O documento explica a origem e propósito da Palavra Semestral na Maçonaria Francesa do século XVIII, e como ela deveria ser corretamente trocada entre Maçons para provar a regularidade de suas Lojas. Originalmente criada pelo Grande Oriente de França em 1773 para limitar a visitação, consistia em duas palavras com a mesma inicial, funcionando como senha e contra-senha.
O documento explica a origem e propósito da Palavra Semestral na Maçonaria Francesa do século XVIII, e como ela deveria ser corretamente trocada entre Maçons para provar a regularidade de suas Lojas. Originalmente criada pelo Grande Oriente de França em 1773 para limitar a visitação, consistia em duas palavras com a mesma inicial, funcionando como senha e contra-senha.
O documento explica a origem e propósito da Palavra Semestral na Maçonaria Francesa do século XVIII, e como ela deveria ser corretamente trocada entre Maçons para provar a regularidade de suas Lojas. Originalmente criada pelo Grande Oriente de França em 1773 para limitar a visitação, consistia em duas palavras com a mesma inicial, funcionando como senha e contra-senha.
O documento explica a origem e propósito da Palavra Semestral na Maçonaria Francesa do século XVIII, e como ela deveria ser corretamente trocada entre Maçons para provar a regularidade de suas Lojas. Originalmente criada pelo Grande Oriente de França em 1773 para limitar a visitação, consistia em duas palavras com a mesma inicial, funcionando como senha e contra-senha.
Baixe no formato DOC, PDF, TXT ou leia online no Scribd
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 5
A PALAVRA SEMESTRAL: VAMOS TROC-LA?
Ir Adayr Paulo Modena
Deputado do Gro-Mestre da Grande Loja Manica do Estado do Rio Grande do Sul
norma contida no Ritual Escocs, de 1928, das GG LL
Brasileiras, que a Palavra Semestral deve ser trocada com o Cobridor da Loja que se visita, como prova da regularidade recproca entre o visitante e a visitada. Quando Aprendiz, indaguei: como que se processa esse trocar? Responderam-me que eu deveria dar ao Cobridor da Loja visitada uma falsa palavra, isto , inventada; caso ela fosse aceita ou recusada, haveria a prova da irregularidade ou regularidade da Loja. E, guisa de p-de-cal, me foi acrescentado: se a Loja for regular, o Cobridor no aceitar tal troca e voltar a pedir a Palavra e a sim! dars a verdadeira, aquela recebida na Cadeia de Unio. Ponderei que a explicao no abrangia todas as possibilidades, inclusive a do Visitante ser colocado no olho-da-rua, por irregular ou por metido a engraadinho... Ante o frio olhar do Mestre, calei-me... O tempo passou. Visitei muitas Lojas. Nunca foi necessrio trocar a Palavra Semestral com quem quer que fosse, embora a dvida de como proceder continuasse latente no subconsciente. At que um dia, ao longo das pesquisas e estudos, inesperadamente, nas ltimas pginas da obra A Simblica Manica de Jules Boucher l estava a resposta concisa invencionice que tentaram me impingir (e, sabe-se l, a quantos outros...). Ento, juntei o dito por Jules Boucher com outras leituras e, hoje, tantos anos passados, creio estar suficientemente informado para explicar, sem magister dixit, aos Aprendizes de agora, a verdade sobre tal assunto, vazada num texto simples, como eu gostaria de ter recebido em 1977/78. Buscando reunir as informaes essenciais compreenso do tema, situ-lo no tempo e resumir seus eventos desencandeantes, vejamos... A Maonaria Francesa do sculo XVIII de onde, em grande parte, o nosso Rito provm , foi prdiga em Graus, Ritos e Corpos: quase 400 Graus, mais de 50 Ritos e, englobando tudo isso, diversas Ordens e Obedincias. Evidentemente, todas digladiando-se por precedncias. No sentido de amplitude, no de entrecruzar caminhos, descaminhos e trilhas uma savana verbera Allec Mellor. Assim, l por 1770, existiam trs grandes Obedincias: duas Grandes Lojas, a da Frana e a Nacional de Frana, mais o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente (Grande e Soberana Loja
Escocesa de So Joo de Jerusalm), alm de vrios Grupos e Lojas
esparsas. No incio de 1773, buscando dar fim ao divisionismo, limitar o nmero de Graus e, segundo dizem, para impor suserania Maonaria Francesa, a maior parte da Grande Loja da Frana (e outras dissidncias) reestruturou-se como Ordem Real da Maonaria em Frana, gerando e dando luz em 24.05.1773 ao Grande Oriente de Frana, Obedincia que, em 28 de outubro daquele ano, empossa seu primeiro Gro Mestre, Felipe de Orleans, Duque de Charters (1). Afora a estranha personalidade de tal Gro-Mestre (2), o que importa assinalar o fato de que na data de sua posse nasceu a Palavra Semestral (3), criada para impedir a presena de Maons no filiados s reunies do GOF. Foi uma medida bem diferente daquela tomada em 1730 pela Grande Loja de Londres que, ao trocar a seqncia das colunas de BJ para JB, buscava impedir o acesso de profanos nas Lojas, em decorrncia das inconfidncias de Prichard, quando publicou nossos segredos num jornal londrino. Contrariamente, o GOF atingia os Maons, tentando obrig-los filiao na nova Obedincia, limitando o livre direito de visitao at ento vigente. Concludo o cenrio e vistas s motivaes que ensejaram o nascimento da Palavra Semestral, vejamos como ela foi planejada para ter eficcia, no sentido concebido por seus mentores, os quais, com inteligncia, uniram dois usos tradicionais: um militar, o da Senha; e o outro obreiro, o da Cadeia de Unio (4). Tais parmetros foram conjugados e, at hoje, mantidos em vigor nas Obedincias Escocesas da Europa, assim: a) A PS no UM s vocbulo, so DOIS, ambos com a mesma inicial; por exemplo: Luz/Lua, Sol/Saber ou F/Fora... Senha e Contra-Senha ou melhor, tal como se diz na Frana: so as palavras semestrais; b) Na Cadeia de Unio, uma palavra vai pela direita, a outra pela esquerda; e, pelo retorno aos ouvidos do Venervel, este diz do acerto da recepo: Justas e Perfeitas. Caso ocorra algum erro, o procedimento repetido at poder ser dado como correto.
luz do at aqui exposto, retornando indagao inicial de
comotrocar a Palavra Semestral com o Cobridor, bastaria que o visitante desse a Senha (uma palavra) e recebesse a Contra-senha (a outra palavra) para que, inegavelmente, ficasse estabelecida a regularidade de ambos. Ou seja, a do visitante e a da Loja. Tudo simples, sem invencionices, de forma inteligente!
Aqui poderamos dar por concludo este trabalho, mas
nossos leitores talvez ficassem com duas indagaes: 1) A implantao das Palavras Semestrais surtiu o efeito desejado? 2) Por que ns temos somente uma Palavra Semestral? Respondendo-as, ressalvando a existncia de divergncias entre os historiadores, podemos dizer que:
Na Frana, como vimos, a implantao das Palavras fazia parte de um
contexto obediencial e programtico que, no sentido hegemnico, no alcanou seu fim, pois a animosidade dos IIr, Lojas e Obedincias tidas por irregulares avolumou-se contra ao GOF que, embora enobrecido com um prncipe de sangue na titularidade do Gro-Mestrado, no conseguiu unificar a Maonaria Francesa, mas ficou com sua maior fatia No nosso caso, a existncia de uma s Palavra Semestral, em vez de duas, podemos creditar somente ao desconhecimento do tema, tanto por tradutores quanto por autoridades litrgicas, os quais por certo desconheciam a Histria da Franco Maonaria de Findel, que pg. 65, descrevendo uma iniciao de antanho, quase ao final diz: Era libertado da venda de seus olhos, mostravam-lhe as trs grandes luzes, colocavam-lhe um avental novo e davam-lhe o santo e a senha (o grifo nosso), conduzindo-o ao lugar que lhe correspondia no recinto da Assemblia. Santo-e-senha, segundo os dicionaristas, so palavras de mtuo reconhecimento.
Alis, fazendo-se um parntese, os nossos Vven recebem a
Palavra Semestral inserida num tringulo (?) e cifrada num cdigo primrio, para no dizer infantil, quando bem poderia ser criptografada no antigo alfabeto manico. Pelo menos assim, recordaramos com decifrar certos sinais inseridos no Painel de Mestre, alm de nos lembrar a ausncia da Prancheta em Loja. Concluindo, embora desagradando aqueles que buscam origens msticas e mgicas em tudo quando maonicamente nos cerca, vimos que a Palavra Semestral nasceu de uma contingncia nada esotrica. Alis, daquele contexto, convm ressaltar, se originou a forma democrtica de eleio dos Vven (5) - (apangio que o GOF at hoje ostenta e orgulhosamente relembra). No mais, acreditamos ter ficado evidente a forma equivocada de transmitir e trocar a Palavra Semestral, totalmente em desacordo com a tradio mais que bicentenria. Por fim, com a ltima Palavra Semestral distribuda pela CMSB, a do primeiro semestre de 2001, apressadamente julgamos ter
retornado ao tradicional molde de Senha Contra Senha. Ledo engano,
mas razo suficiente para reformatarmos este trabalho e continuarmos esperando que, um dia, a Palavra retorne forma originria. Caso isso no acontea o que bem provvel contentamo-nos em fazer a nossa parte: a de difundir mais uma informao sobre nossos Usos e Costumes, para proveito dos cultores das Tradies do R.E.A.A. . NOTAS 1- Sendo seus oficiais: o Duque de Montmorency Luxemburgo (Administrador-Geral); o Conde de Buzencois (Grande-Conservador (!?); o Prncipe de Rohan (Representante do GM); o Baro de Chevalerie (Grande Orador); o Prncipe de Pignatelly (Grande Experto). 2 Militante revolucionrio que, sob o cognome de Felipe-Igualdade, votou na Conveno pela morte de seu primo e Ir, o rei Luiz XVI. Alm disso, em quase vinte anos de mandato, poucas vezes presidiu os trabalhos do GOF; ao fim, renunciou e abjurou a Maonaria. Foi expulso da Ordem e sua espada foi quebrada em Loja. Acabou seus dias guilhotinado como contra-revolucionrio. 3- Segundo o Dic. De Frau Ablines (elencado na bibliografia), a Palavra nasceu em 23.07.1777, sob a alegao de que convencidos por uma larga experincia da insuficincia dos meios empregados para afastar os falsos Maons, acreditamos que o melhor que se pode fazer rogar ao Gro-Mestre que d a cada seis meses uma palavra, que se comunicar aos Maons regulares, por meio da qual se faro reconhecer nas Lojas que visitarem. 4- No era, e continua no sendo, um costume universal da Maonaria, pois presumidamente nasceu na Compagnonnage, corporao obreira do continente europeu que no penetrou na Maonaria de Ofcio Insular (Ilhas Britnicas); conseqentemente, a Maonaria de origem AngloSax no pratica a Cadeia de Unio, dizendo-a fora dos cnones manicos. 5- Os Mestres de Loja, como eram chamados naquela poca, tinham conseguido tornar-se donos de Lojas particulares, inamovveis at 24.05.1773. Nesta data, criado o GOF, foi usado pela primeira vez a expresso Venervel Mestre de Loja; e declarado que, da em diante, no se reconheceria o Mestre elevado quela dignidade, seno pela livre escolha dos membros da Loja. BIBLIOGRAFIA
A Franco-Maonaria Simblica e Inicitica Jean Palou.
A Simblica Manica Jules Boucher. Dicionrio da FM e dos F. Maons Ajec Mellor. Dic. Enciclop. de la Masonera Don Lorenzo Frau Abrines e Don Rosendo Ars Arferiu. Gr. Dic. Enciclop. de Maonaria e Simbologia Nicola Aslan. Jornal Le Monde, artigo publicado em 15.09.2000 Alain Bauer, Gro-Mestre do GOF. O R.E.A.A. Jos Castellani. Programa Radiofnico Domingo, 05.11.2000 Entrevista do Gro-Mestre do GOF, Alain Bauer. Revista A Renascena n 22 abril de 1998.