Seminu00E1rio - Cultivo Offshore - 02.2014
Seminu00E1rio - Cultivo Offshore - 02.2014
Seminu00E1rio - Cultivo Offshore - 02.2014
Cultivo offshore
Cultivo offshore
Introduo
A aquicultura se tornou a nica alternativa sustentvel para garantir o acesso ao
consumo de pescado, uma vez que muitos stocks marinhos esto prximos ou
ultrapassando seu limite mximo sustentvel e com o declnio das pescarias isso fica
cada vez mais evidente. Nos ltimos 40 anos a aquicultura se tornou a responsvel na
diminuio entre a demanda e a oferta de pescado no mercado mundial (CAVALLI,
2011) e entre os vrios setores do segmento a piscicultura marinha tem apresentado as
mais altas taxas de crescimento em todo o mundo.
A aquicultura marinha classificada de acordo com o sistema produtivo em:
extensivo, semi-intensivo e intensivo. Pode ser ainda classificada de acordo com o local
de operao em: inshore, aquacultura feita em terra, onshore, aquacultura costeira e
offshore que a aquacultura em mar aberto.
Na aquacultura offshore as espcies cultivadas so mantidas em jaulas
localizadas a uma distancia considervel da costa a mais de 3 Km em reas ocenicas
abertas. Mesmo no sendo uma prtica to recente muito de sua tecnologia e
desenvolvimento ainda permanece desconhecida, por isso este trabalho teve como
objetivo oferecer informaes sobre este tipo de sistema de produo.
Vantagens e desvantagens
Uma das grandes vantagens do cultivo offshore a possibilidade de implementar
uma economia em de escala, conferindo reduo nos custos com o aumento dos nveis
de produo, por exemplo, os custos logsticos implicados na alimentao de uma jaula
so semelhantes aos implicados na alimentao de dez jaulas. Outra vantagem que ao
contrrio dos tanques de terra, o cultivo offshore no precisa de bombeamento e
arejamento da gua, reduzindo os gastos com energia e permitindo altas densidades por
m. Tambm apresenta a vantagem de se situar em zonas ocenicas, sendo menos
suscetvel a poluio. Por outro lado, as fortes correntes em mar aberto favorece a
disperso dos resduos metablicos, o que minimiza o impacto a nvel de qualidade da
gua. A estabilidade dos parmetros fsico-qumicos outra vantagem e os nveis de
Seleo do local
A escolha do local determina a viabilidade econmica de uma unidade offshore.
Antes de tomar deciso de implantar uma piscicultura em mar aberto necessrio reunir
todas as informaes possveis a cerca do local onde se deseja inserir o projeto. Por isso
recomenda-se obter informaes de boias ondogrficas, equipadas com sensores que
medem direo, perodo e frequncia das ondas e a temperatura superficial da gua alm
de ser equipada com GPS, de rgos governamentais ou de literatura especializada,
sendo tambm importante a troca de informaes com a comunidade local,
principalmente pescadores. Os critrios mais importantes na escolha do local para
cultivo offhore so:
I) Condies fsico-qumicas da gua: temperatura, salinidade, oxignio, pH,
slidos em suspenso e nvel de poluio ;
- ondas Saber o tipo de onda que existe no local muito importante, uma vez
que afeta as estruturas das jaulas e o sistema de lastro, alm de ser importante para
escolher o tipo de jaula que pode ser usada no local, o sistema de ancoragem que se
deve fazer e o tipo de embarcao que vai ser usada. O tempo mnimo para se obter este
tipo de informao acerca de um local de 9 anos.
- A amplitude de mar O comprimento deste parmetro que vai determinar
o comprimento dos cabos das amarraes de forma que impea folga excessiva dos
cabos na baixa-mar e tenso na preia-mar.
- A tipologia do fundo A composio e declive do fundo da regio onde se
pretende implantar o sistema tem papel importante, pois, ser decisivo na escolha do
tipo de ncora que ser utilizada e seu possvel deslizamento, no comprimento das
amarraes. Fundos lodosos permitem boa fixao das ncoras, porm, no so
indicados pois podem ocorrer afundamento das mesmas. Os fundos arenosos so os
mais indicados para instalao de ncoras e poitas, por apresentar elevado coeficiente de
frico (0,5). Os fundos rochosos so os menos indicados por apresentar coeficiente de
fico baixo (0.1) o que resulta no deslizamento das ncoras.
Declives acentuados podem constituir um problema quando as jaulas esto
submersas, favorecendo o desequilbrio da estrutura e possveis colises com fundo
danificando a rede, proporcionam tambm a acumulao dos detritos das unidades de
cultivo. A observao dessa caracterstica pode ser feita de forma direta ou por meio de
sondas utilizadas nas embarcaes.
III ) Aspectos legais e as condies de acesso do local da instalao.
Quanto ao acesso necessrio considerar proximidades de zonas porturias e
estruturas de apoio como armazns de rao, escritrios e zonas para a venda,
processamento e expedio de grandes quantidades. extremamente importante ver a
segurana do local e tambm possveis conflitos na regio alm de vias de transporte
para escoamento da produo.
Quanto aos aspectos legais
Estrutura
Modo
Operacional
Vantagens
Desvantagens
Modelo
Flexvel
Flutuante
Semi
Submersvel
Rgida
Flutuante
Semi
Submersvel
Sistema de suporte de
rede funcional e testado
Variedade de
configuraes
Custos reduzidos para
elevados volumes
Facilidade de ampliao
Facilidade de operao
Resistncia moderada
a ondas e correntes
Riscos elevados em
mar aberto
Ausncia de estruturas
de suporte operacional
-rea de instalao
reduzida
Facilidade de operao
Submerso automtica
em caso de tempestades
Relao preo/volume
reduzido
Plataforma operacional
estvel
Capacidade de
armazenagem
Capacidade de instalar
sistemas automticos de
alimentao
Volume estvel
Capacidade de
submergir
Capacidade de
integrao de sistemas
automticos de
alimentao
Sistema provado
comercialmente
Volume estvel
Impacto visual mnimo
Capacidade de emergir
Redues de volume
at 25%
Refa
Sistema de lastro difcil
Technosea
de instalar
Alimentao pouco
eficiente
Submersvel
Difceis de instalar
Resistncia moderada
Elevados custos de
manuteno
Elevado capital inicial
de investimento
Corelsa
Aqualine
Fusion
marine
OceanSpar
net
systems
Cruive
Pisbarca
Capital de investimento
elevado
Complexidade de
operao e manuteno OceanSpar
Necessita de
Sea Station
mergulhadores a tempo Farmocean
inteiro
Dificuldade de
operao e manuteno
Capital de
investimento elevado
Trident
Sdaco
Seatreck
Espcies potenciais
Selecionar bem a espcie uma das etapas mais importantes na
implantao de qualquer empresa de cultivo, pois dessa escolha depender a viabilidade
da empresa. A seleo deve se basear em:
Alevinagem
Origem dos juvenis e transporte: A maior parte dos juvenis usados na produo
offshore proveniente de desova natural, no entanto estes tambm podem ser capturados
na natureza (Beveridge, 2004). Tambm podem ser obtidos de empresas estrangeiras.
Segundo a FAO (2007), os juvenis podem ser transferidos para as jaulas com um
peso de 24 g No entanto, em mar aberto, o povoamento com juvenis de pesos
superiores prefervel, uma vez que reduz a mortalidade, o tempo de cultivo e permite
um maior controle de qualidade. O uso de juvenis maiores (superiores a 15 g) elimina a
necessidade de mudanas na malhagem da rede e reduzem a necessidade de triagem
futura (Eurofish, 2006). Os juvenis so transportados por terra num caminho
especializado, equipado com sistemas de recirculao de gua, de refrigerao e de
distribuio de oxignio puro. No porto, os juvenis podem ser transferidos por
gravidade ao longo de um tubo do caminho para os tanques existentes no barco que ir
realizar o transporte ate s jaulas.
Um dos mtodos usado consiste no uso de tanques incorporados no poro da
embarcao Puntazzo equipados com botijes de oxignio e com uma bomba
submersvel que permite a renovao de gua. Segundo PousoFerreira (2008), os
juvenis tambm podem ser transportados com uma densidade de 100 kg/m3 em tanques
de 2000 L sobre o poro da embarcao. Na jaula, com o barco devidamente amarrado,
baixase o nvel de gua nos tanques e os juvenis so retirados com a ajuda de um
chalavar, de preferncia fabricado com uma rede sem ns de forma a minimizar os
danos (Beveridge, 2004). Posteriormente estes so colocados num pequeno tanque que
se encontra conectado a um tubo ao interior da jaula permitindo a passagem por
gravidade dos juvenis juntamente com a gua. Existe tambm a possibilidade de
transferir os juvenis diretamente para uma jaula de pr engorda. Esta jaula montada no
interior da jaula principal em torno do tubo central e suportada, semelhana da rede
exterior, pela interseco com o tubo central. A rede usada nas jaulas de nylon com
malha hexagonal de 3/4". Esta jaula possui um fecho de correr desde o topo at ao
fundo permitindo a libertao dos peixes quando estes atingem o tamanho adequado.
Existem dois modelos: um de 200 m e outro de 600 m.
Os juvenis e os peixes em geral no devem ser alimentados horas ou dias antes
do transporte. Sem alimento o trato digestivo permanece limpo minimizando a excreo
Alimentao
No cultivo intensivo em jaulas os custos de alimentao podem representar entre
40 e 60% dos custos de produo (Houlihan et al, 2001). O peixe deve ser alimentado
no maior nmero de dias possveis, sempre que as condies ambientais o permitam.
Segundo o procedimento usado pelo IPIMAR, no dia seguinte transferncia para as
jaulas os juvenis de dourada com 25 g, podem ser alimentados com rao de 2 e 3 mm
de dimenso.Como complemento, pode ser fornecido sardinha (Sardina pilchardus) e
lula (Loligo vulgaris), para facilitar a adaptao do peixe ao novo ambiente.
O custo da alimentao pode ser ainda maior em funo de o hbito alimentar da
espcie e dos ingredientes utilizados na dieta. De forma geral, os peixes carnvoros,
como o beijupir, possuem alta exigncia proteica. O papel da frequncia de
arraoamento j vem sendo pesquisado h algum tempo e possui influncia no
crescimento; consumo de rao; Composio corporal; utilizao do alimento; taxa de
converso alimentar; variao no tamanho dos peixes. A frequncia alimentar pode
aumentar a capacidade de assimilao do alimento (CHIU et al., 1987).
Acompanhando
crescimento
dos
peixes,
aumentase
gradualmente
Patologias
As patologias infecciosas so muitas vezes responsveis por causar elevados
surtos de mortalidade determinando a viabilidade econmica de um cultivo. Atualmente
esses patgenos se encontram adaptados a diversos ambientes, sendo difcil estabelecer
fronteiras entre o ambiente costeiro e a regio ocenica. A maior parte das doenas que
afetam as espcies so causadas por agentes do gnero Vibrio sp. e Flexibacter sp. que
provocam o aparecimento de hemorragias na pele e brnquias originando necroses, e
tambm os parasitas como ciliados histiofagos, monogeneas e parasitas internos, que
no causam mortalidades diretas, mas reduz o crescimento do estock e provoca leses
que a porta de entrada para bactrias e vrus causando morte no cultivo.
Existem basicamente duas formas de combate as patologias por via oral ou
banhos, como so feitas na aquicultura continental usando formalina ou sal (NaCl),
porm esse processo no ode ser feito em sistemas abertos, como no caso do cultivo
offshore, senda assim o tratamento por via oral o mais recomendado e consiste na
administrao do medicamento por meio do alimento, da rao. Junto a rao podem ser
tambm adicionados vitaminas e leos de fgado de bacalhau, que alm de possuir
propriedades nutritivas ainda ajuda o medicamento a aderir na rao.
Adaptado de: Economically Important Pathologies of the Marine Fish Cultured in Greece and the Aegean
Sea, 2003)
No cultivo em mar aberto assim como em qualquer outro podem surgir alm dos
patgenos peixes com anomalias anatmicas, um tipo de mal formao fsica na espinha
(lordosis, sifosis e escoliose), nas barbatanas (displasia e aplasia) e na cabea, que pode
ser de origem gentica ou nutricional. No causam mortalidades diretas, mas, podem
Despesca
A jaula possui um anel metlico na parte inferior do tubo central ao qual se
encontra conectada a rede. O anel pode ser iado ao longo do tubo central por meio de
um guincho, de forma a reduzir o volume e o peixe pode ento ser transferido
diretamente da jaula, atravs dos fechos, para as tinas de gelo recorrendo a bombas de
suco ou a chalavares.
Consiste no uso de uma rede formada por duas abas e um saco, com um formato
semelhante a uma rede de arrasto onde cada aba possui flutuadores na parte superior e
lastro na parte inferior que mantm a rede na vertical. A pesca realizada com a jaula
superfcie e a rede transportada por trs ou quatro mergulhadores atravs de um dos
fechos da jaula e a rede a esticada e uma das abas fixa na zona do anel.
Uma vez cercado, as abas juntamse para que o lastro e as bias da rede sejam
unidos temporariamente com fio ao longo de todo o seu comprimento, de forma a
impedir a fuga do peixe no momento da sada para o exterior da jaula. Uma vez fora da
jaula, a rede puxada para bordo do barco e o peixe condicionado para o interior do
saco. O saco mantido dentro de gua e o peixe transferido manualmente com o
auxlio de um chalavar para as tinas trmicas com gelo. Normalmente as tinas usadas
apresentam uma capacidade de 600 L e a proporo de gelo em relao a massa de
pescado de 1:1 (Cabello, 2004).
Beneficiamento e comercializao
O pescado pode ser comercializado nas formas in natura ou industrializado. A
primeira refere-se ao pescado recm-capturado, submetido refrigerao (ou no) e
adquirido ainda cru, enquanto que a segunda refere-se ao processo que sofre algum
Bibliografia
SAMPAIO, M., et. al., Cultivo do Bijupir em guas da Unio. Ministrio da
Pesca e Aquicultura. S. d.
CARRASQUINHO, R., Gesto e maneio de uma unidade de piscicultura em
mar aberto na costa sul de Portugal. Tese de mestrado (mestrado em aquacultura e
pescas) Universidade de Algarve. 2009.
http://www.pgpa.ufrpe.br/Trabalhos/2011/T2011wvnp.pdf