História e Geografia de Caxias PDF
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No incio dos anos 40, o mundo vivia grandes transformaes com a tenso da Segunda Guerra
Mundial. No nordeste, era grande o xodo da populao em direo aos grandes centros.
Famlias fugiam da seca em busca de melhores condies de vida, trabalho e moradias nas
periferias metropolitanas. As grandes fazendas estavam sendo fracionadas em stios e chcaras,
com os imensos laranjais e culturas hortifrutigranjeiras transformadas em loteamentos, com
grilagem de terra e ocupaes irregulares. Freguesias estavam sendo transformadas em distritos
e estes em municpios. No Rio de Janeiro, a Estao de Merity que em 1931 havia sido
declarado
o
8
distrito
de
Nova
Iguau
buscava
sua
emancipao.
O nome Duque de Caxias foi iniciativa de um antigo morador, Jos Luiz Machado, que queria
prestar uma homenagem ao Marechal Luiz Alves de Lima e Silva. Nascido na regio, mais
precisamente na Taquara, Lima e Silva ingressou ainda criana no Exrcito, no posto de cadete
de Primeira Classe. Disciplinado, teve grande destaque na carreira militar. Atuou com bravura na
Guerra do Paraguai, comandando batalhas sangrentas na defesa das terras brasileiras.
A luta pela emancipao durou muitos anos. At que em 25 de julho de 1940, uma comisso de
notveis da poca formada por jornalistas, empresrios, advogados, mdicos e outros lderes
da sociedade civil, denominada Unio Popular Caxiense (UPC) encaminhou um memorial ao
Interventor Federal do Estado do Rio de Janeiro, Ernani do Amaral Peixoto, no qual era exposta a
possibilidade do distrito de Caxias emancipar-se de Nova Iguau. Entre esses notveis estavam
Silvio Goulart, Rufino Gomes Jnior, Joaquim Batista Linhares, Jos Baslio da Silva, Luiz Antnio
Flix, Amadeu Lanzilotti, Antnio Moreira de Carvalho, Mrio Pina Cabral, Ablio Teixeira de
Aguiar, Ramiro Gonalves e Costa Maia. Contudo, o sonho da emancipao foi adiado por trs
anos. O documento foi considerado impertinente e inoportuno pelo governo, chegando a tornar-se
motivo de punio aos autores. Em 31 de dezembro de 1943, durante o Estado Novo, por meio do
decreto n1055, a Estao de Merity foi emancipada e transformada na cidade de Duque de
Caxias.
O primeiro passo para o progresso foi dado em agosto de 1928, quando o ento presidente
Washington Luiz inaugurou o trecho da estrada ligando o Rio a Petrpolis que mais tarde, em
1964, seria includa no Plano Nacional de Viao, cuja redao estabelecia sua extenso at a
capital, Braslia, passando por cidades como Juiz de Fora, Belo Horizonte. A partir de ento, a
rodovia passou a ser chamada BR-040 e conhecida tambm como Rio-Juiz de Fora.
A BR-040 teve importncia fundamental no crescimento industrial de Duque de Caxias. A primeira
grande indstria a se instalar na cidade foi a Fbrica Nacional de Motores (FNM), projetada com o
intuito de produzir motores de avies para as tropas aliadas que combatiam na 2 Guerra. Logo, a
FNM seria transformada em Sociedade Annima, passando a fabricar caminhes pesados at a
dcada de 60, quando a cidade se transformou em um grande potencial em termos de comrcio e
indstria. No final dos anos 70, a FNM foi vendida para a Fiat e atualmente suas instalaes
abrigam a fbrica Ciferal, de carrocerias de nibus. Com a instalao da Refinaria Duque de
Caxias (Reduc), em 1961, o municpio se tornou um dos mais importantes polos industriais do
pas.
Na dcada de 70, Duque de Caxias tornou-se "rea de Segurana Nacional". Novamente os
prefeitos passaram a ser indicados pelo governo federal, desta vez pelos militares que ocuparam
o poder. O municpio s recuperou sua autonomia, em 15 de novembro de 1985, quando pode
escolher seu governante por meio do voto. Nesta eleio, saiu vitorioso o prefeito Juberlan Barros
de Oliveira, que governou de 1 de janeiro de 1986 a 31 de dezembro 1988. Entretanto, o real
vencedor foi a populao que, alm de eleger deputados e senadores, pode votar na escolha do
Presidente de Repblica.
31 de dezembro de 1943
caxiense ou duque caxiense
Prefeito(a)
Unidade
federativa
Rio de Janeiro
Regio
Rio de Janeiro
metropolitana
Municpios
limtrofes
Distncia at 15 km
a capital
Caractersticas Geogrficas
rea
Populao
Densidade
Altitude
Clima
Fuso horrio
464,573 km
872.762 hab. est. IBGE/2009 [2]
1.813,9 hab./km
m
tropical Aw
UTC-3
Indicadores
PREFEITO ATUAL
Alexandre Cardoso
HISTRIA
O povoamento da regio data do sculo XVI, quando foram doadas sesmarias da Capitania do
Rio de Janeiro. Em 1568, Brs Cubas, provedor da Fazenda Real e das capitanias de So
Vicente e Santo Amaro recebeu, em doao de sesmaria, 3.000 braas de terras de testada para
o mar e 9.000 braas de terras de fundo para o rio Meriti, ou mais propriamente "Miriti", cortando o
piaabal da aldeia Jacotinga. Outro dos agraciados foi Cristvo Monteiro que recebeu terras s
margens do rio Iguau. A atividade econmica que ensejou a ocupao do local foi a de cultivo
da cana-de-acar. O milho, o feijo e o arroz tornaram-se, tambm, importantes produtos
auxiliares durante esse perodo.
Nos sculos XVII e XVIII, a diviso administrativa de Iguau (na ortografia arcaica Iguass, hoje
municpio de Nova Iguau) seguia critrios eclesisticos, ou seja, a igreja matriz assumia a
responsabilidade jurdica e religiosa, administrando as capelas secundrias: as freguesias. Sendo
assim, Pilar, Meriti, Estrela e Jacutinga, reas que atualmente ocupam parte do territrio de
Duque de Caxias, pertenciam Iguau. A regio tornou-se importante ponto de passagem das
riquezas vindas do interior: o ouro das Minas Gerais, descoberto no momento de crise da lavoura
aucareira, e o caf do Vale do Paraba Fluminense, que representou cerca de 70% de toda a
economia brasileira nessa poca.
Sendo os caminhos em terra firme poucos, precrios e perigosos, nada mais natural que o
transporte fosse feito atravs dos rios, onde estes existissem. Os rios no faltavam na regio e,
integrados com a baa de Guanabara, faziam do local um ponto de unio entre esta e os
caminhos que subiam a serra em direo ao interior. O Porto da Estrela foi o marco mais
importante deste perodo. sua volta, cresceu um arraial que no sculo XIX foi transformado em
municpio.
Apesar da decadncia da minerao, a regio manteve-se ainda como ponto de descanso e
abastecimento de tropeiros, como local de transbordo e trnsito de mercadorias. At o sculo XIX,
o progresso local foi notvel. Entretanto, a impiedosa devastao das matas trouxe, como
resultado, a obstruo dos rios e consequente transbordamento, o que favoreceu a formao de
pntanos. Das guas paradas e poludas surgiram mosquitos transmissores de terrveis febres.
Muitos fugiram do local que, praticamente, ficou inabitvel. As terras antes salubres e frteis
cobriram-se de vegetao prpria dos mangues. Em 1850, a situao era de verdadeira
calamidade, pois as epidemias surgiram, obrigando senhores de engenho a fugir para locais mais
seguros. As propriedades foram sendo abandonadas. A situao era de grande penria e assim
permaneceria ainda por algumas dcadas.
Com a implantao do transporte ferrovirio, a situao piorou consideravelmente. A estrada de
Ferro D. Pedro II ligou a capital do Imprio ao atual municpio de Queimados. A produo do Vale
do Paraba passou a ser escoada por esta via, os rios e o transporte terrestre deixaram
progressivamente de serem usados e os portos fluviais perderam importncia. A regio
iguassuana entra em franca decadncia.
Com a abolio dos escravos em 1888, aconteceram vrios transformaes na vida econmica e
social daBaixada Fluminense. As obras de saneamento foram abandonadas, houve um atraso
nas condies propcias sade e vrias enfermidades surgiram. Entre elas, a malria e
a doena de Chagas.
No governo de Nilo Peanha, Meriti teve uma tmida melhoria na rea do saneamento bsico,
contando, inclusive, com a chegada da gua, em 1916, na atual Praa do Pacificador. Mas
somente no governo de Getlio Vargas, que criou a Comisso de Saneamento da Baixada
Fluminense, a regio avanou. At 1945, mais de seis mil quilmetros de rios foram limpos,
retirando dos seus leitos 45 milhes de metros cbicos de terra. Com este trabalho, os rios
deixaram de ser criadouros de mosquito, diminuindo em muito o nmero de doenas na regio.
Quando a ferrovia atingiu o vale de Meriti, a regio comeou a sofrer os efeitos da expanso
urbana da Cidade do Rio de Janeiro. Com a inaugurao da The Rio de Janeiro Northern Railway,
em 23 de abril de 1886, a regio ficou definitivamente ligada ao antigo Distrito Federal e com a
inaugurao de novas estaes, em 1911, pela Estrada de Ferro Leopoldina multiplicaram-se as
viagens, bem como o nmero de passageiros em Gramacho, So Bento, Actura (Campos Elsios),
Primavera e Saracuruna.
Entretanto, apesar dessa recuperao que a ferrovia trouxera, a Baixada continuava sofrendo
com a falta de saneamento, fator de estancamento de seu progresso.
No incio do sculo XX, as terras da Baixada serviam para aliviar as presses demogrficas
da cidade do Rio de Janeiro, os dados estatsticos revelam que em 1910, a populao era de
oitocentas pessoas em Meriti, passando em 1920, para 2920. O rpido crescimento populacional
provocou o fracionamento e loteamento das antigas propriedades rurais, naquele momento,
improdutivas.
Apenas em 1924 instalou-se a primeira rede eltrica no municpio. Com a abertura da Rodovia
Rio-Petrpolis (hoje rodovia Washington Lus) em 1928, Meriti voltou a prosperar. Inmeras
empresas compraram terrenos e se instalaram na regio devido proximidade com o Rio de
Janeiro.
O processo de emancipao da cidade esteve relacionado formao de um grupo que
organizou a "Unio Popular Caxiense" (UPC): jornalistas, mdicos e polticos locais. Em 1940, foi
criada a comisso pr-emancipao: Sylvio Goulart, Rufino Gomes, Amadeu Lanzeloti, Joaquim
Linhares, Jos Baslio, Carlos Fraga e Antnio Moreira. A reao do governo foi imediata e os
manifestantes foram presos.
Na dcada de 1940, o governo federal promoveu a limpeza de mais de seis mil quilmetros de
rios e construiu mais de 200 pontes na Baixada Fluminense.
O grande crescimento pelo qual passava Meriti levou o deputado federal Manuel Reis a propor a
criao do distrito de Caxias. Em 14 de maro de 1931, atravs do ato do interventor Plnio de
Castro Casado, foi criado, pelo Decreto Estadual N 2.559, o distrito de Caxias, com sede na
antiga Estao de Meriti, pertencente ao ento municpio de Nova Iguau. Em 31 de
dezembro de 1943, atravs do Decreto-Lei 1.055, elevou-se categoria de municpio recebendo o
nome de Duque de Caxias. J a comarca de Duque de Caxias foi criada pelo Decreto-Lei n
1.056, no mesmo dia, ms e ano.
Com a emancipao, o municpio recebeu grande incentivo em sua economia. Vrias pessoas,
oriundas principalmente da Regio Nordeste do Brasil, chegavam ao Rio de Janeiro em busca de
trabalho e estabeleciam residncia em Duque de Caxias.
O Poder Executivo foi instalado oficialmente em 1 de janeiro de 1944, quando o interventor
federal Ernani do Amaral Peixoto designou para responder pelo expediente da prefeitura o
contabilista Homero Lara. Outras nove pessoas foram designadas posteriormente para o mesmo
cargo.
O primeiro prefeito eleito foi Gasto Glicrio de Gouveia Reis, que administrou a cidade de
setembro de 1947 a dezembro de 1950. Depois dele vieram tambm, pelo voto direto,
respectivamente, Braulino de Matos Reis, Francisco Correa, Adolpho David, Joaquim Tenrio
Cavalcante e Moacir Rodrigues do Carmo.
As eleies foram interrompidas com a decretao de Duque de Caxias como rea de Segurana
Nacionalpelo regime militar em 1971, tendo tomado posse o presidente da Cmara Francisco
Estcio da Silva. A partir da, por vezes contra a vontade das lideranas polticas e populares da
regio, foram eleitos prefeitos pela chamada ditadura militar o general Carlos Marciano de
Medeiros, os coronis Renato Moreira da Fonseca, Amrico Gomes de Barros Filho e o exdeputado Hydekel de Freitas Lima.
SUBDIVISO
O municpio de Duque de Caxias se divide em quatro distritos e estes se dividem em bairros, a
saber:
DISTRITO
1
Distrito
2
Distrito
3
Distrito
4
Distrito
SEDE DO
DISTRITO
Centro de
Duque de
Caxias
Campos
Elseos
Imbari
Xerm.
BAIRROS DO DISTRITO
Centro de Duque de Caxias, Engenho do Porto, Jardim 25 de
Agosto, Parque Lafaiete, Parque Beira Mar, Parque Duque,
Periquitos, Vila So Luiz, Gramacho, Bairro Sarapu,
Centenrio, Doutor Laureano, Bairro Olavo Bilac, Bar dos
Cavaleiros, Jardim Gramacho, Parque Centenrio, Vila
Centenrio, Parque Sr. do Bonfim, Jardim Leal, Jardim Olavo
Bilac, Corte Oito e Chacrinha.
Jardim Primavera, Saracuruna, Vila Rosrio, Vila So
Jos, Bairro Pantanal, Parque Fluminense, Parque
Muisa, Campos Elseos, Pilar, Doutor Laureano,
Cangulo, Cidade dos Meninos, Figueira, Chcaras RioPetrpolis, Chcara Arcampo, Vila Maria Helena, Parque
Independncia, Parque Chuno, Bom Retiro, Parque Joo
Pessoa.
Santa Lcia, Santa Cruz da Serra, Imbari, Parada
Anglica, Jardim Anhang, Vila Santa Cruz, Parada
Morabi, Taquara, Parque Paulista, Parque Equitativa, Nova
Campinas, Santa Lcia, Barro Branco, Jardim Rotsein,
Xerm, Parque Capivari, Mantiquira, Jardim Olimpo, Lamaro,
Bairro Amap, Vila Cana, Canto, Parque Eldorado, Santo
Antnio da Serra, So Judas Tadeu, Vila Santa Alice,
POLTICA
Lista de prefeitos
ECONOMIA
Economicamente, apresentou um grande crescimento nos ltimos anos, sendo a indstria e o
comrcio as principais atividades. H cerca de 809 indstrias e 10 000 estabelecimentos
comerciais instalados no municpio. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, o
municpio de Duque de Caxias registrou, em 2005, o 46 maior produto interno bruto no ranking
nacional e o segundo maior do estado do Rio de Janeiro, em um total de 18 300 000 000 de reais.
TRANSPORTE
So 15 empresas de transporte pblico que servem ao municpio, sendo 11 empresas de nibus
municipais (Unio, Fabios, Santo Antnio, Reginas, A. O. Vera Cruz, TREL, Machado, Jurema,
Limousine Carioca, Vera Cruz e Expresso Mangaratiba)[7] e trs intermunicipais.
Principais acessos rodovirios
Duque de Caxias tambm servido por um ramal ferrovirio. Partindo da Estao Central do
Brasil, o ramal de Saracuruna corta o municpio e se integra com o ramal de Vila Inhomirim, assim
alcanando Mag. Ao todo, so 10 (dez) estaes ferrovirias em Duque de Caxias: Duque de
Caxias, Gramacho, Campos Elseos, Jardim Primavera, Saracuruna, Parada Morabi, Imbari,
Manoel Belo e Parada Anglica.[8]
EDUCAO
Segundo dados da Fundao Centro de Cincias e Educao Superior a Distncia do estado do
Rio de Janeiro, a Fundao CECIERJ/Consrcio CEDERJ, Duque de Caxias possui 100 escolas
municipais, 2 escolas federais, 102 escolas estaduais e 128 escolas particulares. Sendo a taxa de
alfabetizao de pessoas residentes no municpio com 10 anos de idade ou mais em torno
92,40% da populao. Algumas instituies de ensino superior atuam na cidade:
A Universidade Federal do Rio de Janeiro, com um Campus em Xerm, oferece cursos de
graduao em nanotecnologia, metrologia, bioinformtica, cincias forenses e biotecnologia a
partir do segundo semestre de 2008.
A Faculdade de Educao da Baixada Fluminense uma instituio pblica estadual localizada
no bairro de Vila So Lus , sendo um campus da Universidade Estadual do Rio de Janeiro na
regio, por tanto, est subordinada a esta universidade. Oferece os cursos de graduao
em pedagogia, matemtica e geografia e tambm cursos de ps-graduao: Especializao em
organizao curricular e prtica docente na educao bsica e Mestrado em Educao, Cultura e
Comunicao em Periferias Urbanas.
Remontam de 1969 as origens da Fundao Educacional de Duque de Caxias (FEUDUC). A
graduao nos cursos de biologia, histria, geografia, matemtica, letras e informtica so
oferecidos por esta instituio privada, alm dos cursos de ps-graduao.
A UNIGRANRIO a maior e mais conhecida instituio de ensino superior de Duque de Caxias,
foi criada na dcada de 1970 com o nome de Associao Fluminense de Educao (AFE) at ser
reconhecida como universidade em 1994, quando adotou o nome atual. Sua sede ou campus
principal se localiza no bairro Jardim 25 de Agosto, alm de unidades no Centro e em Santa Cruz
da Serra, possui tambm campus ou unidades em outros municpios do estado, como cidade do
Rio de Janeiro, Silva Jardim, Mag, Campos dos Goytacazes,Maca e So Joo de Meriti.
O municpio conta tambm com um campus da Universidade Estcio de S, localizado no Jardim
25 de Agosto, onde so oferecidos os cursos de politcnicos, ps-graduao e graduao
em administrao, direito, informtica e letras.
H ainda a Faculdade de Servio Social Santa Luzia, uma instituio privada tambm localizada
no bairro Jardim 25 de Agosto.
Duque de Caxias tem uma das melhores escolas do Brasil, o Instituto Federal de Educao,
Cincia e Tecnologia, sendo um Campus do IFRJ. Tambm conta com um dos mais tradicionais
colgios do Brasil, O Colgio Pedro II e no centro de Duque de Caxias existem escolas
particulares que se desempenham na educao como, por exemplo, o Colgio Carlos Gomes que
fez intercmbios com escolas de pases da America do sul.
CULTURA
A cidade conta com o Centro Cultural Oscar Niemeyer, na Praa do Pacificador no bairro Centro,
com a Biblioteca Pblica Leonel de Moura Brizola e o Teatro Municipal Raul Cortez. A biblioteca
contm com aproximadamente 10 mil obras e o teatro composto de 440 lugares.
A Cmara Municipal de Duque de Caxias abriga o Instituto Histrico e o Teatro Procpio Ferreira.
No dia 11 de dezembro de 1980, atravs da resoluo 494, o Instituto recebeu o nome de
Vereador Thom Siqueira Barreto e possui em seu acervo, cerca de 6 mil reprodues
fotogrficas, mil documentos, 680 livros e peridicos, 1.700 jornais e 85 quadros. Entre as peas
do acervo esto um castial e uma imagem de Santo Antnio, remanescentes da antiga Igreja
So Joo Batista de Traiaponga (hoje Santa Terezinha, no Parque Laifaiete), fotos da chegada da
PATRIMNIO HISTRICO
A Igreja Paroquial Nossa Senhora do Pilar Localizada na Estrada Velha do Pilar, a igreja foi
construda em 1720. Possui fortes traos barrocos, similares s construes feitas em Minas
Gerais e o material de sua construo veio do Mosteiro de So Bento, conforme registro no
Dicionrio Geogrfico e Descritivo do Imprio do Brasil, de 1863. Utilizado por D. Pedro I, o antigo
Porto do Pilar foi um importante centro de desembarque quando o imperador vinha do Centro do
Rio de Janeiro pela Baa de Guanabara e navegava pelo afluente do Rio Iguau, at chegar ao
Rio Pilar, onde se localizava o porto. O "Caminho Novo", como era conhecido, foi aberto em 1704
por Garcia Pais, prximo ao povoado de Nossa Senhora do Caminho Velho. A igreja foi tombada
em 25 de maio de 1938.
Fazenda So Bento A mais antiga fazenda localizada no municpio surgiu da compra pelo
Mosteiro de So Bento de partes das terras de Cristvo Monteiro, em 1591, dando inicio ao
processo de colonizao do Vale do Rio Iguau. Hoje, restam apenas runas da capela que data
de 1645 e da casa grande construda entre 1754 e 1757, sendo tombados como patrimnio
histrico em 10 de junho de 1957.
TEATRO
O teatro da Cmara Municipal foi inaugurado em 28 de fevereiro de 1975. Treze dias depois, foi
batizado com o nome de Procpio Ferreira, em homenagem ao grande ator e produtor teatral,
atravs da deliberao n 1.957, de 1975, assinada pelo presidente da Cmara Lus Braz de
Luna.
O prprio Procpio Ferreira e sua filha Bibi Ferreira, compareceram ao evento e foram os
destaques da festa, ao lado de Nelson Carneiro. Em 1978, a pea Saco de Canudos encenada
no teatro o prmio Molire, na categoria especial, feito anunciado em rede nacional no Jornal
Nacional da Rede Globo.
O mais antigo teatro pblico de Duque de Caxias o Teatro Armando Melo, fundado em 1967
com o espetculo "Os Inimigos no Mandam Flores", de Pedro Bloch, tendo Barboza Leite como
diretor e cengrafo.
CINEMA
Em Duque de Caxias, h 11 salas de cinema, espalhadas em shoppings e rua do municpio.
MUSEU
Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, patrono do municpio e do Exrcito, nasceu na
Fazenda So Paulo, hoje Taquara, 3 distrito, administrado pela Secretaria de Cultura desde
1994, o antigo casaro da fazendo virou o Museu Municipal da Taquara. O Professor Ralmir dos
Santos flr o Administrador do Museu Histrico Duque de Caxias, Nomeado pelo Prefeito Jos
Camilo Zito.
CARNAVAL
O municpio conta com vrias entidades carnavalescas, entre elas, esto os blocos de enredo
filiados a Federao dos Blocos Carnavalescos do Estado do Rio de Janeiro: Bloco do China,
Esperana de Nova Campina, Flr da Primavera, Imprio do Gramacho, Simpatia do Jardim
Primavera, Unidos do Laureano e Unidos de Parada Anglica.
A nica escola de samba com sede em Duque de Caxias a Acadmicos do Grande Rio, que
atualmente integra o Grupo Especial da LIESA, sendo originria da fuso das antigas escolas de
samba Unio do Centenrio, Cartolinhas de Caxias, Capricho do Centenrio e Unidos da Vila So
Luis.
DATAS COMEMORATIVAS
30 de abril
13 de junho
25 de agosto
31 de dezembro
ESPORTE
O municpio abriga trs clubes de futebol, o Duque de Caxias Futebol Clube que atualmente est
na srie B do Campeonato Brasileiro 2010 e o Esporte Clube Tigres do Brasil, sendo que ambos
disputaram a 1 diviso do campeonato estadual em 2010, e o Duque Caxiense futebol clube que
esta disputando a 3 diviso do campeonato estadual em 2010 e outros times caxienses.
Duque de Caxias possui 3 (trs) ou mais estdios de futebol, o Romrio de Souza Faria que do
Duque de Caxias Futebol Clube e tem capacidade para 7.000 espectadores e o Estdio de Los
Larios do Esporte Clube Tigres do Brasil com capacidade para 11.000 espectadores e o Estdio
Corria Meier do Duque Caxiense futebol clube. Duque de Caxias possui tambm uma vila
olmpica.
Caxienses famosos
A Praa do Pacificador recebeu este nome em homenagem a Luiz Alves de Lima e Silva devido
sua participao no controle das revoltas populares ocorridas no perodo regencial. O ttulo de
Duque de Caxias foi recebido aps o controle da Revolta da Farroupilha. A cidade recebe o seu
nome por ele ter nascido na antiga Fazenda So Paulo que se localizava no atual bairro da
Taquara. Aps 1931, quando o ento 8 distrito de Iguau foi criado com o nome de Caxias,
vrios logradouros e prdios pblicos passaram a receber denominaes em sua homenagem.
Em 1943, quando o distrito obteve a emancipao de Nova Iguau, passou a municpio com o
nome Duque de Caxias.
Em 1927, com a publicao do Decreto 5.141 criou-se um fundo especial para a construo e
conservao de estradas. Para execut-lo, organizaram-se comisses tcnicas para construir as
duas primeiras estradas troncos do pas: a Rio-SoPaulo e a Rio-Petrpolis. A situao
encontrada pelos construtores, com muitas reas de manguezais e brejos, o que certamente
dificultou as obras, foi observada por Rogrio Torres da seguinte forma: A construo da RioPetrpolis foi muito difcil, principalmente na Baixada Fluminense, devido aos terrenos lodosos
que exigiam consolidao atravs de demoradas obras de aterro e de fundaes. Alm de tudo, a
malria, ainda endmica na regio, vitimou um grande nmero de trabalhadores, somando novas
dificuldades s j existentes.
A rea que j foi chamada de Praa do Brejo e Praa do Caranguejo, em 1944 foi aterrada em
mais de 6 metros de altura. Em 1953, no governo do Prefeito Braulino de Matos Reis (1952-1955)
assumiu a sua moderna configurao e atual denominao: Praa do Pacificador. Segundo Jos
Lustosa, foi ele quem a calou magistralmente , e ela um perfeito carto de visitas que
deslumbra e encanta. De moderna tcnica exigiu planos requisitos especiais, formando no
conjunto um aspecto agradvel, em que se harmonisam os jardins e as rvores, fazendo fundo
para o busto do genial filho do municpio Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, de quem
herdamos o nome e a fibra.
A Praa, localizada numa bifurcao entre a Rodovia Rio-Petrpolis (atual Avenida Presidente
Kennedy) e Avenida Plnio Casado, deveria funcionar como um carto de visitas da cidade.
Situando-se a poucos quilmetros do Rio Merity, limite da cidade do Rio de Janeiro, nesta poca
Distrito Federal, com Duque de Caxias, a rea tornava-se passagem obrigatria para os que se
dirigiam para a regio serrana, principalmente para Petrpolis. Esta cidade abrigava, na poca, a
residncia oficial do presidente da repblica e de vrias personalidades polticas nacionais.
Em Uma passagem pela Caxias dos anos 60, Stlio Lacerda recorda, com humor, que no dia de
sua inaugurao, o palanque onde estavam vrias autoridades, dentre elas Joo Goulart, Roberto
Silveira, Natalcio Tenrio Cavalcanti, Celso Peanha, Braulino de Mattos Reis, Zulmar Batista,
Waldir Medeiros, Zumar Batista, Peixoto Filho, no suportando o peso, ruiu levando muitos deles
ao cho.
A partir de dezembro de 1956, no governo do Prefeito Braulino Correa, na parte voltada para a
Avenida Plnio Casado passou a funcionar uma Estao Rodoviria de onde partiam os
nibus-lotao que transportavam os trabalhadores para a rodoviria da Praa Mau , no
centro do Rio de Janeiro.
Na poca da construo do Complexo, Carlos Srgio Mendona Dazier Lobato diria que
nenhuma obra relevante havia no local. De uma bica dagua a cameldromo, a saudosa Praa do
Pacificador nunca foi um monumento, s marcava o centro, dada a precariedade da cidade que
capitaneava .
A princpio, segundo o Jornal O Dia, o Complexo Cultural se denominaria Centro Cultural Darcy
Ribeiro, havia a previso de se gastar com a obra 3 milhes e da criao de um estacionamento
subterrneo. Durante a gesto do secretrio Luiz Sebastio Pereira Teixeira que no mesmo jornal
anunciava uma possvel parceria financeira com a Petrobrs e, dentro de uma perspectiva
otimista, dizia que a Baixada vai deixar de ser uma referncia de violncia, de abandono, para
ser referncia cultural neste pas . A reportagem ainda anunciava que Niemeyer projetou para
Caxias um centro cultural dividido em duas construes. Elas abrigaro um teatro com 450
lugares, sala de exposies, biblioteca, galeria de artes e sala de vdeo. O Centro Cultural Darcy
Ribeiro lembra um piano, se o observador der asas imaginao .
Em setembro de 2005, a Biblioteca Leonel de Moura Brizola passou a funcionar, atendendo no
primeiro pavimento, o pblico jovem e adulto e, no segundo, o pblico infantil. Um ano depois, foi
inaugurado o Teatro Raul Cortez, com capacidade para 450 lugares. Cogitou-se denomin-lo
Teatro Roberto Marinho.
A Biblioteca construda sobre pilotis, possui, no 1 pavimento, 385 m2 de rea para exposio e
pesquisa de livros e peridicos e, no 2 pavimento, a mesma rea destinada a Biblioteca Infantil.
Nos dois pavimentos, salas administrativas, sanitrios e copa, do apoio s atividades do prdio.
Escada e elevador garantem a circulao vertical e o acesso irrestrito a todos os espaos.
No prdio do Teatro, uma rampa que contorna metade da fachada circular leva os visitantes
platia com capacidade para 450 lugares e 8 para cadeiras de rodas. Abaixo deste pavimento,
esto os sanitrios e a rea de estar do pblico; e, acima, sobre parte da plateia, a cabine de som
e luz. Os artistas tm acesso independente pela praa rea de camarins e ensaio no pavimento
semienterrado. Com 310 m2, a rea para ensaios tem planta livre que permite posterior
subdiviso para depsito de equipamentos de cenografia e demais necessidades futuras. Uma
porta metlica, na parede posterior do palco abre-se para permitir espetculos externos com o
pblico na praa. a Boca pra Fora.
Em 2006, j na administrao do prefeito Washington Reis e da secretria de Cultura Carmen
Miguelles, foi firmado um contrato com a Fundao Euclides da Cunha FEC, ligada
Universidade Federal Fluminense, que teve como diretriz principal a busca constante da
aproximao do teatro com os mais diversos pblicos, fortalecendo o sentido da ao cultural
como fator instituinte da cidadania .
Neste mesmo ano, sagrou-se o nome do Complexo e as partes que o compem. O teatro e a
biblioteca passaram a denominar-se Raul Cortez e Governador Leonel de Moura Brizola,
respectivamente. Este ltimo foi uma importante liderana poltica nacional e um dos mais
identificados com as causas populares, e o primeiro, conhecido ator que faleceu no ano da
inaugurao do teatro que recebeu esta denominao por sugesto da atriz Fernanda
Montenegro.
Sobre este complexo, Leonardo Guelman e Luiz Augusto F. Rodrigues afirmam que a vitalidade
de Duque de Caxias permite pensar a no conformao do quadro apresentado. A construo do
conjunto que forma o Centro Cultural Oscar Niemeyer Teatro Raul Cortez, Biblioteca Municipal
Governador Leonel de Moura Brizola e Praa do Pacificador enfrenta um desafio neste
sentido .
Ressaltando a importncia do trabalho desenvolvido pela FEC, Rafael Ferezin diz que ela
atravs do Laboratrio de Aes Culturais, deu um passo inicial e importantssimo para o
processo de gesto cultural desse magnfico espao arquitetnico, atravs da mobilizao da
classe, treinamento, preparao de mo-de-obra especializada, divulgao, sobriedade,
dedicao e formao de pblico atravs da manuteno de um calendrio permanente de
atividades culturais . Aponta ainda, que inaugurado em 23 de setembro de 2006, o Teatro
Municipal Raul Cortez foi um presente para a populao de Duque de Caxias e adjacncias.
Equiparado aos grandes teatros da capital e do Brasil e projetado por Oscar Niemeyer, o Teatro
Raul Cortez tornou-se, alm de um plo de fruio e fomento cultura, um ponto turstico e de
referncia para a cultura do municpio de Duque de Caxias .
Como demonstrao de uma cultura de resistncias e de estruturas residuais a Roda de Caxias,
rodas de capoeira que so realizadas na Praa h mais de 30 anos e o carteado se adaptaram ao
novo espao e l ainda existem; em 2007, a Secretaria Municipal de Cultura iniciou o projeto
Cine Pau-de-Arara, com os filmes sendo apresentados na Boca pra Fora e com bancos de
madeira sendo colocados na Praa para os expectadores.
Com a emancipao, a Cidade Duque de Caxias recebeu grande incentivo em sua economia.
Vrias pessoas, oriundas principalmente da Regio Nordeste do Brasil, chegavam ao Rio de
Janeiro em busca de trabalho e estabeleciam residncia em Duque de Caxias.
O poder executivo foi instalado oficialmente em 1 de janeiro de 1944, quando o interventor
federal Ernani do Amaral Peixoto designou, para responder pelo expediente da prefeitura, o
contabilista Homero Lara. Outras nove pessoas foram designadas posteriormente para o mesmo
cargo.
O primeiro prefeito eleito foi Gasto Glicrio de Gouveia Reis, que administrou a cidade de
setembro de 1947 a dezembro de 1950. Depois dele vieram, tambm pelo voto direto,
respectivamente, Braulino de Matos Reis, Francisco Correa, Adolpho David, Joaquim Tenrio
Cavalcante e Moacir Rodrigues do Carmo.
As eleies foram interrompidas com a decretao de Duque de Caxias como rea de Segurana
Nacional pelo regime militar em 1971, tendo tomado posse o presidente da cmara, Francisco
Estcio da Silva. A partir da, por vezes contra a vontade das lideranas polticas e populares da
regio, foram eleitos prefeitos, pela ditadura militar, o general Carlos Marciano de Medeiros, os
coronis Renato Moreira da Fonseca, Amrico Gomes de Barros Filho e o ex-deputado Hydekel
de Freitas Lima.
O municpio conquistou, depois de muita movimentao de lideranas polticas, empresariais,
sindicais e comunitrias, a sua autonomia em 1985, tendo sido eleitos, daquele ano em diante,
Juberlan de Oliveira, Hydekel de Freitas Lima (em 1990, deixou o cargo para assumir uma cadeira
no Senado Federal), Jos Carlos Lacerda (vice-prefeito de Hydekel, tomou posse aps sua
renncia), Moacyr Rodrigues do Carmo, Jos Camilo Zito dos Santos Filho e Washington Reis de
Oliveira, sendo que o penltimo retornou prefeitura em 2009.
O povoamento da regio data do sculo XVI, quando foram doadas sesmarias, durante a
expulso dos franceses que haviam invadido a Baa de Guanabara. Um dos agraciados foi
Cristvo Monteiro que recebeu terras, em 1565, s margens do rio Iguau, que formaram a
Fazenda do Iguau, sendo a mesma, mais tarde, adquirida pela Ordem de So Bento, tornandose ento a mais antiga e importante fazenda localizada na regio que hoje constitui o municpio
de Duque de Caxias.
A atividade econmica que incentivou a ocupao da regio foi a do cultivo da cana-de-acar. O
milho, o feijo, a mandioca e o arroz tornaram-se, tambm, importantes produtos durante esse
perodo e abasteceram a cidade do Rio de Janeiro, assim como a lenha retirada da regio.
J no sculo XVIII, a relao da cidade carioca com a regio da Baixada se estreitou ainda mais,
atravs dos caminhos que ligavam a regio das Minas Gerais, quando o eixo econmico do Brasil
em sua relao com Portugal voltou-se para o ouro do planalto mineiro. Com a necessidade do
escoamento do ouro e o abastecimento da provncia mineira, a regio da Baixada da Guanabara
passou a ter importncia estratgica, pois se tornou rea obrigatria de passagem, por conta de
seus rios, bem como pelas estradas que foram abertas atravs das serras para que o trnsito de
mercadorias se desenvolvesse. O Caminho Novo do Pilar, aberto devido s necessidades
oriundas da minerao, entre elas a de se abrir um caminho rpido, econmico e seguro, que
ligasse o Rio de Janeiro regio das Minas Gerais, intensificou as relaes daquela cidade com
os portos da Estrela, Pilar e Iguau.
Apesar da decadncia da minerao, a regio manteve-se ainda como ponto de parada e
abastecimento de tropeiros, assim como local de passagem de mercadorias. At o sculo XIX, o
desenvolvimento das reas no entorno da Baa foi notvel. Entretanto, a impiedosa devastao
das matas, assoreamento e obstruo dos rios, e o conseqente transbordamento destes,
favoreceram o surgimento de epidemias de doenas endmicas da regio, como a malria e o
clera. Muitos abandonaram a regio que, praticamente, ficou inabitvel.
Em meados do sculo XIX, Meriti, rea do atual 1 distrito de Duque de Caxias, representava
apenas um ponto de escoamento de poucos produtos, dentre os quais a lenha e o carvo vegetal.
At meados do sculo XX, a rea que corresponde ao municpio era um espao rural, uma rea
perifrica que sofreu o impacto de algumas propostas de saneamento no incio do sculo, mas
que, no entanto, passou por um processo de ocupao desordenado, facilitado pela Estrada de
Ferro Leopoldina Railway.
A recuperao de Meriti comeou a se insinuar com o advento da estrada de ferro, que ditava
novos traados nos caminhos, modificando por completo as relaes comerciais e a ocupao do
solo. Foi o incio do processo de surgimento de vilas e povoados que se organizaram em torno
das estaes ferrovirias, origem dos muitos bairros das nossas atuais cidades. Quando a
ferrovia atingiu o vale de Meriti, a regio comeou a sofrer os efeitos da expanso urbana da
cidade do Rio de Janeiro. Com a inaugurao da Estrada de Ferro Leopoldina, em 23 de abril de
1886, a localidade ficou definitivamente ligada ao antigo Distrito Federal.
No incio do sculo XX, as terras da Baixada serviram para aliviar as presses demogrficas da
cidade do Rio de Janeiro, j prenunciadas no Bota Abaixo do Prefeito Pereira Passos. Os dados
estatsticos revelam que, em 1910, a populao de Meriti era de 800 pessoas, passando em
1920, para 2.920, e em 1930, para 28.756 habitantes. O rpido crescimento populacional
provocou o fracionamento e loteamento das antigas propriedades rurais, naquele momento,
improdutivas.
A partir dos anos 1930, durante a era Vargas, o territrio do atual municpio de Duque de Caxias
experimentou intensivo processo de remodelao de sua rea, incorporando-se ao modelo
urbano-industrial. O desenvolvimento pelo qual passava Meriti levou o Deputado Federal Dr.
Manoel Reis a propor a criao do Distrito de Caxias. Dessa forma, atravs do Decreto Estadual
n 2.559, de 14 de maro de 1931, o Interventor Federal Plnio Casado elevou o local a 8 Distrito
de Nova Iguau.
Os anos 1940 encontraram o Distrito com uma populao que j atingia a casa dos 100.000
habitantes. Em 31 de dezembro de 1943, atravs do Decreto Lei n 1.055, foi criado o Municpio
de Duque de Caxias, porm somente em 1947, foi eleito o primeiro Prefeito por voto popular,
tendo a Cmara Municipal sido instalada no mesmo ano.
A HISTRIA
Por aqui circularam as maiores riquezas do pas
Nos sculos XVII e XVIII, a diviso administrativa de Iguass, hoje municpio de Nova Iguau,
seguia critrios eclesisticos, ou seja, a igreja matriz assumia a responsabilidade jurdica e
religiosa, administrando as capelas secundrias: as freguesias. Sendo assim, Pilar, Meriti, Estrela
e Jacutinga, reas que atualmente ocupam parte do territrio de Duque de Caxias, pertenciam
Iguass.
A regio tornou-se importante ponto de passagem das riquezas vindas do interior: o ouro das
Minas Gerais, descoberto no momento de crise da lavoura aucareira, e o caf do Vale do
Paraba, que representou cerca de 70% de toda a nossa economia.
Com a implantao do transporte ferrovirio, na metade do sculo XIX, o quadro transformou-se
radicalmente. A estrada de Ferro D. Pedro II ligou a capital do Imprio ao atual municpio de
Queimados. A produo do Vale do Paraba passou a ser escoada por esta via, os rios e o
transporte terrestre deixaram progressivamente de serem usados e os portos fluviais perderam
importncia. A regio iguassuana entra em franca decadncia.
Meriti tambm ficou esquecida, nem a inaugurao da Estrada de Ferro Leopoldina (1886),
ligando a cidade do Rio de Janeiro Meriti apresentou mudanas nesse quadro. Para piorar, os
rios foram assoreados pelo desmatamento e pela expanso da ferrovia, transformando-se em
pntanos, fazendo surgir focos de doenas como a malria.
Na dcada de 40, o governo federal promoveu a limpeza de mais de seis mil quilmetros de rios e
construiu mais de 200 pontes na Baixada Fluminense. Com a inaugurao de novas estaes, em
1911, pela Estrada de Ferro Leopoldina multiplicaram-se as viagens, bem como o nmero de
passageiros em Gramacho, So Bento, Actura (Campos Elseos), Primavera e Saracuruna. Nesta
poca, Meriti ainda era distrito de Iguass. Com a construo da Rodovia Rio-Petrpolis, em
1928, Meriti voltou a prosperar.
CAMINHO DO OURO
No sculo XVIII, o centro econmico brasileiro transferiu-se para Minas Gerais. O ouro veio
substituir a plantao canavieira em crise, mudando o panorama da sociedade colonial.
Foi dada a largada para a corrida do ouro, que arrastou uma romaria de pessoas de vrios pontos
do Brasil: Nordeste decadente, vilas, sertes e at de outras naes europeias. A atividade febril
do sculo XVIII extraiu mais ouro das minas brasileiras, em sete dcadas de explorao, que em
mais de trs sculos de atividade aurfera da Amrica Espanhola.
Usando o caminho de Garcia Pais, que concluiu, em 1704, a primeira ligao direta entre o Rio de
Janeiro e Minas, os tropeiros homens que guiavam animais de cargas -, faziam o transporte do
ouro e de outras mercadorias at o Porto de Pilar. O porto destacava-se pela sua posio
estratgica, pois ficava margem do rio de mesmo nome e era navegvel em cerca de 12
quilmetros. A freguesia tinha um povoado prspero e sua igreja rivalizava, em luxo, com as
demais da regio das Minas Gerais. A viagem de barco era feita pela Baa de Guanabara,
subindo rio at o porto de Nossa Senhora do Pilar.
O Caminho Novo de Garcia Pais era mais longo e de difcil acesso, fazendo com que muitas
cargas fossem perdidas. Bernardo Soares de Proena abriu um novo caminho atravs do Porto
da Estrela. Com subidas mais suaves e com um percurso menor em quatro dias, Estrela assumiu
a rota obrigatria de todas as riquezas que circulavam na regio.
Entre 1761 e 1781, as minas de ouro tiveram uma queda sensvel em sua produo, mesmo
assim, Estrela continuava sendo o principal caminho para o interior. A inaugurao da 1 ferrovia
brasileira, ligando o porto de Mau Estao de Fragoso, em Petrpolis, contribuiu para a
mudana da realidade local. Outra estrada de ferro, a D. Pedro II passando por Maxambomba,
incluindo o assoreamento dos rios e a abolio da escravatura, decretou o fim do porto.
Sem a conservao necessria, os rios foram ficando cada vez mais assoreados, quase que
inviabilizando a navegao. No demorou para que a regio fosse transformada em rea propcia
proliferao de mosquitos, tornando-se praticamente inabitvel, tendo sua populao declinado.
EMANCIPAO
A histria de Duque de Caxias est diretamente ligada ao crescimento da cidade de So
Sebastio do Rio de Janeiro. O vai e vem de pessoas pelas terras determinaram vrias mudanas
no perfil da regio. Brs Cubas foi um dos primeiros nomes que receberam terras nessa regio.
Na segunda metade do sculo XV, comeou, de fato, o povoamento dos Vales de Iguau, Meriti,
Sarapu, Saracuruna e Capivari.
Com o aumento da populao, as lavouras de cana-de-acar, milho, feijo e mandioca
ofereceram riquezas aos proprietrios de latifndio. Em 1833, o povoado de Igua elevou-se
Vila e foram anexadas a ela as terras do atual municpio de Duque de Caxias. No sculo XIX, foi
instalado um trecho da ferrovia que ligava a cidade do Rio de Janeiro Estao de Meriti. Com a
abolio dos escravos em 1888, aconteceram vrios transformaes na vida econmica e social
da Baixada Fluminense. O saneamento dos rios foi abandonado, houve um atraso nas condies
propcias sade e vrias enfermidades surgiram. Entre elas, a malria e a clera.
A UCP, grupo formado por polticos, jornalistas e mdicos, lutou pela emancipao da Cidade.
O Rio Meriti separa o municpio de Duque de Caxias da cidade do Rio de Janeiro e o Rio Iguau
delimita Duque de Caxias de Nova Iguau. J o Rio Sarapu faz a diviso entre o 1 e o 2 distrito
e o Rio Saracuruna separa o 2 do 3 distrito.
Com a emancipao, o municpio recebeu grande incentivo em sua economia. Vrias pessoas,
oriundas principalmente do Nordeste do Brasil, chegavam ao Rio de Janeiro em busca de trabalho
e elegiam Duque de Caxias como residncia.
A ORIGEM DO NOME
Estao de Caxias
Meriti vinha ganhando melhorias feitas por Nilo Peanha como: bica dgua, saneamento,
calamento, postos de correio e telgrafos. Aos poucos, o nome Meriti do Pavor, como a
estao ferroviria era mais conhecida, no era mais compatvel com a antiga Meriti de abandono
e malria. Acompanhando os ventos da mudana, no dia 6 de outubro de 1930, Machadinho,
tendo ajuda de Jaime Fischer, Oswaldo Gamboa, Amrico Soares e Francisco Azevedo afixou a
placa como o nome de Caxias. Quatro meses depois, em 1931, foi criado o distrito de Caxias, 8
de Nova Iguau, que perdurou at 1943.
HOJE
Duque de Caxias ocupa o dcimo lugar na classificao estadual do IQM (ndice de Qualidade
dos Municpios), que analisa os noventa e dois municpios do estado do Rio de Janeiro. Segundo
a Fundao CIDE, a anlise geogrfica tem demonstrado que a oferta de bens e servios est
mais desenvolvida em determinados pontos do territrio, formando concentraes econmicas e
demogrficas, que geram, muitas vezes, acentuados desequilbrios regionais e inter-regionais. No
estado do Rio de Janeiro, esse quadro foi determinado, entre outros fatores, pelo histrico da sua
ocupao e da sua economia, pela carncia de infra-estrutura, assim como pela falta de
investimentos em pontos diferenciados do territrio, o que acarretou, conseqentemente, no
passado, o acentuado crescimento da Regio Metropolitana e, por outro lado, o incipiente
dinamismo da economia em grande parte dos municpios fluminenses. Importante frisar que a
anlise desta classificao, alm de demonstrar que o municpio um dos primeiros colocados
em qualidade, tem potencial para, na prtica da gesto pblica, auxiliar nas aes de
planejamento visando a melhoria das condies sociais.
A sade financeira de Duque de Caxias alimentada principalmente pelas altas receitas do ICMS
das empresas que vm crescendo a cada ano. No entanto, as pesquisas que medem o ndice de
Desenvolvimento Humano (IDH), ndices direcionados s anlises educacionais, de renda e de
longevidade de uma populao, indicam que o municpio o 52 do estado.
Segundo o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a elaborao do IDH
tem como objetivo oferecer um contraponto a outro indicador, o Produto Interno Bruto (PIB), e
parte do pressuposto que para dimensionar o avano no se deve considerar apenas a dimenso
econmica, mas tambm outras caractersticas sociais, culturais e polticas que influenciam a
qualidade da vida humana. A metodologia de clculo do IDH envolve a transformao das trs
dimenses pesquisadas em ndices de longevidade, educao e renda, que variam entre 0 (pior)
e 1 (melhor), e a combinao destes ndices em um indicador sntese. Quanto mais prximo de 1
o valor deste indicador, maior ser o nvel de desenvolvimento humano do pas ou regio. O valor
sntese do municpio de Duque de Caxias 0,753, valor estimado em mdio, mas ficando atrs de
municpios como Niteri, Volta Redonda, Iguaba Grande, Armao dos Buzios, Arraial do Cabo,
Mangaratiba, Cordeiro e Itaperuna.
Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), Fundao Cide, Programa das
Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Instituto de Planejamento e Pesquisas Aplicadas
(IPEA), DETRO,
Planejamento.
Secretaria
Municipal de
Servios
Pblicos,
Secretaria
Municipal de
Construo da FNM.
Em 1942, em pleno Estado Novo, a Fbrica Nacional de Motores (FNM) implantou suas bases em
Xerm, Duque de Caxias. O projeto ambicioso de colonizao e desenvolvimento industrial
comeou com a produo de motores de avies para fins militares. Era dado o primeiro passo
para uma poca de ostentao, luxo e crescimento.
A fbrica deixou marcas profundas na localidade, que o tempo ainda no conseguiu apagar. Por
onde se ande, ainda hoje fcil notar a importncia da FNM no crescimento do distrito. As casas
dos operrios, as vilas luxuosas dos engenheiros, o hotel construdo em estilo italiano, a igreja e a
delegacia so alguns exemplos do que representou a passagem da fbrica para a regio.
Na dcada de 40, comeou a construo da FNM. Os pioneiros encontraram pela frente barreiras
impostas pela prpria natureza: mata densa e uma rea pantanosa, que criava condies
propcias para a proliferao da malria. Isso obrigou a fbrica a construir uma carpintaria, onde
se confeccionavam caixes para os funcionrios que morriam contaminados.
Sob os horrores da II Guerra Mundial, comeou em ritmo intenso a produo dos motores de
avies Wright (450 HP), os mais modernos fabricados no pas. Um aeroporto foi construdo para
pouso e decolagem dos avies. Eles transportavam os motores das aeronaves que abasteciam a
guerra. Hoje, o mato encobriu a pista, mas o velho hangar ainda resiste ao do tempo.
Dois fatores contriburam na transformao da fbrica em sociedade annima, em 1947: o fim da
II Guerra Mundial e a compra da Fora Area Brasileira (FAB) de centenas de avies americanos,
exatamente iguais aos produzidos em Xerm. Atravs do Decreto Lei 8.699, de 16 de janeiro de
1946, que entrou em vigor um ano depois, acabava o perodo militar da FNM.
Comeava uma nova era na indstria e no distrito. Uma romaria de trabalhadores se dirigiu para a
regio em busca de emprego na estatal. A presena da FNM na vida do operrio era total. Foram
construdas duas vilas para os funcionrios: Santa Lcia e Nossa Senhora das Graas, alm de
um acampamento para os solteiros, no morro que ficava em frente entrada de Xerm. A fbrica
dava aos funcionrios toda a estrutura e facilidade. Foi construdo um posto mdico, escola para
os funcionrios, uma granja, que fornecia aves e porcos, alm de criao e abate de gado na
Fazenda So Loureno.
Na Vila dos engenheiros, o toque de requinte e luxo no foram esquecidos. So 13 casas que
circundam uma rea de vista privilegiada. Pedras decorativas nas escadas, lampies, lustres,
quadra de futebol de salo e piscina completavam o cenrio vivido pelos engenheiros. A igreja e o
hotel em estilo italiano -, tambm so construes que marcaram a fartura e a suntuosidade da
poca.
Em 1947, a FNM constri os primeiros caminhes brasileiros, aps ter assinado um contrato com
a fbrica italiana Isota Franchini, que cedeu licena especial para a produo dos veculos. Quatro
anos depois, a FNM firma contrato com a Alfa Romeu, de Milo, na Itlia, e substitui os modelos
ultrapassados pelos caminhes pesados: o Fenem D-9300.
Na dcada de 60, a Fbrica Nacional de Motores lanou, em Braslia, o Alfa Romeu JK, em
homenagem ao presidente da Repblica. O carro possua seis lugares, motor quatro cilindros, 110
cavalos de potncia, seis mil rotaes e cinco marchas para frente. A queda na produo, a m
administrao e, principalmente, o endividamento com o BNDES levou a venda da estatal para a
Alfa Romeu, em 1968.
Durante oito anos, a Alfa Romeu produziu carros de tradio, que levavam a sua marca.
Predominavam o arrojo e a elegncia de suas linhas. O que agradava em cheio boa parte da elite
brasileira.
A maior refinaria em complexidade do Brasil opera em Duque de Caxias: a Reduc. Ela foi
instalada, em Campos Elseos, 2 distrito, no dia 20 de janeiro de 1961, e foi o terceiro
investimento feito pela Petrobras no pas.
A Reduc ocupa uma rea de 13 milhes de metros quadrados e possui um faturamento anual de
aproximadamente US$ 3 bilhes, sendo responsvel pelo recolhimento anual de impostos para o
Estado do Rio de Janeiro de mais de US$ 500 milhes.
Estrategicamente localizada entre as principais rodovias brasileiras, o que facilita o escoamento
da produo, a Reduc produz 52 produtos diferentes decorrentes do processamento de petrleo e
gs natural, classificados como combustveis, lubrificantes, parafinas, petroqumicos, etc.
A unidade tem capacidade de refino de 242 mil barris/dia e possui o maior conjunto para produo
de lubrificantes do Brasil (80% da produo nacional). Sua capacidade de tancagem de 366
tanques, num total de 3 bilhes e 400 milhes de litros.
A refinaria abastece todo o Estado do Rio de Janeiro, parte de Minas Gerais e, por cabotagem
(navios), Esprito Santo e o Rio Grande do Sul. O produto brasileiro tambm atravessa fronteiras,
chegando aos seguintes pases: Estados Unidos, Peru, Uruguai, Argentina, Chile e Colmbia.
Tudo que se relaciona Refinaria de Duque de Caxias grandioso. S para se ter uma idia, a
obra consumiu 120 mil metros cbicos de concreto, 9,6 milhes de quilos de ferro, 300 mil metros
de tubulaes e empregou 7 mil homens. Caso formos incluir a barragem e a adutora, os nmeros
soltam para 7,6 mil operrios.
No dia 23 de julho de 1959, foi cravada a primeira estaca da obra. Ao todo, foram 35 mil dos
seguintes tipos: moldadas no local, pr-moldadas, madeira e metlica, atingindo 415 mil metros
de estacas, a mesma distncia entre Rio e So Paulo.
A construo da Refinaria de Duque de Caxias reuniu a maior concentrao de equipamentos da
Amrica do Sul, na montagem de uma unidade industrial e contou com mo de-obra-obra 100%
nacional.
Dentro do primeiro clculo, feito em 1959, a obra foi orada em 12 bilhes de cruzeiros, sendo
posteriormente majorada para 14 bilhes, por causa do reajuste do salrio mnimo.
Teixeira, Fernando de Azevedo, Edgard Sussekind Mendona, Roquette Pinto e Venncio Filho, o
documento fazia a defesa da escola pblica, gratuita e de qualidade para todos.
Armanda lvaro Alberto nasceu no Rio de Janeiro em 10 de junho de 1892. Sobre sua vida
particular, sua infncia ou casamento, pouco se sabe. Entretanto, as pesquisas realizadas por
estudiosos da educao, revelam que h nos arquivos uma substancial quantidade de
documentos a respeito de sua vida pblica e profissional.
Armanda lvaro Alberto vinha de uma famlia de intelectuais. Seu pai possua formao de nvel
superior em medicina. Possuidor de vocao para o estudo da qumica de explosivos, teve
destaque nessa rea. Ocupou cargos pblicos como mdico pesquisador, engajando-se no
projeto de saneamento do Rio de Janeiro, no final do sculo XIX e incio do XX, no combate
febre amarela. Faleceu no ano de 1908, ficando Armanda e o irmo lvaro Alberto aos cuidados
da me, Maria Teixeira. Esta, procedendo de famlia abastada, foi educada por governantas
francesas e professores particulares, alm do que repassou aos filhos a sua educao letrada.
lvaro Alberto, retomando os esforos de seu pai, fundou a Fbrica Venncio & Cia, em 1917,
uma fbrica de explosivos rupturita em Merity, na regio do atual municpio de Duque de Caxias.
Armanda, por sua vez, aos 25 anos de idade, morando no bairro do Flamengo, prximo ao
Colgio Jacobina instituio de ensino que tinha como pblico as mulheres da elite, onde ela
estudava , iniciou sua trajetria rumo ao magistrio. Seu crculo de amizades era composto pelas
famlias da elite carioca: Aguiar, Buarque de Almeida, Niemeyer, Osrio de Almeida, Rodrigues
Peixoto, Rios Bastos.
Professora Armanda dedicou-se as questes educacionais em prol das camadas menos
favorecidas. Influenciada pelas ideias pedaggicas de Pestalozzi e tambm pelos ideais
educacionais de Maria Montessori, em 1919, quando seu irmo atuava na Escola Naval tendo
sido transferido para Angra dos Reis, professora Armanda deu incio ali, ao ar livre, a uma escola
fundada atravs da aplicao das leis da psicologia educao das crianas, destinada aos filhos
de pescadores. Para essas crianas no existia escola pblica ou particular na regio e as aulas
daquela professora eram baseadas na autonomia dos educandos, na atividade espontnea e na
experincia pessoal das crianas, utilizando a liberdade, a criatividade, a individualidade e os
mtodos ativos.
Em 1920, as mulheres de elite, participantes do movimento feminista, fundaram a Associao
Crist Feminina. Armanda ingressou na Associao como scia fundadora e a sua participao
propiciou a ela um envolvimento maior com o movimento feminista. Ainda nesse ano, o irmo
lvaro a convidou para uma visita fbrica de explosivos da famlia em Merity.
Ao conhecer a regio e a realidade de pobreza e precariedade nas quais seus habitantes estavam
inseridos e, principalmente, considerando que no havia escola para a maioria das crianas,
professora Armanda criou, em 1921, a Escola Proletria de Meriti, posteriormente, Escola
Regional de Meriti. A escola destacou-se no cenrio da poca porque, assim como a experincia
educativa iniciada por Armanda em Angra dos Reis, adotava mtodos pedaggicos inovadores
baseados nos interesses da criana e promovia, atravs dos Crculos de Mes, a integrao da
escola com a comunidade.
Duque de Caxias, no ano da fundao da Escola Proletria de Meriti, ainda era distrito de Nova
Iguau. Armanda lvaro Alberto instalou a escola numa casa doada pelo Dr. Romeiro Jnior. As
crianas que a frequentavam eram todas carentes e ao chegarem pela manh, j encontravam o
tabuleiro de angu doce e o lato de mate que lhes eram oferecidos e que a professora Armanda
conseguia atravs de doaes dos comerciantes da regio, marcando o pioneirismo da
distribuio de merenda escolar. Foi a partir da que surgiu a idia da merenda escolar,
responsvel pelo apelido de Mate com Angu que a Escola traz at hoje.
A Mate com Angu obedecia aos mtodos montessorianos, sendo considerada como uma obra
revolucionria pelos eminentes educadores e intelectuais do pas. Mantida com recursos da
fbrica de explosivos da famlia lvaro Alberto, contava tambm com o auxlio da comunidade e
apoio pedaggico dos mais representativos mestres da Associao Brasileira de Educao. Em
1922, foi criada a Caixa Escolar Dr. lvaro Alberto, para a qual os moradores de Merity poderiam
tambm contribuir.
Na Escola no se davam notas, prmios ou castigos; desestimulava-se a luta pelos primeiros
lugares. Sade, trabalho, alegria e solidariedade norteavam a ao educadora da Escola. Desde
cedo, contou com bibliotecas, laboratrio, Crculo de Mes e escolinha de artes, aberta aos pais e
comunidade. Liberdade, responsabilidade, autoeducao e respeito ao desenvolvimento
biolgico e psicolgico do educando: aprender a fazer, fazendo, este era o lema da Escola.
importante destacar que a professora Armanda lvaro Alberto teve intensa atuao na
Associao Brasileira de Educao, fundada em 1924, tendo sido do Conselho Diretor da
entidade e presidente da Seo de Cooperao da Famlia. Muito atuante, liderou o debate sobre
a poltica editorial de livros para crianas, promovendo vrias atividades relacionadas com livros
infantis, alm de assinar manifestos em favor da melhoria desse tipo de publicao e defender a
importncia de uma poltica de bibliotecas populares e infantis. Em 1935, presidiu a Unio
Feminina do Brasil. Assim como seu marido, Edgar Sussekind de Mendona, Armanda foi
acusada de envolvimento com o movimento comunista e ficou presa por um perodo de oito
meses entre 1936/1937. frente da sua escola at 1964, professora Armanda defendeu de forma
severa uma escola de qualidade para todos sem discriminaes sociais, religiosas, sexuais ou
raciais.