Lajes Mistas
Lajes Mistas
Lajes Mistas
1 - Introduo
Uma laje mista constituda por uma chapa de ao perfilada, sobre a qual concretado in
situ o concreto armado, que contem uma armadura superior destinada a controlar a
fissurao do concreto, comportando-se como uma laje unidirecional. Aps o endurecimento
do concreto, a estrutura aoconcreto constitui um elemento estrutural nico, como ilustra a
figura
1.
A resistncia aos momentos fletores positivos atuantes dada pela prpria chapa perfilada
de ao, estando o concreto comprimido nas suas nervuras. Nas zonas de momento negativo
necessrio incorporar eventualmente uma armadura de reforo.
No entanto para que a seo possa funcionar como uma estrutura mista, o conjunto aoconcreto tem de apresentar uma boa conexo entre si. Para tal, necessrio que as chapas
apresentem um perfil particular, quanto forma das nervuras e das reentrncias na sua
superfcie, de modo a existir uma certa adeso entre o concreto e as chapas, acompanhado
por mecanismos de conexo, aplicados na laje, de modo a garantir que a seo tenha
capacidade resistente tenso longitudinal de cisalhamento solicitada na interface entre a
chapa e o concreto.
2 - Tipos de Chapas
As chapas perfiladas so formadas a frio e devem obedecer s especificaes da parte 1.3 do
Eurocdigo 3. Existem diferentes formatos de chapa como mostra a figura 2. As principais
caractersticas que definem as chapas perfiladas so as seguintes:
Caractersticas geomtricas:
Altura da chapa, variando entre 50mm e 80mm;
Espessura, sendo as mais comuns: 0,7, 0,75, 0,8, 1,0, 1,2mm;
Reentrncias (ver figura 3);
Espaamento entre nervuras;
rea efetiva.
Caractersticas resistentes:
Posio da linha neutra;
Inrcia efetiva da seo (cm4/m);
Mdulo de flexo efetivo (cm3/m).
Outras caractersticas:
Peso por m2;
Volume de concreto por m2.
3 - Conectores
Para que exista um comportamento eficiente, torna-se preponderante uma correta interao
entre ambos os materiais ao-concreto, a qual garantida por elementos metlicos
denominados de conectores, aplicados nas vigas de suporte.
Os conectores podem ser classificados em dois tipos, flexveis e rgidos. Neste artigo apenas
so abordados os casos dos conectores flexveis, ou seja, aqueles que apresentam com
comportamento dtil, em particular os do tipo pino com cabea (stud bolt) e os conectores
X-HVB da marca HILTI, pois de um modo geral so os mais empregados na construo.
2 - Os conectores devem sobressair 35mm, acima da face superior da chapa e devem ter um
recobrimento mnimo de concreto, acima do topo do conector, de cerca de 15mm. Para
impedir danos na chapa os conectores devem ser colocados sobre linhas predeterminadas e
marcadas sobre a chapa. A distncia entre o limite do conector e o limite da chapa, no deve
ser inferior a 20mm (devido a esta limitao no aconselhvel usar vigas de suporte com
mesas inferiores a 120mm). A distncia entre conectores no deve ser inferior a 95mm na
direo dos esforos de cisalhamento, e 76mm na direco perpendicular aos esforos de
cisalhamento;
3 - A distncia entre conectores no deve ser superior a 450mm;
4 - Os conectores so colocados normalmente nas nervuras, alternadamente, em alguns
casos aos pares em cada nervura.
4 - Armaduras
As armaduras utilizadas na construo de lajes mistas ao-concreto, normalmente so do
tipo em malha em forma quadrada e de pequeno dimetro, exceto em grandes vos, onde
necessrio proceder ao clculo de uma armadura superior (ver figura 6).
A armadura atua principalmente na direo normal das vigas e cumpre as seguintes funes:
Atua como uma armadura transversal que impede a fissurao ao longo do alinhamento de
conectores;
Faz com que se obtenha uma resistncia flexo nos apoios da laje no caso da ocorrncia
de fogo;
Ajuda a reduzir a fissurao nos apoios;
O controle a fissurao nos estados limites de servio em lajes mista efetuado pela chapa
perfilada. Algumas fissuras sobre as vigas e apoios da laje podem ocorrer, no entanto essas
fraturas no afetam a durabilidade e o desempenho da laje. No caso de ambientes
agressivos as armaduras adicionais so imprescindveis;
Devem ser colocadas armaduras superiores em lajes de espessura reduzida a uma
distncia de 20mm, suportadas sobre a superfcie superior da chapa. Na prtica, tendo em
conta as sobreposies, a malha deve situa-se entre os 20 e os 45mm da face superior da
chapa. A sobreposio deve ser no mnimo de 300mm no caso de malha leve e de 400mm
para malha pesada. necessrio a colocao de armadura suplementar nos seguintes casos:
Por resistncia ao fogo, normalmente barras no fundo das nervuras;
Armadura transversal na zona de conectores. Este reforo apenas utilizado quando os
conectores so soldados;
Reforo (barras adicionais) em aberturas de grande dimenso.
5 - Processo de Execuo
5.1 - Colocao das Chapas
Antes de se proceder elevao das chapas necessrio que a estrutura metlica esteja
totalmente executada. A montagem das chapas deve ser realizada de acordo com os planos
de execuo;
Para um espaamento entre vigas de suporte superior 2,5m, torna-se necessrio aplicar um
escoramento durante a concretagem e perodo de endurecimento do concreto (ver figura 7)
A montagem das chapas realiza-se a partir de um dos cantos dos edifcios, criando os
montadores a sua prpria plataforma de trabalho com as primeiras chapas montadas. Uma
vez colocadas na posio definitiva, devem ser fixas antes de continuar a colocao das
seguintes, sendo de evitar por motivos de segurana a existncia de chapas soltas;
A unio das chapas realizar-se topo a topo sendo lacradas atravs de uma banda adesiva;
A distncia de entrega da chapa sobre a viga dever ser no mnimo de 50mm
Devem ser evitadas cargas pesadas sobre as chapas, em especial nos espaos entre as
vigas, dada a sua grande esbeltez.
Os trabalhadores enquanto fazem a concretagem da laje devem situarse junto dos apoios
para evitar flechas excessivas da laje. Se isto acontecer evitam-se cargas desiguais sobre
vos adjacentes.
A espessura da laje determinada por espaadores adequados (figura 10), de modo que no
haja desperdcios. O concreto excessivo pode provocar deformaes excessivas para as quais
a estrutura no est dimensionada.
A operao de concretagem realizada por meio de bomba. As tubagens de sada do
concreto devem ser movimentadas freqentemente e cuidadosamente para que se minimize
os problemas de acumulao em zonas criticas da laje como por exemplo a meio do vo.
Dependendo da fluidez do concreto poder ser importante uma boa vibrao, principalmente
nas zonas dos conectores. A tubagem de sada deve estar sempre preparada e no deve ser
elevada acima do joelho no momento de verter o concreto sobre a chapa perfilada.
7 - Concluso
No mundo da construo, as tcnicas e processos construtivos esto em constante evoluo,
com necessidade de optimizar prazos, melhoria de aspectos tcnicos de projecto de rapidez e
simplificao de execuo e no controle de qualidade dos materiais. As lajes mistas so
assim um reflexo desses aspectos. Num contexto geral, as razes para a sua utilizao so:
(i) a cada vez maior necessidade de racionalizao dos processos construtivos; (ii) a
existncia de prazos muito reduzidos para a execuo das estruturas; (iii) a realizao de
edifcios cada vez mais altos com tecnologias cada vez mais complexas; (iv) a possibilidade
de utilizar as chapas perfiladas como base de apoio, no necessitando formas para
Autor:
Jorge Sade, Duarte Raimundo
Alunos do Curso de Engenharia Civil, Instituto Politcnico de Tomar, Portugal
Lus Carlos Prola
Professor doutor da Escola Superior de Tecnologia de Tomar, Portugal
Igor Pierin
Mestre em Engenharia Civil pela UFSC, doutorando da Escola Politcnica da Universidade de
So Paulo