Estudo Dirigido - 1º Resumo
Estudo Dirigido - 1º Resumo
Estudo Dirigido - 1º Resumo
Primeiro Resumo
Karnal inicia sua discusso ressaltando as verdades difundidas nos livros didticos
de Histria e que encobrem outros vieses de verdades histricas. Delineia seu objetivo no
artigo, que o de apresentar os constructos utilizados para representar o continente latinoamericano, especificamente as reas de origem hispnica. Fala sobre as dores sempre
atreladas narrativa da invaso espanhola e que, de tal forma, passaram dos cronistas
europeus contemporneos conquista aos manuais didticos do sculo XX. princpio com a
viso de Corts e Pizarro e posteriormente com a imagtica do sofredor indgena de Las
Casas. Karnal ressalta que h entre eles sempre presente um elemento derrotista. Esse o
ponto da terceira parte de sua anlise, o mito dos vencedores e dos vencidos.
Desde Leopold von Ranke, a tradio cientificista pressupe a ideia de uma cultura
dominante, responsvel pela colonizao, a espanhola. Nesse cenrio, o ndio passou a mero
coadjuvante, presente apenas para figurar como receptculo da civilizao ibrica. No apenas
eram esses indgenas brbaros, mas tambm inferiores, dada a forma passiva pela qual
receberam a nova f espanhola. Nesse caso, o empirismo empregado por Ranke ao analisar
to somente documentos formais referentes a rebelies de ndios no o permitiu enxergar
sentido nas revoltas de nativos j convertidos contra seus conversores.
Outro historiador contemporneo Ranke, William Prescott, que escreve no contexto
da Guerra Civil americana, pondera dois lados do indgena sem, entretanto, confront-los.
Retrata o bom selvagem, que concomitantemente dcil, estranho e inferior. Por outro lado,
abre discusso sobre a civilidade e a urbanizao asteca, de maneira julga-lo com base nos
ideais dos estados do Norte dos EUA e da Europa. Em sua obra, a sociedade mexicana
valorizada contanto que seus elementos possam ser identificados com contrapartes europeias,
como as construes fluviais e de domnio sobre a natureza, bem como comparaes entre
seus armamentos.
J na dcada de 1950, Jacques Soustelle revisa o tema em A vida cotidiana dos
astecas na vspera da conquista espanhola, no qual cita diretamente Ranke e Prescott, mesmo
tendo analisado pessoalmente diversas fontes primrias. Inverte a leitura, colocando a
conquista dos astecas como uma fatalidade, vide que para ele haviam muitas similaridades
desses com a cultura europeia. Encara, assim, o Estado asteca como forte dentro de seu
contexto na Amrica, porm o descreve com base no conceito de estado-nao europeu. Ao
mesmo tempo, coloca a superioridade tcnica europeia como principal responsvel pela
conquista. Todas essas conceituaes negativas ou pessimistas foram assim passadas aos
manuais de Histria e aos livros didticos.
muitos povos posteriores, como aquela que construiu a metrpole de grande valor
arqueolgico e arquitetnico de Teotihuacn, cuja classe governante, por exemplo, j utilizava
o nhuatl, que viria a ser a lngua oficial dos astecas.
Alm dos olmecas e dos citados teotihuacanos, outros povos de alto nvel cultural
desenvolveram-se na regio, como os zapotecas e os maias, dentre muitos outros posteriores e
concomitantes que precederam a chegada europeia. Esses ltimos altamente complexos,
dividiam-se em dois estratos sociais, produziam uma imensa quantidade de material artstico,
e cultural e estendiam-se por uma extensa regio da Amrica Central, sendo considerados o
apogeu da Mesoamrica clssica.
interessante ressaltar que, apesar de sua complexidade, essas civilizaes
desaparecem sem motivo aparente. Sua alta cultura, no entanto, sobreviveu herdada por outros
povos que os seguiram. Na pritca, a realidade da Mesoamrica aps o declnio dos maias foi
uma sucesso de povos de relativa importncia, que, no entanto, no se mantinham
preponderantes por muito tempo.
No final do sculo XIII, um novo grupo, os astecas ou mexicas, chegou regio,
falando o nhuatl dos antigos teotihuacanos e dos importantes toltecas posteriores. Segundo
seus prprios textos, esses recm-chegados descendiam dos toltecas que viviam nas fronteiras
da Mesoamrica.
No pice de seu desenvolvimento, os astecas apagaram seu passado e forjavam sua
prprio origem e identidade com a extino de documentos anteriores, tanto polticos quanto
religiosos. Para substitu-os, foram desenvolvidas novas imagens do passado relacionadas ao
grupo ento dominante. O autor conta toda a histria como que para representar a
engenhosidade dos mexicas. Da mesma forma, ressalta que os mexicas tambm
reverenciavam organizao e governo ligados divindade, no caso o Quetzacatl dos toltecas.
Assim tambm, na reescrita de sua histria, os mexicas passaram a se enxergar como
descendentes dos toltecas e do prprio Quetzacatl. interessante ressaltar que as fontes
documentais posteriores construo de tal imagtica no a corroboram princpio, mas
somente mais de um sculo depois de sua chegada Mesoamrica, com a vitria sobre
Azcapotzalco e a independncia de sua senhoria do pagamento de tributos a esse.
Em anlise livre, esse posicionamento parece pouco diferir os historiadores mexicas
dos prprios cronistas espanhis, na medida em que substituram sua histria por uma
imagem verdadeira do passado de seu povo. Da mesma maneira a Histria foi contada pelos
vencidos, diminuindo a importncia e o potencial de outros povos.
sacerdotes, escribas etc. A terra ento era de propriedade comum dos calpulli, cujo produto
final era de propriedade da unidade poltica a qual estava submetido. No fim, todos que no
faziam parte dos pipiltin, eram macehualtin, independentemente se na cidade ou em zona
rural.
O autor passa a descrever a especializao do trabalho e os recursos naturais nos quais
se baseava a economia. Descreve ainda a escassa produo de instrumento e suas tcnicas
agrcolas, o que leva aos comerciantes. Essa classe, chamada de pochtecas, cuidavam do
comrcio interno e externo da regio e se organizava em verdadeiras guildas. Suas funes
perpassavam ainda pela administrao dos mercados e o o estabelecimento de padres de
troca, visto que os maiores eram tambm responsveis por comrcio e trocas com regies
distantes como a costa do Pacfico.
Outro quesito importante da sociedade asteca era sua religio, cuja venerao se fazia
ao Sol, terra, s foras da natureza e a um deus dual. Para esses, realizavam-se sacrifcios de
forma a manter a vida do Sol e assim evitar cataclismas e continuarem a sobreviver e
prosperar. Muito importante tambm a figura da Deusa Me e como era intensamente
cultuada pelos astecas, fato tambm percebido pelos espanhis quando de sua chegada e razo
para o sincretismo com a Virgem Maria, que gerou a forte devoo dos posteriores mexicanos
Virgem de Guadalupe.
Nas proximidades da invaso espanhola, Tenochtitln-Mxico, a metrpole asteca, era
o centro da Mesoamrica. Mesmo cidades que continuavam a ser controladas por seus
prprios senhores, pagavam tributo a ela e contavam com sua proteo sobre as estradas. Da
mesma maneira, o nhuatl se tornou a lngua comum em uma extenso regio da
Mesoamrica. Algumas poucas senhorias resistiram invaso dos mexicas, gerando guerras,
e, em regies mais distantes, longe da influncia direta dos mexicas, diversos povos
mantiveram suas prprias culturas.
J o autor John Murra inicia seu texto discutindo a falta de estudos arqueolgicos
referentes ao imprio inca prximo invaso de Pizarro. Segundo ele, o nico estudioso que
verdadeiramente se dedicou ao estudo da regio, ainda que de forma esparsa, foi Marcos
Jimnez de la Espada, que publicou diversas fontes relacionadas. Recentemente, houve uma
maior elucidao nas relaes dos grupos tnicos locais com os incas atravs dos estudos
litigiosos, demogrficos e tributrios das primeiras dcadas de domnio espanhol, mas o
trabalho maior ainda demanda ateno e dedicao.
Sobre as primeiras impresses dos espanhis no imprio inca, pode-se dizer que no
era nada do que espanhol algum houvesse tido como experincia, assim como o imprio era
mais rico em quantidade de pessoas e em suas habilidades do que poderia ser quantificado.
Ele relata como que uma gerao interia de europeus estavam familiarizados com os costumes
dos pagos e dos ndios ali existentes. Grande parte de objetos, como peas de cermica foram
minuciosamente estudadas, pois esses objetos datavam de perodos antigos, muito antes dos
incas. Os aspectos decorativos de outras tcnicas, especialmente a tecelagem que era a
principal arte dos Andes, foram catalogados, fotografados e preservados. Por volta de 1532, o
estado andino foi dominado e repartido, sendo assim as possibilidades de obteno de
conhecimento atravs da arqueologia dependentes dos relatos escritos daqueles que l
estiveram.
Murra diz que a paisagem dos Andes no se assemelhava a nada que j houvesse sido
visto ou ouvido antes pelos europeus. Nos Andes, as impresses eram sempre mais extremas.
O autor relata que no pas havia uma grande riqueza na quantidade de pessoas e em suas
habilidades, nas maravilhas tecnolgicas observveis, na metalurgia, na construo de
estradas, na irrigao e nos produtos txteis. Mesmo depois que os espanhois levaram tudo o
que desejaram, ainda parecia que nada havia sido tocado.
No texto Murra diz que o domnio do imprio estava sob o controle de um prncipe,
cerca de trs ou quatro geraes antes de 1532, e a fcil adaptao de variedades europeias e
africanas cultivadas nas condies andinas mostra como era natural e antigo o sistema
agrcola andino. relatado tambm no texto que a populao andina foi forada a buscar
recursos em locais mais distantes. As bruscas mudanas de temperatura deixaram a agricultura
andina em desvantagem, pois as noites eram glaciais e os dias tropicais. Em 1549, cada grupo
familiar possua grandes hortas de coca a uma distncia de trs a quatro dias de caminhada. As
folhas de coca quanto o sal eram partilhados por pessoas de fora da vizinhana. Em 15381539, cinco anos aps a invaso, as encomendas oferecidas por Pizarro seguiam o princpio
de que ao beneficirio no era concedida a terra, mas as pessoas dos dois senhores locais. O
que se pode dizer que o Estado inca deu continuidade s colonizaes complementares nos
Andes, mesmo que as novas dimenses tenham implicado dificuldades. O autor mostra que o
Estado controlava uma instalao manufatureira. As roupas constituam a mais importante
forma de arte andina, tinha uso poltico, rituais e militares, exigindo que fossem tecidas para o
Estado em grandes propores remetendo aos padres de produo industrial europeu do
sculo XVI. H indcios suficientes para afirmar que algo que comeou como um meio de
complementar o acesso produtivo a uma srie de pisos ecolgicos se transformaram em um
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