Fracasso Escolar
Fracasso Escolar
Fracasso Escolar
SALVADOR BAHIA
2010
SALVADOR BAHIA
2010
FOLHA DE APROVAO
Parecer:
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Nota: ________________________
SALVADOR BAHIA
2010
Agradecimentos
RESUMO
SUMRIO
RESUMO
INTRODUO ------------------------------------------------------------------------------------ 01
1 REVISO DA LITERATURA --------------------------------------------------------------- 10
2. FRACASSO ESCOLAR: de quem a culpa? -------------------------------------- 11
3. DEFICINCIA CULTURAL E INSUCESSO ESCOLAR -------------------------- 21
4. CARACTERIZANDO O FRACASSO ESCOLAR NO PROCESSO ENSINO
APRENDIZAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL ---------------------------------- 26
5. O FRACASSO ESCOLAR SEGUNDO A PSICOPEDAGOGIA------------------39
6. ATUAO DOS PROFISSIONAIS EM EDUCAO NO ENSINO
FUNDAMENTAL NA ESCOLA PBLICA--------------------------------------------- 51
CONSIDERAES FINAIS ------------------------------------------------------------------- 62
REFERNCIAS ----------------------------------------------------------------------------------- 66
INTRODUO
10
1. REVISO DA LITERATURA
11
Durante
muitos
anos
os
estudos
sobre
fracasso
escolar
vm
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muito difcil para uma criana nessa idade estudar e trabalhar ao mesmo
tempo, e como que ficam esses alunos que, por razes de sobrevivncia, no
podem estudar sem trabalhar? As condies de vida da grande maioria da
populao vm decaindo, as crianas tm sido obrigadas a comear a trabalhar
cada vez mais cedo. Mas como que elas podem trabalhar e continuar a estudar
se a escola est organizada pensando s nos alunos que no trabalham? O
trabalho prejudica o rendimento escolar e o aluno acaba de reprovao em
reprovao, abandonando a escola.
Dentre os fatores intra-escolares temos o confronto da escola com a
populao atendida. Neste sentido entendemos que h tambm na escola a
discriminao e marginalizao de crianas oriundas de classes socialmente
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Assim, foi verificado que existem alunos que aprenderam a falar em casa
uma lngua correta e bonita que a escola exige, outros falam de um jeito que a
escola considera fora dos padres estabelecidos pela lngua; uns esto bem
alimentados e bem vestidos, outros vm para a escola com fome; uns tm
tranqilidade para estudar em casa e contam com o auxlio dos pais, outros tm
que estudar e trabalhar ao mesmo tempo; uns aprendem em casa uma srie de
coisas que a escola valoriza, outros s sabem coisas que a escola despreza.
por tudo isso que, querer tratar da mesma maneira alunos que se
encontram em situao desigual, fingindo que todos tm as mesmas
possibilidades de aprender o que a escola ensina, significa no apenas manter a
desigualdade, mas sim aument-la. Com relao ao professor na rede de ensino
pblico, nesta perspectiva, dados do ECIEL (Estudos Conjuntos de Integrao
Econmica Latino-Americana, 1988), LEITE, FUKUI demonstram que o salrio do
professor associa-se claramente com um melhor rendimento dos alunos. Pode-se
supor que tais condies devem acarretar efeitos na qualidade, com a sua
atuao e, conseqentemente, no desempenho dos alunos.
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Contudo, se conclui que todo profissional bem remunerado, que tem o seu
trabalho valorizado e reconhecido, trabalha com mais amor, afinco e dedicao;
o que no acontece com os professores das escolas pblicas, que alm de serem
mal remunerados no dispem de condies necessrias para fazerem um bom
trabalho, a comear pela falta de materiais didticos bsicos, tais como: papel,
lcool, stencil. Estas condies afetam no desempenho do professor e rendimento
escolar de seus alunos.
Outro grupo de fatores intra-escolares relacionados com o fracasso escolar
diz respeito aos currculos e prticas escolares, visto que comum encontrar
professores desenvolvendo contedos rigidamente de acordo com determinados
livros, sem a preocupao crtica de adequar esses contedos s condies de
vida da populao atendida (LEITE, 1988. p, 525)
O que se observa que no h um consenso em relao a uma
metodologia mais adequada para as crianas carentes, pois o fracasso escolar
no se deve tanto ao mtodo, mas aos contedos e prticas estarem distantes
dessas crianas com a qual o professor se depara. So crianas carentes e para
elas fundamental a existncia de melhores condies de funcionamento da
escola, tais como: menor nmero de turmas e alunos por srie, maior nmero de
jornada de trabalho do professor, disponibilidade de livros didticos, textos de
qualidade.
Devemos observar tambm que o sistema de avaliao tradicional utilizado
nas escolas pblicas, atravs das provas bimestrais, no garante um bom
controle da aprendizagem, sendo que a avaliao acaba se tornando um
instrumento cujos resultados podem ser utilizados contra o aluno: se aprender
aprovado caso contrrio fica retido (LEITE, 1988, p.525).
Dessa maneira, se conclui que os alunos da escola pblica devem ser
avaliados
diariamente,
uma
avaliao
processual
no
em
perodos
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que
no
entendeu
nada,
vo
ficando
com
medo
de
falar
e,
23
de
conhecer
outras
realidades,
de
ampliar
seus
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se
seu
vocabulrio
de
nvel
elevado,
dificultando
acompanhamento dos assuntos, enfim, deve o professor fazer essa autoavaliao na tentativa de reestruturar o seu trabalho, uma vez que o trabalho
docente depende em grande parte da adequao das estratgias de ensino s
caractersticas de cada classe, isto , s necessidades, ao ritmo e ao nvel de
aprendizagem de seus alunos.
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expressavam
dificuldades
de
aprendizagem
por
causas
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escola
pblica
professor
deve
contar
com
seus
prprios
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ocorrero
impactos
negativos
no
processo
de
ensino
professor
deve
adquirir
os
conhecimentos
cientficos
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entre
teoria
prtica,
gerada
porque
professor no foi
adequadamente informado a respeito da teoria ou porque no sabe como integrla prtica efetiva.
A realidade concreta que se resume no convvio com os alunos sempre
um desafio quando o professor no assimilou bem as teorias. Vejamos alguns
exemplos que causariam inevitavelmente impactos negativos no processo de
ensinoaprendizagem:
Pensemos em uma escola de 2 grau que oferece, a cada semana, dez
aulas de qumica, uma de histria e nenhuma de filosofia; em uma as de
primrio em que as carteiras esto fixadas no cho; em um professor
que prefere estimular os trabalhos em grupo e ou que privilegia a
exposio oral; em algum que lamenta o fato de no se ensinar mais
latim no colgio; em outro que exige leituras extraclasse; em um que faz
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Sabemos que no se trata de uma luta fcil que possa ser solucionada
rpida e magicamente, mas reconhecemos que profissionais respeitadssimos na
rea da educao tm buscado, incessantemente, inovaes a fim de melhorar e
reduzir os impactos negativos dos mtodos pedaggicos ainda existentes nas
escolas.
A infncia, fenmeno biopsicossocial do processo de crescimento e
desenvolvimento do ser humano, nitidamente marcada pela famlia e pela
escola. A famlia, que para o recm-nascido representa a totalidade do seu
mundo, continua a ser, durante a fase prescolar, o fator mais importante na
maturao psicoscioafetiva da criana, de onde advm os problemas de
aprendizagem.
A partir de sua entrada na escola, as aquisies cognitivas, o aprendizado
das regras do convvio social e a consolidao de sua autoestima e
autoconfiana passaro a sofrer a decisiva influncia da vida escolar que afetar
o seu processo de aprendizagem, causadas por fatores internos e/ou externos.
Na adolescncia, apesar de haver um ntido movimento em direo a
progressiva independncia dos pais e uma clara tendncia contestao da
autoridade estabelecida (como a dos professores), tanto a famlia como a escola
continua a ser importantes pontos de referncias nos esforos do adolescente em
busca de si mesmo e do seu lugar no mundo. Essa influncia pode-se dar de
forma positiva e negativa, contribuindo para o amadurecimento e bem-estar do
educando, ou de formas danosas que podem afet-lo temporariamente, ou at
deixar seqelas emocionais.
Portanto, cabe ao educador estar consciente dos fatores internos e
externos que afetaro a aprendizagem do aluno, e conseqentemente no seu
desenvolvimento como um todo: seja emocional, psicolgico, afetiva, profissional
ou social do contexto em que ele estiver interagindo, como tambm nas funes
ligadas socializao de um modo geral como cidado, evitando que este venha
fazer parte de uma maioria de desassistidos e excludos do seu meio.
Em geral, os educadores confundem muita a diferena entre fatores
internos com fatores externos no processo de aprendizagem, onde os aspectos
externos esto relacionados ao ensinante e a escola, ao passo que os aspectos
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e,
nem
tampouco,
um
Pedagogo
ou
um
Psiclogo
"mais
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nossa escuta e o nosso olhar. Analisando a trajetria aqui apresentada, fica claro
o entendimento do porqu da formao em Psicopedagogia estar organizada na
forma de ps-graduao. Ela exige do aprendiz uma articulao, uma abordagem
e um avano qualitativo inerentes a uma maturidade profissional e acadmica.
Portanto, necessrio muito cuidado na escolha do curso de ps-graduao em
Psicopedagogia.
Devemos analisar a oferta de disciplinas inerentes a aprendizagem, o
nmero de horas ofertadas, se os professores so psicopedagogos especialistas,
se tem estgio supervisionado por um psicopedagogo. Os profissionais
psicopedagogos, quando inquirido da necessidade ou relevncia do curso de
Psicopedagogia ser de especializao, testemunham que apenas a formao
insuficiente para entender e trabalhar, competentemente, com a aprendizagem e
seus possveis percalos.
Onde trabalham os psicopedagogos? Como trabalham? Quais as suas
ferramentas de trabalho? Os psicopedagogos trabalham em clnicas, em
atendimentos individuais, em instituies escolares, hospitais e empresas onde se
promova aprendizagem. Os recursos so os que possibilitem entender quais as
dificuldades que aquele aprendiz est enfrentando para aprender e quais as
possibilidades para mudana que ele apresenta.
Os instrumentos no costumam ser os padronizados e sim os jogos, as
atividades
de
expresso
artstica,
linguagem
escrita,
as
leituras
dramatizaes, etc. Enfim, atividades que valorizem o que a criana sabe, que
estimulem a expresso pessoal, o desejo de aprender e sua possibilidade de
amadurecer, vencer situaes e resolver problemas.
Os psicopedagogos, tanto em clnicas quanto nas instituies, trabalham
com diagnstico e interveno. Por tudo o que aqui foi descrito que estamos
lutando pela regulamentao da profisso de Psicopedagogo. Entendemos que,
se o projeto de lei que regulamenta a nossa profisso for aprovado, poderemos
cuidar da qualidade dos cursos oferecidos e estender o atendimento
comunidade como um todo, j que poderemos participar de concursos pblicos,
de convnios, etc.
A aprovao do projeto de lei ser uma oficializao do que j est
socialmente reconhecido. A Associao Brasileira de Psicopedagogia uma
entidade de carter cientfico cultural. Fundada em 1980, tem como objetivo
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avanar,
mas
conseguimos
nos
fazer
entender,
nos
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problemas
de
comportamento:
neuroses,
psicoses,
depresses
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como
no
desenvolvimento
da
subjetividade
autnoma,
ensinando
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valores, mas sempre a partir deles. Portanto, a famlia o local privilegiado para o
desenvolvimento humano.
Se os fatores internos e externos abordados afetarem o aprendizado do
aprendente, uma parceria entre famlia, escola, professores e psicopedagogos e
outros profissionais afins, faz-se necessrio para que a criana possa
reestruturar-se na escola, a si e a sociedade.
Na sociedade atual, dita moderada, a relao da criana com a escola se
torna cada vez mais necessria. Comear a freqentar a escola um marco
aguardado pela maioria das crianas com alegria e expectativa. Entre os motivos
que transformam esta alegria em pesadelo podem estar associados
inadaptao do aluno ao ambiente escolar, s dificuldades de aprendizagem. Um
grupo de fatores das mais variadas naturezas que prejudicam o rendimento
escolar.
Lidar adequadamente com o problema requer, antes de qualquer coisa,
saber identificar sua origem, uma forma nem sempre fcil. Pois as causas desses
e de outros fatores podem ser genticos, congnitos ou desconhecidos. comum
que os currculos escolares sejam organizados em torno de um conjunto de
disciplinas nitidamente diferenciadas, dominadas por uma ritualizao de
procedimentos escolares muito obsoletas, cujos contedos se apiam numa
organizao rigidamente estabelecida, desconectada das experincias dos
prprios alunos e na qual uma etapa preparao para a seguinte.
A despeito de todo avano das pesquisas em educao, da cincia e da
tecnologia, nossas aulas mais se assemelham a modelos do incio do sculo,
tendo como perspectiva metodolgica dominante a exposio, a exercitao e a
comprovao. A escola organizada sob tal enfoque carece de significados aos
alunos, gera abandono, desmotivao e at mesmo rebeldia, que se manifesta,
entre outras coisas, na possibilidade de apassividade dos alunos em sua
indisciplina.
A resposta que a escola d a isso , por vezes, acentuar procedimentos
repressivos, impor recursos disciplinares ou atribuir os problemas a fatores
externos tais como: o desequilbrio familiar, a imaturidade do aluno, ou os
incontveis problemas de aprendizagem.
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seja
mais
baixo
e,
em
conseqncia
sejam
reprovados
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por
amostragem.
Para
os
pesquisadores,
resultado
foi
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CONSIDERAES FINAIS
O fracasso escolar, ainda hoje, faz parte do cotidiano das nossas escolas,
acarretando na grande maioria das vezes na reprovao. O trabalho
psicopedaggico pode e deve ser pensado a partir da instituio escolar, a qual
cumpre uma funo social: a de socializar os conhecimentos disponveis,
promover o desenvolvimento cognitivo e a construo de regras de conduta,
dentro de um projeto social mais amplo. Atravs da aprendizagem, o sujeito
inserido, de forma mais organizada, no mundo cultural e simblico, que o
incorpora sociedade.
Na sua tarefa junto s instituies escolares o psicopedagogo deve refletir
sobre estas questes, buscando dar a sua contribuio no sentido de prevenir
ulteriores problemas de escolaridade. O diagnstico psicopedaggico um
processo, um contnuo sempre revisvel, onde a interveno do psicopedagogo
inicia, numa atitude investigadora, at a interveno. preciso observar que essa
atitude investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na prpria
interveno, com o objetivo da observao.
O passo fundamental para uma prtica educacional a postura do
profissional; isto , a sua converso, a qual significa uma tomada de conscincia
do problema do fracasso escolar e um propsito de mudana aliada a uma
reforma nas Diretrizes Curriculares e no Projeto-Poltico Pedaggico da escola.
No basta tomar conscincia do problema no sentido do saber, do ponto de
vista exclusivo da informao; tomar conscincia, aqui, significa um conhecimento
atrelado a uma deciso de transformao. Sem lucidez sobre uma realidade no
se poder agir com adequao, preciso ento pesquisar muito sobre o problema
do fracasso escolar no Ensino Fundamental. Pesquisar observando a prtica
diria, obter decises certas e ajustadas na soluo do problema que vem se
agravando nas escolas pblicas, e, se for o caso, fazer intervenes, reformular
os objetivos e adaptar realidade que ora se apresenta.
No bastar, com certeza, s saber quais as causas que ocorrem o
fracasso
escolar,
nem
suficiente
conhec-las;
importa
sim,
um
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histrias culturais cada vez mais diferentes, o que produz seres humanos com
capacidades diferentes.
A especificidade do tratamento psicopedaggico consiste no fato de que
existe um objetivo a ser alcanado: a eliminao do sintoma. Assim, a relao
psicopedagogo-paciente mediada por atividades bem definidas, cujo objetivo
"solucionar rapidamente os efeitos mais nocivos do sintoma para depois dedicarse a afianar os recursos cognitivos" (Pain, 1986, p. 77). Este um aspecto cuja
prtica
tem
me
mostrado
como
bastante
complicado
na
atuao
do
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