PAULANI, Leda Brasil Delivery
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lvana Jinkings
Editara
Mareei lha
Guilherme Xavier
Bibiana Leme
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CIPBRASIL. CATALOGAONA.FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS eDITORES DE LIVROS . RJ
P349b
Inclui bibliografia
(Emou de srio)
~\..,rno 200].
ISBN 978-85-7559-115-4
.t Brasil Polhio e
081168.
011 reproduzida
se. utilizada
BOlTEMPO EDITORIAL
rii?;:':~-=;.;....,-=.:.r.=:...:...:;::=::::::....".q:ingsEditores Associados Lida .
' ud idcs Je Andrnde. 27 Perdizes
05030030 510 Paulo SP
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Em outubro de 2002, Luiz Incio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil. Menino migranre, vindo do Nordeste pobre para o Sudeste
.# co no emblemtico "pau-de-arara", torna-se, como muitos outros de
idntica trajetria, operrio do centro industrial do pas. Carismtico
.~ ,de fala fcil, transforma-se naturalmente em lder operrio, reconhe. 9.do pelas greves em massa que consegue organizar durante o perodo
$.tatorial. Essa quadratura histrica acaba empurrando a jovem lide~~a para a lida poltica e da para a fundao de um partido de opo,'~i~o ao regime militar, Dados sua origem operria e o momento em
~.V~ se constitui, o Partido dos Trabalhadores (P'T) torna-se rpida~iij:~te, e malgrado as intenes de seu idealizador, referncia e abrigo
~:p~ a esquerda de todo o pas. assim, pois, embalado no acaso his:r' ~ ;- -,;
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J"'" 1'(:' :~, maior, o presidente Lula e seu partido adotaram a mais conser:
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B Brasil Dfliflfry
havia colocado o pas numa armadilha - ou permanecer nesse caminho, o partido e seu lder maior no riverarn nenhuma dvida: dando
Vaz30 ao conservadorismo que jazia logo abaixo da aparncia contestadora trajada ao longo de mais de duas dcadas (c que lhes rendera a
vitria nas eleies), escolheram a continuidade.
Dado o inusitado da situao, podemos dizer, parafraseando Marxo qual assimse expressou em relao s crises monetriasque de quando em quando se abatem sobre o capitalismo-, que ao susto terico (e
hisrrico) aliou-se o pnico prtico, pois, vindo de quem vinha, era
evidente que essa escolha implicava o abandono da perspectiva do desenvolvimento, a desistncia do alcance de uma soberania que ainda
estava por ser construda e a total entrega do pas a interesses alheios
aos da imensa maioria de sua populao. Esse pnico prtico, evidente, no acometeu a rodos indistintamente - tomou de assalto, em
especial, aqueles que estiveram envolvidos intelectual e politicamente
com a construo daquela suposta opo. Sendo esse o caso da autora
destas linhas, tornou-se inevitvel a busca de explicaes e de uma
maior compreenso sobre o que estava de fato se passando.
A origem deste livro deve muito a essa procura de informaes, de
interpretao histrica, de aprimoramento do diagnstico. Escritos entre
maro de 2003 e novembro de 200S (com exceo do posfcio, elaborado em novembro de 2007, a partir de artigo redigido em fevereiro de
2007), os artigosaqui reunidos procuraram, a cada momento, dar coma
da situao criada com a eleiode Lula e com as escolhas feitas por ele
para governar o pas. Mas, como o trabalho intelectual altamente
socializado, estecompndio no existiria se, mesmo com o susto hisrrico, o pnico prtico e a profunda indignao, no houvesse tambm
um forte estmulo intelectuale demandas de origem vriaque me instaram a pr no papel e, portanto, a organizar tudo aquilo que vinha
atabalhoadamente percebendo e considerando.
Assim, minha divida maior com Paulo Arantes, que, desde nossas
primeirasconversas depois da ascenso de Lula, convocava-me a escrever as observaes que lhe fazia, em especial aquelas sobre a poltica
econmica do novo governo. Essaconvocao tomou a forma concreta de um convire para escrever um pequeno artigo para a revista Reportagem - excelente publicao mensal paulistana dirigida pelo jornalista
Raimundo Rodrigues Pereira e na qual Paulo Arantes organizava um
caderno especial de opinio. Um convire para participar de um semi~_ -':.
Apresentao' 9
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nria em Belo Horizonte, em abril de 2003, organizado pelos professoresJoo Antonio de Paula e Marco Aurlio Crocco, havia me obrigado a minimamente organizar, para preparar a interveno ~u~ ~i
faria, meus argumentos a respeito do carter do governo que se iruciava, Tendo aceitado o convite de Raimundo e Paulo, retomei aquelas
idias e produzi o artigo encomendado. Ao escrev-lo deparei com a
expresso que cncima este livro e que me pareceu, e ainda me parece.
resumir com inequvocaclarezao resultado mais nefasto da opo pela
continuidade que Lula e o PT patrocinaram. mister lembrar que foi
um prcer do primeiro escalo desse governo quem afirmou ser delivery
a palavra da moda, O que fiz foi juntar numa expresso nica, contraditria por definio,asduas metadesdesseprojeto nacional inconcluso
chamado Brasil.
. Mas "Brasil Delivery" no era propriamente um artigo acadmico,
dado o veculo para o qual havia sido escrito. O professorJoo Anronio de Paulaentra novamente em cena, com a proposta de transformar
em livro os calorosos debates ocorridos no seminrio de Belo Horizonte, Alongueiento o artiguete que j existia,aprofundei-lhe as consideraes de natureza mais tericae terminei assim, em julho de 2003,
:(;i,artigo que abre a coletnea.
j:;~. No incio de 2004, findo o primeiro ano do governo de Lula- com
~t~tados desastrosos no que se refere a crescimento econmico e gez~~o de emprego -, urgia a necessidade de aprofundar a discusso e
:~rnec-la de consideraes tericas mais robustas. Um convite para
~~frever um artigo para a revistaalem Prokla, uma amiga dvida com
'~1?eridico brasileiro Critica Marxista e a quarta edio do seminrio
, ;~Macx internacional", que ocorreria em Paris em setembro daquele
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~~::9.) combinaram-se para formar conjuntamente o libi de que eu neJ~~tava para pr em marcha esseprojeto. nesse segundo ~rti?o que
.if~-m.~ a tomar forma aquilo que j estava em germe no pnmelro , ou
. ;&'~~l%t"?- tese de que o Brasil vem se transformando a passoslargos numa
;~P.YitMorma de valorizao financeira internacional.
}';f~~ agosto de 2004 mais uma demanda, dessa vez formulada pelo
;T.~~!8~or Joo Sics, permitiu-me prolongar a reflexo. Sics organi~ri:~~~to um livro no qual planejava justapor leituras econmicas,
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10 Brasil Oaivay
meio desse governo, regresso aos argumentos anteriores, tomo de emprstimo uma instigante tese de Paulo Arantes, aprofundo a questo
terica da dvida pblica e de seu papel na valorizao financeira, e
est pronto o terceiro artigo.
Entrementes eu tocava tambm, alm da atividade acadmica usual,
a presidncia da Sociedade Brasileira de Economia Poltica (SEP), entidade qual me filiei desde seu incio em 1996 e da qual fui diretora (l996~ 1998) e vice-presidente (I998-2000). Eleita em junho de
2004 para gerir a entidade no binio 2004-2006, destaquei em minha
proposta de trabalho a necessidade de que a SEr, sem descuidar de seu
papel acadmico de fortalecer o pensamento heterodoxo vis--vis a dura
investida da ortodoxia, aprofundasse seu papei poltico. Uma das medidas concretas que [Ornei com esse intuito, junto com a diretoria que
comigo se elegeu, foi inscrever a SEP na quinra edio do Frum Social
Mundial, que ocorreria em Porto Alegre, em janeiro de 2005. Entre as
atividades que ali propusemos e realizamos houve uma mesa sobre a
questo dos novos governos latino-americanos (particularmente o de
Lula no Brasil, O de Kirchner na Argentina e o de Tabar no Uruguai)
e sobre at que ponto eles poderiam ser considerados alternativas ao
neoliberalismo no continente. Particularmente no caso do Brasil, o
aprofundamento dessa discusso mostrava-se de fundamental impor.
tncia, dada a equivocada interpretao corrente, mesmo entre inrelectuais de esquerda, de que Lula fazia O enfrenrarnenro que era possvel
doutrina e aos interesses dominantes, rendendo-se a eles apenas quando no havia outra alternativa. Era essa, portanto, a oportunidade que
faltava para colocar no papel a rese de que o governo Lula no s no
constitua alternativa, em qualquer aspecto considerado, ao neoliberalismo, como era sua mais completa encarnao.
Foi ai que comecei a juntar duas reas de discusso nas quais vinha
militando h algum tempo, quais sejam: a anlise do desenvolvimento
capitalista no Brasil, de um lado, e a histria do neoliberalismo como
doutrina e coleo de prticas de poltica econmica, de outro. O quarto
artigo o resultado primeiro dessa juno e da organizao dessa discusso. Seu resultado mais bem acabado est no ltimo artigo (o sexto), escrito. dessa vez, por encomenda da Escola Politcnica de Sade
Joaquim Venncio. entidade pertencente Fundao Oswaldo Cruz.
Em comemorao aos vinte anos de existncia da escola, seus gestores
houveram por bem realizar um seminrio em que se discutisse no s
Apresentao I 1
educao, no s formao de profissionais para atuar na sade pblica, mas tambm o pano de fundo em que essa atividade se desenvolve.
Convidaram-me, ento, por volta de julho de 2005, a escrever um
artigo , que deveria estar prontO ao fim de outubro, sobre a dinmica e
os impasses do ncoliberalismo no Brasil. No poderia haver melhor
oportunidade para aprofundar a discusso que eu iniciara na interveno feita no V Frum Social Mundial e que foi publicada no nmero 16
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evitar repeties.
Apresentao' 13
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razes. contradies e limites, da poltica econmica
nos primeiros seis meses do governo Lula
11.
1. A morte da macroeconomia
Desde seu incio. em janeiro de 2003, o governo Lula vem praticando uma poltica econmica de inclinao inequivocamente liberal,
confirmando o que muitos esperavam, alguns com angstia. outros
,tom alvio, Teses e argumentos incansavelmente defendidos ao longo
' a os oitos anos de governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), sempJ:e criticados pelo Partido dos Trabaihadores, so age ta afirmados pelo
'g~~no deste ltimo com desconcertante naturalidade.
:_;1fM.t~reditam alguns que a gesto Lula ser ainda mais liberal que a de
:j~~~r~ntecesso r, pois conseguir levar a cabo uma srie de transforma{;~ com as quais FHC apenas sonhou. Angcli, em charge na Folha de
,~~~~Jo de 26 de abril de 2003, traduz perfeio essa expecrariva:
~~sre~ando sobre o retrato presidencial, o primeiro indivduo toma
~:;~~:por um ssia de FHC; o segundo, em dvida, argumenta que
, .'l<., .:s.rj}.,~~)~ mais gordinho"; ao que e terceiro retruca: "que nada , este o
*~~'yerdadeiro" .
'1?-f.~~~W~da que no seja uma completa surpresa - para alguns, essa mano.~~'i~\~~ca1 j estava em germe no incio de 2002 e, para OUtros, antes
'~Ili~~~~~disso -, o cenrio impe reflexo: quais as rnzes de tamanha
i-;~=f;~
}~qu ais os limites dessa polricai ,
-'. }hecemos pelas razes, A primeira alegada razo sobejamente
cJ4a. Mesmo o mais distrado observador da cena nacional a
! )lont a da lngua. Trata-se da famosa "Tina" (" There is no
. )~~"). na qual estivemos submersos nos ltimos oito anos e da
!#tos acreditaram que sairamos, ou, ao menos, ergueramos
,~ a cabea.
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2. A lgica da credibilidade
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resultados, por pfios que sejam, timo. Se no ... pacincia, Mas, sendo
assim, de que serve a mo buscada c defendida credibilidade?
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,.~4~'~~}'Jt.,~ 0 anterior deixara. E como uma vez que se embarque nesse b~n
H~~~:~~~~ possvel dele saltar sem provocar um tumulto talvez maror
~~~~1~~~B~~ o que se tentou evitar, o governo Lula teria decidido de uma
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26 Brasil Dai,,",
~os novamente mecanismos informais de indexao que voltassem a
Jogar para a frente a inflao passada, reinaugurando um movimento
muito conhecido da economia brasileira. Mas como defender um to
mplausvel diagnstico com a economia estagnada e o desemprego batendo recordes atrs de recordes? De onde poderia estar vindo tamanha
presso por reajustes de preos, de modo que comprometesse a estabilidade monetria do pas?
. Evidentemente o problema no era esse. Como sabido, por conta
Justam.ente da turbulncia provocada pelo processo eleitoral. o preo
e~ re:als da moeda norte-americana disparou a partir de junho de 2002.
atl.ngmdo quase R$ 4 em setembro. Com a defasagem que sempre
existe nesses :asos, os ndices de preos passaram a incorporar esse
choque a parnr de outubro/novembro. Acrescente-se aqui que, na cesta
de ~ens que d a base para esses ndices - e, portanto, tambm para o
Indice de Preosao Consumidor Amplo (I PCA) do IBGE, que o ndice
acompanhado para efeitos de controle das metas inflacionrias -, tm
peso muito substantivo as tarifas de servios industriais de utilidade
pblica, bem como os chamados preos administrados. como combusrfvel, gs etc. Nessas circunstncias. era evidente que a absoro
total do choque provocado pela elevao sbita do cmbio, mesmo
com sua. reduo posterior (ele fecha o ano na faixa dos R$ 3,50),
demo~at1a alguns meses, visto que a assincronia existente no processo
de reajuste de preos tornaria impossvel que todo ele fosse absorvido
de ~ma s vez: Portamo, fosse qual fosse a conduo da poltica rnonetria, pelo menos quatro ou cinco meses de ndices elevados existiriam
como mera conseqncia da elevao do preo do dlar entre junho e
setembro de 2002.
. N~ existia. pois, nenhum indicador de que o processo inflacionno esnvesse fora de controle. Evidentemente essa elevao sbita de
um dos pr~os mais importantes da economia teria conseqncias do
p~nto de vista do comportamento dos ndices de preo, mas era perfeitamente possvel saber a extenso do estrago. Ele estava limitado a
uma reconfigurao da estrutura de preos relativos. que. ao fim e ao
c:-bo, no de todo ruim para a economia brasileira - ao contrrio -.
VISto que tende a reduzir os vazamentos e engrossar as injees de
de~~~ na economia domstica. No existia, por absoluta falta de
oXIgemo na economia. nenhuma possibilidade de essa reconfigurao
de preos se transmutar num descontrole monetrio e/ou desencadear
Brasil Dtlivtry 27
'>;
de que o
ca~ter
~:~ por Chico Santos, ~lBGE rambrn diz que a inflao caiu em fc:vereiro~.
': :lterruptament e desde [aneiro de 2002. Em abril de 2003. esse valor foi, em
~trnos reais, 7,5% menor do que o valor verificado em abril de 2002. Finalrnen-
~p~~m::tfPtal
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30 Brasil D~liwry
qil ame nte sob re qua l seria O nmo para os excluldos e dissertou tran
a que se beneficiasse da
~ero.ddes_(18, ~6: 30 milhes?)u. Assim. aindvel e polrica eco nm ica
l~ent1fiC1a~ esp~na corre gesto fiscal respons
necessria ao gov erno tuca no.
liberal, essa ldenClficao no era de faro
ado res, Com as limi taMas num governo do Par tido dos Tra balh
pate nte a con trad io gera da
es que sua hist ria lhe imp e, to
neo emb aral ham ento se torn a uma
com a ado o dessa pclnica que
estend-lo, prol ong -lo . As auto ricessidade. ~a~s aind a, prec iso
usar o jarg o ante rior e falar em
dad es eco n rmcas com ear am por
falar em resp ons abiJ idad e
responsabiJ~da?e fiscal; passaram dep ois a
do
o dete rmi na o vind a do Palcio
mac roec ono mlc a; e agora, seg und
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rnstica, tudo em nom e da "jus tia
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apro fun dar a viol nci a nos gran
rvcis J4 e a falra de perspectivas,
seja m os esforos env idad os na rea
cencros urba nos . por mai ores que
ind stria do narc orr fico , nic o
da segu ran a pb lica . e esti mul ar a
stan tiva da pop ula o, vem se mos
. "set or" que , para uma parc ela sub
vista do "emprego". Esse ltim o e1emen,:. uan do "promissor" do pon to de
as
desgraa tam bm com as. cha mad
~.Lto pod er fazer o gov erno cair em
as
ecer que setores sub stan tivo s dess
;:"~'d asses mdias. No se pod e esqu
a refo rma da Prev idn cia.
.I~dass es sero dire tam ente afet ado s com
incio
estr atg ia j so sen tido s desd e o
':::. :: Os limi tes pol tico s dess a
hab ilid ade s do min istr o-chefe
gov erno . Por mai ores que seja m
ficar
te do Par tido dos Tra balh ado res,
'.;H a Cas a Civ il e do pres iden
o de que a opo si o aos pro vez mai s diflcil ven der a inte rpre ta
de~~is ~ar~i.~os de esquer~a se
~;ttJ ~os do governo den tro do PT e dos
os princtrs ou qua tro radicais , Dad os
'[\~tstri nge a um grupelho de
a vida do part ido e a hist ria
~~~JtP..!os e os valores que sem pre pon tuar am
sop rar
afir ma o, se o ven to com ear a
.pt~jto rios a de seu cres cim ento e
mui to rapi dam ente ficar em rnilado con trr io o gov erno pod er
do
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gue a aco ntec er, a opo si o vind
.~~~,~iiljria. Mes mo que isso no che
vez
e a ficar cad a vez mai or e cada
;:~~ ili.jerio r do pr prio part ido tend
s~~7.,~h1's difcl de con torn ar.
ser. sufites sociais e pol tico s pod ero no
- . ;(~~~[~ claro que esses limi
, na Intercrise inst ituc iona l. Uma vez que
. . t~~ etes para defl agra r uma
a ven ceu as eleies
- ~-'-~
res
l"~@t;:;:- ~m~asn e com pen sar com os seto
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~---ma pequ ena reduo possa.ser obtid
'; :: mo que em lerm os relativos algu
iouco fcil, o nm ero absoluto cont
~as com o o Fom e Zero . o que tamp
no
to da populao despeja a cada ano
~$ a crescer, uma vez que o crescimende
no enco ntrar o onde
enas de milhares brasileiros que
- .-e:~ do de traba lho cent
orend a mon etri a regular. No disp
sua mo -de- obra em troca de: uma
~
os que o
"oficial" de acessar os bens e servi
--: ;por isso, de: nenh uma form a
na TV.
..' do cons umo apre sent a rodo dia
a conc edida a Fern ando Had dad
man ter o estad o de rebeldia" (entrevist
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Paulani), &porragmr, n . 41 , fev. 2003
" ' 50
32 Brasil
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ao ano.
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' Igar pelo que: deve ocorrer neste ano, para que essa mdia anual de 2%
se: efetive, o crescimento no perodo 20042006 te:r;! de:ser, no mnimo, de: 2.7%
Brasil Drlivrry 33
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t. ''ft~11.~:.Quanto
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:fi.-: -';'. 5~t.il.'mao da moeda (em funo da substantiva parcela da dVida cUJa
:'}j,-.< ~~~fizao est atrelada ao comportamento do cmbio) trocar uma
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.14 Brasil
J)(/illn')'
queda, tambm reduzida seria a necessidade de supervits fiscais, abrindo-se espao para atuao efetiva da polfrica econmica no sentido da
induo do crescimento do produto e do emprego.
pequena a :ogncia, com~ se v. Para falar nos termos que so do
agrado d~ auton~ades econ micas , nada de invencionices, de mgicas.
de ex~edlentes mirabolantes. Apenas reformismo. Mas no implicaria
tud~ lS~o uma mudana de rota, uma sinalizao de que a acumulao
capu:alma em nosso pais voltar a ser pautada pela produo e no mais
pelo mero rentismo? Evidentemente! E, para operar essa mudana de
rota, o ~verno ?o ~ido dos Trabalhadores tinha, logo em seu incio,
um capital poltico inestimvel, que talvez j tenha sido rifado. Hoje,
para ?per.la, se~o necessrias, mais do que antes, coragem, vontade
poltica e determinao. Mas no se diga que no h alternativa,
Persistir na atual polica condenar o governo do PT ao mesmo
destino do governo "socialista" de Felipe Gonzlez na Espanha da d:a&a.de I ~8~. ~omo afirma Jos Luis fiori em artigo de advertncia:
J-:loJe, a distncia e o tempo j permitem um balano mais fiel do que
foi ~ e~ Gonzlez. E no h dvida de que sua gesto 'socialista' do
capitalismo .espanhol acabou ficando indiscernvel da gesto conservador: e neohbe.raI do gov~rno Thatcher"!". Assim, a continuar o que
esta a, por maiores que sejam os contorcionismos retricos das autoridades, no se poder dizer outra coisa do governo Lula seno que vai
ficando mais e mais parecido com um capitulo adicional da era FHC
o mais melanclico decerto.
17
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~J~}:" A vitria do Partido dos Trabalhadores (P'T) nas eleies presiden~Jili8ais de 2002 criou expectativas diferenciadas: tenebrosas para alguns,
1~fJ:vissarei ras para a grande maioria. A idia de que o povo comearia a
;..t.:
. ;.~~:0,~tiansformar
o Brasil numa nao tornouse muno presente e parecia
-%l~~~fffialmen[e estar ao alcance da mo. Forjado nos duros anos de luta
a ditadura militar que se iniciara em 1964, nascido de baixo
~~t.~~'&'~ cima _ dos movimentos operrios do ABC paulista - e tendo
c~::~~a liderana da qualidade de Luiz Incio Lula da Silva, o PT parecia
-~~ado para comandar a dura tarefa de retirar o Brasil de sua sec~lar
L)}~l~a e das disparidades e desigualdades sem par que ela p~trocma.
i~:-{
~o foi dessa vez, porm . A esperada refundao da SOCIedade fiU~~;
- ~'para depois. Ancorados num diagnstico catastrofista, de que o
~~;
:~!estaria beira do prcipcio econmico no per odo ps.eleies,
de 2002, os que tomaram posse em janeiro de 2003
k~~.
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:11A.
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37
das reservas, a varivel con:~.:J/ ereta que deve de fato ser averiguada para se avaliar a questo da sol;~5'. vncia externa. mostra um resultado surpreendente: diferencernenre
'~~~t do perodo entre setembro de 1998 e janeiro de 1999, em que fo~~
d,VI
~~i drenados para fora do pas mais de US$ 40 bilhes, o estoque de
:>1:'-sas de posse do governo central manteve, ao longo de 2002, um com:~(~ ponam ento absolut amente esrve!',
No que no existissem problemas pelo lado das contas externas.
: ;'~:~~.'Exjstiam e continu am a existir. Mas so de natureza estrutural (au~:fift mento da dependncia de importados, elevao do passivo externo
com
~lDt.Jlqujdo por conta da inrernacionalizao do capital produti vo
longe.
:':~;;-con seqent e elevao perman ente das despesas em dlar etc.),
~to ao
~~~j~~portanto, do agrava mento conjun tural que serviu de argume
viesse a
'}i;&;~~Ovo governo. E, mesmo que esse agravamento conjun tural
cusro para a
.:::;;:.-~t;'~correr, o acordo com o FMl, com todo o seu pesado
~*~~4~ci edade, j estava fechado (fora assinado em agosto), permiti ndo que
. ,
~TI..lfalquer tempestade inesperada fosse enfrentada.
.:
ar a
~ e::~::.;.,~~Iffi A outra razo amide levantada pelas autoridades para Justific
i~illl~d uo que de incio deram poltica eco~mica era ~ risco -: p~ra
iminen te - de um descontrole monetrio. Nessas circunstancias,
'-' - ,~ .
~.;~~t;e
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com relao a essa questo.
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real jogava a favor. VISIO que. do ponco de vista ao comercio exrenor, h um
s que
de trs a seis meses) entre a oscilao sbira do pre:o da divisa e .os_ resultado
- c
. _
.
~a se podem colher.
:. comeam o ano em USS 36 bilh~es (a n;dia J~ 200\ fOIYS$ 36.3 bllhocs~.
40 bi~ lam para US$ 33 bilhes em abril e rnaio, alcanam a faIxa dos USS
e: setembr o
~es em junho e: julho. ficam na esfera dos USS 38 bilhes em agosto
37.8 bi'hc~.
"' ~e US5 36 bilhes no bimestre: seguinte , fechando o ano em USS
a s:mgTl:l
nmeros f:llam por si: n30 tinha havido nem estava havendo nenhum
o real
tada, nada que: pudesse: se assemelh ar :I um ataque especula tivo contra
ocorrera
, tanre do brutal enfraque cimento da posio externa do pas (como
.," sctembro de: I 'J'J8 e: janeiro de I 'J'J'J).
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39
O Brasil como plataforma de valoriza o financeira internacional
o ajuste
... recuper-ia para no compro meter as contas externas, pois
i; efetivo do balano de pagame ntos do pas ainda estava em curso. O
idaBdc edra justame~t: a dqueda ddo
creddibilC
.~._,__: :__.-~": ~:'";: ' sinal da recuPlerao ddessa
a
risco-pas, a e evao o preo o - 00 e a apreClaao a rnoe
.
drastic amente os
::; ~ domst ica. Para conseg uir isso era preciso reduzir
remdios da
~"'~" , ndices de inflao e fazer uma slida profisso de f nos
::~i-: contrao da liquides e da restrio monet ria e fiscal. Em poucas
ica", e ela foi
.~;::.- : palavras. era preciso "beijar a cruz" da ortodox ia econm
'_:_:_: ' beijada com devoo.
Mas esse discurso, de que o novo governo usou e abusou ame o
::{.
da
enorme espanto gerado pelas medidas com que iniciava sua gesto
econom ia, tinha um lado dbio, pois sugeria que, uma vez recuperada
f~;:--- a "credibilidade", uma vez feita a dolorosa travessia , chegaria finalmente a hora de colocar a retoma da do desenv olvime nto como o obje;::f~::l tivo prioritrio da poltica econmica. O estgio na poltica ortodox a
~ Qg>'era, sugeria -se. de curto prazo, necessrio para viabilizar a transio
\ -..- : :
!. -,~ ->~:" sem trauma s.
Quem conhecia, porm, a forma de funcion amento do modelo
o era
.2~~}1econm ico abraad o pelo governo do PT sabia que tal suposi
per~r-i~ihnais uma falcia. A "lgica da credibilidade" simple smente no
~~~&iite tal mudan a de rumo. Esse tipo de credibilidade s se mantm se
~scal impla;_- :;~lg$rmane cerem inalterveis na p,o~[ica econ?~ica o aju~te
iorusta ,etc. Der; :~~i ii1.~;;1~vel, o juro real elevado. a poltica moneta na contrac
sentido con:;:~~}~~P9is que se entra nesse j~go, qualqu er movim entao no
d
I, .. ~ ''lH' "'-'
junto com
~;J?,i~.; ~io leva de roldo a "conquista" to durame nte obri a e,
K;~~~~j.S1~ as supostas c?ndi es de "estabilida~e" necessrias para o crescili::-}Ei . , ':fl1~nto. Poder-se-Ia ento supor que o nudeo duro do novo governo
f~ se deu coora dessa impossibilidade e julgou que seria capaz de
t:~:i1f~j~r inicialmente o "jogo do adversrio" para obter, a partir da, as conI;_ ~;~~~~es necessrias para implem entar sua prpria poltica econmica,
P;'~'.:.;:f~~~ela que recuperaria o crescimento e geraria os 10 milhes d.e emprocesso eleitoral.
mesmo essa hiptes e parece hoje difcil de ser conside rada.
..
L-0/ F:.'-" . l~s promet idos pelo candid ato Lula ao longo do
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s
tra a inflao, assegurariam a credibilidade dos investidores externo
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e resolveriam os problemas do balano de pagamentos. 'Para completar
f;'tIreceita, a reestruturao produti va fria elevar os salrios graas ao
a
aumen to na produtividade. constit uindo assim instrum ento inestimvel para a reduo das desigualdades distributivas.
Uma dcada depois de aplicadas . essas medidas geraram estagna-. o econmica, desemprego recorde, enorme aumen to da vulnerabilidade externa, o retorno do pas posio de econom ia primrioexporta dora e a perman ncia do mesmo padro distribu tivo, com
e
inevitvel crescimento da pobreza absoluta. da violncia e da barbri
nos grandes centros urbanos do pas. Pouco tempo ames do surgimento
do texto de Gusravo Franco, a diretoria por ele coman dada no Banco
Centra l tratava de tomar as medidas necessrias para garanti r a insero que de fato import ava: a admisso do Brasil no circuito internacional de valorizao financeira. A renegociao da dvida externa, bem
como sua securitizao, e a criao dos ttulos da dvida brasileira cotados em mercados internacionais j tinham se encarregado de pane
das tarefas. Simult aneame nte, a mesma diretoria se encarregava, na
surdina, de outra parte, tambm fundamental: a desregu lament ao
do mercado financeiro.
Utilizando um expediente criado por uma lei de 1962 - as chamadas contas CCS, contas exclusivas para no-residentes, que permitem
'''J~~'' ''
;~:}{5~
livre disposio de recursos em divisas -, o Banco Centra l promoveu
1~g~~~:tr a
l,ff{PRd: a abertura financeira do pas. Operaram-se duas grandes mudanas .
')~*.~~i Em primeiro lugar, alargou-se o conceito de "no-residente", incluinem
~~it do-se a no apenas as pessoas fsicas ou jurdicas que estivessem
finan:~;_~;~~1i. trnsito pelo pas, mas tambm as comas livres de instituies
~:~~i~~ ceiras do exterior (instituies financeiras estrangeiras no autorizadas
remeter
~~.:~;.a funcionar no pas)". Alm disso, as CCS passaram a poder
ica
~j~~~i;~ livremente para o exterior no apenas os saldos em moeda domst
no-resi;~:~:,?~;resul rantes da converso da moeda estrangeira com a qual os
na gesto de
Na realidade. essa primeira. mudana foi impleme ntada j:i em 1992.
como diretor
Francisco Gros como presiden te do Banco Central e Arrnlnio Fraga
novembr o de
da rea externa, mas o mercado permane ceu incrdul o at que. em
foi
1993. j na gesto de Gustavo Franco na rea externa do Banco Central.
que eles estavam
_.. publicad a uma "cartilha" que escancar ou para os agentes aquilo
no mercado como
.-:' vendo sem acreditar. No por acaso, tal cartilha ficou conhecid a
;. "Cartilh a da sacanagem cambiar .
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42 Brasil J)tlivtry
to.;l excelente
01-..."' '''
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plantad a pelo govern o anterior. Seu sentido bsico foi alterar o funcio.
namen to do sistema previde ncirio dessa faixa de trabalh adores
o
Pretext ando dficits insustentveis e que se agravariam com o tempo,
governo props mudan as no sistema de previdncia do funcionalismo que, concret amente , implica m a transio para um regime de "capitalizao", em substitu io ao regime de "repart io simples" at ento
avigente. A exemplo do que FHC fizera com a previdncia dos trabalh
to
dores do setor privado da econom ia, o principal instrum ento propOS
ios,
para operar essa mudan a foi a imposi o de tetos para os benefc
tetos que obrigar o os servidores a particip ar de fundos comple mentadisres de previdncia. Mas, diferen tement e de FHC, que no ousou
PT
pensar as "regras de transio", a propos ta origina l do govern o do
das
foi ao parlam ento sem elas, cabend o aos congressistas a introdu o
mudan as que tornara m "menos radical" a reform a proposta",
Assim, tendo o Fome Zero como a principal estratgia de marketing,
mas sem conferi r efetiva mente a essa meta grande import ncia nem
lhe propor cionar recursos subsranrivos", o govern o esforou-se mesmo, logo de incio, foi para comple tar as mudan as iniciadas por FHC
que
na rea previdenciria. Que o govern o tenha comea do por a,
o
tenha empen hado todo o seu peso poltico e seus cargos na aprova
dade. Na verdade ,
. y _!."- o.i.: de tal reforma , pode ser tudo, menos uma casuali
F .'"
j l~!i:;,~ esse infcio sinal inequvoco do caminh o escolhido pelo novo govermais plauslvel a
~ . ~~*?: no e da doutrin a por ele abraad a, (Ornan do ainda
o
h~~:-'Vf' hip[es e de que houv uma escolha conscie nte, e no uma situa
ar e
o'} inescap vel que teria empur rado o govern o Lula a confirm
<::
'b.!-1!i" j '" aprofun dar o mesmo modelo.
'-;lW ' -xt . .i.r Ao comple tar a transfo rmao idealizada por FHC, mtarar n-sc
0,_, ' '?"~_"';-~
..t
final"';v:irios coelhos de uma s cajadada. Em primeir o lugar, criou-se
ment e o grande mercad o de previd ncia complementar. que havia mais
. ..."
~~. . {~de duas dcadas vinha despert ando a cobia do setor financeiro privado
:
!.
4' ( .
".J.~
ir. No CUSI3
buio aos inativos - a qual FHC renrara inmera s vezes sem consegu
Mais uma ousadia ( direita, sempre) do novo governo foi a imposio de contri-
~L
:;.'r
program a
s foi a
~~~. lembrar que o ~tor b:isico do insucesso de FHC em todas essas Tentativa
~~, oposio feroz feit2 justamen te pelo Partido dos Trabalhadores.
:->'5, No por acaso, o Fome Zero tem muito mais a feio filamrpic<l de um
:.......~..
';.;
o .
..:j;.*"~
44 Brasil Dflivery
de Fernand o
Recuperando. sintomat icamente . uma das bandeiras de campanh a
Collor.
a mar favoPior do que pr-c clico, o regime de: caplralizao neutro quando
a economi a
rvel, mas joga complet amente contra quando os ventos empurra m
dos ativos
ladeira abaixo, E isso tanto mais verdadeiro quanto maior for o peso
carregados pelos fundos de penso.
internaci onal' 45
S.P",tlo.
A expresso, felicfssima, de Joo Sayad (cf "Taxa de juros", Falha dI'
24(412000).
o de
Uma das conseq ncias benficas muitas vezes aventada para a msraura
da "taxa de
regimes de capitalizao que eles. em geral. foram uma elevao
em econopoupana" da economi a, o que seria um efeito salutar, particula rmente
s de poumias como as nossas. que, segundo o discurso convenc ional, so "carente
mesmo
pana", Organizadas dessa forma, porm, as finanas no se prestam nem
para a conform ao do crculo virtuoso defendid o pelo mainstream econmi co
va que
(poupan a-inves timento- renda). visto que a poupan a financeira substanti
de garantir
a sociedade acaba por gerar no se objetiva em invesrim entos capazes
torna -se um
no futuro um fluxo aumenta do de bens e servios. Ao contrrio , ela
renda sem a
element o adiciona l a pression ar a economia para a gerao de
intermed iao da produo material.
reforma. alm dos inegveis "ganhos de credibilidade" que ela angariou 11. No demais lembra r que, em troca de seu apoio do financia
mento a projetos sociais, o Banco Mundi al "sugeriu" ao novo governo,
a
ainda antes de sua posse, que ele justam ente conclusse a reform
previdenciria (alm de realizar a reforma tribut ria e a universitria).
Conclu da, ponam o, essa etapa, fica quase pronto o pas para intcgrar, trajado a rigor, o circuito interna cional da valorizao financeira.
a
Mais alguns detalhes. como a aprovao da nova Lei de Falncias e
autono mia do Banco Centrai, expedientes vistos como necessrios para
garanti r a "renda mnima do capital "!', e nada mais faltar. E esse
j
momen to glorioso no tardar a chegar, visto que o governo Lula
tomou todas as providncias para que mais essas reformas rnodernizantes sejam implementadas o quamo antes. A toilette estar ento
completa. A autono mia do Banco Centra l faz ver aos "mercados", de
uma vez por todas. que o Estado brasileiro no abrir mo de seu
papel de perman enteme nte retirar, pela via dos tributos, parcelas da
renda real da sociedade a fim de transferi-Ias para a esfera da valoriza
)
o finance ira", assegurando rendim ento do capital ficncio (rtulos
que produz": Ao mesmo tempo, esse Estado transforma a moeda do
pas em objeto de trfico e de agenciamento, sujeitando-a a operaes
de arbitragem que faro seu valor flutuar ao sabor dos interesses e das
aplicaes de cada momen to. Ora como objeto de especulao. ora
11
;~
~' Il
izaa
";.j.'> Ver sobre essa questo Franois Chesnais, " Int roduo geral", em A mundial
tj: ~~ fi nat1ctira: gintl<', CUltO! .. roca! (So Paulo. Xam, 1998) .
e
real
.
.;lt , Pod
er-se-ia argumen tar que o eleito riqueza produzid o pela garantia de renda
~~::.
e o inves_:;" que a maquina ria financeira gera teria o papel de incentiva r o consumo
"
; 'lo,
{ ,-
-i;~l
como pretexto para a manuteno de desmesuradas taxas reais de juros, a moeda domstica pe-se sempre como um caminh o promissor
para a obteno de excepcionais ganhos em moeda fone. A abertur a
financeira garante a efetividade desses ganhos, concedendo a seus ativos de origem a liberdade necessria para maximizar, em dlar, sua
estada no pais. Os fundos de penso (que sero agora ainda mais numerosos e volumosos) funcionam como brao auxiliar da dvida pblica, no papel de retirar da esfera da acumulao produtiva parcelas
substantivas de renda real que poderiam, de outro modo, transformar-se
em capital produtivo. Faro assim, indireta mente, pela via voluntria
d,s contribuies previdencirias. aquilo que o Estado faz diretam ente
pela via imposiriva dos tributos.
O governo do maior partido de esquerda (!?) do mundo . no maior
pais da Amrica Latina, ter ento prestado aos interesses do capital
rentista e a seu iderio um servio inestimvel. Ter demon strado de
modo irretorquvel a {esc de que no h ourra alternativa, de que no
h outro caminh o, pois que ningum duvida das intenes progressisras do Partido dos Trabalhadores e de seu mais import ante lder. Estar
ao mesmo tempo desemp enhand o papel de inegvel import ncia na
consolidao do sistema monetrio internacional vigente, no qual uma
moeda purame nte fiduciria funciona como "lastro" da arquite tura
financeira mundia l. A manuteno desse sistema, porm, precisamente o que mantm a domin ncia financeira da valorizao!", pois
que o emissor do lastro internacional, ao expand ir livreme nte sua
moeda. gera uma plerora de capitais que se defendem, por meio da
II
retira
timenro, devolvendo esferada acumulao produtiva com uma mo o que
caso do
dela COm a outra. Ainda que isso possaeventualmente ser verdadeiro no
ndo sob
consumo, no caso do investimento urna esperana v, j que, continua
os imperativosdo gasto pblico minguado e do juro real desmesurado, as expectativasderivadas de aplicaes produtivas permanecero deprimidas.
o do
~Dominancia financeira da valorizao" afigura-se um termo mais adequad
a
que "dominncia da valorizao financeira". pois enquanto o ltimo refere-se
se
momemos ou f.1Ses na histria do capitalismo em que a valorizao renrisra
no lonClt:l.ccrba e se sobrepe !l. valorizao produtiva de um modo insustentvel
imporgo praeo,o primeiro diz respeito !l. etapa correnre do capitalismo, na qual a
peculiar
til.nda e a dimenso dos capitaise da valorizao financeira, combinados 11.
valoformaassumida pelo sistema monetrio Internacional, fazem que a lgicada
modo
rizao financeira contamine tambm a esfera produtiva, gerando um novo
s operade regulao adequado ao regime de acumulao financeira. As mudana
", por
das pelo royotismo vo nessadireo. A chamada ~flexibiJizao do trabalho
da fora
exemplo, permite, entre outros: utilizar mais imensamente o valor de uso
prprio
de trabalho; repartir com o trabalho os riscos do capital, flexibilizando o
o custo
capiral;em conjunto com a custornizao da produo, reduzir ao mCnimo
(que se
de carregamento de estoques de matrias-primas e bens imermedi~rios
itivas e
torna um desperdfcio irnperdovel num contexto de taxasde juros reaispos
deve
elevadas), Todas essas mudanas tm que ver com o contexto no qual hoje
zisra da
se dar a valorizao produtiva, qual seja: o contexto rentisra e curto-pra
o no
.'. valorizao financeira. Ver a esse respeito Andrs V. Fronrana, O capitalism
skulo XX (Tese de Doutorado em Economia. Universidade de So Paulo.
~.:Institu ro de Pesquisas Econmicas, 2000).
1. fim tJ
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47
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conc edid a a
lta socia l' ser cresc ente ", entre vista
jos LuCs Flori (MPar3 Fior i, 'revo
\.
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50 Brasil Dtlillc'l
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desern pregados".
Por outro lado:
"Apeno fiscal supera meta com o FMI";
"Gasto com juros recorde";
"Brasil o 4s' colocado em gasto com juros";
"Brasil tem juros mais altos entre os emergentes";
"Carga tributria aumen ta na gesto Lula";
"Lula fz maior aperto fiscal da histria":
"Pas investe pouco e tem aperto fiscal recorde" .
Apesar disso:
"Pas ainda vulnervel, diz FMI";
"Investimento externo direto o menor desde 1995";
"Supervit no paga nem metade dos encargos da divida do
pas";
"Risco-pas volta a ficar acima de 500 pontos";
"Stand ard & Poor's v vulnerabilidade no Brasil";
"Brasil sofre com temor de juros maior nos Estados Unidos";
"JP Morgan rebaixa Brasil e risco-pais sobe";
"Risco-Brasil tem a maior alta em 17 meses";
"Econo mia brasileira segue frgil. diz. BIO".
Em compensao:
"Instituies financeiras obtm resultado 6.7% maior em
2003";
"Sete maiores bancos lucram R$ 13,4 bilhes";
"Tarifas bancrias sobem mais que inflao";
"Spread brasileiro o maior do mundo ";
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Portant o:
"Palocci anunci a que ajuste fiscal vai continu ar neste e nos
prxim os anos";
"Poltic a monet ria no muda, diz Palocci":
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o govern o
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t~~~obre a falcia do argurnen to de: que o Brasil estava 11 bei ra do precipcio no infcio
."..
~os por FHC a Lula. ver o primeiro captulo deste livro , "Brasil Delizwy;
~.
54 Brasil DtlitJ~ry
,.
A perman ncia do mesmo modelo no foi uma estratgia para construir o espao necessrio para que o novo govern o colocasse em prrica
perseu prprio projeto . Tampo uco foi uma deciso determ inada pela
o
cepo de alguma catstrofe iminen te e da necessidade de "salvar
de
pas". Ao contrr io, tratou-s e de uma opo deliber ada e conscie nte
Se
manter o Brasil enredad o na mesma armadi lha externa em que de
encontr ava. Confro ntados com aquilo que parecia ser uma escolha
tentre um projeto de nao e um projeto de poder, os novos manda
lhes
rios preferir am ficar com o ltimo , optand o pelo caminh o que
pareceu, desse ponto de vista, menos arriscado.
Neste texto, procuraremos: 1) descrever que armadi lha essa e quais
so os indcio s de que se tratou de uma escolha conscie nte; 2) especular sobre tipo de discurso que permit e que um govern o suposta mendo
te de esquerd a defenda e apresen te como legtima essa opo, renegan
posturas, valores e objetiv os anterio res; e 3) fazer um balano dessa
escolha, depois de dezoito meses de governo.
c-
>
,
survei s e o imenso mercad o interno potenci al estavam .ali mesmo
,
colocan do essa constru o ao alcance da mo. Alertou , no entanto
soque, para isso, seria preciso deixar de lado as idias conven cionais
to
bre vantage ns compar ativas, adorar o planeja mento como elemen
primor dial do Estado e refora r as institui es da socieda de civiP.
Depois de vrias rodadas do mesmo modelo subsciruidor de im
o
porta es - a ltima perpetr ada pelo govern o militar de Geisel sob
uma
impact o do primeir o choque do petrle o -, o Brasil dispun ha de
matriz interind usrrial pratica mente comple ta. Foram preench idas, com
atraso de quase trs dcada s, as casclas estratgicas dos insumo s bsicos
goe dos bens de capital, que Vargas, em sua segund a passagem pelo
para
verno federal, tinha perceb ido como de fundam ental import ncia
ordena r o crescim ento econm ico do pas.
Mas o Brasil foi atropel ado pelo segund o choque do petrle o, pela
e
guinad a moneta risra de Reagan e Tharch er no fim dos anos 1970
pela conseq ente crise das dvidas, que ps a Amric a Latina de quanto
tro . As possibilidades que ento se abriam de um desenv olvime
s
menos embara ado por gargalos reais e menos depend ente de recurso
externo s oriundo s da balana de capitais (empr stimos, investi mentos
diretos e capitais de curto prazo) esboroavarn-se em funo da financeirizao do mundo e da "d itad ura dos credores" que ento se inicia4
do
va Interna mente, a econom ia brasileira mergul hava nas lagru ras
processo de alta inflao, resultad o da combin ao da crise do perr'a
/le e da dvida com nosso singula r processo de indexa o' e com
redemo cratiza o do pas.
Entrem en.tes, iniciav am-se os anos 1990 e, COm eles, a sedu o d
"e
discurs o reolibe ral, que encobr ia, sob a promes sa da modernizao
do maravi lhoso mundo novo da globalizao, os interesses das altas
finana s e a lgica finance ira da acumul ao, que j domina vam a cena
nadas
i capitalista. Ao mesmo tempo em que eram pesada mente pressio
Bresser
Leda Paulani, "A utopia da nao: esperana ' e desalento", em Luis C.
Editora 34,
Pereira e Jos M. Rego, Agmmk esperana rol Quo FI/nado (So Paulo,
2001).
iza o finan- . Vide a respeito Franois Chesnais, "Introdu o geral", em A mundial
ceira (So Paulo, Xam, 1998) .
na histria da
-) Leda Paulani, "Teoria da inflao inercial: um episdio singular
d~ ci ncia
cincia econmica no Brasil]", em Maria Rita Loureiro (OIg.). 50 anos
lis, Vozes, 1997).
~~n6mica no Brasil: pensamento, institui es e depoimenm, (Perrpo
55
56 6rasil DrliIIr ry
" Vide det:llhes do modelo proposto por Gustavo Franco no artigo anterior desta
coletnea.
:~I'
f~.
~t;,;
no ~OC::~i~:;::,:~:~:ep:o::~;U~;~:lC:~:iss,o haviam
sido
e
inicio dos anos 1990, hoje o 15 u do mundo. De outro lado, porm,
conseguiu-se a insero que de fato importava: a admisso do Brasil
=.,-f".t ..
.:.:: _
-" ,
:~~~:
....-:
,i
..'.:
esses capitais
'7 ':;:'wor exemplo, impedido a sada abrupta do pas dos mais de US$ 40 bi-
~~~~~
"fuO f.uo de o Brasil deter um nada honroso quinro lugar no mnking mundial de
-\~}rosa siruao.
>
57
'
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58 Brasil Dt/iu"]
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..
';:.--,':'"
tJ:i!ft
~:'--------
.~ T,~
", .~_
quanto maiores forem os juros e a cotao das aes das empresas que
fazem polticas de doumsizing). Com a reforma que promove no setor
pblico - a qual afirma ser seu primeiro grande pro,'ero - t Lula , alm
1: ~~ - =,"
t]~'fP;f~ de torn:u o pas mais adequado aos tempos de predomnio do capital
l :~~f[;[,*~i: financeiro, garante ao setor privado um novo e promissor terreno de
'l~~~~~, valorizao e ganha POntOS na meta de reduo de gastos pblicos 10.
f~~~ Conclufda, portanto, essa etapa. fica quase pronto o pas para integrar
W""''''i~i: o circuito internacio~al da valoriza~o fin~nc~i~. Mais alguns ~eta
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cimemo 'u're ntad o. As analogi", esp
ca encarregam_se de jogar por:~
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que dem onm am p'cc l""' eor e
terra o, Im'mems exemplos concreros
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Consenso de Washingron t m
vm igoocando as recomendaes do
cimenco, sem grandes - ::lt
ido, s.inversamente, substantivo cres
segubrio
cOnqUil
dese
de que "ningum pode dar o
As idias pauradas pelo senso comum
m pode gastar mais do que
passo maior que a perna", de que "oingu
das antes de pensar em aumenganha", de que " preciso pagar as dvi
para poder investir" etc. _ todas
tar a casa", de que " preciso poupar
o dom stico, mas falaciosas
elas absolUtamente verdadeiras no plan
m, repetidas exaUSto, a perno plano macroeconmico - assegura
tecnicamente correta, a nica
cepo dessa pO/ltiea como a nica
cornprovadamen te cien tfica.
qualquer que seja sua ideoSendo assim, um governo responsvel,
por obrigao adot-Ia inconlogia (esquerda. centro, direita), tem
de consideraoque se esconde
dicionalmente. .t justamente nesse tipo
ral! A dde " dos inrecesses Ii~.
,eguoa, e decisiva " m, governamen
que a adoo desse mode' dos exacerbao valoriuo financeira,
alada na rer,lca do respe;,o
/o de furo pmmovc, Vem s<mpce emb
e de transparncia, de austeno craco da coisa pblica, da necessidad
bandeiras exrremamente seduridade. de gesto fiscal responsvel eu por aqui em razo
para a esquerda, que sempre as deFend
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dos desmandos e da corr up o que
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62 Brasil Dtlitmy
dvida pblica e a forma como ela tratada pelo discurso governamental constitui, por isso, um dos melhores exemplos da parafernlia ideolgica aqui tratada. Cabe, portanto, explor-la um pouco mais.
Nesta era de domnio das exigncias e da linguagem dos "rnercados", difunde-se pela mdia uma noo mistificadora dadvida l'blica, Ela mistificadora porque 'passa a idia - muito razovel para o
senso comum, mas absolutamente inaoequada, realidade da acumulao capitalista - de Hue dvida algo condenvel; resultado de imprevidncia passada, do mau costume de se viver alm das prprias possi''bilidades, de dar o passo maior que a perna etc. essa a noo que est
por trs das afirmaes sobre o "esforo" do governo para "sanear" as
.contas pblicas, da necessidade de "apertar o cinto", e assim por diante, Essa sorte de puritanismo econmico, que apresenta o crescimento
como uma espcie de prmio pelo bom comportamento do pas,
extremamente funcional~ Ela faz mais do que ~ncobri r a verdadeir;a
n!'reia da dvida pblica na economia capitalisi.-Afirmando e reperindo reiteradamente o inverso, ela funciona por isso de modo muito
mais eficaz para impedir que a dvida pblica deixe de ter a importncia que hoje tem no processo de acumulao de capital e na dominncia
financeira desse processo.
Cabe em primeiro lugar desmistificar a dvida em seu plano mais
geral, o das relaes privadas de produo. Em vez. de ser sinnimo de
desleixo e irnpreviso,o e ridividarnento sina!de dinamismo}Ao endividar-se. uma empresa privada demonstra que conseguiu crdito no mercado, ou seja, que est autorizada a aplicar capitalisramente o dinheiro
de outrem. Em outras palavras, dvida c-sinnimo de investimento, e
i riv~timento sinnimo de reproduo -ampliada do capital e de ala~
vnagem do processo-de acumulao. Mais do que isso, segundo algumas teorias. como a do economista austraco joseph Schurnpeter, o
crdito, e, ponanto, o endividamento de alguns agentes, condio
sine qua 1'101'1 para que se rompa a inrcia estacionria do processo de
acumulao - por ele chamada de "fluxo circular". Ou seja, sem crdito
e sem dvida, o desenvolvimento no aparece. Nada mais distante da
realidade do capitalismo do que a idia da dvida como um "mau passo"
que deve ser reparado e cuja repetio deve ser evitada a qualquer preo.
A receita barata, com cara de sermo dominical, que os discursos
convencionais no se cansam de repetir, aplica-se. quando muito, aos
assalariados (que se endividam para consumir ou conseguir o teto que
e'o, pequeno'emp':i:::::::::i:: .
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zra que dessecom uma mo para recebermais com a ourra", ironiza Marx;
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Essas consideraes esto no capkulo XXIV (~A assim chamada acumulao pri-: miriva"] do Livro I de O capital. Cf. Karl Marx, O capital: critica da economia
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64 Btasil [k/iwry
Passados quinhentos anos. a dvida pblica conrinua a ocupar lur de destaque no movimento da acumulao. Em outras palavras,
~rmanece a sociedade entre capital e Estado , por mais que o discurso
~con6mico neoliberal demonstre ojeriza ao Estado e d a entender que
este e o mercado opem-se polarmente. Mas a dana que eles compartilham no sempre a mesma - e dado o carter formalmente pblico
do Estado a ele que cabe decidir seu ritmo e compasso.
Entre o ps-guerra e meados dos anos 1970, a direo que os Estados predominantemente deram a essa sociedade natural foi a da ge ~a-=-?o de renda real c expanso da capacidade p~oduri:~: No ce~t:o do
sistema. o movimento ganhou uma caracterstica adicional, ongmando aquilo que Francisco de Oliveira chamou de "anrivalo r", ou seja,
um locus no qual um volume cada ve: mais expressivo de mercadorias
deixava de ter seus valores determinados pelo mercado e pela acumulao privada 14, pondo como questo poltica a determinao do valor
da fora de trabalho, da sade, da educao etc.
Era, portanto. uma necessidade desse arranjo que a gerao de renda tivesse absoluta primazia. A prrica do rentisrno (extrao de parcelas da renda pelos proprietrios de capital monetrio e/ou de ativos
territoriais) era, nessa poca, instrumento para alavancar a produo
de renda real, de um lado, e para expandir c aprofundar o espao do
antivalor, de outro, A partir de meados dos anos 1970, essa sociedade
comea a mudar de feio. Se nos "trinta anos dourados" ela chegou a
criar o espao do anrivalor, agora afirma cegamente o espao do valor
e do capital.
Essa nova feio muito mais marcada e dura nas periferias do
sistema. Nos pases ditos emergentes, transformados em plataformas
de valorizao financeira internacional. o Estado no s produz volumes substantivos desse "capital cado do cu", para usar os termos de
Marx, como garante, pela imposio de metas elevadssimas de supervit primrio. a extrao da renda real necessria para "honrar" o servio desse capital ficrcio, cujo preo ele mesmo fixa. A arquitetura
financeira internacional, baseada numa moeda puramente fiduciria.
politiCQ (Livro I, trad. de Regis Barbosa e Flvio R. Kothe, So Paulo, Abril Culru1"11.1, 1983, Coleo Os Eccnomisras},
.
" Veja-se a esse respeito.de Franciscode Oliveira, Os direito: do antioalor (Petrpolis,
Vozes, 1998, Coleo Zero 11 Esquerda).
-z::.;:::.
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Isso posto. a colocao da dvida pblica como um problema gerado pela impacincdia da sociedade (que quer andar mais rpido do que
permitem as COn ies concretas) e os sermes sobre as virtudes da
abstinncia que essa formulao suscita constituem uma inverso total
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cado original" e aceitar as penitncias que lhe so impostas para conseguir a remisso dos pecados e alcanar a recompensa dos cus.
Cria-se com tudo isso um ambiente em que o quesrionamenro dos
rumos da poltica econmica toma ares de crime de lesa-prria, de
coisa de irresponsveis - por mais que esses rumos sejam nefastos para
a imensa maioria da populao. Opera-se assim um fechamemo das
possibilidades que a democracia e os governos democrticos deveriam
propiciar; fechamemo, alis, muito mais incisivo do que o fechamento poltico propriamente dito, visto que este ltimo: precisamente por
se mostrar como o que , desperta de imediato o repdio e escancar a
r:!T"~f:;
O mais surpreendente. porm, fazermos consideraes desta orL' ) ;r. dem sobre um governo, em principio, democrtico, progressista, de
f~.,,__.~~~- esquerda e que teria vindo para mudar. E para que no nos contente~~t- mos com as to fceis quanio vaziasanlises de cunho moralista da trans-t~~.i.?~}~:: -mutao que.assistimos ~ traio, safadeza. arrivis~o puro etc..', Arantes
f~~l:-; sugere uma mrerprerao que parece fazer sentido. Resumidamente,
~i~j;~f;de afirma que nossos governantes atuais agem como os consumidores
k~:fiiJ~de objetos de marca: eles sabem. no fundo. que as grifes e os logotipos
~~t:-p~da significam - afinal, o que importa a qualidade do objeto consu:;?:~'>'.. '~!'i!~lIdo -. mas agem como se no soubessem. Assim estariam se com~ip..~rtando os atuais donos do poder: eles sabem perfeirarnenre como as
j:~isas so. como que funciona a armadilha, que interesses esto senprivilegiados, mas continuam a agir como se no soubessem. As
-?7J>rias contrrias sua prtica atual, que compuseram seus discursos
~.~*
_j e hbitos,
}~~: longo de duas dcadas, teriam sido suplantadas pelo hbito capaz
.:::~~. fornecer as provas em que eles verdadeiramente acreditam. Tal
' ~~~omatismo, que teria arrastado consigo a mente crfrica dessas prri-
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66 Brasil Dt/illd}
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diga-se de passagem, do pomo de vista a cre lClOna muito em,
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ALTERNATIVA AO NEOL1BERALIS~'fO ?
Pata saber se os novos governos da Amrica Latina - e especificamente o governo de Lula e do PT - so alternativas ao neoliberalisrno
ser conveniente, de antemo, recuperar um pouco da histria do
neoliberalismo, Ela nos ajudar a defini-lo de forma mais precisa, o
que nos permitir responder apropriadamente questo proposta.
O neolibcralismo uma doutrina c uma coleo de prticas de
poltica econrni Em comparao com o liberalismo clssico, :
~t;~,;" 1) mais estreito, pois se restringe ao aspecto econmico da vida huma, na em sociedade; e 2) m enos "iluminista", porque depende mais de
,r--..Ji:J.:~ crena do que de razo. Vejamos como se chegou a isso.
;~~ifj?
Logo aps o fim da Segunda Guerra Mundial, numa reunio
~~~ convocada por Friedrich Hayek, um grupo de intelectuais conservajI4S
dores (entre eles Karl Popper, Milton Friedman, Ludwig von Mises,
.~
':::'~ Lionel Robbins etc.), percebendo a avalanche keynesiana que.se apro~ :~F~!:~mava, da qual o New Deal, de forma involuntria. tinha sido uma
.::.~~,~~tboa amostra, resolve partir para a ofensiva, visto que o ambiente que,
~~5"~,a largos passos, ia se desenhando no mundo ocidemal era completa;~~t--f~ ~ente hostil (na viso deles) ao desenvolvimento de uma sociedade
~
~~~tciramente organizada pelo mercado.
.
~
.~~~~ nessas circunstncias que nasce o neoliberalisrno, Seu objetivo era
~, ~ ..~,:.Ombatcr o keynesianisrno e o 'solidarismo reinantes., fazendo que o
" W $i "~~undo voltasse a ser pautado por um capitalismo duro e livre de regras.
.:c:.~P.rision eiro das limitaes im postas pelo Estaao, aquela corrente re-
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qualquer modo, s em meados dos anos 1970 que todas essas idias
vo encontrar uma base objetiva que permita sua germinao.
A grave crise enfrentada pelo capitalismo no fim dos anos 1960,
agravada pela crise do petrleo e dos insumos bsicos, desemboca em
recesso aberta em meados dos anos 1970. Como o mundo j se encontrava num sistema monetrio in ternacional puramente fiducirio,
a investida da valorizao financeira sobre a valorizao produtiva.
natural em momentos de crise como esse, pde se desenvolver sem
amarras - e. com ela, a grita geraJ pela desrcgulamentao dos mercados, em particular dos mercados financeiros. Nesse movimento. a outra face da moeda foi a ofensiva contra o Estado, em especial no que
tange aferra de bens pblicos e aos dire itos dos trabalhadores, A crise
e, por fim. a dbcle completa do chamado socialismo real vo completar o quadro em que viceja a pregao da doutrina nc:oliberal.
No atual quadro - assumindo o governo federal um partido de
esquerda. num pas perifrico como o Brasil, no infcio do sculo XXI-.
quais seriam as alternativas ao neoliberalismo? A adoo de policicas
que tivessem por meta a reversodo processo de fragmentao social que
est em curso h quase duas dcadas. graas justamente ascenso das
prticas neoliberais e do esprito neoliberal que as acompanha, esprito
do cada um por si. do individualismo exacerbado, da demonizao do
Estado e dos movimentos sociais. da esterilizao da fora polcica dos
sindicatos e assim por diante, esprito que a poltica econmica objeriva em transformaes COncretas c a mdia se encarrega de difundi-lo
r,. como se fosse uma coisa absolutamente natural. Em suma, para enfrentar esse movimento avassalador seria preciso investir em polticas
~-Et;.':f:~::. que buscassem resultados objetivos. por exemplo, na reduo da abissal
~~~;} desigualdade do pas; mas que fizessem isso trazendo consigo uma re0:?..'iC"':::; . voluo cultural e de valores que proscrevesse como indignos e inacci"
)i.:~ tveis os valores individualistas e puramente rnercantistas.
~~{
E o que faz o governo Lula? Todas as providncias que toma vo
~:'~ ~UStameme no sentido contrrio. E. nesse contexto, o que tem menos
~~ unportncia a poltica econmica em si mesma, ou seja, se amanh
~;:ou depois o boarddo Banco Central resolver que necessrio baixar os
&j uros reais bsicos e/ou a equipe do Ministrio da Fazenda decidir que
supervit primrio do governo pode ser menor do que 4.25% do
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p lB, nem por isso ele poder ser considerado no-neolibcral, Muito
~rrais do que pela ortodoxia na conduo da poltica macroeconmica,
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1. De mquinas e dlares
Um dos sinais mais contundentes do declnio sofrido pela economia brasileira nos ltimos 25 anos a trajetria claramente descendente da formao bruta de capital fixo~ medida como proporo do PIB
(FBKF/PIB)J , Tendo alcanado cifras da ordem de 25% em meados
dos anos. 1970, essa razo agora mal chega a 14% (Grfico 1).
Observar o comportamento dessa varivel tambm ilustrativo para
desfazer alguns mitos, como o de que a dcada de 1980 teria sido a
dcada perdida. Ao longo dos anos 1980, a FBKF/PIB da economia
brasileira foi, em mdia, de 18.55%. Ainda que muito inferior se comparada performance da dcada de 1970 (mdia de 23,1%), essa taxa
muito mais substantiva do que a observada na dcada de 1990
(15,05%). Depois da dlbcle do real fone (1999), essa razo caiu ainda mais: a mdia do perodo 2000-2004, incluindo este lrimo ano,
'. cai para 14,07%; e a mdia do ltimo trinio (2002~2004), para 13,6%.
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- PIB - varorealanual (% a.a.) - PIB per capta - varo real anual (% a.a)
Fontes de dados prim rios: IBG ISCNe lpea Da la.
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dados a partir dos quais foram ge:rados os grficos e: cuja fonte: original
;~ o IBGE (IBGE/SCN) esto disponveis em <www.lpeadara.gov.br s e
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cresdm ente acemu lado
ao longo da dcada ("lo)
10,13
80,33
33,47
1910
\9,04
1,51
1990
1980
1960
1950
Decada"
anos 1980 aqueles que protagonizaram a "dcada perdida" . Se tornarmos o crescimento real acumulado do PIB ao longo de cada dcada,
teremos os resultados apresentados na Tabela 1 e no Grfico 4.
.
fonte5 de dadM prirn.irios: IBGEISCN e l~aDala .
1960
~r- 19SO
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19$0
1990
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2000
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IlO.OO'"
110.00';
100.00'"
80,00%
60.00%
40.00""
10.00%
0,00%
:lI.970. elas ficam na faixa de US$ 0,5 bilho a US$ 5 bilhes. Nos
l ois ltimos anos dessa dcada transitam pela faixa de US$ 5 bilhes a
si)JS$ 10 bilhes e alcanam, em 1981, a faixa de US$ 10 bilhes a
~lpS$ 15 bilhes, na qual permanecem nos quinze anos seguintes. En..:~ 1995 e 1996, transitam pela faixa de US$ 15 bilhes a US$ 20 bi~l&~cs c, desde 1997, encontram -se na faixa de US$ 20 bilhes a
IS$
25 bilhes.
.i:
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78 Brasil Delivn]
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20.000
15.000
10.000
5.000 1--
...11111
10.000
15.000
10.000
5.000
Os dados constantes nos gclficos mostram de forma mais organizada aquilo que j conhecido h aJgum tempo: a partir dos anos
1980, as economias hoje ditas emergentes passaram de importadoras a
exportadoras Ifquidas de capital. No caso do Brasil. temos, de um lado.
2. De dependncia e servido
'!.,
, c,'
Embora a natureza da relao cenrro-pcriferia de fato tenha sofrido transformaes substanciais ao longo do tempo, o signo da depen~~t-,dncia ainda , em verdade, a imagem recorrente em toda ~ histria
~:~)acino-americana. No caso especfico do Brasil, Paul Singer fez algu.
':}:~as provocaes a respeito dessa linhagem submissa, dentro da qual
i;~nunca terfamos sado da condio de dependncia. Em sua acepo.
.'{:'..nossa linhagem dependente apenas teria mudado de.forma, passando
t~i,~e uma inicial tprodincia consentidA para uma rkpendincia tolerada e,
'1. f"':
.~~
."-;~~ fOVoacs feitas em um deb ate promovido pelo Instituto de Estudos Avanados
.J~. , da USP sobre :l Teoria da Dependncia: ver Paul Singer, "De dependncia em
!~:tdtpendncia : co nsentida, tol erada e desejada", Estudos Aval/fados, So Pauto.
....;.. .
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-1~:
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80 Brasit Ddivn]
(.
~. na do sistema.
~~'; '
Paul Singer,
dependncia em depend ncla", cit.. p. 126.
Fernando Hennque Cardoso. j;tcomo presidente. em verso ml/polirik (sic) ; ver Fer-
~D.e
,~j
~ ':'
;:;~~:.
? :.' n~d~ Henrique Cardoso, "Agenda para o sculo XX!". em A utopia ulduel: lra;'('!:is.' triam/dmual tk Fernanda HenriquCardoso (Bra$Clia, Presidncia da Repblica.
{.,~~. 1995)
J{~r ~o
A
mais detalhada desse desdobramento lgico foi desenvolvida por Chrisry
~~\~kn Pato. A for11lJ1 difldl do pmSilr f11I brasileiro: o 11lJ1rxiImo Jmit!Jmo d,
:''':),'/Yrn4ru1t> Hmriqur CarMSo (Dissertao de Mestrado em Cincia Polftica . Facul__.~~de de Filosofia. Letras e Cincias Humanas. Uni versidade de So Paulo . 2003).
~~,
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82 Brni\ Dtlilmy
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mcn ros da nova estrutura de dependncia que se forjara e que, de
, . modo
'trio propiciaria as estatsticas assombrosamente POS\t1vas a
conrradi
,
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dcada subseqente. Em sua tese de livre-docnd,a, de 19 3. , ~ e J
ra os contornos dessa nova estrutura do sistema capitalista e
b
esoa
"p
. d
seus arranjos internos peculiares s economias na.clonals. esquisan o
a ideologia e a nova face do empresariado brasileiro, percebera que h
muito este no se encaixava na estratgia da "marcha para o desenvolvimento", calcada na aliana entre a burguesia nacional, o trabalhador
. e o Estado, todos unidos diante do capital internacional. Aprofundando
sua teoria em 1971 11, num trabalho publicado logo aps o estard.alhao de sua obra escrita com E01.0 Fa1eno~3 e no qual procurava dcsl.mdar
tambm as caractedsricas do empresanado argentino, Car~oso J ~~
via percebido novos padres de relao entre as empresas Industriais
nacionais e o mercado internacional. A esse fenmeno deu o nome de
"internacionalizao do mercado interno", uma espcie de estrutura
bsica das "situaes de dependncia" que antevia, em. muitos aspeclOS, a configurao mundial que surgiria. dcadas depois, sob o rtulo
En:o
de globalizao.
Nessa nova realidade - que parece uma banalidade aos olhos de
hoje, mas que, de fato, no era evidente nOS anos 1950 ou ~ 960 - ,
observava-se que quanto mais rnod r no era o setor tanto mais. fortes
eram seus vnculos com o exterior, Contrariamente, quanto mais atrasado era o setor, tanto mais fracas essas relaes. donde se desdobrava
outro aparente rrusrno, tambm comprovado por FHC em suas pesquisas: 'g anro mais ~i ncu\a(ios ao ex~erior, m.cnoslavorveis eram os
empresrios s alianas com o 9peranado , c vice-versa.
Dessa forma, Cardoso demonstrara que j no existia, na dcada de
1970. uma burguesia nacional disposta a. aliar~s.e com os chama~os
setores populares, e que os nicos setores ainda ahnha~os a es~e nacronal-populismo seriam os que no haviam se reorganizado diante d~
rransformaes em curso. Em outras palavras, por no terem vocaao
II
11
1981).
Ver Fernando Henrique Cardoso, EmpTtsrio industria! ~ tWlnvolvimento tco// mico /lO Brasil (2. ed., 530 Paulo. Difuso Europia. 1972).
.
. do
as
Ver idem. polllca r d~smvolvjmmro em sorirJoJes. JtprnJe~us; ,tolog/ t)
empresariado induurial argmlno t brasileiro (I. ed., RIO de janeiro. Zahar. ~ 97 .
Ver Fernando Henrique Cardoso e
Fa\.eno: Dtpt1lJJll~ r tsm~IVllnt;~;'
naAmmc4 !Atina; ensaios tillurpTtla(</o JO(lOigtC4 (6, ed., Rio de janeiro, Z2
~~
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Assim, a anlise dos empresrios ligados 'o capital externo permitira a concluso sobre a existncia de articulaes entre os grupos sociais
que, em seu comportamento concreto, ligavam de fato a esfera econmica poltica. A chamada dependncia mostrava-se assim no apenas
~:.t:_'~,;~!._,:~.r-,[":.:';",\, :::~~::i~~r,:~:::~'~;~Ei~~~:E~~~:~::~S:~
-'J- '"
;;: ..
p. 197.
~~ por meio de uma aliana entre empresa nacional e Esrado que enfren'~'~~~." _ casse o poderio do grande capital multi nacional.
~~~~
Cardoso por certo no previu que a ~:fcada de 1970 , no Brasil,
. ?:~f;; assistiri a uma variao real do PIB de 131.26% e a uma vriao real
Jl~0:. do PIB per capira de 76,1 7%. Tampouco apoiou, por isso, o governo
~:;~g~; militar. Mas identificou 'justamente o surgimento desse novo arranjo,
r~{~.J no qual o regime capitalista produzia vinculas entre o capital exterpo e
~;.
~; , a estrutura interna aos pases da periferia, conduzindo-os a uma reor\~
):gan izao administrativa, tecnolgica e financeira, que implicava a
~
';~ reo rdenao das formas de controle social e polrico". N' caso espe,d i:~'~':";;,*,f1co do Brasil c de alguns pasesda Aiii:erica Latina, a reorganizao do
~~~~~~Estaclo mediante a reorganizao do prp-rio regime poltico deu-se de
J;;,.f'!~\<:'forma a permitir uma centralizao au toritria, necessria consolidal ."~~,>,;,,,
~i:'
~o do modo capitalista de produo nas economias ependemes. As
~i<: -. ~1?-~.I;ffi. os sedutores nmeros da dcada de I 970 pareciam confirmar o
~:~agnstico inicial sobre o surgimento de uma nova etapa de desenvol-
.,.:~Q ~. ,
I'
84 Brasil Df"":!
Fernando Henrique Cardoso, As id/im r seu lugar: ensaios sabr asteorias do desc:
voloimento (2. 00., Petrpolis. Vozes, 1995), p. 107 .
Soberania ameaada: a expant multinacionai das nnprrslls americanas (So Paulo .
Pioneira, 1978), p. 1.
Ibidem, p. 23, nota 1.
vimento, na qual se articulavam a economia do setor pblico, as empresas monopolistas internacionais e o setor capitalista moderno local,
naquilo que ele chamou de trip do <iesenvolvimento-associado"'7.
Contudo, quando inseridos no contexto de uma srie mais longa, tais
nmeros, ao no se sustentarem por muito tempo, indicam n..o 9
surgimento de uma nova etapa de desenvolvimento - algo que no
pode ser confundido com industrializao -, mas a emergn cia eleuma
nova configurao do prr-rio capital, em que a industrializao da
periferia se tornou necessria para a nova plataforma de valorizao
que comeava a surgir e que, de incio , necessitava da internacionalizao da prpria produo, embora prescindi~sJde seu desenvolyirnento posterior.
. Mas antes de dar nome aos bois, lembremos, acerca de um dos
pilares necessrios gnese desse fenmeno - invest im ento externo
dirc"co - IED) 'l-, do "Projeto Harvard sobre a Empresa Multinacional",
um estudo em larga escala desenvolvido de 1965 at o incio da dcada
de 1970, cujo coordenador-geral era Raymond Vernon , O mote inicial do estudo era que, "de uma hora para outra, parece que os Estados
soberanos comearam a sentir-se destitudos" 18, demonstrando-se a partir da que o agente principal dessa transformao era a empresa
rnulrinacional . As perguntaS ento na ordem do dia relacionavam-se
nova configurao de poder que esse agente estava produzindo, uma
vez que uma empresa como a GM tinha vendas anuais em torno de
US$ 25 bilhes, montante superior. poca, ao produto nacional bruto de nada menos que 130 pases.
No diagnstico de Vernon, entre 1967 e 1968,561 matrizes eram
responsveis por 90% do investimento direto norte-americano no exrerior'", mas para os critrios do estudo foram consideradas apenas 187
empresas como aptas a receber o rtulo de empresas multi nacionais.
Essas 187 compreendiam no s as empresas manufarureiras mais conhecidas, com importantes investimentos no exterior, como tambm
todas as principais empresas nane-americanas produtoras de matrias-
17
lO
l~
primas. Ressalte-se ainda que no grupo das quinhentas 'maiores empresas, da revista Fortune, 180 eram responsveis por mais de 2 mil das
2.5 mil subsidirias estrangeiras de rodo o grupo de empresas da lista.
Em 1965. uma pesquisa feita pelo Departamento de Comrcio dos
Estados Unidos. abrangendo 264 matrizes none-americanas e suas subsidirias estrangeiras , mostrou que essas empresas foram responsveis
por cerca de metade de todas as exportaes norte-americanas de bens
manufaturados, e as transaes entre matrizes e filiais representavam
cerca de um tero desse monranre-",
.:::-"t..-~-;~:
~;Y. ~ N.o roa, a.dcad de 1970 cunhou um novo termo para as reia;t; ~es incerescarais. A moda de ento era o termo '<interdependncia" !
Ns crescemos
porque nossa economia depende de vocsJ e a sua
"i;
:t~mo barato para o mesmo fenmeno que Cardoso antecipara, ernbo"?!'l no de forma co simplista c idilica lz.
, L.,
d"N
=.:.~~~ Com efeito: se atenta~mos para os resultados da p,alana de paga:z~~~ entos dos passes envolVidos, veremos que eles pesavam muito mais
.~!~ COnta da periferia do que na dos pases centrais. Em verdade, de
;~~
fi '
"1~{ . Ibid
I em.p. 12.
, ~+Ibidem, p. 20.
ao U amsta o
ovo Rena.sclmemo" viria somente anos mais tarde elirnido
de vez a j inicial f:Uta de negarividade comida na idia de d~envolvimc:nto
ependente.
<:
:n
.
~:';
4~~:.
::
'/
86 Brasil D,lillny
16
Esrados Unidos, Alemanha. Reino Unido, Japo e Frana responderam por cerca de dois teros das saldas de investimento
direto estrangeiro em 1995 27
=.
~ .~
~ -c ;
mud~nas
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ri~U-:taplI'"
'.
88 Brasil D~[jv"1
gfflfS~. rusto)
. criaram
AsSim, os c re'dt'tos con ced idos aos r-oa ses em desenv olvime nto
C"
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. -: iro proc esso no perodo contem porneo,
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'- . prime
larga cscala.
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ncias
os
Juros
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i obten o de cr
diros
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os
dos
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ios
os
pa ses cados pc a
. . . - fi
pases fizepica1istaS avanados para as mstUUll~des n~ccd'. ras desses
. 29
que a esfera financeira se conso J asse am a mais .
ramAindustrializao da periferia, portant o, responde ao .mcs~o tem. d
pital que buscava novas praas de invesnm ento
po
aos
anseios
e
um
ca
.
b
rodurivo- em razo das crescentes dificuldades de valWl'z
aao? ser~adas no centro do sistema, e aos anseios ~e .um~. esfera fin:ncc lfa em
vias de expanso c auconomizao, que exigia, port~n~o, . nao s~ a expanso dessas praas - afinal, a prpria moeda ~duclna cnvolvlda .no
fluxo de renda de investimentos diretos , cm SI, uma forma
de
capital
fictcio 30 _, mas, princip alment e, a canalizao de seus flu.xos para
os
mecanismos de valorizao que ela prpria come~ra a criar. E~ o~
tras palavras, enquan to a vinda do capital pr..odutl~o
para
a
penfen.
a
dava uma sobrevida ao processo de acumul aao estrlt~~~te produt
i.. d
Co" lego ap's o 'csgota mento d,as pOSSlblhades abervo - que
per cr a o 11
. .
di ~
as pela reconsu~o do p?s~gue rra -: J se preparavam as con ioes
para a domin ncia financeira que advmh a.
Na primeir a etapa do advento dessa domin ncia, nos anos 1970: a
eriferia
aparece
como
a
deman
da
que
faltava,
num
~mund
?
em
Crise
;berta depois do choque do petrle o, para
cc
a
absor
ao
da
abu
nda'1
oferta de crdito e liquid a ento existe nt e.' Numa segund a eta~a,
e!a
surge como mercado emergente, no sentido de um locus ~e valoriz ao
financeira sempre possvel, mas guarne cido agor.a dos ~nstr~memos
(ativos cotados em bolsas) e da poltica econml.c~ (~rmdplo.s neo:
liberais) necessrios para maxim izar o ganho, minimi zando rISCOS.
evitando susros, como o da onda de moratrias que :ssolou o connnente latino-a merica no nos anos 1980 31 O sistema nao se perpetUOU
19
Eis, pois, nosso palpite inicial sobre o sentido da industr ializa o":
diversa mente da mera aparncia fenom nica comida no diagnstico
dependentisca sobre a internacionalizao dos mercad os interno s - que
~ jogava com a idia de hornogeneizao do capital e, portant
o,
do
espraiam ento das possibilidades de desenv olvime
nto,
desde
que
se
sou~. besse jogar as regras do jogo -, a interna cionali zao da produ
o foi
; apenas o substra to necessrio ao desenv olvime nto ulterior da verda,'i deita cabine de coman do do capitali smo contern porne o.,a esfcra
fi.,
.~nance i ra, agora finalme nte mundializada".
Se estivermos certos sobre o sentido da industrializao - e lern~brando dos indicad ores decrescentes arrolados na primeir a pane deste
~exto -, a prpria naturez a da relao que prende o capitalismo perif~nco brasileiro ao centro do sistema no pode mais ser definida como
"e "dependncia", pelo menos no no mesmo sentido em que o termo
'~
_*
Usamos
o
termo
"palpite"
porque
tal
hiprese
se
insere
no
contexto
de
um trabalho
.: ainda em desenvo lvimento no grupo de pesquisa sobre Institui es
do Capiralis~lmo Financeiro - Cafln, na USP (registrado no CNPq).
' .Q uan do estuda os ciclos de reprodu o. muito antes de enfrenta
r teoricam ente a
.o.i$(;usso
sobre
o
capiral
3
juros,
diz.
Marx
sobre
a
verdadei
ra
natureza
do
capital:
_~{no ciclo global do capital]
o
processo
de
produ
o
aparc:ec:
apenas
como do
liJeviclvd, como mal necessdrio, tendo em vista fazcr dinheiro . Todas
as naes de
:~ uo capitalista so. por isso, periodic amente =lt:uu s pela vertigem de quefazer dinheiro sem a media
o
do
processo
de
produo
";
ver
Karl
Marx.
capital: critica da economia po/{tica (trad. Regis Barbosa e Flvio R. Korhe,
So
. :lulo, Abril Cultural , 1983, Coleo Os Econom istas), Livro 11,
p. 44.
I :,
90 Brasil Drfiv")'
oi
------
~, que eles prpnos lhe do? Como entender, portanto, que o senhor
,~ procede do escravo?Como entender que a relao senhor-escravo antes
40
' Ser
.I:'-de ser a teIao entre dois elementos realmente separados, possa
' I!
'~';...:........
fl~
92 Brasil Ddivny
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~i :~:~i~;:;n::i:~~:a(~::::::ee~ :~::~:;;~~:::~~::::
~~_.f,r.:_~"/_'<~t
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-- . "'"':: O Brasil do final dos anos 1980 no 'estva adequadamente prepa_,;: l ado para desempenhar seu papel na nova ecapa da mundializao fi~
c::~~t, nanceir~. Em primeiro lugar, as altas taxas ae infla que persistiam
~~:. por aqui produziam abruptas oscilaes no nvel geral de preos e em
~~f sua variao. Naquelas condies, complicava-se sobremaneira o cl:~~ ~o fina~ceiro que comanda a arbitragem com moedas e a especula"j ao que VIsa a ganhos em moeda fone (a raxa de cmbio real e a taxa
':~~f~ de juros sofrem condnuas oscilaes), De outro lado, Com o car;;~ '?ger fortemcmc-centralizado c regulado da polrica cambial de ento, a
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94 Brasil Dtlivtry
,:[- passou a ser voz corrente a inescapvel necessidade de reduzir o rama~.lho do Estado, privatizar empresas estatais, controlar gastos pblicos,
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9G Br:uil Delvery
-
Para maiores detalhes sobre essa operao. vide o segundo artigo desta coletnea.
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- -" 1
'~~.
~:':1:
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t~1'
e", maio de
elevao in dita da taxa real de juros, tudo passou a ser justificado pela
necessidade de preservar a estabilidade monetria conquisrada pelo
LRF):bdli.spOSitivo qUI e acabou por estabelecer uma hierarquia nos gastos pu ICOS que co oca em primeirlssimo e indispurvel lugar o crc dor financei ro, em detrimento da alocao de recursos com fins
distributivos (policas de renda e polticas pblicas de modo geral) e
contexto
<e
edio ,
2000, da Lei Complementar nl! 101 (lei de Responsabilidade Fiscal _
~~ ~I"'to~::mo
:.~; ,~~.\.~.'
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d .
tI: ~~::~7.'~ad:a~~:~~~o::'~~;:~~i~;n:e~;:~::':~;
ML,,~
.r.iJ\.:
Por essas e por OUtras que se pode dizer que. a partir do Plano Real. h um
SCntimento di~o .de ~fm ergncia econmica", no sentido.de exceo, que acornpanha a emergenCla do pas como promissor mercado financeiro. Tudo se passa
como se aos poucos estivesse sendo decretado um estado de exceo econmico
que justificasse.qualquer barbaridade em nome da necessidade de salvar o pais, ora
d~ ret.orno da Inflao . ora da perda de credibilidade, ora da perda do bonde da
hIStria. A esse respeito, alis, tudo indica que o estado de exceo, antes di fuso,
tenha sido definitivamente decretado no governo Lula, Pesquisa sobre esse tema
~~illt~
ou sanao aos que CCI em a po inca c Juros e c evarn a dvida pblica do pas em favor dos credores nacionais e internacionais.
; F-"~::
Os oiro anos FHC produziram, ainda. uma srie de benefcios legais aos credores do Esradl e ao cap ital em geral. ' Em dezembro de
200 I. atendendo a uma promessa feita ao FM I, o governo aprovou a
Emenda Constitucional nU 37. que isenta da incidncia de CPMF 05
valores aplicados em bolsas de valore s. Tambm passou a ser isenta de
imposto de renda a distribuio de lucros de empresas a seus scios
brasileiros ou estrangeiros e a remessa de lucros ao exterior".
. ~~;
Dentro do esprito de guarnecer o pas dos disposirivos institucionais
:fS'ig- . necessrios para sua insero na mundializao financeira, o governo
{~: FHC promoveu ainda uma mudana substantiva no sisrema previ:~it~~& dencirio. Conforme adiantado. o sistema previdencirio brasileiro era
~;~k estruturado predominanremente pelo regime de repartio simples e
i'5;~~' constitua praticamente um monoplio do Estado. Argumentando que
os dficits previdencirios produzidos pelo sistema previdencirio aca-
,.
Jun. 2004.
k/
~,
:--".
A$ informaes
,,~ pOrtllg~ltI, n. 57.
"
'.
98 Brasil Defivfry
-~
~9
previdenCjr~:
.. Cabe registrar que esse tipo dt"clculo consider a sempre co.mo g3StO
empurra da goc .
aquilo que no pode ser remado como tal. A aposenta doria ~ral.
ente um gr.:nd:
abaixo dos conserva dores pela ConStituio de 19~8. ef~tlvam
esse benefcio s
program a de renda mnima, talvez o maior do connnen re, J que
n~ - uma VCl
tornou um direito do tr:tbalhad or rural, tenha ele contribu do ou
despend idos com, ,1
que seja - par.1 o sistema prevIid encr':i'no. Ass'rrn, os recUIl o s
~IOS r~I~~'o
pagamen to desse tipo de bcneflcio. apesar de integrarem o grupo de
pre:ldenc'arr~s.
nados :segrid ade social.' no podem ser entendidos como ~toS
rios de ren ;.
aproxim ando-se mais dos gastos relativos a program as eornpensar
a de rcn J
Os especialistas no tema dizem, alis. que esse o verdadeiro program
LulaO~)J
mnima do Brasil (cf. Rosa M. Marques c quilas Mendes. "O governo
18. n 3. 20 ~~
contra-re forma previdenciria", So Palllo emPmpriva. So Paul~. v.
j o o me
,0' Retomam os auui argu mentes j desenvol vidos em Leda Paulani, "Quan
. . ro ano do gO\'<'rno
econ rni
mica d o pnmel
, a: um balano da polica
vence a esperan
Lula" . Crftic(/ Marxina, Campina s. n. 19. OUl. 2004.
:?i" ~.
-~~;: ..t-': -.
t::?::~
~i
~' 0~ ~
~~;!~.
-
-- .
"
InYcsdm cntos
l'
r.~
f-
"'"
lilJl~c
~~ ~003, CO~stava
:~:,'
luAs dividas trabalhis tas que ames. sem limitao , cncontrav~-s<: no primeiro
m em primeigar da fiI.a para o recebime nto dos recursos da massa falida. continua
exceder esse
ro lugar, s qUI: agora restringi das pelo limite de RS 39 mil. O que
mveis
\';li.para o llimo lugar. As dvidas financeiras garantid as por bens
'1
"f. ou IIJl\Cls. que ocupava m antes o terceiro lugar. passaram a ocupar o segundo
11'" lugar. frente das dividas tributri as. No CUSla lembrar que. na carta de inrenem fevereiro de
es ao FMI, assinada por Anconio Palocei e Henriqu e Meireile s
o comprom isso de aprovar uma nova Lei de f:.tJnci:rs que gnransetor financeiro. em
...~~ . lJsse ~s direitos dos credores, ou seja. o recebime nto pelo
& condIes priviJegiad:LS. das dividas acumula das pc/as empresa s falidas. Uma lei
a tuaJ prcsidenlt' do
'~~.,
,:. -
.~~
.~~
b
Orno sua prorrogao para alm de 2007. e a extenso desse exem c
. .
. &1
~! A
pediente para 05 nveis estadual e municipal, e nad~ mars
ta~ ..
autonomia do Banco Central garantir que a poltica monet ria seja
conduzida sempre de modo que honre o pagamento do servio da
dvida e que premie, com juros reais substantivos, o~ detentores de
papis pblicos. Tem em seu auxlio a DRU, que funciona, por outro
lado como o instrumento mais afiado para dar cabo dos estorvos promovidos pela Constituio de 1988. A Lei de Responsabili~~deFiscal
(que alguns chamam, com JUSteza. de Lei de Irrespo~sab,l~~ade Social) contribui com sua pane, ao assegurar que os papeis emitidos ~or
instncias inferiores do poder executivo tambm tenham seu servio
honrado, enquanto a nova Lei de Falncia trata privilegiadamenre o
credor financeiro. em caso de bancarrota privada.
Ora, um pas co srio e cnscio da necessidade de cumprir as obrigaes financeiras e de premiar com elevado rendimento ~s det~~tores
de ativos financeiros merece um lugar de destaque em melo aos emergentes". com direito at a aspirar ao i11l1(sn:Jwt f!i1~e. A .[endnc.ia,
portanto, que a financeirizao da economia brasileira se mrernacionallze cada vez. mais - e isso j revelado claramente pelo Grfico 5
(que mostra o enorme crescimento das despesas ex.ter~as co"? rendas
de investimentos em carreira), apresentado na primeira seao desce
artigo. Com isso. encaminhamo-nos s observaes finais deste texto.
4. De indstria c finanas,
de capital financeiro e capital fictcio: guisa de concluso
Segundo Marx, capic~l industrial todo-aquele que. indep en de~te:
me nt e do setor em qu e atu e. toma de mo do altern ado a for ma de ~ap ll al
monetrio, capital proauciv e ca~ i ral-.m ercadori ~ (tangvel oU.lOcan.
grv~i). cumpre.ern 'cada uma dessas formas uma funo dererrninada e
j,
respondeu ~~qililamc:nte: que se tratava de uma altc:ra.o necess ria para pr~ser
var a sociedade da atuao de presidentes irresponsdveis c: gastadores. que qUI5C"
sc:m f.1Zer o pas crescer a qualquer custo.
.
.
..
Em 1994 foi criado o Fundo Social de Emergncia. denominado depois , mal.'
adequadamente, Fundo de Estabilizao Fiscal. Esse fundo foi formado com :WUh
de todos os impostos c: contribuies federais. !O rnados Iivre.s de vi~culac~. ~
partir de: 2000. ele: foi re:formulado c: passou a se: chamar Desvinculao de R~~Ull
50S da Unio {DRU). tendo sua prorrogao aprovada pelo Congresso Nacion .
at 2007.
as abandona, para voltar a assumi-las novamente'lJ. Marx afirma tambm ~ue o capirs] s pode ser industrial (produtivo) 'c se reproduzir
am~lla~ame~tese~ do valor excedente de cada etapa, urna pane subsmn.tJva J estiver dIsponvel para a etapa seguinte sob a forma de novos
meios de produ?~4. Em Outras palavras, sem meios de p;oduzir ri,q.ucza, ou com meios que crescem muito lentamente, lento ser o cresCimento da prpria riqueza, bem como o do consumo c o do bem,estar a ela atrelados.
~Jinancelra.
,
Es.sa ~mfJu.ncia virt uosa aconteceu, no ent ant o, tarde demais, pois
:' o cap'talism.o J entrava na fase term inal da frmula fordisra c mija.
: gr?sa do~ trinta al1os~ dourad s. Empurrado, por um lado. por uma
. cn~e ~dlca e,. por OUtro. pela desordem provocada no sistema rnone.rrio mcernacicnsl com a desvinculao do dlar norre~americano e
:.do ouro, promovida em 1971 pelo governo Nixon, o sisrem~ ia ingres;san do a. passos largos na fase da acumulao flexvel e da dominncia
De receptor lquido de capitais. o Brasil passou rpida m en te a exp.ortador lquido de capitais, primeiro sob a forma de paga.
:::men{O ~os J~ros da dvida externa contrada por meio de Contratos
. . .nvenClonals de emprstimo, e agora como produtor de ativos finani . Iros de alta rentabilidade.
.
Jf
~.
\
'~\. d Ide ~5 C1p~tulos XXI e ::;:XII do Livro I ("Rcprodu3o simplesMe MTrans ro rnl1o
,:%.
.!
\
i
. Acrcdirarnox, assim, poder afirmar que no se trata de mera casua~Idade. o fato de as curvas.de FBKF/ PIB.E.ils despesas com rendas de
JOveStl"?c:nco se comporrarem de moo to col11pletamenre invertido
no Brasil nos lr~mos ~5 anos. Tampouco parece casual que os indicad_ore~ ~e taxa de m.vcsnmcnro e de crescimento da era ncolibcral s~jam
tao vlslv~lmente piores do que os da assim chamada "dcada perd ida",
A despeito da confuso inflacionria e da crise da dvida externa , os
anos 1980, :enamcnre influenciados pelas esperanas despertadas pela
redemocratlzao e pela institucionalizao dos movimentos de mas5<1, ai?da guardavam o esprito da "dependncia tolerada" de que nos
fala Smger. COmo se o verdadeiro desenvolvimento soberano e autnomo ainda estivesse no horizonte .
s nos anos 1990 que se consuma a vitria avassaladora da doutrina necliberal e, com ela, a polrica econmica e as providncias ainda.em curs? para transformar o Brasil num locus de valorizao financeJ~, partlcul~rmente n~m insrrumeo(Q que, por meios os mais
variados, permite substantivos ganhos reais em moeda force, em derrimente de nossa capacidade de aUmentar o estoque de riqueza, de crescer.e de.Comer o aumento da misria e da barbrie social. Entramos
assim na faseda "dependncia desejada". como se a servido financeira
f?sse a tbua de salvao ainda capaz de produzir a incluso do pas no
SIstema, mesmo que no papel o mais subalterno possfve1.
. Que nossas e1i~es tenham , com tranqilidade, abandonado os pruridos de aUfonoml3;. e soberania e ingressado nessa rota no algo que
";", .surpreenda, considerando sua origem e evoluo", O que espantoso
~. da servido.
1'1
lIada
; Vi_de a respeito Paulo Edu ardo Arames, "Nao c rdl ...xo", em Zero i;
(5ao Paulo. Conrad, 2004).
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() PHOJETO :'\EOLlHEHAL
PARA A SOCIEDADE BHASII.EIIU.
sua dinmica e seus impasses
IUgar-com:~l:::~:::
J se tornou
a arUAI poltica econmica
:1;1~~O do Brasil de "neoliberal". Mas no de hoje a popularidade do termo.
1 1"",d1.~, Foi a partir do infcio dos anos 1990 que ele comeou a ser mais difun" 'I~'~ >
,
rt.-~r dido, acabando por adjetivar a poltica econmica das duas gestes de
:,~<-'
Fernando Henrique Cardoso. No por acaso, poca da ascenso de
[~~~ Lula ao poder federal, muito se especulou a respeito do carter neoliberal
\ ~~::''. ; ou no de seu governo, tendo em vista ter sido o Partido dos Trabalha'~~~~ dores, por ele liderado, o crtico maior desse tipo de poltica ao longo
::i;: de toda a era FHC.
Contudo, rqais do que ser mero rtulo - de reSTO necessrio, dadas
'. as profundas alteraes processadas, vis--vis o momento anterior, na
.,~. forma de pilotar cmbio e juros, na forma de gerir o Estado, na forma
T de induzir o movimento da economia privada, entre outras -, o
:;,neoliberalismo tem uma histria intelectual que merece ser lembrada,
'f,ames de nos perguntarmos sobre a natureza do que se poderia chamar
{~X~S'pro;eto neoliberal para a sociedade brasileira". Alm dessa histria
~.-: . ~~jmelectu al , que o constitui como doutrina, o neolberalisrno possui
;.:
;:.tambm uma histria concreta, que tem que ver com o momento
~~~~t6rico no qual suas prescries passaram a ser adotadas. A relao
. - -'~tre o neoliberalisrno como doutrina e coleo de prticas de poltica.
~nmica, de um lado, e a fase especifica do desenvolvimento capita-
I6 - ; - Br;~l b~liv(ry
untas mais importa ntes para o paIs neste momen to, quais sejam: :om~
~e deu a era neolibcral no Brasil? que variant,: de sua .concepao fOI
. . da~ qual o papel do Brasil na diviso internacIOnal do trabapnon'Za .
I .,
lho neste "novo capitalismo"? quais so as
razes
que
nos
e~ltIm.
am_
a
considerar como absolut amente neoliberal ~ atual g~ver~o. quais
sa~
as perspectivas para o pas se esse projeto tiver continU idade e quais
-so os maiores impasses que ele apresentar? ' .
'\. Para dar conta da tarefa, este texto est dlvldldo_ em qua~o ,~eo.es
principais, alm desta introdu o e de uma condus ao. A se~o ~ his
ai do neoiJ'beralismo' o ps-guerra e o neohbe rallsmo
t fia lOte1
ectU
.
,
como doucrina" demon stra como a histria intelect
ual
do
ne~hbe
ralismo o coloca como doutrin a - muito mais do que como teona
~e
como um conjun to de prticas de poltica econm ica; a ~e~o liA his-
ar
particul~rmen~e
-. ~~.:..r:;'.
~[.
.~
Tamb~m
aos no-econ omistas vale observar, para demarca r melhor o terreno. que
a t.eorla do valor-tra balho aflrma basicam ente que o valor .das mercado
rias deter~mado. de maneira o~jeciv:t.
pela
q~~ntida
~e
de
trabalho
necessri
a
para
produZI-Ias, enquam o a reona do valor-uti lidade afirma que o
valor
das
mercado
rias
deter~in
~do.
de
maneira
subjetiva
,
pela
utilidade
que
os
agentes
conferem
a elas.
No pnmerro bloco esto a economi a poltica inglesa de Smirh e Ricardo.
a teoria
de Marx. e as es~olas con~em~r3nc;as (como
os
neo-rica
rdianos)
,
No
segundo
bloco esrao a Teoria
do
Equilfbri
o
Geral
do
francs
Lon
Walras.
a
teoria
neocldssi
ca,
o monerarisrno e sua variante moderna
denomin
ada
economi
a
novc-cl
ssica e. de
modo geral. todo tipo de pensame nto econmi co de vis ortodoxo
,
107
."
.
108 Brasil Daimy
de
solver. O equilb rio que aparece como resulrndo de seu desenvolvimento est, na realidade, hiposta siado e, com isso, a teoria neoclssica,
ue deveria funcion ar como a prova "cientfica" de que a socieda
de
mercad o conseg ue produz ir timo social, no conseg ue-cum prir
seu papel.
' . .
No demais lembra r que Hayek fOI. um dos pnncrp
ais persona gens de um debate ocorrid o nesses mesmo
s
anos
~
q.ue
~cou
con~eci
~
do na literatu ra como "debate sobre o clculo sociali sta. Por mero
de
artigos originais, rplicas e trplicas que col~caram, de um lado,
Hay~k
e Ludwig von Mises e, de outro, econom istas defensores do planeja
mento central , como O conhec ido Oskar Lange, travou- se um debate
em torno da possibilidade ou no de uma econom ia no-org anizada
pelo mercad o produz ir uma situa o de 6tim~ social., O ~es~lta~od~
se debate foi trgico para algum com as amugad as convlc oes liberais
de Hayek. tange no apenas demon strou que o clculo raciona l
em
perfeita mente possvel numa
socieda
de
no
regida
pelo
mercad
o,
r:'as,
pior que isso, utili1.OU como pea fundam ental em sua argume ntaao
a
prpria teoria neods sica. Se. como esta advoga
.
o
co~por
tame.n
~o
human o plenam ente previsvel no que
tange
s
quescoe
s
materta
rs.
ficava provad o, assim racioci nou Lange. que o timo. soci~ podia
ser
conscie ntemen te planeja do, algo que Hayek no podia acenar.
.
Outra inform ao biogrfica import ante que
Hayek,
que
ensinara em Viena at 1931, foi ento co nvidad o a assumi r uma cadeira
na
j famosa London School af Econom ics, passand o a faz.er parte da
comun idade intelect ual inglesa. To logo chegou
,
envolve
u-se
numa
polmi ca com John Mayna rd Keynes e seus discpu los em Cambr idgc
.
em torno de A rreatise on money, livro que o j famoso econom
ista
havia publica do no ano anterio r.
A
conten
da
encr:
os
d?is
s
fez
crescer ao longo dos quinze anos em que Keynes ainda Viveu,
mas
perman eceu mesmo depois de sua morte. ~a contram
o
d~
que
pensava Hayek, Keynes desenvolveu uma recria para mostra r ,ustam
e~tc
que o mercad o, deixado a si mesmo , poderia levar ao pssim o s~clal,
ou seja, trabalh ar abaixo do nvel de ple~o emp.rego, .produzm~o
recesso, desemp rego e misria por
tempo
mdefim
do,
visto
que
nao
tinha condi es de, sozinho , sair desse tipo de armadi lha que
seu
prprio funcion amento montav a. A enorme c~ise dos anos 19.30,
com
todas as seqelas sociais que produz iu, funCionou como aliada
poderosa da vitria de Keynes nessa conten da terica. Mas . para alm
o
~Ao longo dos ano~ I ~30 .:I academi a inglesa viu Hayek surgir
inicialm ente como
'"
uma estrela
~e
pnmerra
grandeza
na
constela
o
dos
economi
stas
e,
posterior
mente, terminar a dcada cornplerarnenre apagado . ofuscado em gra d
dd
I
I
h
k
.
.
.
(
n e me I a
Pc a ava anc e er nesl:tna Rogrio de Andrade
"Hayek:
~
J"
conrrapo
R"
. - lib
'
.~
siao
I era ,em icardo Carneiro, org .. Osclssicos da economia So Paulo
r" :I 1997
p. 176).
'
. rc
l~e
1- lU -Oj;)ii$li fluvny
per~~1~
. econorruca
. ' que pud esse ser
usada
to de uma teorra
. como arma na de.
da supeno
. ridade do mercado e da sociedade
que.
ele forjamonstraao
'
va, A teoria neoclssica, que seria,dentre todos, o p~radlgma c.om mator
vocao para isso, tinha sido destruda metodologicamente justamente por Hayek.
d
. ~ d
.Essa talvez seja a razo maior a explicar o fato e~. re~naao o
liberalismo ter nascido como doutrina e no co~o clen~la. Se nao
havia teoria econmica capaz de cumprir o papel Ideolgico que era
necessrio cumprir, tratava-se simplesmente de ~rmar a, cr~na no
mercado, de reforar a profisso de f em suas inigualveis vlr~ud~s,
E para atingir o estgio em que o mercado seria o comandante ~ndls.
purado de rodas as instncias do processo de reproduo ~ateC1al da
sociedade era preciso: limitar o tamanho ~o ~tado ~o mnimo nec:ssrio para garantir as regras do jogo capitalista. evitando regulaes
desnecessrias; segurar com mo de ferro os ~tos ~o Es,tado, ~um.en.
ndo seu controle e impedindo problemas inflacionrios, pnvanzar
ta
.
.
diInd o o, Estado
todas
as empresas estatais porventura existentes,
Impe
de desempenhar o papel de produtor, por mais ~ue se considerasse
essencial e/ou estratgico determinado setor; e abrir completamente a
economia, produzindo a concorrncia necess~i~ ~ara que os produto.
ganhassemem eficincia e cornpetirividade. Com
res Internos
, _ o passar
do tempo. juntaram-se tambm a esse conjun~o de prescnoes regr~s
de pilotagem de juros. cmbio e finanas pb!l~ que, al,go contraditoriamente transformaram a poltica econornica neoliberal numa
business adl~illistration de Estado), Mas esse ltimo ~asso tem q.ue ""
com a histria do prprio capitalismo e de sua relao com a histria
intelectual do neoliberalismo.
~
S undo Harvey, "reunindo recursos oferecid~s por corporaoes
ue
eram simpticas e fundando grupos exclUSIVOS de pensadores,
movimento [neoliberal] produziu um fluxo constante, masem
- de anlises textos polmicas e declaraes de poslao
nente expansao,
"
.
I.
. nos anos 1960 e 1970. Mas ainda era considerado
poIinca
. , amp
1d amen
' Ievante e mesmo desdenhado pela corrente prlOclpa e pensate irre
eram
Segundo Harvey, o prprio Hayek prc:scienlemCnte viu que evaria cerro rempo
para que :J.S concepes neolibcrais passassem a ser a corrente principal de pensamenro. Segundo de. leria de correr "pelo menos uma gerao" at que iS50 acontecesse (David Harvey, O I/{/IJ(J impt'ril1/ismq. So Paulo . LoyoJa. 2005. p . 130) .
'.
\.
- --::;.-':":':;~
t.,. '.I
o Euromarket foi criado no fim da d cada de 1950. Apesar de interessar fundamentalmente Inglaterra, que buscava recuperar o importante pa~l ~e inrcrrnediria financeira internacional desempenhado ar antes da Primeira Guerra
Mundial a iniciativa COntOU com o apoio norte-americano, Na dcada de 1960.
esses deis governos encorajaram seus bancos c suas grandes corporaes a fau:r
operaes nesse mercado: ver Jos Lus Piori, ~O pod~r gloha~ dos Estados Unidos: forma~o. expanso c: limites", em O poda am~rm11l0. CII:, ~. 92. e :,slh_cr
Jdfers. ~A posio da Europa na valcrizac mundial do~ ~pJC:1IS de aph,:,.ao.
financeira", em Pranois Chesnais (org.), A ftm11lfa mundializada: m/Ui SOCIIIIS ,
pol/firm. ronfigllrtlfiio. rO!lSeqiitncini (So Paulo. Boirempo, 2005.>. p. 155.
.
No por acaso, ao longo desses anos foram muitas veles?s prprios Estados Umdos que. contrariando os princpios de Brercon Woods. aJ~daram a p~m.o.ver dcsvalorizaes nas taxas de cmbio de outros pases, vlsa,n~o posslblllta.r s.e.u
crescimentor ver Franklin Serrano. "Relaes de poder e a poltica macro~co,nom IL.l
americana, de Bretron Woods:lo padro dlar flexvel. em Jos Lus Piorl (org.].
econormca.
A acelerao inflacionria do fim dos anos 1960, nos Estados Unidos, rornou patente a insustemabilidade dessa situao. O crescimento do nvel interno de preos em patamares mais elevados. combinado
manuteno da paridade dlar/ouro, valorizava a moeda norte-americana e aumentava a presso sobre o governo para que fosse promovida uma desvalorizao. Mas a perda de competitividade dos setores
exp~st?~ concorrncia externa no era o nico problema que a irnpossibilidade de desvalorizaro dlar provocava. O problema mais srio que os dficits comerciais, at ento praticamente inexistentes,
comeavam a se tornar substantivos'). Isso implicava o aumento do
passivo externo lquido dos Estados Unidos (crescimento de sua dfvida externa) e a reduo das reservas noneamericanas em ouro!", Asternacronai, serra minada" 11.
~im, "a i~i:1 de qu.e o dlar era tIS goodasgoU, que garantia Suaaceitao
10
'0
11
114
.'
"
artir dar inicia-se um perodo tumultuado no sistema monetrio in~ernacional. com um questionamento crescente da capacidade de o
dlar norte-americano continuar a funcionar como moeda-chave. Entre outras idias, comeou a se cogitar a criao de uma moeda verdadeiramente internacional, tal como Keynes advogara em Bretron
W'oods, utilizando-se. como base para sua criao, os Direitos Especiais de Saque (DES), coras de recurso que cada pas possua no F~ndo
Monetrio Internacional (FMI) e que podiam ser sacadas sem maiores
formalidades. Evidentemente transformaes desse tipo no interessavam nem um pouco aos Estados Unidos, visto que perderiam um trunfo
poderoso que era dado justamente por sua posi~o d~ ~rodutores ~o
meio de pagamento internacional. Todo o potencial blico de qu: dl~
punham poderia no ser suficiente para manter seu pap~1 de porencla
hegemnica, se uma perda dessa dimenso viesse efetivamente a se
confirmar.
Mas esse perodo de indefinio resolvido, a favor ~o dlar, com
a brutal elevao dos juros norte-americanos promovida por Paul
Volcke r, ento presidente do Federal Reserve, em \ 979 . Desde ~nto.
o dlar norte-americano tem se colocado como moeda hegemmca de
uma forma ainda mais poderosa do que o fora nOS trinta anos gloriosos, visto que, nas circunstncias do padro dlar auto-referencia.do,
ou padro dlar-dlar, que acaba por se criar, a moeda norte-americana tem todas as vantagens de que antes gozava, uma vez que m~nt~c
sua posio como moeda-chave do sistema, mas agora se bcne6c~a ~IS
so sem ter de pagar o preo de sua vinculao a um lastro, em ultima
instncia, que era o papel desempenhado pelo ouro no padro monetrio anterior.
No sem conseqncias o fato de a resoluo daquele perodo de
indc6nio ter se dado dessa forma. Entre outras coisas, alm de r:forara hegemonia norte-americana. o fortalecimento do dlar vem agindo
como elemento de fundamental importncia na manuteno da
dominncia financeira da valorizao que marca a fase contempornea
do capitalismo, Mas, antes que caracterizemos essa fase, cabe retomar
a histria de sua constituio,
Depois de 1971, combinaram-se a continuidade do crescimento
norte-americano e mundial (ainda que a raxas menores do que as observadas no incio dos trinta anos gloriosos), a elevao da inflao nos
Estados Unidos, as reduzidas taxas de juros nominais e reais em dla-
11 Ibidem, p, 198.
II A importncia crescente do circuito olTshotc londrino implicava a mulriplicao
automtica de eurodlares pelo jogo de emprstimos em cadeia entre os grandes
bancos privados ihternacionais. A crise do petrleo. com o conseqente aprofundamento da crise recessiva mund ial. fel. engordar ainda maisessesdepsitos - que
passaram de USS 7 bilhes, em 1%3, para US$ 160 bilhes dez anos depois e
USS .2.3 trilhes vinte anos depois; ver Esther Jeffers. -A posio da Europa na
valorizao mundial dos capitais de aplicao financeira". cit., p. 156.
I. ~be esclarecer que, pelo menos no caso do Brasil. a opo feira pela ditadura
militar no s.e ~tringiu deciso de continuar 3. crescer. ainda que aumentando o
gra.u de cn.dl.\'ldam~nto externo da economia brasileira. Na realidade. o gOI'crno
Geisel decidiu conrmuar a crescer. a despeito da crise internacional, mas crescer
de forma diferenciada. alterando a eserutura produtiva do pafs. O 11 PND, responsvel pela manuteno de substantivas raxasde crescimento no perodo 19741980 (ainda que inferioresqaelasobservadas no perfodo anterior, o do "milagre"),
~oi p~anejad~ no s~ ~ara iss~. como. principalmente . paro completar a matriz
I~tcrmdustrl~l brasileira. CUjas caselas relativas ao chamado Departamento I
(Insumos bSICOS e bens de capital) estavam. em sua grande maioria, ainda vazias,
BUSC3'r.\-SC com isso reduzir a dependncia externa do Brasile tornar nossa economia menos vulnervel a choques de oferta como o choque do petrleo.
cOl/Jrq(/1nas. cir.
Esses
emprsti
mos
foram
contrata
dos,
em
sua
maioria.
com
taxas
de juros flex
veis, basicame nte a Libor (inglesa) e a Prime (norte-am ericana) ,
que. nesse momento. se elevaram ui como as demais taxas.
Franklin Serrano. "Relae s de poder... cit .. p. 203.
David Harvey, O /fOVU imperialismo, cir.. p. )30.
16
11
li
117
I.
tvel e inadmissvel.
~stmulo de~a~
. De um pomo de vista terico, essa nova orientao substitui a poIrue:.de ~onrrole da deman~a efetiva, tpica do perOdo anterior, peja
polmca do lado da oferta , que transforma a macroeconomia em
microeconomia, j que cuida apenas da manuteno de um ambiente
institucional favorvel aos negcios (respeito aos contratos, "direiro dos
credores c~mado como sagrado, liberdade mxima para o capital, fim
d~s ~xped'~ntes ?e regulao e controle), como se a disposio cap~tall~ta de rnvesn r dependesse apenas do anima! spirit 19 empresariaJ e
nao tivesse nada que ver com as expeCtativas em torno do comporram~nro da procura agregada, ou seja, das perspectivas de realizao daquilo que Marx chamou de "o salto mortal das mercadorias" (venda
dos produros).
119
.:
i
I
~'
I
I
1,.
recolhe com base na gerao efetiva de renda pela sociedade em determinado perodo de tempo utilizada para enfrentar o servio da dvida. de modo que os detentores desses ativos recebem uma parcela. da
renda real produzida nesse lapso de tempo, mesmo sem terem cido
nenhum papel em sua produo. Ora, um Estado com gastos fora de
controle induz a elevaes da taxa de inflao e isso, combinado ao
juro real reduzido, problemariza a efetividade dessa transfernei,a,..
Por todas essas razes, afirmei anteriormente que ao pacote inicial
de medidas desenhado pelo movimento neoliberal (reduo do Estado
ao mnimo, inexistncia de proteo ao trabalho, abertura da economia, liberdade para o funcionamento do mercado) acrescentou-se mais
recentemente uma forma especfica de pilotar cmbio, juros e finanas
pblicas que coloca a poltica econmica hoje no .papel de .bt~i~ess
administration de Escada. Em outras palavras, brandindo os pnnClplOS
neoliberais da eficincia, da rigidez de gastoS e da austeridade, adrninistra-se hoje o Estado "como se fosse um negcio". E de falO disso
que se trata, pois, contrariamente ao que ocorria na fas~ anterior, a
atuao do Estado se d agora visando preservar no os Interesses da
sociedade como um todo (emprego. renda. proteo social etc.), mas
os interesses de uma parcela especfica de agentes cujos negcios dependem fundamentalmente dessa atuao. o fato de o neolibera1is~o
ter se tornado prtica de governo justamente nessa fase de exa~erb~~o
da valorizao financeira que explica por que esse elemento fOI adicionado ao pacote neoliberal. Mas h mais no captulo da gesto do Estado "como se fosse um negcio".
Pensadores crticos contemporneos, como Harvey", tm afirmado a tese de que estaramos hoje num momento da histria capitalista
em que os processos tpicos da fase da acumulao primitiva.de ~pi~al
estariam presentes de modo muito mais intenso do que se imagina".
Segundo essa viso, tais processos - que marca~am os ~ri~~ios do
capitalismo e envolvem fraude, roubo e todo tipo de violncia - em
realidade nunca saram completamente de cena, mas se exacerbam quando ocorrem crises de sobreacumulao como a que agora experimenta-
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~.,:; Ir!t.t,i,_
pr~dUCI~
_:-".:
mulao privada suculentos espaos de acumulao, como, em muitos
:asos, se fez is~,o com dinheiro pblico (do BNDES), emprestado aos
:.q~1 compradores (e s vezes no pago, como .no conhecido caso da
E.I.etropaulo/Enron) juros subsidiados, Alm disso, os preos desses
,1 ativos foram subavahados pelo Estado, e o gio elevado que natural; - ~~ ~ente ~~areceu - dada a concorrncia por esses setores, os servios
mdustr,lals de utilidade pblica, que so o fil migno n da acumulao
no .mundo - est sendo devolvido aos "compradores" por
,
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Dav~d
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I 1.1.
rasrt lklilJ~ry
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servado O espao para a venda d
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circunstanciaJmente que o J e sua ora de,trabaJh.o. Assim, no s
". p eno e.mpregodeixa de ser atingido. A des;: '
peito das oscil ".
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curou aao capltaJlsta expey .
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po nca e cado rncom,
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re uzrr os gastos com rn -d b
es expe lentes Visam
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COntexto em que as possibilidad d
.taxas e ucro, num
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es e ganho finanCeIro so b
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su srannvas,
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gerenciamento tpico dessa
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, ~"" ,
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~X:(
duzir ao mnimo possvel o ta
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rocessos que pretendem re'i;" .',
duri
man o 05 estoque
i.{~;:.:
UtlVO tem de carregar J.l
s que o processo pro" ,~ .
,
. a que carregamento de
'I'
J.E~ ,
tipO determinadode aplicao d
. al
estoques irnp ica um
t:,;;', tiva, dado esse ambienr
c capa - q~e pode no ser a mais lucra..
e -, o setor produtiVO foi b
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I
uscar no comrcIO
-~~~
etor e superme rcados, as recm
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para mInimizar
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cas ne':=:;#~
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TJ<, abandono da produ
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ente, ca be Iem brar que o
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"
o em massa venficado
.
.~.'I"..
substltula-o pela ch"~ad "
.
em multas setores e Sua
~" r '
"''' a cusromlzao" d
d.~~ de acordo com a demanda d Ii
) b a pro ~~o (produo feira
~-.(o
_I '
o c lente uscam a di - d .
5-0: rausra com os cons'd
I
visao o nsco capi, :-i 'i.,
urm ores, a m de serem b
fu'
~
COntexto em que
astanre nClonalS num
o' carregamento d e estoques redUZIdo
. a seu mini
"";';.
~,, ~;-,
Tc d
'~.,-..,,'
o o esseconJunto de transforma
mo.
~l'il.~, ma produtivo, rocuram
,.
. es, ~ue mudou a face do sisre".H!jr
'b'l'd d
P .
em lrima instnCia conferir ao ca . al fi
, !'",..r,";; XI I I a e necessrIa para u e '
prr a e, ' ''''- o!.q aproveire as
id d
1};PZf.. onde quer que elas ~
oporrum a es de acumulao
#,!j!f}'!
.
se encontrem (no setor
duri ,
.f1ffi,1 cerro, nos negcios de Esc d ) N
I ~ pro um o, no setor finan" - "'~
a o, a regu acao 6 di
~1;.;.;..f a fase anterior as fiorm .
. ,
r- or ISca que caracterizou
o<~ ':ti':
,
'
as mstltuclonais que v'
I
' ,
::::~~*"''1' tno e trabalho capital
d '
,
meu avaro capital mone, ~':;L ~
,
'
pro Utlvo e meios de r d ,
;;~<>;<r. I . cadona e produtos acabad
c.!
P uao, capltal-mer: ~~'fJ'
bi
os eram IUrmulas rlgidas 1'0
,
. ::~~ : f um am lente de a
1 ~
, compatJVels com
.:'",J!tl'"
curnu aao em permanente ebuli o J:.
_
"
ao. essa a razao
;..: ?'~"'"
," " que leva alguns autores, como H
arvey-'
a
fi
""" ~~'. histria capitalista caracte' d
, a Irmarque a atual fase da
nza a por um
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Chesnais~
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relaciona~
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artes da concorrncia inrercapitalisra, transformao que foi se constituindo ao longo dos anos 1970 e 1980.
. 3D
Como mostram alguns autores, com destaque para ~hesna~s ,o
processo de aquisies e fuses que se intensificou a p~rtIr ~a c:lse de
dos
m~ dos dos anos 1970 foi acompanhado da transnacionalizao
.
.
grandes grupos de capital, movimento que imp~ica no s mUlt~ mais
liberdade para suas decises, como o esrabelecimento, em varias ~as
instncias do processo de produo e realizao do v:l?r e com v~na~
dos graus de profundidade, de terceirizaes, fra~c~lsLng, parcenas e
acordos de cooperao entre estruturas ernpresanars no plano mundia L Segundo Chesnais, essa rransforrnao fo de tal ordem. que pr?vocou enorme discusso entre os especialistas em organizao industrial
sobre a natureza desses movimentos:
Nos ltimos vinte anos, assistiu-se a uma extenso considervel da gama
de meios que permitem grande empresa reduzir seu recurso in.te?rao
diIreta [J
.... Essa evoluo suscitou muitas discusses em economia induscrial, No caso dos acordos de cooperao tecnolgica, por exemplo, as
novas formas de relaes entre companhias tm sido caracterizadas, por
certos autores, como sendo situadas "em algum lugar entre os mercados e
exrernalizadas,
J~
JJ
I 27
'.
I Ll:l
-,
nrasu Urillu'?
evidente que a industrializao perifrica que ocorre nesses moldes no pode ter como resultado uma maior homogeneizao do espao econmico mundial- especialmente em termos de gerao de renda,
como tendia a acontecer na etapa anterior -, visto que a arratividade
desses espaos para as grandes corporaes est muito mais nos baixos
custos do que nas potencialidades dos mercados locais. Do lado dos
candidatos a recebedores desses "investimentos", h uma corrida frenrica a fim de oferecer condies o mais satisfatrias possvel para
atra-los. Isso implica no apenas forte subsdio estatal direto ou indireto, como principalmente a supresso de direitos trabalhistas, com a
desregulamenrao e a flexibilizao dos mercados de trabalho".
Por isso, um dos resultados mais perversos dessa nova diviso internacional do trabalho a intensificao das possibilidades de extrao
de mais valor por meio da criao de mais-valia absoluta. Num pas
como o Brasil, onde tais prticas nunca foram de fato deixadas de
lado, a combinao desses elementos tende a transformar o pas, do
pontO de vista da produo industrial, num grande cho de fbrica
nos moldes daqueles do incio da industrializao no centro do sistema, ou seja. com precarssimas condies de trabalho, jornadas sem
fim e uma massa de trabalho vivo sem a menor qualificao, no melhor estilo raylorista",
Mas, mesmo com todas essas "vantagens" para o capital transnacional, que tem como conseqncia a reduo permanente da qualidade dos postos de trabalho gerados pela indstria, o Brasil vem
experimentando, desde o incio dos anos 1980, um claro retrocesso
no perfil de suas atividades e na forma de sua insero na produo
mundial. No se trata apenas de, no setor industrial, o pas produzir
cada vez mais bens considerados quase comrnodities (alta escala de
produo. baixo preo unitrio, simplificao tecnolgica e rotinizao das tarefas). Trata-se de uma reduo acentuada da imporrncia do setor industrial brasileiro. como indica o fato de o emprego
industrial nacional ter chegado a representar 4,2% do emprego in-
H
Mesmo essa submisso roda no garante que o pas reccplOr deixe de ser vtima.
em curto espao de tempo, de uma nova "deslocalizao",
.'1 No c!' demais lembrar que as regies perifricas acabam por atrair igualmente
aquelas atividades que requerem de modo extensivo o uso de matrias-primas c
energia e que so, portanto, no s insalubres, como poluidoras do ambiente.
o projeto neoliberal
, ~im, em tempos de predominncia da chamada "nova economia -. ac~lerao da difuso das tecnologias de infor~ao e de
comuOlcaa~ e retomada do crescimento da produtividade do trabalho -, o Brasil engatou a marcha a r. Na explicao desse movimento
perv: rso h, de um lado, um fatOr estrutural, mas, de OUtro, um fator
polrico. Fra~cisco de Oliveira" d COnta de explicar o primeiro. Para
ele, o paradigma molecular-digital, que caracteriza essa nova eco-
Abase material da chamada "nova economia" (FranoisChesnais, em K' Nova Economia': uma conjuntura especifica da potncia hegemnica no co.ntexl~ .da
do capital"
Brasileira
mundilaI-lta'lo
~. Reoist da Socrdnrk
.
. rir Economia Politica,
.
n. 9. dez. 2001. faz uma avaliao do contedo ideolgico do [ermo) . a t:rCC1I'3
- In
. dusrrial que eclodiu nos anos J970 e marcada pela d.fusao
~o Iu:lo
_
bem
escala industrial da informtica e das recnologias avanadasde comu~IClao: e:m
Como pelo aprofundamento e a diversificao de uso da pesquisa biogen tica. A
"
- ind..srrialcomecou
na Inglaterra. na segunda
J
~
~~
metade do scu
primeira
revoIuao
lo XVIII. e teve como seuselementos caracrerriccs o tear rnccamco, a m~uma a
' A segunda. no comeo do.sculo
vapor e: o transporte: crerrovi'TIO.
. XX' liderada
pelos Estados Unidos. foi marcadapelasindstrias ~UlomobIHsn~ e de eletrodomsticos, pela indsrria qumica. pela energia c1~rJC~. pelo perroleo c: pelo ao.
Luiz Gonzaga Belluzzo, "Indstria: sinal amarelo, cn., p. 39.
.0
.1
131
.:
,~
obra nossa verdadeira "vantagem cornparariva'T), completa a caracrerizao da participao do Brasil na diviso internacional do trabalho
do capitalismo contemporneo. A apresentao em mais detalhes desse ltimo papel ser feita na seo a seguir, pois vai ficando visvel na
prpria histria da era neoliberal em nosso pas.
OUtro problema, tambm provocado pela persistncia do fenmeno da alta i~flao, era a dificuldade de controlar os gastos do Estado.
Tendo em Vista o carter renrista desse tipo de acumulao _ e consi-
~a~lzava a exrraao de renda real que deve valorizar esse "capital fict~
CIO ,
O tamanho e o grau de interveno do Estado na economia consritu~a um problema extra, problema que avultara com os deveres adicionars que a Constituio de 1988 lhe tinha criado. Um Estado com
tant~ d:m~ndas e tanras tarefas constitucionalmente imposras no
podia pno~lzar nem garantir ganhos reais s aplicaes financeiras.
. O ambiente no qual os negcios aconteciam tambm no ajudava,
V1Sto que, em caso de. c~lap50 empresarial, a legislao ento vigente
punha frente dos direItos dos credores financeiros os direitos dos
e~pr~gados e o~ direitos do Estado. Para os credores do Estado, a
snuaao no era muito diferente, pois no havia nenhum dispositivo
capaz ~e exercer um controle mais rigoroso dos governantes, a fim de
garantir que os compromissos financeiros fossem hon;ados.
Na qu~sto previden~iria.estava mais um srio obstculo para que
~ pais se Integrasse de imediato mundializao financeira. Nosso
Sistema ~revidcncirj~ er~ marcado pelo regime de repartio simples,
caractenzado pela ~ol~danedade intergeracional s: pela posio do Estado como seu principal aror, Esse sistema no combinava com os
nov~s t~mpos - no s por coma do peso dessas despesas no oramento pblico, como pela privao, sofrida pelo setor privado, de um mercado substantivo e promissor, at ento praticamente monopolizado
pelo Estado.
133
Para
d
maiores detalhes sobre todas essas mudanas vide o segundo c quinto arrigos
csra coletnea.
ra:
Alm de concluir a reforma previdenciria, o governo Lula completo.u ~utra refonna iniciada no governo FHC. Se na reforma previdencln3 coube a Lula estender aos trabalhadores do setor pblico as
mesmas ~teraes qu~ F.HC impusera aos trabalhadores do setor pri v~do, retIrando-lhes direitos antes existentes, com a nova Lei de Falneras, ap~ovada em f;vereiro de 2005, Lula produz para os credores do
setor privado o mesmo aumento de direitos que a LRF de FHC produzira para os credores do setor pblico. Vendido COmo pane da " d
.
- "
.
mo erOlzaao o ?OVO dISpositivo legal d maior prioridade s dvidas financei,
.garan~ldas ~or bens mveis ou imveis, colocando-as frente das
dIVIdas tnb.utnas e das dEvidas trabalhistas de valor SUperiora R$ 39 mil.
Alm dISSO, Lula coloca ainda em sua agenda uma srie de OUtras
mu~anas, co~o a au~onomja do Banco Central, o aumento e a prorrogaao da Desvmculaao de Recursos da Unio (DRU) e a continuidade
do processo de abertura financeira da economia. A autonomia do Banco
Central garante que a poltica rnonerria ser conduzida de modo que
sempre honre o pagamento do servio da dvida e premie, com juros
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135
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que
a
finance
irizao
da econom ia brasileira se interna cionali ze cada Ve'L mais. Como
fica
claro, a insero externa do Brasil no se deu pela via do comrc
io
exterior, como se alardeo u quando houve
a
necessi
dade
de
defesa
das
medida s tomada s. Desse ponto de vista , alis, no samos do lug~r:e
chegam os a piorar. Nossa panicip ao no bolo total do
com~r~
lO
mternacio nal mundia l no saiu dos 0,7%. Mas perdem os posloes
no
ranking mundia l de
compet
itividad
c
(cafmo
~
.oit?
P?sie
s)
e
~iora
mos tambm num tipo de c1assificao que e IOdlcatlva da quahda
de
do que exporta mos em valor agregado: desde 1990, a.partic ipao
d~
Brasil no ranking do valor agregado manufa tureiro caiu de 2,?% para
2,7%. S para se ter uma idia do que isso significa, a ArgenClOa, com
tudo o que passou, mantev e sua particip ao em 0,9%45. Compa re-se
essa perform ance com o fato de as despesas co~ pagame nto de rend~s
de fatores derivados de investi menros em carteira
da
balana
de
servios brasileira ter crescido 25 vezes nos ltimos quinze anos (passou
de
US$ 432,5 milhe s em 1990 para US$ 11,2 bilhes em 200.4). Esse
tipo de despesa , que inclui lucros e dividen dos de aes ~ Juros
de
ttulos de renda fixa, tpica da interna cionali zao finance lt a na qual
vem se inserin do o Brasil com tanta disposio.
~ Unctad apud Luiz Gonzaga Bdluzzo. -, ndstria: sin:!1
. ~im, ~ma pergun ta fi~ no ar: de que ma~eira tudo isso pde ser
feiroi J adianta mos o papel rrnport ante que o discurso neolibe
ral
cumpriu, com suas promessas de desenv olvime nto sustent ado e rnodern
izao, para conven cer um pas recmdemocr
atizado
e
cheio
de
planos
de soberan ia e desenv olvime nto a entrar numa era de austeri dade
para
com ~s gastos stricto unsu sociais, e, ao mesmo tempo, de
concess
o
de
prmio s aplicao financeira e de entrega do patrim nio nacion
al",
J an~te~ip:mos (a~bm que um sentim ento difuso de "emergncia
econom ica ,no ~ntldo de exceo, vem acompa nhando a emerg
ncia
do
pas como_p romIsso r mercad o financeiro. Mas no govern o Lula
que
a decrerao desse estado de emerg ncia convert e-se em necessidade.
Desde o incio, para justificar o faro de estar adotan
do
uma
poltica econm ica mais ortodox a e conserv adora que a de seu antecessor.
o
govern o Lula utilizou o argume nto (falacio so)" de que essas medida
s
eram necessrias para retirar a econom ia brasileira da beira do abismo
em que se encontr ava. Em abril de 2003, rodos os indicad ores mais
observa dos pelos "merca dos" j haviam revertido: os indicad
ores
de
preo j haviam se reduzid o subsran tivarne nte e, em alguns casos,
j
estavam se tornand o negativos; o risco-pas cara muito; a taxa de cmbio j engatar a a trajetr ia de queda; e o C -Bond via crescer novam
ente seu preo. Mas, uma vez superad o o momen
to
inicial,
as
surpree
ndentes medida s primeir amente adotad as se perpetu aram, em vez
de
serem alterad as. 0 ~ovcrno ~eve de fazer a mgica de mostra
r
que
o
estado de emerge ncla que guIOU seus primeir os passos era o contrr
io
de si .mes~o, .qu tinha vindo
para
ficar,
e
com
ele
o
regime
de
ernergncia enrao Implan tado. E foi bem-su cedido nisso. Consid eradas
as
expectativas .da po~ ~obre o novo govern o, a poltica ' por ele implementad a seria de diflcil sustent ao sem a decretao branca , porm
firme, desse estado de exceo.
'6
>
137
: -:.4 - .~
",,-'-.-'::";.'
...
'.
:o~mico
~ormalidade,
~o~ibilidade p~ra
p~ras me~~das d~
Mas o estado de exceo justamente o oPOSto do estado de direito. Sob seus auspcios, uma espciede vale-tudo toma o lugar do _espa~
o marcado por regras, normas e direitos. Trata-se da suspe~sao da
da suspenso da "racionalidade". So
fora justificadas peloestado de emergn:ia: pelanecessidade de salvar
. d de (nesse casoem que a emergencla se tornou norma, rrara-se
"
I
a sacie a
do i
de salvara sociedade do eterno perigo da inflao e o lnaceltav~ p~d da perda de credibilidade). A armao do estado de emergencla
que presenciamos foi, assim,condio de
que nossa relao com o cent~o ~assasse d~A de.pendencl~ tecn~lglca
tpica da acumulao industrial a subservincia financeira tpica do
capitalismo rentisra. No caso da etapa anterior, j. n~s estertor~ do
modo fordista de regulao, seu mamemo final exigIU no BArasI! um
estado de exceo jurdico. No caso da etapa comemporanea, de
dominncia financeira, a normalidade jurdica exigeo estado de emergncia econmico. Nesse contexto, a ascenso ao governo feder~l de
um partido historicamente de csque~d~ e his~oricamente adversrio ~o
estado de emergncia. que se especializara Justam"ente em denun.C1ar
suas arbitrariedades, gerou a expectativa de uma volta norma~lda.
de". Tendo o governo adotado o caminho inverso ao esperado, so lhe
restou agarrar-sede vezao estado de emergncia, decretando sua completa e total normalidade.
dele se esperava, depois da devascao produzida pelos governos rnilitares, Antes dessa frustrao vieram a empolgao com as diretas, a
primeira eleio para presidente, o Plano Cruzado, a Constituinte e o
Plano Real. Em todas essas oportunidades prevaleceu a idia de que
seria resgatado o processo de construo da nao, interrompido poliricamenteem 1964 e economicamente uma dcadadepois. Nesse meiotempo. o capitalismo se transformou, assim como se alterou a relao
do centro com a periferia. O alcance do estatuto de nao desenvolvida ficou mais distante - c to mais distante quanto mais profunda foi
se configurando a submisso das elitesdos pases perifricos aos irnperacivos da acumulao financeira e aos acenos enganosos do discurso
neoliberal.
~,
-)
guisa de posfcio J
~estabiljdade~
Alves Teixeira
Texto d3borad o a partir de artigo escrito em conjunro Com Rodrigo
7.
e publicado no caderno Dil/hdro da Folha t S.Paulo. em 10/2/200
apregoada, j que a estabilidaRess.1Ite-se carter contradi trio da
em outras
de: monetr ia obtida em 1994 gerou vrios POntos de insrabilidade
a brasileira.
:frc:as, como no balano de pag:Jmenros e no aspecto fiscal da economi
,I
142 lirasllUtlivery
...
mentos.para esti~ular o crescimento provocou insatisfao nos setores ren[J~tas. ou s:Ja, naquela parcela da sociedadeque vive de rendas,
em particular da Imensa transferncia que se processa pelo Estado o
qual recolhe impostos oriundos da renda gerada pela sociedade roda e
como pagamento ~o servi~o da dvida pblica, os repassa a poucos. '
": descomunallOfluncla que hoje detm os interesses rentisras est
relactonada atual fase experimentada pelo capitalismo _ a de um movimento ~e acumulao que se processa sob a dominncia da valorizao
finance~ra e que torna atraentes as periferiasdo sistema no mais como
alternatlv~s para a expanso industrial, mas como plataformas de ganhos renrsras", O modelo macroeconmico seguido pelo Brasil de
L~la espelha essa dominncia. isso o que estna raizda servido financeira do Estado, traduzida na hiperorrodoxia da poltica monetria.
C,omo se com~inou com um exacerbamenro do ciclo de liquidez e
cresctrnenro experimentado pela economia mundial, o lanamento do
!:AC acabo~ por ter algum efeito na raxa de crescimento (afinal foi
demanda direta na veia da economia", como afirmou. de modo no
to preciso, a ministra Dilma Roussef por ocasio do lanamento do
a:
, Para que no se diga que se trata aqui de mera retrica oposicionista elou de uma
lese que carece de comprovao emprica. os jornais noriciaram fartamente que os
ganhos em moeda forle por coma da posse de tfrulos da dvida pblica d B 1
' ~ o
rasu,
que J sa~ extr~mameme elevados para os residentes, so ainda maiores (o dobro)
p~ra .os nao'reslden~es, De.fevereiro de 2006 a outubro de 2007, a posse de ttulos
publicas rendeu aos Jnves~ldor~ domsticos um ganho de 42% sobre o valor aplicado. ao passo que os nao-resldentes auferiram um ganho de 89% no mesmo
~erfodo. O ~ue explica isso em parte o processo de valorizao da. moeda dornsnca, produzido, po~ sua ~ez, num movimento aura-referencial. pelo prprio com.
portarnenro de.sses mvestldor~, e em parte a iseno do imposto de renda sobre os
ganh~s p~ovenlenres desses anvos para investidores estrangeiros, No que concerne
ao :nmelro dos fawres responsveis por esse ganho extra poder-se-ia alegar que o
gO\erno ~em .pouco o que fazer, dada a dinmica dos mercados mundiais c o sistema de cambIo, flutuame que est em vigo r; mas a tese ~ frgil, uma vez que o
gover~o {em felt,otudo que est a seu alcance para justamente manter essa posio
de emissor de at!vos allamente demandados no mercado internacional. Mas se h
uma des:ulpa . ainda que comestvel, para a existncia do primeiro fator. evident~ que nao h nenhu ma para a existnia do segundo. a no ser a deliberada inren~ao de ~azer o pas desempenhar, na configurao armada pela no va diviso
mTernaclon.a1 ~o trabalho. ~ papel que o jogo patrocinado pelo centro do sistema.
em con sonanCI:t co~
elites d0r.ns:icas da periferia . nos impe, qual seja o de
plataforma de valon zaao financeIra mtcrnacional.
(,
:~
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.I
""
"I
l '.
ii '
,
I
_.-.._
,/
..... ~(
mas no alterou em nada esse entrave estrutu ral. Seu lanprogra..
. '
amentO 56 explicita o quo poltico o conflno
entre gerar renda e
captura r renda, particu larmen te num modelo em que a captura tem
prim.u ia sobre a gerao.
~
Ao contrr io do que imagin am os idelogos do governo', mesmo
conside rando o PAC em conjun to com as polticas sociais. meia dzia
de intenes. com atuaes dispersas do Estado em reas
.especf
icas.
no se confun de com um plano integra do de desenvolVimentO.
Ao
contrr io, revela dele uma concep o rasa e recnicista. Enquan to estas
linhas so escritas, ao apagar das luzes de 2007, o govern o v rec~sad
?
no Congre sso seu projeto de manter a existncia
da
CPMF,
e
o
primeiro item que lembra do pelas autorid ades como ~ndidato a promov
er
o ajuste da despesa receita diminu da de que dispor o
govern
o
em
2008 justame nte o PAC. Mesmo que
isso
no
venha
a
acontec
er:
a
lembra na revela o quo frgil e distant e o PAC de um verdade
iro
plano de desenvolvimento para o Brasil, Um piano digno d~ nome
passaria pela recuperao da capacid ade d.o pas de fazer polrica econmica . o que implicaria a vontad e poltica de alterar o modelo sob
cuja batuta nos encontr amos.
.
.
.'
Essa vontad e eviden tement e no existe. pOIS a domin ncia financeira j se insulou na articula o entre classes e grupos sociais nacionais e estrangeiros. Assim. por exemplo. remos. de um
lado.
?s
ag:nt~
do mercad o financeiro domst ico. cujo poder reflete-se na influn
cia
que exercem na escolha da diretor ia do Banco Centra l (que geralm ente
provm de seus quadros) e, de outro lado. os age~tes do m:rca~o
financeir o interna cional. como mostra ram
as
reaoes
das
agencIa
s
de
rating como Moody s e Merryl Linch ao lanam ento do PAC. Alm
da
i'
fi.I
I
ri
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""""'
_ _o
_ _o
_ _o
_ _o
'"
_ _o
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EsraM dt rxcr(lio
Giorgio Agamben
Evidmcitu do Tr4/
Os Estados Unidos p6s-11 de Setrmbro
Susan WiIIis
Extino
Paulo Arantes
Gurrra t cinema
Logtica daperctpriio Paul Virilio
srrro
l'RXIMOS LANAMENTOS
Vidtologial
Ensaios sobre t(lroiro
Eugnio Bucci c: Maria Rita Kehl
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