As Áreas Urbanas - Dinâmicas Internas
As Áreas Urbanas - Dinâmicas Internas
As Áreas Urbanas - Dinâmicas Internas
1 Teste
Definio de cidade
Com a expanso das cidades e a difuso do modo de vida urbano, tornou-se cada vez
mais difcil criar uma definio universal de cidade, at porque existem diferentes
critrios, de acordo com o pas e o momento histrico. Os critrios mais utilizados so
de carcter demogrfico, funcional, jurdico-administrativo e morfolgico ou
paisagstico.
Demogrfico
Determina um valor
mnimo para o
nmero de
habitantes/eleitores
e/ou para a
densidade
populacional, para
que uma povoao
possa ser considerada
cidade.
Funcional
Tem em conta as
atividades em que
se ocupa a maioria
da populao,
associando a cidade
aos setores
secundrio e
tercirio, e tambm
a influncia
exercida sobre as
reas envolventes.
insuficiente, pois
h grandes
aglomerados
populacionais, como
os chamados
bairros
dormitrios, nas
periferias de grandes
cidades, que no
oferecem a maioria
das funes urbanas.
Jurdicoadministrativo
A elevao a cidade
d-se por deciso
legislativa,
ponderando
situaes de
interesse histrico,
cultural, polticoadministrativo ou por
ser do interesse
nacional.
Tambm no se
aplica a todas as
situaes. H
pequenas cidades
com influncia
significativa no seu
meio envolvente, em
que a maioria dos
habitantes no se
ocupa
essencialmente
nestes setores de
atividade.
Morfolgico ou
paisagstico
Tm em conta as
caractersticas
das localidades,
associando a rea
urbana a uma
paisagem
marcada por
grandes
densidades de
populao, de
construes e de
trfego.
A esta dificuldade de encontrar uma nica definio para cidade juntam-se diversos
fatores resultantes das transformaes que ocorrem nas sociedades, entre as quais se
destacam os seguintes:
O crescimento da populao urbana, que tem levado ao aumento da rea
construda;
Os edifcios altos, de apartamentos, que surgem cada vez mais nos lugares de
menor dimenso;
A crescente disseminao de fbricas, escritrio, reas comerciais e equipamentos
de lazer pelas periferias das cidades;
A grande diversidade de utilizao dos territrios resultado da crescente
mobilidade da populao;
A tendncia para a apropriao do modo de vida urbano pela populao das reas
rurais, motivada pela difuso dos meios de comunicao.
Em Portugal, a cidade um ttulo honorfico atribudo por deciso politica para distinguir
determinados aglomerados populacionais.
A elevao de um aglomerado populacional categoria de cidade assenta em fatores
relacionados com quantitativos da sua populao (mnimo 8000 eleitores) e com a
existncia de determinados equipamentos. No entanto so salvaguardadas razes de
ordem histrica, cultural e arquitetnica que os aglomerados possam apresentar.
Organizao funcional
Um dos aspetos que diferencia o espao urbano a grande diversidade de funes que
oferece funes urbanas e tambm o facto de estas se localizarem com uma certa
organizao espacial, gerando o que habitualmente se designa por reas funcionais.
A organizao das reas funcionais depende de diversos fatores, salientando-se o custo
do solo urbano, tambm designado como renda locativa. Esta condicionada
sobretudo pela distncia e pela maior ou menor acessibilidade em relao ao centro da
cidade. mais elevada no centro e vai diminuindo medida que aumenta a distncia ou a
acessibilidade se torna menor em relao a ele.
Como no centro da cidade existe pouco espao disponvel, a procura de terrenos
superior oferta, o que torna os preos do solo muito elevados, assistindo-se
frequentemente a uma especulao fundiria.
A variao da renda locativa com o aumento da distncia ao centro sofre distores
introduzidas pela acessibilidade, devido sobretudo oferta de servios de transporte e
estacionamento, alm de outras condies atrativas, geralmente associados aos aspetos
ambientais e sociais. Assim, podem surgir reas menos centrais e at mesmo perifricas
que, pela sua aptido para determinadas funes (habitao de maior qualidade e com
bom enquadramento paisagstico, comrcio especializado, centros comerciais, hotis,
etc.) e pelas acessibilidades existentes ou previstas, apresentam custos de solo tambm
elevados.
Funes urbanas:
Funo residencial: localiza-se um pouco por toda a cidade, embora se situe cada
vez mais nos sus subrbios;
Funo industrial: embora os estabelecimentos fabris tendam a situar-se fora das
cidades, algumas indstrias ligeiras, que no necessitam de muito espao e
dependem fortemente da proximidade do mercado local, continuam a manter-se no
interior da cidade;
Funo terciria: vrios tipos, tais como: comercial, poltico-administrativa,
turstica e transportes e comunicaes.
reas funcionais: reas mais ou menos homogneas relativamente s funes que
nelas se encontram.
Especulao fundiria: sobrevalorizao do solo devido procura e s condies
oferecidas pelo centro.
o
Nas novas centralidades, que surgem noutros pontos da cidade, o espao disponvel
permite oferecer maior inovao no que respeita ao tipo de servios e ao conforto
proporcionado a quem os utiliza.
O aparecimento de novas reas de grande acessibilidade e prestgio, que atraem servios
e comrcio diversificados e, por vezes, de grande especializao, incluindo os servios
administrativos, privados e pblicos, d origem a novas centralidades de grande dinmica
econmica e social. Para a populao que procura esse tipo de comrcio e servios o
acesso mais rpido e cmodo, devido confluncia de numerosos e variados meios de
transportes e existncia de parques de estacionamento.
Como resposta a essa tendncia, atualmente, procura-se promover o centro das cidades,
atravs de medidas como:
A organizao do trnsito;
O melhoramento dos transportes pblicos;
A criao de novos espaos de estacionamento, geralmente subterrneos;
A renovao dos edifcios;
O encerramento ao trnsito de certas ruas ou reas, onde os visitantes podem
circular mais vontade.
o
A expanso das atividades, em nmero e diversidade, fez com que o CBD se tornasse
pouco adequado localizao de muitas delas, sobretudo devido falta de espao, ao
preo do solo e dificuldade de circulao e estacionamento. Assim, muitos servios,
sobretudo os que exigem maior consumo de espao, como a armazenagem e distribuio,
esto a sair da cidade, deslocando-se para as suas periferias. Privilegiam reas de boa
cessibilidade onde se cruzam diferentes vias de comunicao, muitas vezes em zonas
criadas de propsito para estas funes, onde, alm de edifcios adequados aos diferentes
servios, existem equipamentos complementares, como centros de congressos
restaurantes, galerias comerciais e zonas de estacionamento.
Outo tipo de conjuntos de servios que surgem tambm nas periferias das cidades, em
reas de grande acessibilidade, so os chamados parques tecnolgicos, onde se
instalam empresas de alta tecnologia, organismos de ensino universitrio e de
investigao e servios especializados dirigidos s empresas do parque, como so os de
prosperaro de mercado, contabilidade e gesto, etc.
As novas formas de comrcio surgidas nas ltimas dcadas e associadas a
estabelecimentos de grande dimenso, como os hipermercados e outras grandes
superfcies especializadas em determinados setores do comrcio (mobilirio, vesturio de
5
desporto, bricolage, etc.) tendem a localizar-se tambm nas periferias dos grandes
centros urbanos, em reas de boa acessibilidade e, mais recentemente, ocupando zonas
comerciais, onde se podem encontrar vrias grandes superfcies com diferentes ofertas.
O sucesso de qualquer destas novas formas de comrcio est aliado acessibilidade,
facilidade de estacionamento, maior mobilidade das famlias e ao aumento do nvel de
vida.
o
As reas residenciais das classes mais favorecidas caracterizam-se pela baixa densidade
de construo. Estas reas so planeadas e relativamente afastadas do centro e de reas
industriais e, muitas vezes, com uma envolvente paisagstica atrativa, onde os custos do
solo so mais elevados. Nelas esto presentes espaos verdes e uma boa acessibilidade e
prestgio social. So servidas por atividades tercirias, pouco concentradas, que, na sua
maioria, so servios de proximidade e comrcio sofisticado e constitudas por moradias
unifamiliares ou apartamentos, muitas vezes em condomnios fechados, com vrios
equipamentos e servios.
Estas reas podem tambm localizar-se na periferia da cidade, mas com acesso rpido
cidade, valorizando a qualidade desse tipo de localizao.
o
As reas residenciais de classe mdia existem um pouco por toda a cidade, envolvendo
frequentemente os bairros de classe alta. A densidade de construo elevada e o nvel
de equipamentos urbanos inferior, assim como a qualidade e a conservao dos edifcios
e do espao em que se inserem.
o
A populao das classes mais pobres reside em diferentes reas da cidade ou da sua
periferia, ocupando edifcios degradados do centro, bairros de habitao ou
bairros de habitao social, construdos em terrenos mais baratos ou desocupados.
Onde os afluxos migratrios foram intensos, as reas perifricas e as que se situam junto
aos eixos virios que conduzem a estes centros urbanos conheceram um crescimento
desmesurado de bairros de habitao clandestina, habitados por uma populao de
escassos recursos, muitas vezes imigrante, localizam-se em solos expectantes, no so
servidos pelas redes pblicas de gua, drenagem de esgotos e eletricidade sem o
mnimo de condies de habitualidade e higiene , tornam-se reas propcias ao
aparecimento de problemas de excluso social e de atividades ilcitas como o trfico de
droga.
Os bairros de lata situam-se quase sempre nas portas da cidade e apresentam tambm
um grande nmero de problemas sociais.
o
reas industriais
A indstria ganhou grande importncia como funo urbana medida que o crescimento
demogrfico e econmico na cidade se fazia a partir da instalao de unidades fabris.
A localizao das unidades fabris nas reas urbanas e nas suas proximidades justificam-se
pela existncia de determinados fatores de que as empresas necessitam para poderem
funcionar, contribuindo para oo seu crescimento atravs da minimizao de custos. Entre
os vrios fatores de localizao que mais contriburam para o crescimento desta funo,
destacam-se os seguintes:
A abundante e diversificada mo-de-obra;
O desenvolvimento dos meios de transporte e a expanso das redes de vias de
comunicao;
A existncia de um vasto mercado de consumo;
7
Fase
centrfuga
A suburbanizao
A este movimento de expanso das cidades em direo periferia atribui-se a designao
de suburbanizao, ou seja, a ocupao urbana dos subrbios.
O crescimento destas reas acompanhou os principais eixos de acesso cidade
(caminhos de ferro, estradas nacionais e autoestradas) e, muitas vezes, adquiriu uma
forma tentacular. A expanso das reas suburbanas tambm se deu de acordo
com o mesmo padro, a partir de localidades que constituam locais privilegiados de
acesso grande cidade. Essas localidades comearam por crescer nas suas reas
envolventes prximas e, posteriormente deu-se a expanso ao longo das vias rodovirias
em direo a outras localidades mais afastadas.
Surge, desta forma, um novo tipo de migraes, que tem um carcter dirio e uma
natureza fundamentalmente econmica as migraes pendulares (deslocao
quotidiana entre o local de residncia e o local de trabalho, ou vice-versa).
A expanso dos subrbios foi facilitada por diversos fatores, nomeadamente:
A falta de habitao e o seu elevado custo no interior das cidades;
O desenvolvimento dos transportes pblicos e das vias de comunicao;
O aumento da motorizao das famlias, que aumenta a mobilidade e torna mais
flexvel a escolha do local de residncia;
A existncia de vastas reas desocupadas, na periferia da cidade, onde o preo do
solo menor;
A expanso e modernizao da construo civil.
A suburbanizao desenvolveu inicialmente uma relao de grande dependncia face
s cidades, desempenhando uma funo residencial de tipo dormitrio. Porm, com a
expanso das atividades econmicas muitas reas suburbanas desenvolveram uma
dinmica prpria, tornando-se polos de atrao e de oferta de emprego para as suas
reas envolventes. Deste modo, embora se mantenha a relao de dependncia face
grande cidade, esta vai diminuindo e, gradualmente, transforma-se numa relao de
complementaridade.
Foi este processo que conduziu elevao a cidade de muitos aglomerados populacionais
suburbanos, principalmente nas reas da Grande Lisboa e do Grande Porto.
o
Periurbanizao e rurbanizao
Efeitos da suburbanizao
As reas metropolitanas
O processo de suburbanizao, no nosso pas, o ocorreu sobretudo no Litoral, tendo sido
particularmente importante nas reas de Lisboa e do Porto. A expanso destas reas
urbanas envolveu algumas cidades prximas e um grande nmero de aglomerados
populacionais. A instalao de atividades econmicas gerou emprego, diminuindo a
dependncia face grande cidade e intensificando relaes de interdependncia e
complementaridade, que passaram a ser cada vez mais complexas, estabelecendo-se
tambm entre as diferentes reas suburbanas. Estas reas encontram-se tambm
cruzadas por intensos fluxos. Como consequncia desses fluxos, verificam-se movimentos
pendulares dirios, regulares, entre os diversos territrios da rea metropolitana.
Surgem, assim, extensas reas urbanizadas com problemas e potencialidades comuns
que necessrio gerir em conjunto, pelos municpios que nelas se localizam.
Em
cada
uma
das
reas
metropolitanas,
desenvolvem-se
relaes
de
complementaridade entre os concelhos e cidades que as constituem, aumentando o
seu dinamismo e a sua competitividade.
Forma-se, assim, uma estrutura policntrica em que os diferentes centros urbanos se
complementam.
Concelhos das reas metropolitanas
AML
AMP
Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Arouca,
Espinho,
Gondomar,
Maia,
Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Matosinhos, Porto, Pvoa do Varzim, Santa
Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Maria da Feira, Santo Tirso, So Joo da
Sesimbra, Setbal, Sintra, Vila Franca de Madeira, Trofa, Valongo, Vila do Conde e
Xira
Vila Nova de Gaia
10
habitual afirmar-se que a cidade atrai populao devido s condies de vida que
oferece, enunciando-se vantagens como o fcil acesso a bens e servios e a abundncia
da habitao e de emprego. Porm, atualmente, o crescimento das cidades coloca
problemas de sustentabilidade, em termos de qualidade de vida, que tornam cada vez
menos claro que assim seja. , pois, importante refletir sobre os principais problemas que
afetam o espao urbano e que contribuem para uma menor qualidade de vida dos seus
habitantes.
o
Muitos dos problemas decorrem do prprio crescimento das cidades. A partir de certa
altura, d-se a saturao das diferentes infraestruturas, das redes de transporte, dos
servios pblicos, etc., que comeam a ficar congestionados e sem capacidade de
responder s necessidades da populao.
Estes problemas geram outros que advm, sobretudo das perdas de tempo devido s
esperas nas filas de trnsito e de outros servios, que originam maiores consumos de
energia, aumentando as despesas dos cidados, e desencadeiam problemas de sade
associados ao nervosismo e ao stress, que, por sua vez, se vo refletir negativamente na
produtividade profissional, na vida familiar, na educao dos mais jovens, etc.
A ausncia de planeamento ou o planeamento desadequado so tambm fatores de falta
de qualidade de vida, pois criam situaes de insatisfao na populao, tanto do ponto
de vista funcional como paisagstico, uma vez que os locais onde vivemos e trabalhamos
influenciam a forma como nos sentimos, pensamos e agimos. Por isso, a desordem e a
disfuno dos espaos prejudicam o equilbrio fsico e mental dos seus utilizadores.
o
Com o processo de urbanizao, as reas mais antigas das cidades (os centros histricos)
passaram a ser mais disputadas pelas atividades tercirias, o que fez elevar o valor do
solo. No entanto, estas reas formam tambm abandonadas pelos seus habitantes,
entrando-se assim num processo de despovoamento, envelhecimento populacional e
degradao dos edifcios e do espao pblico.
A degradao dos edifcios dica a dever-se a vrios fatores:
Os mecanismos do mercado da habitao no ajudam a que a populao mais
jovem se fixe, predominando os habitantes mais envelhecidos, com fracos recursos
econmicos e, por isso, com menor propenso para a realizao de obras visando a
melhoria dos edifcios;
Os proprietrios no se interessam pela conservao dos edifcios, devido ao
congelamento do valor das rendas durante muitos anos;
A fraca qualidade do parque habitacional do centro no d resposta s exigncias
de conforto, de acessibilidade e de espaos de parqueamento;
O despovoamento gera situaes de insegurana, que afastam ainda mais a
populao.
A falta de planeamento das reas residenciais perifricas levou, durante dcadas,
proliferao das habitaes clandestinas e de bairros de lata, construdos sem qualquer
12
respeito pelas normas legais de urbanizao, nos quais no existem infraestruturas que
suportem as grandes densidades populacionais que a se instalam.
o
Problemas ambientais