Protecao Do Complexo Dentino Pulpar Resumo

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PROTEO DO COMPLEXO

DENTINOPULPAR NA
ATUALIDADE

PROFESSORA: FRANCINEIDE GUIMARES CARNEIRO


INTRODUO
O conjunto calcificado esmalte-dentina a estrutura responsvel pela proteo
biolgica da polpa. A dentina e o tecido pulpar, principais componentes do complexo
dentinopulpar, esto suscetveis a diversos tipos de agressores, sejam eles qumicos,
mecnicos, trmicos ou bacterianos.

As protees do complexo dentinopulpar consistem na aplicao de agentes


protetores, tanto em tecido dentinrio quanto sobre a polpa que sofreu exposio, a fim de
manter ou recuperar a vitalidade dessas estruturas. A idade do paciente, a condio
pulpar e a profundidade da cavidade so aspectos que devem ser considerados
juntamente com o tipo de material restaurador para que se possa obter o real objetivo
dessa proteo.
A utilizao de materiais para proteo do complexo dentinopulpar ainda um
assunto polmico na rea odontolgica, j que a existncia de um arsenal variado induz a
dvidas quanto sua utilizao. Ainda no existe um material que possua a eficincia da
dentina com relao proteo dada ao tecido pulpar subjacente; entretanto, os materiais
para proteo do complexo dentinopulpar preenchem muitos dos requisitos necessrios,
sendo amplamente utilizados pelos cirurgies dentistas.
Dessa forma, o objetivo desse trabalho ressaltar a importncia do conhecimento
dos aspectos fisiolgicos e patolgicos da dentina e da polpa, assim como, guiar a
seleo de materiais dentrios adequados para serem utilizados dentro de cada situao
clnica especfica, visando manuteno da integridade do complexo dentinopulpar.

COMPLEXO DENTINOPULPAR
Os principais componentes do complexo dentinopulpar so a dentina, formada pela
dentina tubular e pr-dentina, e a polpa, dividida em camada odontoblstica, zona acelular
de Weil, zona rica em clulas e corpo pulpar. Essas estruturas atuam conjuntamente,
podendo ser consideradas como uma entidade funcional nica.
DENTINA
A Dentina constitui a maior parte da estrutura do dente, composta por celulas
especializadas, odontoblastos e substncias intercelulares. composta de 70% de
substncias inorgnicas, 18% de substncias orgnicas e 12% de gua.
medida que o processo de formao e maturao do rgo dentrio evolui, a
interao entre dentina e polpa torna-se explcita. Durante a deposio da matriz
responsvel pela formao da dentina, os odontoblastos deixam nela aprisionados seus
prolongamentos, formando verdadeiras vias de comunicao direta da dentina com a
polpa atravs dos tbulos dentinrios. Essa comunicao entre dentina e polpa
responsvel pela formao e nutrio da dentina, alm da percepo de estmulos
externos pelas terminaes nervosas da polpa.
De acordo com a proximidade da dentina com a polpa, maior a densidade de
tbulos dentinrios por rea delimitada e maior o dimetro dos tbulos. A permeabilidade
dentinria varia ainda de acordo com a idade do dente, o grau de mineralizao dos
tbulos, as modificaes teciduais na dentina, a localizao na prpria dentina, a razo
entre os tbulos e a dentina intertubular e a presena de qualquer substncia capaz de
alterar a condutividade de fluidos atravs dos tbulos.
CLASSIFICAO DA DENTINA:
Primria dentina original, normal, regular, a maior parte formada antes da erupo do
dente.
Secundria se forma em resposta aos estmulos de baixa intensidade, durante a vida
clnica do dente.

Terciria (reparadora) desenvolve-se quando existem irritaes pulpares mais


intensas, como crie, eroso, abraso, irritaes mecnicas, trmicas e eltricas.
POLPA
A Polpa um tecido conjuntivo frouxo especializado, ricamente inervado,
vascularizado, responsvel pela vitalidade do dente. Ocupa a cavidade pulpar, formada
pela cmara pulpar coronria e canais radiculares. um tecido altamente especializado,
inervado e vascularizado, inserido na cavidade pulpar e canais radiculares, diretamente
ligados ao sistema circulatrio atravs do feixe vsculo-nervoso que penetra pelo forame
apical. O corpo pulpar propriamente dito, constitudo de vasos sanguneos e nervos
entremeados por tecido conjuntivo rico em fibroblastos e clulas ectomesenquimais
indiferenciadas, compe a massa central do tecido.
FUNES DA POLPA:
Funo Formativa- principal caracterstica (produzir dentina)
Funo Nutritiva
Funo Sensitiva
Funo Defensiva:
- produzindo dentina reparadora
- esclerose dentinria
responsvel pela percepo de estmulos externos, sejam eles trmicos, tteis,
qumicos, osmticos ou de transmisso, na forma de dor ao sistema nervoso central. A
transmisso de estmulos ocorre por fibras sensoriais que adentram o tecido pelo forame
apical ou canais acessrios e seguem, principalmente, o trajeto dos vasos sanguneos.
Modificaes fisiolgicas do envelhecimento resultam em um maior componente fibroso e
reduo no nmero de clulas. Em conseqncia, polpas envelhecidas apresentam
resposta biolgica mais lenta e reduzida.
A polpa dentria apresenta mecanismos inerentes para limitar os danos causados
por agentes agressores. Esses mecanismos de defesa so representados pelo
esclerosamento dos tbulos dentinrios, pela formao de dentina terciria e pela
sensibilidade dolorosa. Inicialmente, o tecido responde atravs do esclerosamento local
dos tbulos, pela deposio de dentina peritubular em regies subjacentes a leses

cariosas, o que reduz o dimetro dos tbulos dentinrios e representa um mecanismo de


defesa importante frente a agresses externas. Posteriormente, essa reposta ,
geralmente, demonstrada pela deposio focal de uma matriz de dentina terciria nas
proximidades da agresso que tem o efeito de aumentar a distancia entre o agente
agressor e as clulas pulpares, diminuindo assim a permeabilidade dentinria.
A dentina terciria localizada, formada por odontoblastos primrios sobreviventes a
estmulos moderados, denominada dentina reacional, enquanto a dentina formada por
uma nova gerao de odontoblastos chamada de dentina reparadora. Por meio desses
mecanismos de proteo, quando as estruturas dentrias so estimuladas, a polpa exerce
uma das suas principais funes: a de defesa ou reparo. Caso o estmulo seja muito forte,
a polpa poder sucumbir aos efeitos de um processo inflamatrio intenso e sofrer
necrose.
PRINCIPAIS CAUSAS DE INJRIAS PULPARES
1- BACTERIANOS: Toxinas e enzimas associadas crie dentria;
2- FSICOS:
a) Mecnicos Traumticos (fraturas), iatrognicos (preparo cavitrio) e
patolgicos (atrio, abraso, raspagem periodontal e eroso);
b) Trmicos (preparo cavitrio)
Cuidados durante o preparo cavitrio: Calor, Presso, Desidratao e Vibrao
3- Qumicos: cidos empregados no condicionamento dentino-pulpar, materiais oriundos
de restauraes de resina composta, Agentes protetores
A dentina est sujeita a estmulos qumicos e mecnicos, alem de trmicos e bacterianos.

Leses cariosas: Estmulos inflamatrios provenientes do processo carioso


difundem-se at a polpa atravs dos canalculos dentinrios e so
importantes na induo da resposta pulpar.

Preparo cavitrio: os preparos cavitrios resultam em alteraes na estrutura


dentinria atravs da formao de dentina terciria. A quantidade de dentina
terciria (reacional e reparadora) formada est diretamente relacionada com o
intervalo de tempo ps-operatrio e ligeiramente afetada pelo grau do

trauma operatrio.

Preparos cavitrios confeccionados com instrumentos

rotatrios em alta rotao, sob refrigerao, tendem a produzir menor


agresso que em baixa velocidade, uma vez que esta gera mais calor e
requer uma presso de corte maior.

Trauma oclusal: o trauma oclusal pode ser agudo, resultante de uma


mudana brusca na fora oclusal, tal como aquela causada quando se morde
um alimento duro ou pela confeco de restauraes ou prteses com
contatos exagerados ou interferncias oclusais. O trauma oclusal crnico
mais comum e se desenvolve por mudanas graduais na ocluso, causadas
por alteraes na posio dos dentes, restauraes mal realizadas, desgaste
ou hbitos parafuncionais.

LIMPEZA DAS CAVIDADES:


Fatores que condicionam a sua indicao
No ser txico polpa e aos tecidos adjacentes ao dente;
Facilitar a ao dos agentes protetores;
Eliminar microorganismos;
Remover a smear layer

Agentes no desmineralizantes:

Solues base de hidrxido de clcio (gua de cal)

Solues base de clorexidina (2%)

Solues fluoretadas

gua oxigenada (3% a 10 vol)

Hipoclorito de sdio (0,5%)

Agentes desmineralizantes:

cido fosfrico a 37%,

cido brico a 2%,

cido ctrico a 50%,

EDTA a 15%,

cido poliacrlico a 10%

O primeiro passo operatrio para a proteo do complexo dentinopulpar a


limpeza da cavidade, que visa eliminar resduos que possam interferir com a interao
entre os materiais restauradores e os substratos dentrios. Aps o preparo cavitrio,
deposita-se sobre a superfcie da cavidade uma camada amorfa e delgada conhecida
como smear layer, composta de matria orgnica e inorgnica, leo proveniente de
instrumentos rotatrios, saliva, sangue e microrganismos. Essa camada representa uma
proteo natural ao complexo dentinopulpar contra a invaso de bactrias, produtos
txicos, toxinas bacterianas e cidos. Porm, a presena de smear layer tambm
apresenta desvantagens como interferncia direta no mecanismo de adeso de alguns
sistemas adesivos e manuteno de bactrias no interior da cavidade.
Um agente de limpeza ideal deve remover a smear layer, no ser txico polpa e
aos tecidos adjacentes ao dente, facilitar a ao dos agentes protetores e combater ou
eliminar microorganismos patognicos existentes nas paredes cavitrias.
Os agentes de limpeza podem ser desmineralizantes (cido fosfrico a 37%, cido
brico a 2%, cido ctrico a 50%, EDTA a 15%, cido poliacrlico a 10%) que reagem com
a smear layer, removendo-a total ou parcialmente. Os agentes no-desmineralizantes
(solues base de hidrxido de clcio, hipoclorito de sdio, solues fluoretadas, gua
oxigenada, solues base de clorexidina) atuam na ao de lavagem removendo
parcialmente os resduos por frico das solues. Concomitantemente com a ao de
limpeza, a maioria dos agentes apresenta, tambm, ao bactericida e/ou bacteriosttica.
Em cavidades a serem restauradas com sistemas adesivos e que no necessitam
de proteo do assoalho da cavidade, a limpeza cavitria feita com o prprio
condicionamento cido. Para os sistemas autocondicionantes, a smear layer
incorporada no processo de hibridizao.
Em cavidades profundas e bastante profundas, que necessitam de proteo do
complexo dentinopulpar, a limpeza deve ser realizada antes da aplicao do agente de
proteo e do ataque acido. Nessas condies, podem ser utilizadas solues base de
hidrxido de clcio ou clorexidina.
PROTEO AO COMPLEXO DENTINOPULPAR

AGENTES PROTETORES
As protees ao complexo dentinopulpar consistem da aplicao de um ou mais
agentes protetores, tanto em tecido dentinrio quanto sobre a polpa que sofreu exposio,
1
A idade do paciente, a condio pulpar e profundidade da cavidade so aspectos
que devem ser considerados juntamente com o tipo de material restaurador para que
possamos obter o real objetivo dessa proteo.
Atualmente, com o aumento do nmero de produtos, diversidade de tcnicas de
aplicao e mecanismos de aplicao, uma adequada proteo do complexo
dentinopulpar pode ser obtida com os selantes, forradores, capeadores, bases protetoras
e/ou bases cavitrias. Um material protetor poder ser considerado ideal se for capaz de:
proteger o complexo dentinopulpar de choques trmico e eltrico; ser til como agente
bactericida ou bacteriosttico; estimular a recuperao das funes biolgicas da polpa,
culminando com a formao da barreira mineralizada; ser biocompatvel e insolvel no
meio bucal; apresentar resistncia mecnica suficiente para suportar a mastigao; inibir
a penetrao de ons metlicos das restauraes de amlgama para a dentina
subjacente, prevenindo assim o escurecimento do dente; evitar a infiltrao de elementos
txicos ou irritantes constituintes dos materiais restauradores e dos agentes cimentantes
para o interior dos canalculos dentinrios e da polpa; aperfeioar o vedamento marginal
das restauraes, evitando a infiltrao de saliva e microrganismos pela interface parede
cavitria/restaurao.
No existe um nico material com todos os requisitos descritos, e, portanto,
dependendo da situao clnica e contrariando a tendncia atual de simplificao tcnica,
mais de um material necessrio para garantir uma restaurao duradoura, funcional e
esttica. A indicao do material protetor deve ser baseado na profundidade da cavidade,
nas caractersticas pulpares e no material restaurador definitivo que ser utilizado.
FATORES QUE ORIENTAM AS ESTRATGIAS DE PROTEO DO COMPLEXO
DENTINOPULPAR

Fatores como profundidade da cavidade, idade do paciente, caractersticas de


dentina remanescente e material

restaurador indicado e utilizado devem ser

indispensveis para a tomada de medidas para proteger o complexo dentinopulpar.


A profundidade da cavidade, determinada pela espessura de dentina remanescente
entre o assoalho da cavidade e o teto da cmara pulpar, classifica as cavidades em
superficiais (quando a cavidade esta aqum, ao nvel ou ultrapassando ligeiramente a
juno amelodentinria), rasas (0,5 a 1 mm alm da JAD), mdias (1 a 2 mm alm da
JAD), profundas (ultrapassam a metade da espessura da dentina, mantendo 0,5 mm de
dentina remanescente) e bastante profundas (remanescente dentinrio menor que 0,5
mm).
Sabendo que em pacientes mais jovens a cmara pulpar mais volumosa,
cavidades que aparentam ter profundidades semelhantes podem, dependendo da idade
do paciente, possuir profundidades diferentes.
Outro fator que influencia a estratgia de proteo do complexo dentinopulpar a
qualidade de dentina remanescente. As dentinas terciria e esclerosada possuem menor
permeabilidade devido deposio de minerais, visando uma tentativa de proteger o
dente do agente agressor.
Por fim, os materiais restauradores devem ser criteriosamente empregados,
considerando-se suas caractersticas de biocompatibilidade, vantagens e desvantagens.

REQUISITOS IDEAIS PARA MATERIAIS DE PROTEO:


Apresentar resistncia satisfatria;
Ser Biocompatvel e compatvel com o material restaurador
Possuir adeso ao substrato dentinrio;
Evitar penetrao de elementos txicos dos materiais restauradores nos tbulos
dentinrios;
No ser irritante;
Reduzir a infiltrao marginal;
Reduzir a condutibilidade trmica e eltrica;
Ter bom escoamento;

HIDROXIDO DE CLCIO
PROPRIEDADES SATISFATRIAS DOS PRODUTOS BASE DE HIDRXIDO DE
CLCIO:
Induzem a mineralizao;
So eficazes contra estmulos trmicos e eltricos;
Efeito Hemosttico;
Fcil manipulao;
Bom escoamento;
So anti-spticos;
Os produtos base de hidrxido de clcio so atualmente bastante difundidos e
grandemente utilizados, graas sua comprovada capacidade de favorecer a formao
de dentina reparadora, proteger a polpa dos estmulos trmicos e eltricos e apresentar
propriedade antimicrobiana. A induo ou o auxilio na neoformao de tecido mineralizado
parem estar ligados ao seu pH alcalino e tambm ao seu potencial antibacteriano. Por
essa razo, tem sido o material de escolha para o forramento de cavidades profundas e
muito profundas ou com exposio pulpar.
O hidrxido de clcio pode ser utilizado pelo profissional em diferentes formas de
apresentao tais como:

Soluo de Hidrxido de Clcio;

Suspenso de Hidrxido de Clcio;

Pastas de Hidrxido de Clcio;

Cimentos de Hidrxido de Clcio.

A soluo de hidrxido de clcio ou gua de cal, resultante da mistura de


hidrxido de clcio PA com gua destilada, til para todos os tipos de cavidades,
devendo-se lav-las com esta soluo antes que a proteo pulpar e restaurao sejam
colocadas. Alm da limpeza que proporciona, sua alcalinidade neutraliza a acidez da
cavidade, atua como agente bacteriosttico, estimula a calcificao dentinria e

hemosttico nos casos de exposies pulpares. Por outro lado, o hidrxido de clcio
depositado no fundo do recipiente constitui uma tima pasta para protees diretas.
As pastas de hidrxido de clcio disponveis comercialmente contem outros
componentes, tais como metilcelulose, cloreto de clcio, sulfato de brio, entre outros.
Devido capacidade de estimular a formao de dentina reparadora quando colocadas
sobre a polpa, estas pastas so principalmente indicadas nos casos de proteo direta,
quando ocorre uma exposio acidental.
Por causa do seu j demonstrado potencial biolgico, o hidrxido de clcio tem sido
universalmente aceito para a proteo direta da polpa nos casos de capeamento,
curetagem pulpar ou pulpotomia. Est indicado em casos de tratamento expectante,
explorando o seu potencial bactericida e bacteriosttico. Estudos clnicos e histolgicos
mostram que a aplicao do hidrxido de clcio diretamente sobre o tecido pulpar
promove necrose de coagulao superficial, culminando com a formao de barreira
mineralizada. Para que isso acontea, necessrio que o material entre em estrito
contato com o tecido pulpar exposto. Em decorrncia disso, as formulaes
caracterizadas como cimento so tecnicamente mais difceis de serem aplicadas em
contato direto com o tecido mido, geralmente rico em exsudato, ao contrario do que
acontece com o p ou a pasta. Estes so rapidamente absorvidos pela umidade,
garantindo intimo contato com o tecido conjuntivo pulpar.
O hidrxido de clcio pr-anlise (PA) em p ou pasta com gua destilada
potencialmente mais ativo por no tomar presa nem sofrer processo de polimerizao e,
ao mesmo tempo, apresentar pH mais elevado que as formulaes mais complexas.
VERNIZ CAVITRIO
O verniz cavitrio um material disponvel para proteo pulpar bastante simples e
disponvel. Por possuir propriedades isolantes e trmicas, este material associado com
restauraes de amlgama.
Pode ser dividido em convencional e modificado, entretanto, no existem grandes
diferenas nas propriedades desses tipos de vernizes. Enquanto que o verniz
convencional composto por uma resina natural (geralmente o Copal), o modificado
composto por uma resina sinttica, dissolvidos em um solvente orgnico (acetona,
clorofrmio ou ter).

Alm de dificultar a passagem de corrente eltrica e estmulos trmicos, o verniz


cavitrio evita o escurecimento dos dentes, por minimizar a difuso de ons metlicos da
restaurao de amalgama para o dente. A partir disto, torna-se fundamental aplicar duas
camadas de verniz, em um nico sentido, em todas as paredes internas da cavidade.
Em cavidades rasas, o nico material protetor e, nas demais profundidades, tem
seu uso associado com outros materiais protetores, por proporcionar vedamento marginal
s restauraes de amlgama.
Deve-se levar em considerao que o uso do verniz contra-indicado em
restauraes de resina composta, devido ao fato de no possuir adeso estrutura
dentria e inibir ou dificultar a polimerizao destes materiais.
REQUISITOS IDEAIS PARA MATERIAIS DE FORRAMENTO:
Ser bactericida e/ou bacteriosttico;
Proteger a polpa contra estmulos trmicos e eltricos;
Reduzir a infiltrao marginal das restauraes;
Promover selamento dos tbulos dentinrios com o intuito de evitar o escurecimento do
dente;
Ter um ndice de refrao igual ao do esmalte para evitar descolorao;
Ter um bom escoamento;
AGENTES PROTETORES PARA FORRAMENTO DA CAVIDADE
Cimento de xido de zinco e eugenol
- convencional
- modificado - IRM
Cimento de ionmetro de vidro
Sistemas adesivos (tcnica da hibridizao);

CIMENTO DE IONMERO DE VIDRO


PROPRIEDADES SATISFATRIAS DO CIMENTO DE IONMERO DE VIDRO:

Menor potencial de irritao ao complexo DP


Adesividade s estruturas dentrias
Ao antimicrobiana
Coeficiente trmico linear semelhante ao dente
Resistncia mecnica
Afinidade aos materiais resinosos
Isolantes trmicos e eltricos
Maior facilidade de manipulao e insero
Libera flor
Os ionmeros de vidro surgiram dos estudos pioneiros de Wilson & Kent no final da
dcada de 1960 e chegaram ao mercado em 1975, passando depois por sucessivos
desenvolvimentos. Kent teve por objetivo combinar as boas propriedades do cimento de
silicato e policarboxilato de zinco. Atualmente, o cimento de ionmero de vidro (CIV) est
disponvel em duas formulaes: o ionmero de vidro convencional e o ionmero de vidro
hbrido ou modificado por resina (foto e autopolimerizvel).
A variada aplicao clinica desse material deve-se a algumas de suas
propriedades, tais como: menor potencial de irritao do complexo dentinopulpar,
adesividade s estruturas dentrias, ao antimicrobiana e coeficiente trmico linear
semelhante ao da estrutura dentaria. O CIV bom isolante trmico e eltrico e constitui
excelente barreira contra a difuso de substncias txicas oriundas dos materiais
adesivos. Alm disso, quando utilizado como base protetora, apresenta resistncia
mecnica suficiente para permitir a insero dos diferentes materiais restauradores.
Por apresentarem uma boa afinidade com os materiais resinosos, os cimentos de
ionmero de vidro so tima opo para o forramento de cavidades profundas ou muito
profundas, associados ou no ao hidrxido de clcio. Os cimentos ionomricos tambm
so considerados como material forrador de escolha em presena de dentina esclerosada
devido adesividade qumica ao substrato dentinrio modificado.
Em relao indicao do material, podem ser classificados em tipo I: indicados
para cimentao de quaisquer artefatos ortodnticos ou protticos; tipo II: indicados para
a restaurao; tipo III: indicados para o selamento de cicatrculas e fissuras, como base e
forramento.

importante ressaltar que o ionmero de vidro no deve ser espatulado, e sim


aglutinado. Caso o material seja espatulado, ocorrer fratura da matriz de polissais que
est sendo formada, com conseqente reduo se duas propriedades mecnicas. Se o
material for corretamente manipulado, dentro do tempo recomendado (40 a 60s), o
material ainda tem um tempo de trabalho de aproximadamente 3 minutos. A insero do
material na cavidade dentria deve ser feita enquanto o material possui brilho mido, para
que haja a unio qumica com os substratos dentrios.
O cimento de ionmero de vidro convencional possui alta sensibilidade ao ganho e
perda de gua. Sendo assim, fundamental que o material seja protegido para que haja
formao de matriz de polissais, sem prejudicar as propriedades mecnicas do material.
Aps a insero e perda de brilho, vrios agentes podem ser utilizados para proteo do
material. Destacam-se, portanto, os vernizes cavitrios, os adesivos e at mesmo esmalte
cosmtico para unhas. O agente de proteo deve ser efetivo, a fim de evitar a perda de
gua, que deixa o material frgil e quebradio e aumenta a possibilidade de falhas
marginais pela contrao.
Quando o cimento de ionmero de vidro utilizado como material intermedirio, a
proteo a ser executada depende diretamente do material restaurador que ser indicado
subseqentemente. Neste caso, o esmalte de unha no poder ser empregado como
agente de proteo. Existem duas opes e proteo para restauraes diretas: verniz
cavitrio ou sistema adesivo quando o material restaurador a ser usado for o amlgama
de prata, e sistema adesivo quando o material restaurador a ser colocado for a resina
composta.
O acabamento e polimento das restauraes de ionmero de vidro sempre devem
ser evitados durante os perodos iniciais de presa, de forma que, minimize a
contaminao por umidade e a pigmentao precoce.

AGREGADO TRIXIDO MINERAL


O Agregado Trixido Mineral (MTA) foi inicialmente desenvolvido para ser utilizado
em cirurgias parendodnticas ou em condies clnicas de perfuraes de furca e intraradiculares. Atualmente, vem sido empregado nos casos de reabsores internas e
externas, pulpotomias, capeamento pulpar e como estimulador apecificao. Como
pode ser utilizado em casos de exposio pulpar, fundamental que seja biocompativel,

sendo capaz de estimular a formao de ponte de dentina e possuir atividade


antimicrobiana.
Sua atividade antimicrobiana est relacionada com a doao dos ons hidroxila
que, com o aumento do pH, cria um ambiente desfavorvel para a sobrevivncia e
proliferao das bactrias. A formao de ponte de dentina ocorre devido doao dos
ons clcio para o tecido durante o contato com os fluidos da polpa. Diante disto, percebese que o comportamento biolgico do MTA semelhante ao hidrxido de clcio.
O MTA um p branco ou cinza que consiste de finas partculas hidroflicas que
endurecem na presena de umidade, resultando em um gel coloidal com pH de 10, 2 a
12.5. Sua composio muito semelhante do cimento Portland, amplamente utilizado
na construo civil, entretanto, o xido de bismuto foi adicionado para dar radiopacidade
ao material. Alm disso, suas partculas apresentam-se menores e mais uniformes.
Na Dentistica, utilizado como alternativa aos produtos base de hidrxido de
clcio, possuindo as mesmas propriedades biolgicas desse material e sendo
biocompatvel com o complexo dentinopulpar.
Este material apresenta como desvantagens o elevado custo, demora no tempo de
endurecimento (3 a 4 horas), dificuldade de insero e colorao dentria quando
utilizado o MTA cinzento.
SISTEMAS ADESIVOS
Todas as tcnicas restauradoras consideram a adeso como um recurso
intermedirio para a sua confeco e durabilidade. Diante disto e, com conceito de
camada hbrida, os sistemas adesivos passaram a atuar como agentes de proteo do
complexo dentinopulpar.
A aplicao desse agente de forramento exige um preparo prvio do substrato
dentinrio. O condicionamento cido, quando aplicado no esmalte, promove a dissoluo
dos cristais de hidroxiapatita, transformando-o em uma estrutura permevel e porosa.
Quando aplicado sobre a dentina, ocorre uma coagulao da poro inorgnica da
dentina (ao desmineralizadora), dissoluo de protenas (ao cauterizadora),
desnaturao do colgeno e movimentao de fluido no interior da dentina. essencial
que a dentina permanea mida aps a aplicao e enxague do condicionamento acido,
impedindo a contrao das fibras colgenas expostas, favorecendo a formao de uma
adequada camada hbrida e mantendo o espao para penetrao do sistema adesivo.

A hibridizao obtida atravs do condicionamento cido, responsvel pela


exposio das fibrilas colgenas que sero infiltradas por monmeros adesivos atravs da
trama colgena, promovendo o embricamento entre os polmeros e a estrutura dentria.
A escolha do cido fosfrico a 37% para se condicionar o esmalte e a dentina devese produo de uma porosidade adequada em tempo clnico reduzido, possibilitando a
formao de irregularidades que iro ser penetradas pelos monmeros do material
resinoso. Por promover um aumento da permeabilidade dentinria, importante que se
proteja a estrutura dentria, uma vez que h maior facilidade de haver injria pulpar.
A partir disto, a capacidade de vedamento da resina depende da formao de uma
zona interfacial de difuso entre os componentes hidroflicos resinosos com o dente
parcialmente desmineralizado. Portanto, a resina forma microtags na estrutura dentria,
responsveis pelo seu aprisionamento.

HIBRIDIZAO
Uso dos sistemas adesivos sobre a dentina previamente condicionada, promovendo a
unio entre dente e material restaurador.
VANTAGENS:
A forma mais rpida de realizar a remoo da smear layer;
A resistncia de unio dos materiais restauradores estrutura dental significamente
maior quando do uso de sistemas adesivos;
Preparos cavitrios mais conservadores;
Eliminao da sensibilidade ps-operatria;
LIMITAES:
Treinamento prvio do profissional;
Obedincia ao protocolo clnico;
So mais tcnico-sensveis em relao aos materiais tradicionais;

TRATAMENTO CONSERVADOR DA POLPA DENTRIA:

A proteo do complexo dentinopulpar pode ser realizada de forma direta ou


indireta, dependendo da condio em que a polpa se encontra.

CLASSIFICAO:

PROTEO PULPAR DIRETA:


A proteo pulpar direta abrange uma conduta na qual o material de proteo
aplicado diretamente sobre polpa, com o intuito de reestabelecer a condio pulpar e
formar uma barreira mineralizadora.
Capeamento pulpar - O capeamento pulpar direto indicado nos casos de
exposio pulpar acidental e mecnica, geralmente em consequncia da remoo
excessiva da estrutura dentinria. Consiste na aplicao de um agente protetor numa
exposio acidental do tecido pulpar, presumindo que a mesma est sadia.
Objetivos: manter sua vitalidade;
promover o restabelecimento da polpa;
estimular o desenvolvimento de nova dentina;
proteger a polpa de irritao adicional posterior.

Curetagem pulpar A curetagem pulpar consiste na remoo de parte da polpa


coronria, quando existe suspeita de contaminao do tecido pulpar exposto por crie ou
fratura. a exciso superficial de uma poro exposta da polpa.
Ex: fratura coronria com exposio pulpar.
Pulpotomia A pulpotomia um procedimento que estabelece a remoo de
toda a polpa coronria ate a embocadura dos canais radiculares, estando a polpa em um
estgio de transio. Consiste no corte e remoo total da polpa coronria, mantendo a
radicular histologicamente normal. Tcnica com maiores ndices de sucesso entre os
TCPD.
PROTOCOLO CLNICO

Curetagem Pulpar
Anestesia
Isolamento absoluto
Remoo da dentina cariada
Ampliao do orifcio de exposio pulpar (broca esfrica lisa)
Remoo de 1,5 a 2mm de profundidade da polpa exposta (evitar risco de manuteno de
contaminao e processo inflamatrio)
Lavagem da cavidade
Hemostasia espontnia e secagem da cavidade
Aplicao de soluo de corticosteride-antibitico por 10 a 15 minutos
Aplicao do hidrxido de clcio PA (puro pr-anlise)
Aplicao do cimento de hidrxido de clcio
Restaurao provisria (CIV) ou restaurao imediata.
Pulpotomia
Anestesia
Isolamento absoluto
Remoo da dentina cariada
Remoo do teto da cmara pulpar
Exciso da polpa coronria (cureta afiada ou broca esfrica lisa. Cortar 0,5mm abaixo da
entrada dos canais radiculares)
Lavagem abundante da cavidade
Hemostasia espontnia e secagem da cavidade
Aplicao do hidrxido de clcio PA
Aplicao do cimento de hidrxido de clcio
Restaurao provisria ou imediata.

PROTEO PULPAR INDIRETA:


A proteo pulpar indireta realizada quando existe proximidade com a polpa,
entretanto, ainda no ocorreu comunicao direta do rgo pulpar com a cavidade. a

colocao de bases protetoras sobre um remanescente dentinrio sem a presena clnica


de exposio.
INDICAES:
imediatamente aps um preparo cavitrio;
como proteo adicional em cavidades mdias e profundas;
como tratamento expectante.

TRATAMENTO EXPECTANTE:
O tratamento expectante realizado nos casos em que a polpa separada da
cavidade por uma fina camada de dentina que, se removida, pode ocasionar exposio
pulpar (casos de leses cariosas agudas muito profundas). Este tipo de proteo visa
promover a recuperao pulpar e a deposio de dentina terciria, diminuindo os riscos
de haver uma exposio pulpar acidental, estando a polpa em um estgio reversvel.
Remoo da dentina cariada;
Isolamento;
Lavagem da cavidade com clorexidina ou gua dycal;
Secagem da cavidade com pelota de algodo;
Aplicao do cimento de hidrxido de clcio;
Restaurao provisria com cimento xido de zinco e eugenol modificado (IRM) ou
ionmero de vidro.
Aguarda-se aproximadamente 45 dias afim de permitir a recuperao da polpa. No
apresentando nenhuma sintomatologia e constando vitabilidade pulpar, com formao de
dentina reparadora, atravs de tomada radiogrfica, o dente est apto a receber a
restaurao definitiva.

CAVIDADES: O QUE UTILIZA?


RASA

MDIA

MDIA para

PROFUNDA

PROFUNDA

PULPAR

(Resina)

(Resina)

(Resina)

(Resina)

Hibridizao

Hibridizao

Hibridizao

Hibridizao

(cido +

(cido +

(cido +

(cido+Cimento

adesivo)

Duas

CimentoCa(OH) + Ca(OH) +

camadas
(Amlgama)

adesivo)

de
duas

camadas duas
de camadas de

adesivo)

adesivo + CIV

(Amlgama)

(Amlgama)

(Amlgama)

Cimento

Cimento

Cimento

Ca (OH) +

Ca (OH) + CIV

Ca (OH) +

CIV

Verniz cavitrio

EXPOSIO

(Resina
e Amlgama)
Ca(OH) - PA(sempre) +
Cimento Ca (OH) +
CIV

Verniz
Cavitrio
CONCLUSO
Como ao complexo dentinopulpar est suscetvel a agresses, materiais de
proteo devem ser utilizados para manter ou recuperar a sua vitalidade. Nenhum
material oferece melhor proteo polpa do que a dentina, entretanto, os agentes

protetores do complexo dentinopulpar tentam preencher o maior nmero de requisitos


necessrios para conservao e recuperao deste sistema.
Os materiais mais utilizados para proteo do complexo dentinopulpar so
hidrxido de clcio, cimento de ionmero de vidro, Agregado Trixido Mineral, os vernizes
cavitrios e os sistemas adesivos.
O material de escolha para forrar cavidades profundas, muito profundas ou com
exposio pulpar o hidrxido de clcio, visto que esse material tem efeito
antimicrobiano, hemosttico, estimulador da formao de dentina reparadora.
Por apresentar boas propriedades biolgicas, no exigir desmineralizao
dentinria, possuir comportamento semelhante dentina artificial, liberar flor,
apresentar coeficiente trmico linear prximo ao da dentina, e possuir adeso qumica
estrutura dentaria, o CIV vem sido amplamente utilizado como material de proteo ao
complexo dentinopulpar.
O Agregado Trixido Mineral (MTA), como pode ser utilizado em casos de
exposio pulpar, deve favorecer a formao de uma ponte dentinria e possuir atividade
antimicrobiana.
Nas restauraes de amalgma, recomenda-se a aplicao do verniz cavitrio, e,
nas restauraes de resina, o uso dos sistemas adesivos.
Cabe ao cirurgio dentista saber discernir qual o melhor material a ser utilizado
para cada paciente, compreendendo as diversas situaes clnicas em que estes
materiais devem ser empregados.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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