MEMORIAIS

XVI EXAME DA ORDEM
2 FASE DIREITO PENAL
Enunciado 3
Mrio de Britto foi denunciado pela prtica de homicdio qualificado. Segundo o Ministrio Pblico, o acusado
passava por uma ponte, ocasio em que encontrou a vtima Dionsio, seu suposto pai. Comearam ento a
discutir, ocasio em que Mrio teria disparado tiros contra a vtima, tiros estes que a levaram a bito.
Durante a instruo, foram ouvidas 8 testemunhas de acusao e 8 testemunhas de defesa. As testemunhas de
acusao foram unnimes em destacar a animosidade existente entre o acusado e a vtima, que negava ser pai do
acusado. Tambm disseram que havia ao de investigao de paternidade em andamento. As testemunhas
assistiram a tudo de uma distncia de cerca de um quilometro e no puderam precisar maiores detalhes da luta
entre ambos.
J as testemunhas de defesa disseram que o acusado simplesmente se defendeu do avano da vtima, que vinha
em sua direo empunhando uma espada. Disseram ainda que Mrio estava no cho quando disparou os tiros
contra a vtima, que estava em cima dele. Informaram, por fim, que o acusado e a vtima j brigavam h bastante
tempo e que as discusses e agresses entre eles eram constantes.
O acusado, em seu interrogatrio apresentou a verso das testemunhas, embora tenha sido ouvido na audincia
antes delas.
Ao final da instruo, a acusao requereu a pronncia de Mrio por homicdio consumado qualificado em razo
da surpresa vtima, que impossibilitou a sua defesa, com fundamento no artigo 121, pargrafo 2, inciso IV, do
Cdigo Penal.
Elabore a medida cabvel em favor de Mrio.
Exame de Ordem
Damsio Educacional
XVI EXAME DA ORDEM
RESPOSTA - TREINO 2 ENUNCIADO 3

Cliente:
Mrio de Britto (ru).
Crime/Pena:
Artigo 121, 2, inciso IV, do Cdigo Penal 12 a 30 anos.
Ao Penal:
Pblica incondicionada.
Rito:
Jri: trata-se de crime doloso contra a vida (artigo 5, inciso XXXVIII, alnea d, da
Constituio Federal).
Suspenso
condicional do
processo (artigo 89
da Lei 9.099/95)
No cabvel: a pena mnima (12 anos) superior a 1 ano.
Momento
processual:
Finda a instruo, a acusao pugnou por sua pronncia.
Pea:
Memoriais artigos 403, 3, c/c artigo 394, 5, do Cdigo de Processo Penal.
Competncia:
Juiz de Direito da ... Vara do Jri da Comarca de ...

(APRESENTAO DA TESE) No caso dos autos, o acusado foi interrogado antes da oitiva
das testemunhas, o que configura nulidade processual. Vejamos.
(PREMISSA MAIOR) Conforme dispe o artigo 411 do Cdigo de Processo Penal, que traz
a ordem da realizao dos atos da audincia de instruo no rito do jri, a oitiva das
testemunhas deve preceder o interrogatrio do acusado.
Teses:
(PREMISSA MENOR) No caso, entretanto, primeiro foi interrogado o acusado, para

somente depois proceder-se oitiva das testemunhas de acusao e de defesa, o que
contraria o mencionado dispositivo do diploma processual penal e configura
cerceamento de defesa, em afronta ao artigo 5, inciso LV, da Constituio Federal,
acarretando a nulidade processual, nos termos do artigo 564, inciso IV, do Cdigo de
Processo.
(CONCLUSO) Portanto, de rigor a decretao da nulidade processual a partir da
audincia de instruo.
(APRESENTAO DA TESE) No mrito, deve o ru ser absolvido sumariamente, eis que
agiu em legtima defesa, conforme se demonstrar a seguir.
(PREMISSA MAIOR) Nos termos dos artigos 23, inciso II, e 25, ambos do Cdigo Penal,
age acobertado pela excludente de ilicitude da legtima defesa aquele que, usando
moderadamente dos meios necessrios, repele injusta agresso, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem.
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(PREMISSA MENOR) No caso em apreo, restou devidamente comprovado que o ora

recorrente agiu em legtima defesa, repelindo injusta agresso da vtima.
De fato, as testemunhas de defesa afirmaram que o acusado simplesmente defendeu-se
da agresso da vtima, que empunhava uma espada em sua direo. Segundo as
testemunhas, ainda, o acusado estava no cho quando disparou os tiros contra a vtima,
que estava em cima dele. Mrio, por sua vez, ao ser ouvido em Juzo, trouxe a mesma
verso apresentada pelas testemunhas.
(CONCLUSO) Portanto, verificada a incidncia da referida causa excludente de ilicitude,
nos termos do artigo 23, inciso II, e do artigo 25, ambos do Cdigo Penal, deve Mrio ser
absolvido sumariamente, nos termos do artigo 415, inciso IV, do Cdigo de Processo
Penal.
(APRESENTAO DA TESE) Em caso de pronncia, deve ser afastada a qualificadora
prevista no 2, inciso IV, do artigo 121 do Cdigo Penal.
(PREMISSA MAIOR) Conforme a mencionada previso legal, deve responder por
homicdio qualificado aquele que o pratica com surpresa vtima, dificultando ou
impedindo a sua defesa.
(PREMISSA MENOR) No caso em tela, entretanto, alm de ter sido a vtima quem iniciou
a agresso, no houve o fator de surpresa, pois a vtima e o acusado brigavam h
bastante tempo, sendo constantes as discusses e brigas entre eles. Ora, tal fator afasta
a possibilidade de aplicao da qualificadora em questo, pois a constncia nos
desentendimentos demonstra que no houve surpresa para a vtima em relao
conduta de Mrio.
(CONCLUSO) Assim, deve ser afastada a qualificadora em questo, eis que no h que
se falar em surpresa da vtima.
Por fim, deve ser concedido a Mrio o direito de recorrer em liberdade.
Pedidos:
Ante o exposto, requer-se anulao do processo a partir da audincia de instruo. Caso

no seja esse o entendimento, pugna-se pela absolvio sumria do ru, com fulcro no
artigo 415, inciso IV, do Cdigo de Processo Penal. Subsidiariamente, em caso de
pronncia, requer-se a excluso da qualificadora prevista no inciso IV do pargrafo 2
do Cdigo de Processo Penal. Por fim, pleiteia-se a concesso do direito de recorrer em
liberdade.
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RESPOSTA - TREINO 2 ENUNCIADO 3

Mrio de Britto (ru).

Artigo 121, 2, inciso IV, do Cdigo Penal 12 a 30 anos.

No cabvel: a pena mnima (12 anos) superior a 1 ano.

Finda a instruo, a acusao pugnou por sua pronncia.

Memoriais artigos 403, 3, c/c artigo 394, 5, do Cdigo de Processo Penal.

Juiz de Direito da ... Vara do Jri da Comarca de ...

(PREMISSA MENOR) No caso, entretanto, primeiro foi interrogado o acusado, para

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(PREMISSA MENOR) No caso em apreo, restou devidamente comprovado que o ora

Ante o exposto, requer-se anulao do processo a partir da audincia de instruo. Caso

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