Língua Portuguesa
Língua Portuguesa
Língua Portuguesa
Lngua Portuguesa:
da oralidade escrita
Lngua Portuguesa:
da oralidade escrita
Lngua Portuguesa:
da oralidade escrita
2009
Sumrio
O processo comunicativo e seus elementos................... 13
Fatores que podem atrapalhar a comunicao............................................................... 14
Qualidades de um bom texto................................................................................................ 15
Funes da linguagem............................................................................................................. 17
Coeso........................................................................................... 37
A diferena entre frase, orao e perodo ........................................................................ 37
O que texto e textualidade.................................................................................................. 38
Mecanismos de coeso............................................................................................................ 39
Tipos de coeso.......................................................................................................................... 43
Coerncia..................................................................................... 49
Fatores de coerncia................................................................................................................. 49
Fatores de contextualizao................................................................................................... 52
A coerncia e as metarregras................................................................................................. 55
Relao entre coerncia e coeso........................................................................................ 55
Transcrio e retextualizao................................................ 59
Transcrio.................................................................................................................................... 59
Retextualizao........................................................................................................................... 63
Parfrase....................................................................................... 71
Tipos de parfrase...................................................................................................................... 72
Tcnicas de parfrase................................................................................................................ 72
Pargrafo-padro...................................................................... 81
Conceito de pargrafo.............................................................................................................. 82
Estrutura do pargrafo............................................................................................................. 82
Resumo......................................................................................... 91
Tipos de resumo......................................................................................................................... 91
Estrutura do resumo.................................................................................................................. 95
Tcnicas de resumo................................................................................................................... 96
Resenha crtica.........................................................................101
Tcnicas para produo da resenha..................................................................................101
Correspondncias oficiais....................................................111
Ata: um documento de valor jurdico...............................................................................111
Atestado: conceito e modelo...............................................................................................113
Conceito de carta comercial.................................................................................................114
Circular.........................................................................................................................................115
Conceito de comunicao....................................................................................................115
Declarao: conceito e modelo...........................................................................................116
Memorando................................................................................................................................117
Conceito de procurao.........................................................................................................117
Concordncia verbal..............................................................123
Concordncia verbal: conceito e casos............................................................................123
Concordncia nominal..........................................................133
Ocorrncias de concordncia nominal.............................................................................133
Casos de concordncia nominal.........................................................................................134
Emprego da crase
e dos pronomes demonstrativos.......................................163
Casos de uso da crase.............................................................................................................163
Dicas para reconhecer casos de emprego da crase.....................................................166
Emprego dos pronomes demonstrativos ......................................................................167
Gabarito......................................................................................173
Referncias.................................................................................189
Apresentao
A necessidade de se comunicar existe desde os primrdios da humanidade e
hoje, fundamental para o crescimento e as conquistas do ser humano. Usamos a linguagem diariamente para as mais diversas funes, precisamos saber nos expressar
para fazer compras, trabalhar, estudar, emitir opinies, necessidades e sentimentos.
Mas como se comunicar? A comunicao s existe quando a mensagem
que estamos tentando passar consegue ser compreendida pelo outro, seja por
meio da fala ou da escrita. O objetivo deste livro conhecer as melhores formas
de emitir informaes de modo que os nossos interlocutores a compreendam.
No primeiro captulo veremos como se d o processo comunicativo e os
vrios elementos que o compe. Quais so os fatores que podem atrapalhar a
comunicao, como produzir um bom texto e as funes de linguagem.
No captulo dois ser abordada a variao lingustica e os vrios nveis de linguagem, evidenciando a diferena entre a linguagem oral e escrita. Outra questo
que ser abordada a variao lingustica que a variao que acontece numa mesma
lngua, devido principalmente aos aspectos socioeconmicos e geogrficos.
Nos captulos trs e quatro sero abordados os temas Coeso e Coerncia, respectivamente, que so mecanismos usados para garantir ao interlocutor a
compreenso do que se l ou escuta, no s entre os elementos que compem a
orao, como tambm entre a sequncia de oraes dentro do texto.
Mais frente, no quinto captulo, ser abordada a diferena entre a Transcrio e a Retextualizao. Ambas fazem a passagem do texto oral para o escrito,
enquanto a primeira mantm as caractersticas, inadequaes gramaticais e semnticas do texto oral; a segunda faz uma regularizao lingustica.
No captulo seis e sete os temas abordados sero a Parfrase e Pargrafo-padro. Parafrasear o processo de transmitir a mensagem dita por um falante com
outras palavras. E o pargrafo-padro aquele que tem uma ideia como ncleo e a
apresenta, desenvolve e conclui, ou seja, inicia e encerra uma mensagem.
Nos prximos dois captulos veremos as diferenas entre resumo e resenha crtica. O resumo o ato de sintetizar situaes ou falas para repassar a outras
pessoas. J resenhar significa fazer uma relao das propriedades de um objeto,
enumerar aspectos relevantes e omitir sua opinio sobre ele. O objeto resenhado
pode ser um acontecimento qualquer, um texto, um cd, um livro, entre outros.
No captulo 10 sero trabalhadas as correspondncias oficiais. Trabalharemos os modelos considerados mais importantes e mais usados, mostrando a
estrutura de cada um deles, pois em todos os setores de nossa vida, precisamos
saber elaborar alguns desses documentos.
Ex.: Pedro no tem computador. Por isso, ele pediu que Joo escrevesse um e-mail para Maria, em seu nome, para dizer que a ama.
Maria leu o e-mail.
Ex.: Pedro no tem computador. Por isso, ele pediu que Joo escrevesse um e-mail para Maria, em seu nome, para dizer que a ama.
No caso acima, Joo o emissor, uma vez que ele est passando a
mensagem.
Mensagem: a ideia que se quer transmitir.
Ex.: Pedro no tem computador. Por isso, ele pediu que Joo escrevesse um e-mail para Maria, em seu nome, para dizer que a ama.
Ex.: Pedro no tem computador. Por isso, ele pediu que Joo escrevesse
um e-mail para Maria, em seu nome, para dizer que a ama.
Ex.: Pedro no tem computador. Por isso, ele pediu que Joo escrevesse
um e-mail para Maria, em seu nome, para dizer que a ama.
No caso acima, o cdigo verbal, tendo em vista que a mensagem foi escrita.
deve ocorrer porque existem fatores que atrapalham a comunicao, como colocam Martins e Zilberknop (2004, p. 31):
rudo qualquer interveno que atrapalhe a transmisso de uma mensagem.
emenda de vogais na sequncia frasal, se escolhermos palavras que terminam e comeam com a mesma vogal, damos um tom deselegante ao texto.
repetio de palavras usar o mesmo termo no texto, sem substitu-lo, demonstra falta de vocabulrio.
Ex.: Maria uma boa aluna. Maria estuda todos os dias um pouco de cada
contedo. Maria bem-conceituada com os professores e Maria ter, certamente, um futuro brilhante.
Ex.: Eu disse que gostaria que ela pedisse seu presente logo e que isso iria
facilitar a vida dele.
16
Funes da linguagem
No processo comunicativo, utilizamos a nossa linguagem com funes predeterminadas. Ningum conversa sem ter um objetivo; ns queremos que um
dos seis elementos da comunicao seja evidenciado na nossa fala. Por isso,
temos seis funes da linguagem. De acordo com Martins e Zilberknop (2004,
p. 35-36), so elas:
Quando est bem no alto do cu, a luz refletida pela Lua conserva a cor original, que o branco. Isso porque o ar mais rarefeito em altitudes elevadas,
fazendo com que a perda das tonalidades luminosas verde, azul e violeta seja
pequena.
No texto anterior, Lua um satlite natural da Terra. No tem nenhum sentido
figurado, apenas o sentido denotativo.
Confisso
Eduardo Lages/Paulo Srgio Valle
O termo al tenta iniciar uma conversa, por isso ela testa o canal (neste caso,
rdio ou telefone) em que se d o processo comunicativo.
Funo metalingustica
a lngua falando da prpria lngua. Serve para transmitir ao receptor reflexes sobre a lngua.
Funo potica
Centra-se na mensagem. Predomina a conotao e o subjetivismo.
Amar
Carlos Drummond de Andrade
Atividades
1. Pedro mandou um bilhete para Maria dizendo que quer sair com ela. Joana
recebeu o bilhete e entregou-o para ela.
Fonte
Emissor
Canal
Cdigo
Mensagem
Receptor ou recebedor
Destinatrio
No quero dinheiro
Tim Maia
21
e)
Ismlia
Alphonsus de Guimaraens
22
Dica de estudo
Um bom livro para ler :
BAGNO, Marcos. A Lngua de Eullia: novela sociolingustica. So Paulo: Contexto, 1997.
Esse livro trata da variao lingustica, mas importante ver como as funes
da linguagem esto em diferentes partes do texto. Os personagens, no desenrolar da trama, utilizam a lngua para diferentes objetivos. Vale a pena conferir!
Autoavaliao
1. Identifique, nas passagens abaixo, os elementos que prejudicam a qualidade
do texto:
a) Maria chamou Joana para sair. Ela a avistou na sada da escola e ficou feliz
de ter tido o timo insight de cham-la para sair.
b) Maria queria saias para meninas rosas.
c) Pedro, todos os dias, na sada da escola, como de costume, chama Maria
para conversar. Ela, muito feliz e apaixonada, escuta, diariamente, encantada, sua fala sem sentido, mas cheia, como todos sabem, de segundas
intenes.
d) Maria viu Pedro saindo com Joana quando ela tinha combinado o contrrio.
e) O pai de Pedro pediu ao menino para ele parar em casa e pegar os livros.
2. Identifique, nas situaes abaixo, os elementos do processo comunicativo.
a) Pedro pediu para Joana falar para Maria esper-lo no final do corredor.
b) Joo escreveu um e-mail para Maria dizendo que Pedro pedia que ela o
esperasse no final do corredor. Maria leu o e-mail.
c) Joo escreveu um e-mail para Maria dizendo que Pedro pedia que ela o
esperasse no final do corredor. Joana leu o e-mail e falou para Maria.
23
Variao lingustica
e os nveis de linguagem
impressionante como a lngua escrita assumiu um papel importante
e com carter oficial na sociedade moderna. Quase no h mais avaliaes
orais, nem nas escolas, nem em concursos pblicos. Sempre que necessrio selecionar algum, ainda que se faa entrevista, o peso maior fica por
conta da produo escrita.
Parece que o homem esqueceu que a lngua oral mais antiga e universal. Primeiro o homem falou, nos primrdios da civilizao, depois escreveu. O mesmo acontece com as crianas: primeiro elas pronunciam palavras para depois transform-las em texto. Tambm sabemos que existem
muitos povos que s tem a comunicao oral e nenhum registro escrito.
Existe, na Lingustica1, um princpio que se chama prioridade da lngua oral
sobre a escrita, que defende exatamente tudo isso.
Acreditamos, porm, que no questo de uma ser mais importante
do que outra, mas de igual valorizao para os dois tipos de comunicao verbal. Tanto a fala quanto a escrita tm papis relevantes em nossas
vidas. Em certas ocasies, a comunicao oral mais valorizada, como, por
exemplo, nas nossas situaes dirias. Ningum escreve uma carta para
pedir caf para a me. Em outros casos ocorre justamente o contrrio; por
causa da grande quantidade de e-mails, MSN, Orkut e assim por diante,
escrever tornou-se necessrio para a vida moderna. O que importa aqui
dominar ambas (oral e escrita) e saber us-las nos momentos adequados.
A Lingustica definiu-se, com bastante sucesso entre as Cincias Humanas, como o estudo cientfico que visa a descrever ou a explicar
a linguagem verbal humana (ORLANDI, 1999).
Lngua oral
A lngua oral tem as seguintes caractersticas abaixo.
Lngua no-padro: quando conversamos, o registro de linguagem no-padro, ou seja, aquele que no est de acordo com as normas gramaticais.
Ex.: Maria ficou com uma colocao feita por Joana e fez um sinal para
Pedro, dizendo que ela estava louca.
Ex.: Maria e Pedro conversam sobre a escola. Neste momento, passa Joana
com uma roupa espalhafatosa. A amiga de Pedro faz um comentrio sobre
aquela cena.
Lngua escrita
J a comunicao escrita tem as caractersticas a seguir.
Lngua padro: o registro escrito no admite o uso de lngua no-padro.
Quando escrevemos devemos usar a lngua de acordo com as normas gramaticais, uma vez que fica no papel o nosso texto.
Adequao do texto ao leitor: o leitor no tem como interagir com o escritor, por isso deve haver um direcionamento do que se escreve para quem
se l. Isso diz respeito no somente ao assunto, mas tambm adequao
da linguagem. Se isso no for observado, corremos o risco de no nos comunicarmos por meio do texto produzido.
Ex.: Se o livro for direcionado a professores, usar assuntos de cunho pedaggico e linguagem tcnica referente ao sistema educacional.
O termo lngua materna, neste texto, refere-se Lngua Portuguesa e uma expresso usada na Lingustica.
27
Em todo o Brasil, o doce brigadeiro recebe esse nome, porm, no Rio Grande do Sul, ele chamado de negrinho.
Aspectos socioeconmicos: o acesso cultura e ao estudo tambm influencia na forma da lngua. Pessoas que leem costumam estruturar as sentenas de modo mais prximo lngua padro e ter um nmero maior de
palavras no vocabulrio. Isso no significa que a linguagem de pessoas
menos cultas pior, ela s diferente, uma vez que atende as necessidades especficas do falante.
Castelo de madeira
A Famlia
Adoleta
Kelly Key
V se me obedece,
tem que respeitar,
voc gatinho mais assim no d.
Quero atitude, quero ateno
tem que dar valor ao que tu tem na mo.
Codinome beija-flor
Cazuza
Qual ?
Marcelo D2
Os nveis de linguagem
Como vimos at agora, a lngua muda por diversos motivos. Sendo assim, ela
assume diferentes nveis de linguagem. Segundo Martins e Zilberknop (2004, p.
37-38), so estes os registros que temos:
lngua culta o nvel que respeita as normas gramaticais.
lngua coloquial o nvel de linguagem em que ocorrem erros normativos gramaticais aceitveis para o falante nativo.
30
lngua vulgar ou inculta o nvel em que ocorrem grandes desvios gramaticais, no aceitveis para o falante nativo de determinadas estratificaes
sociais.
Ex.: [...] entrementes seria de bom alvitre saber o momento em que as digladiantes ficaram pvidas, se o foi no dealbar da titnia ornamentada de
rosicleres ou se foi no obumbrar vespertino, com ou sem arrimos oculares
ou percepes alheias. [...] (FLRES; SILVA, 2005).
Cabe ressaltar que nenhum desses nveis esto errados, basta que eles sejam
usados na comunidade lingustica3 adequada. O importante no julgar o registro usado pelo falante, mas perceber se ele est sendo usado com o grupo que
compreende o nvel. Tudo que foi visto at aqui serve para mostrar como a nossa
lngua est organizada, pois somente assim o leitor entender o que necessrio para que elaboremos textos comunicativos.
A expresso comunidade lingustica refere-se a um grupo de pessoas que utilizam o mesmo cdigo.
31
Movimento de autoria
Em textos cientficos, desde a escola, temos a tendncia de copiarmos literalmente os autores. E por que fazemos isso? Porque temos medo de elaborar um
texto prprio, sempre achamos que muito melhor o texto dos outros, principalmente quando eles so autores consagrados.
Atividades
1. D exemplos de cada um dos nveis de linguagem.
32
Dicas de estudo
O contedo dessa aula pode ser visto no filme Cidade de Deus (direo de
Fernando Meirelles Brasil, 2002 Lumire/Miramax Films) porque ele mostra
a linguagem de um grupo social especfico, com todas as suas construes gramaticais e grias.
FLORES, Onici Claro; SILVA, Rosara Rossetto da. Da Oralidade Escrita: uma busca
da mediao multicultural e plurilingustica. Canoas: Editora da Ulbra, 2005.
O livro acima trata das relaes entre fala e escrita. Tem boa parte do contedo trabalhado aqui com excelente explicao.
ORLANDI, Eni de Lourdes Puccinelli. O Que Lingustica. So Paulo: Brasiliense,
1999. (Coleo Primeiros Passos).
33
Autoavaliao
1. Diga que nvel de linguagem predomina nos textos abaixo:
a)
Canto alegretense
Antnio Fagundes/Bagre Fagundes
34
35
Coeso
A diferena entre frase, orao e perodo
Quando usamos a nossa lngua, produzimos textos compostos de
frases, oraes e perodos. Os falantes no sabem, porm, qual a diferena existente entre esses termos. Talvez seja interessante saber o que
cada um no texto.
Frase
Frase qualquer enunciado que tenha sentido. No h necessidade
de ter verbo, basta que comunique ao ouvinte.
Ex.: Adeus!
Parabns!
Frases exclamativas: o emissor exclama sobre algo ou alguma coisa, mostrando sua emotividade.
Frases imperativas: o emissor comunica uma ordem, desejo, pedido, splica, ou seja, usa o verbo no imperativo.
Orao
Quando ns temos um enunciado que comunica e tem um verbo, ento ns
temos uma orao. Toda orao uma frase, mas nem toda frase uma orao,
portanto tem que cuidar para no generalizar.
Ex.: Precisamos estudar para a prova!
Perodo
a frase constituda de orao ou oraes.
Perodo simples:
Ex.: Chega o amanhecer.
Perodo composto:
Ex.: Precisamos estudar para a prova porque ela estar difcil.
Qual a relao dos conceitos acima vistos com o texto? Ao elaborarmos um
texto, usamos frases, oraes e perodos. importante que se saiba como e
como funciona cada uma delas para que se obtenha um processo comunicativo
de qualidade. Vale lembrar tambm que h o perodo simples, que constitudo
de apenas uma orao.
Coeso
O termo texto abrange tanto textos orais como textos escritos, que tenham como extenso
mnima dois signos lingusticos1, um dos quais, porm, pode ser suprido pela situao, no caso
de textos de uma s palavra, como Socorro!, sendo sua extenso mxima indeterminada.
Sendo assim, podemos ver que qualquer sequncia lingustica coesiva e coerente um texto. Existem vrios fatores que fazem deste um texto e no uma
sequncia solta de palavras. Chamamos de textualidade o conjunto desses fatores. O foco deste captulo a coeso, que ajuda a formar um texto coesivo. Por
coeso entendemos as relaes entre as partes de um texto. Ela concreta, pois
os mecanismos aparecem no texto. Veja o exemplo a seguir:
Ex.: Maria amiga de Joana e Pedro. Maria estuda na Escola Estadual Conhecimento junto com Joana e Pedro. Maria estuda muito. Joana e Pedro no estudam muito. Maria passar para a srie seguinte. Joana e Pedro ainda no sabem
se passaro para a srie seguinte.
O exemplo acima mostra um texto sem os mecanismos de coeso. O falante nativo percebe que no h relao entre as partes do texto (nesse exemplo,
oraes. No entanto, quando se fala de partes, podemos entender como a ligao entre as oraes, pargrafos, captulos e outras). O texto est truncado, no
existe fluncia. Vamos usar alguns mecanismos coesivos para unir as partes.
Ex.: Maria amiga de Joana e Pedro. Eles estudam na Escola Estadual Conhecimento. A menina estuda muito, mas os colegas no. Sendo assim, a garota
passar para a srie seguinte, enquanto eles ainda no sabem se isso ocorrer.
Com o uso de substituies e articuladores o texto ficou mais fluente e
comunicativo.
Mecanismos de coeso
Referncia
Segundo Koch (2003, p. 19), so elementos de referncia os itens da lngua
que no podem ser interpretados semanticamente por si mesmos, mas remetem a outros itens do discurso necessrios sua interpretao.
Ex.: Maria ajuda a me com as tarefas domsticas. Ela muito prestativa e
suas atitudes a levaro longe.
1
Signo lingustico um conjunto de significado e significante. O significado o conceito e o significante a imagem acstica que esse conceito
produz. Ao falarmos casa, em nossa mente vir um desenho de casa, tendo em vista o conceito que temos dela.
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Substituio
Segundo Halliday e Hasan (1976), a substituio consiste na colocao de um
item em lugar de outro(s) elemento(s) do texto, podendo ser tambm a substituio de uma orao inteira.
Ex.: Maria ajuda a me com as tarefas de casa. Joana tambm.
No exemplo acima, a palavra tambm substituiu toda a orao anterior (ajuda
a me com as tarefas de casa). No podemos confundir referncia com substituio, pois aquela equivale semanticamente ao termo referido; esta substitui sem
necessidade de ser igual no significado, apenas pode equivaler.
Elipse
Segundo Koch (2003, p. 21), elipse seria, uma substituio por zero: omite-se
um item lexical, um sintagma, uma orao ou todo um enunciado facilmente
recuperveis pelo contexto.
Ex.: Maria pergunta para Pedro:
Tu conheces Joana?
Pedro responde.
Conheo.
Nesse caso, pelo contexto que entendemos a resposta de Pedro. Sem a pergunta, ficaria difcil saber sobre o que ele est falando. O verbo conhecer carrega
todo o sentido existente na pergunta de Maria.
Articuladores
So palavras que estabelecem relaes entre as partes do texto. Na Lngua
Portuguesa, as conjunes fazem o papel de articular o texto estabelecendo re40
Coeso
laes de sentido entre as oraes. Elas se dividem em conjuntivas e subordinativas. Segue um quadro para relembr-las:
Conjunes coordenativas
Tipo/sentido/
funo
Aditiva
Estabelece relao
de soma.
Conjunes
E, nem
Adversativa
Estabelece relao
de oposio, de
contraste.
Alternativa
Estabelece relao de
excluso, alternncia,
de escolha por um
ou por outro.
Conclusiva
Estabelece relao
de concluso do que
foi anteriormente
colocado.
Explicativa
Estabelece relao
de explicao para o
fato anteriormente
colocado.
Locues
conjuntivas
Exemplos
Maria estuda na
Escola Estadual
Conhecimento e
Pedro tambm.
No s Maria estuda
na Escola Conhecimento mas tambm
Pedro.
No entanto, no obstante
Por isso,
por conseguinte
41
Conjunes subordinativas
Tipo/sentido/
funo
Conjunes
Exemplos
Condicional
Estabelece relao de
condio.
Se, caso
Se Maria no
estudar, ela ir
mal na prova.
Causal
Estabelece relao de
causa.
J que Maria
foi mal na prova, ela pegar
exames.
Comparativa
Estabelece relao de
comparao.
Maria mais
estudiosa do
que Pedro.
Concessiva
Estabelece relao de
concesso, cedncia.
Embora, conquanto
Embora Maria
tenha estudado
para a prova,
ela foi mal.
Conformativa
Estabelece relao
de conformidade, de
acordo com algum.
De acordo com
Segundo a
professora de
Maria, ela
boa aluna.
Integrante
Estabelece relao de
substantivo.
Que, se
Final
Estabelece relao de
finalidade.
Maria estudar
mais para que
tenha uma nota
melhor na prxima avaliao.
Consecutiva
Estabelece relao de
consequncia.
Maria est to
triste com a
nota que no
quis passear.
proporo que,
medida que, ao passo
que, quanto mais
(menos)
medida que o
tempo passava,
Maria perdia a
concentrao
na prova.
Quando Maria
terminou a
prova, s havia
ela em sala de
aula.
Proporcional
Estabelece relao de
proporo.
Temporal
Estabelece relao de
tempo.
42
Locues
conjuntivas
Coeso
Coeso lexical
Segundo Koch (2003, p. 22), a coeso lexical obtida por meio de dois mecanismos: a reiterao e a colocao. O primeiro se faz por repetio do mesmo
item lexical ou por meio de sinnimos, hipernimos, nomes genricos. O segundo, por sua vez, consiste no uso de termos pertencentes a um mesmo campo
significativo.
Ex.: Maria ficou triste com Pedro porque ele no foi ao almoo em sua casa. Ela
no sabia que o garoto estava doente.
Como se pode ver, usamos palavras que remetam ao termo que referenciado.
Tipos de coeso
Temos, alm dos mecanismos, os tipos de coeso.
Coeso referencial
Segundo Koch (2003, p. 31), coeso referencial aquela em que um componente da superfcie do texto faz remisso a outro(s) elemento(s) nela presente(s)
ou inferveis a partir do universo textual.
Ex.: Maria conheceu Pedro na escola. Ela ficou muito feliz por ter conhecido o
colega. Ele uma pessoa muito legal e a garota ter momentos bons ao lado dele.
Nesse tipo de coeso, falamos apenas dos elementos que so ou sero mencionados no texto; em outras palavras, trata-se da ligao relativa s palavras
utilizadas na produo textual.
Coeso sequencial
Segundo Koch (2003, p. 53), a coeso sequencial diz respeito aos procedimentos lingusticos por meio dos quais se estabelecem, entre segmentos do
texto (enunciados, partes de enunciados, pargrafos e sequncias textuais), diversos tipos de relaes semnticas e/ou pragmticas, medida que faz o texto
progredir.
43
Ex.: Maria tem boas notas em todas as disciplinas porque estuda muito. Embora
tenha muitas atividades, ela sempre acha tempo para ler.
A coeso sequencial diz respeito s relaes estabelecidas entre as partes de
um texto. No exemplo acima, usamos as conjunes porque e embora para que
se tivesse o sentido de explicao e concesso.
Entender e aplicar adequadamente esses mecanismos ajudar para que as produes textuais tenham uma melhor qualidade comunicativa. Ainda que, como
falantes nativos, faamos isso naturalmente na fala, temos srios problemas na
escrita. Logo, de suma importncia a prtica consciente dos recursos coesivos.
Atividades
1. Localize, no texto abaixo, os articuladores usados para a coeso sequencial.
44
Coeso
Dicas de estudo
Uma boa dica ler, mensalmente, a revista Superinteressante. Ela trata de diversos assuntos de maneira clara e comunicativa. Os textos so, linguisticamente, muito bem escritos. uma boa forma para se interar de diferentes assuntos e
ainda analisar como deve ser uma produo textual bem escrita.
FVERO, Leonor. L.; KOCH, Ingedore Grunfeld Villaa. Lingustica Textual: introduo. So Paulo: Cortez, 1988.
Esse livro recomendado para alunos que queiram entender sobre a lingustica textual, na rea da Lingustica.
HALLIDAY, M. A. K.; HASAN, Rugaya. Cohesion in English. London: Logman, 1976.
o livro que embasou todos os estudos sobre coeso. Ainda que seja fcil de
se entender, preciso que o leitor domine a lngua inglesa.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaa. A Coeso Textual. 18. ed. So Paulo: Contexto,
2003.
Esse livro explica, com riqueza de detalhes e exemplos, todos os tpicos abordados neste captulo, exceto a primeira parte.
MESQUITA, Roberto Melo. Gramtica da Lngua Portuguesa. So Paulo: Saraiva, 1999.
a gramtica que trata da primeira parte deste captulo. Aborda as questes
da gramtica de forma simples e clara, alm de oferecer exerccios diversos.
45
Autoavaliao
1. Procure, no texto, as palavras que foram substitudas pelos termos em negrito.
46
Coeso
47
Coerncia
No convvio dirio com as pessoas, sempre falamos de atitudes coerentes. No difcil ouvir que fulano no foi coerente com os seus ideais ou que
o texto no est coerente. Cabe, ento, a pergunta: o que coerncia?
Muitas vezes, ouvimos um professor dizer que o cigarro faz mal para
a sade e, na hora do intervalo, ele vai para a sala dos professores fumar.
Tambm h mdicos que dizem para no comermos gorduras nem ingerirmos bebida alcolica e, quando encontrados em uma festa, esto l,
fazendo exatamente o contrrio do que disseram para fazermos. Existem
pessoas que dizem faam o que eu digo, mas no faam o que eu fao, indicando que, certamente, atitudes incoerentes sero vistas pelos outros.
As situaes acima mostram a incoerncia. Entre o que se diz e o que se
faz tem que haver uniformidade, a fim de que haja ligao entre postura
ideolgica e atos prticos. H uma grande dificuldade, por parte do falante nativo, de aceitar a incoerncia, uma vez que ele percebe o rompimento
existente entre o discurso e as aes.
Sendo assim, coerncia a relao entre as ideias do texto. abstrata,
embora os elementos coesivos ajudem no processo. Muitas vezes, na fala,
temos dificuldades de observ-la; na escrita, porm, ela mais perceptvel, como no exemplo a seguir.
Ex.: Maria vai ao mdico toda semana para consulta. Ela tem uma sade
tima.
pouco provvel que uma pessoa com sade tenha que ir ao mdico
semanalmente para se consultar. Logo, notamos que no h relao entre
as ideias apresentadas no perodo analisado.
Fatores de coerncia
Existem fatores que ajudam a dar coerncia ao texto. Segundo Koch
(2002), esses podem ser de ordem lingustica, discursiva, cognitiva, cultural e interacional. A seguir sero abordados alguns dos mais importantes.
Elementos lingusticos
Quando escrevemos um texto, temos que escolher campos semnticos e lexicais pertinentes ao assunto abordado. No podemos discorrer sobre carros,
por exemplo, e, no meio da produo ou no final, colocarmos palavras que se
relacionam produo textual. No todo textual, as palavras precisam estar relacionadas umas com as outras, respeitando uma ordem significativa.
Ex.: Pedro adora carros. Tudo que ele faz se direciona a esse hobby. Nos finais
de semana, ele escreve textos sobre economia.
Pedro adora carros. Tudo que ele faz se direciona a esse hobby. Nos fins-de-semana, ele senta e escreve textos sobre o automobilismo.
Se Pedro gosta de carros, certamente ele escrever sobre eles. claro que, por
se tratar de um hobby, ele poderia escrever sobre economia, rea em que atua,
mas, para que isso pudesse ser escrito, o autor teria que explicar. A mudana
drstica de carros para economia no pode ser feita se ela, de alguma forma, no
estiver mencionada no texto, com a finalidade de ser entendida pelo leitor.
Conhecimento de mundo
Esse conhecimento adquirido com o passar dos anos e com as vrias atividades e leituras que fazemos. por meio dele que podemos entender as entrelinhas
do texto. Tudo que vivenciamos colocado em blocos, em modelos cognitivos.
H vrios tipos de modelos, os mais conhecidos so, conforme Koch (2002):
frames conjuntos de conhecimentos guardados na memria sob um certo rtulo. No h, necessariamente, uma ordenao entre eles.
Ex.: Cozinha (panela, fogo, geladeira, forno eltrico, garfo, faca, colher);
Pscoa (Cristo, ovos de chocolate, coelhinho, domingo); carro (farol, banco
traseiro, motorista, pneu, motor, bateria, radiador).
Ex.: Rotinas que tenham uma sequncia, como horrio de estudo, rotina
de trabalho.
Coerncia
Todos esses modelos so acionados para que possamos compreender a mensagem de um texto. facilmente observvel em algumas situaes, como as citadas a seguir:
o falante que no viveu a ditadura militar e no estudou sobre ela tem dificuldades em compreender a mensagem transmitida nas letras de msica
daquela poca, como as canes Sem leno, sem documento; Apesar de
voc; Pra no dizer que no falei das flores; e outras tantas que foram
feitas tendo como tema a situao poltica.
charges que tratam de temas especficos como futebol, religio, poltica,
tambm no conseguem atingir o leitor que no est informado sobre os
fatos abordados. Uma das caractersticas da charge resumir em frase e
desenho uma situao atual muito ampla. necessrio que o leitor saiba
tudo sobre assuntos recentes para que aprecie esse tipo de texto.
o aspecto cultural tambm conta para a coerncia do texto. muito difcil
entender um texto relacionado aos aspectos culturais de um povo se no
conhecemos a cultura do pas.
Conhecimento compartilhado
Para que o leitor entenda as novas informaes, preciso que o autor d informaes velhas, ou seja, dados que o leitor j conhea para poder entender aqueles
que sero apresentados no texto. Quanto maior for o conhecimento comum entre
receptor e emissor, melhor se dar o processo comunicativo, uma vez que no
podemos ler um texto que contenha informaes completamente novas. A fim de
que possamos acessar modelos cognitivos, precisamos que toda informao velha
venha com uma nova. A metalingustica ajuda em muito nesse processo, uma vez
que usa palavras conhecidas da lngua para explicar termos desconhecidos.
Ex.: Ossama, significado igual ao de ossada.
51
Uma vez que o falante no sabe o que ossama, usou-se o seu sinnimo
ossada, termo j conhecido do falante, para explic-lo.
Inferncia
De acordo com Koch (2002, p. 79), inferncia a operao pela qual, utilizando
seu conhecimento de mundo, o receptor (leitor/ouvinte) de um texto estabelece
uma relao no-explcita entre dois elementos deste texto que ele busca compreender e interpretar [...]. Em outras palavras, inferir ler uma mensagem que
no est escrita no texto. Isso ns fazemos o tempo todo, tendo em vista que fica
muito difcil colocar explicitamente todas as nossas ideias no papel. Alm disso, o
texto muito explicado, que no exige um esforo de compreenso por parte do
recebedor, torna-se enfadonho. Vejamos os exemplos a seguir:
Ex.: Pedro parou de brigar.
Inferncias:
Fatores de contextualizao
Na lingustica textual, rea da Lingustica que trata do texto, h trs momentos
diferentes para estudo. De acordo com Bentes (2001, p. 247), so eles:
anlise transfrstica o texto estudado em nvel de frase;
construo de gramticas textuais o texto estudado pela competncia1
textual do falante;
1
Competncia: termo usado na Lingustica para descrever a capacidade que todo falante tem de produzir e entender frases em sua lngua materna.
Esse termo foi proposto por Noam Chomsky, linguista que revolucionou as teorias sobre a lngua.
52
Coerncia
Situacionalidade
O texto deve ser adequado situao em que ser dito ou lido. Para garantir
que ele ser entendido, devemos ter em mente a situao em que ser usado.
Em uma palestra, por exemplo, precisamos adequar no somente o contedo,
mas tambm o nvel de linguagem. No meio acadmico, dificilmente se aceita
uma palestra em um nvel que no seja o culto ou, pelo menos, um coloquial
mais elaborado. Tambm no se admite que o convidado tenha pautado sua fala
na Matemtica para uma plateia composta por pessoas da rea de Letras.
Informatividade
O texto ser mais informativo e, consequentemente, mais atraente, se tiver
um bom nmero de informaes novas, baseadas nas velhas. Como j foi dito
anteriormente, um texto com dados completamente inditos exigir para o receptor um grande esforo para que seja compreendido; sendo assim, ele ter
uma grande propenso a desistir de l-lo. O contrrio tambm prejudica a qualidade do texto, ou seja, uma produo feita somente com informaes velhas
levar o leitor a se desinteressar por ela, uma vez que no exigir esforo para
entendimento da mensagem. O bom texto aquele que tem uma boa dose de
informaes novas desenvolvidas por meio das velhas. Os prprios livros e captulos, como este, buscam explicar novos termos e teorias luz de dados j
conhecidos pelo leitor.
Focalizao
Um bom texto centra o foco em um assunto, aprofundando-o para que seja
melhor compreendido. Com a modernidade da informao, temos de forma
rpida e precisa acesso a um grande nmero de notcias e dados. Isso nos leva,
53
Intertextualidade
Muitos autores escrevem textos tendo como base um outro texto. A compreenso do primeiro est intimamente ligada leitura daquele que foi a fonte
ou o ponto de partida. Para quem no conhece os livros de Shakespeare, por
exemplo, no ir perceber que vrios autores tiveram obras clssicas desse autor
como base. Muitas novelas da televiso brasileira tm como ncleo central o
amor entre duas pessoas pertencentes a famlias inimigas. Esse o tema de
Romeu e Julieta. Tambm Othelo foi utilizado por Machado de Assis no livro Dom
Casmurro e, outra vez, o tema do livro usado em filmes e novelas, uma vez que
tratam de um cime doentio, sem razes aparentes para existir, alimentado por
um vilo. Letras de msica tambm fazem uso desse recurso. Caetano Veloso
tem uma msica intitulada Enquanto seu lobo no vem, numa clara referncia
musica que a personagem do conto Chapeuzinho Vermelho cantava enquanto
ia para a casa da av: vamos passear na floresta, enquanto seu Lobo no vem.
Renato Russo, na msica Monte Castelo, do grupo Legio Urbana, mesclou a
epstola de So Paulo aos Corntios com um soneto de Cames.
Intencionalidade e aceitabilidade
O autor de um texto sempre o escreve a fim de atingir certas metas. Para que
se obtenha a compreenso da mensagem necessrio que o leitor perceba a inteno do autor e aceite-a. Isso porque necessrio que o emissor deixe pistas no
texto de suas intenes e, ao receptor, o papel de detect-las e apreend-las.
Consistncia e relevncia
O leitor busca a leitura de textos que tenham relevncia para a vida dele e
consistncia nos dados apresentados. Na correria diria, poucas pessoas podem
se dar ao luxo de ler assuntos que fujam de seus interesses. Tambm fica difcil
54
Coerncia
escolher textos que no tragam dados consistentes ao que procuramos. Portanto, melhor ser o texto que, focalizado em um assunto, traga ideias de fato verdadeiras em relao ao assunto tratado.
A coerncia e as metarregras
A coerncia de um texto, ento, garantida por quatro regras bsicas. Ao
findar um texto, devemos observar se todas foram contempladas. Essas metarregras, segundo Charolles (1978), dividem-se como descrito a seguir:
metarregra da repetio invoca o uso dos anafricos para que o texto no
repita palavras, termos, expresses ou ideias.
metarregra da progresso invoca o uso dos articuladores para que o texto
no se repita indefinidamente, isto , para que haja sempre acrscimo de
informaes.
metarregra da no-contradio invoca a obrigatoriedade da coerncia
das ideias, do tempo verbal e da pessoa do discurso, de forma que todos
esses itens estejam presentes no texto sem nenhuma contradio.
metarregra da relao cada parte do texto, cada pargrafo que encerra, prepara o seguinte e este, por sua vez, retoma e amplia o que foi apresentado pelo
anterior, garantindo assim a permanncia no tema sem fuga do assunto.
Atividades
1. Aponte, no texto abaixo, a incoerncia realizada.
Praticar esportes faz bem para a sade. Alm disso, por meio do convvio em academias e parques que temos a oportunidade de conhecer novas
pessoas. Sendo assim, ficar em casa olhando para a televiso muito melhor
do que se exercitar.
56
Coerncia
Dicas de estudo
Uma boa dica assistir a filmes que se utilizam da intertextualidade nos roteiros. O brasileiro Dom (Moacyr Ges, Brasil 2003, Warner), com Marcos Palmeira
e Maria Fernanda Cndido um deles, pois remete a Dom Casmurro. Outro ttulo
As Horas (The Hours, Stephen Daldry, EUA 2002, Imagem Filmes) baseado no
livro homnimo de Michael Cunnigham, o qual conta os ltimos momentos de
vida da escritora Virgina Woolf, entre outras histrias.
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, A. C. (Org.). Introduo Lingustica: domnios
e fronteiras. 2. ed. So Paulo: Cortez, 2001. v. 1.
Esse livro uma introduo s reas da Lingustica. de suma importncia,
uma vez que explica, de forma acessvel, cada uma das reas e exemplifica-as.
CHAROLLES. M. Introduction aux problmes de la cohrence des textes, Langue
Franaise, 38. Paris: Larousse, 1978.
Nessa obra esto as quatro metarregras apresentadas na aula. No uma leitura fcil devido dificuldade com o idioma. No entanto, para quem o domina,
o texto muito pertinente aos estudos do texto.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaa. A Coerncia Textual. 14. ed. So Paulo: Contexto, 2002.
Koch dedica esse livro coerncia. Usa uma linguagem acessvel e muitos
exemplos para que o receptor entenda o que coerncia e como ela funciona
na prtica.
Autoavaliao
1. Diga qual metarregra respeitada no texto abaixo.
Todos os dias Maria e Pedro fazem as mesmas atividades. Primeiro, eles
levantam, tomam banho e caf e vo para a escola. J na escola, eles estudam
e brincam com os colegas. Ao terminar a aula, eles se encaminham para casa
e almoam. Depois da refeio, descansam e fazem os temas de casa, para,
ento, irem brincar. No final do dia, j exaustos vo para a cama para, no dia
seguinte, repetirem tudo outra vez.
57
Transcrio e retextualizao
Transcrio
O texto falado tem suas prprias caractersticas e a escrita no pode
ser tida como uma representao da fala, pois no consegue reproduzir
muitos dos fenmenos da oralidade, tais como a prosdia, a gestualidade,
os movimentos do corpo e dos olhos. Em contrapartida, a escrita apresenta
elementos significativos prprios, ausentes na fala, tais como o tamanho
e tipo de letras, cores e formatos. Nenhuma das modalidades melhor do
que a outra. Enquanto a fala tem uma primazia cronolgica (surgiu antes),
a escrita simboliza educao e poder.
Segundo Flres e Silva (2005, p. 42), para visualizar as caractersticas
do texto falado, existe a transcrio que nada mais do que a fala passada
a limpo. Em outras palavras, a transcrio consiste em passar o texto oral
para o texto escrito, com todas as suas caractersticas, inadequaes gramaticais e semnticas. Por que precisamos falar dela?
Temos notado que, cada vez mais, os estudantes esto escrevendo
como falam. Isso ocorre por vrios motivos. O primeiro tem sido a influncia da internet, uma vez que, para responder rapidamente nos chats,
Orkut, Messenger e outros, os internautas fizeram uma lngua prpria com
codificao conhecida por aqueles que utilizam esses programas, to
rpida quanto a fala. Outra razo que a tendncia do usurio reproduzir no texto escrito o modo como fala, tendo em vista que ele usa muito
mais a parte oral da lngua do que a escrita. Grias, termos chulos e marcas
conversacionais costumam aparecer nos textos escritos formais. No h
uma prtica de escrita natural nas escolas; todas as redaes surgem de
modo artificial, com assuntos que no interessam ou no so conhecidos.
Logo, o estudante tem srias dificuldades em produzir um texto escrito
dentro do padro culto, respeitando a coeso e a coerncia.
por meio da transcrio que nos tornamos cientes do modo como
falamos e das diferenas entre fala e escrita. Poderemos melhorar a nossa
performance1 na oralidade quando pararmos para observar as nossas ocorrncias, e o mesmo acontece com a escrita. Marcuschi (2003, p. 50) apresenta os
quatro nveis de relao entre fala e escrita propostos pela linguista francesa
Rey-Debove2. Esses nveis foram pensados em termos de lngua francesa, mas
podem ser considerados em qualquer lngua. So eles:
nvel da substncia da expresso diz respeito materialidade lingustica e
considera a correspondncia entre letra e som, podendo entrar tambm
questes idioletais3 e dialetais4 (um problema que a sociolingustica poderia esclarecer);
nvel da forma da expresso nesse caso consideram-se os signos falados
e os signos escritos, situando-se aqui a distino entre a forma do grafema (a grafia usual) e a do fonema (este na realizao fontica, a pronncia) (por exemplo: menino e [mininu]), diferenas que no francs so mais
acentuadas do que no portugus;
nvel da forma do contedo consideram-se aqui as relaes entre as unidades significantes (expresses, itens lexicais ou sintagmas5) orais e as correspondentes unidades significantes escritas que operam como sinnimas no plano da prpria lngua tal como dicionarizada, mas de realizao
diferente na fala e na escrita (por exemplo: o que queres comer? [na escrita]
e que que qu com? [na fala]);
nvel da substncia do contedo so as realizaes lingusticas que se
equivalem do ponto de vista pragmtico, isto , do uso situacional e contextual especfico, como quando numa carta escrita dizemos com os meus
cumprimentos, subscrevo-me, ao passo que num telefonema diramos olha,
um abrao e um cheiro pra voc, t, na variante pernambucana.
A seguir, exemplificaremos com uma transcrio realizada a partir de uma
entrevista com Dona Josefa, nordestina, 40 anos, auxiliar de servios gerais e
analfabeta. Numa conversa informal, pedimos que ela falasse sobre alguns problemas relacionados cidade de Porto Alegre. Nos primeiros minutos, ela se
1
2
Performance: termo da lingustica proposto por Noam Chomsky e que designa o uso particular que cada falante faz da lngua.
Josette Rey-Debove uma linguista francesa que estudou a relao entre fala e escrita na lngua francesa e props os quatro nveis apresentados
no livro de Marcuschi.
3
Idioleto: conjunto de enunciados produzido por uma s pessoa, e, principalmente, as constantes lingusticas que so subjacentes e que consideramos como idiomas ou sistemas especficos; o idioleto , portanto, o conjunto dos usos de uma lngua prpria de um indivduo, num momento
determinado.
4
Dialeto: variedade de lngua que tem o seu prprio sistema lxico, sinttico e fontico, e que usada num ambiente mais restrito que a prpria
lngua.
5
Sintagma: Saussure denomina sintagma toda combinao na cadeia da fala.
60
Transcrio e retextualizao
61
Simbologia da transcrio
Vamos agora acompanhar e identificar a simbologia utilizada para elaborar a
transcrio. Veja o quadro abaixo proposto por Flres e Silva (2005, p. 44):
Ocorrncias
Sinais
Exemplos
Incompreenso de palavras
ou segmentos
()
um ( ) merrmu
(hiptese)
Truncamento
Sobri / ah ah ah / Porrtalegri
Entoao enftica
Maisculas
Alongamento de vogal ou
consoante
::
podendo aumentar para
:::::
qui:: us motorista
as pessoas h:::
h::::: ocupanu ladru
I us pobris a h::
Silabao
ex-tra-ga-da
Interrogao
Comentrios descritivos do
transcritor
((minsculas))
Qualquer pausa
...
tem...
sei l...
l nu centru...
62
Transcrio e retextualizao
Observaes
nem todas as ocorrncias foram citadas nos exemplos;
no so usados sinais de pontuao tpicos da escrita para marcar as pausas (como vrgulas, ponto e vrgula, pontos finais);
no so utilizadas iniciais maisculas;
no h abertura de margem para paragrafao;
as perguntas so transcritas em negrito.
Retextualizao
A retextualizao a passagem do texto falado para o texto escrito e no um
processo mecnico, pois envolve operaes que interferem no cdigo e no sentido.
No so poucos os eventos lingusticos cotidianos em que atividades de retextualizao, reformulao, reescrita e transformao de textos esto envolvidas. Exemplos: quando a secretria anota informaes orais do chefe para redigir um ofcio; ao contarmos, por carta, o que acabamos de ouvir na vizinhana;
no momento em que o aluno anota no caderno as explicaes do professor. So
nessas situaes corriqueiras que o texto refeito de outro modo, modalidade
ou gnero. O fato que, embora bastante utilizadas, essas aes so at hoje
pouco compreendidas e estudadas.
No se trata de propor em uma retextualizao a passagem de um texto supostamente descontrolado e confuso (referindo-se ao texto falado) para outro
dominado e bem-falado (texto escrito). A passagem da fala para a escrita no
63
do caos para a ordem: apenas a passagem de uma forma para outra, pois
ambas permitem a construo de textos coesos e coerentes por meio da elaborao de raciocnios abstratos e exposies formais e informais, variaes sociais
e dialetais.
Antes de qualquer transformao textual, ocorre uma atividade cognitiva
chamada compreenso, pois, antes de comear os processos de retextualizao,
necessrio entender o que a outra pessoa disse ou teve inteno de dizer e,
somente a partir disso, proceder s alteraes lexicais e estruturais. A proposta ,
portanto, utilizada tambm para um trabalho de compreenso das mensagens
e no apenas com o objetivo de produo textual.
Esse tipo de atividade com a lngua extremamente enriquecedora e comprova que a linguagem no apenas um sistema de regras, mas sim uma atividade sociointerativa. Seu uso tem um lugar de destaque e deve ser o principal
objeto de nossa observao. A lngua deve ser vista alm da simples transmisso
de informaes. um fenmeno sociocultural que nos permite a criao e nos
torna verdadeiramente senhores de nossa opinio e expresso, e agentes que,
conscientemente, transformam a realidade.
As operaes de transformao
do texto falado para o texto escrito
Conforme os autores Fvero (2002) e Marcuschi (2003), existem cinco etapas
que conduzem produo do texto escrito a partir da transcrio.
Transcrio (trecho)
Qual a sua opinio sobre os transportes em Porto Alegre?
bom u qui eu achu du:: du transporrte u qui eu achu dus nhibus qui::
us motorista su muitu dus ignorantis i maltratu muitu us velhinhus ((suspirou)) i as pessoa deficienti mintal i tem agora aquelis negciu di carrterinha
quandu elis pedi a carrterinha qui a genti nu::... tem ... elis omilha bastanti
na frenti di TODU mundu dentru dus nhibus
E sobre o centro da cidade?
sobri / ah ah ah / Porrtalegri u centru di Porrtalegri eu achu assim qui
u centru de Porrtalegri as pessoas h::: sei l ... tem muitus crianas ah...
64
Transcrio e retextualizao
pedindu errmola muit::us vlhu::s ah pedindu errmola i:: muitas coisas assim
extragada n? cumidas ex-tra-ga-da pelu centru comu verrdura otras coisa
mais inveiz deli ajud aquelas pissoas pobr is elis nu ajudu pefiru bot no
lixu...
Transcrio e retextualizao
O centro da cidade, diz ela, percorrido por crianas e idosos que pedem
esmola, mas, paradoxalmente, a comida desperdiada por aqueles que a
colocam no lixo ao invs de se solidarizarem pelos necessitados.
Como pode ver, a retextualizao de uma transcrio nos faz conscientes das
diferenas existentes entre a oralidade e a escrita.
Atividades
1. Indique que tipos de ocorrncias so as marcadas em negrito. Para que voc
se anime ainda mais em realizar essa atividade, acompanhe a excelente transcrio realizada por uma aluna do curso de Comunicao Social. Observe que
a entrevistada de origem italiana (Garibaldi uma cidade do Rio Grande do
Sul de colonizao tipicamente italiana) e, por isso, sua pronncia tem caractersticas fonticas marcantes.
Gravao no-espontnea
Entrevistada: M. Z.
Idade: 53 anos
Sexo: feminino
Naturalidade: Garibaldi, RS
Grau de escolaridade: primrio
Conte um pouco de sua vida, de quando voc era criana...
ih:::: ((risos))... indoid:::... com que eu vou ti contar isso qui aconteceu
quando eu era mais nova?( ) ((risos)) Ma quando eu era pequena... pequena
nom, quando eu tinha... OIto anos... pa come eu nem fui nu culgio... eu ia
nu culgio di manh... i nois nois ia s quandu chuvia... quando dava sol eu
tinha qui fic em casa ( ) ajud nossa me... pra irna roa... cuid dos irmo
mas pequeno... i assim ia... faz servio... ih::... a a minha me ia na roa eu eu
ficava em casa e minha irm mais VElha... i nis tinha o nosso irmo mais pequeno l i ns tinha qui cuid... faz a comida... limp a casa... lava ropa... ih::: i
da eu eu tinha que peg meu irmo mas pequeno.... que eu cuidava dele i eu
levava l na roa... [...]
67
Dicas de estudo
Uma boa forma de apreender esse contedo fazer transcries de msicas
cujos cantores se utilizam da forma oral. Funk, hip-hop, rap e pagode so tipos
musicais que colaboram para aprendizagem da transcrio. Depois de feita, retextualize as letras.
So tambm indicados os seguintes livros:
DUBOIS, Jean et al. Dicionrio de Lingustica. So Paulo: Cultrix, 1978.
FVERO, Leonor L. Oralidade e Escrita: perspectivas para o ensino de lngua materna. So Paulo: Cortez, 2002.
um livro que trata especificamente das relaes entre fala e escrita.
FLRES, Onici Claro; SILVA, Rosara Rosseto da. Da Oralidade Escrita: uma busca
da mediao multicultural e plurilingustica. Canoas: Editora da Ulbra, 2005.
uma obra que aborda, de maneira muito simples, a retextualizao e transcrio. Alm disso, prope vrios exerccios. Vale a pena conferi-la.
MARCUSCHI, L. A. Da Fala para a Escrita: atividades de retextualizao. 4. ed.
So Paulo: Cortez, 2003.
um livro que trata especificamente das relaes entre fala e escrita.
68
Transcrio e retextualizao
Autoavaliao
1. Retextualize o seguinte trecho.
ih:::: ((risos))... indoid:::... com que eu vou ti contar isso qui aconteceu
quando eu era mais nova?( ) ((risos)) Ma quando eu era pequena... pequena
nom, quando eu tinha... OIto anos... pa come eu nem fui nu culgio... eu ia
nu culgio di manh... i nois nois ia s quandu chuvia... quando dava sol eu
tinha qui fic em casa ( ) ajud nossa me... pra irna roa... cuid dos irmo
mas pequeno... i assim ia... faz servio... ih::... a a minha me ia na roa eu
eu ficava em casa e minha irm mais VElha... i nis tinha o nosso irmo mais
pequeno l i ns tinha qui cuid... faz a comida... limp a casa... lava ropa
... ih::: i da eu eu tinha que peg meu irmo mas pequeno... que eu cuidava
dele i eu levava l na roa... (...)
69
Parfrase
No final do dia, quando chegamos em casa, temos muitas novidades
para contar. Entre elas, h sempre comentrios que amigos, parentes e
colegas fizeram e ns reproduzimos. No entanto, ao fazermos isso, colocamos essa fala dita por outra pessoa com as nossas palavras. Ningum diz:
Fulano disse: abre aspas [...], fecha aspas, porque muito pouco provvel
que lembremos quais foram as palavras exatas usadas pelo outro falante.
Se no tivermos nenhuma outra inteno, a tendncia que a mensagem
seja mantida, porm em outros termos.
Parafrasear transmitir a mensagem dita por um falante com outras
palavras, ou seja, dizer da sua maneira o que uma pessoa disse; fazer
o que est descrito na situao acima. Qual a importncia desse recurso
em nossa vida?
Primeiramente, saber parafrasear ajuda bastante na vida acadmica,
porque, ao elaborarmos um trabalho cientfico, temos que mencionar
autores para embasar o que estamos argumentando. H duas formas de
fazer isso, sendo a primeira pela citao direta, como segue:
Walter Kasper, cardeal e ex-assessor de Joo Paulo II, coloca:
A discusso sobre o papel da mulher no catolicismo no envolve direitos humanos.
uma questo de tradio. A ordenao feminina uma mudana h muito
comentada na Igreja e h quem espere que Bento XVI adote uma nova posio
a respeito do assunto. O novo papa no deu sinais de que esteja disposto a isso.
Mesmo se aprovada, a ordenao feminina algo que demorar dcadas para ser
aceita e implementada. (CARELLI, 2005)
Walter Kasper, cardeal e ex-assessor de Joo Paulo II, disse que se levaro algumas dcadas para que se tenha uma mulher sacerdotisa, uma vez
que a tradio impede a assimilao rpida desse processo. Falou tambm
que, embora se esperasse um posicionamento sobre o tema com o novo
papa, ele no est inclinado a resolver esse caso agora. A questo feminina
no catolicismo est relacionada tradio e no aos direitos humanos, ainda
segundo o cardeal.
Devemos sempre, tambm quando parafraseamos, mencionar a fonte (nome
do autor da ideia) para que no tenhamos problemas com direitos autorais. Essa
noo de direitos autorais precisa ser mais trabalhada nas escolas de ensinos Fundamental e Mdio. L, as professoras aceitam que os alunos copiem os captulos
dos livros sem meno da fonte e sua respectiva referncia bibliogrfica. Talvez
seja isso o que nos leva a no realizar a parfrase no texto escrito, apenas no oral.
Tipos de parfrase
H dois tipos de parfrase:
parfrase frasal: modifica a frase dita por algum.
Ex.: Maria disse que vai ficar em casa porque est preocupada com as provas que ter na escola. Como ela no pode reprovar, precisa estudar muito. A me dela concorda e tambm ficar com a filha em casa.
Maria disse que no vai sair de casa, pois tem que estudar. Ela tem provas
na escola e est preocupada com a aprovao, uma vez que ela no pode
rodar. Dona Ana, me de Maria, diz que a menina est certa e permanecer em casa ao lado dela.
Tcnicas de parfrase
Para realizarmos a parfrase, temos que nos valer de recursos lexicais (que
dizem respeito ao vocabulrio) e sintticos (que dizem respeito gramtica). A
seguir esto algumas sugestes de tcnicas que acabam modificando o texto.
72
Parfrase
Transformaes baseadas
no lxico por meio dos sinnimos
quando substitui-se a palavra por um sinnimo. O dicionrio ajuda bastante
nesse tipo de tcnica.
Ex.: Maria brigou com Pedro.
Maria se desentendeu com Pedro (no caso da parfrase textual).
A leitura no exige de nossos olhos nada que eles j no faam quando olhamos ao redor de uma
sala. A leitura no exige nenhuma habilidade lingustica que no tenha sido demonstrada na
compreenso da fala. E aprender a ler no envolve nenhuma habilidade especial de aprendizagem.
As crianas so aprendizes altamente habilitados e experientes, embora seja possvel que o tipo
de instruo as deixe confusas. A linguagem escrita deve ter sentido e utilidade para as crianas
que esto lutando para aprender a ler. Essa assistncia essencial pode ser dada pelos professores
que entendem a natureza da leitura e que conhecem o aluno individualmente, mas no pelos
procedimentos formais de ensino projetados previamente por algum de fora da sala de aula.
(SMITH, 1999, p. 17)
Transformaes baseadas
no lxico pela substituio lexical
Substitui-se um termo da lngua por outro equivalente, que no tem necessidade de ser sinnimo, mas que corresponda palavra em determinada situao.
Ex.: Maria e Pedro tiraram dez na prova de Portugus.
Os amigos tiraram dez na prova de Portugus. (parfrase frasal)
74
Parfrase
so
contemplados
Verbo auxiliar
Verbo principal
no presente
no particpio
pelo sorteio.
75
foram
contemplados
Verbo auxiliar
no pretrito
perfeito
Verbo principal
no particpio
pelo sorteio.
eram
contemplados
Verbo auxiliar
no pretrito
imperfeito
Verbo principal
no particpio
pelo sorteio.
sero
contemplados
Verbo auxiliar
no futuro
do presente
Verbo principal
no particpio
pelo sorteio.
seriam
contemplados
Verbo auxiliar
no futuro
do pretrito
Verbo principal
no particpio
pelo sorteio.
Transformaes de carter
sinttico por meio das comparaes
de igualdade, superioridade e inferioridade
Ex.:
1. Maria to inteligente quanto Pedro.
Pedro to inteligente quanto Maria.
2. Maria mais inteligente do que Joana.
Joana menos inteligente do que Maria.
76
Parfrase
Transformaes de carter
sinttico pela nominalizao
Essa tcnica consiste em transformar o verbo em substantivo.
Ex.:
1. Pedro pediu pacincia para Maria.
O pedido de Pedro foi para que Maria tivesse pacincia.
2. Maria l muitos livros de fico.
A leitura de Maria de livros de fico.
Transformaes de carter
sinttico pelas alteraes verbais
A primeira forma para alterar o verbo trocando o tempo verbal; a segunda
colocar uma locuo verbal no lugar de um verbo e vice-versa.
Ex.:
1. Se Maria solicitasse, Pedro ficaria.
Maria solicitara e Pedro ficou.
2. Quando Pedro chegou, Maria sara.
Quando Pedro chegou, Maria j tinha sado.
Todos esses recursos faro com que a parfrase de fato ocorra. Vale lembrar
que podemos usar uma de cada vez ou todas, se necessrio for. No entanto, precisamos cuidar para no mudarmos a mensagem principal, o que descaracterizaria a parfrase.
Atividades
1. Elabore parfrases por meio de nominalizao.
3. Surpreendeu aos jornalistas que o velhinho estivesse lcido, aos 103 anos.
5. Desde o primeiro momento, nenhum dos tcnicos do laboratrio se disps a afianar que a fita cassete era autntica.
Dicas de estudo
Uma boa dica ler trabalhos cientficos para ver como eles parafraseiam
grandes autores e tericos.
CARELLI, Gabriela. O pecado da ignorncia. Veja, So Paulo, n. 59, ano 38, 28 set.
2005.
A revista Veja um bom veculo para se ver como se faz a parfrase, uma vez
que nas reportagens h citaes de falas e pensamentos de forma indireta.
78
Parfrase
FLRES, Onici Claro; SILVA, Rosara Rosseto da. Da Oralidade Escrita: uma busca
da mediao multicultural e plurilingustica. Canoas: Editora da Ulbra, 2005.
Essa obra dedica um captulo inteiro para a parfrase. A abordagem muito
simples e bem feita, uma vez que a linguagem bastante acessvel. As autoras
usaram muitos exemplos para representar cada uma das tcnicas, alm de explicar como faz-las passo a passo.
SMITH, Frank. Leitura Significativa. Traduo de: NEVES, Beatriz Affonso. 3. ed.
Porto Alegre: Artemd, 1999.
O livro de Frank Smith sobre leitura um clssico e ajuda a ensinar e entender
o que ler.
Autoavaliao
1. Elabore parfrases, modificando a voz verbal.
6. Matei os pernilongos.
7. Escrevi a carta.
79
Pargrafo-padro
Leia o texto abaixo e responda: quantos pargrafos ele tem?
O Pel do pquer
O maior jogador de pquer da histria
s perdeu para a cocana e para as corridas de cachorros
(OPPERMANN, 2006)
Conceito de pargrafo
Em uma redao, o pargrafo serve para dividir os assuntos desenvolvidos no
texto. Neste captulo, no entanto, falaremos do pargrafo-padro, que, segundo
Martins e Zilberknop (2004, p. 97), aquele que tem uma ideia como ncleo e a
apresenta, desenvolve e conclui, ou seja, esse tipo de pargrafo inicia e encerra
uma mensagem.
Biblioteca-cabea
A coleo de crebros que ajuda a decifrar
o que acontece com a cabea dos idosos
(DEVEZE, 2006)
Estrutura do pargrafo
Vamos ver como a estrutura de um pargrafo, analisando o texto a seguir.
A Lei do Ventre Livre, de 28 de setembro de 1871, que determinava a
liberdade para os filhos de escravos nascidos a partir de ento, representou um marco importante na luta dos brasileiros para abolir a escravido.
82
Pargrafo-padro
Mrio Gardelin refere que em 1884, por exemplo, a Lei do Ventre Livre
foi comemorada com especial destaque em Passo Fundo e seu distrito de
Nonoai, em Bag, Soledade, Santa Cristina do Pinhal e Cacimbinhas.
Pargrafo-padro
Mrio Gardelin refere que em 1884, por exemplo, a Lei do Ventre Livre
foi comemorada com especial destaque em Passo Fundo e seu distrito de
Nonoai, em Bag, Soledade, Santa Cristina do Pinhal e Cacimbinhas.
Agora que j vimos essa estrutura mais ampla e bsica, vamos trabalhar mais
detalhadamente o tpico frasal, a ideia ncleo, a partir da introduo. Podemos,
para esclarecer ao nosso leitor o foco do nosso pargrafo, apresentar o tpico
frasal no incio dele, com uma declarao inicial ou mesmo uma definio de
nosso tpico. Veja os exemplos:
Declarao
Os alunos de Ensino Fundamental e Mdio tm medo da disciplina de
Lngua Portuguesa por dois motivos. O primeiro que os pais concentram a
ateno nas notas tiradas em Portugus e Matemtica. No interessa que o
aluno tenha tirado dez em Histria e Geografia; se foi mal nas duas consideradas mais importantes, ficaro de castigo. Abordagem gramatical tambm
faz os alunos temerem as aulas. O sistema educacional brasileiro no favorece um estudo luz da Lingustica, muito mais til, tendo em vista que fatos
da lngua so estudados, analisados e descritos. A tendncia seguir a gramtica tradicional que dita o que certo e errado, fazendo com que o aluno
no veja aplicabilidade na vida. O resultado so notas baixas e um pavor
da lngua materna. Para que possamos mudar tudo isso, necessrio que a
comunidade educativa reveja conceitos e posturas. Somente assim a lngua
ter o destaque que merece na vida de seu usurio.
Definio do tpico
O leo de Lorenzo uma mistura dos cidos oleico e ercico que combate
a adrenoleucodistrofia, doena degenerativa que leva morte. Ele foi descoberto pelo pai de Lorenzo, menino nascido com essa doena, Augusto
Odone, que no da rea mdica. Ele resolveu estudar por conta prpria
sobre a cura da doena do filho quando viu que a pesquisa era alimentada
por muito dinheiro e pouca boa vontade em descobrir como acab-la. Tal
esforo rendeu um filme, leo de Lorenzo, que tem Nick Nolte no papel do
pai. Esse remdio o maior avano existente para a doena, uma vez que
76% dos 68 meninos que usaram o leo permaneceram saudveis. De fato,
o amor move montanhas, at as do conhecimento!
85
Pargrafo-padro
Razes e consequncias: explica-se a razo de tal assunto e a(s) consequncia(s) dele no meio.
Causa e efeito: explica-se a causa do assunto e seu efeito.
Diviso e explanao de ideias em cadeia: diviso do tpico frasal em focos menores.
Definio: define o tpico frasal.
Uma dica para comear a escrever vem de Cunha (1997, p. 67):
primeiramente, deve-se escolher um assunto e pesquis-lo;
depois, delimitar o tema, ou seja, escolher o foco, o tpico frasal;
por ltimo, ter claros os objetivos que se tm ao redigir o pargrafo.
Sem dvida a escolha do assunto muito importante, uma vez que o texto
ser mais bem escrito se conhecermos o tpico tratado. Fica muito difcil escrever sobre o que no se sabe, da a importncia de pesquisar vrias fontes (livros,
revistas, internet) para obter todas as informaes necessrias principalmente
para o desenvolvimento. Alm disso, necessrio que os objetivos sejam claros,
pois s assim o texto ficar coeso e coerente. Muitas vezes, por gostarmos de um
assunto, queremos em um pargrafo ou, at mesmo, numa redao, abord-lo
na sua totalidade. No entanto, se fizermos isso, correremos o risco de sermos
muito abrangentes e, consequentemente, pouco coerentes.
Escrever no uma tarefa fcil. A nica maneira de melhorarmos a nossa produo textual escrevendo. Portanto, o contedo deste captulo precisa ser lido
e posto em prtica diariamente.
Atividades
1. Identifique o tpico frasal do texto abaixo:
O tetris um problemo
(PIMENTA JR., 2003)
sucesso tem uma explicao cientfica: apesar de parecer simples, o problema contido no tetris um dos mais difceis da matemtica. Um estudo do
professor Erik Demaine, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT),
nos Estados Unidos, mostrou que o jogo pertence a uma classe de problemas chamados NP-completo. Isso significa que no h como estabelecer um
modelo de equao que possa ser aplicado para sua soluo. Por isso, para
um novo problema (cada pecinha que cai) preciso uma resposta distinta. No h frmulas ou truques que possam ser aprendidos, diz Demaine.
Mesmo que voc jogue mil vezes, todas as partidas repetiro o mesmo grau
de dificuldade. Talvez por isso ele seja to viciante. [...]
Dicas de estudo
Uma boa dica ler as revistas semanais ou mensais que trazem pequenos
textos nas colunas.
CUNHA, Srgio F. et al. Tecendo Textos. Canoas: Editora da Ulbra, 1997.
um livro escrito por um grupo de professores da Universidade Luterana do
Brasil (Ulbra) que aborda vrios assuntos pertinentes Lngua Portuguesa instrumental. L, encontramos um captulo dedicado ao pargrafo. Para quem est
iniciando o estudo do texto, essa obra ajuda bastante.
GARCIA, Othon M. Comunicao em Prosa Moderna: aprenda a escrever,
aprendendo a pensar. 22. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2002.
Esse livro essencial para quem quer aprender a escrever bem. Ele dividido
em dez partes: a frase; o vocabulrio; o pargrafo; eficcia e falcias da comunicao; pondo ordem no caos; como criar ideias; planejamento; redao tcnica;
preparao dos originais; exerccios. O autor utiliza uma linguagem simples e uma
metodologia que facilita o aprendizado do que proposto. Para quem quer melhorar a escrita, essa obra obrigatria.
MARTINS, D. A. P. S.; ZILBERKNOP, L. S. Portugus Instrumental: de acordo com
as atuais normas da ABNT. Porto Alegre: Sagra, 2005.
88
Pargrafo-padro
Autoavaliao
1. Elabore um pargrafo-padro sobre a importncia do estudo para a melhoria de qualidade de vida.
89
Resumo
Muitas vezes somos obrigados a sintetizar situaes ou falas para repass-las a outras pessoas. Isso porque muito difcil reproduzir na ntegra aquilo que estamos relatando. Por isso, selecionamos os fatos que
consideramos mais relevantes para narrar. Por exemplo, se algum chega
atrasado no trabalho por causa de um pneu furado, vai contar como ele
furou e a forma que resolveu esse problema e no vai contar os mnimos
detalhes do que aconteceu antes, durante e depois, porque ningum tem
pacincia para ouvir. O mundo moderno nos obriga a resumir tudo, uma
vez que as pessoas no tm tempo de ficar ouvindo informaes que no
so pertinentes situao.
Segundo Cunha (et al., 2000, p. 137)
resumir um texto condens-lo em um menor, mantendo-se as ideias principais, de
maneira objetiva, precisa e direta. Consiste numa exposio abreviada de uma sucesso
de acontecimentos, das caractersticas gerais de alguma coisa, a fim de favorecer sua
viso global. [...]
Tipos de resumo
O resumo, segundo Martins e Zilberknop (2004, p. 265), pode ser:
indicativo indica as ideias principais do texto, sem dados qualitativos ou quantitativos.
informativo informa, fornecendo todos os dados relevantes para
que essa informao seja suficiente ao leitor.
Faremos agora um resumo de cada um dos tipos para que o leitor visualize a diferena existente entre eles.
A nossa literatura carece de grandes autores que saibam tecer bem histrias sobre nada. Pode soar estranho ou mesmo paradoxal, mas assim se
atingir uma gigantesca parcela da populao que ainda no comeou a enveredar pelos deliciosos caminhos literrios.
Infelizmente, como se sabe, o brasileiro l pouco e em grande parte por
causa dessa falta de escritores nacionais que saibam escrever sobre temas
corriqueiros, mas agradveis ao leitor. As novelas esto a para provar. Cada
vez mais aumenta o nmero de telespectadores que assistem a elas na nsia
de se entreterem com uma grande quantidade de nada. claro que h a,
nesse contexto, uma gana por contemplar uma vida s vezes to distante da
real ou s vezes to prxima dela. Mas h, tambm, essa grande vontade de
entreter-se com nada. De no ter que pensar, talvez no por preguia, mas
sim como vlvula de escape para o estresse dirio.
tambm pelo mesmo motivo que os filmes de ao e aventura so os
mais bem cotados da indstria cinematogrfica de Hollywood. Quem nunca
sentiu um enorme prazer em ir ao cinema simplesmente para ver um filme
cheio de tiros, mortes, ou mesmo um romance gua-com-acar que atire a
primeira pedra. O ser humano carece tanto de momentos de reflexo e sapincia quanto de entretenimento e descanso. Mas nossos crticos literrios
parecem no ver isso e continuam sacrificando todo e qualquer livro que
no traga um algo a mais para o leitor. E nossa populao continua a ler cada
vez menos.
No apenas por esse motivo, entretanto, que a populao tem se afastado dos livros. Alm das nem sempre eficazes medidas de estmulos educacionais de nosso governo, pode-se perceber nos adolescentes (e por consequncia nos adultos) uma macunamica preguia de ler. Isso se deve no
somente aos videogames, mas, tambm, ao grande abismo que h entre a
literatura infantil e adulta. H uma deficincia de livros que faam a transio
entre O Patinho Feio e Memrias Pstumas de Brs Cubas. Ou at mesmo de
clssicos infanto-juvenis, como O Mistrio do Cinco Estrelas e O escaravelho do
Diabo, para obras de escritores maiores como Drummond, Clarice Lispector,
Joo Cabral de Melo Neto e Euclides da Cunha.
92
Resumo
Pelo tamanho do texto, podemos notar que foram postas somente as ideias
principais do original, sem maiores detalhes. Tambm o resumo uma produo
com todas as qualidades, isto , com adequao gramatical, coeso e coerncia.
Vamos agora para um resumo informativo:
Bruno Miquelino da Silva, no artigo Autores que escrevam sobre nada,
defende que, no Brasil, no existem escritores que escrevam sobre temas
mais leves, uma vez que h uma tendncia, por parte dos crticos literrios,
em no aceitar livros dedicados ao entretenimento. Por isso, cada vez mais,
as novelas esto tendo um nmero maior de telespectadores, assim como
filmes de ao, aventura e romance. Outro motivo que leva o brasileiro a no
ler a carncia de obras que faam a ponte entre a literatura infantil e infanto-juvenil para obras de autores consagrados. muito difcil, por exemplo,
para o adolescente sair de uma leitura leve e compreender um texto mais
elaborado, tanto gramaticalmente quanto em informaes. Sendo assim,
deveramos aceitar escritores como Paulo Coelho, que promove o hbito da
leitura atravs de seus livros. No entanto, ele pouco aceito pela crtica brasileira. O resultado de tudo isso que o povo brasileiro l cada vez menos e
os adolescentes modernos preferem o videogame a um bom livro. A soluo
balancear o nmero de obras com temas leves e obras de grandes escritores brasileiros, pois somente assim formar-se-o leitores para o futuro.
O tamanho do resumo informativo j mostra que precisamos dar mais informaes para o leitor, quando o texto requer. Para sabermos quando adequado
fazer um ou outro, temos que analisar quem o nosso leitor, qual o nosso
veculo e, principalmente, qual o texto original. O artigo Autores que escrevam
sobre nada requer um resumo informativo, tendo em vista que ele usa argumentos muito polmicos para defender seu ponto de vista. No entanto, no so
todos assim, como podemos ver no texto a seguir:
Resumo
Mennella acompanhou lactantes que ingeriam bebidas alcolicas e encontrou indcios de que elas produziam menos leite.
Ningum sabe ao certo a origem da crena. Uma das hipteses que ela
tenha surgido porque mulheres que ingeriam bebidas de teor alcolico no
eram bem vistas na sociedade. A cerveja preta tem menos lcool que bebidas como cachaa e, por isso, ganhou status de bebida de mulheres decentes.
Ou seja, mes. A partir da, a relao foi se aperfeioando, diz Maria Amlia
Bitar, autora da tese Aleitamento Materno: um estudo sobre crenas e tabus
ligados prtica.
O que se sabe que o mito no exclusividade brasileira. [...]
Esse texto nos apresenta um assunto sem uma argumentao mais profunda.
Portanto, o resumo indicativo , nesse caso, o mais apropriado. Veja como fica:
Tassa Stivanin afirma em seu artigo Cerveja preta aumenta o leite? que,
aps estudos feitos por Maria Amlia Bitar para sua tese nomeada Aleitamento Materno: um estudo sobre crenas e tabus ligados prtica, a bebida
alcolica no promove uma produo maior de leite. Alm disso, contraindicado. Embora a crena exista em outros pases, o aconselhvel no
ingerir bebidas que contenham lcool no perodo de gestao nem no de
aleitamento.
Estrutura do resumo
O resumo pode apresentar a estrutura que segue:
introduo, desenvolvimento e concluso o resumo no um texto colado. No adianta encontrar o tpico frasal e os argumentos que o sustentam se eles no receberem um trato em termos de organizao textual. O
leitor precisa encontrar as trs partes que compem um texto completo:
introduo, desenvolvimento e concluso.
mostrar as ideias atravs da compreenso do redator do resumo um modo
de mostrar que houve compreenso parafrasear o autor do texto original. Devemos usar o nosso estilo textual, a fim de que o texto no seja um
recorte do original.
95
a extenso de um resumo de notas e comunicaes breves de at 100 palavras quanto menor for o texto, menor ser o seu resumo. sempre
importante que nele conste o tema, os objetivos e as hipteses que permeiam o trabalho.
a extenso do resumo para monografias e artigos deve ser de at 250 palavras esse tipo de trabalho costuma ser extenso; portanto, seu resumo
poder ser maior do que notas e comunicaes breves.
a extenso do resumo para relatrios e teses de at 500 palavras esse
tipo de trabalho costuma ser ainda maior; portanto, seu resumo poder
ser maior do que o de monografias e artigos.
Tcnicas de resumo
Para elaborarmos um bom resumo, segundo Cunha (et al., 2000, p. 137), devemos seguir os seguintes passos:
ler integralmente o texto para descobrir a temtica principal quando se sabe
que a tarefa sintetizar um texto, devemos l-lo para encontrar a temtica
principal, pois tendo-a como base que o autor desenvolver os argumentos.
realizar uma segunda leitura para que haja uma compreenso mais detalhada do texto num primeiro momento, podemos achar uma temtica central. Porm, em uma segunda leitura que teremos certeza, para que se
retire do texto original os argumentos usados pelo autor.
a partir de uma terceira leitura que se comea, ento, o trabalho de redao
do resumo segmentar o texto em partes por pargrafos (textos pequenos), por captulos (textos de livros didticos e tericos) ou por oposio
de ideias, de tempo, de lugar, de comportamento dos personagens; destacar a(s) ideia(s) principal(is) e cada parte segmentada; reunir todos os
procedimentos anteriores num texto reduzido, mantendo o estilo do autor, a coeso e a coerncia de forma a estabelecer relao entre as ideias
destacadas no texto original.
dar a redao final depois de todos os passos podemos escrever o texto
final cuidando de todos os aspectos que lhe do caractersticas de texto.
Resumir uma tarefa necessria para a vida do usurio da lngua. Para elaborar resumos bons preciso que se leia bons modelos, pois por meio da prtica
e da leitura que a escrita desenvolver-se- melhor.
96
Resumo
Atividades
1. Faa um resumo indicativo do texto abaixo.
O Brasil no espao
(BORTOLOTI, 2005)
97
Dicas de estudo
Uma boa dica ler trabalhos cientficos para ver como eles parafraseiam
grandes autores e tericos.
CUNHA, Srgio F. et al. Tecendo Textos. Canoas: Editora da Ulbra, 1997.
um livro escrito por um grupo de professores da Universidade Luterana do
Brasil (Ulbra) e aborda vrios assuntos pertinentes Lngua Portuguesa Instrumental. L encontramos um captulo dedicado ao resumo. Para quem est comeando a estudar o texto, essa obra ajuda bastante.
MARTINS, D. A. P. S.; ZILBERKNOP, L. S. Portugus Instrumental: de acordo com
as atuais normas da ABNT. Porto Alegre: Sagra, 2005.
Esse livro de suma importncia porque traz um apanhado geral dos aspectos mais relevantes para o uso da Lngua Portuguesa Instrumental. O livro se
divide em trs partes: a primeira disserta sobre a comunicao e redao; a segunda traz modelos de correspondncia e redao tcnica; a terceira parte
dedicada gramtica, abordando contedos pertinentes redao.
Autoavaliao
1. Faa um resumo informativo do texto abaixo.
Em novembro de 2004, a discusso sobre aquecimento global tornou-se ainda mais acalorada. Com a adeso da Rssia ao Protocolo de Kyoto, o
98
Resumo
99
Resenha crtica
Existe um tipo de texto que quem estuda deve saber fazer: a resenha
crtica. Isso porque muitos professores pediro aos alunos que faam uma
apreciao crtica dos mais diferentes objetos. Mas, o que resenha? Resenhar significa fazer uma relao das propriedades de um objeto, enumerar
cuidadosamente os aspectos relevantes, descrever as circunstncias que o
envolvem. O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da
realidade ou textos e obras culturais.
Podemos resenhar um filme, uma novela, uma pea teatral, um livro, um
texto, um poema, um CD, um game, uma palestra, um congresso, uma oficina,
enfim, qualquer coisa que faa parte de nossas vidas. Damos nossa opinio baseada em aspectos tcnicos. No basta dizer se gosta ou no. necessrio que
fatores tcnicos relevantes corroborem a posio tomada (MACHADO, 2004).
Economia e aventura
(BAN, 2002)
Resenha crtica
Machado no merecia
Os muitos erros da nova biografia do escritor
(VEJA, 22 fev. 2006)
Lanado no fim do ano passado pela Imprensa Oficial de So Paulo, Machado de Assis Um gnio brasileiro, do jornalista paulista Daniel Piza, deveria ser uma novidade auspiciosa nas livrarias. Afinal, a obra de Machado
de Assis (1839-1908), o maior dos escritores brasileiros, tem sido objeto de
muitos estudos crticos recentes, mas a ltima biografia do autor foi publicada em 1981 por Raimundo Magalhes Jnior. A leitura dos especialistas,
contudo, demonstra que o livro est repleto de erros. Ele falha no requisito
primordial de uma obra de referncia: a informao confivel.
Tudo o que h de bom na biografia de Piza j se encontrava em Magalhes
Jnior. O resto so erros factuais e ilaes indevidas, disse o crtico Wilson Martins a Veja. Em sua coluna no Jornal do Brasil, Martins fez um breve inventrio
de equvocos do livro, que inclui aberraes histricas (por exemplo, a informao de que o brasileiro Jos Bonifcio era portugus, ou de que o Padre
Feij foi tutor de dom Pedro II) e anlises delirantes dos nomes prprios dos
personagens machadianos (Piza diz, por exemplo, que o Palha, de Quincas
Borba, quase pulha). Antes do artigo de Martins, o escritor e professor de
Literatura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Lus Augusto Fischer,
j havia apontado problemas semelhantes no jornal Zero Hora. O entrudo
transformado em festa de salo, e no de rua, enredos como o do conto O Alienista so resumidos de forma equivocada e um personagem de Dom Casmurro, Jos Dias, o agregado que adora usar superlativos, rebatizado de Joo.
Piza parece ter acreditado sobretudo nos prprios dotes crticos para
compor Um gnio brasileiro a narrativa da vida do escritor entremeada
com anlises de suas principais obras. Um livro como esse, porm, no somente um veculo para o bigrafo ventilar opinies sobre o biografado. Ele
deve ser uma fonte de dados confiveis. O desprezo pela preciso ou pela
simples reviso de nomes, conceitos e datas torna o livro imprestvel. [...]
Nesse texto, no houve preocupao em analisar os aspectos fsicos do livro
porque os erros de contedo eram muito graves. Embora o autor no tenha colocado uma frase como no vale a pena ler esta obra, toda a sua argumentao
conduz o leitor a no comprar o livro.
103
Resenha crtica
Os ingleses tm um supervit de grandes atrizes, mas nem por isso descuidam delas. Dirigido pelo tambm ator Charles Dance, esse filme tem o
propsito explcito de servir de palco a Maggie Smith e Judi Dench. As veteranas interpretam duas irms que, certo dia, encontram um rapaz desacordado provavelmente sobrevivente de um naufrgio na praia defronte
sua casa. [...] O Violinista [...] uma diverso amena, mas compensa pela
presena de Maggie e Judi e pelos coadjuvantes que no raro roubam a cena
das duas, como Miriam Margolyes, no papel da empregada Dorcas.
Expoente do rock americano dos anos 50, Johnny Cash (1932-2003) no foi
famoso como, digamos, Elvis Presley mas tambm no viveu a decadncia
desse ltimo. Ele lanou discos histricos em vrias dcadas e, em 1993, caiu
106
Resenha crtica
Caipiras do Pixel
(SUPERINTERESSANTE, 2002)
Atividades
1. Faa uma resenha crtica de um filme.
108
Resenha crtica
Dicas de estudo
Uma boa dica visitar o site <www.zetafilmes.com.br>, pois l voc poder
ler resenhas crticas de vrios filmes.
CUNHA, Srgio F. et al. Tecendo Textos. Canoas: Editora da Ulbra, 1997.
Esse livro tem um captulo dedicado resenha crtica, inclusive com bons
modelos.
MACHADO, Anna Rachel (Coord.); ABREU-TARDELLI, Lgia Santos; LOUSADA, E. G.
Resenha. So Paulo: Parbola Editorial, 2004.
Essa obra traz um estudo sobre resenha baseado em exerccios.
Autoavaliao
1. Faa uma resenha crtica de um CD.
109
Correspondncias oficiais
Em todos os setores de nossa vida, precisamos saber elaborar alguns
documentos oficiais que tm uma redao tcnica especfica. Trabalharemos aqui aqueles que consideramos mais relevantes, oferecendo conceito e modelo para todos e, quando necessrio, mostrando a estrutura
de alguns deles. Usamos para isso o livro das professoras Dileta da Silveira Martins e Lubia Zilberknop Portugus Instrumental: de acordo com as
atuais normas da ABNT.
Modelo de ata
Ata 01
Aos oito dias do ms de fevereiro do ano de dois mil e seis, reuniram-se
na sala onze, s quinze horas, no setor de Servio de Orientao Educacional,
no prdio da Escola Estadual Conhecimento, a coordenadora pedaggica
112
Correspondncias oficiais
Maria dos Santos e os professores de Lngua Portuguesa do Ensino Fundamental. Depois de cumprimentar os professores, a coordenadora apresentou
os grficos da escola que possuem o nmero de reprovados nas disciplinas.
Apontou para o grande nmero de alunos no aprovados na disciplina de
Lngua Portuguesa e pediu explicaes aos professores. Estes, representados
pelo professor Joo da Silva, comentaram sobre o nvel cultural e intelectual dos alunos, alm do pouco incentivo que os discentes recebem em casa
para o fracasso na matria. A professora Maria sugeriu uma reunio entre
pais e professores e alunos e professores para uma discusso sobre o tema.
A sugesto foi aceita e os encontros sero posteriormente marcados. E, aps
a leitura da pauta para a prxima reunio, a coordenadora encerrou esta,
da qual para constar, eu, Joana dos Anjos, lavrei esta Ata. Sala do Servio de
Orientao Educacional, em 08 de fevereiro de 2006.
Cabe ressaltar que ata no relatrio. De acordo com o nosso modelo, podemos ver que se pontua apenas a pauta e a ao em relao ao ponto. Detalhamento de atitudes e falas no se faz, exceto quando alteram o resultado final.
Modelo de atestado
Timbre da instituio
Atestado
ATESTO, para os devidos fins, que a professora Joana dos Santos trabalha
nesta Instituio desde maro de 2000.
Curitiba, 07 de fevereiro de 2006.
Beltrano de Tal
Cargo de quem atestou
Cabe ressaltar que atestar algo muito importante, uma vez que quem assina
o documento responsvel por aquilo que atestou.
113
Correspondncias oficiais
Circular
Segundo Martins e Zilberknop (2005, p. 175), circular uma correspondncia
que possibilita uma pessoa ou setor a se dirigir a vrias pessoas ou setores.
Modelo de circular
Timbre da instituio
Circular n. 001/2006
Procedncia: Setor de Recursos Humanos
Assunto: Horrio de sada
A chefe do setor de Recursos Humanos, no uso de suas atribuies, baixa
a presente Circular:
1. Foi observado que alguns funcionrios no esto cumprindo o horrio de sada, uma vez que saem antes do horrio estipulado pela empresa.
2. A empresa decidiu que aquele colaborador que no cumprir o seu
horrio na totalidade ser demitido por justa causa.
3. Esta circular entra em vigor nesta data.
Curitiba, 07 de fevereiro de 2006.
Maria da Silva
Chefe dos Recursos Humanos
Joo dos Santos
Diretor
A objetividade muito importante nesse tipo de correspondncia. No possvel levantar vrios assuntos, sob pena de no ser adequadamente claro.
Conceito de comunicao
Comunicao um documento que tem por objetivo tornar ciente algum
ou grupo sobre algo. Quando pblica, deve-se preferir o edital, quando interna, o memorando. No entanto, quando publicada, deve ter o verbo na terceira
pessoa. Divide-se em interna e externa.
115
Correspondncias oficiais
Modelo de declarao
Timbre da empresa
Declaramos, para os devidos fins, que Joana dos Anjos professora nesta
Instituio desde maro de 2006.
Curitiba, 07 de fevereiro de 2007.
Maria da Silva
Diretora
Assim como no atestado, a pessoa que assina a declarao responsvel por
aquilo que declara.
Memorando
Memorando um tipo de correspondncia que visa rapidez acerca do assunto tratado. Deve ser escrito em folha meio-ofcio e o despacho pode ser na
mesma folha ou em folha que o acompanhe.
Modelo de memorando
Timbre da instituio
N. 01/2006
Data: 07/02/2006
Conceito de procurao
Segundo Martins e Zilberknop (2005, p. 243), procurao o instrumento por
meio do qual a pessoa fsica ou jurdica outorga poderes outra.
117
Modelo de procurao
Procurao
Por meio deste instrumento, eu, Maria da Silva, brasileira, casada, residente e domiciliada em Curitiba, na Rua dos Deuses, n. 1, professora da Escola
Estadual Conhecimento, nomeio e constituo minha procuradora a senhora
Joana dos Anjos, brasileira, solteira, maior, residente e domiciliada em Curitiba, Rua dos Anjos, n. 2, com o fim especial de entregar os meus cadernos de
chamada na secretaria da Escola.
Curitiba, 07 de fevereiro de 2006.
Assinatura
muito importante que a pessoa que est dando poderes outra especifique
a finalidade da procurao. Esse documento muito perigoso quando muito
amplo, tendo em vista que se d poderes a outro para agir em lugar de outro.
Existem outros documentos que podem ser estudados no livro que consta
nas referncias.
Atividades
1. Preencha os campos em branco do modelo de ata. Coloque os dados que
esto faltando.
118
Correspondncias oficiais
Dica de estudo
muito interessante a leitura do seguinte livro para ampliar as informaes
desta aula:
MARTINS, D. A. P. S.; ZILBERKNOP, L. S. Portugus Instrumental de Acordo com
as Atuais Normas da ABNT. Porto Alegre: Sagra, 2005.
Esse livro de suma importncia porque traz um apanhado geral dos aspectos mais relevantes da lngua para o uso dela de forma instrumental. O livro
119
Autoavaliao
1. Elabore, em seu caderno, um atestado para Maria dos Anjos dizendo que ela
trabalhou no dia 25/02/2006.
120
Correspondncias oficiais
121
Concordncia verbal
Concordncia verbal: conceito e casos
Mundo mgico
Conhea a histria e os segredos das
atraes do maior espetculo da Terra
(BIGHETI, 2005)
os artistas improvisavam;
eles passavam;
o circo clssico comeou;
verses modernas lembram.
No entanto, quando o sujeito aparece composto e com o verbo deslocado, o
falante no concorda, principalmente quando fala. A produo textual nos d a
oportunidade de rever o que foi escrito. A msica popular brasileira tem vrios
exemplos disso, como veremos a seguir:
Samba do Arnesto
Adoniram Barbosa
Concordncia verbal
Caso 2 O verbo vai para a 3. pessoa do plural (eles), quando o sujeito for
composto e estiver antes do verbo.
Caso 4 Quando o sujeito for composto por pessoas diferentes e nele estiver a 1. pessoa do singular (eu), o verbo ser conjugado na 1. pessoa
do plural (ns).
Caso 5 Quando o sujeito for composto por pessoas diferentes e nele estiver a 2. pessoa do singular (tu), o verbo ser conjugado na 2. pessoa do
plural (vs). Aceita-se tambm a conjugao concordando com vocs.
Caso 8 Quando o sujeito for um substantivo coletivo sem marca de plural, o verbo fica no singular.
Caso 9 Quando o sujeito for um substantivo coletivo no singular especificado com substantivo no plural, o verbo tanto pode ficar no singular
quanto no plural.
Caso 10 Quando as palavras nada, tudo, ningum e outras que aparecerem no fim de uma orao para resumir os termos anteriores, o verbo fica
no singular.
Caso 11 Os verbos dar, bater e soar concordam com o sujeito quando ele
aparecer na frase. Se o sujeito no aparecer, eles concordaro com as horas.
Caso 12 Quando houver os pronomes que e quem entre o verbo e o sujeito, temos duas possibilidades.
O verbo concorda com o sujeito que vem antes do pronome que.
O verbo ser conjugado da 3. pessoa do singular (ele) quando o pronome for quem.
Caso 13 Quando as palavras tudo, isso, aquilo e isso forem sujeito, o verbo
concordar com o predicativo.
126
Concordncia verbal
Hoje so 7 de fevereiro.
Quem so vocs?
O verbo ser tem uma conjugao difcil de fazer porque ele tem uma tabela
de prioridade para concordar com o sujeito. As professoras Martins e Zilberknop
(2005, p. 416) colocaram que aquele com o qual o verbo ser menos concorda
quando se tem uma coisa (no personativo). Ele preferencialmente concorda com
expresses personativas e pronomes pessoais, como segue:
Pronome pessoal como sujeito
Pronome pessoal
Personativo
No-personativo
Caso 15 Quando o sujeito simples for representado por nomes prprios
no plural, h duas possibilidades:
Quando o nome prprio for precedido de artigo, o verbo conjugado
no plural, como segue:
Ex.:
Quais
Pronome interrogativo
Quais
Pronome interrogativo
Alguns
Pronome indefinido
Alguns
Pronome indefinido
de ns gostariam
de saber a verdade?
de ns gostaramos
de saber a verdade?
de ns gostariam
de saber a verdade.
de ns gostaramos
de saber a verdade.
Quando o pronome interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo deve ficar sempre no singular.
Ex.: Pedro foi um dos alunos que conseguiram passar por mdia.
Caso 19 Quando o sujeito for pronome de tratamento, o verbo conjugado na 3. pessoa do singular (ele).
128
Concordncia verbal
Atividades
1. Concorde o verbo entre parnteses com o sujeito da frase.
Dicas de estudo
A gramtica deve ser escolhida pelo prprio usurio. Ele quem deve descobrir,
entre as vrias gramticas existentes, qual explica melhor o contedo, ou seja, qual
ele entende melhor. Mesmo assim, segue a indicao de algumas boas gramticas:
FARACO, Carlos Emlio; MOURA, Francisco Marto de. Gramtica. 19. ed. So
Paulo: tica, 1999.
MESQUITA, Roberto Melo. Gramtica da Lngua Portuguesa. 8. ed. So Paulo:
Saraiva, 1999.
129
Autoavaliao
1. Aponte, no texto abaixo, a palavra com a qual o verbo em negrito concorda.
Natureza em fria
Alm de causar destruio, as piores catstrofes naturais de todos os tempos
ajudaram a moldar nossa histria
(LOPES)
Ns, humanos, pensamos que tudo na Terra est sob nosso controle.
Mas, de vez em quando, a natureza inventa jeitos devastadores de provar
que isso no passa de mera presuno.
Pode no ser consolo, mas o planeta s continua favorvel vida, em
parte, porque esses desastres acontecem. Quando as placas tectnicas (as
balsas de rocha sobre as quais os continentes se apoiam) se chocam criando vulces, terremotos e ondas gigantes chamadas tsunamis, novas rochas
e solos nascem. A gua, o dixido de carbono e o enxofre essenciais para a
criao e manuteno da vida so reciclados pelos vulces, afirmou o gelogo Simon Winchester no livro Krakatoa.
Alm de provocar mortes e mudanas fsicas no planeta, os grandes desastres ajudaram tambm a virar do avesso a histria humana. Com isso em
mente, fizemos uma lista dos mais assustadores ataques de fria da natureza e chegamos a cinco que podem ser considerados os mais marcantes de
todos os tempos. Candidatos fortes ficaram de fora, como o terremoto que
teria matado 830 mil pessoas na provncia chinesa de Shensi, em 1556. Mas,
alm da conta assustadora de vtimas, outros espasmos atmosfricos e geolgicos inspiraram revolues, derrubaram governos e fizeram o homem
repensar a sua relao com a natureza. [...]
130
Concordncia verbal
131
Concordncia nominal
Leia o texto abaixo:
Caldeiro de culturas
A miscigenao caracterstica de nosso povo
tambm um trao marcante do portugus falado no Brasil
(LUCCHESI, 2006, p. 43-45)
Cada vez mais o Brasil assume sua identidade pluritnica. Assistimos a um despertar da conscincia de que, ao longo de mais de 500
anos de histria, diversos povos se entrecruzaram, no mais das vezes
de forma dramtica e violenta, para formarem a sociedade brasileira.
Isso se traduz no crescente reconhecimento das diferenas de cor
de pele, das diversas tradies culturais e dos mltiplos hbitos que
compem a riqueza cultural de nossa sociedade. E, no deixa de impressionar que, por sobre esse imenso mosaico cultural, se estenda
uma nica lngua: a portuguesa. essa a lngua materna da quase totalidade da populao do pas. [...]
No trecho da reportagem esto em negrito os substantivos e em itlico
os determinantes. A concordncia entre eles permite ao leitor saber a quem
se referem as palavras que caracterizam, determinam e especificam o substantivo. Os determinantes sempre concordam em gnero e nmero com o
substantivo a que se referem. Embora o usurio da lngua use, na grande
parte do tempo, os determinantes, poucos sabem o que so. Determinantes
so palavras que se referem ao substantivo para qualific-lo, especific-lo.
Ex.: A menina brasileira aprecia feijoada.
Cabe aqui lembrar o que artigo e substantivo. Artigo a palavra varivel que
acompanha o substantivo e o define ou indefine. Varia em gnero (masculino e
feminino) e nmero (singular e plural). Substantivo a palavra que d nome aos
seres, s coisas existentes no mundo. Varia em gnero (masculino e feminino),
nmero (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo).
Adjetivo e substantivo
O adjetivo a palavra da Lngua Portuguesa que expressa qualidade, caracterstica, modo de ser. Varia em gnero (masculino e feminino), nmero (singular e
plural) e grau (aumentativo e diminutivo), dependendo do nome a que se refere.
Numeral e substantivo
Numeral a palavra que expressa quantidade. Varia em gnero (masculino e feminino), nmero (singular e plural) e pode acompanhar ou substituir o substantivo.
Pronome e substantivo
Pronome a palavra que substitui um substantivo. Varia em gnero (masculino e feminino), nmero (singular e plural) e pessoa (eu, tu, ele, ns, vs e eles).
Desempenha funes de substantivo e adjetivo.
Predicativo e sujeito
Concordncia nominal
Caso 2: quando o adjetivo se referir a dois substantivos de gneros diferentes, e aparecer depois deles, haver duas possibilidades de uso.
O adjetivo vai para o masculino plural.
135
Esse caso bastante importante, uma vez que a maioria dos usurios no faz
essa concordncia. A presena do artigo mostra que, embora a palavra concordncia no esteja escrita, ela est implcita na frase, permitindo que o substantivo expresso fique no singular.
O substantivo vai para o plural se o segundo adjetivo no vier precedido de artigo.
Caso 6: o predicativo vai para o masculino plural quando o sujeito for composto de gneros diferentes.
Para os casos 5 e 6, o mais fcil trocar os substantivos por pronomes e concordar o adjetivo com eles.
Ex.: Maria est furiosa.
Ela est furiosa.
As meninas esto furiosas.
Elas esto furiosas.
Caso 7: quando o sujeito for um pronome de tratamento, o predicativo
concorda com o sexo da pessoa a quem nos dirigimos.
Concordncia nominal
A presena do artigo permite que haja concordncia entre o adjetivo da expresso e o substantivo que vem depois.
O adjetivo da expresso permanece no singular se o substantivo a que
se refere no vier acompanhado de artigo.
Tendo em vista que o pronome a palavra que substitui o nome, ele deve
concordar com o substantivo substitudo.
Caso 10: as palavras anexo e incluso concordam com o substantivo a que
se referem.
Esperamos muitas leituras na vida! (Leitura substantivo concreto e varia, portanto muito pode flexionar em gnero e nmero)
Poucas pessoas sabem ser felizes. (Pessoas substantivo concreto, portanto pouco pode flexionar em gnero e nmero)
Maria estava meio triste. (Triste adjetivo, portanto meio, que se refere a
triste, no pode ir para o plural)
Maria tomou meia garrafa de leite. (Garrafa substantivo concreto, portanto meio, que se refere garrafa, pode flexionar em gnero e nmero)
Caso 13: a concordncia de nomes compostos pode seguir a tabela elaborada por Martins e Zilberknop (2004, p. 386).
Exemplos
substantivo + substantivo
cirurgi(s)/o(es)-dentistas(s)
substantivo + adjetivo
amor(es)-perfeito(s)
adjetivo + substantivo
livre(s)-pensador(es)/a(s)
138
Exemplos
Verbo + substantivo
porta-retrato(s)
Verbo + verbo
puxa-puxa(s)
Exemplo
alto-falante(s)
Exemplo
adjetivo + adjetivo
greco-latino(s)/a(s)
Concordncia nominal
Exemplos
Substantivo + de + substantivo
p(s)-de-moleque
Substantivo + substantivo
caneta(s)-tinteiro
Invariveis
Advrbio formado por
Exemplo
advrbio+ advrbio
assim-assim
Exemplo
adjetivo + substantivo
(ndios) pele-vermelha
Caso 14: o nome de cor que tem sua origem em um substantivo no varia.
A nica exceo para a cor lils.
Caso 15: o nome de cor vinda das cores, quando adjetivo, concorda com o
substantivo. As excees so bege, azul-marinho e azul-celeste.
Os casos mais importantes de concordncia nominal foram apresentados. O ideal procurar exerccios em gramticas e livros didticos para fixar o
contedo.
Nunca esquea que a quebra de concordncia no texto prejudicar a mensagem que se deseja passar. Portanto, torna-se necessrio que, ao terminarmos de escrever, faamos uma reviso em busca de possveis casos de falta de
concordncia.
139
Atividades
1. Faa a concordncia nominal adequando a palavra que est entre parnteses
Dica de estudo
Sugiro a leitura do livro:
MARTINS, D. A. P. S.; ZILBERKNOP, L. S.. Portugus Instrumental: de acordo com
as atuais normas da ABNT. Porto Alegre: Sagra, 2005.
Autoavaliao
1. Aponte, no texto abaixo, a palavra com a qual os determinantes em negrito
concordam.
140
Concordncia nominal
Caldeiro de culturas
A miscigenao caracterstica de nosso povo tambm
um trao marcante do portugus falado no Brasil
(LUCCHESI, 2006, p. 43-45)
[...]
Mas nem sempre foi assim. Rosa Virgnia Mattos e Silva, grande nome da
pesquisa sobre a histria da Lngua Portuguesa, define bem (1) a histria
lingustica do Brasil como a passagem de um multilinguismo generalizado
para um multilinguismo localizado. Hoje, existem cerca de 180 lnguas indgenas que ainda sobrevivem (2) no territrio brasileiro, alm das lnguas dos
ncleos dos imigrantes, como alemes, italianos, japoneses, coreanos etc.
(3) A grande homogeneidade lingustica do Brasil faz-nos esquecer de
que por muito tempo (4) a Lngua Portuguesa teve que conviver com grandes contingentes de falantes nativos de lnguas (5) indgenas e africanas e
de como esse convvio afetou a nossa histria lingustica.
No incio da colonizao, na dcada de 1530, habitavam o territrio brasileiro cerca de 2,4 milhes de ndios. (6) Esse nmero foi drasticamente
reduzido j (7) no primeiro sculo de ocupao europeia, em funo da
beligerncia dos colonizadores, (8) do trabalho forado e, sobretudo, (9) das
epidemias de varola, malria, sfilis e de (10) todas as doenas trazidas pelo
homem branco, contras as quais as populaes indgenas no tinham defesas orgnicas. [...]
141
Ex.: A razo por que todos ficaram felizes foi a presena de Maria.
No incio de ttulos.
Porque
Deve ser usado quando assumir o sentido de pois, porquanto, por causa
que.
Por qu
usado antes do sinal de pontuao ou no final da frase.
144
Porqu
usado quando assumir o sentido de motivo, ou quando representar a
palavra porqu.
145
Conjunes coordenativas
Tipo/sentido
Conjunes
Locues
conjuntivas
Exemplos
Aditiva
Estabelece relao de
soma.
e, nem.
No s... mas
tambm.
Adversativa
Estabelece relao de
oposio, de contraste.
mas; porm,
todavia, contudo, entretanto,
seno.
No entanto,
no obstante.
Alternativa
Estabelece relao de
excluso, alternncia, de
escolha de um por outro.
Conclusiva
Estabelece relao de
concluso do que foi
anteriormente colocado.
assim, logo,
pois (aps o
verbo), portanto.
Explicativa
Estabelece relao de
explicao para o fato
anteriormente colocado.
que (= porque),
pois (antes do
verbo), porque,
porquanto.
Por isso,
por conseguinte.
Atividades
1. Empregue o porqu adequado.
a) Maria quer saber
d)
e) O
f) Eis
g) A palavra
prometer o texto.
muito comprometida
?
tanto brigo Maria.
((
((
((
((
((
((
((
((
((
Ainda que Maria seja estudiosa ela tirou nota baixa na prova.
((
Dicas de estudo
CAMARGO, Thas Nicoleti de. Uso da Vrgula. So Paulo: Manole, 2005. (Coleo:
Entender o Portugus).
A gramtica deve ser escolhida pelo prprio usurio. Ele quem deve descobrir, entre as vrias gramticas existentes, qual explica melhor o contedo, ou
seja, qual ele entende melhor. Mesmo assim, segue a indicao de algumas boas
gramticas.
FARACO, Carlos Emlio; MOURA, Francisco Marto de. Gramtica. 19. ed. So
Paulo: tica, 1999.
MESQUITA, Roberto Melo. Gramtica da Lngua Portuguesa. 8. ed. So Paulo:
Saraiva, 1999.
SAVIOLI, Francisco Plato. Gramtica em 44 lies. 32. ed. So Paulo: tica,
2000.
Autoavaliao
1. Preencha o texto abaixo com o porqu adequado.
Tento entender o (1)
das coisas? Talvez (2)
seja uma pessoa curiosa ou, quem sabe, chata. Na verdade, nem tudo tem
; (4)
? A resposta est no modo de
um (3)
como agimos na vida.
150
151
154
Carlos Alberto Faraco escreveu um texto que explica muito bem por que isso
acontece.
[...]
Diante de todo esse quadro praticamente inesgotvel de recursos, podemos afirmar que uma lngua um universo infinito e em contnuo movimento. Mesmo que consegussemos juntar num megadicionrio todas as
palavras da lngua (com os diferentes sentidos de cada uma delas) e apresentar numa megagramtica todos os princpios que regem a construo dos
enunciados estruturalmente possveis na lngua (cobrindo toda a gama de
155
suas variedades), ainda assim a lngua como tal nos escaparia. E isso porque
ela no uma realidade esttica, que possa ser congelada num dicionrio ou
numa gramtica. Ela no um tesouro, uma mera coleo de sons, palavras e
enunciados. A lngua , de fato, uma realidade dinmica, plstica e aberta, em
contnuo movimento, tal qual a experincia humana. E ela tem de ser assim,
porque, de outro modo, no seria capaz de dar forma multiplicidade de eventos de expresso e interao que ocorrem continuamente no interior da sociedade que fala (ou, como no caso do Portugus, das sociedades que a falam).
Assim, no mesmo momento em que estivssemos terminando nosso megadicionrio, novos sentidos estariam sendo agregados s velhas palavras
e novas palavras estariam sendo criadas ou incorporadas de outras lnguas.
Mesmo que conhecssemos integralmente os princpios das alteraes semnticas das palavras ou da criao e incorporao de novas palavras, sua
manifestao ou direo so, de fato, imprevisveis.[...]
bem verdade que cesso no muito usado por ns. Mas importante que
se saiba a sua grafia e sentido para que no confundamos com as outras duas.
156
H/a
H: indica tempo passado. Pode ser substitudo por fazer.
Cabe lembrar que o a jamais poder ser substitudo por fazer, ou seja, no
seria uma frase da nossa lngua irei terminar o curso daqui faz dois anos.
sempre aconselhvel, em caso de dvida, a substituio pelo verbo fazer.
Se no/seno
Se no: indica uma condio. Pode ser substitudo por caso no.
157
A ideia aqui ver qual delas passa uma ideia positiva. Ningum diz que vai de
encontro ao amigo e muito menos ao encontro do poste, uma vez que notamos
o valor de cada expresso nas frases elaboradas. Portanto, em caso de dvida,
faamos esse tipo de teste.
A cerca de/acerca de/h cerca de
A cerca de: significa a uma distncia.
Todo o/todo
Todo o: significa inteiro.
toa/-toa
toa: significa perdido.
Ex.: Estava toa na vida, o meu amor me chamou, pra ver a banda passar [...]. (A banda, Chico Buarque.)
Concerto/conserto
Concerto: apresentao musical.
Mal/mau
Mal: um advrbio e o contrrio de bem.
A moral/o moral
A moral: significa conduta tica.
Ex.: Temos que zelar pela moral e bons costumes nesta casa.
Ex.: Pedro est com o moral baixo porque foi mal na prova.
Atividades
1. Escolha uma das palavras que est entre parnteses para preencher adequadamente as lacunas das frases abaixo.
2. Maria ia
de encontro a)
159
5. A me de Maria est
par)
8. Maria est
to. (h / a)
Dicas de estudo
A gramtica deve ser escolhida pelo prprio usurio. Ele quem deve descobrir, entre as vrias gramticas existentes, qual explica melhor o contedo,
ou seja, qual ele entende melhor. Mesmo assim, segue a indicao de algumas
boas gramticas:
FARACO, Carlos Emlio; MOURA, Francisco M. de. Gramtica. 19. ed. So Paulo:
tica, 1999.
MESQUITA, Roberto Melo. Gramtica da Lngua Portuguesa. 8. ed. So Paulo:
Saraiva, 1999.
SAVIOLI, Francisco Plato. Gramtica em 44 lies. 32. ed. So Paulo: tica,
2000.
Sugiro tambm a leitura da seguinte obra:
MARTINS, D. A. P. S.; ZILBERKNOP, L. S. Portugus Instrumental: de acordo com
as atuais normas da ABNT. Porto Alegre: Sagra, 2005.
Autoavaliao
1. Preencha adequadamente o texto abaixo escolhendo uma das palavras que
esto entre parnteses.
160
trs aulas que a professora Joana fala de Mrio Quinaluno deve conhec-lo,
tana (A / H). Ela acredita que
uma vez que um famoso poeta gacho (todo / todo o). O seu estilo poesia
preferncias dos jovens modernos, tendo em vista
vai
que eles preferem hip-hop e funk (ao encontro de / de encontro a). Logo,
de tudo que atual,
embora os temas do poeta sejam
ele pouco lido pelos jovens gachos (a cerca / acerca / h cerca). Mais uma
das Cmaras rio-granvez, as homenagens se daro nas
denses, mas no no corao do povo que ele tanto amou (cesses / sesses
/ sees)!
161
Emprego da crase
e dos pronomes demonstrativos
A crase a unio da preposio a com o artigo a e da preposio a
com o a inicial dos pronomes demonstrativos de terceira pessoa (aquele,
aquela, aquilo). indicada pelo acento grave (`).
Ex.: Como sempre, os ambiciosos visam carreira profissional.
Como sempre, os ambiciosos visam aos cargos mais altos nas empresas.
Existem alguns casos que solicitam a crase, como veremos a seguir.
s escuras
medida que
proporo que
s cegas
Das 2h s 20h
queima-roupa
noite
s vezes
tarde
d
Algo
P
r
e
p
o
s
i
Algum
a amiga
a empresa
Com os verbos acima, falamos Quem envia, envia algo a algum. Se esse
algum for uma palavra feminina, colocamos crase.
166
Espao
Este / esta / isto
Referem-se a objetos que esto perto de quem fala.
Ex.: Esta bolsa minha.
167
Tempo
Este / esta / isto
Referem-se a tempo presente.
Ex.: Esta semana est muito quente.
Texto
Este / esta / isto
Referem-se a termos/palavras que sero mencionadas no texto.
Ex. Isto tudo que quero: paz.
Atividades
1. Coloque crase quando necessrio. Justifique com a letra que corresponde
regra.
a) Diante de palavras femininas complementos de verbos que regem a preposio a.
b) Diante de nomes de locais.
c) Diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo, quando eles acompanham verbos que regem a preposio a.
d) Diante da palavra casa quando essa vier determinada.
e) Diante da palavra distncia quando essa vier determinada.
f) Diante da palavra terra quando ela significar planeta ou lugar onde algum nasceu.
g) Diante da expresso a moda de, estando ela expressa ou no.
h) Diante do pronome relativo a qual. Para ter a certeza do emprego da crase nesse caso, deve-se colocar um substantivo masculino; se o pronome
ficar ao qual, significa que a qual tem crase.
i) Diante de locues adverbiais, locues preposicionais e locues conjuntivas.
j) Quando as expresses rua, loja e estao de rdio estiverem subentendidas.
((
((
((
((
((
((
((
((
((
((
b) Est vendo
amiga.
menino muito
Dicas de estudo
A gramtica deve ser escolhida pelo prprio usurio. Ele quem deve
descobrir, entre as vrias gramticas existentes, qual explica melhor o contedo,
ou seja, qual ele entende melhor. Mesmo assim, segue a indicao de algumas
boas gramticas:
FARACO, Carlos Emlio; MOURA, Francisco M. de. Gramtica. 19. ed. So
Paulo: tica, 1999.
170
Autoavaliao
1. Coloque crase, quando necessrio, no texto abaixo.
No que diz respeito a educao, o governador de Cu Azul e futuro candidato ao cargo de Presidente da Repblica decepcionou seus eleitores. Ele, a
ditador, cortou quase R$500 mil reais da verba destinada a educao em Cu
Azul. Os estudantes, inconformados, foram para as ruas e, a distncia de 200
metros da sede do governo, protestaram. A polcia reagiu e o governador
foi a casa de seus companheiros de partido para discutir a situao. Embora
no fale profundamente da atitude dos estudantes, quando se refere aquele
fato, ainda que de forma breve, mostra-se incomodado. Se depender dos
estudantes, a situao ir piorar, e ele ter que voltar a terra de sua famlia
para dar um tempo para a sua imagem. sempre assim, a pasta da educao
sempre sofre cortes, e o povo de Cu Azul fica, mais uma vez, sem escola.
171
Gabarito
O processo comunicativo e seus elementos
Atividades
1. Fonte: Pedro
Emissor: Pedro
Canal: tecnolgico
Cdigo: verbal
Destinatrio: Maria
2.
a) Funo emotiva
b) Funo conativa
c) Funo ftica
d) Funo referencial
e) Funo potica
f) Funo metalingustica
Autoavaliao
1.
a) Emenda de vogais
b) Clareza
c) Conciso
d) Cacofonia
e) Aliterao
2.
a) Fonte: Pedro
Emissor: Pedro
Canal: natural
Cdigo: verbal
Destinatrio: Maria
b) Fonte: Pedro
Emissor: Joo
Canal: tecnolgico
Cdigo: verbal
Destinatrio: Maria
c) Fonte: Pedro
Emissor: Joo
Canal: tecnolgico
Cdigo: verbal
Destinatrio: Maria
Sugesto:
Gabarito
a) De lngua culta:
b) De lngua coloquial:
d) De lngua regional:
importante dar ateno etimologia; s relaes sintagmticas e semnticas; e s alteraes morfolgicas, fonticas e prosdicas de cada
item lexical para se fazer um material lexicogrfico.
g) De lngua grupal com o uso de gria:
Depois do trampo (trabalho remunerado) ele vai beber umas bras (bebida alcolica).
Autoavaliao
1.
a) Grupal/gria.
b) Regional.
c) Grupal/tcnica.
d) Vulgar/inculta.
2.
a) Legibilidade.
175
b) Movimento de autoria.
c) Tcnicas de escrita e letramento.
Coeso
Atividades
Os articuladores so os abaixo listados:
Linha 6 e
Linha 11 como
Linha 14 que
Linha 15 Mas
Linha 15 como
Autoavaliao
Linha 3 ele remete linha 1 rdio.
Linha 4 que remete linha 4 aparelhos.
Linha 5 isso remete s linhas 4 e 5 programas de rdio esto conquistando todos os espaos e aparelhos que se puder imaginar celulares, MP3
players, televises e at satlites.
Linha 6 que remete linha 6 opinies.
Linha 10 estaes remete linha 9 emissoras.
Linha 11 aqui remete linha 8 Brasil.
Coerncia
Atividades
176
No h relao entre as ideias, sendo que, se praticar esportes faz bem para
a sade, pode-se inferir que se exercitar melhor que ficar em casa olhando
para a televiso, ao contrrio do que diz o texto.
Gabarito
Autoavaliao
Metarregra da progresso.
Transcrio e retextualizao
Atividades
ih::::
((risos))
com
( )
cuid
reduo do r infinitivo
...
pausa
Autoavaliao
Outras variantes do texto podem ser aceitas, desde que estejam na lngua
padro. Abaixo oferecemos uma sugesto.
M. Z., moradora de Garibaldi, no Rio Grande do Sul, contou que na sua infncia, quando tinha oito anos, ela e a irm mais velha s iam escola quando
chovia. Em dias ensolarados, tinham que ficar em casa cuidando do irmo
menor e fazendo os servios domsticos, tendo em vista que a me trabalhava na roa. Levavam tambm o pequeno para a me no servio dela.
Parfrase
Atividades
1. Os testes desmentiram que boa parte do material estivesse contaminado.
3. Surpreendeu aos jornalistas que o velhinho estivesse lcido, aos 103 anos.
Naquele momento, algum lembrou a inabilidade do presidente do sindicato no trato de questes polticas.
Autoavaliao
1. O professor interrompeu a aula. (Voz ativa)
Pargrafo-padro
Atividades
1. O tetris um jogo difcil.
178
Gabarito
Autoavaliao
1. Resposta pessoal. importante selecionar um tpico frasal e desenvolv-lo utilizando os modos que se adequam ao seu estilo. Abaixo segue uma sugesto:
Resumo
Atividades
1. Abaixo segue uma sugesto de resumo indicativo:
Autoavaliao
1. A seguir segue uma sugesto de resumo indicativo:
179
Tito Montenegro explica, no texto A sujeira das naes: quem que vai pagar
por isso? que, com o ingresso da Rssia no Protocolo de Kyoto, as discusses
sobre aquecimento global ficaram maiores. Isso porque agora, com o nmero mnimo necessrio para o Protocolo entrar em prtica, as naes tero
que respeitar o tratado, que tem como objetivo amenizar o efeito estufa. Elas
foram divididas em dois grandes grupos: as naes mais industrializadas e as
naes em desenvolvimento. As primeiras tero que diminuir a emisso em
5% em relao a 1990 e as segundas esto livres da ao, podendo vender
cotas de emisso para pases que necessitem. Alguns pases no concordam,
entre eles os Estados Unidos, que alegam a queda na economia para no
aceitar os termos. Tambm pases em desenvolvimento no concordam com
os termos do Protocolo, entre eles Brasil e China. Dizem que os pases mais
industrializados so histrica e proporcionalmente os maiores responsveis
pela poluio, afirmao sustentada pelo pesquisador climtico da UFRJ
Christiano Campos.
Resenha crtica
Atividades
Autoavaliao
Correspondncias oficiais
Atividades
180
Aos oito dias do ms de maro do ano de dois mil e seis, reuniram-se na sala
um, s quinze horas, no prdio da Empresa Viva Chique, o presidente Joo da
Silva e os funcionrios da Empresa Viva Chique. Aps cumprimentar a todos,
o presidente apresentou o assunto da reunio: planejamento estratgico
para venda de imveis de luxo. Foi chamado o funcionrio Pedro de Souza,
mentor do plano, para apresentao. Pedro mostrou as pesquisas feitas na
cidade de Curitiba. Nela consta que h muitas pessoas dispostas a investir
Gabarito
As respostas podero variar, uma vez que foi dada a liberdade de inventar os
dados.
Autoavaliao
Timbre da instituio
Atestado
ATESTO, para os devidos fins, que a Maria dos Anjos trabalhou, nesta Instituio, no dia 25/02/2006.
Curitiba, 08 de maro de 2006.
Beltrano de Tal
Diretora
Concordncia verbal
Atividades
1. H
2. Existem
3. Devem
4. Pagaram
5. Pagou
6. Bateram
7. Soou
181
8. Sairemos
9. Sares/sairo
Autoavaliao
Pensamos humanos
Inventa natureza
Passa isso
Continua planeta
Apoiam continentes
Fizemos ns
Concordncia nominal
Atividades
1. mesma/obrigada.
2. as lnguas.
3. a lngua.
4. esforados ou esforadas.
5. esforadas.
6. permitida.
7. permitido.
8. meia.
182
Gabarito
9. bastante.
10. bastantes.
Autoavaliao
1. histria.
2. territrio.
3. homogeneidade.
4. Lngua Portuguesa.
5. lnguas.
6. nmero.
7. sculo.
8. trabalho.
9. epidemias.
10. doenas.
i) por qu
j) por que
2. ( h ) Maria estuda ingls; Pedro, espanhol.
(No tem vrgula) Maria foi para a escola e esqueceu o livro em casa.
( d ) Ainda que Maria seja estudiosa, ela tirou nota baixa na prova.
Autoavaliao
1.
1. porqu
2. porque
3. porqu
4. por qu
5. porqu
6. porqu
7. porqu
8. porqu
9. porque
Gabarito
Autoavaliao
1. h
2. todo o
3. de encontro s
4. acerca
5. sesses
185
2.
a) Isto
b) Aquela
c) Esse
d) Esta
e) Isso
f) Aquele/este
g) Essa
h) Aquilo
i) Isso
j) Este
186
Gabarito
Autoavaliao
1. No que diz respeito educao, o governador de Cu Azul e futuro candidato ao cargo de Presidente da Repblica decepcionou seus eleitores. Ele,
ditador, cortou quase R$500 mil reais da verba destinada educao em Cu
Azul. Os estudantes, inconformados, foram para as ruas e, distncia de 200
metros da sede do governo, protestaram. A polcia reagiu e o governador
foi casa de seus companheiros de partido para discutir a situao. Embora
no fale profundamente da atitude dos estudantes, quando se refere quele
fato, ainda que de forma breve, mostra-se incomodado. Se depender dos
estudantes, a situao ir piorar, e ele ter que voltar terra de sua famlia
para dar um tempo para a sua imagem. sempre assim, a pasta da educao
sempre sofre cortes, e o povo de Cu Azul fica, mais uma vez, sem escola.
2. Muitos alunos alegam que odeiam a Lngua Portuguesa porque essa sempre foi difcil. No entanto, eles no se do conta que a utilizam para todos
os setores importantes da vida, entre eles, estes que seguem: namorar, brigar, vender, convencer, amar, argumentar, entre outros. O problema no
a lngua, mas sim a maneira como ela vista e ensinada pelos intelectuais
e professores. Aqueles se acham os donos, acreditam que todas as regras
devam se submeter aos seus modos de expresso, estes so os que devem
fazer com que todos falem e escrevam da mesma forma, usando, para isso,
somente a gramtica tradicional. Se isso no mudar, certamente no teremos pessoas para ensinar, no futuro, a nossa lngua-me.
187
Referncias
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190
Referncias
191
Lngua Portuguesa:
da oralidade escrita
Lngua Portuguesa:
da oralidade escrita