MATOS, R. L. Resumo Dos Capítulos Estar Lá & Estar Aqui

Rafael Leal Matos Resumo Estar aqui & Estar l Clifford Geertz
Estar l A antropologia e o cenrio da escrita

No texto intitulado estar aqui, Clifford Geertz fala sobre a etnografia enquanto
um estilo de escrita fazendo um exame desta enquanto tal. Neste sentido, alguns pontos
so colocados: as objees existentes frente a este exame; quais as peculiaridades da
escrita etnogrfica; a semelhana entre este estilo e o estilo de escrita literrio; a
diferena entre autor e escritor exemplificando esta diferenciao com alguns
autores clssicos da antropologia.
Segundo Geertz, apesar de a etnografia ser considerada como uma espcie de
escrita, seu exame enquanto tal tem sido impedido por uma srie de objees. Alguns
acham que esta uma atividade antiantropolgica: que os antroplogos devem apenas
coletar, trazer e disponibilizar informaes de maneira objetiva. Outros que os textos
antropolgicos no so dignos de uma anlise mais acurada e, ainda mais, que
destrinchar o fazer etnogrfico poderia ser causa de um relativismo corrosivo.
Contrrio ideia de que uma etnografia aceita devido extenso de sua
descrio e/ou pela fora dos seus argumentos tericos, Clifford Geertz afirma que a
credibilidade de uma etnografia conquistada na medida em que o autor convence o
leitor de que ele esteve l, de que penetrou e foi penetrado por um estilo de vida e
ai que entra a questo da escrita.
Devido natureza situacional da descrio etnogrfica, torna-se impossvel
verificar sua validade emprica, da ento surge uma questo: porque acreditamos em
certas descries e ignoramos outras? Segundo Geertz, isso se deve ao fato de que
certos escritores tm uma maior capacidade de criar uma impresso, em sua escrita, de
que estiveram l. Nesse sentido, atentar para a escrita e demostrar como um autor
consegue criar essa impresso um modo de nos imbuirmos de critrios para criticar o
fazer etnogrfico.
Este fazer, de acordo com Geertz, gera uma mal gera um mal-estar que reside no
conflito que o etngrafo se encontra: como produzir um texto cientfico diante de uma
experincia biogrfica? A partir desse dilema alguns etngrafos conseguem transparecer
e imprimir sua assinatura na medida em que se utiliza- de recursos da escrita que fazem
com que o leitor seja persuadido de que ele esteve onde esteve, de que foi aceito dentro
os sujeitos pesquisados, de que sentiu o que sentiu, etc o que Geertz de dilema da
assinatura.
Outro aspecto que Geertz chama ateno o problema do discurso para isto
ele evoca Foucalt. Aqui h a problematizao da ressonncia do produto etnogrfico,
quando se pode perceber a distino entre escritores e autores. Para ele, o autor produz
teoria, funda uma discursividade, faz uma obra. J o escritor produz um livro que se
guia por um discurso j institudo por certos autores. Isso no quer dizer que
necessariamente um autor seja melhor do que um escritor, j que segundo Geertz um
escritor pode, apoiando-se em um modelo de determinado autor, ultrapassar em muito o
que seu mestre fez.
Por fim, fazendo todas essas distines e discutindo a etnografia enquanto um
gnero de escrita, Geertz quer mostrar que estar l em termos autorais to
complicado quanto estar l em pessoa.
Estar aqui de quem a vida afinal
Com a expresso estar aqui Geertz quer problematizar outro momento da
escrita etnogrfica, que sua apresentao ao mundo acadmico. Segundo ele, o estar
l em termos autorais importante enquanto carto postal, mas o estar aqui que
decisivo. esse momento, de um estudioso entre estudiosos, que far com que o texto
seja lido, publicado, criticado, ensinado...
Neste sentido, h uma interao com o outro onde eles esto e uma tentativa
de represent-los nos espaos acadmicos que vai fazer ou no com que o trabalho seja
aceito. A partir do estar aqui que o trabalho vai encontrar o seu lugar e seu
significado, podendo at ser descontrudo.
Para complicar esse cenrio, Geertz mostra que nos hoje em dia, com a mudana
das pessoas sob as quais os antroplogos escrevem, esta tarefa tornou-se ainda mais
complicada. Isso porque, nos dias atuais os pesquisados esto inseridos numa dinmica
global, que acabou por reduzir os espaos entre as diferenas. Sendo assim, hoje em dia
no apenas os acadmicos devem ser convencidos de que o antroplogo esteve l,
mas tambm os prprios povos devem ser convencidos, na medida em que eles passam
a ter acesso ao produto de nosso conhecimento.
Com esse movimento de mudana no cenrio das pesquisa antropolgicas,
geertz quer demonstrar que houve uma mudana nos fundamentos morais da etnografia,
que passa a ser bem mais questionada e confrontada no mundo acadmico. Sendo assim,
os problemas do conhecimento antropolgicos esto sendo discutidos e questionados de
maneira mais aberta, o que faz com que no haja mais grandes obras de flego como as
de Lvi-Strauss, Evans-Pritchard e Malinowski.
Sendo assim, diante de tantos questionamentos, ainda o dever do etngrafo ,
segundo Geertz, convencer os leitores de que o que ele est dizendo um relato
autntico, escrito por algum que se familiarizou de certo modo com outros costumes. O
que o Geertz que dizer que, com essas mudanas na base moral do fazer etnogrfico,
deve haver uma mudana nas prprias etnografias. Os clssicos foram fruto das
particularidades histrias do seu tempo, no qual as diferenas eram mais separadas. Nos
dias atuais os espaos entre essas diferenas diminuram. Isso quer dizer que os povos
comumente etnografados esto participando de uma dinmica global que influencia o
fazer etnogrfico.

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