE


Crotalaria mucronata Desv. (FABACEAE) SOBRE SEMENTES DE Allium cepa L.
(cebola)
Maria Elizete Machado GENERINO*(1); Maria Arlene Pessoa da SILVA(2); Rosa Carolline
de ALENCAR(1); Hemerson Soares LANDIM(1); Kyhara Soares PEREIRA(3)
1- Aluna do Programa de Ps-Graduao em Bioprospeco Molecular da Universidade
Regional do Cariri-URCA; 2- Pr-Reitora de Ps-Graduao e Pesquisa da
Universidade Regional do Cariri-URCA. 3- Aluna de Graduao em Cincias
Biolgicas da Universidade Regional do Cariri-URCA
*e-mail: jd.elizete@yahoo.com.br

A utilizao de ensaios biolgicos para o monitoramento da bioatividade de extratos, fraes


e compostos qumicos isolados tem sido freqentemente incorporada identificao e
monitoramento de substncias potencialmente txicas. A alelopatia tem atrado grande
interesse por suas aplicaes potenciais na agricultura. Neste contexto com o presente
trabalho objetivou-se analisar a atividade aleloptica e citotxica do extrato aquoso (EBA) das
folhas de Crotalaria mucronata Desv. (Fabaceae) sobre sementes e plntulas de Allium cepa
L. Foi analisado o efeito aleloptico do EBA em quatro concentraes, 25%, 50%, 75% e
100% (tratamentos), em comparao a um grupo controle constando de gua destilada, sendo
que para cada tratamento foram utilizadas 100 sementes de A. cepa. Os parmetros analisados
foram germinao e ndice de velocidade de germinao (IVG) das sementes,
desenvolvimento do caulculo, da radcula e ocorrncia de necrose da radcula de A. cepa.
Verificaram-se os efeitos do EBA nas diversas concentraes sobre o ndice Mittico (IM) e a
ocorrncia de alteraes cromossmicas nas clulas da raiz de cebola. Foi realizada ainda a
prospeco fitoqumica do extrato aquoso bruto de C. mucronata. Para as anlises estatsticas
aplicou-se o Teste de Regresso. Os dados obtidos revelaram que no houve ao aleloptica
significativa em relao germinao e o ndice de velocidade de germinao das sementes
de cebola. O extrato aquoso bruto, nas diversas concentraes, tambm no interferiu no
desenvolvimento do caulculo das plntulas e nem provocou necrose nas radculas, porm,
provocou uma diminuio no comprimento das radculas das plntulas submetidas a 50% de
concentrao. O EBA no interferiu no ndice Mittico, porm causou alteraes
cromossmicas nas clulas das radculas das plntulas submetidas a todas as concentraes, A
anlise fitoqumica revelou a presena de taninos condensados, antocianinas, antocianidinas,
flavononas, flavonoides, xantonas, chalconas, auronas, flavononides, flavononas,
leucoantocianidinas e catequinas. provvel que um destes compostos ou a combinao dos
mesmos sejam responsveis pela ao aleloptica do extrato de Crotalaria mucronata.

Palavras-chave: Alelopatia, Crotalaria mucronata, Fitoqumica.

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POTENCIAL DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS: UM ESTUDO DE CASO DO


GRUPO SEMENTE EM CHAPADA DOS GUIMARES, MT
Diana Carolina Martnez SNCHEZ (1)*; Aitana Salgado CARMONA (2); Bruna Maria
Faria BATISTA (1)
1 Faculdade de Engenharia Florestal, Ps Graduao em Cincias Florestais e
Ambientais UFMT; 2 Escritrio de Inovao Tecnolgica UFMT
*e-mail: dicamarsan@hotmail.com

Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) constituem um sistema dinmico baseado no manejo de


recursos naturais nas propriedades rurais integrando consrcios de rvores florestais,
frutferas e cultivos agrcolas. Esta diversificao beneficia a produo, visando otimizao
dos benefcios ambientais, econmicos e sociais para as propriedades rurais de forma
sustentvel. O presente trabalho trata-se de um estudo de caso realizado com o Grupo
Semente que possui um plantio agroflorestal localizado no sitio Jamac no municpio de
Chapada dos Guimares, MT. O levantamento dos dados foi obtido por meio de visitas in
loco, participao no manejo dos plantios e realizando entrevistas semiestruturadas,
abordando aspectos histricos, socioeconmicos, processo de implantao dos consrcios e
das espcies implantadas. O Grupo Semente foi fundado em 2004 e tem por misso criar,
vivenciar e promover prticas sustentveis referenciadas na permacultura contribuindo para o
desenvolvimento de uma sociedade mais justa e solidria. O grupo composto por uma
equipe multidisciplinar de engenheiros florestais, agrnomos, engenheiros de alimentos e
ambientais, alm de pedagogos, bilogos, e agricultores orgnicos. Em 2011 comearam a
utilizar a rea para a execuo de projetos de educao ambiental e a realizao de cursos de
Sistemas Agroflorestais com o apoio e parceria do IPOEMA: Instituito de Permacultura:
Organizao, Ecovilas e Meio Ambiente num primeiro momento, e a Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT) posteriormente. Os cultivos agroflorestais, definidos como UOPs
Unidades de Observao Permanente, so adensados e possuem uma grande diversidade de
espcies agrcolas, frutferas e florestais nativas. Assim, observou-se que iniciativas enfocadas
com a utilizao de Sistemas Agroflorestais por meio de pesquisa-ao so necessrias para
entender o potencial destes sistemas como uma alternativa sustentvel e possvel fonte de
renda e segurana alimentar.

Palavras-chave: SAFs. Unidades de Observao Permanente. Iniciativas Sustentveis.

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TRANSIO AGROECOLGICA EM ASSENTAMENTOS/COMUNIDADES NO


INTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL
Hudson Toscano Lopes Barroso da SILVA (1)*
1 Universidade Federal Rural do Semirido - UFERSA.
*e-mail: hdsntscn@gmail.com

Quando ouvimos a palavra agroecologia instantaneamente nos vem mente uma agricultura
menos agressiva ao meio ambiente, que resulta em uma incluso social e proporciona
melhores condies econmicas para os agricultores. O Programa de Estgio Interdisciplinar:
Vivenciar, Interagir e Construir Saberes tem como proposta promover uma extenso
universitria a partir de vivncias em comunidades rurais no Rio Grande do Norte
reafirmando a agricultura familiar focando na soberania alimentar, transio agroecolgica e
comercializao solidria. O objetivo desse trabalho realizar uma anlise preliminar dos
assentamentos/comunidades relacionada com os trs eixos estruturantes do Projeto. Para o
estudo, foram visitadas 11 localidades distintas durante os meses de Maio e Junho de 2013.
Foi utilizada a tcnica de mtodo participativo por meio de ciclo de visitas. Nesses encontros
os moradores relataram sobre a realidade local, relacionando com os eixos do projeto. Como
resultados pde-se constatar que cinco dos assentamentos/comunidades esto de acordo com
os trs pilares que sustentam o Projeto. Em quatro localidades os produtores esto em fase de
transio agroecolgica, e espera-se que em seguida eles consigam concretizar a
comercializao solidria, mantendo a soberania alimentar. A presena de uma entidade de
assistncia tcnica foi fundamental para o estabelecimento produtivo nesses nove
assentamentos/comunidades. As outras duas localidades no apresentam assessoria tcnica, e
encontrou-se o que na literatura refere-se crise do campesinato, pois os moradores
acreditavam apenas nas bases do modelo convencional de produo. Uma dessas localidades
realiza a produo de mel e comercializa em um estabelecimento denominado Budega do
Bode, repartindo entre os produtores o valor recolhido (comercializao solidria). Como
concluso, de acordo com o que foi vivenciado, alguns dos agricultores precisam passar por
um processo de formao mediante assistncia tcnica adequada que acompanhe um modelo
sustentvel de agricultura de base agroecolgica; e os demais, continuar evoluindo no
processo da produo sustentvel. Como o perodo de visitas foi curto, e nem todos os
moradores das localidades participaram do processo de visitas, para que as informaes
obtidas retratem a realidade local de maneira eficaz, faz-se necessrio uma vivncia
prolongada para a consolidao dos dados obtidos.

Palavras-chave: Estgio de Vivncia. Desenvolvimento Rural. Troca de saberes.

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20

PERCEPO DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM RELAO S


MUDANAS AMBIENTAIS DESEJADAS NA PRAIA DA BALEIA, ITAPIPOCA,
CEAR
Rossyanne Lopez BARACHO (1)*; Vanessa Sancho MUNIZ (1); Thais Chaves da
SILVA(1); Dafne Torelly PEREIRA (1); Jorge Ivn SNCHEZ-BOTERO (2); Danielle
Sequeira GARCEZ (1).
1 Instituto de Cincias do Mar (LABOMAR). 2. Departamento de Biologia / Universidade
Federal do Cear (UFC).
*e-mail: rossyanne.baracho@alu.ufc.br

A percepo ambiental pode ser definida como uma tomada de conscincia do ambiente pelo
homem, ou seja, perceber o ambiente que se est inserido, aprendendo a cuid-lo da melhor
forma possvel. Nesse contexto, por meio de atividades educativas ldicas no ano de 2012,
objetivou-se captar a percepo ambiental de quinze alunos do oitavo ano da Escola Jos
Maria da Silveira, na Praia da Baleia, Itapipoca (CE), sobre o que seria necessrio ser
transformado para uma melhoria no ambiente em que vivem. Foi usada metodologia
participativa de pesquisa-ao, que busca conhecer e intervir em uma realidade, porm de
forma conjunta entre proponente e beneficirios. Aplicou-se em quatro fases: debate sobre a
composio, destinao e reuso do lixo domstico gerado na casa de cada aluno; exibio de
vdeos referente produo e reutilizao de lixo, com discusso ao final; apresentao de
slides sobre a poluio marinha e seus efeitos; e por fim, foi solicitado aos alunos que se
reunissem em grupos para discutir e formular cartazes que atendessem questo: Hoje o
dia do meio ambiente na Praia da Baleia; o que vocs podem fazer para ajud-la?. Em
seguida, cada grupo apresentou suas propostas, sendo as idias resultantes: reutilizao do
bagao de coco como matria prima pra confeco de artesanato ou para paisagismo na
regio; separao seletiva do lixo para reciclagem; reduo no uso de papel e gua; fabricao
de brinquedos com material reutilizado; e uma proposta de melhoramento da nica praa da
comunidade. Com essa dinmica pde-se concluir que os alunos possuem a capacidade crtica
de propor alternativas para transformar essa realidade indesejada. Isto foi ainda comprovado
por parte de texto contido em um dos cartazes atitudes como essa (reutilizao do coco)
comeam dentro de casa, e a sustentabilidade uma das principais atividades que podem
garantir o desenvolvimento da terra sem agredir a natureza. Esta percepo dos alunos
tambm motivou a pintura de um mural na escola, sendo desenhados ecossistemas e textos de
motivao ambiental. Esta expresso manifestada por meio da arte serve de estmulo
permanente aos demais alunos e a um retorno frequente das discusses ambientais.

Palavras-chave: Educao ambiental. Metodologia participativa. Transformao.

21

PROGRAMA DE FORMAO CONTINUADA EM EDUCAO AMBIENTAL


PROMOVIDA PELO INSTITUTO LAGOA VIVA NO MUNICPIO DE
ARAPIRACA-AL
Janice Gomes CAVALCANTE* (1); Rubens Pessoa de BARROS (2); Maria Valdira
MONTEIRO(3); Consuelo Vitria CAVALCANTE(4); Alexsandra de OLIVEIRA (5)
1,2,3,4,e 5 Secretaria Municipal de Educao de Arapiraca SMEA.
*e-mail: bio.on.line@hotmail.com

O projeto de Formao proposto pelo Instituto Lagoa Viva, no municpio de Arapiraca tem
como objetivo a formao integral em Educao Ambiental de professores e alunos da rede
oficial de ensino e atua com aes direcionadas em projetos que so desenvolvidos nas
Escolas, visando a integrao Escola-comunidade. Aes estas, voltadas para a realidade local
e tendo como foco a transformao do indivduo em seu contexto scio-ambiental. A equipe
de EA de Arapiraca vem desenvolvendo suas aes desde o ano 2008 e atingiu at o momento
um pblico com cerca de quatrocentos professores/ano de forma direta e indireta,
contemplando as redes estadual e municipal de ensino. Estes docentes atendem a uma
clientela aproximada de dez mil alunos, distribudos nas sries iniciais do ensino fundamental
e no ensino mdio. O projeto ainda atende aos professores e alunos de seis escolas municipais
que funcionam em tempo integral e que tambm apresentam projetos de grande relevncia,
voltados questo ambiental. Anualmente as escolas desenvolvem o Projeto de Integrao e
Interveno na Comunidade PIIC, que so acompanhados pela equipe de coordenao
ambiental da secretaria municipal de educao, e so avaliados por uma comisso tcnica com
pessoal ligado s atividades ambientais. Os resultados destes projetos so apresentados
anualmente em encontros que renem toda comunidade escolar, promovidos pela equipe de
coordenao ambiental da secretaria municipal de educao e ainda orientados pela equipe do
Instituto Lagoa Viva. Em 2008, foram cadastrados 13 (treze) projetos, sendo que quatro
destes participaram da mostra e amostra dos trabalhos na cidade Macei-AL, por ocasio da
premiao pelo Instituto Lagoa Viva. Em 2009, foram cadastrados 22 (vinte e dois) projetos,
onde 06 (seis) deles participaram do I Encontro Regional de Educao Ambiental do Agreste
e Caatinga EREAAC. Em 2010, foram cadastrados 15 (quinze) projetos, sendo que nove
trabalhos participaram do VIII Congresso Estadual de Educao Ambiental, realizado pelo
Instituto Lagoa Viva. Desta forma, a eficincia e permanncia do programa de formao
continuada em Educao Ambiental, uma meta a ser alcanada, pela equipe de Coordenao
Ambiental do Departamento Pedaggico comprometida com a sustentabilidade do planeta
com aes ambientais locais e com viso global.

Palavras-chave: Meio ambiente. Parceria.Comunidade escolar.

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EDUCAO AMBIENTAL: PCNs E A REALIDADE DO ENSINO NO MUNICPIO


DE UNIO DOS PALMARES/AL
Maria Andressa da COSTA*(1); Romilda Ferreira de LIMA (2); Joelma Soriano de
ANDRADE (3)
1 - Doutora em Letras. Professora de Metodologia Cientfica do curso de Pedagogia do
PROESP/UNEAL; 2 - Coordenadora da Escola Municipal Professora Filomena Medeiros e
aluna do 1 ano do curso de Pedagogia PROESP/UNEAL; 3 Aluna do primeiro ano de
Pedagogia PROESP/UNEAL
*e-mail: acertefonoaudiologia@yahoo.com.br
O presente trabalho visa identificar como a educao ambiental abordada nos Parmetros
Curriculares Nacionais (PCN) e descrever a realidade do ensino nas escolas municipais de
Unio dos Palmares/AL. Trata-se de uma pesquisa documental, pois estudou o acervo
Parmetros Curriculares Nacionais/Meio Ambiente do Ministrio da Educao e Cultura
MEC e descritiva j que analisou e descreveu a situao do ensino de uma dada regio quanto
educao ambiental. Como instrumento de coleta, utilizou-se um questionrio aplicado a 18
professores da rede municipal estudantes do primeiro ano do curso de Pedagogia da
Universidade Estadual de Alagoas UNEAL. Com base na anlise do documento,
percebemos que o PCN aborda a problemtica ao considerar que os professores devam
trabalhar a importncia dos modos de interao do ser humano com a natureza atravs de suas
relaes sociais, do trabalho, da cincia, da arte e da tecnologia, assim como,apresenta
algumas reflexes sobre o processo educacional e destaca os indicadores para a construo do
ensinar e do aprender nesta rea. Com relao aos dados dos questionrios, 55% dos docentes
referiram ter tido alguma formao na rea, destes, 40% na capacitao do projeto Sala
Verde ofertada pelo municpio. Todos os professores abordados desconhecem a existncia
do PCN Meio ambiente. Todavia, 50% da amostra trabalham de forma intuitiva
(conhecimento emprico) a problemtica em sala, 100% afirmaram no desenvolver suas
atividades com base no documento oficial especificado e ningum considera, em suas
prticas, os indicadores para a construo do ensinar e do aprender em educao ambiental
sugeridos pelo PCN. Desta forma, acredita-se que o desenvolvimento de estratgias que
visem divulgao deste documento e a capacitao dos professores para sua efetiva
aplicabilidade devam ser considerados pelo municpio e colocados em prtica numa parceria
entre as secretarias por meio de workshops, seminrios, palestras, capacitaes, encontros
regionais entre outras possibilidades.
Palavras-chave: PCN. Meio Ambiente. Educao.

23

PASSEATAS ECOLGICAS NOS MUNICPIOS DE ALAGOAS: UMA


FERRAMENTA DE DIVULGAO E SENSIBILIZAO PARA QUESTES
AMBIENTAIS
Thayse Ancila Maria de Melo GOMES (1)*; Luciano Barbosa da SILVA (2); Ana Cecilia
Marques de Carvalho SANTOS (3); Camila Pereira de ALMEIDA (4)
1 Instituto para Preservao da Mata Atlntica - IPMA; 2 Instituto para Preservao da
Mata Atlntica - IPMA ; 3 - Universidade Federal de Alagoas UFAL; 4 Universidade
Tiradentes UNIT;
*thaymelog@gmail.com

Alagoas um dos estados brasileiro que mais degradou a sua cobertura vegetal, contudo nos
ltimos anos vrios programas de educao ambiental esto sendo desenvolvidos
vislumbrando contribuir com a diminuio da degradao ambiental do estado. Nesse sentido,
o Instituto para Preservao da Mata Atlntica - IPMA, Organizao No Governamental
ONG, vem realizando atividades de educao ambiental em escolas pblicas que so
adotadas por empresas associadas instituio, sendo essas escolas tituladas como Escolas
Ncleo. Desse modo, no ano de 2012 o IPMA realizou Passeatas Ecolgicas nos municpios
onde as Escolas Ncleos localizavam, na qual na primeira etapa ocorreram palestras para
alunos e professores sobre as temticas: flora e fauna da mata atlntica com nfase no mutumde-alagoas (Pauxi mitu), ave endmica do estado que atualmente sua populao total
encontra-se em dois criadouros localizados em Minas Gerais, com previso de reintroduo
em matas alagoanas em 2015. Na segunda etapa ocorreu o planejamento da passeata com a
escola e a equipe do IPMA, e na terceira foi realizado a Passeata Ecolgica. As passeatas
ocorreram com os alunos, professores e a equipe do IPMA na qual eram expostas faixas e
cartazes sobre questes ambientais e os alunos se fantasiavam de animais nativos da Mata
Atlntica, realizando uma caminhada pela cidade. No total foram 6 Passeatas Ecolgicas nos
municpios de: So Luiz do Quitunde, Campo Alegre, Colnia Leopoldina, Matriz de
Camaragibe e Coruripe. Aproximadamente 1.050 alunos e professores participaram das 6
passeatas desenvolvidas. Assim, a Passeata Ecolgica mostrou ser uma importante ferramenta
de divulgao e sensibilizao da populao, rearfimando o compromisso que a escola e a
comunidade possuem perante as questes ambientais.

Palavras-chave: Passeata Ecolgica. Municpios de Alagoas. Educao ambiental.

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UMA ANLISE PRELIMINAR DA COLETA SELETIVA DE LIXO COMO


INSTRUMENTO PARA EDUCAO AMBIENTAL
Anne Mrian da Silva GOMES (1)*; Chryslane Barbosa da SILVA (1); Eliane Lima da Silva
OLIVEIRA (1); Jaqueline Arajo de OLIVEIRA(1); Maria Janiele Barbosa de FARIAS (1);
Janana Kvia Alves LIMA (2)
1 - Graduandas em Licenciatura em Cincias Biolgicas Uneal-Campus I, ArapiracaAL; 2 - Orientadora. Prof. Substituta do curso de Cincias Biolgicas da UnealCampus I, Arapiraca-AL.
e-mail: anne.gomes2010@bol.com.br

O aumento na produo de lixo tem sido um dos mais graves problemas ambientais urbanos
da atualidade, devido, principalmente, ao consumismo exacerbado que tem tomado conta da
sociedade. A Universidade, por ser disseminadora de conhecimentos e formadora de opinies,
pode abordar e apresentar meios para enfrentar esse problema. Baseado nas atuais
necessidades de nossa sociedade, o presente trabalho objetiva conscientizar as comunidades,
universitria e escolar, sobre a importncia da coleta seletiva e da reciclagem do lixo. Esto
sendo realizados levantamentos junto aos alunos de ambos os nveis de ensino, a fim de
conhecer a viso destes acerca das questes ambientais relativas aos impactos causados pelo
lixo. Posteriormente, sero visitadas associaes, selecionadas mediante visitas prvias, que
recebem e realizam processos de reciclagem de resduos oriundos da coleta seletiva em
Arapiraca. Aps as entrevistas e visitas sero realizadas palestras e oficinas com dicas de
mtodos e locais de coleta e reciclagem, como meio de contribuir com a conscientizao
ambiental das comunidades. At o momento foram realizados levantamentos com 156 alunos
de ensino mdio, com idades que variaram de 13 a 35 anos de idade, de duas, das 29 escolas
pblicas do municpio. As escolas foram previamente selecionadas mediante fatores, tais
como: faixa etria dos alunos e nvel de ensino. Para a obteno dos resultados preliminares
foi aplicado questionrio contendo perguntas relativas ao reaproveitamento dos materiais e o
destino do lixo aps a coleta nas ruas e residncias, entre outras. Baseado nos resultados
obtidos atravs dos questionrios aplicados, os dados sugerem que, a maioria dos alunos
nunca visitou um lixo ou locais que trabalham com reciclagem, e apesar de mais de 70%
desses conhecerem os materiais que podem ser reciclados 43% dos entrevistados no os
reaproveitam em suas residncias. Grande parte dos entrevistados demonstrou preocupao
com a quantidade de lixo gerado em sua casa. Considerando os resultados previamente
obtidos, faz-se necessrio a implementao de um efetivo programa de educao ambiental
que atue, prioritariamente, nas escolas, como uma ferramenta de disseminao de
conhecimentos e mtodos para a realizao correta da coleta seletiva e da reciclagem do lixo.

Palavras-chave: Reciclagem. Problemas ambientais. Resduos slidos.

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ORGANIZAO DE CARPOTECA COMO ESTRATGIA DE EDUCAO


AMBIENTAL
Fabrcio Tharlen da Silva LEMOS (1)*; Jady da Silva NEPOMUCENO (1); Aline Gomes
dos SANTOS (1); Magnlia Silva QUEIROZ (2)
1 Discentes da Universidade do Estado da Bahia (UNEB); 2 Docente da Universidade do
Estado da Bahia-UNEB)
*e- mail: fabriciopequenopoeta@hotmail.com

Pensar a Natureza e o Homem se faz necessrio pensar a ao humana sobre a natureza. Com
o risco de uma degradao ambiental irreversvel se faz necessria mudana de
comportamento das sociedades humanas com a natureza, pensado em estratgias de
conservao. E para conservar, importante conhecer, o que exige um prvio conhecimento
dos grupos de seres vivo. O uso da carpoteca se torna uma ferramenta til na educao
ambiental na medida em que o educador ambiental parte dos nomes populares dos vegetais
para apresentar os nomes cientficos. A carpoteca uma coleo cientfica de frutos sendo um
importante material para a pesquisa na taxonomia, sistemtica, florstica, estudos referentes a
impactos ambientais, orientando estratgias de manejo e conservao, promovendo tambm a
identificao de organismos potencialmente teis. A educao ambiental e as colees
biolgicas so instrumentos importantes na sensibilizao do ser humano sobre a importncia
dos vegetais para nossa sobrevivncia e das demais espcies, auxiliando na busca de
alternativas sustentveis para a preservao destes e contribuindo para o bem estar de todos.
Nessa perspectiva, as carpotecas so eficazes para a organizao da diversidade de
determinado bioma, formando uma base do conhecimento sobre biodiversidade. A carpoteca
foi produzida a partir da coleta realizada na flora da Universidade do Estado da Bahia,
Campus IX Barreiras BA durante os meses de maio e junho. Aps a coleta, os frutos foram
conduzidos ao Herbrio da instituio e acondicionados em uma estufa de madeira at a
desidratao completa e posteriormente foram armazenados em sacos de papel pardo at a
montagem da mesma. Os frutos foram devidamente catalogados e etiquetados contendo
informaes como a classificao segundo a taxonomia de Cronquist em famlia, gnero,
espcie e nome popular e dados adicionais sobre o vegetal. A identificao do material foi
feita por consulta a literatura especfica e por comparao com materiais depositados no
herbrio da instituio. As carpotecas sero expostas em pontos estratgicos com grande
movimentao das pessoas que frequenta o campus, tendo como objetivo sensibilizar a
comunidade universitria para flora do campus IX, visando incentivar a mais projetos e
estudos relacionados diversidade que l se encontra.

Palavras- chave: Educao Ambiental. Carpoteca. Taxonomia.

26

PERCEPO DE ALUNOS UNIVERSITRIOS DO MUNICPIO DE CRATES


CE, SOBRE O TEMA E A PRTICA DA RECICLAGEM
Antonia Tais Silva MENDES (1)*; Diene Braz dos SANTOS (2); Janaina Sampaio SOUZA
(3); Fabiana de Arimateia TORCATO (4); Marcelo Camplo DANTAS (5)
1, 2, 3, 4 - Discentes do curso de Licenciatura Plena em Cincias Biolgicas da Faculdade de
Educao de Crates FAEC da Universidade Estadual do Cear (UECE); 5 Docente do
Departamento de Educao da Universidade Estadual do Cear (UECE).
*e-mail: thays.ips@hotmail.com

No Brasil a discusso sobre reciclagem est em torno de interesses econmicos e individuais.


Muitos conceitos errneos so perpassados populao por profissionais sem o devido
preparo. Desta forma, o ciclo se perpetua no pas sem prognstico de melhoras. O presente
trabalho teve como objetivo avaliar o conhecimento e a prtica dos alunos da Faculdade de
Educao de Crates, no municpio de Crates CE, sobre reciclagem de lixo. Foram
aplicados 207 questionrios semiestruturados a alunos dos cursos de Cincias Biolgicas,
Qumica e Pedagogia. De acordo com os resultados foi observado que a maioria dos alunos
apresenta conhecimento sobre o tema (87,0%), inclusive no tocante s diferenas entre lixo
orgnico e inorgnico (89,0%). Contudo, a ausncia da prtica de separao do lixo por parte
dos alunos o fator de entrave principal a no exercerem o seu papel socioambiental, como
observado pela maioria (57,0%), que aponta no fazer a ao nas prprias residncias.
Ressalta-se ainda que um montante de 49,0% se sente incomodado na realizao da ao. Ao
serem indagados sobre a existncia de uma cooperativa de reciclagem presente no municpio,
60,0% dos entrevistados no sabiam sobre a existncia desta. Fato que provavelmente seja
explicado por parte dos alunos serem de municpios vizinhos. Este fato est relacionado,
segundo a maioria, falta de tempo hbil para execuo da tarefa. Conclui-se que uma
abordagem frequente e diferenciada tem que ser realizada pelos rgos pblicos de
gerenciamento, escolas, bem como pela prpria comunidade acadmica de nvel superior,
para uma motivao efetiva.

Palavras Chave: Separao do lixo. Faculdade. Lixos orgnico e inorgnico.

27

ANLISE DO CONHECIMENTO DE ALUNOS DA ESCOLA JERNIMO ALVES


DE ARAJO, MUNICPIO DE INDEPENDNCIA CE, SOBRE O ECOSSISTEMA
CAATINGA
Eliane Oliveira do NASCIMENTO (1)*; David Dias MACHADO (2); Marcelo Camplo
DANTAS (3)
1 - Universidade Estadual do Cear (UECE); 2 - Universidade Estadual do Cear (UECE); 3 Universidade Estadual do Cear (UECE)
*e-mail: elianelvr56@gmail.com

O ecossistema da caatinga exclusivamente brasileiro e rico em biodiversidade. O repasse de


informaes sobre este nas escolas diminuto e equivocado por muitas vezes, o que origina
nos alunos habitantes da regio, um menosprezo ao ambiente. O trabalho teve como objetivo
avaliar o conhecimento dos discentes da escola Jernimo Alves de Arajo, no municpio de
Independncia CE, sobre o ecossistema caatinga. A pesquisa foi realizada no perodo de
maio de 2013 com aplicao de questionrios semiestruturados a 290 estudantes de oito
turmas de 1, 2 e 3 anos do ensino mdio. Foi observado que 97,0% dos alunos acham
importante o estudo e a preservao da caatinga, e para 68,0% destes, o conhecimento efetivo
sobre o tema assimilado por outros meios que no pela prpria escola, como TV, citado por
15,2% e internet (12,0%). Nesse vis verificou-se que a maioria detinha conhecimento
emprico, mesmo que mnimo, sobre nomes populares de espcies da flora (78,0%) e fauna
(80,0%) da caatinga. Os nomes mais citados de plantas e animais foram mandacaru (63,3%) e
tatu (85,4%), respectivamente. Ao serem questionados se os outros ecossistemas brasileiros
so mais estudados que a prpria caatinga, a maioria afirmou que sim (55,1%), com maior
destaque para a Floresta Amaznica 38 % e Cerrado 36 %, e que para 96,5 % necessrio
uma educao ambiental mais aprofundada sobre o tema no ensino mdio. Quando indagados
sobre os fatores que causam a degradao da caatinga, uma parcela de 30,0%, no conseguiu
relacionar os problemas com as respectivas causas, j que considerou menos agressivo o uso
de lenha, contrrio ao que afirmaram sobre o desmatamento (98,0%). O estudo mostrou que a
maioria dos estudantes pesquisados demonstra interesse em obter mais informaes, no
mbito escolar, sobre o ecossistema em que habitam, pois este no tem o destaque necessrio
nos materiais didticos disponveis. Alm disso, precisam melhorar alguns conceitos
adquiridos sobre o que acontece na caatinga.

Palavras-chave: Educao Ambiental. Ensino mdio. Zona Rural.

28

ORGANIZAO TAXONMICA DE CARPOTECA COMO ESTRATGIA DE


EDUCAO AMBIENTAL
Jady da Silva NEPOMUCENO (1) *; Fabrcio Tharlen da Silva LEMOS (2) Aline Gomes dos
SANTOS (3); Magnlia Silva QUEIROZ (4).
1Estudante da Universidade do Estado da Bahia; 2- Estudante da Universidade do
Estado da Bahia; 3- Estudante da Universidade do Estado da Bahia 4- Professora de Prtica
Pedaggica do curso de Licenciatura em Cincias Biolgicas da Universidade do Estado da
Bahia, Campus IX.
*e- mail: nepomuceno.jsn@gmail.com

Os vegetais so fundamentais para a sobrevivncia de muitas espcies, inclusive o ser


humano. Com as transformaes oriundas do modelo socioeconmico existe o risco de uma
degradao ambiental irreversvel fazendo-se necessria a mudana de comportamento das
sociedades humanas. Assim, o uso de carpotecas, coleo cientfica de frutos para pesquisas
em diversas reas, como estratgia de educao ambiental se torna uma ferramenta til na
medida em que o educador ambiental parte dos nomes populares dos vegetais para apresentar
os nomes cientficos de acordo com a nomenclatura botnica. A educao ambiental e as
colees biolgicas so instrumentos importantes na sensibilizao do ser humano sobre a
importncia dos vegetais para nossa sobrevivncia e das demais espcies, auxiliando na busca
de alternativas sustentveis para a preservao destes e contribuindo para o bem estar de
todos. Nesta perspectiva, o trabalho teve como objetivo produzir e organizar
taxonomicamente carpotecas buscando a sensibilizao da comunidade universitria para a
flora do Campus, a partir da sua exposio em locais com grande movimentao de pessoas
que frequentam a Universidade do Estado da Bahia, Barreiras BA. As carpotecas foram
produzidas a partir da coleta realizada na flora da Universidade do Estado da Bahia, Campus
IX, durante os meses de maio e junho. Aps a coleta botnica, os frutos foram conduzidos ao
Herbrio da instituio e acondicionados em uma estufa de madeira at a desidratao
completa e posteriormente foram armazenados em sacos de papel pardo at a montagem das
carpotecas. Os frutos foram devidamente identificados segundo a nomenclatura de Cronquist,
catalogados, etiquetados e organizados taxonomicamente para a exposio. Foram utilizados
para a confeco das carpotecas materiais que seriam descartados no lixo, mas que poderiam
ser reaproveitados, dessa forma enfatizando a importncia de aes que possibilitem a
conservao e a diminuio no consumo dos recursos naturais. O trabalho possiblitou que as
pessoas que frequentam a Universidade tomassem conhecimento de que o Campus IX possui
uma flora rica em diversidade de vegetais e que contribui para a biodiversidade dentro da
instituio, visto que animais utilizam desses recursos vegetais, alm de contribuir para
estudos relacionados.

Palavras- chave: Educao Ambiental. Carpoteca. Taxonomia.


29

A PERCEPO DE PESCADORES ARTESANAIS SOBRE CAPTURAS


ACIDENTAIS DE PONTOPORIA BLAINVILLEI (CETACEA: PONTOPORIDAE) EM
PRAIA GRANDE, SP
Ntali Isabela Pierin PICCOLO(1)*; Carolina Pacheco BERTOZZI(2)
1 - Projeto Biopesca, Santos, SP - Brasil; 2 - Projeto Biopesca
* e- mail: natali.isabela@yahoo.com.br

A intensa explorao pesqueira tem levado diversas espcies situao de sobrepesca ou


ameaa de extino. No litoral central do Estado de So Paulo, comum a prtica da pesca
artesanal atravs das redes de espera e, apesar da maior sustentabilidade desta arte, ainda
apresenta baixa seletividade em comparao a outras tecnologias, pois resulta na captura
acidental de espcies no-alvo, uma categoria no intencional de captura mas, que produz
conflitos socioambientais, em especial relacionado ao cetceo popularmente conhecido como
toninha, Pontoporia blainvillei. Com a inteno de conhecer a percepo dos atores em
relao toninha atravs de uma abordagem quali-quantitativa, foram entrevistados 18
pescadores utilizando questionrios semi-estruturados em duas comunidades pesqueiras,
conhecidas como Boutique de Peixes e Ocian, em Praia Grande SP, de janeiro a julho de
2012. Nestas comunidades concentra-se a maior frota pesqueira do municpio e, participaram
todos os pescadores em atividade na poca. Os entrevistados tem entre 26 - 64 anos, 10 - 54
anos de experincia na pesca e a mdia de 7 anos de escolaridade. Os pescadores designaram
qualidades humanas e ldicas a toninha, 55,5% remete a relao de afeio como amigo e
protetor e 38,8% citaram respeito. Todos consideram como impacto negativo para as
populaes do cetceo o resultado das capturas acidentais, mas no tem conhecimento sobre o
status de conservao da espcie. Dos entrevistados 89% no se importam com a perda
econmica pela depreciao das redes, 88% trataram com sensibilidade o resultado da captura
acidental atravs do uso das palavras d, culpa e tristeza e 90% gostariam de mitigar as
capturas acidentais. Em 30% das respostas a espcie vinculada ao smbolo de sorte, pois
segundo os pescadores a maior frequncia das avistagens do cetceo no mar significa
produtividade na pesca. Existe tabu alimentar sobre o consumo em relao s caractersticas
organolpticas da carne, e desconhecem o produto azeite de boto. Os resultados reforam
que os eventos esto sob as dinmicas da natureza, contribui para a ampliao das discusses
entre conservao e as dimenses humanas e no esgota as possibilidades de dilogo o que
ressalta a inteno de abranger outras comunidades no futuro.

Palavras-chave: pesca artesanal, captura acidental, percepo; toninha.

30

ASPECTOS ETNOECOLGICOS DA PESCA ARTESANAL A RESPEITO DA


TONINHA, PONTOPORIA BLAINVILLEI (CETACEA: PONTOPORIDAE) EM
PRAIA GRANDE SP
Natali Isabela Pierin PICCOLO(1)*; Carolina Pacheco BERTOZZI(2)
1 - Projeto Biopesca; 2 - Projeto Biopesca
* e- mail: natali.isabela@yahoo.com.br

A pesca artesanal oferece aos atores envolvidos na atividade a aquisio de um extenso


conhecimento local, terico-prtico, sobre as caractersticas que constroem o ambiente,
possibilitando-os identificar informaes sobre a biodiversidade. Em diversas reas de
ocorrncia de interao entre a pesca artesanal e cetceos, em especial a toninha, Pontoporia
blainvillei, vem sendo realizados estudos de etnoecologia, a fim de auxiliar como subsdio no
desenvolvimento de planos de conservao. Este trabalho se insere no escopo da
etnoecologia, que pode ser entendida como uma interseco entre o conhecimento cientfico e
tradicional. E, como amplamente conhecida a ocorrncia da Pontoporia blainvillei e sua
interao com a pesca no municpio de Praia Grande, SP, utilizou-se uma abordagem
qualitativa, com objetivo de descrever de forma comparativa os saberes tradicionais de duas
comunidades pesqueiras (Ocian e Boutique de Peixes), atravs de questionrios semiestruturados, entre janeiro a julho de 2012. Participaram todos os pescadores em atividade na
poca, n=18, entre 10 - 54 anos de experincia na pesca, em mdia, com sete anos de
escolaridade. O perodo entre 07 a 11 horas da manh foi citado como o que os entrevistados
avistam com maior frequncia a espcie, o que coincide com o horrio da despesca, realizada
preferencialmente pelas comunidades neste perodo. As reas de pesca (8 a 20 metros de
profundidade) foram relacionadas ao uso de habitat da espcie e a composio de grupos foi
descrita entre 2 e 3 indivduos (incluindo filhotes) e eventualmente a formao entre 10 a 30
indivduos. Os pescadores no tem conhecimento sobre as estratgias de pesca, composio e
variao temporal da dieta alimentar. As redes de emalhe citadas como responsveis pelas
capturas acidentais foram a Fundo Grossa e Boeira, que tem como etnoespcies-alvo
respectivamente, corvina/robalo, sororoca/tainha/guaivira e so descritas pelos pescadores
como as que possuem maior tamanho de malha, fio mais resistente. A Boeira por ser
utilizada na superfcie torna-se responsvel pela maior frequncia das capturas acidentais.
Observou-se alta relevncia no saber tradicional, comparado ao cientfico. A continuidade
faz-se necessria para que estes saberes no sejam extintos perante o declnio da pesca
artesanal e a insustentabilidade na recuperao dos recursos marinhos.

Palavras-chave: conhecimento tradicional, cetceos, pontoporia blainvillei.

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PERCEPO DE ALUNOS DA ZONA RURAL DE CRATES-CE, SOBRE O TEMA


AGROTXICOS: ESTUDO DE CASO DA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL
E MDIO LIONS CLUB
Eva Pereira SALES (1)*; Eliane dos Santos MELO (2); Maria Emlia Arajo RESENDE (3);
Rosa Maria Arajo VALE (4); Marcelo Camplo DANTAS (5)
1, 2, 3, 4 - Discentes do curso de Licenciatura Plena em Cincias Biolgicas da Faculdade de
Educao de Crates FAEC da Universidade Estadual do Cear (UECE); 5 Docente do
Departamento de Educao da Universidade Estadual do Cear (UECE).
*e-mail: evafluminense@hotmail.com
O uso excessivo de agrotxicos e a falta de precauo quanto manipulao dos mesmos, tm
causado grandes preocupaes aos ambientalistas, devido aos impactos a sade dos
agricultores e ao meio ambiente. O objetivo do trabalho foi analisar o conhecimento dos
alunos do ensino mdio da Escola de Ensino Fundamental e Mdio Lions Club, comunidade
de Realejo, municpio de Crates CE, sobre os agrotxicos. Foi aplicado um questionrio
semiestruturado a 128 alunos das sries de 1, 2 e 3 ano do Ensino Mdio. A maioria dos
alunos 57,0% afirma que a escola no apresenta nenhum tipo de educao ambiental voltada
para o uso de agrotxicos. Outro fator de destaque na pesquisa foi que 59,0% dos
entrevistados alegaram que seus familiares utilizavam algum tipo de agrotxico na agricultura
familiar, contudo no sabiam dos malefcios que estes causavam sade humana. Parcelas de
49,0%, 100,0%, 39,0% desconhecem os danos que os agrotxicos causam ao meio ambiente,
do descarte correto das embalagens e do uso apropriado dos equipamentos de proteo
individual respectivamente. Foi observado que, mesmo morando na zona rural, centro
agrcola da regio, os jovens so pouco instrudos sobre o uso dos agrotxicos, seus
malefcios e principalmente no descarte correto de embalagens. Cabe escola preencher essa
lacuna deixada pelo ensino tradicional, com questes vivenciadas no cotidiano dos alunos,
pois dela que a comunidade anseia por informaes.
Palavras Chave: Educao Ambiental. Impactos Ambientais. Agricultura Familiar.
Defensivos Agrcolas.

32

AES AMBIENTAIS NA GESTO PESQUEIRA DE PIRAMBU SE


Camilla Gentil SANTANA (1)*; Maria Benedita Lima PARDO (2)
1 Tutora a distncia da Universidade Aberta do Brasil-CESAD/UFS; 2 Professora do
Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Sergipe
* e- mail: camillags1@hotmail.com

Pirambu situa-se no litoral norte do Estado de Sergipe, distante da capital 76 Km, ocupando
uma rea de 218 Km2, numa regio caracterizada como plancie litornea. Sua topografia
apresenta poucas elevaes, formadas pelas dunas de areia branca. Possui vegetao litornea
muito variada, com praias onde predominam coqueiros e uma vegetao rasteira, com campos
de dunas, matas de restinga e manguezais. Sua economia baseada na pesca do camaro e do
peixe, sendo um dos maiores centros pesqueiros do Nordeste, exportando para Bahia,
Pernambuco, Alagoas, Cear e Rio Grande do Norte (BRASIL, 2002). De acordo com
Tavares (2011), j no incio do seu povoamento, a pesca era a principal atividade de sua
populao que a desenvolvia as margens dos rios, lagoas e a beira do mar. A partir das
dcadas de 1970 e 1980, com a implantao de rgos e entidades pesqueiras no municpio,
como a Pirambu Pesca e o Conselho de Desenvolvimento de Pirambu (CONDEPI), mudanas
significativas ocorreram na atividade. A estrutura pesqueira passou a comportar tambm os
armadores (donos de barco), associaes e sindicatos de pesca surgiram no municpio. A
pesca firmou-se como a principal atividade econmica da cidade. Diante disso, tornou-se
indispensvel uma gesto que contemplasse toda a demanda da atividade, incluindo as
questes ambientais. Com o objetivo de identificar aes na gesto pesqueira do municpio de
Pirambu/SE, realizaram-se entrevistas semiestruturadas com o assessor de Meio Ambiente,
Agricultura e Pesca; com os presidentes da Associao de pescadores e da Colnia de
Pescadores. De acordo com os entrevistados, a fiscalizao que ocorre durante o defeso uma
ao externa as suas responsabilidades e admitem no auxiliarem na ao. No entanto,
afirmaram realizar aes como cursos e palestras sobre higiene no beneficiamento do
pescado, informtica, primeiros socorros, entre outros, pela Colnia; aes educativas para
orientar sobre o descarte adequado do leo diesel (utilizado como combustvel dos barcos),
pela Associao; e reformas nos galpes do entreposto pesqueiro, pela secretaria. Todas as
aes foram nitidamente incipientes, pois foi observada durante a pesquisa a presena de lixo
e leo diesel jogado nas margens do rio Japaratuba, infraestrutura precria do entreposto
pesqueiro, falta de material de higiene para o beneficiamento do pescado, entre outros. Na fala
do assessor de meio ambiente e pesca, no h estudos de impacto ambiental referentes
atividade feitos pela secretaria. De acordo com os dados obtidos, conclui-se que em
contrapartida a sua importncia para a cidade, a pesca no tem sido tratada como prioridade
pelos gestores, pois no se identificaram, no decorrer das coletas de dados, investimentos e/ou
aes continuas e eficazes voltadas para melhorias na atividade, seja pelo poder pblico ou
pelas entidades representativas, como a Colnia e a Associao de Pescadores de Pirambu.
Palavras-chave: Gestores, Pesca, Pirambu/SE.

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PERCEPES DE PESCADORES SOBRE A DEGRADAO DO RIO


JAPARATUBA
Camilla Gentil SANTANA (1)*; Maria Benedita Lima PARDO (2)
1 Tutora a distncia da Universidade Aberta do Brasil-CESAD/UFS; 2 Professora do
Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Sergipe
* e- mail: camillags1@hotmail.com

A Bacia Hidrogrfica do Rio Japaratuba possui rea geogrfica de 1.734,59 km2, equivalentes
a 7,65% do territrio estadual e abrange 20 municpios. Sua nascente est localizada na Serra
da Boa Vista na divisa entre os municpios de Feira Nova e Graccho Cardoso. Sua foz
encontra-se no municpio de Pirambu. O principal rio da bacia o Japaratuba, que tem como
principais afluentes: os rios Japaratuba Mirim, Lagartixo, Siriri, Cancelo e Riacho do Prata
(SEMARH, 2012). A Bacia do Rio Japaratuba possui importncia econmica estratgica para
o estado de Sergipe, porm os processos de explorao agrcola da cultura de cana-de-acar,
pastagens, obteno de lenha, explorao mineral, turismo, pesca e abastecimento humano e
animal, tem causado alteraes significativas na biota do rio, alm de contribuir para a
remoo da mata ciliar, com consequente acelerao dos processos erosivos e o assoreamento
dos leitos dos rios (Arajo, 2008). Para Santos (2007) e Andrade (2010), tudo isso vem causar
o empobrecimento do ecossistema desta rea, que vem ao longo do tempo, diminuindo seu
potencial hdrico, ameaando a qualidade de vida das populaes locais, que tm no rio a
garantia do acesso gua potvel. Diante do exposto, faz-se necessrio compreender a
percepo dos pescadores do municpio de Pirambu/SE a respeito da degradao do Rio
Japaratuba. O local da pesquisa, que se encontra na poro final do rio, sofre as consequncias
de todos os processos de degradao existentes ao longo da bacia. De modo a compreender a
percepo dos pescadores, utilizou-se uma abordagem qualitativa, com realizao de
entrevista semiestruturada, analisada posteriormente atravs da tcnica de Anlise de
Contedo de Bardin (1977). Os pescadores reconhecem a atual situao de degradao que o
rio Japaratuba est sujeito. A maioria dos entrevistados afirmou que h alguns anos a situao
era diferente, o rio tinha uma profundidade maior, de modo que os barcos no batiam em
bancos de areia, nem encalhavam, alm disso, tinha mais pescado. A pesca em Pirambu pode
ser caracterizada como prioritariamente industrial, fundamentada na produo capitalista de
armadores e embarcados (Diegues, 1983). No entanto, dado importante encontrado na
pesquisa foi o fato de que os pescadores entrevistados no visualizam as contribuies
negativas, resultantes da atividade pesqueira, sobre a bacia. Toda responsabilidade pelas
alteraes ambientais da mesma externalizada, sendo os caxixis (resduos do cultivo de
cana-de-acar) os maiores poluidores, na viso dos mesmos.
Palavras-chave: Bacia hidrogrfica. Pesca. Explorao Ambiental.

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OS PROCESSOS DE DESTERRITORIALIZAO E RETERRITORIALIZAO


DA COMUNIDADE VILA JACAR/MARECHAL DEODORO DA FONSECA/AL
Gesyca Patrcia da silva SANTOS (1)*; Jackson Luiz de FRANA (2)
1- Universidade Federal de Alagoas; 2- Universidade Federal de Alagoas.
*e-mail: gesycah@yahoo.com.br

O presente trabalho discute as implicaes da duplicao da AL 101 Sul, na comunidade Vila


Jacar, localizada no Municpio de Marechal Deodoro da Fonseca em Alagoas, notadamente
os processos de desterritorializao e reterritorializao desencadeados pela referida infraestrutura viria. Para tanto, realizamos leituras referentes ao tema em foco e optamos por
procedimentos metodolgicos que privilegiassem a comunidade, neste caso atravs das
entrevistas (quanto ao governo obtivemos dados no site do SEINFRA) moradores e sua
relao com a estrutura fsica do lugar , desenvolvendo questionrios e visitao a rea de
estudo; para realizao das entrevistas, tais quais desenvolvidas com 70 famlias, de fevereiro
de 2011 a abril de 2013, ocorreu aleatoriamente, assim, apreendemos as questes quanto
indenizao, aluguel social, importncia de viverem nas proximidades, futuro quanto
construo do Residencial prometido pelo governo e importncia do local para a
sobrevivncia da comunidade; foi levado em considerao, o que cada sujeito pensa sobre a
Duplicao e qual a importncia para o desenvolvimento da comunidade. As questes que
norteiam estas discusses podem ser sintetizadas nos seguintes termos: Quais as implicaes
da duplicao da AL 101 Sul na comunidade Vila Jacar? Como esta comunidade totalmente
excluda pode reivindicar seus direitos diante do processo de desterritorializao e
reterritorializao desencadeados pela duplicao da AL 101 Sul? Observou-se que a
comunidade h anos almejava a retirada do local onde estava fundada a vila para outro nas
proximidades, assim a reterritorializao ser a busca de uma nova identidade dos sujeitos
quanto moradia digna e novos modelos sociais. A maioria da comunidade Vila Jacar
encontra-se residindo no lado A da via, lado esquerdo sentido Macei - Marechal, pois estes
alegam no ter para onde ir, e o desejo de permanecer prximo rea onde est em faze de
termino o Residencial Recanto da Ilha. 110 famlias foram para o aluguel social, cujo,
governo disponibilizou R$ 2. 400, 00, reais para que alugassem um lugar e l permanecesse
por um ano, no caso, o prazo de construo do residencial, o que j dura dois anos. Pois das
aproximaes que retiram seu sustento, principalmente da Laguna Manguaba. Segundo um
dos moradores mais antigo. O governo s nos fez sair de nossa casas para nos jogar a prpria
sorte. No acredito nas promessas do governo R$ 2 400,00 no nos garante uma boa moradia
nem matem a gente e nossa famlia alimentados.

Palavras-chave: Comunidade Vila Jacar - Desterritorializao -Reterritorializao.

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CONHECIMENTO EMPRICO DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA RURAL DA


COMUNIDADE DE LAGOA DA AREIA, NOVO ORIENTE-CE, SOBRE
APICULTURA
Irislane Gomes da SILVA (1)*; Ana Cristina Ximenes LEITE (2); Robson Lincoln Alves
LOYOLLA (3); Deyvanilson Rodrigues PEREIRA (4); Marcelo Camplo DANTAS (5)
1, 2, 3,4 - Discentes do curso de Licenciatura Plena em Cincias Biolgicas da Faculdade de
Educao de Crates FAEC da Universidade Estadual do Cear (UECE); 5 Docente do
Departamento de Educao da Universidade Estadual do Cear (UECE).
*e-mail: iris-lane.gomes@hotmail.com
Atualmente a apicultura considerada como uma das principais alternativas para a agricultura
familiar, devido ampliao da renda. considerada como um dos meios mais valiosos para
o desenvolvimento de conceitos ecolgicos, principalmente com a inibio do desmatamento
de espcies nativas da caatinga, que abrigam as flores produtoras de plen. O trabalho teve
como objetivo a analise do conhecimento dos alunos da Escola Centro Educacional Rural,
localizada na comunidade de Lagoa da Areia, no municpio de Novo Oriente CE, sobre a
apicultura e a existncia da associao de produtores. Foram aplicados questionrios
semiestruturados a 45 alunos do 6, 8 e 9 anos. Foi observado que a maioria dos alunos
entrevistados afirmou conhecer a apicultura (76,0%) e a associao (71,0%). Contudo, 20,0%
dos entrevistados relataram que a famlia no participava da associao mesmo trabalhando
com a apicultura. A falta de ao deste, tambm foi verificada pela desinformao dos alunos
sobre as tcnicas de recolhimento e da destinao final do mel (80,0%). Com relao a
destinao da cera apenas 42,0% no souberam o real destino.Tambm foi averiguado o
conhecimento da espcie da abelha utilizada pelos apicultores, onde 96,0% sabiam que a
abelha italiana (Apis mellifera) era a utilizada. A localidade mais citada de extrao de mel
foi Lagoa da Areia, com 18,0%, provavelmente devido a maior parte das famlias dos
entrevistados est concentrada nessa comunidade. Ressalta-se assim, uma fraca participao
do rgo perante a escola e comunidade, j que uma parcela significativa de 44,0% dos alunos
relatou a inteno de trabalhar no futuro com o processo da apicultura. Resta uma interveno
mais significativa da associao na escola por meio de palestras, cursos, dentre outros, por se
tratar de uma entidade voltada ao desenvolvimento rural.
Palavras - chave: Produo de mel. Caatinga. Educao ambiental.

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PERCEPO DE BANHISTAS ACERCA DA POLUIO DE UMA PRAIA NO


LITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE/BRASIL
Hudson Toscano Lopes Barroso da SILVA (1)*; Antonia Elissandra Freire de SOUZA (1);
Micarla Alves da SILVA (1).
1 Universidade Federal Rural do Semirido - UFERSA.
*e-mail: hdsntscn@gmail.com

Os brasileiros so frequentadores contnuos da praia pelo fato de ser um lazer de baixo custo,
podendo ser utilizada pelos mais diversos grupos sociais. Estes que tambm so responsveis
pela qualidade ambiental do local, sendo que nos ltimos anos esses usurios tm sido
reportados como principal fonte de contaminao costeira. O objetivo desse trabalho foi
avaliar a percepo dos banhistas em relao poluio da praia e como a mesma pode afetlos. Para essa pesquisa foi aplicado um questionrio semiestruturado na Praia de Tibau,
localizada na divisa entre o Rio Grande do Norte e o Cear no incio do ms de junho de
2013. As questes relacionavam-se frequncia de visita ao local, opinio sobre a poluio e
disposio de lixo. Foram entrevistados 22 banhistas, na qual 13 sempre frequentam aquela
praia. Sobre a poluio, 15 entrevistados afirmaram que a praia suja, sendo os principais
tipos de lixo encontrados garrafas de vidro, latas de bebidas e plsticos em geral. Nenhum dos
entrevistados soube informar se havia algum grupo que atuasse na limpeza da praia. Quando
questionados sobre possveis melhorias, 17 pessoas responderam instalao de coletores de
lixo, pois no tem na praia, alm de desenvolver atividades de conscientizao ambiental em
perodos de frias. 12 dos banhistas relataram que leva o lixo que produz para casa,
destinando-os adequadamente, mas 6 informaram que deixam no local para que algum
responsvel pela limpeza coloque-os em um local adequado. A ltima questo estava
relacionada importncia de preservar a praia, e as respostas se relacionaram conservao
da natureza, qualidade de vida das pessoas e dos animais e pelo atrativo turstico, pois
quando a praia est suja, dificilmente as pessoas retornam a ela, reafirmando as informaes
fornecidas pela National Healthy Beaches Campaign. Com esse estudo pde-se constatar que
apesar de as pessoas se preocuparem com a sade ambiental, muitas delas ainda no fazem
sua parte, e esperam que os rgos pblicos tomem a iniciativa. Mas, para obter dados
confiveis, faz-se necessrio realizar uma amostragem em um perodo de frias, tendo em
vista uma maior quantidade de banhistas.

Palavras-chave: Educao ambiental, Turismo, Qualidade ambiental.

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38

USO DE CAES (CHONDRICHTHYES: ELASMOBRANCHII) NA PRTICA


ETNOVETERINRIA DOS PESCADORES DO SUL DA BAHIA, BRASIL
Mrcio Luiz Vargas BARBOSA FILHO(1)*; Eraldo Medeiros COSTA NETO(2); Alexandre
SCHIAVETTI(3)
1-Programa de Ps-graduao em Zoologia da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC);
2-Professor Pleno do Departamento de Cincias Biolgicas da Universidade Estadual de Feira
de Santana (UEFS); 3-Professor Pleno do Departamento de Cincias Agrrias e Ambientais
da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).
*e-mail: titobiomar@hotmail.com
Os caes so peixes que apresentam uma alta versatilidade utilitria, sendo explotados em
diversas pescarias industriais e pela pesca artesanal. No litoral sul da Bahia, os conhecimentos
relacionados s capturas e usos de caes so praticamente inexistentes, fato que dificulta a
adoo de medidas de manejo e conservao das populaes desses animais. Diante desse
contexto, entre maro a outubro de 2012 foram realizadas entrevistas semiestruturadas a 65
pescadores das cidades de Canavieiras, Una e Ilhus, no sul da Bahia. A seleo dos
entrevistados ocorreu por meio de uma rede de especialistas com mais de 15 anos na captura
de caes. Ao fim de cada entrevista, pedia-se ao informante que sugerisse outros dois
pescadores considerados especialistas na captura de caes para que estes tambm fossem
contatados, seguindo a tcnica "bola de neve". Considerou-se o tamanho da amostra adequado
no momento em que os informantes indicavam pescadores j contatados, fato que
impossibilitou o acrscimo de novos entrevistados ao universo amostral. Na anlise dos dados
utilizou-se uma abordagem qualitativa por meio do modelo da unio de diversas competncias
individuais, na qual todas as informaes so consideradas. Ao serem questionados sobre os
usos etnoveterinrios de caes, 18,5% (n=12) dos entrevistados apontaram a utilizao do
leo de cao em cachorros no tratamento de doenas na pelagem, como sarna ou
bicheira. O mesmo nmero de pescadores apontou o uso do leo no couro de animais de
montaria para tratar doenas ou feridas causadas pelas celas. Tambm, trs entrevistados
apontaram o uso desse subproduto em animais de montaria, mais precisamente nas feridas
causadas por morcegos hematfagos, no intuito de acelerar a cicatrizao e evitar a
reincidncia dos ataques, uma vez que os pescadores argumentam que os morcegos sentem
averso ao sabor do leo. Para todos esses propsitos, no passado, o leo de cao era
vendido pelos pescadores aos habitantes da zona rural. Tal prtica, aparentemente, foi extinta
da regio pela diminuio da quantidade de caes nas capturas dos ltimos anos. Entretanto,
os usos etnoveterinrios dos subprodutos extrados de caes pelos pescadores artesanais do
sul da Bahia representam o primeiro registro no Brasil da utilizao etnoveterinria desses
peixes.

Palavras-chave: Etnobiologia. Etnomedicina. Tubares. Pesca artesanal.

39

COMPARAO ENTRE MTODOS DE COLETA DE DADOS SOBRE A


FREQNCIA DE DOENAS EM UM SISTEMA MDICO LOCAL
Flvia Rosa SANTORO (1)*, Andr Luiz Borba do NASCIMENTO (1), Ulysses Paulino de
ALBUQUERQUE (1)
1- Laboratrio de Etnobotnica Aplicada (LEA), Universidade Federal Rural de Pernambuco,
Departamento de Biologia, Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmos, Recife,
Pernambuco, Brasil.
*e-mail: flaviarsantoro@gmail.com

crescente o nmero de estudos na etnobiologia que se propem a analisar sistemas mdicos


locais como um todo, indo alm do levantamento dos recursos utilizados e incluindo dados sobre
a dinmica das doenas. Tais dados permitem uma melhor compreenso sobre os padres que
norteiam o uso de recursos naturais na medicina local, podendo ser teis para prever a resposta
da populao frente a variaes ambientais ou intervenes externas. As doenas ocorrentes em
uma comunidade podem ser acessadas basicamente de duas formas: pela perspectiva da
populao local ou atravs de rgos pblicos de sade, quando presentes. Nosso estudo visou
acessar a freqncia com que as doenas ocorrem na comunidade Assentamento 10 de Abril, no
Crato, Cear, utilizando trs mtodos a partir da perspectiva de especialistas locais: listas livres,
nas quais os perguntamos que doenas consideravam frequentes e raras; oficina participativa,
onde apresentamos as doenas citadas em entrevistas anteriores e pedimos que, em conjunto, as
ordenassem de acordo com a ocorrncia; e calendrios teraputicos, em que monitoramos
mensalmente as doenas que ocorriam em suas famlias, de janeiro a junho de 2013. Tambm
obtivemos os relatrios epidemiolgicos dos postos de sade que atendem a regio.
Conseguimos categorizar 34 doenas com as listas livres, 81 doenas com a oficina participativa,
32 doenas com o calendrio teraputico, e 12 doenas com os relatrios dos postos de sade. As
listas livres acessaram somente os extremos de ocorrncia (mais e menos frequentes), o que
limitou os resultados, mas obteve doenas que dificilmente seriam obtidas atravs do calendrio.
Este, no entanto, permitiu acompanhar a variao da freqncia das doenas ao longo do perodo
investigado. Um recorte temporal maior certamente permitir uma anlise mais minuciosa. A
oficina permitiu o ordenamento de forma mais gradual que os outros mtodos, e durante sua
realizao houve discusses que enriqueceram os dados. Os relatrios dos postos de sade se
restringiram a doenas mais severas, com denominaes provavelmente desconhecidas pela
comunidade. Apesar da diferena em riqueza de informaes, os diferentes mtodos se
complementaram, o que mostra a validade de se combin-los, principalmente quando se objetiva
captar nuances acerca da freqncia das doenas.

Palavras chave: Etnobiologia mdica. Listas-livres. Oficinas participativas. Calendrios


teraputicos.

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ETNOMEDICINA EM UNIDADES DE CONSERVAO AMAZNICAS.


Rosenil Dias de OLIVEIRA (1)*; Cludia Conceio CUNHA (1); Elaine Christina do Carmo
OLIVEIRA (2)
1 Centro Nacional de Pesquisa e Conservao da Sociobiodiversidade Associada a Povos e
Comunidades Tradicionais do Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade; 2
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renovveis - IBAMA.
*e-mail: rosenil.oliveira@icmbio.gov.br
H sculos o homem utiliza espcies animais com finalidades teraputicas e essa interao
etnozoolgica registrada em diversas culturas pelo mundo. Apesar da alta diversidade
cultural e biolgica Amaznica, poucos estudos sobre essa temtica foram feitos na regio,
principalmente, com os povos e comunidades tradicionais amaznidas das Unidades de
Conservao de Uso Sustentvel, onde o uso medicinal de animais mais uma forma de
utilizao da biodiversidade existente. Este projeto teve como objetivo descrever as prticas
etnomedicinais dos moradores residentes no interior e no entorno das Florestas Nacionais do
Macau e do So Francisco, alm das Reservas Extrativistas do Cazumb-Iracema e do Alto
Tarauac no Estado do Acre, relacionadas ao uso dos animais silvestres da regio. Para
obteno dos dados foram realizadas 61 entrevistas semi-estruturadas com moradores
considerados como chave no saber etnomedicinal nas diferentes Unidades, sob indicao de
informantes iniciais, segundo a tcnica da bola de neve. A entrevista contemplou perguntas
como: quais espcies animais, parte do corpo e/ou subproduto so utilizados com fins
medicinais, modos de preparao e administrao, e doenas zooterapicamente tratadas. Os
locais, formas e motivos da captura dos animais, bem como da perpetuao do conhecimento
entre os membros das famlias tambm foram consideradas na anlise. Foram realizados
tambm registros fotogrficos e gravaes das entrevistas, aps prvia autorizao do
entrevistado. Os resultados indicaram a utilizao zooterpica de pelo menos 19 Ordens
animais, cujas doenas relacionadas foram: asma, pneumonia, dor de ouvido e garganta,
hemorragia, reumatismo, derrame, cncer de prstata, picadas de cobras, insetos e outros. Os
animais citados em sua maioria foram oriundos da caa de subsistncia, sendo que a
zooterapia foi citada como primeira alternativa na cura das enfermidades. Contudo, a herana
cultural acreana com base indgena e nordestina, aliada ao isolamento geogrfico das famlias
tem dificultado o acesso medicina convencional, que buscada apenas quando a prtica
etnomedicinal no fornece a cura.

Palavras-chave: Etnoconhecimento. Zooterapia. Reserva Extrativista. Floresta Nacional.

41

42

USOS TRADICIONAIS E ESTRATGIAS DE MANEJO DE Mauritia flexuosa L. f.


EM UMA REA DE CERRADO NO OESTE DA BAHIA, NORDESTE DO BRASIL
Eunice Leite ALMEIDA (1) *; Vanessa Ramos Rodrigues de SOUSA (2); Viviany Teixeira
do NASCIMENTO (3)
1 Discente do curso de Licenciatura em Cincias Biolgicas da Universidade do Estado da
Bahia UNEB Campus IX Barreiras BA; 2 Discente do curso de Licenciatura em
Cincias Biolgicas da Universidade do Estado da Bahia UNEB Campus IX Barreiras
BA; 3- Docente da Universidade do Estado da Bahia UNEB Departamento de Cincias
Humanas Campus IX Barreiras BA.
*e-mail: euniceeu@hotmail.com
O buriti (Mauritia flexuosa L.f) uma espcie encontrada em vrios estados brasileiros e
possui grande importncia para as comunidades rurais. Com base nisso, o estudo teve como
objetivo investigar o conhecimento da populao e as estratgias de manejo desta espcie na
comunidade do Vau da Boa Esperana localizada na zona rural do municpio de Barreiras
Bahia. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas semi-estruturadas realizadas com um
dos moradores de cada residncia. Totalizando 13 entrevistas em 100% das residncias com
morador, destas, 69% formam feitas com mulheres e 31% com homens. Foram encontrados
33 tipos de usos divididos em seis categorias e as que mais se destacaram foram artesanato,
alimentcia e medicinal. Os valores de diversidade e de equitabilidade do informante para a
espcie foram 12,160 e 0,935 respectivamente, indicando que este conhecimento bem
distribudo dentro da comunidade. Com relao ao gnero observou-se que em mdia as
mulheres contriburam com 7,63 2,18% das informaes sobre a espcie e os homens com
7,86 2,10% (H 0.0218 e p 0.8825), demonstrando que no houve diferenas significativas
para o conhecimento dos homens e das mulheres. Foram encontradas duas prticas de manejo
para M. flexuosa, dentre elas esto a tolerncia, praticada por 61,5% dos informantes. Isto
significa que os indivduos de buriti so tolerados em seu ambiente natural como reas
cultivadas, mas sem receber nenhum trato cultural. A segunda forma de manejo conforme
38,5% dos entrevistados a proteo e nesta prtica os indivduos de M. flexuosa so
mantidos em seu habitat original, mas so realizadas algumas prticas visando sua proteo
tais como: fazer aceiro para proteger do fogo (46,2%) e evitar colocar fogo prximo aos
indivduos de M. flexuosa (30,8%). Finalmente 8%dos informantes utilizam conversas
informais para conscientizar os moradores para no pr fogo no buritizal. Diante do exposto
notria a importncia desta espcie para a comunidade, uma vez que utilizada na fabricao
de artesanato assim como na alimentao e medicina tradicional. E quanto ao manejo ficou
evidente a preocupao dos moradores para proteger a espcie.
Palavras-chave: Buriti. Tolerncia. Trinta e trs usos.

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USOS TRADICIONAIS E FORMAS DE MANEJO DE Caryocar coriaceum Wittm. EM


UMA REA DE CERRADO DA REGIO OESTE DA BAHIA, NORDESTE DO
BRASIL
Eunice Leite ALMEIDA (1) *; Vanessa Ramos Rodrigues de SOUSA (2); Viviany Teixeira
do NASCIMENTO (3)
1 Discente do curso de Licenciatura em Cincias Biolgicas da Universidade do Estado da
Bahia UNEB Campus IX Barreiras BA; 2 Discente do curso de Licenciatura em
Cincias Biolgicas da Universidade do Estado da Bahia UNEB Campus IX Barreiras
BA; 3- Docente da Universidade do Estado da Bahia Departamento de Cincias Humanas
UNEB Campus IX Barreiras BA
*e-mail:euniceeu@hotmail.com
O pequi (Caryocar coriaceum Wittm.) uma espcie encontrada noCerrado, seus frutos so
muito apreciados na alimentao dos moradores desta regio. Para saber se essa importncia
tambm evidente no Cerrado baiano, o estudo teve como objetivo investigar o conhecimento
da populao e as formas de manejo desta espcie com os moradores da comunidade do Vau
da Boa Esperana localizada na zona rural do municpio de Barreiras BA. O mtodo
utilizado foi a realizao de entrevistas semi-estruturadas com um dos moradores de cada
residncia da comunidade. Foram visitadas 100% das residncias com morador, totalizando
13 entrevistas. Nesta comunidade encontrou-se 13 tipos de usos para a espcie distribudos
em seis categorias. As categorias que obtiveram maior representao para o uso total da
espcie foi a alimentcia e a medicinal. Os valores de diversidade (11,415) e de equitabilidade
do informante (0,878) demonstram que o conhecimento bem distribudo entre os
informantes da comunidade. No que diz respeito ao gnero, as mulheres colaboraram em
mdia com 6,55 2,69% e os homens 7,73 3,11% (H 1,3542 e p 0,2446) com informaes
relacionadas a espcie, evidenciando que o conhecimento entre os homens e as mulheres
bastante similar e que no houve diferenas significativas entre este conhecimentoQuanto as
formas de manejo 69,23% informaram que toleram os indivduos desta espcie, ou seja
deixam os indivduos permanecerem em seu ambiente natural como em reas de cultivo
agrcola, mas sem receber nenhum trato cultural, 23,8% protegem-os em seu local de origem
porm, recebem algum trato cultural tais como: 61,54% fazem aceiro para proteger do fogo e
23,08% evitam o corte das rvores de Caryocar coriaceum. O estudo evidenciou a
importncia do Caryocar coriaceum tanto para a alimentao quanto para o tratamento de
doenas dos moradores do Vau da Boa Esperana e provavelmente devido a essa importncia
os moradores apresentam cuidados para conservao da espcie.
Palavras chave: Conservao. Pequi. Vau da Boa Esperana.

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LEVANTAMENTO ETNOBOTNICO E PERCEPO SOBRE PLANTAS COMO


BASE PARA O USO SUSTENTADO DE RECURSOS FLORESTAIS NO
ASSENTAMENTO RENDEIRAS EM GIRAU DO PONCIANO AL
Francilene da Silva AMORIM (1)*; Mony Cely Oliveira GUIMARES (1); Keilla Viviane
Leite da SILVA (1); Henrique Costa Hermenegildo da SILVA (2)
1 Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Discentes no curso de biologia. 2- Professor
Adjunto II da Universidade Federal de Alagoas Campus Arapiraca.
*e-mail: franceline.fran@gmail.com
Este trabalho tem o objetivo de fazer um levantamento etnobotnico de plantas utilizadas
como recurso madeireiro para apresentar propostas de manejo sustentvel e avaliar a
vulnerabilidade desses recursos florestais no Assentamento Rendeiras em Girau do Ponciano
AL. A seleo dos informantes foi realizada atravs de um censo na comunidade, com a
entrevista de pelo menos um morador de cada residncia. Para tanto foi solicitado a assinatura
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo comit de tica e pesquisa do
Centro de Estudos Superiores de Macei. Aplicaram-se entrevistas semi-estruturadas visando
obteno das espcies que eles conhecem ou utilizem. Os dados das entrevistas foram
tabulados numa planilha do MS Excel e foram calculados o ndice de salincia das espcies
atravs do software Anthropac, o clculo de Valor de Uso (UV) atravs da frmula e
VUis=Uis/nis. A Densidade Relativa (DeR) das espcies na vegetao foi obtida atravs do
levantamento fitossociolgico realizado paralelamente a este trabalho com esforo amostral
de 1,12 ha onde foram identificadas 21 plantas a nvel de espcie, duas por famlia e 3
indeterminadas distribudos em 3.712 indivduos. Para avaliar a vulnerabilidade das espcies
foi aplicado um teste de correlao entre VU e DeR das espcies mais salientes atravs do
software BioEstat. Foram entrevistados 138 informantes em todo o assentamento, e foram
citadas 315 etnoespcies diferentes. No houve correlao entre VU (das espcies com maior
VU) e DeR. Algumas plantas mais presentes na memria ativa das pessoas, indicado pelo IS
chamam ateno para propostas de conservao e manejo. Para conservao podemos citar o
umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda.) ndice de salincia (IS-0,122), quixabeira
(Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D.Penn.) (IS-0,179), mulungu (Erythrina
velutina Willd) (IS-0,007), juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.) (IS-0,188) e a aroeira
(Myracrodruon urundeuva Allemo. (IS-0,224) em que apresentaram elevado VU e baixa
DeR. As possveis espcies recomendadas para propostas de manejo foram a catingueira
(Poincianella
pyramidalis
(Tul.)
L.P.Queiroz)
(IS-0,365),
o
marmeleiro
(Croton blanchetianus Baill.) (IS-0,213), espinheiro vermelho (Piptadenia stipulacea (Benth.)
Ducke) (IS-0,043) pois apesar de possurem um alto VU apresentaram elevada DeR, alm de
suas caractersticas ecolgicas e de crescimento.
Palavras-chave: Recurso Madeireira. Manejo Sustentvel. Conservao da Caatinga.

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USO POPULAR DA FLORA TERAPEUTICA NA CIDADE DE JUAZEIRO/BA


Wbaneide Martins de ANDRADE (1)*; Carlos Alberto Batista SANTOS (2) e Jos Severino
BENTO (3)

1- Biloga. Professora da UNEB/DEDC Campus VIII. 2 - Bilogo. Professor da


UNEB/DTCS Campus III. 3 - Bilogo. Professor IF/PE. Campus Recife. (1,2,3) PPGETNOUFRPE.
*e-mail: wbaneide@yahoo.com.br

A utilizao da flora no tratamento, cura e preveno de doenas uma antiga forma da


prtica medicinal da humanidade. A cura de doenas por meio de substncias biolgicas foi,
em grande parte, originada de conhecimentos etnobotnicos e etnofarmacolgicos. O objetivo
deste trabalho foi realizar um levantamento etnobotnico das espcies teraputicas indicadas
pelos raizeirose descrever o patrimnio imaterial etnobotnico. O trabalho foi desenvolvido
entre janeiro e abril/10, na feira livreemJuazeiro-BA.Foramrealizadas entrevistas com 04
raizeiros, registrando informaes sobre o uso de componentes florsticos na terapia,
empregando-se a abordagem mica. Os dados foram analisados quali-quantitativamente
segundo o modelo de unio das diversas competncias individuais. Foram registradas51
etnoespciespertencentes a 29 famlias botnicas sendo mais representativas as famlias
Caesalpinaceae e Cucurbitaceae, seguidas das famlias Apiaceae, Asteraceae, Convolvulaceae
e Myrtaceae. As espcies so coletadas no campo ou cultivadas em hortas domsticas. As
partes mais comercializadas so folhas (60%), cascas de pau (20%), razes (10%), frutos (6%)
e sementes (4%). As plantas consideradas nesse trabalho tiveram 33 indicaes teraputicas,
destacando-se o uso no combate aos problemas circulatrios com 15 citaes, problemas
intestinais com 7 citaes e calmante com 6 citaes. A parte vegetal mais utilizada na
fitoterapia so as folhas, preparadas como infuso. Quanto ao conhecimento os
raizeirosindicaram seus pais como transmissores de tudo que sabem.Os produtos vegetaiscom
fins medicinais venda nas feiras livres so importantes para aqueles queos comercializam,
pois, representam meio de subsistncia e igualmente importantes para quem os utiliza, pois
estes acreditam em seu poder curativo. Estudos explorando a toxicologia de plantas
medicinais e farmacovigilnciaso necessrios, pois fornecem conhecimentos tcnicos
fundamentais que garantam a eficcia e segurana dos fitoterpicos, ajudando assim a
promoo de seu uso racional.
Palavras-chave: Etnoconservao. Etnobotnica.Fitoterapia.

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PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NAS GARRAFADAS COMERCIALIZADAS


POR RAIZEIROS EM FEIRAS LIVRES DE ARAPIRACA-AL
Mayany Mykaela Correia ARAJO (1)*; Aline Priscila Ferreira de OLIVEIRA
NETO (1); Claudio Galdino da SILVA (1); Luclia de Arajo SANTOS (1); Rubens Pessoa
de BARROS (2)
1 Graduandos em Licenciatura em Cincias Biolgicas, bolsistas da FAPEAL/ Projeto
Farmcia Viva/ Uneal-Campus I, Arapiraca-AL; 2 Prof. Assistente do Departamento do
Curso de Cincias Biolgicas da UNEAL GEMBIO: Grupo de Estudos ambientais e
etnobiolgicos/ Projeto Farmcia Viva.
*e-mail: mayanymykaelle@hotmail.com
Esta pesquisa teve como objetivo verificar a variedade das plantas medicinais utilizadas no
preparo de garrafadas comercializadas por raizeiros em feiras livres de Arapiraca- AL. Os
fitoterpicos e as plantas medicinais so produtos de venda livre local, conforme visita in
loco. Sendo necessrio, alm das informaes fornecidas pelos raizeiros, o aconselhamento do
farmacutico, que detm o conhecimento cientfico sobre o uso farmacolgico do fitoterpico.
Entre os medicamentos preparados pelos raizeiros esto as garrafadas, que so uma
combinao de plantas medicinais, cujo solvente utilizado geralmente aguardente ou vinho
branco e raramente gua. Durante o perodo de setembro a dezembro de 2012 foram visitadas
nove feiras livres e realizadas 27 entrevistas semi-estruturadas com raizeiros e usurios. Nas
nove feiras foram entrevistadas dezoito raizeiros. Destacaram-se 31 plantas na pesquisa:
abacaxi (Ananas comosus), anil estrelado (Illicium verum), aroeira (Myracrodruon
urundeuva), alecrim (Rosmarinus officinalis), angico (Anadenanthera colubrina), barbatimo
(Stryphnodendron adstringens), batata-de-pulga (Operculina sp.), boldo (Peumus boldus),
bom-nome (Maytenus rigida), cabea de negro (Cayaponia tayuya), cajueiro-roxo
(Anacardium occidentale), caju (Anarcardium humile), catingueira rasteira (Caesalpinia
pyramidalis), catuaba (Anemopaegma arvense), cebola branca (Allium scalonicum), cebola
roxa (Allium cepa), espinheira-santa (Maytenus ilicifolia), gengibre (Zingiber officinalis),
imburana-de-cheiro (Amburana cearensis), jatob (Hymenaea courbaril), juna (Cyperus
rotundus L.), jurubeba (Solanum paniculatum), louro (Laurus nobilis), organo (Origanum
vulgare), pau darco-roxo (Tabebuia avellanedae), pau-ferro (Caesalpinia ferrea), pindaba
(Duguetio lanceolata),
quebra-pedra (Phyllanthus niruri), quixabeira (Sideroxylon
obtusifolium), salsaparrilha (Smilax japicanga), velame do campo (Solanum cernuum), citadas
pelos entrevistados que foram unnimes em citar as ervas deste estudo. Existe uma variedade
de ervas medicinais conhecidas popularmente e utilizadas na confeco das garrafadas
juntamente com outros complementos. Contudo, no se sabe se a mistura destas plantas pode
provocar efeitos colaterais devido a diversidade de princpios ativos presentes. Desta forma,
necessrio um estudo mais criterioso do efeito curativo das garrafadas, uma vez que ficou
demonstrado um desconhecimento dos riscos destas misturas por parte dos usurios e dos
raizeiros.
Palavras- chave: Etnobotnica. Feirantes. Fitoterpicos.
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PROSPECO FITOQUMICA DE Hyptis pectinata L. Poit


Monyk Melo COSTA (1)*; Alexandre Ricardo de OLIVEIRA (2)
1 Bolsista IC Campus Arapiraca/Universidade Federal de Alagoas; 2 Orientador IC
UE Penedo/Universidade Federal de Alagoas.
*e-mail: monyk_melo@hotmail.com

O gnero Hyptis da famlia Lamiaceae constitudo por aproximadamente 400 espcies


distribudas principalmente na Amrica do Sul. Devido importncia etnofarmacolgica,
vrias espcies desse gnero tm sido investigadas e caracterizada, quanto aos seus
constituintes qumicos e atividades biolgicas. Dentre elas, Hyptis pectinata, conhecida
popularmente como sambacait, registra poucos estudos sobre sua composio qumica e
atividade biolgica, apesar de sua ampla aplicao popular. O presente trabalho desenvolve o
estudo, utilizando o extrato etanlico bruto dos tecidos vegetais da planta integra e suas
partes: razes, caules e folhas, as quais foram particionadas em solventes orgnicos e as
fraes obtidas foram prospectadas, para determinao da presena de classes de compostos
que possam indicar atividades biolgicas e qumicas. Os extratos da planta foram submetidos
prospeco fitoqumica, o qual permite o reconhecimento preliminar do comportamento
qumico dos extratos, possibilitando a adaptao de tcnicas de fracionamento de extratos,
isolamento e caracterizao de substncias puras, de acordo com o isolamento e purificao
dos constituintes mais interessantes. A espcie apresentou grupos metablitos secundrios
relevantes. O teste para alcalodes foi positivo, sendo estes responsveis por propriedades
analgsicas e alucingenas, tendo larga aplicao mdica. Partes da planta (folhas, caule e
raiz) apresentaram flavonas, flavonides e xantonas, sendo este considerado um dos grupos
mais importantes associados a atividade antioxidante. Os testes tambm foram positivos para
taninos flobabnicos (taninos condensados ou catquicos). Os taninos encontrados so usados
na indstria alimentcia como antioxidante nos sucos de frutas e bebidas e como clarificante
de vinhos. Considerando que substncias naturais podem ser responsveis pelo efeito de
proteo contra os riscos de muitos processos patolgicos, assim como afirma o
conhecimento tradicional. Os resultados descritos neste trabalho estimulam a continuidade
dos estudos para avaliar a ao antioxidante de substncias isoladas desta espcie.

Palavras-chave: Substncias naturais. Atividade antioxidante. Sambacait.

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EDUCAO AMBIENTAL EM COMUNIDADE RURAL, CHAPADA


DIAMANTINA, NORDESTE DO BRASIL: UM OLHAR ETNOBOTNICO
Fabiciana da Hora de CRISTO (1);Regina Clia da Silva OLIVEIRA(1)*; Abel Augusto
CONCEIO (1); Leonardo Batista de Lima JESUS(1);
1 Laboratrio Flora e Vegetao- UEFS.
*

e-mail:reginacsoliveira@gmail.com

Candomb (Vellozia sincorana L.B.Sm. & Ayensu) uma planta endmica dos campos
rupestres da Chapada Diamantina, Bahia, explorada por habitantes desta regio h mais de
dois sculos que a utilizam para fins domsticos, como combustvel para iniciar queima em
fogo a lenha. Este trabalho realizou um levantamento etnobotnico junto s crianas, os pradolescentes e adolescentes com idades entre sete e 15 anos de uma comunidade rural em
Palmeiras, Chapada Diamantina, a partir dos seguintes questionamentos: a) Voc conhece o
candomb? b) Seus pais usam o candomb? Para qu? Em um segundo momento eles foram
reunidos em uma residncia na comunidade. Neste espao, puderam ter conhecimento sobre
um projeto desenvolvido na regio que levantou informaes sobre o candomb e avaliou a
sua estrutura populacional. Em seguida, desenvolveram-se as abordagens de educao
ambiental, onde buscamos envolv-los de forma dinmica atravs de vdeos, desenhos,
msicas e apresentao oral com linguagem simples e acessvel sobre a importncia do uso
sustentvel de V. sincorana, bem como de outras espcies teisda regio. Por fim, solicitou-se
aos participantes que produzissem algum material ldico, como textos, desenhos ou poemas,
tendo o candomb como referncia. As produes ilustrativas e de texto demonstraram as
percepes ambientais dos participantes, acerca do uso, prticas de coleta e locais de coleta do
candomb, assim como do meio em que esto inseridos. O presente estudo mostra a
importncia de conhecer as percepes ambientais da nova gerao de comunidades rurais e
inform-los sobre a realizao de pesquisas cientficas, sejam elas desenvolvidas na sua
comunidade ou no seu entorno. O material construdo neste encontro pode ser uma ferramenta
importante para trabalhar a conscientizao tanto de crianas e adolescentes de comunidades
alvo de estudos cientficos, como das circunvizinhas, sobre a importncia do uso sustentvel
do candomb. Assim como das demais espcies teis exploradas na regio da Chapada
Diamantina, alm de trabalhar os saberes adquiridos no decorrer das geraes. Este estudo
tambm auxiliou na construo de uma cartilha educativa que ser entregue em comunidades
e escolas da regio, a qual ter linguagem local e abordar o seguinte aspecto: uso cultural do
candomb por moradores da Chapada Diamantina.
Palavras- chave:Conhecimento local, planta til,Velloziasincorana.

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CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE O EXTRATIVISMO DA BOCAIVA


(Acrocomia Aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart) NO PANTANAL SUL
MATOGROSSENSE
Fernando Fleury CURADO(1)*; Rosaina Cuiabano REIS(2); Tayrine Pinho de Lima
FONSECA(3); Aurlio Vinicius BORSATO(4); Alberto FEIDEN(5)
1 Embrapa Tabuleiros Costeiros; 2 Universidade Federal do Mato Grosso dos Sul; 3
Universidade Federal do Mato Grosso dos Sul; 4 Embrapa Pantanal; 5 Embrapa Pantanal.
*e-mail: fernando.curado@embrapa.br
O presente trabalho apresenta os resultados preliminares de pesquisa desenvolvida no
Povoado Antnio Maria Coelho, localizado em 19192.39S e 573537.12W s margens da
rodovia BR 262, no municpio de Corumb, MS. Nesta comunidade tem se destacado,
tradicionalmente, a obteno artesanal da farinha de bocaiva (Acrocomia aculeata (Jacq.)
Lodd. ex Mart), palmeira nativa das florestas tropicais, com ampla ocorrncia na regio. Nesta
atividade, tem sido observada a existncia de conflitos socioambientais em torno do acesso s
reas de coleta dos frutos, envolvendo empresas mineradoras que se instalaram na regio. O
objetivo central deste estudo foi caracterizar, preliminarmente, o conhecimento tradicional
associado ao aproveitamento da bocaiva na produo de farinha e identificar, coletivamente,
estratgias sociais que potencializem o trabalho dos moradores na utilizao deste recurso.
Foi utilizada abordagem qualitativa com tcnicas do Diagnstico Rural Participativo, como o
mapeamento e entrevistas semi-estruturadas com os moradores, alm do registro da oralidade
em momentos coletivos, como em diversas reunies e oficinas, buscando-se sempre a
interao dos atores locais no processo de pesquisa. Observou-se, a partir das entrevistas, que
o extrativismo do fruto da bocaiva desenvolvido sobretudo pelas mulheres que detm um
vasto conhecimento transmitido por algumas famlias que, ao longo de vrias dcadas,
aprimoram esse saber sobre as plantas, caractersticas dos frutos, poca de coleta e sobre o
processamento da farinha . Destaca-se tambm o uso da polpa em diversas receitas de bolos,
licores, biscoitos, alm do prprio suco de bocaiva. Para a produo de farinha, os frutos so
coletados no perodo de agosto a janeiro, a partir de plantas que ocorrem no povoado, em
reas prximas s moradias, sendo escolhidas pelas mulheres, aquelas que produzem frutos
grados, de polpa consistente e de colorao mais apropriada para o preparo da farinha. O
corte da polpa realizado manualmente, em trabalho cuidadoso e cansativo, conforme
destacado pelos moradores. H, portanto, um importante conhecimento a ser evidenciado,
tanto em relao s caractersticas da bocaiva, quanto ao processamento artesanal da farinha
que conferem uma forte tradio local ao processo de extrativismo, destacando a palmeira, o
trabalho das mulheres do povoado, assim como a organizao social das mesmas.

Palavras-chave: Bocaiva. Processamento. Gnero.

50

CONHECIMENTO E USO DE ESPCIES ARBREAS EM COMUNIDADES DO


MUNICPIO DE CANIND DE SO FRANSCICO (SERGIPE)
Bruno Antonio Lemos de FREITAS (1); Allvia Rouse Carregosa RABBANI (1)*; Renata
SILVA-MANN (1); Airan Miguel dos Santos PANTA (1); Laura Jane GOMES (1)
1 Universidade Federal de Sergipe (UFS), Laboratrio do Genaplant (Grupo de Pesquisa em
Conservao, Melhoramento e Gesto de Recursos Genticos)
*e-mail: alliviarouse@hotmail.com
O trabalho foi realizado em abril de 2013, em duas comunidades: Projeto de Assentamento de
Reforma Agrria denominado Modelo (financiado pelo INCRA e localizado na Rodovia SE
206), com 30 famlias residentes; e Povoado Alto Verde (antigo Cabea-de-negro, localizado
s margens do rio So Francisco), com 11 famlias; ambos situados no municpio de Canind
de So Francisco, Sergipe, e distantes 12 km uma da outra. Nesta pesquisa, objetivou-se
comparar o conhecimento e uso local que os moradores das regies fazem sobre as espcies:
Jenipapo (Genipa americana L.), Canafstula (Cassia grandis L.f.), Joazeiro (Ziziphus
joazeiro Mart.) e Mulungu (Erythrina mulungu Mart.), estas foram escolhidas devido sua
importncia econmica para o estado e por j serem alvo de diversas pesquisas realizadas pelo
grupo idealizador do projeto. Para isso aplicou-se questionrios semi-estruturados em todas as
moradias abertas no dia visitado, nas duas localidades. As espcies pesquisadas foram
apresentadas aos moradores pelo seu nome popular. Foi selecionado um morador adulto por
residncia para participar da pesquisa, sendo aplicados 17 questionrios no Assentamento
Modelo e oito no Alto Verde, contemplando um morador por residncia para participar da
pesquisa. Abordou-se nas entrevistas o caractere scio-econmico dos moradores e em um
segundo momento o conhecimento e uso das plantas. A maioria dos entrevistados nos dois
locais se denominou agricultor ou pescador. Em relao aos usos, a maioria dos entrevistados
em Alto Verde (75%) utilizam a polpa do fruto do jenipapo, em forma de suco, para o
combate anemia, assim como 76,4% dos moradores do Assentamento Modelo. Para o
joazeiro, o principal uso citado no Alto Verde foi da casca, para tratamento de caspa (75%). J
os moradores do Assentamento Modelo citaram a utilizao do entrecasco para escovar os
dentes (47%). A canafstula e o mulungu apresentaram poucos usos nas duas localidades,
sendo o fruto da primeira utilizada como alimento para gado no Assentamento Modelo (5,9%)
e no combate a gripe no Alto Verde (12,5%). As sementes de mulungu so utilizadas como
remdio para os nervos no Assentamento Modelo (11,8%) e a casca como remdio para
dormir em Alto Verde (25%). Nas duas localidades citaram usos semelhantes para as
espcies, mesmo uma localizada em beira na beira do rio e a outra prxima a rodovia, o que
demonstra a difuso da importncia das espcies na regio.

Palavras-chave: Jenipapo. Joazeiro. Canafstula. Mulungu.

51

CARACTERIZAO FENOTPICA E REPRESENTAES LOCAIS SOBRE A


VARIAO MORFOLGICA DE FRUTOS DE Caryocar coriaceum Wittm. NA
FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE, NORDESTE DO BRASIL
Jos Ribamar de SOUSA JNIOR (1)*; Gilney Charll dos SANTOS (1); Ulysses Paulino de
ALBUQUERQUE (1); Nivaldo PERONI (2)
1 Laboratrio de Etnobotnica Aplicada, Depto. de Biologia, Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE), Recife-PE; 2 - Departamento de Ecologia e Zoologia, Centro de
Cincias Biolgicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianpolis-SC.

*riba_jrsjunior@hotmail.com

O pequizeiro (Caryocar coriaceum) uma planta arbrea nativa do nordeste brasileiro e se


distribui no Cerrado. Essa espcie tem grande importncia na subsistncia das populaes
humanas locais da regio da Chapada do Araripe e h uma carncia de estudos sobre a
espcie, sobretudo com abordagem etnobotnica. Desta forma, objetivou-se caracterizar
fenotipicamente populaes de C. coriaceum da regio da Floresta Nacional do Araripe
(FLONA), uma unidade de conservao de uso sustentvel e analisar as representaes das
pessoas sobre variaes em frutos de pequizeiros. Assim, duas reas de ocorrncia de C.
coriaceum foram selecionadas, uma nativa e outra considerada antropognica (localizada fora
da unidade de conservao). Realizou-se entrevistas semi-estruturadas com 56 coletores de
pequi da FLONA, para analisar se os mesmos percebem variao morfolgica nos frutos
coletados. A amostra dos informantes foi realizada atravs da tcnica bola de neve.
Coletaram-se frutos aleatoriamente de indivduos de pequizeiros das duas reas: nativa e
antropognica que foram mensurados quanto ao comprimento (fruto) e peso do caroo
(putmen) usando paqumetro e balana semi-analtica. O teste Qui-quadadro (uma amostra aderncia) foi utilizado para verificar diferenas das variveis entre as duas reas estudadas.
Este estudo teve a autorizao do conselho de tica em pesquisa da Universidade Federal de
Pernambuco (N 412/11) e do Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade (N
26882-1). Todos os informantes afirmaram reconhecer variao morfolgica nos frutos de
pequi. O tamanho foi a varivel mais citada como o caractere mais variante. Os informantes
indicaram ainda que frutos de reas manejadas (antropognicas) so maiores que os de reas
nativas. O comprimento mdio do fruto entre as duas reas foi de 5,55 0,39 cm, no
havendo diferena significativa (X2= 0,028; p>0,05). Quanto ao peso do caroo (putmen) a
mdia foi de 21,98 8.24 g. De igual modo, no foi verificada diferena significativa para
essa varivel (X2= 3,08; p>0,05). A no significncia dos resultados pode estar apontando que
caractersticas fenotpicas semelhantes podem ser encontradas em indivduos das duas reas
(nativa e antropognica). Este estudo mostrou que as pessoas percebem variao morfolgica
em frutos de pequi e que tais caractersticas, porm, para as variveis estudadas nesse trabalho
no so to diferentes entre reas nativas e reas antropognicas.
Palavras-chave: Coleta. FLONA. Pequi. Variao morfolgica
52

CONHECIMENTO E USO DAS PLANTAS MEDICINAIS ANALGSICAS PELOS


ESPECIALISTAS DO POVOADO MUSSUCA SE, BRASIL
Francisco Albuquerque KLANK (1)*; Laura Jane GOMES (2); Josemar Sena BATISTA (3)
1 Mestrando do Programa em Desenvolvimento e Meio Ambiente UFS; 2 Professora do
Departamento de Cincias Florestais UFS; 3 Professor do Departamento de Fisiologia UFS.
*e-mail: franciscoklank@ymail.com
Estudos etnobotnicos vm sendo realizados ao longo dos sculos com o intuito de
compreender a relao das comunidades tradicionais com as espcies vegetais e quais os
conhecimentos produzidos a partir dessa interao. No trabalho realizado no povoado
quilombola Mussuca, apresenta-se um estudo com sete pessoas reconhecidas pelos moradores
como especialista. O objetivo geral da pesquisa foi identificar as espcies que so utilizadas
como uso analgsico. A amostragem do estudo foi no probabilstica e intencional.Desta
forma, foram realizadas entrevistas semi estruturadas, e os resultados foram analisados por
meio do discurso do sujeito coletivo. Foi aplicado o mtodo bola de neve eos especialistas
demonstraram-se disponveis em acompanhar a coleta e identificar as plantas medicinais in
loco, caracterizando a turn guiada. As espcies vegetais foram classificadas na categoria
valor de uso para dor. Segundo os dados socioculturais, 86% dos entrevistados so do sexo
feminino e possuem faixa etria entre 34 e 84 anos.86% dos especialistas nasceram no
povoado e 57% possui o ensino fundamental incompleto. Na categoria nmero de citaes por
tipo de dor, 31% utilizam plantas medicinais analgsicas para diminuir a dor de barriga, 15%
utilizam para dor no corpo, 13% para dor de estmago, 10% para dor renal, 8% para dor de
dente e 3% utilizam para diminuir a dor de ouvido, dor de cabea, dor muscular, dor nas
articulaes e dor de garganta. Observou-se que 86% dos especialistas cultivam plantas
medicinais no quintal das residncias. A planta medicinal que est presente na maioria das
residncias

a
SchinusTerebinthifolius(17%),HyptisPectinataPoit(11%)
e
PlectranthusBarbatus Andrews(6%). Dentre as espcies com maior valor de uso esto a
PlectranthusBarbatus Andrews (0,571), Rolandra Fruticosa(L.) Kuntze (0,428),
CecropiaPachystachyaTrcul, AnnonaSquamosa L, HyptisPectinataPoit(0,285) e por ltimo
Guareaguidonia (0,142). Constatou-se que nem toda a obtenodo conhecimento tradicional
no povoado herana passada pelos familiares. Conclui-se que os especialistas que residem
no povoado Mussuca, possuem conhecimentos sobre plantas medicinais analgsicas e que a
tcnica valor de uso contribuiu para a identificao de quais plantas medicinais
analgsicaspossuem maior significncia para a comunidade.
Palavras-chaves: Etnobotnica. Quilombo. Dor.

53

CONHECIMENTOS SOBRE PLANTAS MEDICINAIS NA ZONA URBANA DE


VITRIA DA CONQUISTA-BA

Patrcia Baier KREPSKY (1)*; Ana Carolina da Cunha RODRIGUES(1) ; Romana Santos
GAMA(2); Naiana Luz da SILVA(2); Vanessa Rosa CARVALHO(2); Aline Cristina Barros
LUZ(3)

1- Docente no Instituto Multidisciplinar em Sade, UFBA; 2- Discente no Instituto


Multidisciplinar em Sade, UFBA; 3 - Farmacutica, UFBA.

*e-mail: pkrepsky@gmail.com

Etnobotnica o estudo da relao do homem com as plantas e pode ter como foco o uso de
plantas medicinais. O presente trabalho tem por objetivo conhecer a forma de uso das
principais plantas medicinais utilizadas por moradores da rea de abrangncia de Unidades de
Sade da Famlia, da zona urbana de Vitria da Conquista (BA), que fazem parte do
programa PETSade. Foram realizadas entrevistas com apoio de formulrio semiestruturado com pessoas, no pertencentes a comunidades tradicionais, reconhecidas nos
bairros pelo seu conhecimento a respeito de plantas medicinais. Foram confeccionadas
exsicatas das espcies descritas. A pesquisa foi aprovada pelo comit de tica da Secretaria
Estadual de Sade da Bahia. Foram realizadas 17 entrevistas, planeja-se complementar com
mais 13 ou at atingir ponto de saturao. Os entrevistados discutiram o uso de 80 espcies
vegetais, das quais 45 foram identificadas a nvel de espcie, 16 a nvel de gnero, as demais
esto em processo de identificao. Foram mencionadas 81 indicaes, sendo as mais
frequentes, gripe (5,9%), tosse, expectorante e catarro (4,6%), dor de estmago (4,6%),
calmante (3,7%), gases (3,7%), presso (3,7%). As formas de preparo mais comuns
so: decoco (20%), decoco por poucos minutos seguida de infuso (17%), infuso (12%),
xarope (13%). A maior parte das plantas so obtidas por cultivo. A maior parte das espcies
citadas tem seu uso amplamente relatado na literatura. Os resultados parciais tem sido
utilizados no desenvolvimento de cursos e oficinas sobre plantas medicinais, no contexto do
SUS e na UFBA, considerando a realidade e valorizando os conhecimentos locais,
demonstrando a relao ensino, pesquisa e extenso.

Palavras-chave: Etnobotnica. Plantas medicinais. Uso teraputico.

54

PLANTAS ETNOMEDICINAIS DA CAATINGAUTILIZADAS COMO


ENDOCRINOLGICAS PELOS INDGENAS KANTARUR, BAHIA,BRASIL
Kssia Virgnia dos Santos LIMA(1); Danilo Mamede da Silva SANTOS(2); DilannyQuinsy
Santos BORGES(2), Erika dos Santos NUNES(3)
1 - Discente Programa de Ps Graduao em Ecologia Humana e GestoSocioambiental,
(UNEB)- Campus VIII; 2- Docentes UNEB Campus VIII; 3- Discente de graduao do
curso em Cincias Biolgicas (UNEB)- Campus VIII.
e-mail: kelbiologa@hotmail.com
Pesquisas etnobotnicas e etnofarmacolgicas tm contribudo com importantes informaes
para o desenvolvimento de novos medicamentos, conservao de espcies vegetais nativas e
valorizao do saber tradicional. No Brasil, os escassos estudos realizados sobre este aspecto
descrevem o conhecimento e usos tradicionais, e para a regio Nordeste estes so quase
inexistentes. Desse modo, o presente trabalho objetivou realizar o levantamento etnobotnico
sobre plantas medicinais de regulao endcrina utilizada pelo povo indgena Kantarur
Batida, semirido Brasileiro.
A coleta de dados foi realizada de forma qualitativa atravs de listagem livre, entrevista semiestruturada e anotaes em dirio de campo. Vale ressaltar que foram visitadas todas as
residncias e selecionado o representante da famlia que tivesse maior conhecimento sobre
plantas medicinais. Por meio da listagem livre, os colaboradores foram solicitados a citar
nomes populares de plantas medicinais e, a partir dessa listagem, direcionados entrevista
semi-estruturada. As espcies citadas foram coletadas e omaterial botnico foi herborizado e
depositado no Herbrio da Universidade do Estado da Bahia-UNEB Campus VIII. Foram
registrados nome popular, origem, uso teraputico, parte utilizada, e formas de preparo. Por
meio da listagem livre foram documentadas 71 espcies vegetais, destas, 21 indicadas como
potenciais reguladores hormonais. Quanto origem 67% das plantas so nativas para rea de
Caatinga. As espcies Spondias tuberosa Arruda (umbuzeiro), Guapira laxa L.(paupiranha),
Helicterissp(pit), Prosopisjuliflora(Sw.) DC(algaroba), e RosmarinusofficinalisL.(alecrim de
caco), tiveram o maior nmero de citao de uso, representados por 13%, 11%, 8% e 7%
respectivamente. Quanto s indicaes teraputicas as categorias que tiveram
representatividade foram quelas relacionadas s espcies que auxiliam na gestao e lactao
com (61%), ciclo menstrual (25%) seguido do sistema pancretico com (14%).As partes das
plantas mais citadas foramacasca e as folhas com 47% e 21%, respectivamente. A macerao
foi forma de preparo mais frequentemente utilizada com 48%, seguido da infuso com 28%.
Vale ressaltar que os entrevistados demonstraram elevado conhecimento sobre o poder
curativo das plantas medicinais com potencial endcrino, os quais foram adquiridos na
prpria aldeia, atravs de seus antepassados. Estudos futuros na perspectiva fitoqumica
podero legitimar a eficcia das mesmas.
Palavras-chave: Etnobotnica; Sistema endcrino; ndios; Nordeste.

55

CONHECIMENTO ETNOBOTNICO SOBRE PLANTAS TXICAS EM


PASTAGENS DO ASSENTAMENTO RENDEIRAS EM GIRAU DO PONCIANO,
ALAGOAS

Isis Silva MARQUES (1)*; Geane Dionisio dos SANTOS(2); Daniele Cristina de Oliveira
LIMA (3); Henrique Costa Hermenegildo da SILVA(4)

1 e 2 Graduandas em Biologia licenciatura pela UFAL- Campus Arapiraca; 3 Doutoranda


do Programa de Ps-graduao em Etnobiologia e Conservao da Natureza (PPGEtno) da
Universidade Federal Rural de Pernambuco; 4 Professor Adjunto da UFAL.

*e-mail: isisufal@gmail.com

A ingesto de plantas txicas presentes na pastagem causa prejuzos significativos na


pecuria. Este trabalho tem como objetivo realizar um levantamento etnobotnico sobre
plantas txicas em pastagens do Assentamento Rendeiras, Girau do Ponciano, Alagoas. Para o
levantamento etnobotnico das plantas txicas encontradas na pastagem, foram aplicadas
entrevistas semi-estruturadas aos informantes que foram selecionados a partir de um senso
com a visita de todas as residncias da agrovila Sete casas, a maior das 6 agrovilas
pertencentes ao assentamento Rendeiras , e selecionados os informantes que criam animais .
Foram entrevistados 21 pecuaristas entre 20 e 70 anos e a maioria deles realizam essa
atividade a mais de 10 anos. Quando perguntados sobre o que so plantas txicas para animais
de criao, as respostas variaram entre so aquelas que adoecem os animais e so aquelas
que matam. Ao todo foram citadas 21 plantas txicas, dentre as plantas txicas citadas para
esses animais, as mais citadas so do gnero Manihot, citada por 62% dos informantes.
Quando perguntados se identificavam plantas txicas no caminho para a pastagem onde
deixam seus animais e se reconhecem alguma planta txica em sua pastagem, 61% afirmam
no identificar, 12% reconhecem manioba (Manihot glaziovii Mll.Arg), 8% mamona
(Ricinus communis L.) e apenas 24% reconhecem alguma planta em sua pastagem como
txica, sendo as mais citadas Manihot glaziovii Mll.Arg e Ziziphus joazeiro Mart. Nota-se a
partir dos dados coletados que mesmo esses pecuaristas tendo muito tempo na atividade,
muitos no conseguem identificar plantas txicas em sua pastagem, porm as mais citadas
tem sua toxidade comprovada pela literatura. Portanto, percebe-se a necessidade de uma
interveno que traga um compartilhamento de informaes sobre plantas txicas em sua
pastagem e fazer manejo das mesmas para diminuir possveis prejuzos econmicos.

Palavras-chave: etnobotnica, plantas forrageiras txicas.

56

ASPECTOS ETNOBOTNICOS DE ESPCIES DE VERBENACEAE NO BRASIL


Ana Cleide Alcantara MORAIS-MENDONA (1)*; Victor Alves BELM (2); Eulaia Magna
Soares do NASCIMENTO (2); Rayssa Bernardino de MORAIS (2)
1 Herbrio Caririense Drdano de Andrade-Lima/HCDAL, Universidade Regional do Cariri
URCA; 2 - 1Graduando Universidade Regional do Cariri - URCA
*e-mail: anamoraismendonca@gmail.com

O uso de plantas medicinais pela populao com a finalidade de tratar enfermidade foi sempre
expressivo, principalmente devido extensa e diversificada flora. No intuito de amenizar a
escassez de estudos relativos ao uso de espcies de Verbenaceae, objetivou-se registrar e
reaver informaes etnobotnicas existentes atravs de referencial bibliogrfico. O
Compilamento bibliogrfico contemplou publicaes abrangendo o uso etnobotnicos de
espcies de Verbenaceae no Brasil entre os anos de 2003 2013, utilizando como ferramentas
de busca as bases de dados Googleacademico (http://www.googleacademico.com), Doaj
(http://www.doaj.com),
Scopus
(http://www.scopus.com),
Webscience
(http://www.webscience.org)
e
os
Peridicos
da
CAPES
(http://www.periodicos.capes.gov.br). As palavras indexadoras para busca foram: plantas
medicinais, etnobotnica, Verbenaceae e suas correspondentes em ingls. Para reviso dos
nomes cientficos, sinonmias e hbitos das espcies foram consultados a Lista de Espcies da
Flora do Brasil. Foi inventariado um total 107 artigos sendo nestes, citadas 55 espcies
distribudas em 16 gneros. O gnero Lippia teve o maior nmero de espcies citadas (13)
seguido de Stachytarpheta (9), Lantana e Vitex (5 espcies cada). Os usos indicados para
famlia foram medicinal (51), ornamental (6), alimentcia, construo civil, rituais mgicos
e/ou religiosos, fabricao de cosmticos (1 cada), sendo algumas espcies citadas mais de
uma vez para diferentes usos. As folhas foram a parte da planta mais indicada para o uso (36
espcies) seguidas do uso da planta inteira (8 espcies), flores, raiz e casca (7 espcies cada),
sementes (5 espcies), frutos (2 espcies), ltex e a haste com (1 espcie cada) e para 5
espcies no foram mencionadas as partes utilizadas. Apesar da grande predominncia em
nmero dos trabalhos etnobotnicos, o presente estudo demonstra a carncia deste tipo de
pesquisa para Verbenaceae, haja vista do total de estudos inventariados para o compilamento
nenhum direcionado especificamente pra famlia.

Palavras-Chaves: Usos. Plantas. Brasil.

57

SUSTENTABILIDADE EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS DE POCON A


PARTIR DA EXTRAO DO CUMBARU (Dipteryx alata Vog)

Diana Carolina MARTNEZ SNCHEZ (1)*; Bruna Maria Faria BATISTA (1); Valdiclei
Custdio JORGE(1); Jeane Cabral da SILVA(1); Juliana Vieira da SILVA(1); Maria Corette
PASA(2).
1 Faculdade de Engenharia Florestal, Ps Graduao em Cincias Florestais e
Ambientais UFMT; 2 Profa. Dra. / Orientadora - Ps Graduao em Cincias
Florestais e Ambientais UFMT
*e-mail: dicamarsan@hotmail.com

A regio do cerrado abrange quase 25% do territrio nacional, esta grande extenso territorial
apresenta grande diversificao faunstica e florstica em suas diferentes fisionomias vegetais.
Espcies frutferas nativas ocupam lugar de destaque no ecossistema Cerrado e seus frutos j
so comercializados com grande aceitao popular, contudo, muitas destas espcies so
desconhecidas e desaproveitadas pelas populaes rurais. O objetivo desta pesquisa foi
registrar o conhecimento do cumbaru (Dipteryx alata Vog) e relacionar s praticas
extrativistas e formas de uso pelos moradores de pequenas propriedades das comunidades
Laranjal e Bandeira do municpio de Pocon, MT. O levantamento das informaes foi
realizado aps a obteno do consentimento livre e esclarecido do entrevistado em participar
da pesquisa. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas com 15
informantes. Atravs das entrevistas, analisou-se a evoluo do uso, extrativismo e manejo do
cumbaru nas comunidades. Os resultados indicam que h uma grande ocorrncia da espcie
na regio, sendo a poca de coleta do fruto entre maio e outubro. O extrativismo uma
atividade meramente familiar, onde participam todos os membros das famlias. O perodo de
coleta geralmente o matutino, mas dependendo da quantidade de frutos cados no cho a
coleta pode se estender at o inicio da tarde. Diante da abundncia de ps de cumbaru
existentes nesta regio estas famlias conseguem estocar os frutos e extrair a amndoa durante
o ano todo, sendo esta uma fonte extra de renda. Os moradores das comunidades locais
vendem os frutos a uma cooperativa local que a encarregada da comercializao dos
mesmos. Antigamente, a espcie era valorizada para explorao da madeira, com o passar do
tempo os informantes comearam a usar suas folhas para compostagem e a casca como uso
medicinal. Na atualidade, com o incentivo da comercializao do fruto o uso mais frequente
da espcie a etnocategoria alimentar, deste modo o sub-produto mais consumido a
castanha torrada. Conclui-se que o extrativismo do cumbaru vem propiciando uma alternativa
de renda a estas comunidades, as quais esto tomando atitudes de uso sustentvel da espcie o
que representa uma estratgia de conservao e valorizao do cerrado local.

Palavras-chave: Etnobotnica, Extrativismo, Conservao.


58

QUEM NO VISTO NO LEMBRADO? CONHECIMENTO SOBRE PLANTAS


DA CAATINGA NA COMUNIDADE PORTO PIAT, ASS, RN
Dayanne Tmela Soares NOGUEIRA (1)*; Lorena Karla Ferreira de MEDEIROS(1);
Rodrigo Svio Texeira de MOURA (1); Cristina BALDAUF (1)
1 Universidade Federal Rural do Semirido (UFERSA).
*e-mail: day.nogueira@hotmail.com.br
A diferena entre o conhecimento do potencial de uma planta e o seu uso atual vem
estimulando a criao de ndices para mensurar estes dois tipos de valores, o cultural e o
prtico, j que uma espcie com valor cultural alto no necessariamente tem um alto valor
prtico. Alm disso, o uso de determinado recurso vegetal pode estar relacionado sua
disponibilidade no ambiente, o que tem levado muitos autores a testar a hiptese da
aparncia ecolgica em estudos etnobotnicos. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi
avaliar o nvel de conhecimento sobre espcies vegetais nativas da Caatinga, bem como seu
uso atual, na comunidade Porto Piat, Ass, RN, testando ainda a hiptese da aparncia
ecolgica. A partir do ndice de valor de importncia (IVI) obtido a partir de dados
secundrios, foram selecionadas 15 espcies arbreas que diferem em aparncia na rea de
estudo. Foram apresentadas fotos das espcies selecionadas aos informantes e estes foram
questionados acerca do conhecimento e respectivos usos das mesmas. A partir destes dados
foram obtidos os ndices de valor de uso conhecido (VU1) e uso corrente (VU2) das 15
espcies. Dos 89 informantes, 56% conhecem mais de dez espcies, 27% conhecem entre
cinco e dez espcies e 17% conhecem menos de cinco espcies. Em relao ao uso atual, 82%
dos informantes usam menos de cinco espcies, 18% usam entre cinco e dez espcies, e
nenhum usa mais de dez espcies. A maioria (60%) das espcies empregada devido ao seu
potencial medicinal. Neste estudo, no foi encontrada correlao entre o IVI e o VU 1 das
espcies (r = 0.1181, p > 0.05), tampouco entre o IVI e o VU2 (r = 0.0822, p > 0.05). Desta
forma, os resultados encontrados no corroboram a hiptese da aparncia ecolgica na
comunidade estudada, tendncia j observada em outros trabalhos que avaliaram a hiptese
mencionada em reas de caatinga.
Palavras-chaves:Aparncia ecolgica. Valor cultural. Plantas medicinais.

59

POTECIAL MEDICINAL DA FAMLIA VERBENACEAE: UMA REVISO


BIBLIOGRFICA
Tatiane da Silva NUNES (1, 2)*; Antonio Carlito Bezerra dos SANTOS (1, 3); Thales Silva
COUTINHO (1, 2); Filipe Gutierre Carvalho de LIMA (1, 3); Maria Arlene Pessoa da SILVA
(1, 3)
1 Universidade Regional do Cariri. 2 Aluno (a) do Curso de Cincias Biolgicas,
Departamento de Cincias Biolgicas. 3 Professor (a) do Curso de Cincias Biolgicas,
Departamento de Cincias Biolgicas.
e-mail: *tatiane-nuness@hotmail.com
A utilizao de plantas com fins medicinais, para tratamento, cura e preveno de doenas,
uma das mais antigas formas de prtica medicinal da humanidade. Atualmente, observa-se o
crescimento no consumo de plantas medicinais ou de medicamentos base de plantas em
todas as classes sociais no Brasil e no mundo. O uso medicamentoso dessas plantas muito
frequente entre a populao mais pobre, sendo cultivadas e at comercializadas, o que
contribui com a divulgao do seu efeito, despertando o interesse de estudos sobre uma
determinada espcie e aliando o conhecimento popular medicina. Nesse sentido, objetivouse neste trabalho realizar um levantamento bibliogrfico nos ltimos anos (2000-2012) acerca
das espcies de Verbenaceae utilizadas na medicina popular nas diversas regies do Brasil. Os
artigos cientficos utilizados para elaborao deste trabalho foram extrados de revistas
cientficas que abordassem sobre as espcies de Verbenaceae com potencial medicinal no
Brasil. As palavras-chave, nas quais o potencial medicinal da famlia Verbenaceae foi
descrito, utilizadas para fonte de pesquisa foram: Verbenaceae, Etnobotnica, Plantas
Medicinais, Uso de Recursos Vegetais e Medicina popular. Para reviso dos nomes cientficos
e sinonmias das espcies citadas foram utilizados os portais da Lista de espcies da Flora do
Brasil 2013 e Tropicos. Foi encontrado um total de 85 publicaes que listaram 55 espcies
distribudas em oito gneros. A espcie com maior nmero de citaes foi Lippia alba (Mill.)
N.E.Br. com 56 registros. A folha (32 trabalhos) e o ch (10 trabalhos) foram respectivamente
a parte usada e o modo de preparo mais utilizado. Dentre as categorias de indicaes das
plantas medicinais, as que mostraram um maior nmero de citaes referiam-se ao tratamento
das doenas do sistema respiratrio (29 citaes) e do aparelho digestrio (49 citaes).
Constatou-se que o Rio de Janeiro foi uma das regies mais pesquisadas neste trabalho (27
trabalhos). Desta forma, apesar dos vrios trabalhos mostrarem a riqueza de espcies
medicinais, ainda se fazem necessrios mais estudos nesta rea com a finalidade de
comprovar as atividades teraputicas referidas nesta pesquisa.
Palavras-chave: Plantas Medicinais. Conhecimento popular. Lippa alba.

60

O USO POPULAR DE PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DE DOENAS


GASTROINTESTINAIS NOS POVOADOS DE IMPOEIRAS E MEIRS, PO DE
ACAR- AL
Gilvania Fontes da SILVA (1)*; Ingridh Rodrigus da SILVA (1); Quzia Elaine Barbosa de
FARIAS (1); Alinne DU (2).
1 Graduandas da Faculdade So Vicente de Po de Acar; 2- Professora da Faculdade So
Vicente de Po de Acar.
*e-mail: gil.fontes19@hotmail.com

O Brasil possui uma das maiores diversidades vegetal do mundo, com experincias
vinculadas ao conhecimento popular da flora medicinal, para correlacionar o saber popular e o
cientfico. O presente estudo teve como objetivo principal o levantamento acerca do uso de
plantas medicinais no tratamento de distrbios do trato gastrointestinal nos povoados de
Impoeiras e Meirs, localizados no municpio de Po de Acar-Al. Realizou-se, nos meses
de maio e junho de 2013, entrevistas com 50 pessoas, escolhidas aleatoriamente, atravs de
um questionrio semiestruturado. Foram entrevistados 13 homens e 37 mulheres entre 17 e 87
anos. Foi verificado que 92% dos participantes da pesquisa fizeram ou fazem uso de plantas
medicinais. Cerca de 88% dos que fazem uso das plantas medicinais informaram que esse
conhecimento foi adquirido atravs de pessoas mais velhas (pais e amigos) e os demais por
intermdio de livros e cursos do Servio Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Foi
confirmado o uso combinado de remdios caseiros e farmoqumicos por aproximadamente
38% dos informantes e 54% declararam fazer uso apenas dos remdios caseiros. Foi
observada uma concordncia no que se refere s dez plantas mais utilizadas: boldo
(Plectranthus barbatus Andr.), alfavaca (Ocimum selloi Benth.), Capim-santo (Cymbopogon
citratus Stapf.), erva-cidreira (Lippia Alba (Mill.)N.E. Brown), hortel da folha mida
(Mentha X villosa Huds.), pitanga (Eugenia uniflora L.), goiabeira (Psidium guajava),
pinheira (Annona squamosa), catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tui.) e barbatimo
(Stryphnodendron adstringens). Com relao forma de preparo, em 96% dos casos foram
utilizadas as folhas e em 4% as cascas, sendo ingeridos em forma de chs em infuso ou
garrafadas. Das pessoas entrevistas 86% afirmaram que obtiveram resultados positivos
atravs do uso de remdios caseiros para tratar doenas gastrointestinais. O que explica,
juntamente com o fcil acesso, o amplo e crescente uso local da flora medicinal no tratamento
de distrbios gastrointestinais.

Palavras-chave: Etnobotnica. Fitoterapia. Medicina tradicional.

61

CONHECIMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS DE DUAS COMUNIDADES


RURAIS DO MUNICPIO DE PIRANHAS/AL
Wellison Ribeiro da SILVA (1)*; Mailson da Silva SANTOS (1); Jos Robrio Feitosa
CORREIA (1); Manoel Messias da Silva COSTA (2)
1- Graduandos em licenciatura em Cincias Biolgicas da Faculdade So Vicente de Po
de Acar FASVIPA, Po de Acar, Alagoas.
2 - Professor mestre em Botnica.
e-mail: *email: wellisonmusic@gmail.com

As florestas tropicais so reconhecidas por apresentarem alta diversidade de espcies teis, as


quais so bastante exploradas pelas comunidades tradicionais como recurso medicinal, sendo
responsvel pela renda de milhares de pessoas que vivem nas zonas rurais de todo o mundo.
O levantamento etnobotnico foi realizado em duas comunidades rurais, Sitio Lages e Sitio
Poo Comprido, localizadas no municpio de Piranhas no Estado de Alagoas. Foram
realizadas entrevistas estruturadas atravs do uso de formulrios, a fim de identificar quais
plantas eram utilizadas como medicinais por moradores nas duas comunidades e que partes
das plantas eram coletadas e mais utilizadas pelos mesmos. A fim de entrevistar os principais
chefes de famlias, ao todo foram entrevistados 54 informantes, distribudos em 36 mulheres e
18 homens, os quais foram apresentados o termo de consentimento livre e esclarecido com
intuito de informar o objetivo da pesquisa. 36 plantas foram identificadas, sendo observadas
tanto nativas como cultivadas. As plantas mais citadas e mais utilizadas pelos entrevistados
foram: angico, aroeira, babosa, bom-nome, catingueira, erva-cidreira, juazeiro, mandacaru,
moror, mulungu, pau-ferro, quixabeira, umburana e umbuzeiro, distribudos nas famlias:
fabaceae (4), anacardiaceae (2), asphodelaceae (1), burseraceae (1), cactaceae (1),
celastraceae (1), lamiaceae (1), mimosaceae (1), rhamnaceae (1) e sapotaceae (1) e que seus
principais usos estavam relacionados principalmente para tosse (22%), dores gastrointestinais
(19%), gripe (19%), febre (13%), cicatrizantes (12%) infeco urinria (9%) e presso arterial
(6%). A parte mais coletada pelos informantes foi entrecasca com 32,38%, seguido das
folhas com 27,61%; cascas com 26,03%; flores com 9,84%; sementes com 0,95% e por fim
ltex com 0,3%. Conclui-se que as comunidades estudadas apresentam um amplo
conhecimento das espcies medicinais da regio, tendo um repertrio teraputico bastante
diversificado.
Palavras-chave: Caatinga. Recurso medicinal. Etnoespcies.

62

LEVANTAMENTO ETNOBOTNICO SOBRE USO E CONSERVAO DE


PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA COMUNIDADE DE SANTA ROSA,
CRABAS-AL
Dougllas Ferreira da ROCHA (1)*; Jadla Higino VIEIRA (2); Larissa Nascimento STIRO
(3)

1; 2 - Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Campus Arapiraca, Curso de Cincias


Biolgicas, Grupo de estudos em etnobotnica e etnoecologia, Arapiraca, AL; 3-Professora
Adjunta, Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Campus Arapiraca, Curso de Cincias
Biolgicas, Grupo de estudos em etnobotnica e etnoecologia, Arapiraca, AL.
*e-mail: dougllasferreirarocha@gmail.com

A utilizao de plantas medicinais uma prtica que possui como destaque seu valor
simblico, os variados usos e a grande diversidade de plantas empregadas por comunidades
tradicionais. Contudo, o uso destas plantas tem comprometido, em alguns casos, a
manuteno destes vegetais ao longo das geraes. Desta forma o presente trabalho teve por
objetivo realizar um levantamento sobre uso e prticas de conservao de plantas medicinais
em uma comunidade do agreste alagoano, utilizando como comunidade alvo, a comunidade
de Santa Rosa, localizada em Crabas-AL, por apresentar um histrico tradicional na regio
sobre o uso de plantas medicinais. Para tanto foram efetuadas visitas semanais, ou seja, trs
vezes por semana comunidade alvo, utilizando questionrios semi-estruturados, com a
finalidade de obter dados etnobotnicos e socioeconmicos. Foram entrevistadas 100 pessoas
apontadas pelo lder comunitrio e que aceitaram responder ao questionrio dentre a
populao composta por 300 habitantes. Foram citadas 42 espcies de plantas medicinais
presentes na comunidade, dentre as quais se destacam: Erva cidreira (Melissa officinalis L),
Capim santo (Cymbopogon citratus (DC) Stapf.), Hortel mida (Mentha piperita L.) e
Aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemo). Foi observado que 90% dos entrevistados
utilizam plantas medicinais cotidianamente, sendo essa utilizao em forma de ch (40%) e
infuso (50%). Houve a predominncia das folhas em relao aos outros rgos das plantas
seguida pela raiz, casca e fruto, respectivamente. Pde-se observar ainda que 30% dos
entrevistados tm um jardim medicinal em seus quintais, essa prtica promove assim o cultivo
de espcies tpicas da regio e por sua vez a disseminao dessas plantas e desse
conhecimento em meio comunidade. Tendo em vista estes resultados, a equipe de pesquisa
j est articulando aes, como palestras, oficinas e construes de jardins medicinais com a
comunidade e escolas, a fim de promover reflexes sobre o uso sustentvel das espcies de
plantas medicinais presentes na regio.

Palavras-chave: Educao Ambiental. Etnobotnica. Conhecimento tradicional.


63

LEVANTAMENTO ETNOBOTNICO DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS


EM GARRAFADAS: IMPLICAES PARA CONSERVAO
Lidiane dos SANTOS (1) *; Henrique Costa Hermenegildo da SILVA (2);
1-Graduanda em biologia licenciatura pela UFAL campus Arapiraca; 2-Professor Adjunto II
da UFAL
*e-mail: lidiane.bio10@gmail.com

Este trabalho teve como objetivo realizar o levantamento etnobotnico de plantas utilizadas
em garrafadas, quantificando seu uso e identificando os principais pontos de coleta, visando
sua conservao. O estudo foi conduzido no assentamento Dom Helder Cmara/Rendeira,
municpio de Girau do Ponciano microrregio de Arapiraca e regio do agreste de Alagoas.
Inicialmente foi realizado um levantamento fitossociolgico na Reserva Legal do
assentamento para o conhecimento das espcies locais. Posteriormente foram aplicadas
entrevistas semi-estruturadas a moradores das agrovilas do assentamento das quais a agrovila
Sete Casas (mais populosa e adjacente a uma vegetao local) se destacou pelo nmero de
especialistas em garrafadas. Dezesseis destes moradores citaram garrafadas, sendo os
selecionados para a amostra da pesquisa. Para identificar as espcies mais relevantes avaliouse a salincia das espcies por meio do software Anthropac. Os entrevistados foram indagados
sobre quais as plantas utilizadas na produo de garrafadas; partes da planta utilizadas;
quantidade; modo de preparo; solvente utilizado; local de coleta e finalidade da bebida. Foram
citadas 39 espcies de plantas das quais 22 so encontradas na rea de reserva local, e destas,
as mais salientes foram Aroeira (0,496) (Myracrodruon urundeuva Allemo.), Quixabeira
(0,448) (Obtusifolium (Roem. & Schult.) T. D.Penn.), Barbatimo (0,414) (Stryphnodendron
Mart.) e Angico (0,381) (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan) todas encontradas na
reserva. As partes mais utilizadas so a casca e entrecasca, das quais utilizada apenas uma
pequena poro. Para o preparo da bebida, a forma mais comum a mistura das partes do
vegetal com um solvente que pode ser gua, vinho branco ou cachaa que foram os mais
citados. A principal finalidade da produo de garrafadas o tratamento de inflamao e
gripe. Devido estas doenas serem recorrentes a extrao de partes vitais como casca e
entrecasca podem comprometer a vitalidade da planta se a coleta no for feita corretamente.
Os dados mostraram que as plantas mais salientes esto representadas por poucos espcimes
na regio, o que pode levar atenes para a conservao destas espcies.

Palavras-chave: Espcies vulnerveis, Uso sustentvel e Extrativismo.

64

LEVANTAMENTO DE PLANTAS MEDICINAIS PERTENCENTES FAMLIA


LAMIACEAE: UMA REVISO BIBLIOGRFICA
Nara Juliana Santos ARAUJO (1); Antonio Carlito Bezerra dos SANTOS (1)*; Thales Silva
COUTINHO (1); Filipe Gutierre Carvalho de LIMA (1); Maria Arlene Pessoa da SILVA (1).
1 Universidade Regional do Cariri.
*e-mail: carlito.santos@urca.br
Com este trabalho objetivou-se realizar um levantamento bibliogrfico sobre as
plantasmedicinais das espcies da famlia Lamiaceae utilizadas pelas comunidades
tradicionais nas diversas regies do Brasil. O estudo foi baseado em um levantamento
bibliogrfico nos ltimos 12 anos (2000-2012) e as informaes das plantas medicinais e seus
usos foram compilados por ordem alfabtica de espcie, seguidas pelo nome popular, parte
utilizada, forma de uso, distribuio geogrfica e referncia. Os dados foram coletados de
artigos e revistas de ampla circulao nacional, assim como teses e dissertaes de programas
de ps-graduao de Universidades estaduais e federais do Brasil. Todos os nomes cientficos,
sinonmias e distribuio geogrfica das espcies foram revisados atravs da Lista de Espcies
da Flora do Brasil 2012 (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/) e Trpicos
(http://www.tropicos.org/). Foram compiladas 51 publicaes registrando um total de 58
espcies de Lamiaceae, das quais as mais citadas foram: RosmarinusofficinalisL. (alecrim),
PlectranthusbarbatusAndrews (boldo), OcimumbasilicumL. (manjerico), MenthapulegiumL.
(hortel) e Menthax piperitaL. (hortel-pimenta). Dos gneros, os mais referidos foram
Menthaspp. e Ocimumspp. (10 citaes cada). No que diz respeito s partes utilizadas a mais
indicada foi folha (47 indicaes) e o modo de preparo referido foi o ch (41 citaes). As
patologias mais citadas foram as referentes aos problemas respiratrios e digestivos. Os
resultados indicam que as espcies da famlia Lamiaceae apresentam um grande valor na
medicina popular, merecendo futuros estudos a fim de comprovar as atividades teraputicas
apresentadas neste trabalho.

Palavras-chave: Espcies vegetais.Comunidades tradicionais. Mentha. Ocimum.

65

LEVANTAMENTO BIBLIOGRFICO DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS


POR COMUNIDADES NO CEAR

Camila Moreira da SILVA (1); Antonio Carlito Bezerra dos SANTOS (1)*; Thales Silva
COUTINHO (1); Filipe Gutierre Carvalho de LIMA (1); Maria Arlene Pessoa da SILVA (1).
1 Universidade Regional do Cariri.
*e-mail: carlito.santos@urca.br

O uso de plantas medicinais uma prtica realizada desde o comeo da histria da


humanidade. Exerccio este que at hoje utilizado por diferentes tipos de populaes, o que
permite o fortalecimento da medicina tradicional ao longo dos anos, sendo um importante
recurso teraputico e aliado etnofarmacologia. Nesse sentido, objetivou-se com este trabalho
realizar um levantamento bibliogrfico nos ltimos 10 anos sobre o uso de plantas para fins
medicinais utilizadas por diversas comunidades no estado do Cear. O estudo foi baseado em
um levantamento bibliogrfico referente a artigos cientficos publicados no perodo de 2002 a
2012 extrados de revistas cientficas de mbito nacional e internacional, contando tambm
com monografias, dissertaes e teses de diversas instituies de ensino do nordeste sobre as
plantas medicinais utilizadas por comunidades tradicionais do Cear, sendo as palavras-chave
utilizadas na pesquisa: etnobotnica, plantas medicinais, Cear. Para correo dos nomes
cientficos e sinonmias foram visitados os sites da Lista de Espcies da Flora do Brasil,
Missouri Botanical Garden e Tropicos.Foram analisados 15 trabalhos onde apresentaram
um total de 204 espcies, distribudas em 72 famlias, onde as espciesMelissa officinalis L.
(cidreira) (Lamiaceae) e Cymbopogoncitratus (DC.) Stapf (capim-santo) (Poaceae)
apresentaram o maior nmero de citaes (seis). A folha apresentou o maior nmero de
indicaes quanto parte usada (107 registros) e a decoco foi forma mais utilizada (140
citaes).Conclui-se, ento,que este trabalho serviu de base para a elaborao de um banco de
dados listando as espcies mais utilizadas na medicina popular no Cear. Faz-se necessrio,
ainda, um aprimoramento de estudos nesta rea, com o intuito de comprovar as atividades
farmacolgicas encontradas nesta pesquisa.

Palavras-chave:Etnobotnica.
Cymbopogoncitratus.

Sociedade

Tradicional,

Melissa

officinallis.

66

O USO POPULAR DE PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DE DOENAS


GASTROINTESTINAIS NOS POVOADOS DE IMPOEIRAS E MEIRS, PO DE
ACAR- AL

Gilvania Fontes da SILVA (1)*; Ingridh Rodrigus da SILVA (1); Quzia Elaine Barbosa de
FARIAS (1); Alinne DU (2).
1 Graduandas da Faculdade So Vicente de Po de Acar; 2- Professora da Faculdade So
Vicente de Po de Acar.
*e-mail: gil.fontes19@hotmail.com

O Brasil possui uma das maiores diversidades vegetal do mundo, com experincias
vinculadas ao conhecimento popular da flora medicinal, para correlacionar o saber popular e o
cientfico. O presente estudo teve como objetivo principal o levantamento acerca do uso de
plantas medicinais no tratamento de distrbios do trato gastrointestinal nos povoados de
Impoeiras e Meirs, localizados no municpio de Po de Acar-Al. Realizou-se, nos meses
de maio e junho de 2013, entrevistas com 50 pessoas, escolhidas aleatoriamente, atravs de
um questionrio semiestruturado. Foram entrevistados 13 homens e 37 mulheres entre 17 e 87
anos. Foi verificado que 92% dos participantes da pesquisa fizeram ou fazem uso de plantas
medicinais. Cerca de 88% dos que fazem uso das plantas medicinais informaram que esse
conhecimento foi adquirido atravs de pessoas mais velhas (pais e amigos) e os demais por
intermdio de livros e cursos do Servio Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Foi
confirmado o uso combinado de remdios caseiros e farmoqumicos por aproximadamente
38% dos informantes e 54% declararam fazer uso apenas dos remdios caseiros. Foi
observada uma concordncia no que se refere s dez plantas mais utilizadas: boldo
(Plectranthus barbatus Andr.), alfavaca (Ocimum selloi Benth.), Capim-santo (Cymbopogon
citratus Stapf.), erva-cidreira (Lippia Alba (Mill.)N.E. Brown), hortel da folha mida
(Mentha X villosa Huds.), pitanga (Eugenia uniflora L.), goiabeira (Psidium guajava),
pinheira (Annona squamosa), catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tui.) e barbatimo
(Stryphnodendron adstringens). Com relao forma de preparo, em 96% dos casos foram
utilizadas as folhas e em 4% as cascas, sendo ingeridos em forma de chs em infuso ou
garrafadas. Das pessoas entrevistas 86% afirmaram que obtiveram resultados positivos
atravs do uso de remdios caseiros para tratar doenas gastrointestinais. O que explica,
juntamente com o fcil acesso, o amplo e crescente uso local da flora medicinal no tratamento
de distrbios gastrointestinais.

Palavras-chave: Etnobotnica. Fitoterapia. Medicina tradicional.

67

A PAMONHA COMO ELEMENTO ETNOCULTURAL RURAL E URBANO


Claudio Galdino da SILVA (1)*, Anne Mrian da Silva GOMES (1), Elvia Jssica da Silva
OLIVEIRA (1), Rubens Pessoa de BARROS (2).
1. Graduandos em Licenciatura em Cincias Biolgicas e Bolsistas da FAPEAL/ Projeto
Farmcia Viva/ Uneal-Campus I, Arapiraca-AL; 2. Prof. Assistente do Departamento do
Curso de Cincias Biolgicas da UNEAL - GEMBIO: Grupo de Estudos ambientais e
etnobiolgicos/ Projeto Farmcia Viva.
*e-mail: claudio.galdino@gmail.com

A pamonha leva milho verde ralado com leite e acar, resultando num caldo grosso, comum
em todo o territrio brasileiro, principalmente nos estados do nordeste. A massa colocada
em "recipientes" feitos com a prpria casca do milho que tambm serve como tampa,
confirmando que na natureza nada se perde tudo se transforma. So colocadas para cozimento
em temperatura acima de 100C e com um tempo de 30 a 35 minutos quando sua massa
alcana uma consistncia firme e macia e as palhas amareladas, dando o ponto. Este nome
"pamonha" vem da palavra tupi pa'mua, que significa "pegajoso. O milho originrio das
Amricas e foi a base da alimentao de todas as populaes indgenas e africanas. Est
presente em todas as culturas e civilizaes, dos Incas aos maias, dos ndios americanos aos
tupis, se torna desta forma o alimento mais importante do continente. O milho (Zea mays L.)
uma gramnea pertencente famlia poaceae, as variedades pertencem mesma espcie.
Utilizada como milho verde, tanto in natura como para processamento pelas indstrias de
produtos vegetais em conserva. O objetivo deste trabalho foi avaliar a espiga de milho verde
para a fabricao da pamonha comercializada nas feiras livres no municpio de Arapiraca-AL,
a partir dos aspectos morfolgicos, tais como: palha, fileiras de gros, quantidade de gros,
dimetro da espiga (cm), tamanho da espiga (cm) e quantidade de massa em gramas.
Conhecer a variedade do milho e a origem onde cultivado entendendo as relaes
etnobotnicas na fabricao da pamonha. A pesquisa foi realizada durante os meses de
outubro (2012) a maio (2013) no municpio de Arapiraca-AL, nordeste do Brasil, foi realizada
tambm uma entrevista estruturada para a coleta dos dados etnoculturais das pessoas que
fabricam a pamonha. Os resultados apontaram que a cultivar mais utilizada para a fabricao
do alimento em estudo, a AG 1051 e nas caractersticas das variveis uma mdia na massa
dos gros de milho de 93,77g por espiga, indicando o ideal para fazer uma pamonha
encontrada nos quiosques das feiras. O etnoconhecimento das famlias com o milho verde se
estende desde as geraes parentais.
Palavras-chave: Etnobotnica. Culinria. Cultural.

68

CONCEITOS LOCAIS DE DOENAS QUE AFETAM O TRATO


GASTRINTESTINAL E PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA
COMUNIDADE DO POVOADO BATINGAS, ARAPIRACA AL
Mara Lopes da SILVA (1)*; Erika Priscilla Lopes CORDEIRO (1); Flvia Cavalcante LIMA
(1); Diogo dos Santos SILVA (1); Washington Soares FERREIRA-JNIOR (2) e Maria
Silene DA SILVA (1)
1 Universidade Estadual de Alagoas UNEAL, Campus I Grupo de Pesquisa em
Etnobotnica e Etnofarmacologia GPET; 2 Universidade Federal Rural de Pernambuco
UFRPE e Grupo de Pesquisa em Etnobotnica e Etnofarmacologia GPET.
*e-mail: maira_loppes@hotmail.com
Este trabalho teve como objetivo investigar as enfermidades gastrintestinais que afetam a
comunidade do povoado Batingas, municpio de Arapiraca-AL, bem como identificar quais
espcies de plantas so utilizadas para cada uma das doenas identificadas localmente. A
comunidade do povoado Batingas est situada na chamada zona de transio entre vegetao
de floresta Caatinga e Mata Atlntica. O povoado tem aproximadamente 2.000 famlias e a
prtica da medicina popular est intimamente relacionado sua cultura. A amostragem foi
no-probabilstica e intencional, feita pela tcnica da bola-de-neve, como tambm por
indicao dos Agentes de Sade da comunidade. Os entrevistados assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, e a coleta dos dados se deu atravs da aplicao de
entrevistas semiestruturadas e de um formulrio socioeconmico. Foram entrevistados 26
informantes-chave, sendo cinco homens com faixa etria entre 51 a 87 anos, e vinte e uma
mulheres com faixa etria entre 46 a 82 anos. Foram indicadas 55 espcies de plantas que
foram submetidas a anlise de salincia utilizando-se o software Anthropac 4.0, sendo
detectadas 7 categorias de doenas que acometem o trato gastrintestinal. De acordo com o
CID-10, as doenas foram categorizadas em Doenas do aparelho digestivo, destacando-se
gastrite, sendo a espcie mais saliente Brassica oleracea var. botrytis (0,417) e para lcera
Symphytum officinale L. (0,750). Para a categoria Doenas infecciosas intestinais, o ndice de
salincia mostrou para diarreia a espcie Eugenia uniflora L. (0,417) e para infeco intestinal
Lippia alba (Mill) (0,514) tambm sendo a mais saliente para dor de barriga da categoria
Sintomas e sinais relativos ao aparelho digestivo e ao abdmen. Para a categoria Neoplasia
maligna do intestino delgado, para cncer no intestino destacou-se Urtiga sp. (1,000). Para
Doena do refluxo gastroesofgico a espcie mais saliente foi Pimpinella anisum L. (1,000).
Para a categoria Infeces agudas das vias areas superiores, inflamao e dor na garganta a
espcie mais saliente foi Punica granatum L. (0,509). Na categoria Helmintases, destacou-se
a espcie Chenopodium ambrosioides L. (0,722). Observou-se que a comunidade conhece e
faz uso de diversas plantas para tratar doenas do trato gastrintestinal, com isso contribuindo
para o conhecimento tradicional transmitido de gerao em gerao.
Palavras-chave: Conhecimento tradicional. Enfermidades gastrintestinais. ndice de
salincia. Plantas medicinais.

69

A IMPORTNCIA DAS HORTAS ESCOLARES NA EDUCAO AMBIENTAL E


NA ALIMENTAO SAUDVEL.
Cludio Galdino da SILVA (1)*, Iara Karlla dos SANTOS (1), Isis Emanuelly de Oliveira
LIMA (1), Lavnia Alzira de Melo NASCIMENTO (1), Mickellainy Medeiros Tavares (1);
Rubens Pessoa de BARROS (2).
1. Graduandos em Cincias Biolgicas e Bolsistas do convnio MEC/SESU/ Projeto
Farmcia Viva/ Uneal-Campus I, Arapiraca-AL; Prof. Assistente do Departamento do
Curso de Cincias Biolgicas da UNEAL - GEMBIO: Grupo de Estudos ambientais e
etnobiolgicos/ Projeto Farmcia Viva.
E-mail*: claudio.galdino@gmail.com
O objetivo do trabalho foi desenvolver atravs de oficinas uma formao para os alunos do
ensino fundamental (1 ao 5 ano). O trabalho destaca a importncia da implantao e
implementao das hortas escolares como auxlio na formao dos alunos e da comunidade
escolar em educao ambiental e na alimentao saudvel. O conhecimento e a participao
na produo e no consumo das hortalias despertam interesses nos alunos da educao bsica
e contribuem para uma melhoria do hbito alimentar dos educandos. O consumo de
alimentos naturais possibilita um ganho em qualidade de vida e em boas prticas ambientais
uma vez que isto resultar em benefcios para todos os membros da famlia. A ideia de
reaproveitar materiais reciclveis um vis do projeto de pesquisa e de extenso da
Uneal/Campus I. Neste sentido, a utilizao das garrafas PET na implantao das hortas
escolares, torna-se uma alternativa vivel de fazer a horta suspensa com ervas medicinais e
hortalias com pouco desenvolvimento vegetal. A metodologia utilizada neste trabalho
constou em visitas s escolas para a sensibilizao e reunies para o planejamento bem como
o cronograma das formaes e ou oficinas para os agentes protetores do meio ambiente
APMAs de quatro Escolas de tempo integral no municpio de Arapiraca-AL. Estas oficinas
foram realizadas a cada quinze dias em cada escola selecionada no projeto durante os meses
de fevereiro at junho de 2013. Por meio do manejo das hortas escolares, os alunos aprendem
a valorizar a gua e utiliz-la de um modo consciente, bem como a importncia da
preservao do meio ambiente. O conhecimento do valor nutricional e medicinal das
hortalias produzidas na horta para serem utilizadas na merenda escolar auxilia na
aprendizagem dos educandos, para que os mesmos aprendam no somente sobre os hbitos
alimentares saudveis, como tambm sobre a higienizao dos alimentos colhidos na horta.
Foram realizadas at o momento vinte oficinas nas quatro escolas de tempo integral com o
atendimento mdio de 30 alunos por escola. Dessa forma percebe-se a importncia da
educao ambiental aplicada nas atividades e as pessoas entendem bem como funciona o
ambiente e como podem promover a sustentabilidade.

Palavras-chaves: Farmcia viva. Etnobotnica. Sustentvel.


70

USOS MEDICINAIS DE PLANTAS NATIVAS EM UMA REA DE CERRADO DO


OESTE DA BAHIA, NORDESTE DO BRASIL
Vanessa Ramos Rodrigues de SOUSA (1)*; Eunice Leite ALMEIDA (2) Viviany Teixeira do
NASCIMENTO (3); Joabe Gomes de MELO (4)
1 Discente do curso de Licenciatura em Cincias Biolgicas da Universidade do Estado da
Bahia UNEB Campus IX Barreiras - BA; 2 Discente do curso de Licenciatura em
Cincias Biolgicas da Universidade do Estado da Bahia UNEB Campus IX Barreiras
BA; 3 Docente da Universidade do Estado da Bahia UNEB Departamento de Cincias
Humanas Campus IX Barreiras BA; 4 Ps Doutorando da Universidade Federal Rural
do Pernambuco - UFRPE
*e-mail: vanessarrs1@hotmail.com:
O estudo foi realizado com o objetivo de resgatar e caracterizar o conhecimento sobre
propriedades medicinais da vegetao local e indicar espcies de amplo consenso popular
para futuros estudos fitoqumicos, realizando uma estimativa da diversidade das espcies de
uso medicinal conhecidas pela populao. Este foi realizado na comunidade Vau da Boa
Esperana, localizada na poro oeste do estado da Bahia. Inicialmente foram entregues os
Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foram utilizados os seguintes mtodos
etnobotnicos: lista livre, entrevistas semi-estruturadas e turn guiada. Para a anlise dos
dados utilizou-se a tcnica do Nvel de Fidelidade e a tcnica da Importncia Relativa.
Adicionalmente, foi calculado o ROP (Rank Order Priority), o ndice de similaridade de
Jacard e o teste de Mann Witney. Para todos os testes foram considerado P< 0,05. As anlises
foram realizadas no software BioEstat 5.0. Foram registradas 34 espcies distribudas em 24
famlias e 33 gneros totalizando 198 citaes. As famlias de maior destaque em nmero de
citaes foram: Fabaceae com 47,80% citaes, Verbenaceae 7,80% e Apocynaceae 5,85%.
Em mdia cada informante citou (5,31 6,26) espcies nativas, os homens citaram em mdia
(7,65 6,5) e mulheres (5,25 3,4), estas diferenas no so consideradas significativas de
acordo com o teste de Mann Witney. O coeficiente de Jacard mostrou que h uma
similaridade de apenas 40,5% no conhecimento das plantas entre homens e mulheres. A
mdia de citaes por espcies foi (5,32 6,26), as mais citadas foram: Pterodon emarginatus
Vogel (63,54%); Lippia alba (Mill) N.E.Br. (63,54%); Dimorphandra gardneriana Tul
(54,55%); Amburana cearensis (Allemo) A.C.Sm (54,55%); Hymenaea courbaril L.
(45,45%); Myracrodruon sp. (31,82%); Hancornia speciosa Gomes (31,82%); Pterodon sp.
(27,27%) Terminalia fagifolia Mart.&Zucc (22,73%); e Lafoensia pacari St Hill (22,73%). O
teste de Wilkoxon Runk-Sun mostrou resultado de Z(U) =5.4104 P< 0,0001 revelando existir
diferenas significativas entre o nmero de plantas conhecidas e usadas. O ranking de
prioridade apontou Pterodon emarginatus (ROP de 50) como espcie cujo conhecimento
mais difundido dentro da comunidade, essa espcie foi apontada como poderoso
antiinflamatrio. Os dados mostraram que a comunidade possui relativa dependncia das
espcies medicinais e apontaram P. emarginatus, A. cearenses (ROP 21,46), H. courbaril
(35,71), como espcies importantes para estudos fitoqumicos.
Palavras-chave: Etnobotnica. Conhecimento tradicional. Comunidades rurais.
71

AVALIO ETNOBOTNICA E PROSPECO FITOQUMICA DE JATROPHA


GOSSYPIIFOLIA L. (EUPHORBIACEAE)

Lilian Cortez Sombra VANDESMET (1)*, Daniela Valdevino LIMA(2),Isabella Hvily Silva
TORQUATO(3), Vivianne Cortez Sombra VANDESMET(4), Amanda Oliveira
ANDRADE(5).
1- Mestranda em Bioprospeco Molecular na Universidade Regional do Cariri, 2Graduanda em Cincias Biolgicas na Universidade Regional do Cariri, 3- Graduanda
em Cincias Biolgicas na Universidade Regional do Cariri, 4- Mestranda em
Bioprospeco Molecular na Universidade Regional do Cariri, 5- Mestranda em
Bioprospeco Molecular na Universidade Regional do Cariri.
*lilianvandesmet@hotmail.com

Atualmente tem se priorizado a busca de plantas medicinais e seus derivados como agentes
teraputicos naturais, e sua utilizao est sendo incentivada por apresentarem um custo mais
acessvel populao e aos servios pblicos de sade em relao aos frmacos sintticos. A
espcie vegetal JatrophagossypiifoliaL., popularmente conhecida como pio roxo,
identificada por seu carter txico, porm utilizada na medicina popular como
antimicrobiano, cicatrizante, anti-hipertensivo, purgativo e diurtico. Devido a estes
relatos,esta espcie vegetal foi escolhida para estudo com o intuito de avaliar os constituintes
qumicos da planta que podem vir avalidar a utilizao desta planta. As espcies de J.
gossypiifolia foram coletadas no ms de Setembro no municpio de Crato, estado do Cear,
Brasil. O material vegetal foi identificado e uma exsicata N 6044 foi depositada no Herbrio
Drdano de Andrade Lima da Universidade Regional do Cariri URCA. A amostra vegetal
foi submetida ao processo de extrao alcolica, segundo as normas da Farmacopia
Brasileira com adaptao necessria para realizao do experimento seguindo as seguintes
etapas: coleta, seleo e triturao do material vegetal; extrao exaustiva com etanol a frio;
destilao por meio de evaporador rotativo para retirada do solvente. O procedimento foi
realizado no Laboratrio de Pesquisa em Produtos Naturais do Departamento de Qumica
Biolgicana URCA. Posteriormente foi desenvolvida uma prospeco fitoqumicado extrato
etanlico das razes de J.gossypiifoliabaseada no mtodo desenvolvido por MATOS, 1997.
Estes testes se baseiam na observao visual de cor ou na formao de precipitado aps a
adio de reagentes especficos.O resultado da prospeco fitoqumica demonstrou presena
de compostos das classes de: taninos, flavonoides e alcaloides.Os compostos qumicos
presentes em J. gossypiifoliaconferem a essa espcie diversas atividades biolgicas teis na
teraputica, algumas destas j evidenciadas experimentalmente. Estes dados so promissores e
podero incentivar futuras pesquisas sobre os aspectos fitoqumicos, toxicolgicos e
farmacolgicos de produtos naturais isolados de J. gossypiifolia.
Palavras-chave: Compostos qumicos. Pinho-roxo. Produtos naturais.
72

FOLHAS SAGRADAS: PLANTAS MEDICINAIS NA CRENA RELIGIOSA


POPULAR NO MUNICPIO DE ARAPIRACA AL

Jadla Higino VIEIRA (1)*; Andr Luis Pereira BARBOSA (2); Dougllas Ferreira da ROCHA
(3); Larissa Nascimento STIRO (4)
1 Graduanda em Biologia - Licenciatura, Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Campus
Arapiraca ; 2 Graduando em Agronomia, Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Campus Arapiraca ; 3 Graduando em Biologia, Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Campus Arapiraca ; 4 Professora adjunta- Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Campus Arapiraca.
*e-mail: jadlahigino@gmail.com

A aproximao e utilizao de plantas medicinais, alm da sade, com os mais diferentes


sistemas de crenas uma prtica antiga, associada intimamente cultura e crena religiosa
popular. A partir desta constatao e na perspectiva de avaliar a confiana depositada nestas
plantas, o presente trabalho se props a realizar um levantamento etnobotnico da flora
ritualstica utilizada no municpio de Arapiraca, identificando a importncia destas plantas
em meio crena religiosa na regio. Para isso foram efetuadas entrevistas semi-estruturadas
em terreiros de candombl a partir do mtodo bola de neve em um perodo de trs meses.
Assim foram realizadas 20 entrevistas com os babalorixs identificados como os mais
representativos em termos de liderana nas comunidades. Foram citadas 175 espcies de
plantas distribudas em 51 famlias, sendo identificadas pelos entrevistados como
significativamente importantes as seguintes: Alecrim (Rosmarinus officinalis L.), alfavaca
(Ocimum gratissimum L.), arruda (Ruta graveolens L.), aroeira (Myracrodruon urundeuva
Allemo), hortel grande (Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.), manjerico (Ocimum
basilicum L.) e pinho roxo (Jatropha gossypiifolia L.). Avaliando a estimao por plantas
medicinais foi verificada a significativa importncia cultural e religiosa destas, caracterizadas
nas entrevistas como insubstituveis, consideradas folhas sagradas e ainda como o
sangue do candombl. Nesta temtica constatou-se que plantas medicinais possuem
tambm importncia como meio de subsistncia cultural e espiritual, alm de designar papel
fundamental diante de rituais msticos e mgicos. Efetivamente os dados obtidos mostram o
quanto tais plantas so importantes em meio religiosidade dessas pessoas e como a
necessidade e a preocupao da disperso desse conhecimento para as geraes futuras
refletem a personalidade desse povo.

Palavras-chave: Rituais. Conhecimento tradicional. Etnobotnica.

73

USO E DIVERSIDADE DE PLANTAS EM RITUAIS MSTICO-RELIGIOSOS NO


AGRESTE ALAGOANO
Jadla Higino VIEIRA*; Dougllas Ferreira da ROCHA(1); Larissa Nascimento STIRO(2)
1 Graduandos em Biologia - Licenciatura, Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Campus Arapiraca ; 2 Professora adjunta- Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Campus Arapiraca.
*e-mail: jadlahigino@gmail.com

A utilizao de plantas em rituais de candombl uma prtica antiga, manifestada de


diferentes formas e associada cultura e religiosidade de diversas comunidades. Nesse
sentido o presente trabalho se props a realizar um estudo dos usos tradicionais a partir de um
levantamento etnobotnico da flora do agreste alagoano para fins ritualsticos. Para isso foram
efetuadas entrevistas semi-estruturadas em terreiros de candombl a partir do mtodo bola de
neve em um perodo de trs meses. A comunidade alvo foi composta por 30 terreiros situados
nas cidades de: Arapiraca, Campo Alegre, Coit do Nia, Limoeiro de Anadia e Taquarana,
em que foram realizadas entrevistas semi estruturadas, gravadas e transcritas na ntegra com
30 babalorixs. 120 espcies de plantas citadas foram identificadas e distribudas em quatro
categorias. Observou-se que 90% dos entrevistados utilizam plantas diariamente em rituais
religiosos, sendo essa utilizao para fins curativos (60%), msticos (20%), alimentares (12%)
e ornamentais (8%). Houve a predominncia das folhas, casca e entre- casca para fins
curativos, enquanto para utilizao mstica destacaram-se as folhas e flores. Na categoria
alimentar os frutos sobressaram em relao s demais partes vegetais. Algumas espcies
destacaram-se por estarem representadas em 80 % das entrevistas, tais como: alecrim
(Rosmarinus officinalis L.), arruda (Ruta graveolens L.), aroeira (Myracrodruon urundeuva
Allemo), courama (Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken), mastruz (Chenopodium
ambrosioides L.) e vassourinha (Scoparia dulcis L.). Desta forma percebe-se que o
conhecimento e a utilizao do componente vegetal em rituais vm sendo marcado por uma
grande diversidade de plantas empregadas de diferentes modos. Vale ressaltar que essas
comunidades acreditam no poder dessas plantas em todas as situaes aqui levantadas, alm
de revigorar diariamente suas crenas atravs de histrias que despertam confiana e noes
de conservao.

Palavras-chave: Usos tradicionais. Rituais. Etnobotnica.

74

LEVANTAMENTO ETNOBOTNICO E ETNOFARMACOLOGICO DE PLANTAS


MEDICINAIS UTILIZADAS COMO ANTI-INFLAMATRIAS EM UM AMBIENTE
DE TRASIO CAATINGA/MATA ATLNTICA NO NORDESTE BRASILEIRO
Evlyn Larisse da SIlva VILAR(1)*; Mrcia de Farias CAVALCANTE(1);
Maria Silene da SILVA (1); Washington Soares FERREIRA JNIOR (2)
1 - Universidade Estadual de Alagoas, UNEAL, Brasil. 2 - Universidade Federal Rural de
Pernambuco, UFRPE, Brasil.
*evynhavilar@hotmail.com
A inflamao um problema de sade frequente no Nordeste brasileiro, e existe um nmero
considervel de espcies associadas ao seu tratamento. Dessa forma, tornam-se necessrios
estudos que forneam informaes mais claras acerca do uso dessas espcies, visando a
bioprospeco e obteno de modelos de manejo que conduzam conservao dos recursos
naturais. Assim, este trabalho teve como objetivo fazer um levantamento das plantas
medicinais utilizadas como anti-inflamatrias, pelos moradores do povoado Cangandu, no
municpio de Arapiraca-AL, juntamente com a identificao taxonmica das espcies. A
amostra foi composta por 30 informantes distribudos nas categorias garrafeiros, donas de
casa, usurios de plantas e praticantes da medicina popular. Foi utilizada a tcnica da listagem
livre sucessiva para identificar as plantas utilizadas para o tratamento de inflamaes. Para
identificar as espcies mais importantes localmente calculou-se a anlise de salincia atravs
do software ANTROPAC 4.0. As condies inflamatrias mais frequentes nesta comunidade
rural foram a inflamao de pele, tero, garganta e ovrios. Foram identificadas setenta e trs
espcies de plantas utilizadas como medicinais, distribudas em vinte e oito famlias, das
quais se destacaram a Fabaceae e Lamiaceae. A anlise de salincia destacou Abarema
cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W. Grimes (barbatimo) (0,595), Hyptis pectinata L. Poit
(sambacait) (0,445) e Myracrodruon urundeuva (aroeira) (0,384) entre outras como sendo as
plantas medicinais mais citadas para o tratamento de inflamao. As partes mais utilizadas
foram a casca (33% das citaes) seguida dos galhos (25%), das folhas (24%) e outras partes
(18%). A forma de preparo predominante foi o ch (processo de decoco), mas tambm foi
indicado o uso de outras formas como garrafadas e xarope. Espera-se que o resultado dessa
pesquisa possa subsidiar futuros estudos fitoqumicos e farmacolgicos, contribuindo, dessa
forma, com a bioprospeco bem como fornecer base para modelos de manejo que realmente
conduzam conservao dos recursos naturais.
Palavras-chave: Etnobotnica. Bioprospeco. Plantas medicinais.

75

76

ESPCIES VEGETAIS COM POTENCIAL NA PRODUO DE MEL: UM


RESGATE BASEADO NO CONHECIMENTO TRADICIONAL DOS APICULTORES
DA CHAPADA DO ARARIPE
Andrsa Suana Argemiro ALVES (1)*; Andr Luiz Borba do NASCIMENTO (1);
Ulysses Paulino de ALBUQUERQUE (1); Cibele Cardoso de CASTRO (2)
1 Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Rua Dom Manoel de Medeiros,
s/n, Dois Irmos CEP: 25171-900 Recife/PE; 2 Universidade Federal Rural de
Pernambuco, Unidade Acadmica de Garanhus (UAG/UFRPE), Av. Bom Pastor, s/n, Boa
Vista CEP: 55292-270
*e-mail: andresa_flora@hotmail.com
A apicultura uma prtica agropecuria que inclui elementos importantes para a
sustentabilidade. No Brasil, a regio Nordeste, em especial reas localizadas na Chapada do
Araripe, tem se destacado pela produo de mel. No entanto, pouco se sabe sobre os aspectos
relativos conservao das espcies vegetais mais importantes e sobre a percepo dos
apicultores sobre essas plantas. Dessa maneira, o presente estudo objetivou categorizar as
espcies vegetais com potencial para a produo de mel, bem como identificar aquelas que, de
alguma maneira, podem diminuir a produo nas comunidades de Cariri-Mirim, Mata Grande,
Mosquito, Munduri e Serra do Alegre, no municpio de Moreilndia, Pernambuco. Para tanto,
buscou-se entrevistar apicultores itinerantes selecionados a partir do mtodo bola de neve,
totalizando 23 especialistas. Como resultado, 12 espcies foram apontadas como potenciais na
produo qualitativa e/ou quantitativa de mel, no entanto, o conhecimento do potencial de
cada espcie est ligado a categorias de uso do mel, sendo essas: comrcio, alimentao e
medicinal. As espcies citadas como mais importantes na produo de mel foram
Anadenenthera colubrina (Vell.) Brenan, Croton blanchetianus Baill. (marmeleiro), Croton
campestris A. St-Hil. (velame), Croton sp. (carrasco-preto), Eucalyptus sp. (eucalipto),
Hymenaea courbaril L. (jatob), Myracrodruon urundeuva Allemo (aroeira), Parkia
platycephala Benth. (visgueiro), Richardia sp. (vassourinha), Serjania lethalis A. St.-Hil.
(cip-uva). Sendo Serjania lethalis, a espcie mais citada nas categorias comrcio e
alimentao e Parkia platycephala, a mais citada na categoria medicinal. Por outro lado, as
espcies Azedarachta indica A. Juss. (ninho) e Hyptis martiusii Benth. (cidreira) tm sido
apontadas pelos informantes como responsveis pela diminuio da produo por provocar
morte das abelhas. Desta forma, podemos inferir que informaes desta magnitude podem ser
o ponto de partida para pesquisas que busquem compreender o conhecimento ecolgico local
(CEL), ao testar hipteses de compreenso ecolgica, visto que o conhecimento mostrado
pelos apicultores itinerantes sobre a interaes entre abelhas e a flora local pode ser includo
em projetos que visem o aumento na produo de mel baseados em estratgias de manejo e
conservao da flora apcola na regio.

Palavras-chave: Apicultura, Chapada do Araripe, flora apcola, produtos apcolas.


77

MAPEAMENTO PRELIMINAR DOS VALORES DAS COMUNIDADES DO


ENTORNO DE REAS PROTEGIDAS NO BIOMA CAATINGA
Igor Henrique ARAJO-SANTOS (1)*; Norah GAMARRA (1); Chiara BRAGAGNOLO
(1); Ana Claudia M. MALHADO (1); Richard James LADLE (1,2)
1 Universidade Federal de Alagoas (UFAL); 2 Oxford University, Inglaterra
*e-mail: ojuara.igorhenrique@gmail.com

As reas protegidas so ferramentas fundamentais para a conservao da biodiversidade e dos


servios ecossistmicos. No Brasil esses territrios so denominados de Unidades de
Conservao da Natureza (UCs), institudas pelo Poder Pblico e regulamentadas pelo
Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza (SNUC), que gerencia as
atividades que podem ser desenvolvidas e veta aquelas que no so permitidas. No presente
estudo foram analisadas as caractersticas socioambientais e geogrficas em duas UCs
(Parques Nacionais do Catimbau e da Chapada Diamantina), ambas situadas no bioma
Caatinga, atravs do Sistema de Informao Geogrfica (SIG ou GIS). A gerao de mapas
das caractersticas bio e geofsicas proporciona informaes geogrficas baseadas em
evidncias, tendo assim uma aplicao direta na conservao da natureza e do meio ambiente.
Contudo, sendo as reas protegidas expresso de diferentes valores socioculturais, possvel
obter uma melhor compreenso da utilizao de recursos naturais e, at mesmo, localizar
potenciais conflitos entre uma UC e a comunidade do seu entorno, gerando mapas de valores
ecolgicos e socioculturais. Sendo assim, a incorporao das percepes e dos valores locais,
de importncia biolgica, atravs do mapeamento pode complementar e reforar as
implementao e avaliao de aes de conservao, proporcionando uma ferramenta de
apoio ao manejo destas reas, e corroborando com o trabalho dos gestores das referidas UCs,
como tambm do ICMBio, IBAMA e Secretarias de Meio Ambiente e Cultura dos municpios
e estados envolvidos. Neste trabalho, mostramos os resultados do mapeamento preliminar dos
valores das comunidades do entorno das UCs escolhidas, gerados a partir da informao das
caractersticas bio e geofsicas, juntas com as informaes coletadas atravs de questionrios
junto prpria comunidade.

Palavras-chave: Mapeamento. reas protegidas. Unidades de conservao da natureza.


Conservao da caatinga.

78

MUDANAS NA DIETA DE PESCADORES ARTESANAIS: O CASO DO


CONSUMO DE CAES (CHONDRICHTHYES: ELASMOBRANCHII) PELOS
PESCADORES DO SUL DA BAHIA
Mrcio Luiz Vargas BARBOSA FILHO (1)*; Eraldo Medeiros COSTA NETO (2);
Alexandre SCHIAVETTI (3)
1 Programa de Ps-graduao em Zoologia da Universidade Estadual de Santa Cruz
(UESC); 2 Professor Pleno vinculado ao Departamento de Cincias Biolgicas da
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); 3 Professor Pleno vinculado ao
Departamento de Cincias Agrrias e Ambientais da Universidade Estadual de Santa Cruz
(UESC).
*e-mail: titobiomar@hotmail.com
Estudos em Ecologia Humana apontam que a anlise da dieta de determinadas populaes
pode refletir padres espao-temporais no uso dos recursos naturais. Em diversas regies do
mundo, populaes de caes esto em declnio e vrias espcies encontram-se em risco de
extino. No obstante, na Regio Nordeste do Brasil, historicamente, a carne de caes tem
sido um item frequentemente consumido pelos pescadores artesanais. Esse estudo objetivou
analisar possveis mudanas no padro de consumo dos caes pelos pescadores do sul da
Bahia ao longo dos anos. Nesse intento, entre maro a outubro de 2012 realizaram-se
entrevistas semiestruturadas a 65 pescadores das cidades de Canavieiras, Una e Ilhus. A
seleo dos entrevistados ocorreu por meio de uma rede de especialistas com mais de 15 anos
na captura de caes. Ao fim de cada entrevista, pedia-se ao informante que sugerisse outros
dois pescadores considerados especialistas para que estes tambm fossem contatados,
seguindo a tcnica "bola de neve". Na anlise dos dados utilizou-se uma abordagem
qualitativa por meio do modelo da unio de diversas competncias individuais. Os pescadores
relatam que h 20 anos os caes no tinham valor comercial, sendo considerados peixes de
terceira ou muamba. Esse fato culminava para uma presena constante do cao na dieta
dos pescadores e de seus familiares. No passado, aqueles pescadores que trabalhavam
empregados em barcos de terceiros ganhavam os caes dos donos das embarcaes para
alimentarem-se. Atualmente, o acesso dos pescadores locais ao consumo do cao tem se
tornado cada vez mais difcil. Esta diminuio na frequncia de consumo relaciona-se
principalmente ao decrscimo das capturas que, por sua vez, tambm contribuiu para a
valorizao monetria da carne nos ltimos anos. A elevao dos caes ao status de peixe
de primeira fez tambm com que os donos de barco se interessassem por vend-los. Assim,
alguns pescadores se queixam que perderam o direito de comer cao. Dessa forma, pode-se
perceber que mudanas ecolgicas (diminuio na quantidade de caes capturados), sociais
(maior nmero de pescadores empregados em embarcaes de terceiros) e econmicas
(valorizao local dos caes) influenciaram e modificaram os padres e frequncia de
consumo desses peixes pelos pescadores locais.

Palavras-chave: Ecologia Humana. Tubares. Alimentao. Segurana alimentar.


79

AVALIAO DAS ATITUDES DAS COMUNIDADES EM REAS PROTEGIDAS.


OS CIENTISTAS ESTO PESQUISANDO NA MESMA DIREO?
Chiara BRAGAGNOLO (1)*; Ana Claudia MALHADO (1); Norah GAMARRA (1);
Igor Henrique SANTOS (1); Richard James LADLE (1,2)
1 Universidade Federal de Alagoas (UFAL); 2 Oxford University, Inglaterra
*e-mail: chiara.bragagnolo@yahoo.com.br

As atitudes (ou tendncias de uma pessoa de julgar um objeto como desejvel ou indesejvel)
so determinantes importantes de comportamentos em relao ao meio ambiente. A
compreenso das atitudes relacionadas s reas protegidas tem um papel crucial na gesto dos
recursos naturais e da natureza, sendo o apoio pblico essencial para implementao mais
eficiente de qualquer ao de proteo. A partir da dcada de 90, a compreenso das relaes
entre comunidades locais e reas protegidas tornou-se um tema de pesquisa de crescente
interesse internacional, devido ao seu carter inter-disciplinrio e a afirmao de um novo
conceito de proteo que busca conciliar a preservao com o desenvolvimento das atividades
humanas. Assim, tcnicas de cincias sociais (em particular questionrios e entrevistas semiestruturadas) comearam a ser frequentemente aplicadas, com o objetivo geral de
compreender os valores e as atitudes das pessoas e os fatores demogrficos e socioeconmico
que mais os moldam. No entanto, atualmente este tema abordado de forma muito
heterognea pela literatura cientfica internacional, adotando diferente enfoques, objetivos,
definies e metodologias. Neste trabalho, avaliamos cerca de 250 artigos cientficos
internacionais para mapear o estado atual de pesquisa neste assunto, levantar os principais
aspectos deste tipo de abordagem scio cientifica, fornecer uma metodologia de apoio a
avaliao das atitudes das comunidades em reas protegidas e identificar os principais
desafios para os trabalhos futuros.

Palavras-chave: Atitudes. Valores. reas protegidas. Comunidades locais.

80

OS VRIOS USOS DO BURITI (Mauritia flexuosa): UMA REVISO DE


LITERATURA
Camilla de Carvalho de BRITO (1)* Juliana de Souza PAIXO (2)
1-Discente do Programa de Ps Graduao em Cincias Ambientais da
Universidade Federal da Bahia- Instituto de Desenvolvimento Sustentvel;
2- Discente do Curso de Cincias Biolgicas da Universidade do Estado da BahiaCampus IX
*Camilla_Carvalho_3@hotmail.com
Mauritia flexuosa (buriti) uma palmeira da famlia Arecaceae, bastante encontrada em
Veredas e possuindo rea de ocorrncia em quase todo o Cerrado, na Amaznia e no nordeste
do Pantanal, tambm ocorrendo em outros pases como Bolvia, Peru, Equador, Colmbia,
Venezuela, Trinidad e Tobago, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. A explorao indevida,
o desmatamento das matas ciliares para a agropecuria, o uso do fogo para o manejo de
pastagens, dentre outros fatores contribuem para a perda em ritmo acelerado dos buritizais.
Objetivou-se com esse trabalho realizar uma reviso de literaturasobre os diversos usos do
buriti com enfoques biolgicos, qumicos, fsicos, culturais, artesanais, medicinais e
econmicos.Foi realizada uma pesquisa bibliogrfica, de anlise qualitativa, utilizando-se as
palavras chave: usos do buriti e Mauritia flexuosa, nas bases de dados dos Peridicos eBanco
de teses da CAPES, SCIELO, Portal Domnio Pblico, Boletins informativos da
EMBRAPA,livros e revistas virtuais. Foram levantados 68 trabalhos, e destes 32 foram
utilizados na reviso. Os usos do Buriti so os mais variados possveis: folhas so usadas para
artesanatos, cestos, esteiras, utenslios, cordas, telhados. Os talos (pecolos) das folhas so
usados para a fabricao de mveis, brinquedos, tapitis. Os frutos so consumidos in natura,
ou utilizados em doces, leos, sorvetes, geleias. O leo extrado da polpa do fruto rico em
carotenoides (precursor da vitamina A) e tocoferis que protegem a pele dos efeitos nocivos
da radiao ultravioleta. A polpa ainda contm cidos graxos que podem auxiliar na
regenerao dos lipdeos da camada epitelial, reestruturando a camada lipdica protetora,
deixando a pele hidratada e com aspecto saudvel. No estudo da oferta de produtos do buriti,
identifica-se na regio Centro- Oeste do Brasil, como uma das maiores na comercializao de
produtos originados das folhas para o artesanato e dos frutos, para alimentao e cosmtico,
entretanto, no foi encontrado na reviso estudos com dados suficientes e confiveis sobre a
utilizao do buriti para uma anlise da economia extrativa da espcie. Brinquedos
confeccionados com a folha de Mauritia flexuosa, conhecida tambm como miriti, so de
extrema importncia para o municpio de Abaetetuba- PA, pois a popularidade e a
representatividade cultural que os brinquedos alcanaram colocam o municpio em lugar de
destaque no somente em nvel regional, como nacional.O buriti uma palmeira da qual tudo
se aproveita e que possui uma infinidade de usos, contudodeve-se realizar um uso sustentvel
desse recurso, diante do fato que uma palmeira de buriti demora cerca de 30 a 50 anos para se
tornar adulta e o extrativismo exacerbado da mesma, numa ao conjunta de desconhecimento
de sua florao, frutificao e manejo de seus recursos pode trazer riscos irreparveis.
Palavras chave:ecologia. servios.conservao.
81

LEVANTAMENTO DO USO MEDICINAL, ARTESANAL E ECONMICO


BURITI (Mauritia flexuosa) EM BARREIRAS- BA
Camilla de Carvalho de BRITO (1)* Juliana de Souza PAIXO (2)
1- Mestranda do Programa de Ps Graduao em Cincias Ambientais da
Universidade Federal da Bahia- Instituto de Desenvolvimento Sustentvel;
2- Graduanda do Curso de Cincias Biolgicas da Universidade do Estado da
Bahia- Campus IX
*Camilla_Carvalho_3@hotmail.com

O buriti uma palmeira majestosa, de porte arbreo, que possui uma admirvel beleza cnica
e valor cultural e econmico para os povos do Cerrado. Fornece uma enorme variedade de
produtos que so utilizados em eventos culturais, no dia-a-dia dos agroextrativistas, e
tambm, comercializados para a gerao de renda das famlias. Objetivou-se com esse
trabalho investigar o conhecimento sobre o potencial medicinal, artesanal e econmico do
buriti no municpio de Barreiras- BA. Entrevistas foram feitas, aplicando questionrios
semiestruturados com algumas pessoas em trs locais distintos. Inicialmente as entrevistas
foram realizadas na Feira Livre de Barreiras, com o intuito de saber o potencial econmico do
buriti, em que os informantes vendiam produtos a partir do fruto. Em seguida, as entrevistas
foram realizadas com dez moradores na comunidade do Val,sobre o uso medicinal do buriti. E
por fim na Associao Colmia, que tambm foram aplicados os questionrios para constatar
os usos artesanais do buriti.
Com base nas informaes das pessoas a matria- prima (buriti) para a confeco dos
produtos tanto alimentcios como artesanal e medicinal so coletados na comunidade do Val.
O leo do buriti foi o produto mais utilizado medicinalmente, sendo tambm um dos mais
comercializados na feira livre de Barreiras, juntamente com o doce e a polpa do fruto. Biojoias de sementes e jogos americanos, feito a partir da palha, foram os produtos mais citados
pelas Artess da Associao Colmeia.Com tudo, muitos dos entrevistados no tm
conhecimento sobre a importncia e ecologia do recurso que utilizam no dia a dia e outra
minoria to pouco esto preocupados com a possvel extino do mesmo.
Palavras chave: Ecologia. Servios. Conservao.

82

ETNOCONHECIMENTO E PERCEPO DOS MORADORES DA ZONA RURAL


DA MATA NORTE DE PERNAMBUCO SOBRE Cerdocyon thous (CARNIVORA,
CANIDAE)
Ana Patrcia da COSTA *(1); Letcia Tereza da SILVA (1); Luiz Augustinho Menezes da
SILVA (2); Anna Carla Feitosa Ferreira de SOUZA (3).
1 Licenciatura em Biolgicas, Grupo de Estudos de Morcegos do Nordeste (GEMNE), UFPE, Centro Acadmico de Vitria (CAV); 2 Prof. Adjunto 1, Grupo de Estudos de
Morcegos do Nordeste (GEMNE), -UFPE, Centro Acadmico de Vitria (CAV); 3 Tc. de
Biologia- UFPE, Centro Acadmico de Vitria (CAV), Grupo de Estudos do Laboratrio de
Etnobiologia e Ecologia de Peixes Tropicais (LEEPT/UPE).
*anapattricia_@hotmail.com
Apesar da ampla distribuio de Cerdocyon thous no Brasil, ainda h uma carncia de
informaes a respeito de sua biologia, a qual poderia ajudar na conservao da espcie,
assim como do ambiente onde vivem. Dessa forma, este trabalho buscou identificar e
interpretar o conhecimento local dos moradores de quatro municpios da zona rural da Mata
Norte-PE. Entrevistas semiestruturadas foram realizadas com 198 moradores destes
municpios, nos perodos de junho de 2012 a junho de 2013, aliadas a estmulos visuais, com
uso de fotografias para que os informantes identificassem e fizessem comentrios sobre a
morfologia, comportamento trfico e local de vida da espcie. Os questionrios foram
aplicados a moradores rurais, com faixa etria de 19 a 80 anos (Mdia 53,89; Desvio Padro
13,38), dos quais 74,75% so agricultores. A maioria dos entrevistados (96,94%) afirmou
reconhecer a espcie, onde 46,47% teve contato direto ou visual com o animal. Este recebeu
diversas denominaes, das quais Raposa de Gato (36,73%) e Raposa de Cachorro (36,42%)
foram as mais citadas. Segundo a maioria (52,53%) trata-se de duas espcies distintas, sendo
a raposa de gato menor, apresentando variaes no focinho. Quanto ao hbito das raposas, os
entrevistados apontaram matas (47,61%) e canaviais (16,34%) como principais reas de
ocupao, tendo como horrio de atividades especialmente manh (30,81%) e noite (24,75%)
e como itens alimentares principalmente aves (66,30%), como galinhas, pintos, perus, guins
e lambs. Os moradores geralmente associaram a raposa a problemas, especialmente de cunho
comercial e sanitrio, desconhecendo a importncia ecolgica do animal, associando sempre a
aspectos negativos o que dificulta mais ainda as aes de conservao voltadas a espcie.
Devido a essas associaes negativas esses animais so frequentemente mortos quando se
aproximam das residncias, mostrando a necessidade de campanhas de conscientizao sobe a
sua importncia.

Palavras-chave: Conhecimento Local, Conservao, Raposa.

83

CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE A PESCA ARTESANAL DE TUVIRAS


(Gymnotiformes) NO PANTANAL DO MATO GROSSO DO SUL
Fernando Fleury CURADO(1)*; Dbora Karla Silvestre MARQUES(2); Rodrigo da Silva
LIMA(3)
1 Embrapa Tabuleiros Costeiros; 2 Embrapa Pantanal; 3 Universidade Federal de
Sergipe.
*e-mail: fernando.curado@embrapa.br
A pesca artesanal de iscas vivas bastante importante na renda de diversas famlias no
Pantanal do Mato Grosso do Sul. Estas, em sua maioria, so oriundas do prprio Pantanal,
descendentes da populao indgena Guat, antigos habitantes desta regio. Dentre as
espcies de iscas capturadas, destacam-se as tuviras, peixes da ordem Gymnotiformes, que
representam mais de 70% da pesca anual de iscas vivas. A diversidade de Gymnotiformes no
Pantanal pouco conhecida cientificamente, demonstrando a importncia dos estudos acerca
do conhecimento tradicional sobre as espcies que ocorrem na regio. Este trabalho apresenta
o resultado parcial de estudo qualitativo concebido no intuito de se identificar o conhecimento
tradicional associado atividade de pesca das tuviras no Pantanal Sul. O estudo foi
desenvolvido a partir da interao com as famlias pescadoras na regio da Serra do Amolar,
prximo confluncia do Rio Paraguai com o Rio So Loureno, MS, na forma de dilogos
estabelecidos durante as coletas de iscas, realizadas em duplas de pescadores, no perodo
noturno. Nestes momentos, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, buscando-se o
registro das informaes sobre o trabalho da pesca, a diversidade e ocorrncia das espcies de
tuviras, assim como, sobre a percepo destes quanto sustentabilidade desta atividade.
Segundo os relatos locais, foi inicialmente identificada a ocorrncia de pelo menos cinco
espcies de tuviras, sendo trs delas, as mais exploradas economicamente. A coleta das iscas
ocorre em corixos (canais que ligam baas, lagos e rios), em locais cobertos por vegetao
aqutica, evitando-se a presso de pesca nestes pontos. A identificao destes pontos de pesca
fundamentada em caractersticas da vegetao aqutica e est associada presena e
distribuio de algumas espcies de plantas. Observou-se a distribuio do excedente do
pescado em tanques, buscando-se a reproduo das condies naturais de sobrevivncia e
reproduo das espcies. O estudo evidenciou a importncia do conhecimento tradicional dos
pescadores acerca do comportamento e da diversidade de espcies, das estratgias locais de
manejo da pesca, conservao e uso sustentvel das tuviras, demonstrando que tal
conhecimento, associado ao conhecimento cientfico, pode se traduzir em aes que permitam
o fortalecimento deste tipo de pesca no Pantanal.

Palavras-chave: Gymnotus. Pantanal. Etnodesenvolvimento.

84

COMO MATEIROS E PESQUISADORES LIDAM COM OS NOMES LOCAIS DAS


PLANTAS?
Carolina Alencar DANTAS (1) *; ngelo Giussepe Chaves ALVES (2)
1 Universidade Federal Rural de Pernambuco; 2 Universidade Federal Rural de
Pernambuco
*e-mail: cadlua@yahoo.com.br.

A complexidade existente em nomenclaturas locais deve ser investigada pois elas envolvem
aspectos culturais interessantes inclusive para a cincia. Este trabalho objetivou avaliar a
forma como mateiros e pesquisadores no estado de Pernambuco lidam com nomes locais de
plantas. Para isto foram utilizadas informaes provenientes do discurso de pesquisadores e
mateiros, coletadas atravs de entrevistas semi-estruturadas. Enquanto aspectos gerais
referentes a fenmenos ecolgicos e dinmica da vegetao quando descritos por mateiros
nem sempre so bem entendidos pelos pesquisadores, segundo estes ltimos; caractersticas
utilizadas pelos mateiros para identificao das rvores so, em sua maior parte, similares a
dos dendrlogos, ou seja; o reconhecimento feito pela casca e pelas folhas. Do ponto de
vista da maior parte dos pesquisadores entrevistados um mateiro da mata atlntica norte no
serviria para trabalhar na mata atlntica sul. No entanto, segundo a maioria dos mateiros
entrevistados essa questo depende do conhecimento botnico do colaborador; e, alguns deles
possuem tcnicas especficas de orientao dentro da mata e no precisam necessariamente ter
visitado o fragmento florestal antes de executar o servio. Enquanto que parte dos
pesquisadores concorda que no devem usar nomes locais fornecidos pelo mateiro pelo fato
de variarem regionalmente, entre estados e at localmente; outra parte considera que o nome
local uma valiosa dica para levantamento florstico, no sentido que direciona a identificao
botnica ao nvel de famlia e muitas vezes at ao nvel de gnero e espcie. Os nomes locais
podem variar regionalmente e at mesmo localmente. Mas se isto for visto como fator
limitante do conhecimento local, o conhecimento cientfico tambm possui essa limitao. No
campo de pesquisa acadmica de levantamento florstico, diferentes profissionais como
botnicos e engenheiros florestais possui suas divergncias internas quanto validao da
forma como as rvores so identificadas. A forma de aprendizado sobre o ambiente natural
dos atores diversificada; pesquisadores e mateiros lidam com diferentes aspectos da
realidade. Apesar de a cincia possuir um aporte de conhecimento cada vez maior, e isto
bem vlido por diversos fatores, em relao ao respeito a estes diferentes aspectos
mencionados, parece no ter evoludo tanto.

Palavras-chave: Etnoecologia. Nomes locais. Mateiro.

85

PESQUISADORES E MATEIROS DENTRO DA REDE CIENTFICA

Carolina Alencar DANTAS (1) *; ngelo Giussepe Chaves ALVES (2)


1 Universidade Federal Rural de Pernambuco; 2 Universidade Federal Rural de
Pernambuco
*e-mail: cadlua@yahoo.com.br
Um fato cientfico s persiste se for sustentado por uma rede de atores. A escolha do conceito
de redes na anlise das relaes entre pesquisadores e mateiros no estado de Pernambuco se
originou a partir da necessidade de entender as conexes e articulaes entre os atores
envolvidos na prtica cientfica em ambientes florestais. Alm, tambm, de se apresentar
como uma maneira de superao da noo de hierarquia de saberes que existe eventualmente
em tal prtica (prtica cientfica que envolve colaboradores locais). Desta forma, foram
aplicadas entrevistas semi-estruturadas a pesquisadores e mateiros com intuito de se avaliar as
relaes existentes nestes grupos. Essa avaliao foi feita utilizando a tcnica de Anlise de
Contedo. O conhecimento do ambiente natural de informantes locais muitas vezes passa a
ser considerado meras opinies, porque o cientista (que est dentro da rede cientfica) nem
sempre percebe este tipo de saber como conhecimento, mas como crena. No entanto,
importante frisar que ambos os atores (pesquisadores e mateiros) possuem seu sistema de
crenas. E nestes termos, nada distingue as crenas de um pesquisador das de um mateiro. A
diferena entre universal e local relativa. Pois o universal tambm local. O universal
s se distingue deste ltimo por se estender em rede. O saber cientfico que se apresenta para
a sociedade como universal (consequentemente, com tendncia a ser inquestionvel), na
realidade tambm se trata de um saber local, considerando como local como prprio
daquela localidade. um saber local traduzido para outra linguagem (a linguagem cientfica),
com outros propsitos. A representao das interligaes entre os atores entrevistados
(pesquisadores e mateiros) neste estudo resultou num emaranhado de conexes em que
pesquisadores e mateiros atuam no processo de produo de conhecimento. Representar a
relao destes atores em rede implicou em duas questes. Primeira: como assinalou Bruno
Latour, implicou no estar mais diante da assimetria entre o lado de dentro e o lado de fora
de uma rede; segunda: demonstrou de forma simblica que informantes locais mateiros
tambm esto conectados ao processo de produo do conhecimento cientfico, no caso de
pesquisas realizadas em ambientes florestais.
Palavras-chave: Redes. Conhecimento cientfico. Conhecimento local.

86

VALORIZAO DO POTENCIAL DE COLABORAO DOS MATEIROS


PERNAMBUCANOS NA PRTICA CIENTFICA
Carolina Alencar DANTAS (1)*; ngelo Giussepe Chaves ALVES (2)
1 Universidade Federal Rural de Pernambuco; 2 Universidade Federal Rural de
Pernambuco
*e-mail: cadlua@yahoo.com.br.
Uma definio clara do papel do mateiro nas pesquisas realizadas em ambientes florestais
provavelmente influenciar na manuteno, perpetuao e valorizao desse informante local.
Pesquisadores e mateiros foram abordados por meio de entrevistas semi-estruturadas e
entrevistas em histria oral temtica no estado de Pernambuco no ano de 2011 com objetivo
de avaliar, entre outros aspectos, o potencial de colaborao de mateiros pernambucanos na
prtica cientfica. Para anlise e sistematizao dos dados foi utilizada a tcnica de anlise de
contedo do tipo temtico-categorial. Apesar de o mateiro ser definido por mais de 90% dos
entrevistados como uma pea fundamental nas pesquisas, em relao ao mrito do
conhecimento construdo a partir do contato entre diferentes saberes, ele ainda permanece
oculto. A visibilidade do mateiro na sociedade depende at certo ponto, da forma com que ele
percebido e considerado pelo pesquisador com o qual colabora. A insero efetiva e formal
da participao dos mateiros nas pesquisas manifesta-se de forma ambgua no discurso dos
pesquisadores: enquanto a maioria concorda que eles devem surgir, e surgem, em menes
feitas nos documentos acadmicos, mais comuns nos agradecimentos de dissertaes e teses;
apenas um pesquisador afirmou j ter incluso nome de mateiro como autor em artigo
cientfico. Aparentemente, os mateiros no tm dimenso da utilizao acadmica posterior
do conhecimento que transmitido por eles para o pesquisador em experincias de campo. A
maior parte dos mateiros entrevistados demonstrou interesse em se aprofundar no destino do
produto cientfico, entretanto parte dos mateiros entrevistados no se considerou capaz de se
relacionar diretamente com o conhecimento cientfico, por no ter educao formal. Relaes
do tipo homenagem podem surgir entre os atores, como foi relatado no caso do espcime
Mimosa Limana Rizz em que o botnico Carlos Toledo Rizzini colocou o sobrenome do
mateiro como epteto especfico da espcie. Em relao valorizao de habilidades locais,
nesse caso as competncias dos mateiros, aes como a dos mestres dos ps descalos em
Kerala na ndia, potencializam e disseminam o saber das populaes locais. Nesta direo, a
cincia seria verdadeiramente difundida pelos e para os grupos sociais.

Palavras-chave:Prtica cientfica. Saber local. Mateiro.

87

METODOLOGIAS PARA AVALIAO DE ATITUDES DE POPULAES EM


UNIDADES DE CONSERVAO DA CAATINGA
Norah Costa GAMARRA (1)*; Igor Henrique ARAJO-SANTOS (1); Chiara
BRAGAGNOLO (1); Ana Claudia MALHADO (1); Richard James LADLE (1,2)
1 Universidade Federal de Alagoas (UFAL); 2 Oxford University, Inglaterra
*e-mail: norah_gamarra@hotmail.com

A Caatinga o terceiro maior bioma brasileiro ocupando 11% do territrio nacional. Este
bioma, exclusivamente brasileiro, sofre grandes ameaas sua biodiversidade, causadas
principalmente por aes antrpicas, sendo que cerca de 15% de reas j foram desertificadas.
Como forma de minimizar essa perda e proteger a regio, reas protegidas (ou Unidades de
Conservao, UCs) so institudas pelo Poder Pblico e regulamentadas pelo Sistema
Nacional de Unidades de Conservao da Natureza (SNUC). Para efetiva conservao,
manejo ou expanso legtima destas reas, necessrio o apoio das comunidades localizadas
em seus entornos. Assim, essencial entender melhor os fatores que moldam as atitudes das
comunidades em relao as reas protegidas, permitindo uma boa relao entre os gestores de
UCs e a populao. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo compilar as
metodologias de trabalhos sobre atitudes e valores em Unidades de Conservao, buscando
identificar as que melhor se adquam realidade da Caatinga. Alm disso, foi desenvolvido
um trabalho piloto para testar o questionrio e identificar os pontos que precisavam ser
reavaliados a fim de obter dados precisos de atitudes. Este trabalho metodolgico chave
pois identifica os protocolos mais adequados para obteno de informaes sobre as
caractersticas de cada entrevistado, desenvolvendo e avaliando os principais mtodos para
entender melhor as comunidades no tocante ao seu conhecimento sobre o bioma Caatinga,
suas crenas e comportamentos. Esta metodologia fornece uma ferramenta importante cujo
resultados sero utilizados para melhorar a gesto e conservao dos ecossistemas
envolvidos, servindo de base para estudos semelhantes em outras comunidades em reas de
amortecimento e em outros biomas brasileiros.

Palavras-chave: reas Protegidas. Semi rido. Atitudes. Valores.

88

CONHECIMENTO DE LEIS DE CRIAO DE ANIMAIS SILVESTRES POR


ESTUDANTES DO ENSINO MDIO DE ALAGOAS: UMA COMPARAO ENTRE
ALUNOS DO INTERIOR E DA CAPITAL
Norah Costa GAMARRA (1)*; Larissa Lima CORREIA (1); Evyslayny MAGALHES(1);
Thiago TRINDADE (1); Marcio Amorim EFE (1).
1 Instituto de Cincias Biolgicas e da Sade - Universidade Federal de Alagoas
*e-mail: norah_gamarra@hotmail.com

O trfico de animais silvestres a terceira maior atividade ilegal do mundo, perdendo, apenas,
para o trfico de drogas e de armas. O impacto ecolgico deste trfico resulta, principalmente,
na perda da biodiversidade. O Brasil possui instrumentos que asseguram essa biodiversidade,
porm, grande parte da populao ainda desconhece leis e acordos que conferem proteo
fauna silvestre. O conhecimento da populao a cerca desta legislao fundamental para o
combate ao trfico. Identificar os principais segmentos desprovidos de informao o
primeiro passo para aes de educao ambiental e posterior declnio da atividade. O presente
trabalho teve como objetivo levantar e comparar o conhecimento de alunos do Ensino Mdio
do interior e da capital de Alagoas sobre as leis para criao de animais. Para isso, foram
realizadas entrevistas semi estruturadas com 60 alunos, de idade e sexo variados, nos
municpios de Santa Luzia do Norte e Macei. Os resultados mostraram que h uma grande
carncia de informao entre os alunos, tanto da capital quanto do interior, sendo que os
entrevistados do interior apresentaram deter mais conhecimento do que os da capital.
Portanto, conclumos que a falta de conhecimento eminente, exigindo aes que promovam
a divulgao da legislao s populaes das capitais e do interior de Alagoas.

Palavras-chave: Fauna silvestre. Legislao ambiental. Conservao.

89

ETNOECOLOGIA DO BACURI (Platonia insignis Mart.) NA RESEX CHAPADA


LIMPA, CHAPADINHA, MA
Vivian do Carmo LOCH (1)*; Francisca Helena MUNIZ (2)
1 Mestre em Agroecologia/Universidade Estadual do Maranho (Uema)
2 Professora Doutora do Programa de Ps-Graduao em Agroecologia/Uema
*e-mail: vivian.loch@hotmail.com
A Reserva Extrativista (Resex) Chapada Limpa foi criada em 2007 visando a preservar a
biodiversidade do cerrado e proteger populaes locais que tm no extrativismo de bacuri
uma de suas principais fontes de renda. O objetivo deste trabalho foi compreender de que
forma essas comunidades interagem com os recursos ambientais onde vivem e como suas
aes de manejo interferem na biodiversidade da Reserva. Na estruturao da metodologia,
definiu-se trabalhar apenas com comunidades da Resex onde h ocorrncia de bacuri
(Chapada Limpa I, Chapada Limpa II e Juaral). Foram entrevistados todos os extrativistas
dessas comunidades, atravs da tcnica bola-de-neve, totalizando 34 informantes. As
perguntas referiram-se a condies socioeconmicas, uso de recursos e manejo dos bacurizais,
valendo-se de conversas informais, entrevistas semi-estruturadas e observao participante.
Foram registradas 55 espcies citadas como teis pelas populaes locais, verificando-se
referncias em maior nmero a bacuri, janaba (Himatanthus drasticus), babau (Attalea
speciosa), mangaba-brava (Lafoensia pacari), murici (Byrsonima sp), buriti (Mauritia
flexuosa), candeia (Plathymenia reticulata), juara (Euterpe oleracea) e sucupira (Bowdichia
virgilioides). Outras espcies destacaram-se pelo potencial econmico em razo de sua
abundncia nas reas estudadas (barbatimo (Stryphnodendron coriaceum) e janaba).
Observou-se que 76,46% dos extrativistas afirmam fazer manejo nas reas de bacuri, seja por
rpida limpeza/roagem (58,82%), ou por queimadas controladas (17,64%). Quanto coleta
do bacuri, todos os entrevistados (100%) afirmaram que coletam o fruto do cho, embora
citem casos de pessoas que colham frutos da rvore, o que prejudicaria a produtividade. 50%
dos entrevistados afirmam coletar entre 51 a 100 frutos por dia; 29,41% afirmam coletar entre
101 e 200. Apesar de ser ofertado apenas quatro meses do ano, o Bacuri a espcie mais
importante economicamente para as famlias, representando em um incremento mensal de R$
750,00 na renda familiar. O bacuri uma espcie muito importante para os moradores da
Resex Chapada Limpa e isso se reflete na forma como manejam as reas. Sugere-se que a
prtica de coleta receba cuidados especiais e recomenda-se o desenvolvimento de estratgias
de conservao e coleta sustentvel.

Palavras-chave: Cerrado. Conservao de recursos. Manejo. Populaes locais.

90

CONHECIMENTO EMPRICO DA ESPCIE TATU-BOLA (Tolypeutes tricinctus)


POR MORADORES DO MUNICPIO DE BURITI DOS MONTES - PI, ENTORNO
DA RESERVA NATURAL SERRA DAS ALMAS.
David Dias MACHADO (1)*; Edivan Rodrigues LIMA JUNIOR (1); Wldya Nayara de
Azevedo LEITO (1); Madalena Miranda RODRIGUES; (1); Marcelo Camplo DANTAS
(1)
1 Faculdade de Educao de Crates - FAEC / Universidade Estadual do Cear - UECE;
*e-mail: david.dias@aluno.uece.br

As comunidades do entorno das reservas naturais da caatinga, tm papel fundamental na


preservao e conservao da biodiversidade, sobretudo de espcies ameaadas de extino
como a do tatu-bola (Tolypeutes tricinctus). O presente trabalho teve como objetivo a anlise
do conhecimento emprico de moradores do entorno da Reserva Natural Serra das Almas, no
municpio de Buriti dos Montes - PI, sobre a espcie T. tricinctus. A amostra foi composta por
205 moradores, aproximadamente 10,0% da populao da rea urbana do municpio mais
prxima reserva. Foi aplicado, no ms de outubro de 2012, um questionrio semiestruturado
com treze perguntas, que abordou aspectos ecolgicos, como hbitat, morfologia, hbitos
alimentares, prole, caa e preservao do animal. Observou-se que os moradores do local,
sem distino de sexo, apresentam uma percepo da existncia do tatu-bola, pois 95,0%
alegaram que conheciam ou j ouviram falar. Quando questionados sobre sua ocorrncia,
42,0% afirmaram que encontrado na regio de estudo. Destaca-se que os moradores
desconhecem algumas caractersticas ecolgicas da espcie, como o nmero da prole, hbitos
alimentares, hbitat, estao do ano em que so mais encontrados, caracterizando 78,0, 80,0,
67,0 e 95,0%, respectivamente. Foi constatado que a caa do animal est presente, onde
18,0% dos entrevistados indicaram praticar a ao, especialmente com a finalidade de
consumo. Sabe-se que essa prtica pode ser mais representativa, pois alguns moradores por
receio de punio omitem a informao. Destaca-se o valor que o tatu-bola tem para os
moradores, j que 88,0% dos entrevistados afirmaram considerar importante a preservao
dessa espcie, de acordo com o risco de extino ou valores culturais e estticos. Observou-se
tambm que a grande maioria (76,0%) sabedora da incluso do tatu-bola na lista de espcies
ameaadas de extino. Conclui-se que os entrevistados, na maioria, no detenham
conhecimento ecolgico emprico do animal de acordo com a literatura, contudo possuem
conhecimento da importncia da preservao da espcie, e que a caa coloca em risco sua
conservao em longo prazo.

Palavras-chave: Caatinga. Extino. Preservao.

91

DIETA DA POPULAO DOS PESCADORES ARTESANAIS DE AREMBEPE


LITORAL NORTE BAHIA
Priscilla Nogueira e MALAFAIA (1)*; Marina Siqueira CASTRO (1)
1 Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
*e-mail: priscillamalafaia@gmail.com

A anlise da dieta de populaes humanas podem contribuir na compreenso dos aspectos


sociais, polticos e econmicos locais. O presente resumo traz resultados do diagnstico
rpido sobre a dieta do grupo pesqueiro vinculado a Colnia Z-14 da localidade de Arembepe
- Camaari. O campo foi desenvolvido no ms de Setembro 2008, com 11 pescadores,
maiores de 18 anos, que praticavam a pesca e residiam na regio a mais de 10 anos. Foram
aplicados entrevistas semiestruturadas sendo que todos concordaram em participar do estudo.
A experincia na atividade da pesca entre os entrevistados variou de 10 a 60 anos. O peixe o
recurso pesqueiro extrado gerador da maior parte da renda dos entrevistados. Exceto um
pescador que no come o que captura, o restante confirmou utilizar para alimentao tambm.
A maioria dos peixes capturados, geralmente so os de consumo. Entretanto a poca do ano
e/ou o valor do quilo do peixe podem determinar os tipos de recursos a serem ingeridos pelos
pescadores. O ndice de coleta de mariscos foi baixo entre os entrevistados, sendo esses
adquiridos aps compra e utilizados para alimentao. Os itens mais consumidos
semanalmente pelos entrevistados foram classificados em itens de origem animal e de origem
no animal. Verificou-se uma alta ingesto de peixes (90,9%) em detrimento dos outros tipos
de protena animal. O item pizza (origem no animal) apareceu com 9% de frequncia dentro
da alimentao rotineira local. Embora tenha tido baixa frequncia j indica uma mudana na
dieta local. O aparecimento de itens no locais no sistema trfico da populao estudada
indica a ocorrncia de deslocamento alimentar, ou seja, os alimentos adquiridos localmente
esto sendo substitudos de forma gradual por itens industrializados, no indicando
necessariamente a melhoria da qualidade de vida desse grupo. Como contra ponto 90% dos
entrevistados demonstraram uma baixa afinidade a recursos industrializados. As mudanas na
alimentao local resultantes da urbanizao podem incluir adio de itens raramente
consumidos, alimentos com baixo teor nutricional, ou substituio de itens. No caso da
substituio de itens na alimentao pode ser considerado um fator de risco para o status
nutricional e de sustentabilidade dessa populao.

Palavras-chave: Pesca. Ecologia Trfica. Arembepe. Bahia.

92

REGISTRO ETNOGRFICO DA PESCARIA DE CALO NOS TERRITRIOS DA


CIDADANIA DO BAIXO SUL E LITORAL SUL BAHIA - BRASIL

Priscilla Nogueira e MALAFAIA (1)*; Sheyla Magalhes de ALENCAR (2); Aline Rocha
FRANA (1); Lilane Sampaio RGO (3); Marina de Siqueira CASTRO (1;3)
1 Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); 2 Universidade Federal de Alagoas;
3 Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrcola (EBDA).
*e-mail: priscillamalafaia@gmail.com

O calo uma arte de pesca trazida pelos portugueses ao Brasil no sculo XVI mediante a
colonizao. Caracteriza-se por ser uma atividade coletiva com diviso de trabalho
demarcado. O processo de aprendizado ocorre por influncia dos laos familiares reforando
o carter transgeracional caracterstico da pesca artesanal. A pesquisa em questo apresenta a
sntese da etnografia sobre as pescarias do calo realizadas nos Territrios da Cidadania do
Baixo Sul e Litoral Sul entre os meses de maio/2011 a maio/2012. A realizao desse estudo
foi feita atravs do Ncleo de Etnodesenvolvimento, da EBDA sendo um dos produtos do
Programa Pacto Federativo (MDA/EBDA/FAPESB). A metodologia utilizada baseou-se na
realizao de entrevistas semiestruturadas e na observao direta da atividade. A preparao
do calo caracterizada pela aquisio dos alimentos e organizao da tripulao. A aquisio
e apropriao de uma rede de calo representam para o mestre ou proprietrio dos meios de
produo status socioeconmico por possuir alto valor monetrio, sendo freqentemente
herdada em vrios estgios de uso. A pescaria de calo apresenta uma mobilidade de atuao
em dois ambientes aquticos distintos, o esturio e a praia. Por conta disso a sua
operacionalizao, reas de pesca e recursos pesqueiros apresentam diferenas. A diviso do
pescado ocorre no mesmo dia que a atividade realizada. A produtividade dividida em trs
partes iguais, sendo uma para a rede, a outra para o dono da rede e a terceira para a tripulao
(referente ao pagamento do quinho). O mestre recebe dois quinhes, um da rede e outro da
parcela da tripulao, por ser a figura de maior conhecimento e que garante o sucesso da
pescaria. A comercializao fragmentada, caracterstica do setor pesqueiro. A estocagem e
transporte dos recursos so etapas variveis do processo, podendo ocorrer ou no entre
determinados perodos de pesca. A finalidade da produo direcionada para a venda e
consumo domstico. Essas pescarias so de grande importncia econmica, social e
ambiental. So exercidas para gerao de renda, representando uma das principais atividades
econmicas. Assume importncia ambiental por proporcionar baixo impacto sobre os recursos
pesqueiros visto que os pescadores que as exercem se apropriam com presteza e sabedoria dos
fenmenos naturais.

Palavras-chave: Etnografia. Sistema de pesca. Calo. Territrio da Cidadania. EBDA.

93

A PERSISTNCIA DA PESCA ARTESANAL EM REAS URBANAS: O CASO DOS


PESCADORES DA PITUBA (APEPI)
Priscilla Nogueira MALAFAIA (1)*; Marjorie Cseko NOLASCO (1); Thiago Souza de
Alencar GONDIM (1); Emanuela Paim FERREIRA (1)
1 Universidade Estadual de Feira de Santana.
*e-mail: priscillamalafaia@gmail.com

As cidades so complexos sistemas modernos cujos elementos integrantes se (re)organizam a


todo instante para atender aos interesses de seus agentes modificadores. Sendo a cidade uma
paisagem, alguns de seus elementos integrantes reagem s mudanas ou se adaptam na
medida do possvel, tentando preservar suas caractersticas fundamentais. A comunidade
pesqueira situada no bairro da Pituba na cidade de Salvador - Bahia se destaca pela
persistncia em exercer a atividade da pesca artesanal, sendo os seus membros, na maioria,
familiares. Relatos daqueles considerados a memria viva do Bairro, bem como impresses
e analogias retiradas da sabedoria popular local se tornaram imprescindveis para
compreender a resistncia da atividade pesqueira em uma rea de alta modernizao. Sendo
de grande valor as referncias bibliogrficas levantadas para contextualizar e at validar os
relatos coletados no campo entre os anos de 2009 2013. O bairro da Pituba em 1932 possua
uma vila de pescadores, com alguma produo agrcola, e espaadas casas de veraneio.
Entretanto nas dcadas seguintes, devido intenso crescimento urbano causado pela Refinaria
de Petrleo Landulfo Alves (1954); do Centro Industrial de Aratu; do Complexo
Petroqumico de Camaari (1970-1980) e do projeto Cidade da Luz (1950), de carter local e
exclusivista, a organizao e o interesse no bairro comearam a mudar. O que mais se
destacou foi o remanejamento dos pescadores para outros bairros, de menor valorizao
imobiliria. Embora ainda estejam sediados em uma unidade denominada Associao dos
Pescadores da Pituba (APEPI) a beira mar do bairro original e continuam com desenvolvido
censo de apropriao local. O grupo mantem inmeras peculiaridades adquiridas pelas
geraes passadas, mantendo os aspectos da frota linheira, manejando as j conhecidas reas
de pesca, se orientando pelo mtodo de triangulao, fixando pontos de referncia na costa e
confeccionando e ajustando alguns dos seus petrechos pesqueiros. Entretanto essa
comunidade ainda encontra-se vulnervel as presses sociais e imobilirias, visto que esto
estabelecidos em uma unidade ainda no legitimada pelo setor pblico local. As propostas do
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano atual do municpio revelam incoerncias com o
desenvolvimento real da pesca artesanal, tornando-se um fator de risco para a prevalncia
desses grupos pesqueiros.

Palavras-chave: Comunidades Tradicionais. Pescadores. Urbanizao. Pituba. Bahia.

94

ETNOECOLOGIA NA PESCA ARTESANAL DO MUNICPIO DE PETROLNDIAPE, NORDESTE DO BRASIL


Rosilda Alves Magalhes MENEZES (1)*;Lucemrio Xavier BATISTA(2);Tmara de
Almeida e SILVA (3)
1 Mestranda em Ecologia Humana PPGEcoH- UNEB/ Campus VIII; 2 Mestre/docente da
UNEB/ Campus VIII;3 Doutora em Oceanografia e docente/UNEB/ PPGEcoH/Campus VIII
*e-mail: rosilda_magalhaes@hotmail.com

A regio nordeste tem representatividade para a pesca artesanal, assim como a pesca artesanal
tem importncia socieconmica para o municpio de Petrolndia. Este trabalho foi realizado
com o objetivo de identificar o conhecimento etnoecolgico dos pescadores (as), na atividade
da pesca artesanal desenvolvida no lago de Itaparica, reservatrio pertencente Companhia
Hidreltrica do So Francisco CHESF, na rea pertencente ao municpio de Petrolndia
(PE). A pesquisa teve uma abordagem quanti-qualitativa, realizada atravs de aplicao de
questionrio direcionado a 41 pescadores (as), equivalentes a unidade amostral de 20%. A
pesca artesanal no municpio praticada por pescadores (as) na proporo de 61% de homens
e 39% de mulheres. A percepo dos pescadores (as) das condies ambientais para a pesca,
34% responderam que os melhores meses para realizar a pesca vo de maro a julho; a cor da
gua para captura determina o tipo de equipamento empregado, desses 73% consideram arede
como melhor apetrecho para gua barrenta.A variao do nvel da gua tambm um fator
que influencia na escassez do pescado, onde 76% acham a variao ruim, 71% indicaram que
a pesca melhor quando realizada no reservatrio cheio ou seja com a cota mxima do seu
nvel, devido ao peixe andar mais e as guas serem novas com sedimentos; 81% alegaram
que a fase lunar mais favorvel a lua nova; quanto temperatura as influncias so
peculiares ao tipo de peixe.Quanto aodestino do lixo produzido pelos pescadoresna rea de
pesca,76% responderam que queimam o lixo;da preocupao com o meio ambiente, todos
pescadoresasseguraram que se preocupam. A maioria dos entrevistados (90%) responderam
que existe diferena entre a pesca do passado e a do presente e 3% apenas acham que no h
diferena, (83%) dos entrevistados declararam que a quantidade de peixes diminuiu no
reservatrio e 7% responderam que a quantidade maior. A partir deste estudo, compreendese a relao etnoecolgica entre pescador (a) e meio ambiente, bem como a relao simblica
com a natureza, e, as polticas pblicas, que podero ser implementadas.

Palavras-chave: Atividade pesqueira.Ecologia Humana.Meio ambiente.Pescador (a).

95

A CAPTURA DO CARANGUEJO-U Ucides cordatus (LINNAEUS, 1763) NA


ANDADA E SUAS IMPLICAES SOCIOAMBIENTAIS NO ESTURIO DO RIO
MAMANGUAPE PB
Douglas Macdo do NASCIMENTO (1)*; Rmulo Romeu da Nbrega ALVES (2)
1 - Programa de Ps-Graduao em Etnobiologia e Conservao da Natureza UFRPE - R.
Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmos, Recife - PE, 52171-900; 2 Departamento de
Biologia, Universidade Estadual da Paraba, Av, Baranas, nr. 351/Campus Universitrio
Bodocong, 58109-753, Campina Grande, PB, Brazil..
*e-mail: douglasmacedo84@gmail.com
A andada a denominao dada pelas populaes humanas do litoral para o
comportamento do caranguejo-u que acontece em determinado perodo do ano, no qual se
observam espcimes perambulando no mangue com fins de reproduo. Neste perodo, a
captura proibida por regulamentao, porm, os catadores explotam este recurso, o que pode
ocasionar ameaa aos estoques desse recurso. Diante disto, esse trabalho descreveu a captura
do caranguejo-u na andada e verificou as suas implicaes socioambientais decorrentes no
esturio do rio Mamanguape - PB. Para tanto, entrevistas livres e semiestruturadas foram
aplicadas a 66 catadores da comunidade Tramataia, pertencente a Marcao PB; e trs
observaes diretas e trs turns guiadas foram realizadas para acompanhar as atividades de
captura. A partir disso registrou-se que a captura na andada ocorre, segundo todos os
entrevistados, devido a maior abundncia e fcil captura, que possibilita aos catadores no
regulares, incluindo mulheres e crianas, exercer a atividade, gerando assim uma presso
maior que a habitual. Essa captura realizada nos turnos diurno e noturno. Na captura diurna,
a mais frequente, os catadores capturam manualmente os caranguejos avistados pela parte
dorsal da carapaa, colocando-os dentro de um saco. Esta prtica exige um grande esforo
fsico do catador, pois ele precisa correr para capturar os caranguejos. Da outra maneira, na
captura noturna, os caranguejos so ofuscados com uma fonte de luz e, em seguida,
capturados com a mo. Segundo todos os catadores, a observao da diferena no formato da
carapaa entre os sexos (machos mais largos que as fmeas) possibilita-os direcionar a captura
aos machos, mais valorizados comercialmente. Porm, h relatos de que alguns capturam
fmeas ovgeras, e, para comercializ-las, eles retiram a massa ovgera aderida aos plepodes.
Os catadores descumprem a regulamentao comentada anteriormente por um motivo
principal: o no recebimento de um salrio-defeso. Sem alternativa, os catadores se veem
obrigados a capturar na andada. Contudo, todos concordariam em cumprir o defeso, mediante
recebimento do seguro. Diante do exposto, como a captura na andada pode comprometer os
estoques do recurso, se faz necessrio valer uma poltica pesqueira que garanta a
sobrevivncia digna dos catadores no defeso, pois assim promoveria eficazmente a
conservao do caranguejo-u.
Palavras-chave: manguezal. Crustceo. Conhecimento Ecolgico Local.

96

MACROFAUNA BENTNICA ASSOCIADA CONFECO DE BIOJIAS DA


TRIBO INDGENA TREMEMB DA BARRA DO MUNDA: UMA ABORDAGEM
ETNOECOLGICA
Bruno Gonalves PEREIRA (1)*; Iury Trcio SIMES de Sousa (1) ; Wallace Alves SOUSA
(1) ; Rossyane Lopez BARACHO (2) ; Marcelo de Oliveira SOARES (3)
1 Graduando em Oceanografia, Instituto de Cincias do Mar, Universidade Federal do
Cear ; 2 Graduanda em Cincias Ambientais, Instituto de Cincias do Mar, Universidade
Federal do Cear ; 3- Professor do Instituto de Cincias do Mar da Universidade Federal do
Cear.
*e-mail: cbraverde@gmail.com
O litoral cearense caracteriza-se como uma regio ocupada por comunidades de pescadores,
derivadas de agrupamentos indgenas que possuem sua cultura e sobrevivncia embasada em
uma relao integral com a natureza decorrente de observaes da dinmica dos sistemas
ambientais e do conhecimento transmitido por geraes atravs da oralidade. A etnia
Trememb ocupou uma grande extenso do litoral nordestino (Maranho Cear)
desenvolvendo uma relao com o ambiente costeiro, presente nas diversas manifestaes
culturais, tais como o artesanato. No caso dos Tremembs, esta arte desenvolve-se com o uso
de conchas de moluscos na confeco de colares, pulseiras e outros adereos. Assim, a
pesquisa teve como objetivo registrar o conhecimento ecolgico tradicional envolvido na
atividade artesanal de construo de biojias na tribo Trememb da Barra do Munda,
localizada em Itapipoca - Cear. A coleta de dados envolveu o procedimento amostral bola de
neve, entrevistas semi-estruturadas e a tcnica de turn guiada. Foram entrevistados 12
artesos, que classificaram quatro principais reas de coleta e identificados 10 grupos
taxonmicos utilizados no feitio dos artesanatos. Os artesos classificam as conchas conforme
seu formato e cor, aspectos que variam entre aquelas encontradas em regies estuarinas e
marinhas. As coletas acontecem em trs locais especficos, Pedrinhas, Matana e Barra,
durante as mars de sizgia, identificadas na tribo segundo a observao do ciclo lunar.
Organismos do gnero Cypraea so coletados atravs da pesca artesanal em guas costeiras.
Neritina e Olivella so os grupos mais utilizados na confeco de biojias. Atravs da prtica,
os arteses adquirem um conjunto de informaes que, associadas, constituem em saberes
sobre a distribuio temporal e espacial das espcies utilizadas, habitats e relaes trficas
destas. O conhecimento dos ndios Trememb sobre os processos naturais costeiros tem dado
suporte para a continuidade da reproduo fsica e cultural desse grupo ao longo da histria. A
chegada de outras atividades produtivas no local, tais como o veraneio, a carcinicultura e as
usinas elicas tm dado origem aos principais conflitos em torno do territrio indgena, como
a reduo da densidade populacional de algumas espcies e a restrio ao acesso aos locais de
coleta dos organismos.

Palavras-chave: Cear. Litoral. Artesanato.


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ESTUDO DA PERCEPO DOS MORADORES DE BARRA DE MAMANGUAPE


SOBRE AS ATIVIDADES DO PROJETO PEIXE-BOI, PB - BRASIL

Heliene Mota PEREIRA(1)*; Iamara da Silva POLICARPO(2)*; Bruna Monielly Carvalho


de ARAJO(2)*; Jos da Silva MOURO(3)*

1 Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA)


Universidade Federal da Paraba- UFPB; 2 Grupo de Pesquisa em Etnozoologia,
Conservao e Biodiversidade/Curso de Licenciatura e Bacharelado em Cincias Biolgicas,
Departamento de Biologia, Universidade Estadual da Paraba (UEPB), 58109-753, Campina
Grande, PB, Brasil. 3- Departamento de Biologia/Universidade Estadual da Paraba - UEPB,
58109-753. Campina Grande, PB, Brasil;
*e-mail: heliene_mota@hotmail.com

O Projeto Peixe-boi (PPB) desempenha atividades que podem servir como alternativa para
gerar emprego e renda e manter a preservao ambiental da localidade. Esse estudo foi
realizado com os moradores de Barra de Mamanguape, localizada no municpio de Rio Tinto,
s margens do esturio do rio Mamanguape-PB, inserida na rea de Proteo Ambiental do
rio homnimo, e teve como principal objetivo verificar a percepo dos moradores em relao
as atividades realizadas pelo Projeto Peixe-boi. A amostragem foi no-aleatria intencional,
em que foram pr-definidos os entrevistados em funo de ser morador do local ou possuir
algum vnculo de trabalho no projeto. Os trabalhos de campo ocorreram durante o ms de
fevereiro de 2012. Foram realizadas entrevistas livres e semi-estruturadas com 28 moradores
(N=28), com roteiros segmentados em duas etapas. Um roteiro voltado para os moradores da
localidade e outro para a atual gesto que administra a Unidade de Conservao (Chefe da
rea de Proteo Ambiental e Coordenadora do Projeto Peixe-boi). A partir das entrevistas
livres no estruturadas foram realizadas entrevistas estruturadas visando obter dados sobre a
percepo do PPB, e quando for o caso, comparando-os com a literatura. Segundo os
entrevistados o Projeto alm de contribuir para gerao de renda e para a conservao dos
peixes-boi marinhos, valoriza a localidade. Entretanto, fundamental que a comunidade
receptora participe do processo de desenvolvimento. A percepo dos moradores necessria
para compreender como eles esto inseridos, e, desta forma contribuir para que os Projetos de
conservao possam buscar meios de fazer parcerias com as comunidades que residem no
interior dessas Unidades de Conservao e no seu entorno.

Palavras-chave: Peixe-boi marinho. Percepo comunitria. Projetos de conservao.

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ETNOECOZONEAMENTO NA PESCA ARTESANAL EM BOM JESUS DOS


POBRES (SAUBARA-BA)
Francisco Jos Bezerra SOUTO (1), Ketlen dos Santos SAMPAIO (2)*, Maria Carolina
Teixeira MIRANDA (3)
1 Docente, 2,3 - Discente
1, 2, 3 Laboratrio de Etnobiologia e Etnoecologia (LETNO), Departamento de Cincias
Biolgicas (DCBio), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
*e-mail: ketlensampaio@gmail.com

Dentre os vastos conhecimentos adquiridos pelos pescadores artesanais ao longo do tempo


sobre o ambiente, seus recursos e a interao entre estes encontra-se a percepo sobre o meio
fsico que de grande relevncia tanto para ordenao dos homens nos espaos sociais,
quanto para organizao da prpria produo e reproduo da tradio pesqueira. A percepo
nativa cria uma terminologia prpria que identifica os diversos elementos da paisagem
natural. Ecozona o termo utilizado para indicar uma rea ecolgica reconhecida em outros
sistemas culturais. Ao estudo interdisciplinar sobre a espacialidade decorrente da percepo,
caracterizao e definio de ecozonas, chamamos aqui de etnoecozoneamento. Para o
presente estudo, foram realizadas na comunidade pesqueira de Bom Jesus dos Pobres
(Saubara-BA), 24 entrevistas semiestruturadas com 36 pescadores e marisqueiras, alm de
observaes diretas atravs do acompanhamento dos informantes em suas atividades
exploratrias rotineiras. Os dados obtidos foram trabalhados atravs de uma abordagem
emicista/eticista. A percepo nativa cria uma terminologia prpria atravs de categorias
cognitivas (mica) que pode ou no coincidir com as tipologias cientficas. Os entrevistados
distinguiram diversos tipos de ecozonas, caracterizando-os por critrios geomorfolgicos e
bioecolgicos, como a presena de determinados componentes biticos (fauna e flora) e
abiticos (diferentes tipos de formaes rochosas, areia, lama). As principais unidades de
paisagem identificadas pelos nativos foram: costeiro, alagamar, pedras, ilha, mangue e coroa.
Uma fauna caracterstica nestas ecozonas explica as diferentes atividades extrativistas a elas
associadas. Nomear os elementos da paisagem e conhecer as unidades espaciais so
importantes aspectos para o reconhecimento do local onde se encontram os recursos e
garantem uma efetiva comunicao por parte dos profissionais da pesca e mariscagem.

Palavras-chave: Ecozoneamento. Etnoecologia. Pesca artesanal.

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FLORA DA CAATINGA: ILHA MASSANGANO, RETRATO DE UM BIOMA EM


DEGRADAO NO SERTO PERNAMBUCANO

Carlos Alberto Batista SANTOS (1); Wbaneide Martins de ANDRADE (2); Jos Severino
BENTO (3)
1- Bilogo. Professor da UNEB/DTCS Campus III. 2 - Biloga. Professora da UNEB/DEDC
Campus VIII. 3 - Bilogo. Professor IF/PE. Campus Recife. 1,2,3 - PPGETNO-UFRPE.
e-mail: cacobatista@yahoo.com.br
A caatinga considerada uma vegetao tipicamente brasileira, com exemplares de seu
patrimnio biolgico no encontrado em nenhum outro lugar do planeta. Nas ltimas dcadas,
sofreu alteraes decorrentes das intervenes antrpicas, causando diversos impactos
ambientais, como a reduo da biodiversidade. Neste contexto buscamos investigar o nvel de
conservao do estrato arbreo da caatinga no recorte espacial da Ilha Massangano, localizada
no Rio So Francisco, municpio de Petrolina (PE), onde habita uma comunidade quilombola.
Realizou-se o registro da flora atravs de fotos, e entrevistas com os moradores, estes
enfatizaram a perda das plantas da mata, e culpam a agricultura irrigada, e a invaso da
algaroba, Prosopisjuliflora, Dona Teresinha, moradora da Ilha h mais de 40 anos, assegura,
"antes no havia algaroba, existia o marizeiro que foi derrubado pra plantar arroz. Quando
esbarraram de plantar arroz a algaroba apareceu, as aroeiras morreram na cheia de 1969
ela ficou muito destruda". Seu Raimundo, que vive na Ilha h mais de 60 anos, relata: "Tinha
palma, xique-xique, mais foi tudo derrubado pra fazer plantio. Plantaram cebola, arroz,
feijo. Quando cumeou o plantio foi preciso derrubar os p de pau tudo".Dona Bertolnia,
nascida e criada na ilha h 40 anos, relata: "No tem mais Turquia e um monte de pranta, mas
a Associao de Moradores, a Escola e o Pr-Rural, to fazendo muda com a ajuda dos
morador e quem d as sementes a EMBRAPA". Da vegetao nativa encontram-se enclaves
nas terras de seu Z do Alho que morador h 25 anos: "Gosto muito de pranta, pra cortar um
p de pau um sacrifcio, penso muito".A disponibilidade de recursos hdricos na regio do
semirido tem ampliado a disponibilidade de reas com agricultura irrigada sendo comum a
substituio da vegetaopelos cultivos, assim, a Ilha Massangano tem sido alvo da
explorao agrcola, de forma desordenada.Esse comportamento vem suscitando a reflexo do
problema ambiental ali instalado, gerando iniciativas de revitalizao atravs do plantio de
mudas nativas da caatinga, viabilizada pela parceria entre a comunidade, instituies e rgos
pblicos interessados em minimizar os impactos ambientais, cuja dimenso social no pode
ser ignorada.

Palavra-chave: Degradao ambiental.Irrigao. Conservao.

100

CONHECIMENTO POPULAR DE MITOS E CRENAS RELACIONADOS


SERPENTES NA PRAIA BARRA DE GRAMAME, LITORAL SUL, PB
Claudileide Pereira dos SANTOS(1)*; Ivan Lvio Rocha SAMPAIO(1); Rafaela Cndido de
Frana(1); Frederico Gustavo Rodrigues Frana (2)
1 - Aluna do curso de Bacharelado em Ecologia UFPB; 2- Doutor em Ecologia pela UNEB
e professor titular da Universidade Federal da Paraba
*e-mail: claudileide_santos@hotmail.com

A relao humana com os animais vem desde a Antiguidade, animais como as serpentes so
vistas por certas populaes como criaturas a serem adoradas, porm na cultura ocidental a
serpente est cercada de mitos e crenas. Partes destas percepes ou conhecimentos muitas
vezes errneos podem desencadear atitudes agressivas ao encontro destes animais. Este
trabalho teve o objetivo de conhecer as crenas e os mitos conhecidos pelos moradores da
praia Barra de Gramame com relao as serpentes. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, e o uso de gravador de udio quando disponvel. Cerca de 52% afirmaram
acreditar nas crenas conhecidas, 39% no acreditam e 10% no tm certeza se acreditam ou
no nessas crenas. A crena que existe uma cobra que mama foi bastante citada total de 41
citaes. A crena de que a cobra estando choca corre atrs teve 20 citaes. Outra crena
foi a de que uma pessoa mordida por uma serpente curada e tm a capacidade de curar
algum que foi mordido com quatro citaes. Foi relatada a crena que a coral morde e espera
a pessoa (mordida) morrer, citada quatro vezes. A crena de que uma pessoa ao pisar na
espinha de uma salamanta fica aleijado, e de que a cobra coloca o veneno de fora pra beber
gua, foram ditas duas vezes cada. A crena de cobra que tem perna, e a de quem mordido
por uma jericoara (cobra cip) morre da finura dela, a de que a pico de jaca tem cheiro de
jaca, a de quem mordido por salamanta 24 horas s dura 24 horas e a que o animal
picado por cobra come pio, foram as menos citadas 1 citao cada. A crena de que
Oxumar um orix que vira cobra e controla a chuva, sendo representada pelo arco-ris, foi
citada por apenas um representante da religio candombl. Crenas envolvendo Anfisbanias
conhecidas por cobra de duas cabeas foram diversificadas um total de 10 citaes todas de
alguma forma associando esses animais a serem perigosos. Observa-se que muito dessas
crenas so mitos, oriundos de impresses ou percepes erradas da comunidade com relao
as serpentes, parte desses mitos podem ser explicados por uma interpretao errada de algum
acontecimento, por falta de conhecimento sobre as serpentes, e tambm da forte influencia de
repassada por geraes. Sabendo que o modo como o ser humano vm os animais determina
suas atitudes, essas crenas e mitos associados a serpentes podem contribuir para uma atitude
violenta ao visualiz-las. Sendo assim torna-se importante o uso da educao ambiental ao
fim de desmitificar determinados mitos, e assim evitar a morte destes animais devido a
crenas errneas.
Palavraschave: mitos, crenas, serpentes, comunidade
101

EMBARCAES UTILIZADAS POR PESCADORES ARTESANAIS DA


COMUNIDADE DE FERNO VELHO, MACEI, NORDESTE BRASIL
Everson Cardoso dos SANTOS (1)*; Cludio L. S. SAMPAIO (2)
1 Programa de Ps-Graduao Diversidade Biolgica e Conservao nos Trpicos,
Universidade Federal de Alagoas; 2 Universidade Federal de Alagoas, Unidade de Ensino
Penedo.
e-mail: *everson_ufal@yahoo.com.br

A pesca artesanal registrada no litoral brasileiro inclui a utilizao de apetrechos de pesca e


embarcaes de diferentes modelos, tamanhos e eficincias. As embarcaes o principal
meio de transporte em reas estuarinas, sendo fundamental para o deslocamento de
pescadores artesanais em sua atividade diria. Esse trabalho apresenta a descrio dos tipos de
embarcaes utilizadas pelos pescadores artesanais de Ferno Velho, comunidade de Macei,
Alagoas situada s margens da lagoa Munda. A coleta das informaes foi realizada entre os
meses de julho e novembro de 2012, onde entrevistas pessoais, registros fotogrficos e
observaes diretas foram realizados. Em Ferno Velho cerca de 70% dos informantes
possuem pequenas embarcaes, que pode ser de trs tipos: canoa (22%), barco (61%) e barco
de voga (17%). As canoas so construdas com uma tora nica escavada, cujas dimenses
variaram de 6 a 8m de comprimento e 0,7 a 0,8m de boca e so propelidas a motor, remo ou
vela. A categoria barcos incluem as embarcaes construdas com pranchas de madeira
encaixadas, com dimenses entre 6 a 7m de comprimento e 0,8 a 1,2m de boca, sendo os mais
utilizados na comunidade, onde so comumente propelidos a remo ou vela. O barco de voga,
conhecido localmente por tilapeiro, uma pequena embarcao com 2,5 e 4,5m de
comprimento e 0,5 e 1m de boca, so propelidas a vela ou utilizando-se dois remos fixados
nas bordas da embarcao, onde os pescadores trabalham sentados, essa embarcao
originria na regio agreste de Alagoas e foi inserida na Lagoa Munda em meados da dcada
de 90 por duas famlias, que as constroem e utilizam para a captura de peixes, em especial a
tilpias Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758). As embarcaes utilizadas em Ferno
Velho so construdas localmente e, independentes do tamanho, conduzem em mdia dois
tripulantes por viagem. A descrio de artefatos e objetos construdos e utilizados por
comunidades tradicionais fundamental para compreendermos os aspectos da organizao
social, espacial e o modo de vida dos pescadores, sendo uma importante ferramenta para a
manuteno da economia e cultura local, principalmente em comunidades urbanas.

Palavras-chave: Embarcaes, Esturio, Lagoa Munda, Pesca artesanal

102

ANLISE DOS ESTUDOS SOBRE O CONHECIMENTO E O MANEJO


TRADICIONAL DA MATA ATLNTICA DOS PATAX DO SUL DA BAHIA
Jade Silva dos SANTOS (1)*; Fbio Pedro Souza de ferreira BANDEIRA (2);
1 - Graduanda do curso de Bacharelado em Cincias Biolgicas pela Universidade estadual
de Feira de Santana; 2 - Professor Titular do Departamento de Cincias Biolgicas da
Universidade Estadual de Feira de Santana;
*e-mail: Jadesilva16@hotmail.com

Os ndios Patax do Sul da Bahia passaram por diversos embates que levaram a disperso de
seu povo e o surgimento de diversas aldeias espalhadas pelo extremo Sul baiano, no
obstante, ainda existe um mosaico de Unidades de conservao sobrepostas em seus
territrios, alm de sofrerem invases de suas terras por fazendeiros e empresas imobilirias.
Apesar destes conflitos os Patax esto em um constante processo de refirmao tnica,
resgate e preservao dos conhecimentos tradicionais, dessa forma possuem um importante
acervo de tcnicas de manejo e conservao que perduram durante anos promovendo a
preservao da Mata Atlntica, um dos Biomas mais ameaados do Brasil, entretanto essas
tcnicas esto em risco de desaparecimento principalmente devido aos conflitos intertnico e
socioambientais. Partindo desses pressupostos este projeto teve o objetivo de analisar os
estudos existentes sobre o conhecimento e o manejo tradicional da Mata Atlntica do povo
Patax do Sul da Bahia, a partir do marco terico da Ecologia Poltica e da Etnoecologia,
onde realizou-se um levantamento bibliogrfico, sendo adquiridos 54 trabalhos, variando-se
o formato da pesquisa e o ano de publicao de 1992 2012, com exceo de um trabalho de
1977. Posteriormente todos os trabalhos foram inseridos em uma base de dados online do
programa EndNote, e realizou-se uma sistematizao e anlise dos textos considerando
informaes importantes a respeito das pesquisas juntamente com a elaborao de
fichamentos. As pesquisas foram agrupados em seis temticas de acordo com o principal tema
abordado: 1.histria/demografia; 2.delimitao territorial; 3.cultura, afirmao tnica/
educao; 4.gesto ambiental; 5.conflitos socioambientais /relaes intertnicas; e
6.conhecimentos etnoecolgicos. Em relao aos trabalhos que abordaram o conhecimento e o
manejo tradicional da Mata Atlntica pelos Patax, identificou-se 10 pesquisas que traziam
em sua temtica principal os conhecimentos etnoecolgicos e 4 que abordaram sobre a gesto
ambiental da Mata Atlntica. Dessa forma a anlise bibliogrfica permitiu uma ampliao
dos conhecimentos a respeito dos Patax, seus processos histricos, sua cultura e seus
conhecimentos tradicionais. Entretanto observou-se que o nmero de trabalhos etnoecolgicos
encontrados para a regio ainda muito pequeno diante da importncia desses conhecimentos,
fazendo-se necessrio uma ampliao dessas pesquisas.

Palavras-chave: Biodiversidade, Conservao, Patax, Sul da Bahia.

103

SABERES TRADICIONAIS ASSOCIADOS PESCA ARTESANAL NA


COMUNIDADE RIBEIRINHA SANTA ISABEL CURRALINHO - ILHA DO
MARAJ PAR

Marlia Tavares dos SANTOS(1)* Marilande Paiva MENEZES(2) Alase Cristina Gonalves
dos SANTOS(3) Margarete Clia dos Santos LEAL(4)
1 - Universidade Federal do Par; 2 - Universidade Federal do Par; 3 - Universidade Federal
do Par; 4 - Universidade Federal do Par.

*e-mail: mariliatsantos@yahoo.com.br

Este artigo aborda os saberes tradicionais sobre a pesca artesanal na Comunidade Santa
Izabel, no municpio de Curralinho Maraj Par, cujo objetivo discutir e registrar os
aspectos empricos da pesca artesanal, especialmente da pesca do camaro, por ser a principal
fonte de renda dos ribeirinhos da referida comunidade, alm de apresentar forma de uso e de
fabricao destes apetrechostradicionalmente utilizados nessa atividade pesqueira.A
metodologia utilizada foi a partir de entrevistas compescadores e pescadoras locais e
observao in loco.So vrias atividades de pesca praticadas pelos ribeirinhos dentre elas a
pesca com matapi, espinhel e malhadeira. O uso dos recursos naturais e o modo como se
relacionam com a natureza determinado pela dinmica das mars, ou seja,regido pela
temporalidade natural das guas fluviais em dois ciclos mar cheia e baixa.Os pescadores da
comunidade Santa Izabel, sobretudo, so profundos conhecedores dos rios onde pescam. O
saber tradicional envolve uma relao prxima do homem com a natureza, os laos de
afetividade so muito fortes entre os moradores. Os membros das famlias possuem e
transmitem crenas, valores e conhecimentos que so repassados de gerao em gerao pela
oralidade e prticas cotidianas, atravs do modo como se pesca, e a confeco dos apetrechos
utilizados na pescaria. A empiria em torno das guas est tambm relacionada diretamente
com seus encantos como o boto, e suas estrias,por ser considerado o animal mais encantador
dos rios da Amaznia. Os resultados obtidos so os registros documentais dos saberes
tradicionais da pesca artesanal na construo da identidade cultural ribeirinha, construda
atravs dos conhecimentos dos antepassados para as futuras geraes, em conexo e respeito
natureza.

Palavras-chave:Ribeirinhos. Conhecimento Emprico. Maraj. Amaznia

104

ECOLOGIA HISTRICA DE UMA PAISAGEM TRANSFORMADA NO CERRADO


BRASILEIRO: EVIDNCIAS CULTURAIS E BIOLGICAS
Taline Cristina da SILVA(1*); Leticia Zenbia de Oliveira CAMPOS (1); Maria Franco
Trindade de MEDEIROS (2); Nivaldo PERONI (3) e Ulysses Paulino de ALBUQUERQUE
(1)
1-Laboratrio de Etnobiologia Aplicada e Terica, Departamento de Biologia, rea de
Botnica,
Universidade Federal Rural de Pernambuco. 2- Universidade Federal de Campina Grande,
Centro de educao e sade. 3-Departamento de Ecologia e Zoologiado Centro de Cincias
Biolgicas da Universidade Federal de Santa Catarina
*e-mail: talinecs@hotmail.com
Das relaes entre seres humanos e o ambiente resultam paisagens ou ecossistemas e florestas
culturais, com composio e estrutura transformadas de acordo com as necessidades de cada
grupo cultural. Entender os efeitos dessas relaes sobre a diversidade biolgica tem sido um
desafio em diversos campos do conhecimento. Dessa maneira, a ecologia histrica, investiga
a influncia mtua humano/natureza numa escala temporal, regional e cultural. Foi baseado
nessa abordagem que o presente estudo investigou os efeitos do manejo local na Floresta
Nacional do Araripe (FLONA-Araripe) no Nordeste do Brasil sobre possveis modificaes
na diversidade e abundncia de espcies vegetais teis, ao longo do tempo. Para isso,
realizaram-se: entrevistas semi-estruturadas com 106 especialistas conhecedores da paisagem
(90 homens e 16 mulheres) em trs comunidades do entorno da FLONA-Araripe (Cacimbas,
Macaba e Baixa do Maracuj), que foram selecionados por meio de bola de neve; lista
livre de espcies teis conhecidas e das paisagens; grfico histrico para acessar a percepo
sobre as modificaes na abundncia das espcies teis; por ltimo um mapeamento
participativo para localizao das reas mais manejadas. Foram realizados levantamentos
fitossociolgicos nas trs reas da FLONA-Araripe indicadas como mais manejadas, anlise
de solo e levantamento bibliogrfico de trabalhos fitossociolgicos realizados em outras reas
de Cerrado a fim de fazer comparaes sobre abundncia de espcies teis nas diferentes
reas. Observou-se que nas trs paisagens indicadas como manejadas a densidade relativa e o
valor de importncia de 50% das espcies uteis foram altos em comparao a levantamentos
florsticos em outras regies. A anlise de solo demonstrou que o tipo de solo encontrado nas
reas, tpico de ambiente antropizado, devido s altas concentraes de carbono orgnico
(30,6; 14,8; 31,6). As percepes locais sobre as modificaes na abundncia de espcies
teis, ao longo do tempo, mostraram que houve uma diminuio na abundncia de 72%
dessas plantas, e esse resultado destoa do apresentado pelo levantamento fitossociolgico.
Esses dados preliminares apontam uma estreita relao entre a populao local e a floresta,
que pode ter sido primordial no desenvolvimento de ambas.

Palavras-chave: Etnobotnica. Biodiversidade. Manejo da Percepo ambiental. paisagem.

105

INFORMAES ECOLGICAS E ETNOECOLGICAS SOBRE A DIETA E


REPRODUO DA TRARA (Hoplias malabaricus Bloch, 1794) E DO TEJ
(Tupinambis merianae Dumril e Bibron, 1839) NO SEMIRIDO DO NORDESTE
BRASILEIRO
Josivan Soares da SILVA (1)*; Ana Carla Asfora EL-DEIR (1);Geraldo Jorge Barbosa de
MOURA (1); Rmulo Romeu Nbrega ALVES (2); Ulysses Paulino de ALBUQUERQUE
(1).
1 - Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Laboratrio de Etnobiologia
Aplicada e Terica (LEA). Departamento de Biologia, Rua Dom Manuel de Medeiros s/n,
Dois Irmos, 52171-900, Recife, Pernambuco, Brasil. Programa de Ps-graduao em
Ecologia UFRPE; 2 - Universidade Federal da Paraba (UFPB). Departamento de
Sistemtica e Ecologia, Campus I, 58059-900, Joo Pessoa, Paraba, Brasil.
*e-mail: josivan.biologia@gmail.com
Dentre as espcies de animais comumente utilizadas por comunidades locais, Tupinambis
merianae(tej) e Hoplias malabaricus(trara) so bastante apreciadas como recurso alimentar,
no comrcio de pequena escala e medicina popular. Devido importncia ecolgica e
socioeconmica destas espcies, o presente trabalho objetivou investigar as relaes
existentes entre o conhecimento local e o conhecimento cientfico, a partir de informaes
etnoecolgicas e ecolgicas sobre a dieta e reproduo destas duas espcies no semirido do
nordeste brasileiro. O trabalho referente trara foi realizado no municpio de Assar e o
referente ao tej realizado no municpio de Jardim, ambos no estado do Cear. Os pescadores
foram abordados mensalmente na Associao de pescadores local e a identificao dos
caadores foi realizada por meio da tcnica bola-de-neve. Listas livres foram utilizadas para
acessar as informaes alimentares dos animais e seus aspectos reprodutivos foram
registrados a partir de entrevistas semiestruturadas. Um total de 70 caadores e 27 pescadores
foi entrevistado. Foram capturados 46 exemplares de H. malabaricus,de setembro de 2011 a
agosto de 2012, e capturados cinco exemplares de T. merianae, nos meses de novembro e
dezembro de 2012.O contedo gstrico dos animais e suas estruturas reprodutivas foram
analisados macroscopicamente. No foram constatadas diferenas significativas entre as
propores das categorias alimentares citadas e as observadas a partir do contedo gstrico de
T. merianae (X = 0,907; p = 0,6355). Todavia, diferenas significativas entre as categorias
alimentares citadas e observadas foram reportadas para H. malabaricus (X = 17,293; p
<0,001). A reproduo de T. merianae, segundo os entrevistados, ocorre de setembro a
fevereiro, sendo novembro e dezembro os que apresentaram maiores propores de citao
quando comparado aos outros meses (X = 36, 857; p = 0,0001). Para H. malabaricus no
foram constatadas diferenas significativas entre a frequncia de ocorrncia (G = 14,73; p =
0,1419) e a frequncia de citao dos meses reprodutivos (X = 0,412; p = 0,7255). Com base
nestes resultados, observou-se que os entrevistados demonstraram possuir um detalhado
conhecimento sobre os aspectos biolgicos dos animais em estudo, fornecendo informaes
ecolgicas que podem ser utilizadas como hipteses a serem testadas pela cincia.

Palavras chave:Alimentao. Biologia reprodutiva. Conhecimentolocal. Etnoecologia.


106

107

LEVANTAMENTO DE ANIMAIS DE IMPORTNCIA MDICA RESPONSVEIS


POR ACIDENTES COM PESCADORES E MARISQUEIRAS NO EXERCCIO DE
SUA FUNO EM COMUNIDADES BAIANAS
Tatiane Silva AGUIAR(1)*; Miguel da Costa ACCIOLY (2); Jussara RGO (3)
1- Discente Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia 2- Docente Universidade Federal
da Bahia 3- Bolsista Fapesb/Universidade Federal da Bahia.
*aguiar326@hotmail.com

Os acidentes de trabalho constituem importante problema de sade pblica no Brasil,


acarretando sofrimento para os acidentados e seus familiares, alm de graves consequncias
sociais e econmicas. Entre as(os) pescadores(as) e marisqueiras(os) tradicionais, acidentes
com animais das praias e manguezais acontecem cotidianamente quando do desempenho da
funo, sendo caracterizados por sintomatologia variada, as vezes com gravidade, causando
muita dor e podendo incapacitar temporariamente o trabalhador para seu ofcio. Entretanto,
at por falta de conhecimento dos agentes causadores pela classe mdica, tais acidentes
comumente no so reconhecidos como ocupacionais, sendo ignorados os registros oficiais de
acidente de trabalho, o que acarreta na falta de assistncia previdenciria. Este estudo objetiva
realizar uma caracterizao etnobiolgica dos acidentes com animais na pesca e mariscagem
artesanais, com a criao de um banco de acidentes e respectivos agentes causadores,
considerando sinonmias locais para apoiar tais identificaes, tendo como recorte espacial as
comunidades de Tapero e Matarandiba, localizadas no Baixo Sul Baiano e Baa de Todos os
Santos, respectivamente. Pressupe, portanto, a elaborao de um diagnstico participativo,
onde so aplicadas entrevistas livres e realizados registros de campo com fotos e filmagens e
a coleta dos animais para identificao e criao do banco. Verifica-se que a caracterstica dos
acidentes e o animal causador esto relacionados com a modalidade da pesca e mariscagem
efetuadas. At o momento esto identificados alguns animais causadores de acidentes, como:
Niquin (Thalassophryne nattereri), pinima (Gymnothorax ocellatus),criminoso (Chicoreus
formosus), caramuru (Gymnothorax funebris), ostra (Crassostrea brasiliana e Crassostrea
rizophorae); somadas s referncias, ainda sem coleta e identificao cientfica de
etnoespcies reconhecidas como mario, mutuca, gua viva, pocomon, miror, arraia,
pinana, mucutuca e abelhas. Registra-se tambm que o tratamento popular muitas vezes
contribui para o agravamento dos quadros dos acidentes. Consideramos que o conhecimento
acerca dos acidentes e seus causadores, utilizando-se da vivncia de realidade local para
acompanhar as repercusses destes eventos na sade e na subsistncia dos trabalhadores,
constitui-se em uma importante base para a implementao de polticas pblicas de sade do
trabalhador no assalariado, atenuando o desconhecimento e a invisibilidade presentes no
quadro epidemiolgico atual das comunidades estudadas.

Palavras chave: sade ocupacional, mangue, etnobiologia, comunidades costeiras


108

UTILIZAO DE RPTEIS COMO ANIMAIS DE ESTIMAO: IMPLICAES


CONSERVACIONISTAS.
Bruna Monielly Carvalho de ARAJO (1)*; Iamara da Silva POLICARPO (1); Heliene Mota
PEREIRA (2); Wedson Medeiros Silva SOUTO (3); Rmulo Romeu Nbrega ALVES (4)
1- Grupo de Pesquisa em Etnozoologia, Conservao e Biodiversidade/Curso de Licenciatura
e Bacharelado em Cincias Biolgicas, Departamento de Biologia, Universidade Estadual da
Paraba (UEPB); 2 - Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(Prodema) UFPB; 3 - Programa de Ps-Graduao em Cincias Biolgicas (Zoologia),
Universidade Federal da Paraba; 4 - Departamento de Biologia/Grupo de Pesquisa em
Etnozoologia, Conservao e Biodiversidade, UEPB, 58109-753 Campina Grande, PB,
Brasil.
*e-mail: bruh_monielly@hotmail.com
A diversidade de rpteis no mundo extensa e utilizada com diversas finalidades, dentre elas,
muitas espcies so usadas como pets, que se traduz em um fator de impacto para as
populaes mais exploradas. Diante deste cenrio o presente estudo tem como objetivo
catalogar a herpetofauna utilizada em nvel mundial, caracterizando suas localidades de venda
e comrcio e implicaes para sua conservao. As informaes foram coletadas a partir da
anlise de artigos publicados, livros, teses, dissertaes, relatrios e sites de venda,
disponveis em bases de dados nacionais e internacionais online que abordassem o uso da
herpetofauna relacionada ao comrcio legal e ilegal. Os resultados mostraram que pelo menos
352 espcies de rpteis, distribudas em 35 famlias so utilizadas e envolvidas em uma rede
de atividades voltada ao trfico de animais de estimao, destinados tanto para as diferentes
regies do pas, como para o comrcio e exterior. As famlias que apresentam uma frequncia
maior de amostragem foram: Colubridae (n=51 espcies), Agamidae (n=38 espcies),
Gekkonidae (n= 38 espcies), e Testudinidae (n=25 espcies). Muitas das espcies utilizadas
encontram-se includas na Lista Vermelha de Espcies Ameaadas da Unio Internacional
para a Conservao da Natureza e dos Recursos Naturais IUCN, dentre elas ganham
destaque 3 espcies que encontram-se na categoria CR (Criticamente em perigo): Chelodina
mccordi (Rhodin 1994), Lygodactylus williamsi (Loveridge 1952), e Matoatoa spannringi
(Nussbaum, Raxworthy & Pronk 1998); e 12 espcies na categoria EN (Em perigo): Abronia
gramnea (Cope, 1864), Aspidites ramsayi (MACLEAY, 1882), Brachylophus fasciatus
(Brongniart, 1800), Chinemys reevesii (Gray, 1831), Clemmys guttata (Schneider,1792),
Indotestudo elongata (Blyth, 1853), Indotestudo forstenii (Schlegel & Mller, 1845), Ocadia
sinensis (Gray 1834), Paroedura masobe (Nussbaum & Raxworthy, 1994), Phelsuma
klemmeri (Seipp, 1991), Phelsuma seippi (Meier, 1987 E Rhampholeon
spinosus (MATSCHIE 1892). Constatou-se que trfico da herpetofauna pode exercer grande
presso sobre as espcies de repteis, fazendo-se necessrios estudos posteriores que abordem
essa temtica para possvel elaborao de medidas adequadas para conservao da
herpetofauna,
englobando
aspectos
ecolgicos
e
culturais.
Palavras-chave: Herpetofauna. Trfico. Biodiversidade. Conservao.
109

ESTUDO ETNOORNITOLGICO DA AVIFAUNA SILVESTRE CAPTURADA EM


ATIVIDADES DE CAA PELOS MORADORES RURAIS DO MUNICPIO DE
JAAN/RN
Edja Daise Oliveira BARBOSA (1)*; Maria das Graas Barbosa da SILVA (2); Thatiany
Sousa PEREIRA (3); Ovidia Kaliandra Costa SANTOS (4); Marcio Frazo CHAVES (5)
1, 2 Graduada em Cincias Biolgicas, do Centro de Educao e Sade, Campus Cuit,
Universidade Federal de Campina Grande; 3, 4 Estudante da Graduao em Cincias
Biolgicas, do Centro de Educao e Sade, Campus Cuit, Universidade Federal de
Campina Grande; 5 Professor assistente do Centro de Educao e Sade, Campus Cuit,
Universidade Federal de Campina Grande. Stio Olho Dgua da Bica s/n. CEP: 58750-000.
Cuit, Paraba, Brasil.
*e-mail: edjadayse@hotmail.com
A caa uma das atividades mais antigas realizadas pelo ser humano, sendo praticada desde
os primrdios de sua existncia. Dentre os recursos naturais explorados pelo homem
destacam-se as aves. No Brasil em praticamente todas as regies comum criao de
pssaros em gaiolas, em especial no Nordeste, j se trata de uma atividade tradicional. Diante
da importncia que a avifauna tem representado para diversas comunidades, pesquisas vm
sendo desenvolvidas com a inteno de melhor compreender a interao existente entre as
aves e as comunidades urbanas e/ou rurais. Nesse sentido, a Etnoornitologia tem sido uma
ferramenta interpretativa valiosa. Esta pesquisa foi desenvolvida junto aos moradores do
municpio de Jaan - Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil, objetivando apresentar dados
pr-liminares sobre aspectos das atividades de caa direcionada a avifauna silvestre. Para
obteno dos dados foram realizadas entrevistas com o auxilio de questionrios semiestruturados, no perodo de julho de 2012 a junho de 2013. A populao amostrada foi
composta por 35 caadores com faixa etria compreendida entre 21 e 85 anos, todos
moradores da zona rural do municpio, selecionados pelo mtodo bola-de-neve (snowball
sampling). Para captura das aves foram citadas diferentes tcnicas e equipamentos
empregados conforme a espcie e uso a que se destinam: espingarda, estilingue, visgo, gaiola,
bodogue, assapro, arapuca, fjo, quix, rede, arremedo, boz, facheado e a pastora; sendo a
espingarda e o estilingue os equipamentos mais utilizados. Foram trs as categorias de uso
descritas pelos caadores para as espcies de aves capturadas: alimentao voltada para caa
de subsistncia, a comercializao e a criao em cativeiro. Entre as espcies mais procuradas
para recurso alimentar destacaram-se: Columbina talpacoti e Crypturellus tataupa. Para fins
de criao destacam-se: Paroaria dominicana e Icterus jamacaii. Quanto s espcies
comercializadas Cyanoloxia brissonii, Sporophila albogularis e P. dominicana, destacam-se
com maior numero de citaes. Considerando que a caa pode reduzir populaes de
determinadas espcies, mudar a composio de comunidades animais e influenciar uma srie
de interaes ecolgicas, espera-se que os resultados obtidos neste trabalho possam servir
como ferramenta para iniciativas de aes que visem conservao da biodiversidade no
semirido brasileiro.
Palavras-chave: Caa. Conservao. Etnoornitologia. Semirido.
110

ASPECTOS DO USO DE MAMFEROS SILVESTRES POR MORADORES RURAIS


DO MUNICPIO DE JAAN-RN E IMPLICAES PARA CONSERVAO

Edja Daise Oliveira BARBOSA (1)*; Maria das Graas Barbosa da SILVA (1); Rosana
Oliveira de MEDEIROS (1); Marcio Frazo CHAVES (2)
1 Graduada em Cincias Biolgicas do Centro de Educao e Sade, Campus Cuit,
Universidade Federal de Campina Grande; 2 Professor assistente do Centro de Educao e
Sade, Campus Cuit, Universidade Federal de Campina Grande. Stio Olho Dgua da Bica
s/n. CEP: 58750-000. Cuit, Paraba, Brasil.
*e-mail: edjadayse@hotmail.com
A Etnomastozoologia o campo da etnocincia responsvel pelo estudodo conhecimento e
uso dos mamferos por populaes humanas. Tendo em vista que a caa de mamferos
silvestres uma prtica disseminada em todo o semi-rido nordestino e que os efeitos desta
atividade podem ameaar o status de conservao da diversidade faunstica de muitas regies;
a presente pesquisa visa verificar os usos e manejo dos moradores rurais do municpio de
Jaan-RN (06 2533 S; 361218 W), em relao mastofauna cinegtica da regio e
registrar as tcnicas de capturas direcionadas a esse grupo animal. O trabalho de campo teve
incio em julho de 2012 e foi concludo em maro de 2013. Nesse perodo foram realizadas
entrevistas com o auxlio de questionrios semi-estruturados, aplicados a 25 caadores locais,
selecionados atravs do mtodo snowball. Os mamferos foram identificados em nvel
especfico atravs da tcnica checklist-entrevista, foto-identificao e visualizao direta dos
mesmos na rea de estudo. Os caadores utilizam tcnicas diversificadas empregadas
conforme a espcie e uso a que se destinam, sendo a pastora, a caa com armas de fogo do
tipo espingarda e a caa com cachorros as tcnicas mais citadas. Foi citado um total de 27
espcies de mamferos silvestres ocorrentes na regio, utilizadas para fins alimentares,
zooterpicos e comerciais. Algumas espcies so ainda abatidas por estarem associadas a
interaes negativas com os moradores. Dentre as espcies citadas 14 se destacam como
animais cinegticos abatidos para a alimentao, com destaque para: Euphractus sexcinctus,
Kerodon rupestrese, Dasypus novemcinctus. Na categoria medicinal as espcies citadas
foram: Cerdocyon thous, Tamandua tetradactyla e Euphractus sexcintus, sendo a banha o
principal produto medicinal utilizado. De modo geral os caadores observam um declnio de
algumas espcies da populao de mamferos na rea estudada, tal fato atribudo por eles
principalmente caa, ao desmatamento e as queimadas ocorrentes na regio. Assim, a
presente pesquisa amplia o conhecimento etnomastozoolgico no estado do Rio Grande do
Norte, onde at ento poucos trabalhos foram realizados, servindo de subsdio para
caracterizar a utilizao de mamferos na regio e fomentar programas de conservao e
manejo co-participativo em reas de semi-rido.

Palavras-chave: Caa. Conservao. Mastofauna. Semi-rido.


111

ETNOTAXONOMIA DOS PESCADORES DO SUL DA BAHIA EM RELAO AOS


CAES (CHONDRICHTHYES: ELASMOBRANCHII): IMPLICAES PARA A
CONSERVAO
Mrcio Luiz Vargas BARBOSA FILHO (1)*; Eraldo Medeiros COSTA NETO (2);
Alexandre SCHIAVETTI (3)
1 Programa de Ps-graduao em Zoologia da Universidade Estadual de Santa Cruz
(UESC); 2 Professor Pleno vinculado ao Departamento de Cincias Biolgicas da
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); 3 Professor Pleno vinculado ao
Departamento de Cincias Agrrias e Ambientais da Universidade Estadual de Santa Cruz
(UESC).
*e-mail: titobiomar@hotmail.com
Embora a nomenclatura cientfica vise facilitar a comunicao entre as pessoas, ela
praticamente restrita cultura acadmica. Em relao aos peixes marinhos brasileiros, nota-se
uma elevada variedade de nomes comuns, utilizados pelos pescadores para designar uma alta
biodiversidade de espcies. Tais fatos dificultam a coleta de informaes sobre os
desembarques pesqueiros em nvel especfico. Adicionalmente, isso acarreta na perda de
fidedignidade das estatsticas pesqueiras nacionais e, consequentemente, no manejo
inadequado dos estoques. Caes apresentam uma elevada biodiversidade e semelhana
fenotpica, fatos que atrapalham o reconhecimento taxonmico da maioria das espcies.
Assim, esse estudo objetivou analisar os nomes utilizados pelos pescadores do sul da Bahia
para classificar as espcies e uma possvel influncia desses pescadores na conservao dos
caes em nvel regional. Entre maro a outubro de 2012 foram realizadas entrevistas
semiestruturadas e visualmente estimuladas, por meio da utilizao de fotografias de 30
diferentes espcies de caes, a 65 pescadores das cidades de Canavieiras, Una e Ilhus.
Foram selecionados especialistas com mais de 15 anos na captura de caes, sendo que o
acesso a estes ocorreu por meio da tcnica da bola de neve. No total, registraram-se 144
nomes populares para designar esses peixes e uma mdia de 4,8 denominaes por espcie.
Os principais critrios utilizados para a classificao, nomeao e identificao relacionam-se
a caractersticas morfolgicas e aos padres de colorao apresentados pelas etnoespcies. A
diversidade de nomes comuns contribui para a coleta inadequada de dados referentes ao
desembarque pesqueiro desses recursos na regio, pois no nico sistema de controle de
desembarque pesqueiro da rea de estudo, que ocorre na Colnia de Pescadores e
Aquicultores Z-34 em Ilhus, os registros das capturas so feitos apenas pelo nome genrico
cao, no havendo, dessa forma, a designao de qual espcie se trata. Estudos apontam
que especialistas locais podem ser treinados para serem eficientes parataxonomistas, como um
meio de auxiliarem nos esforos para avaliao e documentao da diversidade biolgica.
Sendo assim, os conhecimentos que os pescadores da regio sul da Bahia detm em relao
aos caes devem ser considerados em possveis iniciativas que visem a monitorar os
desembarques regionais de caes adequadamente.
Palavras-chave:
Biodiversidade.

Etnobiologia.

Etnotaxonomia.

Tubares.

Estatstica

pesqueira.
112

USO DE ABELHAS NO TRAMENTO DE DOENAS NA ALDEIA INDGENA


KANTARUR, NORDESTE DO BRASIL
Lidiane Nunes LIMA (1)*; Kssia Virgnia dos Santos LIMA (1); Eliane Maria de Souza
NOGUEIRA (2); rika dos Santos NUNES (2)
1 Discentes do Programa de Ps Graduao Stricto sensu em Ecologia Humana e Gesto
Socioambiental, Universidade do Estado da Bahia - DEDC VIII; 2 Docentes da
Universidade do Estado da Bahia - DEDC VIII e do Programa de Ps Graduao Stricto
sensu em Ecologia Humana e Gesto Socioambiental.
*e-mail: lidiane.linu@gmail.com

A utilizao de produtos produzidos pelas abelhas relatada desde a antiguidade em diversas


comunidades indgenas, onde as principais indicaes de uso so o tratamento de doenas. O
presente trabalho tem como objetivo registrar quais abelhas e produtos utilizados pelos
moradores da aldeia indgena Kantarur Batida, e quais suas respectivas indicaes de uso no
tratamento de doenas. A aldeia Kantarur est localizada no municpio de Glria-BA,
formada pelos ncleos Batida e Baixadas Pedras, distando entre si trs quilmetros. Foram
empregadas metodologias participativas e tcnicas qualitativas da etnobiologia para a coleta
de dados, dentre essas tcnicas a listagem livre, entrevista semiestruturada e anotaes no
dirio de campo. Por meio da listagem livre os colaboradores foram solicitados citao dos
nomes populares das abelhas que so utilizadas no tratamento de doenas, com base nessa
listagem foram direcionados entrevista semiestruturada. Para coleta de dados foram
visitadas todas as residncias, totalizando 35 entrevistados com idades que variaram entre 15
e 70 anos. Foram citadas sete etnoespcies de abelhas, das quais se utiliza principalmente o
mel: mosquito (Plebeia sp.) utilizada no tratamento de infeces no olho e ferimentos em
geral, abelha mida ou papa-terra (Melipona sp.) utilizada no tratamento da rouquido,
italiana (Apis mellifera) no tratamento de gripes, cupira (Partamona sp.) no tratamento de
infeces no olho, branca (Frieseomelita sp.), urucu (Melipona sp.) utilizada no tratamento de
diversas doenas inclusive picada de cobra, arapu (Trigona sp.) utilizada no tratamento de
diabetes, colesterol e suplemento alimentar. J no caso da abelha trombeteiro tambm citada
pelos moradores, registrou-se a utilizao da sua cera como defumador. Tanto o mel quanto a
cera produzida pelas abelhas so utilizados no tratamento de diferentes doenas pelos
moradores da aldeia indgena Kantarur Batida, principalmente em se tratando de doenas
respiratrias.

Palavras-chave: Comunidades Indgenas. Zooterpico. Etnofarmacologia.

113

ESTUDO ETNOZOOLGICO DO TATU BOLA Tolypeutes tricinctus NA ALDEIA


INDGENA KANTARUR, NORDESTE DO BRASIL
Elaine Larissa Cardoso LIMA (1)*; Kssia Virgnia dos Santos LIMA (1); Erika dos Santos
NUNES (2)
1 Discentes do Programa de Ps Graduao Stricto sensu em Ecologia Humana e Gesto
Socioambiental, Universidade do Estado da Bahia - DEDC VIII; 2 Docente da Universidade
do Estado da Bahia - DEDC VIII e do Programa de Ps Graduao Stricto sensu em Ecologia
Humana e Gesto Socioambiental.
*e-mail: elainelarissa@yahoo.com.br

O Tolypeutes tricinctus a menor, menos conhecida e nica espcie de tatu endmica do


Brasil, pois a sua distribuio se restringe Caatinga e ao Cerrado brasileiro. Esta espcie
facilmente reconhecida pela capacidade muito peculiar de se defender, fechando-se na forma
de uma bola, protegendo as partes moles do corpo no interior da carapaa rgida, o que
justifica o nome de tatu-bola. J foi mais abundante no passado, mas a facilidade de sua
captura e a caa de subsistncia em toda a sua distribuio geogrfica, que corresponde a uma
das regies mais pobres do pas, resultaram em progressiva reduo e eventual extino local
de diversas populaes naturais. Nesta perspectiva, o presente trabalho objetivou registrar o
uso do tatu bola Tolypeutes tricinctus pelos moradores da aldeia indgena Kantarur Batida. A
aldeia Kantarur formada pelos ncleos Batida e Baixadas Pedras, distam entre si trs
quilmetros e est localizada no municpio de Glria-BA. Os dados foram coletados por meio
de listas livres, questionrios semiestruturados e dirio de campo. Por meio da listagem livre
os colaboradores foram solicitados a citar nomes populares de animais utilizados na
alimentao e, a partir dessa listagem, direcionados entrevista semiestruturada. Para coleta
de dados foram visitadas todas as residncias, totalizando 35 entrevistados com idades que
variavam entre 15 e 70 anos. O tatu bola foi citado como animal que possui diferentes usos na
comunidade, onde utilizada a carne para alimentao, o casco como defumador e a ponta do
rabo como uso medicinal, indicado para dor de ouvido. Destaca-se, portanto que o animal
acima citado para este povo sofre presso de uso e o mesmo encontra-se ameaado de
extino.

Palavras-chave: Etnozoologia. Conhecimento tradicional. Mamfero Ameaado. ndios


Kantarur.

114

ANLISE DE CRENAS E TRANSMISSES SOBRE SERPENTES EM UMA


ESCOLA DA COMUNIDADE RURAL DE STIOS NOVOS- POO REDONDO/SE
Jefferson Oliveira LIMA (1)*;Luana da Cruz OLIVEIRA (2);Juliano SilvaLIMA (3)
1 Depto. Medicina veterinria/ Universidade Federal de Sergipe; 2 Depto. Biocincias/
Universidade Federal de Sergipe; 3 Instituto Federal de Sergipe.
*e-mail: jeffersonbio17@hotmail.com

O objetivo do presente trabalho consiste em analisar alguns aspectos etnoherpetolgicos e


entender como as crenas sobre serpentes so transmitidas na comunidade de Stios Novos
localizado em Poo Redondo- SE. Para coleta de dados, foram aplicados 46 questionrios
com perguntas subjetivas a alunos da escola local, com faixa etria entre 12 e 16 anos. As
perguntas foram analisadas e agrupadas em cinco categorias. A categoria 1, intitulada por
Levantamento Etnozoolgico compreendeu aspectos relacionadas ao conhecimento das
espcies ocorridas na regio, dentre aqueles que representam medo para os moradores. Nessa
categoria foi observado que os grupos que causam maior medo s pessoas dessa regio so as
serpentes e aracndeos, inclusive algumas espcies de cobras sem veneno foram citadas, como
a jibia. A categoria 2, intitulada por Conservao das espcies, refere-se ao que os
participantes acham sobre as serpentes e forma como reagem ao encontr-las. Para os
participantes as serpentes so animais perigosos e ao se depararem com algum desses
indivduos, as principais reaes apontadas foram correr ou matar o animal. A categoria 3,
Transmisso de informaes entre as geraes, abrange como as informaes so passadas
dentro da comunidade. Nessa categoria foram apontados como as principais fontes de
informaes sobre as serpentes, os pais, os avs e a escola. A categoria 4, Acidentes
ofdicos, refere-se aos acidentes por picadas de cobra e as medidas tomadas aps a picada.
Nessa categoria a maioria dos participantes no acredita que todas as serpentes sejam
venenosas, mas alguns deles afirmam no saber como identificar se a espcie venenosa ou
no. As principais medidas apontadas para tratamento aps picadas foi levar a vtima para o
hospital e o uso de ervas, as quais no foram citadas. A categoria 5, Crenas associadas a
serpentes, compreende as estrias e/ou contos relatados pelos participantes. No que se refere
a essa categoria alguns participantes mostraram-se confusos citando mais fatos que ocorreram
com pessoas da regio do que lendas. Concluiu-se que nessa comunidade as informaes
sobre as serpentes e os mtodos de socorro aps o acidente, so em sua maioria baseadas no
censo comum e a origem dessas, vem de pessoas mais velhas ou mais experientes como
citado nos questionrios.

Palavras-chave: Acidentes ofdicos. Etnoherpetologia. Transmisso de conhecimento.

115

INVESTIGAES PRELIMINARES DO CONHECIMENTO ECOLGICO


TRADICIONAL SOBRE DPTEROS HEMATFAGOS EM UMA COMUNIDADE
DE PESCADORES ARTESANAIS NO POVOADO DE AREIA BRANCA (SERGIPE,
BRASIL)

Tllio Dias da Silva MAIA (1)*; Roseli La Corte dos SANTOS (2)
1- Bacharel em Biologia pela Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Morfologia
2- Prof Dr da Universidade Feral de Sergipe, Departamento de Morfologia
*e-mail: tulliodsmaia@gmail.com
Os dpteros hematfagos apresentam importncia na sade pblica pelo incmodo de sua
picada ou como vetores de patgenos. A valorizao do conhecimento tradicional em
questes epidemiolgicas prope nova epistemologia no combate a insetos vetores. O
objetivo deste trabalho foi investigar o conhecimento ecolgico tradicional local sobre
dpteros hematfagos e de que maneira esses insetos tm sido classificados pela comunidade.
O Povoado de Areia Branca (Sergipe, Brasil) habitado por comunidades tradicionais de
pescadores artesanais. Montou-se uma caixa entomolgica com espcimes de dpteros
hematfagos de ocorrncia no povoado. Os insetos foram enumerados e separados de acordo
com sua taxonomia padro: Phlebotominae, Ceratopogonidae, Culicidae (Aedes aegypti,
Culex quinquefasciatus, Anopheles sp.e Mansonia sp.) e Tabanidae. Oito moradores que
ainda mantinham vnculo com o manguezal e a pesca artesanal foram entrevistados. As
entrevistas semi-estruturadas basearam-se na metodologia geradora de dados. Durante as
entrevistas, a caixa entomolgica era mostrada sem que os nomes cientficos ou populares dos
insetos fossem mencionados. Os pescadores entrevistados demonstraram classificao prpria
para os insetos, com os seguintes domnios etnotaxonmicos: murioca (Culicidae de grande
e mdio porte), mosquito (Culicidae de pequeno porte), pintador (Phlebotominae), maruim
(Ceratopogonidae) e mutuca (Tabanidae). Sobre a distribuio espacial, afirmaram que
muriocas e mosquitos tm ocorrncia urbana; pintador, periurbana; maruins e mutucas,
restrita ao manguezal. Quanto sazonalidade, muriocas e mosquitos so frequentes em
poca chuvosa e o pintador, no estio; maruins e mutucas foram associados dinmica do rio.
Alguns dados convergiram com os da literatura cientfica, outros no, deixando clara a
necessidade de continuar as investigaes. Os entrevistados apresentaram medidas profilticas
prprias, embora no tenham reconhecido o potencial vetor dos dpteros, nem mesmo dos
flebotomneos, vetores da leishmaniose, doena endmica na regio. O incmodo das picadas
foi a nica mazela reconhecida. Embora tenham elaborado conhecimento prprio sobre o
domnio dengue, no reconheceram os espcimes Ae. aegypti presentes na caixa. Conclui-se
que as campanhas de controle de vetores e promoo de sade devem se utilizar de linguagem
mais acessvel comunidade, promovendo complementaridade entre saberes acadmico e
tradicional. Este trabalho continua em andamento no Laboratrio de Entomologia e
Parasitologia Tropical da Universidade Federal de Sergipe.

Palavras-chave: Comunidades tradicionais. Controle de vetores. Etnoentomologia.


Etnoepidemiologia.
116

USO DE PESCADOS NA CONFECO DE ZOOARTESANATOS EM UMA


COMUNIDADE PESQUEIRA ARTESANAL EM PERNAMBUCO
Daniele MARIZ(1)*; Anna Carla Feitosa Ferreira de SOUZA (1); Simone Ferreira
TEIXEIRA (1); Reinaldo Farias Paiva de LUCENA (2); Rmulo Romeu da Nbrega ALVES
(3)
1 Universidade de Pernambuco, UPE, Rua Arnbio Marques, 310, Santo Amaro. CEP:
50100-130. Recife, PE; 2 Universidade Federal da Paraba, UFPB, Bairro Universitrio,
CEP:58397-000. Areia, PB; 3 Universidade Estadual da Paraba, UEPB, Rua Baranas, 351
- Bairro Universitrio, CEP: 58429-500. Campina Grande-PB.
*e-mail: danimariz.pe@gmail.com/ daniele.mariz@ufpe.br

A confeco de zooartesanatos em comunidades pesqueiras pode influenciar em uma maior


explorao de determinados pescados. Partindo deste pressuposto, o objetivo deste trabalho
foi investigar a macrofauna marinha destinada confeco de zooartesanatos pelos
pescadores artesanais marinhos da comunidade de Braslia Teimosa, bairro da zona Sul do
Recife (Pernambuco). De janeiro de 2006 a fevereiro de 2011 foram realizadas entrevistas
com questionrios semiestruturados utilizando o mtodo amostral bola de neve. Foram
entrevistados 98 pescadores, todos do sexo masculino, mas apenas 62 (64,6%) apresentaram
conhecimento sobre o uso dos pescados para a confeco de zooartesanatos. O cangulo
Balistes vetula (11,3%), o camurupim Megalops atlanticus (11,3%), a lagosta Palinurus spp
(10,6%), o cao/tubaro (Carcharhiniformes) (10,6%) e o caranguejo guaj Carpilius
corallinus (9,2%) foram os pescados mais citados para este fim. A principal forma de
artesanatos conhecida na comunidade foi a taxidermia de todo o corpo dos pescados (48,4%)
ou de alguma parte do mesmo (0,8%), sendo a lagosta Palinurus spp (19,7%) e o caranguejo
guaj Carpilius corallinus (17,1%) os mais citados para este tipo de artesanato. O couro foi a
segunda matria prima mais citada (19,7%), sendo o cangulo Balistes vetula a espcie mais
referida (57,7%). Tambm foram citados o uso de escama (17,2%), de dentes (9,0%), de
estruturas cartilaginosas (0,8%) e sseas (3,3%), e at mesmo do casco da tartaruga de pente
Eretmochelys imbricata (0,8%), sendo este ltimo um relato do passado por causa da
ilegalidade da pesca destes organismos atualmente. Alguns pescados tiveram mais de uma
matria-prima citada (1,19 0,62 citaes/pescado), dos quais o tubaro obteve 4 (dentes,
couro, cartilagem e taxidermia) e o cangulo Balistes vetula obteve 3 (couro, escama e
taxidermia). Os entrevistados relataram que no realizam a confeco dos zooartesanatos,
sendo esta demanda direcionada a pessoas ou instituies que as realizam. Entretanto, este
tipo de comrcio na comunidade secundrio, sendo sua produo pesqueira direcionada para
alimentao. Dessa forma, observa-se que os pescadores conhecem o uso de pescados para a
confeco de zooartesanatos, mas na comunidade no ocorre um esforo de captura adicional
visando este fim e, assim, no ocasionando uma maior presso nos estoques pesqueiros.
Palavras-chave: Etnozoologia. Recife-PE. Pescadores artesanais.
117

CAA DE ANIMAIS SILVESTRES: TCNICAS E CAPTURA UTILIZADA POR


MORADORES DE UMA REA RURAL DE FAGUNDES - PB
Demmya Haryssam Menezes MELO (1)*; Renata Patrcia Fablicio da SILVA (1); Francisco
Siqueira da SILVA (1); Wallisson Sylas Luna de OLIVEIRA (2); Denise Oliveira LEAL (3);
Rmulo Romeu da Nbrega ALVES (4).
1 - Universidade Estadual da Paraba; 2 - Universidade Estadual da Paraba/Bolsista de
Iniciao Cientfica CNPq; 3- Universidade Estadual da Paraba; 4 - Universidade Estadual da
Paraba/Departamento de Biologia

*demmya@hotmail.com

As atividades de caa e captura de recursos faunsticos em prticas cinegticas est


relacionada a uma grande variedade de tcnicas e estratgias que tem se disseminado ao longo
das geraes e evoludo de acordo com o tipo de presa, hbitos de vida e o ambiente onde
estas vivem. O objetivo deste trabalho foi identificar as principais tcnicas de caa e captura
bem como os apetrechos utilizados na caa por moradores locais de uma rea Rural da cidade
de Fagundes PB. Os dados foram obtidos por meio de questionrios semiestruturados
aplicados a 36 caadores locais. Foram citadas cerca de 60 espcies de animais silvestres,
dentre estes os mais citados foram Rolinha Columbina spp (n=30), Pre Galea spixii
(n=17), Teju Tupinambis merinae (n=14), Lambu Crypturellus spp (n=12 citaes), Tatu
peba Eupharactus sexcinctus (n=12), Juriti - Leptotila rufaxilla (n=9). Das 07 tcnicas de
caa e captura citadas, as frequentemente mais utilizadas foram a caa com armas de fogo
espingardas (n=98 citaes) para aves, mamferos e rpteis, e a caa com ces (n=30) para
mamferos e rpteis. Outra tcnica de caa foi citada, o estilingue (n=20). Dentre as tcnicas
de captura so utilizadas armadilhas como alapo (n=2) e redinha (n=1) para captura de aves
cinegticas, destinadas a criao. A redinha consiste em ficar anexada externamente a uma
gaiola, com uma ave dentro normalmente do mesmo sexo e da mesma espcie da ave que se
quer capturar, quando o animal chega at a gaiola, enrosca-se na redinha e capturada pelo
caador. Para a captura de mamferos como Tatu verdadeiro (Dasypus novemcinctus) e Tatu
peba (Euphractus sexcinctus) utiliza-se a pebeira (ratoeira) (n=4). A tcnica mais citada foi a
caa com espingarda, que alm de ser mais impactante por capturar maior nmero de animais,
essa tcnica pode ser aplicada a animais de espcies e grupos taxonmicos diferentes, fator
este que se torna preocupante do ponto de vista da conservao da fauna local. Diante destes
fatores, tornam-se necessrias polticas de conservao da fauna voltadas para estudos que
permitam seu uso sustentvel bem como a manuteno de prticas tradicionais dos povos
locais.
Palavras chave: Atividades de caa. Recursos faunsticos. Tcnica. Captura.

118

RELAES DE CONFLITO ENTRE ANIMAIS SILVESTRES E CAADORES EM


COMUNIDADES RURAIS DO MUNICPIO DE LAGOA SECA PB:
IMPLICAES CONSERVACIONISTAS
Wallisson Sylas Luna de OLIVEIRA (1)*; Francisco Siqueira da SILVA (1); Daniel Porto
DIAS(1); Wedson de Medeiros Silva SOUTO (2); Rmulo Romeu da Nbrega ALVES (3).
1 - Universidade Estadual da Paraba; 2 Programa de Ps - graduao em Cincias
Biolgicas (Zoologia), Universidade Federal da Paraba;
3 - Universidade Estadual da Paraba/Departamento de Biologia.

*e-mail: wsylasbio@hotmail.com

Os seres humanos possuem uma conexo emocional inata (portanto, gentica) com as demais
espcies da Terra. Contudo, algumas atitudes ligadas ao domnio, explorao, ao medo e
averso para com os animais silvestres tm provocado impactos graves sobre muitas espcies,
caracterizando uma relao conflituosa entre pessoas e estes animais. Este trabalho teve como
objetivo catalogar as variadas espcies cinegticas de animais silvestres considerados
perigosos por apresentarem riscos tanto para a sade das pessoas que residem em
comunidades rurais do municpio de Lagoa Seca PB, quanto para suas criaes domsticas,
bem como identificar os principais motivos que levam os caadores locais a praticarem a caa
de controle. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas livres e questionrios
semiestruturados aplicados a 39 caadores locais. Das 68 espcies citadas pelos entrevistados,
um total de 12 espcies foram citadas como alvo de conflitos. Distribudos em dois grupos
taxonmicos, mamferos (n=6) e rpteis (serpentes) (n=6), os animais abatidos mais citados
pelos entrevistados foram a Raposa Cerdocyon thous (n=7 citaes) e o Furo Galictis
vittata (n=4) no grupo dos mamferos, seguidos por Coral verdadeira Micrurus ibiboca
(n=4) e Coral falsa - Oxyrhopus trigeminus (n=4) no grupo dos rpteis. Ataques a pessoas,
criaes domsticas e lavouras e at mesmo transmisso de doenas, so os principais
motivos que levam os caadores a praticarem esta caa de controle na regio estudada.
Segundo os entrevistados alguns rpteis so mortos sempre que encontrados, por serem
animais peonhentos e assim considerados ameaa vida humana. Convm salientar que o
fator cultural associado s relaes entre homem e fauna silvestre contribui positivamente
para o declnio de diversas espcies uma vez que o uso indiscriminado dessas espcies
faunsticas afeta diretamente o equilbrio da biodiversidade local. Diante dos nossos
resultados, sugere-se trabalhos de educao ambiental que envolva a comunidade local,
voltados a compreenso da importncia ecolgica que cada animal desempenha no seu
ambiente natural, bem como a importncia de classificar estes animais quanto a sua natureza
(e.g. peonhentos, no peonhentos).
Palavras chave: Fauna silvestre. Caa. Controle. Conflitos.

119

ATIVIDADE ANTI-INFLAMATRIA E COMPOSIO QUMICA DO LEO FIXO


EXTRADO DA GORDURA CORPORAL DA COBRA Spilotespullatus (LINNAEUS,
1758) (COLUBRIDAE: OPHIDIA)
Olga Paiva OLIVEIRA (1)*;Dbora Lima SALES (2); Maria Flaviana Bezerra Morais
BRAGA (2); Marta Regina KERNTOPF (1); Waltcio de Oliveira ALMEIDA (1).
1 Universidade Regional do Cariri - URCA; 2 Universidade Federal Rural do Pernambuco
- UFRPE.
*e-mail: olga.paiva.oliveira@gmail.com
Spilotes pullatus, popularmente chamada de caninana, cobra pertencente famlia
Colubridae, com hbitos diurnos, dentio glifa, sendo associada em estudos etnozoolgicos
para fins medicinais e mgico-religioso. O presente trabalho objetivou a anlise do potencial
anti-inflamatrio em modelos de inflamao tpica aguda e crnica do leo extrado da
gordura corporal de S. pullatus. Os animais foram coletados na encosta da Chapada do
Araripe no municpio do Crato, sul do estado do Cear, regio do Cariri. O leo da gordura
corporal foi extrado em aparelho Soxhlet tendo hexano como solvente. Os steres metlicos
presentes na amostra foram identificados por meio de cromatografia gasosa acoplada a
espectrometria de massas, apresentando porcentagem de cidos graxos saturados e
insaturados de 33,59% e 61,38%, respectivamente, com componentes majoritrios os cido
eladico (37,26%) e linolico (17,28%). O aspecto anti-inflamatrio foi avaliado a partir do
modelo de edema de orelha tpico induzido pela aplicao nica e mltipla de leo de crton
em camundongos albinos (Mus musculus), de ambos os sexos, pesando entre 25-30g. A
quantificao do edema foi calculada a partir da pesagem de discos de 6mm de dimetro das
orelhas direitas e esquerdas. Os resultados foram apresentados em mdia erro padro da
mdia e analisados atravs do software GraphPadPrism 5.0. O leo demonstrou um carter
anti-inflamatrio para os dois modelos analisados. No modelo de aplicao nica de leo de
crton os grupos do leo de S. pullatus e da dexametasona tiveram a reduo da inflamao
de 45,20% e 62,11%, respectivamente, ambos com p < 0,001. Para o modelo de aplicao
mltipla, o leo de S. pullatus reduziu 67,92% (p < 0,01) e a dexametasona 45,68% (p <
0,001). Apesar de demonstrada algumas utilidades farmacolgicas de produtos derivados de
animais, a efetiva utilizao desses requer cautela e conhecimento mais aprofundado. Mais
estudos ainda so necessrios visando definir seu mecanismo de ao.

Palavras-chave: Etnozoologia.Caninana. cidos graxos. Atividade anti-inflamatria.

120

USO DE AVES SILVESTRES NO BRASIL: ASPECTOS ETNOZOOLGICOS E


CONSERVAO
Iamara da Silva POLICARPO (1)*; Bruna Monielly Carvalho de ARAJO (1); Heliene Mota
PEREIRA (2); Wedson Medeiros Silva SOUTO (3); Rmulo Romeu Nbrega ALVES (4)
1- Grupo de Pesquisa em Etnozoologia, Conservao e Biodiversidade/Curso de Licenciatura
e Bacharelado em Cincias Biolgicas, Departamento de Biologia, Universidade Estadual da
Paraba (UEPB), Campina Grande, PB, Brasil; 2 - Programa de Ps-Graduao em
Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) UFPB; 3 - Programa de Ps-Graduao em Cincias
Biolgicas (Zoologia), Departamento de Sistemtica e Ecologia, Universidade Federal da Paraba,
Joo Pessoa, PB, Brasil; 4 - Departamento de Biologia/Grupo de Pesquisa em Etnozoologia,

Conservao e Biodiversidade, UEPB, 58109-753 Campina Grande, PB, Brasil.


*e-mail: Iamarasp@gmail.com
As aves interagem com os seres humanos e so utilizadas por estes em diferentes partes do
mundo, sobretudo em regies tropicais. O Brasil abriga uma das faunas mais diversificadas de
aves em todo mundo, muitas das quais so utilizadas para diversas finalidades. Infelizmente,
para algumas espcies essas interaes tem provocado declnio populacional. Diante deste
cenrio, o presente estudo teve como finalidade catalogar a avifauna silvestre utilizada por
populaes humanas no Brasil, caracterizando suas finalidades e implicaes para sua
conservao. As informaes foram coletadas a partir da anlise de artigos publicados, livros,
teses, dissertaes, monografias, relatrios e resumos disponveis em bases de dados
internacionais online que abordassem o uso da avifauna brasileira. Os resultados mostraram
que pelo menos 253 espcies de aves, distribudas em 48 famlias so utilizadas no Brasil. As
famlias mais representativas em termos de espcies mencionadas foram: Thraupidae (32
espcies), Emberezidae (30 espcies) e Psittacidae (29 espcies). As espcies mais citadas nos
estudos foram: Coragyps atratus (Bechstein, 1793) [n=26 estudos], Gallus gallus (Linnaeus,
1758) [n=21 estudos] e Cyanocorax cyanopogon (Wied-Neuwied, 1821) [n=19 estudos].
Foram registrados 6 tipos de usos: medicinal, alimentar, estimao, mstico/religioso, controle
e ornamental, sendo que estes usos esto diretamente ligados a aspectos culturais
socioeconmicos. Muitas espcies so envolvidas em uma complexa atividade de trfico
ilegal, destinadas tanto para as diferentes regies do pas, como visadas para o comrcio
exterior. Algumas das espcies utilizadas esto includas na Lista Vermelha de Espcies
Ameaadas da Unio Internacional para a Conservao da Natureza e dos Recursos Naturais
IUCN e no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino, dentre estas
destacam-se: Pyrrhura griseipectus (Salvadori, 1900), Gubernatrix cristata (Vieillot, 1817),
Amazona rhodocorytha (Salvadori, 1890), Guaruba guarouba (Gmelin, 1788), Psophia
viridis (Spix, 1825) e Tangara fastuosa (Lesson, 1831) as quais esto listadas em categorias
de perigo de extino. Constatou-se que a utilizao da avifauna uma prtica frequente entre
as comunidades brasileiras, com isso necessrio que sejam realizados estudos posteriores
que abordem essa temtica para possvel elaborao de medidas adequadas para conservao
da avifauna, englobando aspectos ecolgicos e culturais.
Palavras-chave: Avifauna. Trfico. Biodiversidade, Conservao.
121

EDUCAO AMBIENTAL SOBRE SERPENTES COM DESCENDENTES


INDGENAS ASSISTIDOS PELO PROJOVEM, NO MUNICIPIO DE BAIA DA
TRAIO, PARAIBA
Claudileide Pereira dos SANTOS (1)*, Ivan Lvio Rocha SAMPAIO (2) Frederico Gustavo
Rodrigues FRANA (3)
1 Aluna de graduao UFPB; 2 Aluno graduao UFPB; 3- Professor Titular da UFPB
*e-mail: claudileide_santos@hotmail.com

A educao ambiental constitui uma ferramenta importante de aprendizagem e


redescobrimento, considerada uma boa forma de desencadear um processo de
conscientizao sobre a questo ambiental. As serpentes so vistas quase sempre de forma
negativa, at mesmo em comunidades historicamente ligadas a fauna selvagem como os
ndios. O objetivo deste trabalho foi observar como adolescentes descentes indgenas
observam as serpentes e como agem em preveno de acidentes ofdicos, e atravs da
educao ambiental, o que eles puderam aprender. O trabalho foi realizado no municpio de
Baia da Traio,em maio de 2013, no centro de assistncia indgena (Pr jovem indgena),
atravs da aplicao de questionrios semi-estruturados, e o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, com o responsvel pelo centro. Foram entrevistado 25 adolescentes com idades
de 14 a 20 anos, representantes de 8 aldeias pertencentes ao municpio. Foi visto que antes da
palestra a grande maioria 72% no soube responder o que eram as serpentes, alguns poucos
afirmando que eram anfbios, repteis e mamferos. Aps a educao ambiental observou-se
que 66% afirmou que as serpentes eram repteis. A atitude ao encontro de uma serpente seria
matar, seguida de chamar a policia ambiental, aps as aes de educao ambiental as atitudes
mais executadas seriam, chamar a policia ambiental, deixar ela ir embora, e captur-la. Antes
da educao ambiental a maioria associou a importncia das serpentes a fazer remdio. Aps,
a aula citaram tambm que as serpentes servem para controle de ratos e de insetos. Foi falado
tambm que para se proteger de serpentes deveria matar a mesma, mastigar fumo,furar o local
e procurar o medico, aps o ensino observou-se que usando-se botas e roupas adequadas ,
assim como manter distncia e procurar um medico seriam as aes mais solicitadas para se
proteger. Sobre a identificao de serpentes peonhentas notou-se que a aula por ns dada foi
insuficiente para fixao da aprendizagem dos alunos, revelando a importncia de uma
educao ambiental continuada, ao fim de aprenderem as diferenas morfolgicas das
serpentes peonhentas das no peonhentas.

Palavraschave: adolescentes. ofidismo. percepo.

122

ABORDAGEM ETNOZOOLGICA SOBRE SERPENTES NA ALDEIA DO FORTE


E DO GALEGO, MUNICPIO DE BAIA DA TRAIO, LITORAL NORTE, PB
Claudileide Pereira dos SANTOS (1)*, Henrique Bezerra dos SANTOS (2), Ivan Lvio Rocha
SAMPAIO (3); Alzair da Costa SILVA (4) Frederico Gustavo Rodrigues FRANA (5)
1 Aluna do curso de Ecologia UFPB; 2 Aluno do curso de Ecologia UFPB; 3 Aluno do
curso de Ecologia UFPB; 4- Aluna do curso de Ecologia; 5- Professor Titular da UFPB
*e-mail: claudileide_santos@hotmail.com

As populaes indgenas so deste seu surgimento uma das mais conviventes com a natureza
e seus recursos, como a fauna e a flora. Cercados de tradies e conhecimentos antigos,
muitos vm na fauna um elemento de grande importncia para sua sobrevivncia. Muitos
destes animais como as serpentes, tende a causar medo, admirao ou repulsa at mesmo para
indgenas. O objetivo deste trabalho foi observar como a populao indgena da Aldeia do
Forte e do Galego localizada na Baia da Traio, Litoral Norte da Paraba vm as serpentes e
quais usos eles atribuem as mesmas. Foram realizados 35 questionrios no perodo de
novembro de 2012 maio de 2013. Os entrevistados tinham de 16 98 anos de idade. As
entrevistas eram gravadas e assinadas o TCLE (Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido). As serpentes so bastante visualizadas por estas comunidades, a maioria
optando por matar a serpente (n=20). Os locais de maior encontro com serpentes foram dentro
de casa (n=9), beira do rio (n=6), beira da barreira (n=7) citaes. Um total de 20 dos
entrevistados considera as serpentes perigosas, citando a cascavel e coral como as mais
perigosas. A maioria deu alguma utilidade s serpentes, afirmando as mesmas serem teis
para uso alimentar, artesanal e medicinal. As partes teis segundo eles so couro (artesanato),
carne (alimentar) chucalho (uso medicinal) banha (uso medicinal), veneno (produo
de soro). Porm ningum afirmou utilizar serpentes para fins medicinais. Apenas cinco
entrevistados afirmaram que j se alimentaram de serpentes, todos afirmando serem
salamanta. Diversas entrevistados atriburam as serpentes qualidades para o meio ambiente,
sendo a principal associada ao controle de insetos, mas tambm foram aferidas algumas
qualidades ao valor de existncia das serpentes, afirmando que s o fato da existncia de uma
serpente justifica sua importncia. A pesar de possurem conhecimentos sobre usos de
serpentes, o contato com outras populaes ao longo do tempo e at mesmo o acesso mais
fcil a hospitais e centros de sade, pode ter feito com qu os usos tradicionais de serpentes
para fins medicinais, tenham se tornado em desuso atualmente.

Palavras-chave: etnoherpetologia. indgenas. zooterpico

123

INVENTRIO BIOLGICO DA FAUNA NA REA DO PARQUE MUNICIPAL DE


PAULO AFONSO-BA
Carlos Alberto Batista SANTOS (1);Wbaneide Martins de ANDRADE(2); Jos Severino
BENTO(3).
1 - Bilogo. Professor Assistente da UNEB/DTCS Campus III. 2 - Biloga. Professora da
UNEB/DEDC Campus VIII(2). 3 - Bilogo. Professor IF/PECampus Recife. 1,2,3 PPGETNO-UFRPE.
*e-mail: cacobatista@yahoo.com.br

A reduo da vegetao e da fauna do bioma Caatinga, determinada pelos processos


degenerativos resultantes da atividade humana, no apresentam boas perspectivas para a
conservao, visto que a perda da diversidade biolgica gera reduo na capacidade de
adaptao das espcies s mudanas ambientais, aumentando as possibilidades de extino. O
conhecimento da situao de uma rea degradada fundamental para a elaborao do
diagnstico e planejamento de projetos que busquem a transformao desta realidade. A
preservao e o manejo dos fragmentos florestais, apesar destes poderem conter as ltimas
espcies, populaes, comunidades e ecossistemas naturais, ainda enfocado de forma
secundria no Brasil. Com isto, pode-se estar menosprezando a importncia das pequenas
reservas, normalmente pouco amparadas pelas polticas conservacionistas. Da mesma forma,
ainda pouco estudadas, no que se refere estrutura, sendo, porm, de grande importncia
esses dados para o planejamento da recuperao e manejo dessas reas. Durante os meses de
janeiro a maio de 2012, foi realizado o levantamento dos vertebrados na rea destinada ao
Parque Municipal de Paulo Afonso/BA. Utilizou-secomo metodologia a busca ativa e
armadilhas de queda. De modo a abranger a maior heterogeneidade ambiental possvel, a rea
foi dividida em dois pontos de coleta:borda e regio central, as armadilhas de queda foram
vistoriadas duas vezes por dia, ao amanhecer e ao entardecer e os vertebrados encontrados nas
armadilhas coletados para posterior triagem e identificao, efetuada com auxilio de
bibliografia especializada centrada nas descries e revises taxonmicas do grupo. Os
exemplares encontram-se depositados no Laboratrio de Zoologia da Universidade do Estado
da Bahia Campus VIII. Foram registrados 40 indivduos, sendo 34 capturados e 06 atravs de
registro visual. Foram registrados30 anfbios, 04 repteis e 06 aves. Os anfbios pertencem s
espcies Rhinella granulosa, Pleurodemadiplorister, Leptodactylustroglodytes. A espcie
Ameivaameiva foi a nica representante dos rpteis. Na classa aves foram identificadas as
espcies Fluvicola negentae, Quiraquira, Crotophogaani, Pitangussubphuratus,
Coragypsatratus e Passerdomesticus. Este levantamento contribui para o conhecimento e
conservao da biodiversidade local gerando subsdios para a elaborao de planos de
conservao e manejo do Parque Municipal de Paulo Afonso.

Palavras-chaves: Vertebrados terrestres. Remanescentes de Caatinga. Conservao.


124

OS SABERES TRADICIONAIS GUARANI/KAIOWA DAS LAGARTAS DO


COQUEIRO E DA BANANEIRA (COLEOPTERA E LEPIDOPTERA),
INTEGRADOS A EDUCAO DIFERENCIADA
Ana Cristina de Souza VARGAS(1)* & Luiz Carlos dos SANTOS-JUNIOR(1)
1- Universidade Federal da Grande Dourados
*e-mail: ana-kristina2010@hotmail.com

Os insetos apresentam notria importncia em processos ecolgicos, desempenhando papis


ecolgicos significativos. As comunidades indgenas representam uma fonte rica em
conhecimento destes processos biolgicos por estarem em constante contato com a flora e
fauna local, apresentando experincias rotineiras bem diferentes das comunidades urbanas.
No entanto, quando fala-se de uma educao diferenciada, surge a necessidade de inserir estes
conhecimentos no currculo das escolas indgenas. Desta forma surge a necessidade de uma
educao diferenciada, garantida na Constituio de 1988. Alm da LDB, de 1996, e da
Resoluo 3/99 do CNE, a educao indgena est contemplada no Plano Nacional de
Educao e no projeto de lei de reviso do Estatuto do ndio, ambos em tramitao
no Congresso Nacional com o objetivo de proporcionar um currculo diferenciado para as
escolas indgenas. Este trabalho teve como objetivo relatar os conhecimentos tradicionais
acerca das larvas do coqueiro e da bananeira na tradio Guarani/Kaiowa com o intuito de
subsidiar informaes a serem inseridas no currculo das escolas indgenas. As coletas de
dados foram realizadas atravs de entrevistas com os mestres tradicionais. Os relatos da
biologia (comportamento, habitat etc.) destes insetos foram utilizados para sua identificao o
qual foram organizados e classificados no maior nvel taxonmico possvel. Segundo os
relatos, estes insetos so facilmente encontrados em sua fase jovem alimentando-se das folhas
de coqueiros e bananeiras. Animais estes pertencentes s ordens: Lepidoptera e Coleoptera. O
conhecimento tradicional mais relatado o das mulheres grvidas, em que estas no podem
ter contato direto com as lagartas, pois pode prejudicar o desenvolvimento da criana. Os
perodos em que as mulheres no podem se aproximar destes animais, coincidem com o
perodo reprodutivo destes insetos, aumentando a quantidade de lagartas encontradas nas
plantas. clara a classificao e biologia dos insetos pelos indgenas atravs dos
conhecimentos tradicionais. Podemos concluir, no entanto, que dentro da tradio
Guarani/Kaiowa, existem conhecimentos importantes correlatos aos conhecimentos ocidentais
Estes conhecimentos podem ser transmitidos de tal forma que possam ser usados na educao
diferenciada dos currculos das escolas indgenas, vinculando o saber tradicional com o saber
ocidental, facilitando assim o aprendizado das crianas indgenas e conseqentemente
valorizando a tradio Guarani/Kaiowa.

Palavras chave: Insetos, Tradio Indgena, Ensino.

125

TURISMO INTERATIVO COM FAUNA SILVESTRE EM UNIDADES DE


CONSERVAO NO BAIXO RIO NEGRO, AM
Marcelo Derzi VIDAL (1)*; Priscila Maria da Costa SANTOS (2); Lilian Figueiredo
RODRIGUES (3).
1 - Centro Nacional de Pesquisa e Conservao da Socio-biodiversidade Associada a Povos e
Comunidades Tradicionais - CNPT/ICMBio; 2 - Parque Nacional de Anavilhanas/ICMBio; 3
- Sem vnculo institucional.
*e-mail: marcelo.derzi.vidal@gmail.com
O turismo em Unidades de Conservao (UCs) tem o potencial de criar benefcios sociais e
contribuir para a conservao do meio ambiente. No entanto, atividades de lazer e turismo em
UCs podem constituir graves problemas para a gesto destas reas protegidas, j que, em
algumas delas, so feitas de maneira desordenada, sem nenhum planejamento ou
monitoramento, sendo admitidas como fator de ameaa a muitas espcies. O objetivo deste
trabalho foi identificar as espcies da fauna silvestre utilizadas em atividades tursticas
oferecidas por empreendimentos situados em quatro UCs no Baixo Rio Negro-AM, e os
impactos positivos e negativos deste modelo de turismo. Dos sete empreendimentos visitados,
um situava-se no interior do PARNA de Anavilhanas, UC de proteo integral federal, e seis
situavam-se em UCs de uso sustentvel estaduais: APA da Margem Direita do Rio Negro setor Padauari/Solimes, RDS do Rio Negro e APA da Margem Esquerda do Rio Negro setor Tarum-a/Tarum-mirim. Desses ltimos empreendimentos, dois eram grandes hotis
de selva. Foram identificadas nove espcies utilizadas no turismo interativo: boto-vermelho
(Inia geoffrensis), macaco-barrigudo (Lagothrix lagotricha), macaco-de-cheiro (Saimiri
sciureus), macaco-uacari (Cacajao calvus), preguia-bentinho (Bradypus tridactylus), araravermelha (Ara chloropterus), arara-canind (Ara ararauna), jacar-tinga (Caiman crocodilus)
e pirarucu (Arapaima gigas). A preguia-bentinho, as araras e o pirarucu eram mantidos em
cativeiro. J os demais animais estavam livres na natureza, mas, eram mantidos nas
proximidades dos empreendimentos por meio da oferta diria de alimentos, ou, no caso dos
jacars, capturados temporariamente para que os turistas pudessem tocar e fotografar. As
interaes animais-turistas tm ocasionado mudanas comportamentais nos animais,
ferimentos nos turistas e oferecimento de alimentos inadequados. Atualmente, somente o
turismo com boto-vermelho vem sendo ordenado e monitorado por meio de aes do ICMBio
e parceiros. As demais interaes entre turistas e animais silvestres no apresentam quaisquer
projetos ou atividades que promovam o bem-estar dos animais, a melhoria dos servios
prestados e a segurana dos turistas, impondo assim urgncia de ordenamento e
monitoramento. Apesar dos pontos negativos, o turismo interativo com fauna contribui para
gerao de renda local, interesse dos turistas na conservao das espcies e oportunidades de
pesquisas.
Palavras-chave: Amaznia. Uso pblico. Ceva. Botos. Macacos.

126

Trabalhos
Ouricuri

serem

publicados

na

Revista

1. PERCEPO ECOLGICA DA COMUNIDADE DE TUCUNS, CRATES-CE,


SOBRE A RESERVA NATURAL SERRA DAS ALMAS E ASSOCIAO
CAATINGA
ECOLOGICAL PERCEPTION OF THE COMMUNITY OF TUCUNS, CRATES-CE,
ABOUT THE NATURAL RESERVE SERRA DAS ALMAS AND ASSOCIAO
CAATINGA
David Dias MACHADO;
Licenciando do Curso de Cincias Biolgicas da Faculdade de Educao de Crates FAEC,
Universidade Estadual do Cear UECE.

2. SERPENTES: COSTUMES, SABERES E CRENAS, NA PRAIA DE BARRA DE


GRAMAME, LITORAL SUL DA PARAIBA.
Claudileide Pereira dos SANTOS, Ivan Lvio Rocha SAMPAIO e Frederico Gustavo
RODRIGUES FRANA
Estudante de Graduao. Universidade Federal da Paraba, Rio Tinto, PB. contato:
98039334. claudileide_santos@hotmail.com. Data de envio: 30 de Julho de 2013. Pesquisa
Financiada pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica,PIBIC.
Estudante de Graduao
ivanliviors@gmail.com

.Universidade

Federal

da

Paraba,

Rio

Tinto,

PB.

Docente da Universidade Federal da Paraba, Departamento de Engenharia e Meio Ambiente,


Rio Tinto, PB.fredericogfr@gmail.com

3. CONHECIMENTO E USO DA FLORA PELOS MORADORES


ASSENTAMENTO SO JUDAS TADEU, PORTO DA FOLHA, SERGIPE

DO

Bruno Antonio Lemos de FREITAS; Dbora Moreira de OLIVEIRA; Diogo Gallo de


OLIVEIRA; Laura Jane GOMES4

127

Graduando em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Sergipe, So Cristovo, SE;


(Email: brunoalf@hotmail.com Data de envio: 14 de Junho de 2013);
Tecnloga em Saneamento Ambiental; Biloga; Mestre em Desenvolvimento e Meio
Ambiente, Universidade Federal de Sergipe, So Cristovo, SE;
Engenheiro Florestal; Mestre em Ecologia e Conservao, Universidade Federal de Sergipe,
So Cristovo, SE;
4 Profa. Dra. do Departamento de Cincias Florestais, Universidade Federal de Sergipe, So
Cristovo, SE;

4. ETNOGEODIVERSIDADE EM COMUNIDADE TRADICIONAL DA BARRA DO


RIO MAMANGUAPE, MUNICPIO DE RIO TINTO, PARABA, BRASIL.
ETHNOGEODIVERSITY
THE
COMMUNITY
MAMANGUAPE, RIO TINTO, PARABA, BRAZIL.
PERAZZO1, Ana Raquel Fernandes;
CAVALCANTE3, Marcio Balbino

MENESES2,

OF

BARRA

Leonardo

DO

Figueiredo

RIO

de;

Graduada em Bacharelado em Ecologia UFPB. Rua da Mangueira, s/n, centro, Rio Tinto
PB CEP 58297-000.Telefone:(083) 88315002. Fax: 3291-1528/32911805. Email:
aninhaperazzo@hotmail.com
2

Professor do Curso de Ecologia UFPB. Chefe de Departamento de Engenharia e Meio


Ambiente UFPB. Departamento de Engenharia e Meio Ambiente Campus IV- Rio Tinto,PB
3

Professor do curso de Geografia UEPB. Departamento de Geografia Campus IIIGuarabira, PB.

5. QUAL A RELAO ENTRE ETNOZOOLOGIA E TERRITRIO?


WHAT IS THE
TERRITORY?

RELATIONSHIP

BETWEEN

ETHNOZOOLOGY

AND

Marcia Freire PINTO1, Joo Lus Joventino NASCIMENTO2, Rmulo Romeu da Nbrega
ALVES3 e Antnio Jeovah de Andrade MEIRELES4
1

Doutoranda em Etnobiologia e Conservao da Natureza, PPGEtno, Universidade Federal


Rural de Pernambuco, Recife, PE, Brasil. (85) 88260549, marcia_freirep@yahoo.com.br.
Data de envio: 30/06/2013
2

Mestrando em Educao, PPGE, Universidade Federal do Cear, Fortaleza, CE, Brasil.


128

Professor Doutor do Departamento de Biologia, Universidade Estadual da Paraba, Campina


Grande, PB, Brasil.
4

Professor Doutor do Departamento de Geografia, Universidade Federal do Cear, Fortaleza,


CE, Brasil.

6. ETNOECOLOGIA E RETOMADA DE TERRITRIOS TRADICIONAIS


VAZANTEIROS NO MDIO RIO SO FRANCISCO, NORTE DE MINAS GERAIS
Reinaldo DUQUE-BRASIL1; Gustavo Taboada SOLDATI2; Luana Santos DAYRELL3; Ana
Ceclia Romano de MELLO4; France Maria Gontijo COELHO5; Carlos Ernesto Gonalves
Reynaud SCHAEFER
1

Doutor em Botnica e Professor da UFJF/Campus Governador Valadares Av. Dr.


Raimundo Monteiro de Rezende, 330 Governador Valadares, MG, Brasil CEP 35.010-173
Email: reinaldo.duque@ufjf.edu.br
2

Doutor em Botnica/UFRPE

Engenheira Agrnoma/UFV

Biloga/UFV

Doutora em Sociologia e Professora do Departamento de Economia Rural/UFV

PhD. em Cincias do Solo e Professor do Departamento de Solos/UFV

7. REPRESENTAES DOS GESTORES E TCNICOS SOBRE O JARDIM


BOTNICO DO RECIFE
Waldnia Janine Ferreira SILVA1 ; Jos Severino BENTO 2.
1

Graduanda em Tecnologia em Gesto Ambiental, Instituto Federal de Pernambuco IFPE,


Campus Recife;
2

Mestre em Biologia, Professor do Instituto Federal de Pernambuco/IFPE. (81) 9502-5657,


jb_bento@hotmail.com

129

Trabalhos
BIOFAR

serem

publicados

na

Revista

1. PERCEPO DE ALUNOS DA ZONA RURAL DE CRATES-CE SOBRE O


TEMA MEIO AMBIENTE
Gilson Miranda do NASCIMENTO1, David Dias MACHADO2, Marcelo Campelo
DANTAS3.
1

Graduado em Cincias Biolgicas pela Universidade Estadual do Cear. Crates - CE.


Brasil. e-mail: gilson@acaatinga.org.br.
2

Licenciando em Cincias Biolgicas pela Universidade Estadual do Cear (UECE). CratesCE. Brasil. e-mail: david.dias@aluno.uece.br.
3

Professor Assistente da Universidade Estadual do Cear (UECE). Mestre em Bioqumica


Vegetal pela Universidade Federal do Cear.Fortaleza - CE. Brasil. e-mail:
campelodantas@hotmail.com.

2. EFEITO ANTIFNGICO E ATIVIDADE MODULADORA DE LYGODIUM


VENUSTUM SW.
Maria Flaviana Bezerra MORAIS-BRAGA1, Dbora Lima SALES2, Joara Nlyda Pereira
CARNEIRO3, Olga Paiva OLIVEIRA4, Rosimeire Sabino ALBUQUERQUE5, Dara Isabel
Vieira de BRITO6, Fernando Gomes FIGUEREDO7, Nadghia Figueiredo LEITE8, Saulo
Relison TINTINO9, Henrique Douglas Melo COUTINHO10
1

Professora Mestra da Universidade Regional do Cariri, Departamento de Cincias


Biolgicas, URCA. Crato CE, Brasil. Doutoranda em Etnobiologia e Conservao da
Natureza, UFRPE/URCA/UEPB. E-mail: flavianamoraisb@yahoo.com.br
2

Mestra em Bioprospeo Molecular, Departamento de Qumica Biolgica, URCA. Crato


CE, Brasil. Doutoranda em Etnobiologia e Conservao da Natureza, UFRPE/URCA/UEPB.
E-mail: debora.lima.sales@gmail.com
3

Graduanda em Cincias Biolgicas Licenciatura, Departamento de Cincias Biolgicas,


URCA. Crato CE, Brasil. E-mail: nalyda_05@hotmail.com
4

Mestra em Bioprospeo Molecular, Departamento de Qumica Biolgica, URCA. Crato


CE, Brasil. E-mail: olgapaiva8@gmail.com
5

Graduanda em Cincias Biolgicas Licenciatura, Departamento de Cincias Biolgicas,


URCA. Crato CE, Brasil. E-mail: rosi_sabino87@hotmail.com
130

Mestranda em Bioprospeco Molecular, Departamento de Qumica Biolgica, URCA.


Crato CE, Brasil. E-mail: daraisabelvb@hotmail.com
7

Mestrando em Bioprospeco Molecular, Departamento de Qumica Biolgica, URCA.


Crato CE, Brasil. E-mail: fgfigueredo@gmail.com
8

Mestranda em Bioprospeco Molecular, Departamento de Qumica Biolgica, URCA.


Crato CE, Brasil. E-mail: nadghia.fl@gmail.com
9

Graduando em Cincias Biolgicas Bacharelado, Departamento de Cincias Biolgicas,


URCA. Crato CE, Brasil. E-mail: saulorelison@gmail.com
10

Professor Doutor da Universidade Regional do Cariri, Departamento de Qumica Biolgica,


URCA. Crato-CE, Brasil. E-mail: hdmcoutinho@gmail.com

131

CANTO DE CIRCUNSTNCIA
OU
QUASE CORDEL DE MEMRIA& GRATIDO

Bebi gua do Ipanema


Na Santana onde nasci
Me banhei no So Francisco
e nunca mais esqueci
das feiras e dos cordis
que ouvi, li, aprendi
nem dos ndios fulni
nem da lenda da ful
do maracuj. Nem dos circos,
dos ciganos, dos mistrios
132

encontrados no pavo
misterioso ou no boi que tal e qual
era encantado
nos sertes.
Tambm nunca me esqueci
do sol de brasa nos veres
nem dos vultos mal-assombrados
nos casares, nos sobrados
da Santana onde nasci
e onde aprendi a ler cactos
decorando abecedrios
de fins de mundo, bestas-feras
e outros bichos lendrios!

Deu-se ento que eu menino


de gua salobra e de pedras
fui jogado para a praia
em busca de outros janeiros
133

Dei de frente com jangadeiros


curraleiros e outros eiros
e sua cincia do mar
E aprendi o que ser peixe
vendo pescador pescar
E nunca mais desde ento
dei as costas para o mar

verdade que adentrei


em Mundas e Manguabas
em Maritubas e outras guas
sempre buscando o saber
dos anfbios que as habitavam.
Sempre a pescar pescadores
e a coletar negros dgua.

Hoje estou alfabetizado


nas letras do meu pas
134

nas guas do Rio Opara


e nos cantos guaranis
S me resta ver a aurora
do povo a quem tanto quero
da gente a quem tanto quis!

Dedico este Prmio de agora


a eles, os que me ensinaram
Cincia contando estrias.
A eles seja toda glria!
E a mim, apenas que eu seja
partcula da sua Histria!

Poema escrito em Penedo na manh do dia 28 de outubro de 2013 e declamado na noite do


mesmo dia, no Theatro Sete de Setembro, quando da outorga do Prmio de Mrito Cientfico
em Etnobiologia e Etnoecologia ao autor do poema Dr. Jos Geraldo Wanderley Marques

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