MacroHolanda PDF
MacroHolanda PDF
MacroHolanda PDF
1
“IT DOES REQUIRE MATURITY TO REALIZE THAT MODELS ARE TO BE
USED BUT NOT TO BE BELIEVED.” [Theil (1971), p.VI ].
2
Introdução
BIBLIOGRAFIA
Introdução
I.1 Macroeconomia
Capítulo 1
Agente Representativo
1. Modelo Básico
3
2. Economia com Governo
3. Economia Monetária
4. Ciclos Reais
5. Economia Aberta
6. Exercícios
Capítulo 2
Gerações Superpostas
3. Economia Aberta
5. Exercícios
Capítulo 3
Crescimento Econômico
1. Crescimento Exógeno
4
1.2 Ineficiência, Convergência e Divergência
3. Crescimento Endógeno
3.1 Modelo AK
5. Contabilidade do Crescimento
6. Exercícios
Capítulo 4
1. Curva IS
4. Curva LM
5
5.1. Moeda na Função Utilidade
7. Curva de Phillips
9. Exercícios
Capítulo 5
3. Modelo Novo-Keynesiano
5. Exercícios
Capítulo 6
6
2.3. Paridade da Taxa de Juros Real Descoberta
3. Condição de Marshall-Lerner
10. Exercícios
Capítulo 7
3. Imposto Inflacionário
4. Hiperinflação
4.1. Bolha
7
5. Equivalência Ricardiana
8. Exercícios
Capítulo 8
2. Equilíbrio Múltiplo
6. Inconsistência Dinâmica
Apêndice A
Equações Diferenciais
4. Histeresis
8
5. Exercícios
Apêndice B
5. Dinâmica Comparativa
6. Exercícios
BIBLIOGRAFIA
I) Geral
II) Clássicos
9
Introdução
I.1 Macroeconomia
10
dos 70, é a correlação positiva entre as taxas de câmbio nominal e real. Como explicar
esta não neutralidade da moeda? O crescimento e o ciclo são afetados pelo grau de
abertura da economia?
Agenda Keynes
Agenda Lucas
11
quando as regras mudam. A explicação desta proposição é tão simples que depois que
você entende você se pergunta: por que não pensei nisto antes? Admita que você jogue
futebol duas vezes por semana com seus amigos, e que sempre exista um time do lado
de fora esperando por sua vez para jogar. Num dia da semana a organização é a
seguinte: o time que ganha fica para o próximo jogo, e o time que perde sai. No outro
dia da semana a pelada tem outra organização. Na primeira partida vale o critério do
vencedor. Da segunda partida em diante, cada time, ganhando ou perdendo, joga apenas
duas partidas. O comportamento do jogador, que joga nos dois dias da semana, é o
mesmo? A resposta é óbvia: cada um de nós dança de acordo com a música.
A agenda Lucas fez uso de dois tipos de modelos que tinham sido previamente
desenvolvidos, mas que não faziam parte do treinamento dos macro-economistas até
meados da década dos 70. O modelo do agente representativo de Ramsey (1928), Cass
(1965), e Koopmans (1965) e o modelo de gerações superpostas de Samuelson (1958).
No início da década dos 80, Kydland e Prescott (1982) construiu um modelo,
baseado no arcabouço do agente representativo, para explicar o ciclo econômico, que
recebeu o nome de ciclo real, em virtude de o ciclo ser causado por choques
tecnológicos, ao invés dos choques nominais dos modelos de ciclo econômico da
agenda de Keynes. Este modelo influenciou toda uma geração de economistas por duas
razões. Em primeiro lugar porque não fazia uso de nenhuma hipótese casuística, como a
hipótese de rigidez de preços da agenda de Keynes. Em segundo lugar porque um
modelo de equilíbrio geral, na tradição de Arrow/Debreu, era capaz de produzir o
fenômeno do ciclo econômico. Todavia, boa parte da profissão não ficou convencida de
que os choques tecnológicos teriam a magnitude necessária para provocar os ciclos
econômicos. Nem tampouco que choques nominais da política monetária seriam
irrelevantes no ciclo econômico.
No modelo de crescimento econômico da agenda de Keynes, o modelo de
Solow, a taxa de progresso tecnológico, que determina a taxa de crescimento da renda
per - capita, no longo prazo, é uma variável exógena. Na área do crescimento
econômico, a agenda Lucas provocou o renascimento deste campo de pesquisa com dois
trabalhos que deram origem aos modelos de crescimento endógeno, um do próprio
Lucas (1988) e outro do Romer (1986), que têm como objetivo tornar endógena a taxa
de crescimento, de longo prazo, da renda per - capita.
12
Modelos nos quais o comportamento dos agentes seja invariante as políticas econômicas
devem ser vistos com cautela.
Os modelos derivados da solução de problemas de otimização supõem que os
jogadores tomem suas decisões conhecendo as regras do jogo, e são conhecidos na
literatura como modelos com microfundamentos. O prefixo micro vem da
microeconomia. Nestes modelos, os agentes maximizam sua função objetivo,
condicionados pelas restrições que estão sujeitos e pelo ambiente econômico em que
vivem.
Até que ponto os modelos baseados em regras de comportamento devem ser
descartados e usar-se apenas os modelos com microfundamentos? Se o único critério de
seleção de modelos fosse à estrutura teórica e sua fundamentação nos princípios básicos
da teoria econômica, os modelos baseados em regras deveriam ser descartados. Todavia,
mais importante do que a solidez teórica é a capacidade dos modelos explicarem os
fatos observados no mundo real. A evidência empírica ainda não permite uma resposta
definitiva sobre esta questão. Portanto, enquanto isto não ocorrer os dois tipos de
modelos devem fazer parte da aprendizagem em macroeconomia.
13
I.2 Ferramenta Matemática
Os modelos econômicos usam três tipos de linguagem: i) verbal; ii) gráfica e iii)
matemática. A linguagem verbal tem o benefício de ser mais accessível, porém muitas
vezes tem o custo de deixar de lado o rigor lógico. A linguagem gráfica tem o benefício
da facilidade de compreensão visual, mas às vezes pode-se incorrer no custo de deixar
que a mão desenhe gráficos que não obedeçam as propriedades do modelo. A linguagem
matemática tem o benefício do rigor lógico, mas o custo de aprendizagem das técnicas
matemáticas nem sempre é desprezível.
A ferramenta matemática dos modelos apresentados neste livro é aquela que
permite analisar os sistemas dinâmicos. Estes sistemas podem ser construídos com
variáveis discretas ou com variáveis contínuas. Neste livro usaremos os sistemas
dinâmicos com variáveis contínuas, que permitem sua representação gráfica nos
diagramas de fases. O sistema dinâmico de variáveis contínuas pode ser representado
por um sistema de equações diferenciais do tipo:
x& = F ( x, α )
F ( x, α ) = 0
x = x ( α)
x& = F x ( x − x )
14
A dinâmica comparativa tem como objetivo analisar a resposta das variáveis
endógenas às mudanças das variáveis exógenas e (ou) dos parâmetros do modelo. A
dinâmica comparativa permite saber não somente o que acontece com o novo equilíbrio,
mas também conhecer a trajetória de ajuste da economia. Os experimentos de dinâmica
comparativa em conjunto com a análise de estabilidade do modelo permitem que se
obtenham as proposições do modelo que podem ser refutadas empiricamente.
A diferença básica entre os modelos baseados em regras de comportamento e os
modelos com microfundamentos é de que nos modelos com microundamentos o sistema
de equações diferenciais é obtido da solução de um problema de otimização, a partir de
um hamiltoniano. Nos modelos construídos a partir de regras tal hamiltoniano não
existe. Adicionalmente, nos modelos com microfundamentos, a solução do problema de
otimização tem de satisfazer uma condição de transversalidade, que permite selecionar
entre várias trajetórias possíveis, que satisfazem as condições de primeira ordem, aquela
que maximiza a função objetivo do problema.
Este livro está organizado em quatro partes. A Parte I trata dos modelos com
preços flexíveis. A Parte II apresenta os modelos de preços rígidos A Parte III discute os
modelos de políticas monetárias e fiscais. A Parte IV é um apêndice matemático com
uma apresentação sucinta das técnicas matemáticas necessárias para a compreensão do
livro. Cada capítulo tem uma lista de exercícios. Muitos destes exercícios são baseados
na literatura citada na Bibliografia, embora a fonte não esteja documentada.
A Parte I, de modelos de preços flexíveis, contém três capítulos. O Capítulo 1
apresenta o modelo do agente representativo. O Capítulo 2 trata do modelo de gerações
superpostas. O Capítulo 3 é dedicado ao crescimento econômico.
O Capítulo 1 apresenta o modelo do agente representativo que se tornou, desde a
década dos 80, o carro chefe da macroeconomia com microfundamentos. O modelo do
agente representativo é aplicado a uma economia com governo e a uma economia
monetária. Nesta última analisa-se a questão da neutralidade da moeda com duas regras
de política monetária, numa o banco central controla o estoque de moeda e noutra ele
controla a taxa de juros nominal. Este capítulo apresenta também um modelo aonde o
agente defronta-se com a escolha consumo versus lazer e supõe uma função de
produção sujeita a choques tecnológicos. Estas duas hipóteses quando combinadas dão
origem ao modelo de ciclos reais. O calcanhar de Aquiles do modelo do agente
representativo é a economia aberta pequena. Este capítulo mostra que numa economia
aberta pequena o modelo do agente representativo necessita de hipóteses casuísticas, de
plausibilidade discutível, para que haja equilíbrio estacionário no mesmo.
O Capítulo 2 trata dos modelos de gerações superpostas, apresentando dois
modelos, um com vida infinita e outro com vida finita. O modelo de gerações
superpostas com vida infinita, aonde a cada momento do tempo nasce uma geração sem
nenhum ativo financeiro e, portanto, desconectada das gerações existentes, é aplicado a
uma economia com governo e também a uma economia aberta pequena. Este capítulo
mostra que o modelo de gerações superpostas, diferente do modelo do agente
representativo, pode ser aplicado numa economia aberta pequena sem que haja
necessidade de se fazer qualquer hipótese casuística. No modelo de gerações
superpostas com vida finita usa-se a hipótese simplificadora de que a probabilidade de
morte do indivíduo independe de sua idade.
15
O Capítulo 3 apresenta modelos da teoria do crescimento econômico, que têm
como objetivo explicar as causas que determinam o nível e a taxa de crescimento da
produtividade da mão de obra. No modelo de crescimento exógeno de Solow o consumo
não é deduzido a partir da alocação intertemporal dos recursos. Este capítulo apresenta o
modelo de Solow e também duas versões do modelo de crescimento exógeno com
microfundamentos, uma com o agente representativo e outra com gerações superpostas.
Os modelos de crescimento endógeno são apresentados tanto na versão sem
microfundamentos como na versão com microfundamentos. Este capítulo apresenta
também o arcabouço teórico da contabilidade do crescimento econômico.
A Parte II, de modelos com preços rígidos, contém três capítulos. O Capítulo 4
trata dos modelos keynesiano e novo-keynesiano. O Capítulo 5 é dedicado a análise da
flutuação econômica e da estabilização. O Capítulo 6 apresenta os modelos da
macroeconomia da economia aberta.
O Capítulo 4 trata da especificação de três equações dos modelos
macroeconômicos de curto prazo: i) a relação entre taxa de juros real e produto real, a
curva IS; ii) a relação entre a taxa de juros nominal e a quantidade de moeda, a curva
LM; iii) a relação entre a taxa de desemprego (ou o hiato do produto) e a taxa de
inflação, a curva de Phillips. A especificação de cada uma destas equações será feita por
dois enfoques. No enfoque keynesiano tradicional as equações são motivadas por regras
de comportamento, não fundamentadas em modelos de otimização. No enfoque novo-
keynesiano, com microfundamentos, as especificações baseiam-se na teoria
microeconômica. Os dois enfoques produzem não somente especificações distintas, mas
também previsões diferentes que podem ser testadas empiricamente.
O Capítulo 5 apresenta o equilíbrio e a dinâmica de quatro modelos com preços
rígidos. O primeiro tem uma curva IS, uma curva de Phillips, a regra de política
monetária é a regra de Taylor, e existe inércia da taxa de inflação. O segundo modelo
tem as mesmas equações do primeiro, mas não existe inércia na taxa de inflação. O
terceiro é o modelo novo-keynesiano sem inércia da taxa de inflação, e com a curva IS
derivada a partir da equação de Euler. No quarto modelo, o banco central controla a taxa
de crescimento do estoque de moeda, de acordo com a regra de Friedman, e existe
inércia tanto do nível de preços como da taxa de inflação. Embora esta regra não seja
adotada por nenhum banco central do mundo, o modelo tem algumas propriedades que
o torna atrativo do ponto de vista didático.
0 Capítulo 6 trata da macroeconomia da economia aberta. Este capítulo
apresenta os modelos de arbitragem dos preços dos bens e serviços que são objeto do
comércio internacional e das taxas de juros, doméstica e externa, dos ativos que
participam do movimento de capitais entre países. Em seguida deduz-se a condição de
Marshall-Lerner que estabelece as restrições para que haja correlação positiva entre a
taxa de câmbio real e a conta corrente do balanço de pagamentos. As especificações da
curva IS na economia aberta, que relaciona o produto real, a taxa de juros real e a taxa
de câmbio real são apresentadas para o modelo tradicional e para o modelo com
microfundamentos. Este capítulo analisa a determinação da taxa de câmbio real de
equilíbrio de longo prazo, a taxa natural de câmbio real, mostrando que a determinação
da taxa de juros natural é completamente diferente da sua determinação na economia
fechada. Este capítulo trata ainda da especificação da curva de Phillips na economia
aberta, que inclui a variação da taxa de câmbio real como um dos seus argumentos, e
conclui com a análise dos modelos de regime de câmbio fixo e de câmbio flexível.
A Parte III, de modelos de políticas monetárias e fiscais, contém dois capítulos.
O Capítulo 7 é dedicado a análise da restrição orçamentária do governo. O Capítulo 8
apresenta os modelos de teoria e política monetária.
16
O Capítulo 7 apresenta a restrição orçamentária do governo e vários tópicos que
podem ser analisados a partir deste arcabouço contábil. A restrição orçamentária do
governo resulta da consolidação das contas do Tesouro e do Banco Central. Ela permite
que se estabeleçam as condições para que a dívida pública seja sustentável. A taxa de
inflação pode ser interpretada como a alíquota do imposto inflacionário. Este capítulo
apresenta, então, diferentes alternativas para o cálculo do custo social deste imposto. A
patologia da hiperinflação é escrutinada com uma resenha dos diferentes modelos que
procuram explicar este fenômeno. As condições para que exista equivalência ricardiana
são devidamente analisadas neste capítulo, que ainda trata da teoria fiscal do nível de
preços e das condições de sustentabilidade do regime monetário.
O Capítulo 8 apresenta vários tópicos da teoria e política monetária. Em
primeiro lugar, cuida da determinação do preço da moeda como um preço de um ativo
financeiro, com seus dois componentes: fundamentos e bolhas. Em seguida, mostra a
possibilidade de equilíbrio múltiplo numa economia monetária, na qual um dos
equilíbrios a moeda não tem valor. Este capítulo prossegue tratando da questão da
indeterminação do preço da moeda quando o banco central adota uma regra de política
monetária rígida fixando a taxa de juros nominal, independente das condições vigentes
da economia. A quantidade ótima de moeda numa economia com preços flexíveis é um
tema clássico da literatura que não pode ser excluído de qualquer livro de
macroeconomia, a despeito de sua irrelevância na prática da política monetária. Este
capítulo analisa a armadilha da liquidez na sua versão moderna com o limite zero da
taxa de juros nominal. Trata também da inconsistência dinâmica, quando existem
incentivos para que as decisões tomadas no presente para o futuro não sejam levadas a
cabo. A inconsistência dinâmica faz parte do comportamento humano e tem implicações
para a política monetária. A suavização da taxa de juros pelos banqueiros centrais que
preferem não mudar bruscamente a taxa de juros, mas sim alterá-la gradualmente,
produzindo certo grau de inércia no comportamento da taxa de juros do mercado
interbancário é um fato estilizado. As conseqüências deste comportamento são
devidamente analisadas. Este capítulo mostra como o programa de metas de inflação,
um sistema adotado por vários bancos centrais do mundo depois de sua invenção pelo
Banco Central da Nova-Zelândia, pode ser incorporado no arcabouço dos modelos
macroeconômicos de curto prazo e analisa os procedimentos operacionais da política
monetária no mercado de reservas bancárias. Neste mercado o banco central tem um
papel dominante. Este capítulo mostra também como se pode introduzir a estrutura a
termo da taxa de juros nos modelos macroeconômicos de curto prazo. Este arcabouço
permite que se analise o efeito do anúncio do banco central com relação à taxa de juros
de curto prazo sobre o nível de atividade e a taxa de inflação da economia.
A Parte IV, um apêndice matemático, contém dois capítulos. O Apêndice
A é dedicado as técnicas de soluções de equações diferenciais. O Apêndice B trata da
teoria do controle ótimo.
O Apêndice A apresenta alguns resultados básicos de equações diferenciais
lineares, de primeira e de segunda ordem, e de sistemas lineares de equações
diferenciais de primeira ordem, que são largamente utilizados no texto.
O Apêndice B apresenta de maneira sucinta a teoria do controle ótimo, tratando
do problema básico de controle ótimo, do hamiltoniano e da condição de
transversalidade. Este apêndice discute ainda o controle ótimo com taxa de desconto e
horizonte infinito, o controle ótimo linear e analisa a dinâmica comparativa da solução
do problema do controle ótimo.
17
PARTE I: MODELOS COM PREÇOS FLEXÍVEIS
18
Capítulo 1
Agente Representativo
1. Modelo Básico
∞ ∞
∫ e − ρ t u (c ) L 0 e n t d t = ∫ e − ( ρ −n) t
u (c ) d t , ρ > n
0 0
k& = f (k ) − c − (δ + n ) k
k ( 0) = k o , dado
H = u (c ) + λ [ f (k ) − c − (δ + n) k ]
19
∂H
= u ' (c ) − λ = 0
∂c
∂H
λ& = ( ρ − n )λ − = ( ρ − n ) λ − λ [ f ' (k ) − (δ + n)]
∂k
∂H
= f (k ) − c − (δ + n) k = k&
∂λ
lim λ k e − ρ t = 0
t→∞
Esta condição afirma que a trajetória ótima deve ser tal que o valor presente do capital,
em termos de utilidade, deve ser igual a zero quando o tempo cresce de forma ilimitada.
Caso contrário, o agente poderia aumentar seu bem estar diminuindo a acumulação de
capital e consumindo seus recursos.
O agente representativo neste modelo tem que decidir, a cada momento do
tempo, se consome ou se poupa e investe na acumulação de capital. A segunda equação
das condições de primeira ordem é justamente a condição de arbitragem desta decisão.
Caso o agente decida poupar e investir um real a mais seu retorno será igual à
produtividade marginal líquida do capital: f ′(k ) − δ . Por outro lado, se o agente decidir
consumir este real seu retorno será igual à taxa de retorno no consumo, a taxa de
preferência intertemporal ρ , adicionado do ganho de capital, que neste caso é uma
perda, pois o preço do consumo, a utilidade marginal do consumo, diminui quando o
consumo aumenta. Em equilíbrio, a condição de arbitragem é dada por:
λ&
f ′(k ) − δ = ρ −
λ
λ& u ′′ (c )
u ′′ (c ) c& = λ& ⇒ = c&
λ u ' (c )
Sistema Dinâmico
u ' (c )
c& = [ρ + δ − f ' (k )]
u ′′(c )
20
k& = f (k ) − c − (δ + n ) k
u ′(c )
J =− f ′′( k ) < 0
u ′′(c )
f ′(k ) − δ = ρ
c = f ( k ) − (δ + n ) k
f ′( k G ) − δ = n
21
c& = 0
c c
k& = 0
k k
Figura1.1
c& = 0
c
k& = 0
co
ko k
Figura1.2
Experimento
22
ρ
ρ0
ρ1
tempo
Figura 1.3
c S
E1
Eo
co*
co*t
k
k o* k1*
Figura 1.4
A&
= ra + y − c − τ
L
23
B&
= rb + g − τ
L
a& = ( r − n ) a + y − c − τ
b& = ( r − n )b + g − τ
As soluções destas duas equações diferenciais, supondo-se que não haja jogo de
Ponzi, resultam nas restrições intertemporais dos setores privado e público:
∞
∫ ( c + τ − y ) dv
− ( r − n ) ( v −t )
a (t ) = e
t
∞
∫ (τ − g ) dv
−( r −n ) (v −t )
b (t ) = e
t
∞ ∞
∫ ∫
−( r −n ) (v −t ) −( r − n ) (v −t )
a (t ) − b (t ) + e ( y − g ) dv = e c dv
t t
Conclui-se, então, que a trajetória dos impostos é irrelevante para a decisão de consumo
do agente. A dívida pública não é considerada riqueza para os agentes desta economia,
pois da riqueza total a subtrai-se o estoque da dívida pública b.
No modelo do agente representativo com governo adota-se a hipótese de que o
orçamento do governo esteja sempre equilibrado: g = τ , onde g é o gasto do governo e
τ é um imposto do tipo soma total (lump sum, em inglês), que não distorce as decisões
do agente. Esta hipótese não é restritiva porque neste ambiente existe equivalência
ricardiana. Admita-se, também, que o bem estar do agente não seja afetado pelo gasto
do governo. O problema do agente representativo consiste, portanto, em maximizar
∞
∫
− ( ρ −n) t
e u (c ) d t
0
k ( 0) = k o , dado
24
A solução deste modelo é a mesma do modelo da seção anterior, exceto que a
equação de acumulação do capital contém os gastos do governo. O sistema dinâmico é
formado, então, pelas duas equações diferenciais:
u ' (c )
c& = [ρ + δ − f ' (k )]
u ′′(c )
k& = f (k ) − c − g − (δ + n ) k
c& = o
c
S
k& = o
S
k
k
Figura 1.5
Experimentos
Uma pergunta interessante neste modelo é saber o que acontece com a taxa de
juros quando o governo aumenta seus gastos. A Figura 1.6 trata do caso de um aumento
permanente, não antecipado, dos gastos do governo, de g0 para g1 . O consumo tem
uma redução instantânea e o estoque de capital permanece inalterado. A taxa de juros,
portanto, fica exatamente igual a que prevalecia antes do governo aumentar seus gastos.
25
c& = 0
c
g
g1
Eo
co k&(g o ) = 0
go c1
k&( g1 ) = 0 k
0 tempo k
Figura 1.6
c& c = o
c
g
S
g1
Eo
c
k&( g o ) = 0
c(0 + )
go
k&( g1 ) = 0 k
k (T )
0 T tempo
k
S
Figura 1.7
26
c S
g
g1
c
k (g o ) = 0
c(0 + )
go
k&( g1 ) = 0
tempo
k (T ) k k
0 T S
Figura 1.8
A Figura 1.8 trata do caso em que o aumento dos gastos do governo é transitório
e não antecipado. No momento do anúncio o consumo diminui, mas de um valor
inferior ao aumento dos gastos. A poupança privada diminui e a acumulação de capital
também diminui. A redução do estoque de capital faz com que a taxa de juros aumente.
Quando os gastos do governo voltam ao seu nível inicial, no instante de tempo T, a
economia deve estar na antiga sela do modelo. Caso contrário, a condição de
transversalidade não seria satisfeita. A economia converge, então, para seu antigo ponto
de equilíbrio estacionário. Neste ponto, a taxa de juros permanece com o mesmo valor
que tinha antes da mudança de política. A conclusão que se chega é de que o aumento
dos gastos do governo afeta a taxa de juros, mas o aumento da taxa de juros é apenas
transitório.
c& = o
c
g
S
g1
c
k&( g o ) = o
go
S k
T1 T2 k (T2 ) k k (T1 )
o tempo k&( g 1 ) = o
Figura 1.9
27
A Figura 1.9 apresenta o caso de um aumento transitório, antecipado, dos gastos
do governo. No momento do anúncio o consumo diminui, a poupança aumenta e o
estoque de capital também aumenta. A taxa de juros, portanto, diminui. No momento
em que ocorre o aumento dos gastos do governo a poupança diminui e o estoque de
capital começa a declinar. Este processo continua até o momento final da política de
aumento dos gastos do governo. Neste momento, a economia deve estar na antiga
trajetória de sela do modelo. Caso contrário, a economia não convergiria para o
equilíbrio estacionário. Neste caso, a taxa de juros diminui inicialmente, depois ela
aumenta e volta ao seu nível inicial. A conclusão que se chega é de que as mudanças na
taxa de juros são apenas transitórias.
3. Economia Monetária
Esta seção tem como objetivo analisar como a moeda afeta o produto real, o
estoque de capital e o consumo da economia. Na primeira subseção o banco central
segue uma regra de política monetária de controle do estoque de moeda. Na segunda
subseção, o modelo da economia monetária tem uma regra de política monetária na qual
o banco central controla a taxa de juros nominal.
U (c, m) = u (c ) + v (m)
M&
y +τ = c + i +
P
Levando-se em conta que o investimento bruto (i) é igual ao acréscimo de capital ( k& )
mais a depreciação do mesmo ( δ k ), i = k& + δ k e que ( M& / P ) = m& + m π , a restrição
orçamentária pode ser escrita como:
y + τ = c + k& + δ k + m& + m π
28
A riqueza (a) do agente é igual a soma dos estoques de capital e moeda:
a = k + m . Logo: a& = k& + m
& . A restrição orçamentária do agente, em termos de fluxos,
mostra como varia sua riqueza:
a& = y + τ − c − δ k − π m
a& = f (k ) + τ − c − δ k − π m
e − ρ t [u (c ) + v (m )] d t
∞
∫ 0
sujeito às restrições
a& = f (k ) + τ − c − δ k − π m
a=k+m
a (0 ) = a o , dado
H = u (c ) + v (m) + λ [ f (a − m ) + τ − c − δ (a − m ) − π m]
∂H
= u ' (c ) − λ = 0
∂c
∂H
= v ' (m ) + λ [ f ' (k )(− 1) + δ − π ] = 0
∂m
∂H
λ& = ρ λ − = ρ λ − λ [ f ' (k ) − δ ]
∂a
∂H
= f (a − m ) + τ − c − δ (a − m ) − π m = a&
∂λ
29
lim λ a e − ρ t = 0
t→∞
v ' (m )
= f ' (k ) − δ + π
u ' (c )
Governo
M&
τ=
P
m& = m ( µ − π )
y = f ( k ) = c + k& + δ k
Sistema Dinâmico
u ' (c )
c& = [ρ + δ − f ' (k )]
u ′′(c )
k& = f (k ) − c − δ k
m v ′( m)
m& = ( µ + ρ ) m −
u ′(c)
Este sistema dinâmico tem a propriedade de ser separável, isto é, as duas
primeiras equações diferenciais podem ser resolvidas independentemente da última. No
30
estado estacionário, c& = 0, k& = 0 , o capital e o consumo não dependem da taxa de
inflação:
()
f ' k −δ = ρ ; ()
c = f k −δ k
No estado estacionário, a moeda neste modelo além de ser neutra é também superneutra.
A moeda é neutra quando mudança do estoque nominal da moeda não afeta o produto
real da economia. A moeda é superneutra quando uma mudança na taxa de expansão do
estoque de moeda não afeta o produto real da economia.
m& m&
0 m m
m m
Figura 1.10
lim m → o m v ′( m )
Quando o limite for positivo existe apenas um único equilíbrio, como mostra a Figura
1.10 b. Quando este limite for igual a zero m = 0 é um equilíbrio estacionário do
modelo, ou seja, nesta economia existe a possibilidade de que a moeda não tenha valor.
Alguns autores denominam esta situação de bolha. Todavia, ela não é uma bolha
propriamente dita, pois o valor dos serviços da moeda se aproxima de zero quando o
estoque real de moeda tende para zero. Esta proposição torna-se fácil de compreender
com a solução da equação diferencial do estoque real de moeda:
∞ mv ′( m)
m (t ) = ∫ e − ( µ + ρ ) ( x − t ) dx + C e ( µ + ρ ) t
t u ′(c )
31
a quantidade de equilíbrio quando o estoque nominal de moeda seja um dado do
problema.
u (c , m ) , u c > 0 , u m ≥ 0
u u cm
H = cc
u mc u mm
u cm = u mc , u cm ≥ 0 , u cc < 0 , u mm ≤ 0
H = u cc u mm − u cm
2
≥0
e − ρ t u (c , m ) dt
∞
∫ 0
sujeito às restrições:
a& = f (k ) + τ − c − δ k − π m
a=k+m
a (0 ) = a 0 dado
32
∂H
= uc − λ = 0
∂c
∂H
= u m + λ [ f k (− 1) + δ − π ] = 0
∂m
∂H
λ& = ρλ − = ρλ − λ [ f k (k ) − δ ]
∂a
∂H
= f (a − m ) + τ − c − δ (a − m ) − π m = a&
∂λ
lim λ a e − ρ t = 0
t →∞
O banco central fixa a taxa de juros nominal (R) adicionando à taxa de juros real
a taxa de inflação:
R = fk − δ + π
M& M& M
τ = = = µm
P M P
Álgebra
um
=R
uc
u mm dm + u mc dc = u c dR + R u cm dm + R u cc dc
que pode ser escrita, depois de reagrupar seus termos, como:
(u mm − R u cm ) dm = u c dR + (R u cc − u mc ) dc
33
Logo, a diferencial da equação de demanda de moeda, em termos percentuais, é dada
por:
dm uc R dR R u cc − u mc c dc
= +
m (u mm − R u cm ) m R u mm − R u cm m c
um
ε m ,R =
(umm − R u cm )m
Ru −u c
ε m ,c = cc mc
u mm − R u cm m
uc = λ
λ& − u cc c&
m& =
ucm
34
& &
(u mc − R u cc ) c& + (u mm − R u cm ) λ − u cc c = u c R&
ucm
Esta equação, depois de reagrupar os termos que multiplicam c& , pode ser reescrita
como:
u u u − R u cm &
u mc − mm cc c& + mm λ = u c R&
u cm u cm
λ& um
= ρ − fk + δ , e =mξ
λ R u cm − u mm
c& (R u cm − u mm )u c u cm m R&
= ρ − + δ + ξ
2
c c u cm( − u mm u cc )
f k
uc R
u cm m ∂ u c m
φ= =
uc ∂m c
35
Para simplificar a notação, o parâmetro σ (c , m ) é definido por:
(R u cm − u mm )u c
σ (c, m ) =
(
c u mm u cc − u cm
2
)
Sistema Dinâmico
c& R&
= σ (c, m ) f k − δ − ρ − ξ φ
c R
k& = f (k ) − δ k − c
R&
fk − δ = ρ + ξ φ
R
R& γ
=−
R ξφ
fk − δ = ρ − γ
λ&
= ρ − ( f k − δ ) = ρ − (ρ − γ ) = γ
λ
36
γ < ρ
A conclusão que se chega é que a política monetária não é superneutra. O banco central
pode escolher uma trajetória para a taxa de juros nominal e afetar o estoque de capital e
o produto no estado estacionário da economia.
4. Ciclos Reais
Y = A F (K , L )
é homogênea do primeiro grau nos fatores de produção, capital (K) e trabalho (L). A
letra A representa os choques de tecnologia.
A função utilidade do agente representativo é separável, em consumo (C) e lazer
(l) :
u (C ) + v(l )
L+l=t
Y = C + I = C + K& + δ K
K& = A F (K , L ) − C − δ K
L+l=t
37
K (0 ) = K o , dado
H = u (C ) + v (t − L ) + λ [AF (K , L ) − C − δ K ]
∂H
= uc − λ = 0
∂C
∂H
= − v l + λ A FL = 0
∂L
∂H
λ& = ρ λ − = ρ λ − λ ( A FK − δ )
∂K
∂H
= A F (K , L ) − C − δ K = K&
∂λ
lim λ K e − ρ t = 0
t →∞
uc = λ
v
A FL = l
λ
λ& = λ [ρ − A F + δ ]
K
K& = A F ( K , L ) −C −δ K
L + l = t
lim t →∞ λ K e − ρ t = 0
38
A primeira equação, da igualdade entre a utilidade marginal do consumo e a variável de
co-estado, pode ser usada para substituí-la no sistema de equações. Esta substituição
produz o seguinte sistema:
vl
A FL = u
c
C& = u c [ρ − A F + δ ]
K
u cc
K& = A F (K , L ) − C − δK
L+l=t
lim t →∞ u c K e − ρ t = 0
A solução deste sistema será feita para o caso particular em que as funções de
produção, de utilidade do consumo e utilidade do lazer têm as seguintes formas
funcionais: F (K , L ) = K α L1−α ;U(C) = log C ; e v (l ) = β l . As derivadas parciais destas
funções são: F L = (1 − α ) K α L−α = (1 − α )(K / L )α , F K = α K α −1 L1−α = α (K / L )α −1 ,
u c = 1 / C , e v l = β . A produtividade marginal da mão de obra é igual à taxa marginal
de substituição entre lazer e consumo:
vl β
A FL = ⇒ ⋅ A (1 − α ) k α =
uc 1/ C
onde k é a relação K/L. Segue-se, então, que o consumo depende da relação k de acordo
com:
A (1 − α )
C= kα
β
C& k&
=α
C k
C& =
1/ C
[ρ − A FK + δ ]
− 1/ C 2
Logo, a combinação das duas últimas equações resulta na seguinte equação diferencial
para k:
k& 1
=
k α
[
Aα k α −1 − ρ − δ ]
Sistema Dinâmico
39
O sistema dinâmico deste modelo é formado pelas equações diferenciais:
&
k = Akα −
(ρ + δ ) k
α
A (1 − α ) α
α −1
&
K = A K k − k −δ K
β
1 α
αA 1−α α (1 − α ) A α A 1−α
k = ; K =
ρ +δ β [ρ + (1 − α )δ ] ρ + δ
(1 − α ) ( ρ + δ )
L=
β ( ρ + (1 − α ) δ
∂k& ∂k& ρ +δ
α A k α −1 − 0
J = ∂k& ∂K = α
∂K ∂K& (α − 1) A K k α − 2 − A α (1 − α ) A k α −1 − δ
∂k ∂K β
ρ +δ (1 − α ) (ρ + δ ) (ρ + (1 − α ) δ ) < 0
J = α A k α −1 −
α
Ak
α −1
(
−δ = −
α2
)
k
k
Figura 1.11
40
A Figura 1.11 contém o diagrama de fases da equação diferencial de k. Quando
&
k = 0 , k = k . Para valores de k maiores do que k , k diminui, ocorrendo o contrário para
valores inferiores, como indicado nas setas da Figura 1.11.
K
K& = 0
Figura 1.12
k& = 0
K K& = 0
S
E
k
k
Figura1.13
A Figura 1.12 mostra o diagrama de fases da equação diferencial de K. Quando
K& = 0 , tem-se que:
A (1 − α ) k α
K =
[
β A k α −1 − δ ]
As setas da Figura 1.12 mostram que para pontos acima desta curva K aumenta,
ocorrendo o contrário para pontos abaixo da curva.
A Figura 1.13 contém o diagrama de fases do modelo. A trajetória da sela SS
mostra que, para um dado valor inicial do estoque de capital, a economia converge para
o estado estacionário.
Experimentos
41
No modelo de ciclos reais o ciclo econômico é gerado pelo progresso
tecnológico. Um choque tecnológico positivo aumenta o parâmetro A. Um choque
tecnológico negativo diminui o parâmetro A. O choque positivo deve-se a avanços na
tecnologia que aumenta as produtividades dos fatores de produção. Os choques
negativos devem ser entendidos como restrições, em grande parte devido a razões
políticas, que impedem o uso eficiente dos recursos, pois não faz o mínimo sentido
imaginar-se que a sociedade desaprendeu o que sabia fazer. Para analisar as
conseqüências de mudanças no parâmetro tecnológico A podem-se fazer exercícios de
dinâmica comparativa, com mudanças permanentes ou transitórias, antecipadas ou não.
A Figura 1.14 trata de um aumento permanente, não antecipado, no parâmetro A.
A1
Ao
tempo
0
Figura 1.14
A Figura 1.15 descreve o exercício de dinâmica comparativa. O equilíbrio inicial
do sistema era no ponto E0 . O gráfico desta figura não mostra as curvas que passavam
por este ponto para não sobrecarregá-la. Quando ocorre a mudança tecnológica as
curvas de k& = 0 e de K& = 0 deslocam-se e passam agora pelo ponto E f . O capital
inicial era aquele que havia no ponto de equilíbrio inicial. A trajetória de sela SS leva a
economia ao novo equilíbrio estacionário, pois somente esta trajetória satisfaz a
condição de transversalidade. Neste novo equilíbrio, tanto o estoque de capital como a
relação capital/mão de obra aumenta. Todavia, no novo equilíbrio estacionário o
número de horas trabalhadas continua exatamente igual ao número de horas trabalhadas
no antigo equilíbrio. Isto é, na Figura 1.15 deve-se ter: K (1) / k (1) = K (0) / k (0) = L .
Durante o processo de ajuste, o número de horas trabalhadas não permanece constante.
Inicialmente o número de horas trabalhadas aumenta, pois a relação k diminui. Ao longo
do tempo, o número de horas trabalhadas diminui, até voltar ao seu equilíbrio
estacionário.
42
K k&( Ao ) = 0 k&( A1 ) = 0 K& ( A1 ) = 0
K (1)
Ef
K(0) Eo
S
k (0) k (1) k
Figura 1.15
A1
Ao
0 T tempo
Figura 1.16
43
k&( Ao ) = 0 k&( A1 ) = 0
K
K& ( A1 ) = 0
K(T)
K (0 )
k
k (T)
Figura 1.17
& α (ρ + δ )
k = A k − α k
A (1 − α ) α
K& = A K k α −1 − k − g −δ K
β
5. Economia Aberta
44
modelo da economia dependente um bem é comercializável e o outro não é objeto do
comércio internacional. A primeira questão que tem de ser tratada nos modelos da
economia aberta é como agregar estes bens. A próxima seção é dedicada a este tema.
Tabela 1.1
F (C x ,C y ) = C
[ ]
L = Px C x + Py C y + λ C − F (C x , C y )
∂L ∂F
= Px − λ =0
∂C x ∂C x
∂L ∂F
= Py − λ =0
∂C y ∂C y
45
∂F
P ∂C x
x =
Py ∂F
∂Cy
C = F (C ,C )
x y
Na solução deste sistema os consumos dos dois bens dependem, então, do preço relativo
e do consumo agregado:
C x = C x (Px / Py ,C )
C y = C y (Px / Py ,C )
Substituindo-se estas duas equações na função objetivo tem-se que o dispêndio mínimo
é dado por:
E = Px C x (Px / Py ,C ) + Py C y (Px / Py , C )
C = C xα C yβ
∂F
α −1 β
Px ∂C x α C x C y α Cy
= = =
Py ∂F α
β Cx Cyβ −1
β Cx
∂C y
Esta equação juntamente com a equação de agregação resulta nas equações de consumo
de cada bem:
β β
−
α α +β Px α +β 1
C x = C α +β
β P
y
46
α α
−
β α + β Px α +β 1
Cy = C α +β
α P
y
β β α β
−
α α + β Px α +β
β α + β Px α + β
P = E (C = 1) = Px + Py
β P α P
y y
β
α β
α+β α α +β
P = γ Px α +β
Py α +β
; γ =
α β
u = u (C )
O consumo agregado, por sua vez, é obtido por uma função que agrega os dois bens,
C = F (C X , CY )
A esta função de agregação está associado um nível de preços tal que a seguinte relação
seja válida:
P C = PX C X + PY CY
e − ρ t u (c ) d t
∞
∫ 0
a& = ra + y − c
A receita dos investimentos financeiros ( r a ) mais a renda de outras fontes (y) menos os
gastos de consumo (c) é igual a variação do patrimônio ( a& ) do agente. O valor inicial do
seu patrimônio, que pode ser positivo ou negativo, é dado. Isto é:
a (0) = a 0 dado
47
A taxa de juros numa economia aberta pequena é determinada pelo mercado
financeiro internacional e este país não tem condição de alterá-la. O país tanto pode ser
um credor líquido como um devedor líquido.
O hamiltoniano de valor corrente é dado por:
H = u (c ) + λ (ra + y − c )
∂H ∂u
= −λ =0
∂c ∂c
∂H
λ& = ρ λ − = ρλ−λr
∂a
∂H
= ra + y − c = a&
∂λ
lim t → ∞ λ a e −r t
=0
Álgebra
Derivando-se u ′(c ) = λ com relação ao tempo obtém-se u ′′(c ) c& = λ& . Dividindo-
se esta expressão pela precedente resulta:
u ′′(c ) λ&
c& = = ρ − r
u ′(c ) λ
c& = σ c ( r − ρ )
Sistema Dinâmico
c& = σ c (r − ρ )
a& = ra + y − c
48
∂c& ∂c&
∂a = 0 0
J = ∂c
∂a& ∂a& − 1 r
∂c ∂a
J =0
Este fato significa dizer que uma das raízes é igual a zero, produzindo o fato conhecido
na literatura pelo nome de raiz unitária. Este sistema dinâmico somente tem um
equilíbrio estacionário se, por acaso, a taxa de preferência intertemporal do agente
representativo for igual à taxa de juros internacional. Caso elas sejam diferentes existem
duas possibilidades. Quando a taxa de juros internacional for menor do que a taxa de
preferência intertemporal é vantajoso para os agentes tomar emprestado no mercado
financeiro internacional para financiar o consumo. Todavia, este comportamento não
será sustentável no longo prazo, pois a dívida cresce indefinidamente. Na segunda
possibilidade, quando a taxa de juros internacional for maior do que a taxa de
preferência intertemporal o país prefere postergar o consumo, poupar e aplicar seus
recursos no mercado financeiro internacional, tornando-se um país credor. Todavia, não
há nenhum mecanismo que impeça este país de se tornar dono do mundo,
eventualmente deixando de ser um país pequeno. A conclusão que se chega é de que o
modelo do agente representativo é incapaz de ser aplicado numa economia aberta
pequena, a menos que se esteja disposto a introduzir alguma hipótese sem
microfundamentos, como, por exemplo, uma taxa de preferência intertemporal variável
função do consumo ou um prêmio na taxa de juros que dependa do estoque da dívida
externa.
A Figura 1.18 contém o diagrama de fases da equação diferencial da riqueza
financeira. As setas indicam o que acontece com o movimento desta variável quando ela
está fora de equilíbrio. Quando, por acaso, a taxa de juros internacional for igual à taxa
de preferência intertemporal o consumo é constante. A Figura 1.18 mostra dois casos.
Num o país é credor internacional e no outro é devedor.
c a& < 0
a& = 0
a& > 0
c
a (0 ) o a (0 ) a
Figura 1.18
Experimento
49
A Figura 1.19 trata de um exercício de dinâmica comparativa, supondo-se um
aumento não antecipado e transitório da renda do agente representativo. O consumo
sofre uma mudança instantânea, no momento da mudança da renda, e permanecerá neste
novo nível indefinidamente. Parte do aumento transitório da renda será poupada, e o
agente terá um aumento permanente do seu patrimônio. Toda a dinâmica de ajuste está
descrita na Figura 1.20.
y (1)
y (o)
0 T tempo
Figura 1.19
c
a& ( y1 ) = 0
A a& ( y o ) = 0
c1
Ef
co
Eo
0 a(0) a(1)
Figura 1.20
50
t
∞ − ∫ 0 ρ (c ) ds
∫ e u (c ) dt
0
a& = ra + y − c
a (0 ) = a0 dado
∫ [ρ (c ) − r ] ds
t
S =
0
S& = ρ (c ) − r
∫ o [ρ (c )− r ] ds
t
∞ − ∞
∫ e −r t
e
u (c ) dt = ∫ e − r t e − S u (c ) dt
0 0
e − r t e − S u (c ) dt
∞
∫ 0
a& = ra + y − c
S& = ρ (c ) − r
a(0) = a0 dado
δ (0) = 0 dado
H = e − S u (c ) + λ (ra + y − c ) + µ (ρ (c ) − r )
∂H
= e −S uc − λ + µ ρ c = 0
∂c
∂H
λ& = rλ − = rλ − λ r = 0
∂a
51
∂H
µ& = rµ − = rµ + e − S u (c )
∂S
∂H
= a& = ra + y − c
∂λ
∂H &
= S = ρ (c ) − r
∂µ
Γ = λ eS
Μ = µ eS
Álgebra
A primeira equação das condições de primeira ordem pode ser escrita como:
Γ = uc + Μ ρ c
& ρ + Μ ρ c&
Γ& = u cc c& + Μ c cc
onde:
Γ
α (c, Γ) =
Γ − uc
uc c + ρc c
ρc
52
u c − ρ c u ( c ) / ρ (c )
ρ (c, Γ ) = ρ (c )
Γ
Sistema Dinâmico
Γ& = Γ [ρ (c ) − r ]
a& = ra + y − c
ρ (c ) = r
u (c ) ρ c (c )
Γ = u c (c ) −
r
r Γ ρc
J =
u ρ cc
u cc −
r
53
c
E
c Γ& = 0
S
c& = 0
Figura 1.21
A Figura 1.21 mostra o diagrama de fases do modelo. Nesta figura, o eixo
vertical mede o consumo e o eixo horizontal a variável Γ . A curva Γ& = 0 é horizontal
porque ρ (c ) = r . Quando c& = 0 , ρ (c, Γ) = r . É fácil verificar-se que nesta curva
∂ c / ∂ Γ < 0 . A sela SS é negativamente inclinada.
A Figura 1.22 contém a curva da taxa de preferência intertemporal, com as
hipóteses de que ρ c > 0 e ρ cc > 0 . Dado a taxa de juros internacional, esta curva
determina o consumo correspondente ao equilíbrio estacionário. Para que o modelo
tenha um ponto de sela, a taxa de preferência intertemporal deve aumentar quando o
consumo aumenta. Isto significa dizer que o rico deve ser mais impaciente do que o
pobre. Esta hipótese contraria o senso comum, pois se imagina que as pessoas pobres
devem ser mais impacientes do que as pessoas mais ricas. A conclusão que se chega é
de que o modelo do agente representativo, numa economia aberta pequena, não pode ser
resgatado com a hipótese de uma taxa de preferência intertemporal variável com o
consumo.
c
c
Figura 1.22
54
representativo numa economia pequena aberta. Uma solução alternativa é admitir-se
que exista um prêmio na taxa de juros externa e que este prêmio dependa de alguma
variável do modelo. Seja r ∗ a taxa de juros real internacional, b o estoque da dívida
externa na moeda internacional (dólares, por exemplo), P* o nível de preços
internacional, P o nível de preços doméstico e S a taxa de câmbio. A taxa de juros
doméstica r seria igual à taxa de juros externa, mais um prêmio de risco que dependeria,
por exemplo, da relação dívida externa/produto interno bruto, de acordo com:
SP * b
r = r ∗ + p r , b > 0, p ′r > 0, p r′′ > 0
Py
A Figura 1.23 mostra a curva do prêmio de risco, levando-se em conta que a taxa de
câmbio real é definida por: Q = SP * / P . Quando a dívida é igual a zero ou negativa (a
economia acumula ativos internacionais), não há prêmio de risco.
r*
0 bQ
y
Figura 1.23
B& = R B + P c d + SP * c m − Y
B
b=
SP *
55
onde s& = d (log S ) / dt e π* = d (log P * ) / dt .
Dividindo-se ambos os lados da restrição orçamentária por SP* obtém-se, depois
de algumas simplificações, a seguinte restrição orçamentária:
c + cm Q − y
b& = r b + d
Q
onde
r = R − π ∗ − s&
e − ρ t u (c ) dt
∞
∫ 0
c = F (c d , c m )
Pc c = P c d + SP * c m
p c c = cd + Q cm
p c− y
b& = r b + c
Q
e − ρ t u (c ) dt
∞
∫ 0
bQ
r = r * + p r
y
b (0 ) = bo dado
56
O hamiltoniano de valor corrente deste problema é dado por:
p c − y
H = u (c ) − λ r b + c
Q
∂H p
= uc − λ c = 0
∂C Q
∂H ∂r
λ& = ρλ − = ρλ − λ r + b
∂b ∂b
∂H p c− y
= −b& = − c + r b
∂λ Q
A segunda equação das condições de primeira ordem pode ser escrita como:
λ& ∂r
= ρ −r −b
λ ∂b
Admitindo-se, por simplicidade, que a taxa de câmbio real não varia com o tempo, a
primeira equação das condições de primeira ordem quando derivada com relação ao
tempo, resulta em:
λ& u cc ∂r
= c& = ρ − r − b
λ uc ∂b
uc ∂r
c& = ρ − r − b ∂b
u cc
Sistema Dinâmico
uc ∂r
c& = ρ − r − b ∂b
u cc
p c− y
b& = c + rb
Q
57
bQ ∂r
ρ = r * + p r + b
∂b
b ()
y
y − pc c b Q
= ρ * + p r b
Q y
Neste modelo, a taxa de preferência intertemporal é maior do que a taxa de juros
externa e o país é um devedor internacional. O preço que tem de ser pago para que o
modelo do agente representativo, numa economia aberta pequena, tenha uma solução
estacionária, sem a igualdade das taxas de preferência intertemporal e de juros externa,
consiste na introdução de uma hipótese ad hoc sobre o prêmio de risco da taxa de juros.
Cabe ressaltar que a hipótese de prêmio de risco na taxa de juros não resolve o problema
do modelo do agente representativo da economia aberta pequena quando o país é credor
líquido internacional. Um prêmio de risco, positivo ou negativo, não faz o mínimo
sentido nestas circunstâncias.
6. Exercícios
β (t ) u (c ) dt
∞
∫ o
a& = ra + y − c
a (0 ) = a o dado
onde β (t ) é o fator de desconto do agente. Admita que para s > 0 , o agente decide
maximizar
β (t − s ) u (c ) dt
∞
∫ s
a& = ra + y − c
a (s ) = a s dado
Qual é a condição que o fator de desconto β (τ ) tem que satisfazer para que a solução
dos dois problemas seja a mesma?
e − ρ τ [u (c ) + v (m )]dt
∞
∫ o
sujeito à restrição:
58
M&
y +τ = c +
P
M (0 ) dado
onde os símbolos têm o seguinte significado: c = consumo; m = M/P = encaixe real de
moeda; y = renda; τ = transferências do governo; M = estoque nominal de moeda;
M& = dM / dt ; P = nível de preço.
a) Derive as condições de primeira ordem deste problema.
b) Analise o equilíbrio e a dinâmica deste modelo com a variável de co-estado (λ ) no
eixo vertical e a quantidade real de moeda no eixo horizontal.
c) Repita o item anterior, com o consumo no eixo vertical, ao invés da variável de co-
estado, e a quantidade real de moeda no eixo horizontal.
M&
Governo: τ =
P
Equilíbrio no Mercado de Bens e Serviços: c=y
M&
= cons tan te
P
Pode haver hiperinflação neste modelo? Pode haver hiperdeflação nesta modelo?
t +θ
M (t ) ≥ F (θ ) = ∫ C (s ) ds
t
a) Mostre que uma expansão de Taylor de função F(θ) pode ser expressa por:
F ′′(0 ) 2 C& (t ) 2
F (θ ) = F (0 ) + F ′(0 )θ + θ + K = C (t )θ + θ +K
2 2
b) Mostre que a restrição prévia de liquidez pode ser expressa, de forma aproximada,
por:
M (t ) ≥ θ C (t )
e − ρ t u (c ) dt
∞
∫ o
59
sujeito às restrições:
a& = f (k ) + τ − c − δ k − π m
m ≥c
k (0 ) e M (0 ) dados
e − ρ t u (c ) dt
∞
∫ o
sujeito às restrições:
M&
f (k ) + τ = c + k& + δ k +
P
m ≥ c + k& + δ k
k (0 ) e M (0 ) dados
e − ρ t [u (c ) + v (m )] dt
∞
∫ o
sujeito às restrições:
& &
(1 − τ ) (rb + y ) = c + B + M
P P
m (0 ) e b (0 ) dados
y =c+g
M& B&
g + r b − τ (rb + y ) = +
P P
60
O banco central aumenta o estoque nominal de moeda a uma taxa constante e a equação
diferencial do estoque real de moeda é dada por:
lim λ b e − ρ T = 0
T →∞
−ρ s
T
b (T ) = b (T ) e ρ T + ∫ f e ds e ρ T
t
lim λ b e − ρ T ≠ 0
T →∞
c) Suponha que
lim λ b e − ρT = 0
T →∞
9) Considere o modelo de ciclos reais com governo. O sistema dinâmico deste modelo é
dado por:
k& = A k α −
(ρ + δ ) k
α
A (1 − α ) α
K& = A K k α −1 − k − g − δK
β
61
a) Analise uma mudança permanente, não antecipada, nos gastos do governo.
b) Analise uma mudança permanente, antecipada, nos gastos do governo.
c) Analise uma mudança transitória, não antecipada, nos gastos do governo.
d) Analise uma mudança transitória, antecipada, nos gastos do governo.
∫ o ρ ( s ) ds
t
∞ −
∫ e u (c ) dt
o
a& = ra + y − c
a (0 ) = a o dado
Defina:
δ (t ) = ρ (s ) ds
t
∫ 0
Γ& = Γ [ρ (c ) − r ]
c& = α (c, Γ) [ρ (c, Γ ) − r ]
a& = ra + y − c
onde
Γ
α (c, Γ) =
Γ − uc
uc c + ρc c
ρc
u c − ρ c u ( c ) / ρ (c )
ρ (c, Γ ) = ρ (c )
Γ
a) Mostre que:
∂ρ (c, Γ )
α (c, Γ ) < 0 , <0
∂c
62
b) Calcule o determinante da matriz jacobiana do sistema formado pelas duas primeiras
equações diferenciais.
c) Que acontece nesta economia quando há um aumento da taxa de juros externa?
uc ∂r
c& = ρ − r − b ∂b
u cc
p c− y
b& = c + rb
Q
Q b
r = r ∗ + p r , b > 0, p ′r > 0, p ′r′ > 0
y
a) Analise a dinâmica deste modelo num diagrama de fases com o consumo (c) no eixo
vertical e o estoque da dívida (b) no eixo horizontal.
b) Analise o que acontece nesta economia quando ocorre uma mudança permanente
antecipada na taxa de câmbio real Q.
c) Analise o que acontece nesta economia quando ocorre uma mudança transitória
antecipada na taxa de câmbio real Q.
a) Mostre que:
U& = ρ (c )U − u (c )
b) Qual a interpretação econômica desta equação diferencial?
t
∞ − ∫ o ρ (c ) ds − n t
∫ e
u (c ) dt
o
k& = f (k ) − (n + δ ) k − c
k (o ) = k o dado
63
c) Analise o equilíbrio e a dinâmica deste modelo em um diagrama de fases com o
consumo (c) no eixo vertical e o capital (k) no eixo horizontal.
d) O que acontece neste modelo quando a taxa de crescimento da população (n)
diminui?
e) O que acontece neste modelo quando a taxa de depreciação δ aumenta?
e − ρ t u (c , z ) ) d t
∞
U = ∫ o
z (t ) = β e − β (t −τ ) c (τ ) dt
t
∫ −∞
a) Mostre que
z& = β (c − z )
∞
max ∫ e − ρ t u (c , z ) dt
o
a& = r a + y − c
z& = β (c − z )
a (0) = a o dado
z (0 ) = z o dado
b) Numa economia aberta pequena, qual é a condição para que haja equilíbrio
estacionário para o consumo?
e − ρ t u (c ) dt
∞
∫ o
a& = ra + y − c
a (o ) = a o dado
64
A taxa r é a taxa de juros externa.
∞
onde y p = ∫ o
e − rt y dt . Qual a interpretação deste resultado?
1
1−
σ
b) Admita que r ≠ ρ e u(c ) =
c
. Mostre que
1
1−
σ
a& = y − y p + σ (r − ρ ) W
∞
onde W = ∫ o
e − rt dt + a o . Qual a interpretação deste resultado?
Capítulo 2
Gerações Superpostas
65
se a hipótese simplificadora de que a probabilidade de morte do indivíduo independe de
sua idade.
O modelo de gerações superpostas com agentes de vida infinita supõe que a cada
momento do tempo nasce uma nova geração, que não é conectada com as gerações
previamente existentes. A taxa de crescimento das novas gerações é igual à taxa de
crescimento da população. Cada geração nasce sem nenhum ativo financeiro, mas com
capital humano igual as demais gerações. No instante t cada agente maximiza o fluxo de
utilidades ao longo de sua vida, descontado pela taxa de preferência intertemporal ρ
que é a mesma para todos os agentes. O agente maximiza, então, a integral
e − ρ (v − t ) u [c (s , v )] d v
∞
∫ t
a (s, t ) dado
∂H
λ& = ρ λ − = ρλ −rλ
∂a
∂H
= ω − c + r a = a&
∂λ
lim λ a e − ρ t = 0
t→∞
66
Função Consumo
1
1−
σ
u (c ) =
c
1
1−
σ
c& (s, v )
= σ (r − ρ )
c (s , v )
a (s , t ) + ∫ e − r (v − t )c (s , v ) dv
∞ ∞
e − r (v − t )ω (ν ) dv = ∫
t t
h (t ) =
∞
∫ e − r (v − t )ω (ν ) dv
t
Usando-se esta notação, a restrição intertemporal da geração s pode ser escrita como:
a (s , t ) + h (t ) = e − r (v − t ) c (s , v ) dv
∞
∫ t
67
c (s,ν ) = c (s , t ) e σ (r − ρ )(v −t )
e − r (v − t ) c (s , v ) dv = e − r (v − t ) c (s , t ) e σ ( r − ρ )(v − t ) dv = c (s , t ) ∫
∞ ∞ ∞
∫ ∫ e − [r −σ (r − ρ )](v − t ) dv
t t t
∞ c (s , t )
∫ e − r (v −t )c (s , v ) dv =
t r − σ (r − ρ )
c (s, t ) = θ [a (s, t ) + h (t )]
Agregação
s t
Figura 2.1
x (t ) = n P (s ) x (s , t ) ds =
t t
∫ ∫
−n (t − s )
ne x ( s , t ) ds
−∞ −∞
68
A Figura 2.2 mostra os pesos que são atribuídos a cada geração no processo de
agregação. As gerações mais velhas têm um peso menor, enquanto as gerações mais
novas contribuem com um valor maior, em virtude do tamanho de cada geração.
f (s)
n
f(s)ds
ds t s
n( s −t
Figura 2.2: f ( s ) = n e
c (t ) = n e n ( s − t ) c (s , t ) ds
t
∫ −∞
c (t ) = n e n ( s − t )θ [a (s , t ) + h (t )]ds
t
∫ −∞
c (t ) = θ [a (t ) + h (t )]
dc (t )
= n e n (t − t )c (t , t ) + n ∫ [(− n ) e ]
c (s, t ) + e n ( s −t )c& (s, t ) ds
n (s −t )
t
dt −∞
dc (t )
= n c (t , t ) − n c (t ) + ∫ n e n ( s −t ) σ (r − ρ )c (s, t ) ds
t
dt − ∞
69
que é equivalente a:
dc (t )
= n [c(t , t ) − c (t )] + σ (r − ρ ) c (t )
dt
c (t , t ) − c(t ) = θ [a (t , t ) + h (t ) − a (t ) − h (t )]
A hipótese de que cada geração ao nascer não tem ativos financeiros, a(t,t) = 0, quando
substituída na expressão anterior resulta em:
c (t , t ) − c(t ) = −θ a (t )
Logo:
dc (t )
= c& = σ (r − ρ ) c (t ) − n θ a (t )
dt
−∞
Derivando-se esta integral com relação ao tempo, com auxílio da regra de Leibnitz,
obtém-se:
da (t )
= n e n (t − t ) a (t , t ) + n ∫ [(− n ) e ]
a (s, t ) + e n ( s − t ) a& (s, t ) ds
n (s −t )
t
dt −∞
da (t )
= a& = (r − n ) a (t ) + ω (t ) − c (t )
dt
Produção
Nesta economia o único ativo que existe é o capital e k é a quantidade per capita
do mesmo. Logo, a=k e a& = k& . A taxa de juros r é igual à produtividade marginal do
capital:
70
r = f ′( k ) − δ
ω = f ( k ) − f ′( k ) k
onde f(k) é a forma intensiva da função de produção com retornos constantes de escala.
Fazendo-se as devidas substituições na equação de a& obtém-se:
k& = ( f ′( k ) − δ − n ) k + f ( k ) − f ′( k ) k − c
k& = f ( k ) − (δ + n ) k − c
Sistema Dinâmico
k& = f ( k ) − (δ + n ) k − c
∂c& ∂c&
∂k = ( f ′( k ) − δ − ρ ) − nρ
J = ∂c&
∂k ∂k& −1 f ′( k ) − δ − n
∂c ∂k
J =−n ρ <0
f ′( k ) − δ = ρ
71
no modelo do agente representativo. Portanto, existe a possibilidade de ineficiência
dinâmica. Para que este fato ocorra, a taxa de preferência intertemporal deve ser menor
do que a taxa de crescimento populacional, como desenhado no gráfico da Figura 2.3.
c
c& = 0
E
c
k
k GR k
Figura 2.3
b& = (r − n )b + g − τ
A solução desta equação diferencial, supondo-se que não exista jogo de Ponzi, é dada
por:
b (t ) = e − (r − n )( x − t ) (τ − g ) dx
∞
∫ t
a ( t ) = b (t ) + h (t )
72
O valor do capital humano é igual ao valor atual dos salários líquidos dos impostos
pagos:
∞
∫ (ω − τ ) dx
− r ( x −t )
h (t ) = e
t
∞ ∞
∫ (ω − g ) dx − ∫ (τ − g ) dx
− r ( x−t ) −r ( x−t )
h (t ) = e e
t t
∞ ∞
∫ (ω − g ) dx + ∫ − 1) (τ − g ) dx
−r ( x−t ) − r ( x −t ) n( x−t )
a (t ) = e e (e
t t
n
b(t )
r
Este componente, neste caso particular, depende da relação entre a taxa de crescimento
da população e a taxa de juros.
3. Economia Aberta
c& (s, v )
= σ (r − ρ )
c (s , v )
Numa economia que tivesse um único agente o consumo seria constante apenas no caso
raro da taxa de preferência intertemporal ser justamente igual à taxa de juros da
73
economia. Este fato aconteceria somente por acaso. Na economia com agentes
heterogêneos, no nosso exemplo, de gerações superpostas, o consumo per capita pode
ser estacionário, embora cada agente não tenha o consumo constante, como veremos
logo adiante.
Sistema Dinâmico
c& = σ (r − ρ ) c − n θ a
a& = (r − n ) a + ω − c
∂c& ∂c&
J = ∂c ∂a = σ ( r − ρ ) − nθ
∂a& ∂a& − 1 r − n
∂c ∂a
J = r [σ ( r − ρ ) − n ]
Para que este determinante seja negativo a seguinte desigualdade deve ser satisfeita:
n
r<ρ+
σ
Nesta hipótese, o sistema dinâmico tem um ponto de sela. Dois casos são possíveis,
como mostram as Figuras 2.4 e 2.5. Na Figura 2.4 a taxa de juros é maior do que a taxa
de preferência intertemporal. Na Figura 2.5 ocorre o contrário.
c& = 0
c
S
a& = 0
E
c
a
a
74
c
c& = 0 S
a& = 0
E
c
a a (o) a
Experimento
A Figura 2.6 supõe um experimento no qual a taxa de juros real externa aumenta
de modo permanente, não antecipado, de r0 para r1 . A Figura 2.7 mostra o que acontece
nesta economia supondo-se que a taxa de juros real seja maior do que a taxa de
preferência intertemporal. O país é credor líquido. No momento do aumento da taxa de
juros real as curvas que correspondem a c& = 0 e a& = 0 deslocam-se. A primeira para
baixo e para a direita, e a segunda para cima e para a esquerda. No novo ponto de
equilíbrio estacionário, o consumo e o estoque de riqueza serão maiores do que aqueles
que correspondiam ao equilíbrio estacionário previamente existente.
r1
ro
tempo
75
Figura 2.6
c&(ro ) = 0
( )
c& r1 = o
S
Ef a& (r1 ) = o
c1
a& (ro ) = o
co
A
S
a
ao a1
Fi
Figura 2.7
C& = σ (r − ρ ) C − η θ F
&
F = (r − n ) F + y − C
onde o consumo é representado pela letra C maiúscula e a riqueza financeira pela letra
F, e y é o produto da economia.
Uma economia aberta pequena, com perfeita mobilidade de capital, pode ter um
equilíbrio estacionário mesmo quando a taxa de preferência intertemporal seja diferente
da taxa de juros internacional, como mostram os diagramas de fases das Figuras 2.4 e
2.5. Na Figura 2.4 o país é credor líquido, enquanto na Figura 2.5 o país é devedor
líquido internacional.
A razão entre a riqueza financeira e o consumo será representada pela letra a:
a=F/C, e o valor de equilíbrio estacionário desta razão por a . A primeira equação do
sistema de equações diferenciais pode ser reescrita como:
76
C&
c& = = σ (r − ρ ) − η θ a
C
c& = σ (r − ρ ) − η θ (a − a )
ηθ
ρ =ρ+ a
σ
Neste modelo, no longo prazo, a taxa de juros natural será igual à taxa de juros
internacional. O ajustamento entre a taxa de preferência intertemporal e a taxa de juros
internacional, no longo prazo, ocorre pela mudança da razão entre a riqueza financeira e
o consumo, que pode ser positiva ou negativa, dependendo do grau de impaciência da
economia comparada com a taxa de juros internacional.
A curva IS da economia aberta pequena pode ser obtida combinando-se a taxa de
crescimento do consumo, num modelo de gerações superpostas com vida infinita, com o
enfoque da economia aberta que supõe que todo produto importado é usado como
insumo na produção doméstica. O dispêndio é a soma do consumo, dos gastos do
governo e das exportações. A aproximação logarítmica desta soma é dada por;
y = ω1 c + ω 2 g + ω 3 ex
onde levou-se em conta que o hiato x é igual à diferença entre o produto real e o produto
potencial. Admitiu-se também, por simplicidade, que a taxa de crescimento do produto
potencial seja igual a zero. A curva IS depende do hiato da taxa de juros real, do hiato
da razão entre a riqueza financeira e o consumo, das taxas de crescimento dos gastos do
governo, do produto mundial e da taxa de câmbio real. Um fato importante que deve ser
enfatizado nesta especificação da curva IS é de que a riqueza é uma variável que afeta
as decisões de dispêndio na economia.
No modelo do agente representativo as taxas de preferência intertemporal e de
juros internacional somente seriam iguais por acaso. Quando as duas taxas são
diferentes surgem oportunidades para arbitragem e o modelo do agente representativo
produz conclusões paradoxais: a economia aberta pequena torna-se dona do mundo ou
este país pequeno se endivida a tal ponto que tem que usar toda sua renda para pagar a
dívida externa. Tais conclusões paradoxais não existem no modelo de gerações
superpostas com vida infinita, pois a taxa de juros natural é igual à taxa de juros
77
internacional no longo prazo. A relação riqueza (dívida)/consumo ajusta-se para cobrir a
diferença entre a taxa de preferência intertemporal e a taxa de juros internacional.
O modelo de gerações superpostas com vida infinita supõe que os indivíduos são
imortais. Esta hipótese facilita as contas, mas agride os fatos. Infelizmente, a vida é
finita e sua duração imprevisível. Seja X uma variável aleatória que representa a duração
da vida com função de densidade de probabilidade dada por:
φ e − φ ( x − t ) , x ≥ t
f (x ) =
0, x<t
onde φ é um parâmetro positivo cuja interpretação será dada logo adiante. A função de
distribuição da variável aleatória X, que é definida pela probabilidade da duração da
vida do indivíduo ser menor ou igual a ν , é calculada pela integral:
F (v ) = P ( X ≤ v ) = φ e −φ ( x − t ) dx = 1 − e −φ (v − t )
v
∫ t
P( A ∩ B) f (v )
P( A / B) = =
P( B) 1 − F (v )
f (v ) φ e φ (v − t )
P( A / B) = = −φ (v −t ) = φ
1 − F (v ) e
Título Atuarial
No modelo com indivíduos com vidas finitas existe um problema com relação à
acumulação de riqueza do mesmo. No momento da sua morte a riqueza não pode ser
nem positiva nem tampouco negativa, ou seja, o indivíduo não pode morrer deixando
recursos, pois ele não tem herdeiros, ou morrer com empréstimos a pagar, porque ele
78
não tem ninguém que se responsabilize por seus atos. A saída para este problema é
admitir-se que existe uma empresa de seguros que pode emitir títulos atuariais,
vendendo os mesmos para os indivíduos, ou comprando este tipo de título dos
indivíduos.
Os títulos atuariais são títulos que permitem os indivíduos terem um retorno
maior do que a taxa de juros na sua riqueza, mas com a cláusula de transferir a riqueza
para a empresa de seguros no momento da morte. Quando o indivíduo emite um título
atuarial ele toma recursos emprestados e se compromete a pagar uma taxa de juros
maior pelo fato de que no momento da sua morte a dívida deixa de existir.
Qual o prêmio que a seguradora está disposta a cobrar dos indivíduos nestas
circunstâncias? Admite-se que o mercado de seguros seja competitivo e não existam
restrições a entrada de empresas neste setor. O lucro da empresa de seguros é igual a
zero. Logo, o prêmio do seguro é igual à taxa de mortalidade da economia, pois a
receita da empresa seguradora será igual à taxa de mortalidade vezes o valor dos ativos
que ela recebe dos indivíduos que morrem, φ a , e terá como despesa igual valor que
será transferido para os indivíduos que estão vivos.
Consumidor
sujeito à restrição:
a ( s , t ) dado
A taxa de retorno dos ativos nesta economia, para o indivíduo, é igual à taxa de juros
mais o prêmio do título atuarial, a probabilidade de morte do indivíduo.
O hamiltoniano de valor corrente deste problema é dado por:
79
∂H
= u ′ (c (s, v )) − λ = 0
∂C
∂h
λ& = (φ + ρ ) λ − = (ρ + φ ) λ − (φ + r ) λ
∂A
∂H
= (φ + r ) a (s, v ) + ω (v ) − c (s, v ) = a& (s, v )
∂λ
c& (s , v )
= σ (r − ρ )
c (s , v )
t ∫ t
onde a taxa de desconto é igual a soma da taxa de juros com o prêmio do seguro. O
valor presente dos rendimentos do trabalho será denominando capital humano do
indivíduo:
h (t ) = e − (φ + r )(v − t ) w (v ) dv
∞
∫ t
a (s , t ) + h (t ) = e − (φ + r )(v − t )c (s , v ) dv
∞
∫ t
80
O consumo individual cresce a uma taxa igual a σ (r − ρ ) . Logo:
c (s , v ) = c (s , t ) e σ (r − ρ )(v − t )
a (s , t ) + h (t ) = c (s , t ) dv
∞
∫ e −[ (φ + r ) −σ ( r − ρ ) ] (v − t )
t
c (s, t ) = θ [a(s, t ) + h (t )]
θ = φ + r − σ (r − ρ ) = φ + (1 − σ ) r + σ ρ > 0
Agregação
P (s, t ) = φ e −φ (t − s )
z (t ) = φ e − ρ (t − s ) z (s , t ) ds
t
∫ −∞
Consumo Agregado
c (t ) = φ e φ ( s − t ) c (s , t ) ds
t
∫ −∞
c (t ) = θ [a (t ) + h (t )]
81
A taxa de variação do consumo agregado é obtida aplicando-se a regra de
Leibnitz na fórmula de agregação do consumo. Isto é:
d c (t )
= φ e φ (t −t )c (t , t ) + ∫ φ (− φ ) e φ ( s −t )c (s , t ) ds + ∫ φ e φ ( s −t )c& (s , t ) ds
t t
dt −∞ −∞
dc (t )
= φ [c(t , t ) − c (t )] + ∫ φ e φ ( s −t )σ (r − ρ ) c (s, t ) ds
t
dt − ∞
d c(t )
= φ (c (t , t ) − c(t )) + σ (r − ρ ) c
dt
c& = σ (r − ρ ) c − φ θ a
Riqueza Agregada
a (t ) = φ e φ (s − t ) a (s , t ) ds
t
∫ −∞
da (t )
= φ e φ (t −t ) a (t , t ) + ∫ φ (− φ ) e φ ( s − t ) a (s, t ) ds + ∫ φ e φ ( s − t ) a& (s, t ) ds
t t
dt − ∞ − ∞
da (t )
= φ a (t , t ) − φ a (t ) + ∫ φ e φ ( s −t ) [(φ + r ) a (s, v ) + ω (v ) − c(s, v )]dv
t
dt − ∞
82
da (t )
= −φ a + (φ + r ) a + ω − c
dt
a& = ra + ω − c
Sistema Dinâmico
c& = σ (r − ρ ) c − φ θ a
a& = ra + ω − c
∂ c& ∂ c&
∂c ∂ Q σ (r − ρ ) − φθ
J = =
∂ a& ∂ Q& − 1 r
∂ c ∂ Q
ar ω
J = σ ( r − ρ ) r − φ θ = φθ ( − 1) = −
c c
r − f ′(k ) − δ
83
r a + ω = ( f ′(k ) − δ ) k + f (k ) − kf ′(k ) = f (k ) − δ k
c& = σ [ f ′(k ) − δ − ρ ]c − φ θ k
&
k = f (k ) − δ k − c
A análise deste sistema é semelhante a que foi feita para o caso do modelo de gerações
superpostas com vida infinita.
Economia Aberta
c& = σ (r − ρ ) c − φ θ a
a& = r a + ω − c
*
φθ a
r* = ρ +
σ c
Quando o país for credor a taxa de juros internacional é maior do que a taxa de
preferência intertemporal, r * > ρ , pois a > 0 . No caso do país devedor, a taxa de juros
internacional é menor do que a taxa de preferência intertemporal, r * < ρ , pois a < 0 .
Diferente do modelo do agente representativo, no modelo de gerações superpostas com
vida finita a existência do estado estacionário para o consumo não depende da igualdade
entre a taxa de juros internacional e a taxa de preferência intertemporal. A variável de
ajuste no modelo é a conta corrente do balanço de pagamentos, gerando déficits ou
superávits até que a razão entre o estoque de ativos e o consumo atinja uma certa
proporção.
b& = r b + g − τ
84
b (t ) = (τ − g ) dx
∞
( x −t )
∫ t
e −r
Esta restrição estabelece que o valor presente dos superávits primários futuros tem que
ser igual ao valor da dívida pública em poder do mercado.
A riqueza total do setor privado é a soma da riqueza financeira, na forma de
títulos públicos, mais o valor do capital humano:
b (t ) + h (t ) = b (t ) + ∫
∞
e − (φ + r )(v − t ) ( w − τ ) dv
t
O valor do capital humano, igual ao valor presente do salário líquido de impostos, pode
ser escrito do seguinte modo:
∞ ∞ ∞
h (t ) = ∫ e − (φ + r )(v − t ) ( w − τ ) dv = ∫ e − (φ + r ) (ν − t )
(ω − g ) d ν − ∫ e − (φ + r ) (ν − t )
(τ − g ) d ν
t t t
∞ ∞
b ( t ) + h ( t ) = b (t ) + ∫ e − ( φ + r ) (ν − t )
(ω − g ) d ν − ∫ e − ( φ + r ) (ν − t )
(τ − g ) d ν
t t
A riqueza total desta sociedade inclui uma parte do valor dos títulos públicos. Este fato
ocorre porque a taxa de juros que os indivíduos descontam os superávits primários é
diferente da taxa que o setor público desconta os mesmos. Isto é:
∞ ∞ ∞
∫ ∫ (τ − g ) d ν − ∫ e
− (φ + r ) (ν − t ) − r (ν − t ) − (φ + r ) (ν − t )
b (t ) − e (τ − g ) d ν = e (τ − g ) d ν
t t t
Quando o parâmetro φ for igual a zero, ou seja, a vida for infinita, a dívida pública não
será parte da riqueza da sociedade. Portanto, no modelo de gerações superpostas com
vida finita à equivalência ricardiana não é válida.
6. Exercícios
c1 ,t = ω t − s t
c 2 ,t +1 = (1 + rt +1 ) st
85
u (c1 , t ) + u (c2 ,t +1 ) , u ′ > 0 , u ′′ < 0
1
1+ ρ
s t = s (ω t , rt +1 )
∂s t
c) Mostre que: >0
∂ω t
∂st
d) Mostre que: ≥0
∂rt +1 <
e) Admita que a função utilidade seja dada por:
1− σ1
c ,σ ≠ 1
1 − 1
u (c ) =
σ
log c , σ = 1
Deduza a função poupança nestes dois casos e mostre que se σ > 1 ,
∂st
>0
∂rt +1
Y = F (K , L )
ω t = f (k t ) − k f ′(k )
rt = f ′(k t ) − δ
K t +1 − K t + δ K t = Lt s t
a) Mostre que
86
(1 − δ ) k t + st (ωt , rt n )
kt n =
1+ n
onde:
ω t = f (k t ) − k f ′(k )
rt +1 = f ′(k t +1 ) − δ
1
1−
σ
u(c ) =
C
1
1−
σ
f (k ) = A k α
c& = σ (r − ρ ) c − n θ a
a& = (r − n ) a + ω − c
Admita que a taxa de juros internacional seja menor do que a taxa de preferência
intertemporal. Mostre o que acontece nesta economia quando a taxa de juros
internacional diminui nas seguintes situações:
a) a mudança é permanente e não antecipada;
b) a mudança é permanente e antecipada;
c) a mudança é transitória e não antecipada;
d) a mudança é transitória e antecipada.
c& = σ [ f ′(k ) − δ − ρ ]c − φ θ k
&
k = f (k ) − δ k − c
87
Capítulo 3
Crescimento Econômico
1. Crescimento Exógeno
Y
Y= L
L
Yˆ
Yˆn = + Lˆ
L
88
onde o símbolo X̂ representa a taxa de crescimento da variável X: Xˆ = X& / X .
Admitindo-se que as taxas de crescimento da produtividade da mão de obra e da
população sejam constantes,
Yˆ
=g ; Lˆ = n
L
K& K& Y
Yˆω = =
K Y K
K& = I − δ K
I −δ K Y I /Y
Yˆω = = −δ
Y K K /Y
I K
=s ; =v
Y Y
A taxa de crescimento do produto real, denominada taxa garantida, é dada, então, por:
s
Yˆω = − δ
v
s
Yˆn = g + n ≠ − δ = Yˆω
ν
89
A taxa de crescimento natural do produto real depende da tecnologia enquanto a taxa
garantida é aquela que corresponde à plena utilização do capital, pois é uma
conseqüência da condição de que a poupança seja igual ao investimento para que o
mercado de bens e serviços esteja em equilíbrio. Se a taxa natural for maior do que a
taxa garantida ( Yn > Yω ) a taxa de desemprego cresce indefinidamente, ou aumenta
continuamente a taxa de utilização da capacidade instalada. Por outro lado, se a taxa
natural for menor do que a taxa garantida ( Yn < Yω ) há excesso de demanda de mão de
obra, ou diminui de modo sistemático a taxa de utilização da capacidade instalada. O
modelo de Solow supõe que os preços dos fatores de produção, capital e mão de obra, se
ajustam de sorte a resolver este problema.
Y = F (K, A L )
Y = C + I = C + K& + δ K
S=Y-C=Y- (1-s)Y = s Y
A& L&
=g , =n
A L
Álgebra
F (λ K , λ AL ) = λ F (K , AL)
1
λ=
AL
90
Y K AL K
y= = F , = F , 1 = f ( k )
AL AL AL AL
Y K
y= k=
AL AL
A função de produção f(k) deve obedecer às propriedades:
f ( 0) = 0
y = f (k ) klim f ' (k ) = 0
→∞
lim f ' ( k ) = ∞
k → 0
A primeira propriedade afirma que sem capital nada se produz, a segunda diz que a
produtividade marginal do capital tende para zero a medida que a quantidade de capital
cresce de modo ilimitado, a terceira propriedade impõe a condição de que a
produtividade marginal do capital tende para infinito quando a quantidade de capital
aproxima-se de zero. As duas últimas propriedades são conhecidas como condições de
Inada .
Dividindo-se ambos os lados da equação de equilíbrio do produto com o
dispêndio pela quantidade de mão de obra em unidades de eficiência tem-se:
Y −C K& δK
= +
AL AL AL
K&
s y= +δ k
AL
K&
k& = − (g + n) k
AL
s y = k& + ( g + n + δ ) k
Sistema Dinâmico
k& = s f (k ) − ( g + n + δ ) k
91
No estado estacionário, k& = 0 , a quantidade de capital de equilíbrio ( k ) é obtida
pela solução da seguinte equação:
()
s f k = (g + n + δ )k
s
Yˆw = − δ = g + δ = Yˆn
v
G(k) (g + n + δ )k
k
k*
Figura 3.1
Previsões e Experimentos
Previsão 1. No longo prazo a economia converge para k*, que independe das condições
iniciais do modelo.
92
k&
k
k*
Figura 3.2
G(k)
( g + n + δ )k
s1 f (k )
s o f (k )
k
* *
k o k 1
Figura 3.3
Previsão 2. Quanto maior (menor) a taxa de poupança maior (menor) a renda per capita
no longo prazo.
93
G(k)
η1 + g + δ
ηo + g + δ
k
k1* k o*
Figura 3.4
*
Y
= y * A = y * Ao e
gt
L
*
Yˆ
=g
L
Previsão 4. No longo prazo a taxa de crescimento da renda per capita depende apenas
da taxa de crescimento do progresso tecnológico.
A relação capital/produto é igual à razão entre o capital e o produto, ambos
medidos em termos de unidades de eficiência da mão de obra. No equilíbrio de longo
prazo estas duas variáveis são constantes. Logo, em equilíbrio, a relação capital/produto
é constante:
K * (K / AL ) * k *
= =
Y* (Y / AL ) * y *
Previsão 5. No longo prazo a relação capital/produto é constante.
No equilíbrio de longo prazo a taxa de juros é constante:
94
r* = f ' (k *)
ω * = f (k * ) − f ' (k *) k *
Segue-se, então, que o salário, por trabalhador, cresce a mesma taxa do progresso
tecnológico:
*
W
= ω * Ao e
gt
L
y*
k
k*
Figura 3.5
95
1.2 Ineficiência, Convergência e Divergência
c * = f (k *) − (g + n + δ ) k *
A regra de ouro, baseada na regra de conduta que preceitua que não se deve fazer com o
próximo aquilo que não se deseja para si, é obtida maximizando-se o consumo com
relação ao estoque de capital. Isto é:
dc *
= f ' (k *) − ( g + n + δ ) = 0
dk *
A taxa de juros que maximiza o consumo é igual a taxa de crescimento do produto real
da economia:
f ' (k g* ) − δ = g + n
onde k g* é o estoque de capital, por unidade de eficiência, que produz a regra de ouro.
O consumo, na regra de ouro, além de máximo, seria tal que a poupança o manteria
constante ao longo do tempo. Nenhuma geração estaria violando o preceito de conduta
mencionado, pois todas as gerações estariam deixando para as próximas aquilo que
tiveram.
A Figura 3.6 mostra graficamente a regra de ouro. O consumo é máximo quando
a tangente a função de produção for paralela a reta que passa pela origem e cujo
coeficiente angular é igual a g + n + δ . Se o estoque de capital da economia for maior
do que o estoque de capital que corresponde a regra de ouro, k > k g* , a taxa de juros real
será menor do que a taxa de crescimento do produto real, f ' (k ) − δ < g + n , e a
economia será ineficiente. A ineficiência dinâmica caracteriza-se, portanto, por uma
superacumulação de capital. Quando a economia é dinamicamente ineficiente, é
possível aumentar o bem estar para todos sem piorar o de ninguém, pois a economia não
é eficiente no sentido de Pareto. Numa economia ineficiente, a sociedade está poupando
demais, isto é, a redução de poupança aumentaria o consumo e o bem estar da
sociedade.
96
f (k)
( g + n + δ )k
y*
k
k g*
f ′(k ) k ( g + n + δ ) k
<
y y
αk =
f ′( k ) k
, s=
(g + n + δ ) k
y y
Convergência
k& f (k )
=s − (g + n + δ )
k k
97
elevado. No longo prazo ambos terão a mesma renda per capita e a mesma taxa de
crescimento do produto.
k&
2
k
E
g+n+δ
2 (1) k
k (0) k (0) k*
s1 f (k )
k& k
k
g+n+δ
s 2 f (k )
k
(1) 2 k
k* k**
k (0) k (0)
Taxa de Convergência
98
A taxa de convergência do modelo de Solow pode ser calculada de forma
aproximada com auxílio da expansão de Taylor da equação diferencial do modelo,
repetida aqui por conveniência:
k& = s f (k ) − (n + g + δ ) k
∂ k&
k& = k =k* (k − k *)
∂k
∂ k&
= s f ' (k ) − (n + g + δ )
∂k
Logo:
k& = [s f ' (k *) − (n + g + δ )] (k − k *)
s=
(n + g + δ ) k *
f (k *)
(n + g + δ ) f ' (k *) k *
k& = − (n + g + δ ) (k − k *)
f (k *)
f ' (k *) k *
k& = − 1 (n + g + δ ) (k − k *)
f (k *)
f ' (k *) k *
αk =
f (k *)
Logo:
99
Denominando-se por λ o coeficiente do desvio de k com relação ao seu valor de
equilíbrio,
λ = (1 − α k )(n + g + δ )
obtém-se a expressão:
k& = − λ (k − k *)
dy dk
= f ′(k * )
dt dt
y& = − f ' (k *) λ (k − k *) )
f ( k ) = f ( k * ) + f ′( k * ) ( k − k * )
y& = − λ ( y − y * )
k& = −λ (k − k *)
y& = −λ ( y − y *)
k (t ) − k * ≅ e −λ t (k (0 ) − k *)
y (t ) − y* ≅ e − λ t ( y (0 ) − y *)
α k = 1 / 3
n = 1%
g = 2%
δ = 3%
O parâmetro λ da taxa de convergência é igual a 4%:
100
2
λ = (1 − α k )( n + g + δ ) = (1 + 2 + 3) = 4%
3
Logo, com esta taxa de convergência a economia vai levar 17,5 anos para percorrer
metade do caminho: e λ t = e 0, 04 t = e 0.04 x 17 , 5 ≅ 2 , pois e − λ t = 1 / 2 .
s y* = (n + g + δ ) k *
dy * ds dk * d (n + g + δ )
+ = +
y* s k* n+ g +δ
dy * f ' (k *) ⋅ k * dk * dk *
= = αk *
y* f (k *) k* k
dy * ds 1 dy * d (n + g + δ )
+ = +
y* s αk y * n+ g +δ
dy * αk ds d (n + g + δ )
= −
y * 1−αk s n + g + δ
αk
log y* = (log s − log(n + g + δ ))
1−αk
Logo:
αk αk
−
1−α k 1−α k
y* = s (n + g + δ )
Admita que a taxa de poupança do país A seja quatro vezes a taxa de poupança
do país B: s A (país A) = 4 sB (país B). Suponha que a participação do capital em ambos
101
os países seja igual a um terço. Logo, α K /(1 − α K ) = 1 / 2 . A relação entre as rendas per
capita dos dois países seria, então, igual a:
1
y *A s A 2
=
y *B s B
−1 −1 1
y *A n A + g + δ 2
6 2
8 2
= = = = 1,15
y B* n B + g + δ 8 6
A conclusão que se chega com este exercício é de que a renda per capita do país
(A) com menor taxa de crescimento populacional é 1,15 maior do que a renda per capita
do país com maior taxa de crescimento da população
r = f ' (k )
dr = f ′′( k ) dk
dr f ′′ (k ) f dy f f ′′ dy
= =
r [ f ' (k )] y ( f ′) 2 y
2
f ⋅ f ′′ 1−αk
=−
( f ') 2
σ αk
Substituindo-se este resultado na expressão anterior conclui-se que:
102
dr 1−αk dy
= −
r σ αk y
1− α k
log r = − log y
σ αk
1−α k
−
rA y A σαk
=
rB y B
Elasticidade de Substituição
∆k
σ= k
∆τ
τ
τ /k
σ =
dτ / dk
103
K
τ
k
Figura 3.9
∂Y K
FL = = f (k ) + L f ' (k ) − 2 = f (k ) − k f ' (k )
∂L L
∂Y 1
FK = = L f ′( k ) = f ′( k )
∂K L
f (k ) − k f ' (k ) f (k )
τ = = −k
f ' (k ) f ' (k )
dτ f f ′′
=−
dk ( f ') 2
A relação entre a taxa marginal de substituição e k depende da participação do capital
no produto de acordo com:
τ f (k ) 1 1−α
= −1 = −1 = k
k f ' (k )k αk αk
104
A elasticidade de substituição é, então, facilmente obtida dividindo-se esta
expressão pela anterior:
(1 − α k ) / α k 1− αk ( f ')2
σ = = −
− f f ′′ αk f f ′′
( f ')2
A expressão usada no texto é uma forma alternativa de se escrever a equação anterior.
Isto é:
f f ′′ 1− αk
= −
( f ') 2
σ αk
dy * = α k ds − d (n + g + δ )
y * 1 − α k s n + g + δ
y& = (1 − α k ) (n + g + δ ) ( y − y *)
dr = − 1 − α k dy
r σα y
k
105
O modelo de Solow pode ser generalizado introduzindo-se o capital humano
como um dos fatores de produção. A função de produção depende, então, do capital
físico, do capital humano (H) e da mão de obra não qualificada. A acumulação do
capital físico mais a depreciação é igual a poupança, que é proporcional ao produto. A
acumulação do capital humano mais sua depreciação é igual à poupança direcionada
para esta finalidade. Esta poupança também absorve uma proporção do produto. O
progresso tecnológico cresce a uma taxa constante, o mesmo ocorrendo com a
população. O modelo é formado pelas seguintes equações:
Y = F (K , H , AL)
K& = s K Y − δ K K
H& = s h Y − δ h H
A& = g A
L& = n L
K H
,1 = f (k , h )
Y
y= = F ,
AL AL AL
Sistema Dinâmico
k& = s k f (k , h ) − (n + g + δ k ) k
h& = s h f (k , h ) − (n + g + δ h ) h
106
k& < 0 k
k h& = 0
k& = 0
h& > 0
h h
Figura 3.10
k h& = 0
S
E k& = 0
Figura 3.11
ŷ = α k k̂ + α h ĥ
Ŷ
= Â + ŷ = Â + α k k̂ + α h ĥ
L
107
^
Y s k f (k , h ) s f (k , h )
L = Â + α k − (n + g + δ k ) + α h h − (n + g + δ h )
k h
k& = f ( k ) − c − ( g + n + δ ) k
c = (1 − s) f (k )
Equação de Euler
1+ r
u ' (C t ) = u ' (C t +1 )
1+ ρ
108
u ' (C t +1 ) = u ' (C t ) + u ′′ (C t ) (C t +1 − C t )
1 + ρ u ' (C t +1 ) u ′′(C t )
= = 1+ (Ct +1 − C t )
1+ r u ' (C t ) u ' (C t )
u ′′(C t )
log (1 + ρ ) − log (1 + r ) = log 1 + (C t +1 − C t )
u ' (C t )
u ′′(C t )
ρ −r = (C t +1 − Ct )
u ' (C t )
u ' (C t )
C t +1 − C t = (ρ − r )
u ′′ (C t )
u ' (C )
C& = − (r − ρ )
u ′′ (C )
C& u ' (C )
=− (r − ρ )
C u ′′ (C ) C
1
1−
σ
u (C ) =
C
1
1−
σ
1 1
− 1 − −1
É fácil verificar que u ′(C ) = C σ e u ′′(C ) = − C σ . Logo, a taxa de crescimento do
σ
consumo é dada por:
C&
= σ (r − ρ )
C
109
A taxa de crescimento do consumo é positiva (negativa) quando a taxa de juros for
maior (menor) do que a taxa de preferência intertemporal. O consumidor prefere,
portanto, consumir menos (mais) no presente e mais (menos) no futuro se a taxa de
juros for maior (menor) do que a taxa de preferência intertemporal.
c& Cˆ A& Cˆ
= − = −g
c L A L
c&
= σ (r − ρ ) − g
c
r = f ' (k ) − δ
c& g
= σ f ' (k ) − δ − ρ −
c σ
Sistema Dinâmico
110
k& = f (k ) − c − ( g + n + δ ) k
c& g
= σ f ' (k ) − δ − ρ −
c σ
c * = f (k *) − (g + n + δ ) k *
f ' (k *) − δ = ρ +
1
g
σ
Neste modelo o capital inicial K(0) da economia é dado. Esta informação não é
suficiente para determinar a solução do sistema dinâmico de equações diferenciais. Uma
condição adicional é necessária. Esta condição, denominada condição de
transversalidade, estabelece que o limite do valor presente do estoque de capital (K/L)
de cada agente, avaliado pela utilidade marginal do consumo ( λ ), quando o tempo
tende para infinito, deve ser igual a zero. Isto é:
K (t )
lim t →∞ e − ( ρ − n ) t λ (t ) =0
L (t )
Se esta condição não fosse satisfeita o agente poderia aumentar seu bem estar
deixando de investir e alocando seus recursos no consumo. A utilidade marginal do
consumo, para a função com elasticidade de substituição constante, é igual a:
log λ = − (1 / σ ) log( C / L ) . O consumo no estado estacionário cresce a uma taxa g. Logo,
a utilidade marginal cresce a uma taxa igual a − g / σ . O estoque de capital, por
trabalhador, cresce a uma taxa igual a g. Logo, a condição de transversalidade é
satisfeita quando a seguinte desigualdade é obedecida:
g
ρ−n>g−
σ
que é equivalente a :
g
ρ+ > g+n
σ
Neste modelo, portanto, não existe ineficiência dinâmica, pois a taxa de juros será
sempre maior que a taxa de crescimento do produto real da economia (g+n).
A matriz jacobiana deste sistema dinâmico é dada por:
111
∂ c& ∂ c&
∂c ∂k 0 σ f ′′(k *) c *
J = =
∂ k& ∂ k& − 1 f ' (k *) − (g + n + δ )
∂ c ∂ k
J = σ f ′′(k *) c * < 0
c c& = 0
k* k
Figura 3.12
k& < 0
k& = 0
k& > 0
k
Figura 3.13
112
A Figura 3.13 contém o diagrama de fases da equação do capital. Ela corta o
eixo horizontal em dois pontos, na origem e num valor de k positivo. Abaixo da curva a
quantidade de capital aumenta e acima da mesma a quantidade de capital diminui.
A Figura 3.14 mostra o diagrama de fases do sistema dinâmico formado pelas
duas equações do modelo. Qualquer que seja o ponto inicial da relação capital mão de
obra, a economia converge para o ponto de equilíbrio na trajetória de sela representada
na Figura 3.14.
c c& = 0
c*
E
k& = 0
k
k*
Figura 3.14
f (k ) − c ( k )
Yˆ − Lˆ = Aˆ + α k ( − (g + n + δ ) )
k
Experimento
113
instantânea, e a economia descreve uma trajetória na nova sela do modelo. No equilíbrio
de longo prazo o consumo e o capital serão maiores do que seus valores anteriores,
porém a taxa de crescimento da economia continua, no longo prazo, sendo a mesma de
antes.
ρ0
ρ1
tempo
Figura 3.15
c S
E1
Eo
co*
c o*t
k
k o* k1*
Figura 3.16
no
n1
tempo
Figura 3.17
114
A equação de c& = 0, f ' (k *) = δ + ρ +
1
g , independe da taxa de crescimento da
σ
população, e, portanto, não sofre alteração, como indicado na Figura 3.18.
A equação de k& = 0, c = f (k ) − ( g + n + δ ) k , depende da taxa de crescimento
da população. Portanto, quando a taxa de crescimento da população diminui (aumenta),
para uma dada quantidade de capital, o consumo aumenta (diminui). A equação de
k& = 0 desloca-se para cima, como indicado na Figura 3.18. A redução da taxa de
crescimento da população acarreta um aumento instantâneo do consumo. A quantidade
de capital não se altera, nem tampouco o produto real da economia. A parte da
poupança que era destinada a manter o estoque de capital por trabalhador constante
agora vai para o consumo.
c& = 0
c S
c1*
c o* k&(n1 ) = 0
Eo
k&(no ) = 0
k
k*
Figura 3.18
C& (s ,t )
= σ (r − ρ )
C (s , t )
115
X (t ) = n P (s ) x (s , t ) ds
t
∫ −∞
X (t ) = n e n ( s − t ) x (s , t ) ds
t
∫ −∞
Este valor corresponde ao valor per capita da variável x porque a população foi
normalizada pelo valor um.
O consumo per capita desta economia povoada com indivíduos com vida infinita
é, portanto, igual a:
C (t ) = n e n ( s − t )C (s , t ) ds
t
∫ −∞
dC
dt
t
− ∞
[
= n e n (t −t )C (t , t ) + ∫ n (− n ) e n ( s −t )C (s, t ) + e n ( s −t )C& (s, t ) ds ]
que pode ser escrita, levando-se em conta a expressão de C& ( s, t ) , como:
C& = n ( C (t , t ) − C (t )) + σ ( r − ρ ) C
Nesta fórmula aparece o consumo na data t da geração que nasceu em t. Para calcular
este consumo é preciso usar a restrição orçamentária do indivíduo.
A restrição orçamentária, em termos de fluxos, do indivíduo que nasceu na data
s no momento t, estabelece que a variação do patrimônio a& ( s, t ) é igual à diferença entre
os rendimentos, dos juros dos ativos financeiros e do salário, e a despesa na aquisição
de bens e serviços de consumo:
a (s , t ) + ∫ e − r (v − t )ω (v ) dv = e − r (v − t )C (s , v ) dv
∞ ∞
t ∫ t
Esta restrição estabelece que o valor presente dos gastos do indivíduo é igual à soma do
valor dos ativos financeiros com o valor presente dos salários, que será representado
pela letra h. Substituindo-se a equação de Euler para a taxa de variação do consumo
nesta restrição, conclui-se que o consumo é proporcional ao total da riqueza do
indivíduo:
C (s ,t ) = θ [a (s ,t ) + h (t )]
116
O parâmetro θ é dado por:
θ = r + σ (ρ − r )
C (t ) = θ [a (t ) + h (t )]
C (t , t ) = θ [a (t , t ) + h (t )] = θ h(t )
C (t ,t ) − C (t ) = −θ a (t )
C& = σ (r − ρ )C − nθ a (t )
C&
= σ (r − ρ ) − n θ
k
C c
c& ˆ ˆ
= C − A = σ (r − ρ ) − n θ − g
k
c c
c& g k
= σ r − ρ − − nθ
c σ c
c& g
= σ f ′(k ) − δ − ρ − − n θ
k
c σ c
117
Sistema Dinâmico
k& = f (k ) − c − (g + n + δ ) k
c& = σ f ′ (k ) − δ − ρ − g − n θ k
c σ c
lim t →∞ e − ρ t λ (t ) K (t ) = 0
O capital per capita no estado estacionário cresce a uma taxa igual a g, a utilidade
marginal do consumo, também no estado estacionário, cresce a uma taxa negativa igual
a g / σ . A condição de transversalidade é, então, dada pela seguinte desigualdade:
g
ρ>g−
σ
que é equivalente a:
g
ρ+ >g
σ
g k
f ′( k ) − δ = ρ + + nθ
ρ c
A condição de transversalidade não garante que esta taxa de juros seja maior do que a
taxa de crescimento do produto real (g+n), que corresponde à regra de ouro. Logo, neste
modelo é possível ter:
g k
ρ + + nθ ≤ g + n
σ c
118
c c& = 0
c& > 0
c& < 0
k* k
Figura 3.19
A Figura 3.19 contém o diagrama de fases que corresponde à equação de c& = 0 :
ηθ k
c=
g
σ f ′ (k ) − δ − ρ −
σ
No diagrama da Figura 3.19 esta função tem como assíntota o capital k* que
corresponde à taxa de juros:
f ′(k * ) − δ = ρ +
g
σ
e o diagrama foi traçado supondo-se que não haja ineficiência dinâmica. A Figura 3.20
mostra o diagrama de fases do modelo completo. Qualquer que seja o capital inicial da
economia, a trajetória de sela conduz a economia ao estado estacionário.
c c& = 0
S
c
E
k
k k* k GR
k g
Figura 3.20: ρ + >n+ g + nθ
σ c
A Figura 3.21 contém o diagrama de fases do modelo quando existe ineficiência
dinâmica na economia. A taxa de juros é menor do que a taxa de crescimento do
produto real. Novamente, a trajetória de sela leva a economia ao estado estacionário,
qualquer que seja o ponto inicial do capital.
119
c
c& = 0
E
c
k
k GR k k*
g k
Figura3.21: ρ + + nθ < n+ g
σ c
f (k ) − c ( k )
Yˆ − Lˆ = Aˆ + α k ( − (g + n + δ ) )
k
3. Crescimento Endógeno
120
modelo onde o capital não tem retornos decrescentes. A segunda seção é dedicada a um
modelo onde a mão de obra não tem retornos decrescentes em virtude do processo de
acumulação de capital humano.
3.1 Modelo AK
k& = s f ( k ) − (n + δ ) k
é substituída pela função AK, na qual o único fator de produção é o capital. O símbolo
deste fator é o mesmo, mas sua interpretação é diferente. Ele deve incluir além do
capital físico o capital humano. A nova função de produção é especificada por:
Y =AK
k& = sAk − (n + δ ) k
y& k&
= = s A − (n + δ )
y k
Y&
= s A−δ
Y
121
A taxa de crescimento da produtividade da mão de obra depende da taxa de poupança
(s), do coeficiente tecnológico (A), da taxa de depreciação ( δ ), e da taxa de crescimento
da população (n). Admite-se que sA > δ + n . Nestas circunstâncias, um aumento da taxa
de poupança aumenta permanentemente a taxa de crescimento da produtividade da mão
de obra.
k& = s f ( k ) − (n + δ ) k
onde o parâmetro A que multiplica a quantidade de mão de obra tem, agora, uma
especificação completamente diferente. Este parâmetro é igual ao produto da fração de
tempo u que as pessoas dedicam ao trabalho vezes à quantidade de capital humano h
que cada trabalhador adquiriu no processo de investir parte do seu tempo, 1-u, em
capital humano. Isto é:
A (t ) = u h (t )
h&
= λ (1 − u )
h
A& h&
= = λ (1 − u )
A h
sf (k )
Yˆ − Lˆ = λ (1 − u ) + α k ( − (n + δ ) )
k
122
No modelo com microfundamentos, com agente representativo, a equação do
consumo é a equação de Euler:
c& = σ c ( f ' (k ) − δ − ρ )
f ' (k ) = A
k& = A k − c − (n + δ ) k
c& = σ c ( A − δ − ρ )
c&
= σ (A − δ − ρ )
c
deve ser igual as taxas de crescimento da relação capital/mão de obra e do produto per
capita:
k& c
= A − − (n + δ ) k = σ ( A − δ − ρ )
k k
= A − (n + δ ) − σ ( A − δ ) + ρ σ
c
k
= ( A − δ ) (1 − σ ) + σ ρ − n
c
k
Para que a relação consumo/capital não seja negativa a seguinte desigualdade deve ser
satisfeita:
( A − δ ) (1 − σ ) + σ ρ − n > 0
123
Como A − ρ − δ > 0 , esta desigualdade e a anterior produzem a seguinte hipótese:
A > ρ + δ > (σ − 1) ( A − δ − ρ ) + n + δ
Y&
Yˆ = = σ ( A − δ − ρ ) + n
Y
∂Yˆ ∂Yˆ
=σ >0 ; = −σ < 0
∂A ∂δ
∂Yˆ ∂Yˆ
= −σ ρ < 0 ; = A−δ − ρ > 0
∂ρ ∂σ
Yˆ − Lˆ = σ ( A − δ − ρ )
5. Contabilidade do Crescimento
124
quantidade de mão de obra (L), e do parâmetro A que mede a produtividade total dos
fatores de produção. Isto é:
Y = A F (K , L )
+ F (K , L )
dY dK dL dA
= A Fk + A FL
dt dt dt dt
onde um índice numa variável indica a derivada parcial da função F com relação a
variável representada no índice. Dividindo-se ambos os lados desta expressão pelo
produto e reorganizando cada termo de tal modo que apareçam as participações de cada
fator no produto, supondo-se que tanto o capital como a mão de obra são pagos pelas
suas produtividades marginais, a taxa de crescimento do produto é dada por:
1 dY A Fk K dK 1 A FL ⋅ L dL 1 F (K , L ) dA
= + +
Y dt Y dt K Y dt L Y dt
que pode ser escrita como
1 dY dK 1 dL 1 1 dA
= αK +αL +
Y dt dt K dt L A dt
onde:
AF K K AF L L
αK = ;αL = ;α K + α L = 1
Y Y
)
Usando-se o símbolo X para indicar a taxa de crescimento da variável X, a taxa
de crescimento do produto é igual a uma média ponderada das taxas de crescimento do
estoque de capital e da quantidade de mão de obra:
Yˆ = α K Kˆ + α L Lˆ + Aˆ
A diferença entre a taxa de crescimento do produto real e a média ponderada das taxas
de crescimento dos dois fatores, capital e mão de obra, representada pelo símbolo  , é a
taxa de crescimento da produtividade total dos fatores de produção. Esta taxa também é
conhecida como o resíduo de Solow.
( )
Yˆ − Lˆ = α K Kˆ − Lˆ + Aˆ
125
Levou-se em conta na obtenção desta expressão que a soma das participações dos
fatores no produto é igual a um.
dK 1 K& I − δK
Kˆ = = =
dt K K K
I /Y
Yˆ = α K − δ + α L Lˆ + Aˆ
K /Y
Tabela 3.1
αK 0,40
αL 0,60
3,0%
δ
20,0%
I
Y
1,0%
K
Y 2,5
)
L 1,5%
)
A 1,0%
Yˆ 3,9%
126
portanto, igual a 3,9% quando a taxa de crescimento do progresso tecnológico é de 1% e
a quantidade de mão de obra cresce 1,5%.
O trabalho clássico de Solow (1956), de contabilidade de crescimento, concluiu
que grande parte do crescimento econômico americano devia-se ao progresso
tecnológico. Desde então a pesquisa econômica tem procurado desvendar este segredo,
identificando outros fatores que tenham contribuído para o crescimento econômico. Um
dos candidatos é a educação. A função de produção depende, então, do progresso
tecnológico, da quantidade de capital, e da quantidade de mão de obra multiplicada pelo
grau de escolaridade da mesma (HL) onde H mede o capital humano da força de
trabalho. Em símbolos:
Y = A F (K , H L )
( ) )
Yˆ − Lˆ = α K Kˆ − Lˆ + α L H + Aˆ
6. Exercícios
1. Resolva o modelo de Solow quando as funções de produção são dadas pelas seguintes
especificações:
i) Cobb-Douglas: Y = K α ( AL )1−α
[ ]
1
Y = δ k −θ + (1 − δ ) AL−θ
−
ii) CES: θ
127
Mostre que o logaritmo da produtividade da mão de obra é dado por:
α α
log ( g + n + δ )
Y
log = log Ao + gt + log s −
L 1−α 1−α
s k f (k , h ) = (n + g + δ k ) k
s h f (k , h ) = (n + g + δ h ) h
Y αk αn αk
log = log Ao + g t + log s k + log s h −
L 1−αk −αn 1−αk −αn 1−αk −αn
αn
log (n + g + δ k ) − log (n + g + δ n )
1−αk −αn
k& = s k f (k , h ) − (n + g + δ k )k
&
h = s h f (k , h ) − (n + g + δ h ) h
128
E =θ K
L
Função de Produção: y = f (k )
Ativos: a=m+k
Poupança: S = s (y + τ − mπ )
Poupança Investimento: S = k& + δ k + m&
Demanda de Moeda: m = L(r ) k , L′ < 0
Taxa de Juros Real: ρ = f ′ (k ) − δ
M&
Política Monetária: m& = m (µ − π ) , µ = = cons tan te
M
onde y=Y/L, k=K/L, m=M/PL. Admita , por simplicidade, que a população é constante.
a) Analise num diagrama de fases, com k no eixo horizontal e m no eixo vertical, o
equilíbrio e a estabilidade deste modelo.
b) A política monetária é neutra, isto é, o nível do estoque de moeda afeta a renda per
capita?
c) A política monetária é super neutra, isto é, a taxa de crescimento do estoque de
moeda afeta o produto real?
129
PARTE II: MODELOS COM PREÇOS RÍGIDOS
Capítulo 4
130
Este capítulo trata da especificação de três equações dos modelos
macroeconômicos de curto prazo: i) a relação entre taxa de juros real e produto real, a
curva IS; ii) a relação entre a taxa de juros nominal e a quantidade de moeda, a curva
LM; iii) a relação entre a taxa de desemprego (ou o hiato do produto) e a taxa de
inflação, a curva de Phillips. A especificação de cada uma destas equações será feita por
dois enfoques. No enfoque keynesiano tradicional as equações são motivadas por regras
de comportamento, não fundamentadas em modelos de otimização. No enfoque novo-
keynesiano, com microfundamentos, as especificações baseiam-se na teoria
microeconômica. Os dois enfoques produzem não somente especificações distintas, mas
também previsões diferentes que podem ser testadas empiricamente.
1. Curva IS
( )
d = c (y − τ ) + i r − π e + g
y=d
( )
y = c( y − τ ) + i ρ e + g
ρ e = r −π e
A taxa de juros real esperada não é uma variável observável e há necessidade de
fazer-se alguma hipótese de como relacioná-la com variáveis que são observáveis na
economia. Como neste modelo não existe incerteza, pois as variáveis são
determinísticas, admite-se que a previsão seja perfeita. Isto é, a taxa de juros real
prevista é igual à taxa observada:
131
ρe = ρ
y = c( y − τ ) + i ( ρ ) + g
Esta equação corresponde à curva IS. A Figura 4.1 representa esta curva num plano em
que o eixo horizontal mede o produto real e o eixo vertical a taxa de juros real. A curva
é negativamente inclinada porque se a taxa de juros real aumenta (diminui) o produto
real tem que diminuir (aumentar) para manter o mercado de bens e serviços em
equilíbrio. Quando o produto for igual ao produto de pleno emprego a taxa de juros real
é a taxa de juros real ( ρ ) de equilíbrio de longo prazo, a taxa de juros natural da
economia. Esta taxa depende da política fiscal do governo e é afetada tanto pelo gasto
quanto pelos impostos.
ρ I
ρo
ρ1
y
yo y y1
Figura 4.1
s = y − c( y − τ ) − τ = i ( ρ ) + g − τ
ou ainda:
s ( y −τ) = i ( ρ ) + f
Quando a economia estiver em pleno emprego a poupança tem um valor constante,
como mostrado na Figura 4.2. O investimento varia em sentido contrário à taxa de juros
real. O investimento adicionado ao déficit público corresponde à curva IS da Figura 4.2.
O ponto de interseção da curva de poupança vertical com a curva IS determina à taxa de
juros real de longo prazo, a taxa de juros natural da economia.
132
ρ I
s s,i
Figura 4.2
y = c( y − τ ) + i ( ρ ) + g
As variáveis com barras representam os valores das mesmas quando a economia estiver
em pleno emprego. A equação da curva IS pode ser escrita em termos dos desvios das
variáveis com relação aqueles de pleno emprego. Subtraindo-se da equação da curva IS
a expressão anterior obtém-se:
y − y = c ( y − τ ) − c ( y − τ ) + i (ρ ) − i (ρ ) + g − g
Álgebra
c ( y − τ ) = c ( y − τ ) + c ′ [( y − y ) − (τ − τ )]
i (ρ ) = i ( ρ ) + i ′ (ρ − ρ )
y − y = c′ [( y − y ) − (τ − τ )] + i ′(ρ − ρ ) + g − g
133
c′ ′
y−y =− (τ − τ ) + i (ρ − ρ ) + 1 (g − g )
1 − c′ 1 − c′ 1 − c′
A diferença entre o produto real e o produto potencial depende das variações cíclicas
dos impostos, da taxa de juros real, e dos gastos do governo. A política fiscal é
representada por duas variáveis, impostos e gastos do governo, com coeficientes
distintos, porque elas têm efeitos diferentes sobre o dispêndio. Um real adicional de
gastos do governo aumenta inicialmente o dispêndio em um real, enquanto um real a
menos de impostos não aumenta inicialmente o consumo privado de um real porque
depende da proporção que o consumidor decida poupar. No caso limite em que esta
redução de imposto seja poupada o dispêndio permanece inalterado. A curva IS pode ser
escrita em função do déficit público, definido subtraindo-se do gasto o total de
impostos:
f = g −τ
f = g −τ
f − f = g − g − (τ − τ )
c′ ′ ′
y−y = [(g − τ ) − (g − τ )] + i (ρ − ρ ) + 1 − c (g − g )
1 − c′ 1 − c′ 1 − c′
ou ainda:
c′ i′
y−y =
1 − c′
( f − f )+
1 − c′
(ρ − ρ ) + g − g
Uma forma funcional que permite uma interpretação mais intuitiva dos
parâmetros da curva IS é obtida dividindo-se os dois lados da equação anterior pelo
produto potencial da economia,
y−y i′ 1 c′ f f g g
= ( ρ − ρ ) + − + −
y ′
1− c y 1 − c′ y y y y
As variáveis fiscais são medidas como proporção do produto potencial. O lado esquerdo
desta expressão é o hiato do produto,
134
y−y y − y y
≅ log 1 + = log = log y − log y
y y y
Equação da Curva IS
( )
y − y = −α ( ρ − ρ ) + β f − f + g − g
As variáveis desta curva IS usam os mesmos símbolos que foram usados na sua
dedução, mas agora elas têm outra interpretação: i) y − y é o hiato do produto; ii) f é o
déficit público como proporção do produto potencial e f é o déficit público de pleno
emprego, também como proporção do produto potencial; iii) g é o gasto do governo e
g o gasto do governo no pleno emprego, ambos como proporção do produto potencial.
O parâmetro α mede o efeito de uma variação sustentada da taxa de juros real, com
relação à taxa de juros natural, sobre o hiato do produto. Por exemplo, se α for igual a
dois para cada um por cento de aumento da taxa de juros real, com relação à taxa de
juros natural, a capacidade ociosa da economia aumenta de dois por cento. O coeficiente
β mede o efeito da variação do déficit público sobre o hiato do produto. Quando existir
equivalência ricardiana este coeficiente é igual a zero, pois a sociedade reage ao déficit
público aumentando de igual magnitude a poupança para pagar impostos no futuro para
financiar o déficit.
Esta especificação da curva IS permite a análise, de forma simples e
transparente, das razões que podem levar a economia a estar com desemprego e
capacidade ociosa. A economia pode estar nesta situação quando pelo menos um dos
seguintes fatos ocorra: i) a taxa de juros real for diferente da taxa da taxa de juros
natural; ii) o déficit público for diferente do déficit público de pleno emprego e iii) os
gastos do governo forem diferentes dos gastos do governo de pleno emprego. Os dois
últimos fatos são provocados pela política fiscal. A taxa de juros real pode ser diferente
da taxa de juros natural por dois motivos. O primeiro é resultado da política monetária
que pode ser contracionista, aumentando a taxa de juros, ou expansionista reduzindo a
taxa de juros. O segundo motivo é uma mudança da taxa de juros natural. Esta taxa pode
mudar em virtude da política fiscal do governo, ou do comportamento do setor privado,
seja no consumo e (ou) no investimento.
135
condição de primeira ordem do equilíbrio do consumidor, conhecida na literatura pelo
nome de equação de Euler.
dc t +1 ∂u / ∂c t
τ =− =
dc t ∂u / ∂c t +1
u
ct +1
45º 1+ δ
ct
c
Figura 4.3
1 1
1− 1−
ct −1σ
1 c −1 σ
u (ct , ct +1 ) = + t +1
1 1+ δ 1
1− 1−
σ σ
onde σ é um parâmetro diferente de um. As utilidades marginais dos consumos hoje (t)
e amanhã (t+1) são dadas por:
∂u ∂u
1 1
− 1 −
= ct σ ; = ct +σ1
∂ct ∂ct +1 1 + δ
1 1
− −
ct σ
1 ct σ
τ = =
(1 + δ )−1 ct +1σ
−
1
(1 + δ )−1
136 t +1
c
Quando ct = ct +1 = c , a taxa marginal de substituição é igual a um mais o parâmetro δ :
τ = 1+ δ
ct +1
u
ct +1 / ct τ
ct
Figura 4.4
∆ (ct +1 / ct )
c /c
ε s = t +1 t
∆τ / τ
137
d log t +1
c
εs = ct
d log τ
σ
c t +1 τ
=
ct 1+ δ
d log (ct +1 / ct )
εs = =σ
d log τ
Imagine um consumidor que tenha que decidir se gasta um real no consumo hoje
(t) ou amanhã (t+1). Caso ele decida consumir imediatamente seu bem estar tem um
aumento igual à utilidade marginal do consumo hoje. Caso ele decida consumir amanhã,
ele aplica um real num ativo financeiro que lhe renderá uma taxa de juros igual a ρ , e
gasta no período seguinte o principal mais os juros da aplicação. Seu bem estar terá um
aumento amanhã igual à utilidade marginal do consumo. Mas, para comparar com o
bem estar hoje ele tem que descontar o bem estar de amanhã pela taxa de preferência
intertemporal. Em equilíbrio ele será indiferente a estas opções:
u ′ (c t ) = (1 + ρ t ) u ′ (c t +1 )
1
1+ δ
138
1
1−
σ
−1
u (c ) =
c
1
1−
σ
1
−
u ′(c ) = c σ
1 + ρt − σ
1 1
−
ct σ
= ct +1
1+ δ
−σ
ct 1 + ρt
=
c t +1 1 + δ
log c t = log c t +1 − σ (ρ t − δ )
yt = ct + g t
log c t = log c t +1 − σ (ρ t − δ )
139
Substituindo-se esta equação na expressão da condição de equilíbrio tem-se:
y t = y t +1 = y
A taxa de juros real de equilíbrio de longo prazo, a taxa de juros natural, é igual à taxa
de preferência intertemporal ( ρ = δ ).
x t = −α (ρ t − ρ ) + x t +1 + (1 − ω ) ( g t − g t +1 )
x t = x t +1 − α (ρ t − ρ )
Comparação das Curvas IS Tradicional e Novo-Keynesiana
x t +1 = x t + 2 − α ( ρ t +1 − ρ )
que substituída na equação anterior permite escrever o hiato do produto como função do
hiato do produto dois períodos adiante e das diferenças (hiatos) das taxas de juros, com
relação a taxa de juros natural, nos períodos t e t+1:
x t = x t + 2 − α (ρ t − ρ ) − α (ρ t +1 − ρ )
140
O hiato do produto dois períodos adiante é, por sua vez, dado por:
x t + 2 = x t + 3 − α (ρ t + 2 − ρ )
∞
x t = −α ∑ ( ρ t + i − ρ )
i =o
n
x t = − ∑ α i (ρ t − i − ρ )
i =o
Aproximação Logarítmica
z = f (x, y )
z = f (x, y )
dz = f x ( x , y ) dx + f y (x , y ) dy
dz f x ( x , y ) x dx f y ( x , y ) y dy
= +
z z x z y
onde:
141
f x (x , y ) x f y (x , y ) y
ω= ;1−ω =
z z
x t − x t +1 = −α (ρ t − ρ )
dx
xt +1 − xt ≅ x& =
dv
x& = α (ρ − ρ )
Esta curva supõe que o consumidor é prospectivo, isto é, ele olha para frente
(forward looking) ao tomar suas decisões. Em termos de diferenciais, a curva IS pode
ser escrita como:
dx = α (ρ − ρ ) dv
Integrando-se ambos os lados desta expressão de hoje (t) até um período futuro (T) tem-
se:
α (ρ − ρ ) dv
T T
∫ t
dx = ∫ t
Logo,
x (T ) − x (t ) = α (ρ − ρ ) dv
T
∫ t
x (t ) = x (T ) − ∫ α (ρ − ρ ) dv
T
142
No modelo com microfundamentos, a taxa de juros real de equilíbrio de longo
prazo, a taxa de juros natural, é igual à taxa de preferência intertemporal do consumidor
quando o produto potencial da economia for constante. Quando o produto potencial
variar ao longo do tempo a curva IS pode ser escrita como:
y t − y t = y t +1 − y t +1 − y t + y t +1 − σ ( ρ t − δ )
onde a letra y representa agora o logaritmo do produto real. Esta equação também pode
ser escrita como:
1
y t − y t = y t +1 − y t +1 − σ [ ρ t − δ − ( y t +1 − y t )]
σ
1
ρ =δ + ( y t +1 − y t )
σ
ρ = ρ ( f , g , a)
Tanto o aumento do déficit público como dos gastos públicos aumenta a taxa de juros
natural. O setor privado, ou seja, o comportamento dos indivíduos quanto ao consumo e
dos empresários nas decisões de investimento também afeta a taxa de juros natural. A
letra a na expressão acima é para lembrar que mudanças no comportamento dos
consumidores ou dos empresários com relação ao investimento afetam a taxa de juros
natural da economia. Aumento (diminuição) autônomo no consumo (investimento)
aumenta (diminui) a taxa de juros natural da economia.
4. Curva LM
143
sua moeda o banco central compra títulos, denominados em moeda local ou em moeda
estrangeira. Em geral, os títulos em moeda local são títulos do governo. Os títulos
denominados em moeda estrangeira são também títulos públicos, emitidos por
diferentes países. Quando o banco central vende títulos públicos de sua própria carteira
ele contrai o estoque da base monetária, o mesmo ocorrendo quando ele vende reservas
internacionais. Um balancete típico de um banco central está descrito no quadro abaixo.
No ativo estão às reservas internacionais e os títulos públicos domésticos. O passivo é
formado pela base monetária, que é a soma do papel moeda em poder do público e das
reservas bancárias que o sistema bancário mantém no banco central. A conta reservas
bancárias é a conta pela qual trafega todo o sistema de pagamentos da economia, e na
qual estão os depósitos compulsórios sobre os depósitos à vista que os bancos
comerciais são obrigados a cumprirem junto ao banco central.
O banco central tem instrumentos para controlar o estoque nominal de moeda da
economia, vendendo e comprando títulos. O mecanismo pelo qual ele faz isto é bastante
simples, induzindo o mercado a comprar títulos através da redução dos preços dos
mesmos, e a vendê-los para o banco central subindo os preços dos títulos. A
contrapartida da venda de títulos pelo banco central é a redução do estoque de moeda da
economia, e a contrapartida da compra de títulos pelo banco central é a expansão do
estoque de moeda da economia.
Banco Central
ATIVO PASSIVO
Reservas Internacionais (RI) Base Monetária (M)
Títulos Públicos (BBC) a) Papel Moeda em Poder do Público
(C)
b) Reservas Bancárias (R )
RI + B BC ≡ M ≡ C + R
Md
= L( y , r )
P
144
O banco central controla o estoque nominal de moeda e a oferta de moeda é dada
por:
M s
=M
M d
= M s
= L( y, r )
M
P
r
M
Figura 4.5
m =α y−β r
m =α y − β r
As variáveis com uma barra em cima indicam os valores das mesmas no pleno emprego.
Subtraindo-se uma equação da outra se obtém a Curva LM em termos de desvio das
variáveis para seus valores de pleno emprego:
145
m − m = α ( y − y ) − β (r − r )
U (c, z )
M
z=k , k =1
P
U (c, m ) = u (c ) + v (m )
u ′(ct )
1
Pt
Quando o agente prefere reter moeda o acréscimo de bem estar é igual à soma de duas
parcelas. A primeira é o acréscimo de bem estar proporcionado pelos serviços da
146
moeda, e a segunda parcela é igual ao acréscimo de bem estar dos bens de consumo
comprados ao final do período quando ele converter a moeda em bens de consumo:
1 1 1
v ′ (m t ) + u ′ (c t +1 )
Pt 1 + δ Pt +1
Em equilíbrio estas alternativas devem produzir o mesmo acréscimo de bem estar. Isto
é:
1 1 1 1
u ′(c t ) = v ′ (m t ) + u ′ (c t +1 )
Pt Pt 1 + δ Pt +1
1 1
u ′(c t ) = v ′(m t ) + u ′ (c t +1 )
1 + δ Pt +1 / Pt
(1 + δ ) Pt +1 = 1 + rt
Pt
ct = ct +1 = c
1
u ′(c ) 1 − = v ′(mt )
1 + rt
v ′(mt ) r
= t
u ′(c ) 1 + rt
Cabe observar que o custo de oportunidade de reter moeda, num modelo com variáveis
discretas, é igual ao valor presente da taxa de juros, pois o rendimento do ativo
financeiro somente é pago no final do período. Quando o modelo for escrito com
variáveis contínuas a condição de equilíbrio é dada por:
v ′(m )
=r
u ′(c )
Quando a taxa de juros nominal aumenta (diminui) a quantidade real de moeda diminui
(aumenta) porque a utilidade marginal da moeda tem que aumentar para restaurar o
equilíbrio entre a taxa marginal de substituição, de consumo e moeda, e a taxa de juros.
147
Esta equação define implicitamente a equação de demanda de moeda, que pode ser
especificada por:
m = L ( r , c)
M t −1 ≥ Pt c t
M t −1 = Pt c t
A taxa de juros nominal funciona como um imposto na compra dos bens e serviços.
Com efeito, para cada real gasto na compra dos bens e serviços há um sacrifício dos
juros, pois este real deve estar na forma de moeda para efetuar o pagamento da compra
do bem de consumo.
Este enfoque pode ser estendido para uma economia onde existam bens e
serviços que possam ser comprados a crédito e não com moeda. Neste tipo de economia,
a taxa de juros afeta o preço relativo entre os dois tipos de bens, daqueles que
necessitam de moeda e daqueles que podem ser comprados a crédito.
148
monitoramento, em tempo real, das Reservas Bancárias de cada banco. Não se permite
que a mesma tenha saldo negativo em nenhum momento do dia. Além disso, apenas o
titular pode ordenar débitos em sua conta, de forma a ter controle total de seu saldo.
Estes procedimentos reduzem de maneira drástica os riscos dos participantes no sistema
de pagamentos. Por outro lado, há aumento da necessidade de liquidez para a
administração, ao longo do dia, das Reservas Bancárias de cada banco neste ambiente.
Desta forma, se antes os bancos administravam seus saldos apenas para
minimizar os custos de oportunidade gerados pelo excesso de reservas no cumprimento
do compulsório, no sistema STR surge outro motivo: a necessidade de liquidar seus
pagamentos em tempo real. Esta seção apresenta um modelo de demanda de reservas,
em um ambiente LBTR. Admita que o custo de transação para o sistema bancário
gerenciar este sistema seja dado por:
α β
c (t , T ) =
β
(t − 1) T δ
T
onde α e β são parâmetros da função de custo, t é a taxa de giro das reservas ( t = ), T
R
é o total de pagamentos que será feito durante o período e R é o total de reservas
bancárias. Nesta função admite-se que o total de pagamentos que o banco tem de fazer,
durante o período, afeta o custo total de gerenciar estes pagamentos. Dois bancos com a
mesma razão de giro podem ter custos diferentes dependendo do total de pagamentos.
Admite-se que β ≥ 1 , α ≥ 0 e c (1, T)=0. Não existe restrição sobre o parâmetro δ. O
banco tem dois custos, a perda de juros nas reservas e o de gerenciar a conta reservas. O
banco procura minimizar o total dos custos e resolve o seguinte problema:
α β
min t rR +
β
(
t −1 T δ )
1
rT 1−δ β +1
t =
*
α
Quando 0 < δ < 1 existem economias de escala porque a taxa de giro aumenta quando o
volume de pagamentos também aumenta. A equação de demanda de reservas é dada
por:
1 1 β +δ
−
R =α 1+ β
r 1+ β
T 1+ β
149
6. Mercado de Reservas Bancárias
r1
r0
r2
D1
D0
D2
R2 R0 R1 R
Figura 4.6
O banco central deve fixar a taxa de juros de modo discricionário, casuístico, ou
por meio de uma regra de conhecimento geral? A discussão sobre este tema é bastante
antiga na literatura econômica. O argumento a favor de uma política discricionária é que
o banco central teria as mãos livres para fixar, a cada momento, a taxa de juros que
julgasse mais adequada. Todavia, este tipo de comportamento produziria bastante
imprevisibilidade para os empresários, trabalhadores e consumidores.
No caso de uma regra de política monetária, a sociedade teria informação precisa
sobre as variáveis que influenciam as decisões do banco central. Ademais, o
cumprimento da regra daria credibilidade e reputação ao banco central. Nestas
circunstâncias, o simples anúncio da política seria suficiente para que o setor privado da
economia tomasse decisões com base na política anunciada. O argumento de que ao
adotar uma regra o banco central teria suas mãos atadas e não poderia agir em situações
excepcionais não procede. A regra é para ser usada em situações normais. Caso ocorra
um tsunami (uma onda gigantesca, causada por um maremoto) a regra seria abandonada
temporariamente, até a situação se normalizar, quando ela voltaria a ser usada. A
150
sociedade entenderia os motivos da suspensão temporária, e este fato não afetaria a
reputação e a credibilidade do banco central.
Que variáveis determinam à taxa de juros fixada pelo banco central? A regra de
Taylor supõe que o banco central fixa a taxa de juro nominal do mercado de reservas
bancárias em função: i) do hiato da inflação, a diferença entre a taxa de inflação e a
meta da inflação que tem como objetivo alcançar, ii) do hiato do produto, iii) da taxa de
juros natural e iv) da taxa de inflação, de acordo com:
r = ρ + π + φ (π − π ) + θ ( y − y ), φ > 0 , θ > 0
r = ρ + π + (1 + φ ) (π − π ) + θ ( y − y )
A principal propriedade desta regra é de que toda vez que haja um desvio de 1%,
por exemplo, da taxa de inflação com relação à meta, o banco central deve aumentar a
taxa de juros de um valor maior que 1% [ (1 + φ ) % ]. Quando a inflação for igual à meta
e a economia estiver em pleno emprego, a taxa de juros nominal de longo prazo será
igual à soma da taxa de juros natural com a meta de inflação.
7. Curva de Phillips
F=Py
151
C = C(y)
L = Lucro = F – C
dF dC
− =0 ⇒ Rmg = Cmg
dy dy
dF
=
d
(P y ) = P + y dP = P1 + y dP
dy dy dy P dy
preços
D
Cmg
y Rmg quantidades
Figura 4.7
Com um pouco de álgebra a receita marginal pode ser escrita como função do preço do
produto e do valor absoluto da elasticidade:
1 1 ε − 1
Rmg = P 1 + = P 1 − = P
P dy
ε ε
y dP
152
A receita marginal pode ser escrita como função do parâmetro k, a margem da empresa.
Em equilíbrio, a receita marginal é igual ao custo marginal. Isto é:
P
Rmg = = Cmg
1+ k
ε ε 1
1+ k = ∴k = −1 =
ε −1 ε −1 ε −1
Tabela 4.1
ε k
2 1 = 100%
3 ½ = 50%
4 1/3 = 33%
5 ¼ = 25%
.
.
.
11 1/10 = 10%
.
.
.
∞ 0 = 0%
O preço do bem vendido por uma empresa que tem poder de mercado é,
portanto, calculado adicionando-se ao custo marginal de produção uma margem que
depende da elasticidade preço da quantidade demandada:
P = (1 + k ) Cmg
A empresa muda o preço do seu produto quando a margem muda ou quando o custo
marginal de produção muda.
A Tabela 4.1 mostra como a margem varia com a elasticidade da quantidade
demandada com relação ao preço. Quando o valor absoluto da elasticidade é igual a
dois, a margem da empresa é igual a 100%. Quando o valor absoluto da elasticidade for
três, a margem é de 50%. Portanto, a margem diminui quando a elasticidade aumenta, e
no caso limite em que a elasticidade é infinita a margem é igual a zero, a empresa não
tem poder de mercado e opera como uma empresa em concorrência perfeita.
153
O custo marginal de produção é igual ao custo adicional da mão de obra dividido
pelo acréscimo de produção obtido. Isto é:
W ∆L W
Cmg = =
∆y (∆y / ∆L )
O custo marginal é, portanto, igual ao salário nominal dividido pela produtividade
marginal do trabalho. O preço do bem produzido pela empresa é, então, igual a:
P = (1 + k ) = (1 + k )
W W
( ∆y / ∆L ) Pmgl
onde Pmgl é a produtividade marginal do trabalho. O preço é, então, afetado por três
variáveis: i) a margem (k) da empresa; ii) a produtividade marginal do trabalho (Pmgl);
iii) o salário nominal (W) do trabalhador. Quando esta produtividade e a margem forem
constantes a taxa de inflação é igual à taxa de variação dos salários nominais:
o o
P W
π = =
P W
= π e − a (u − u )
W
W
Esta curva de Phillips está representada na Figura 4.8. O eixo vertical mede a taxa de
variação dos salários, enquanto o eixo horizontal mede a taxa de desemprego. No curto
prazo existe uma relação de trocas entre desemprego e inflação. No longo prazo tal
relação não existe, e a curva é vertical.
o
W πe =π
W
πe =0
u u
154
Figura 4.8
Na suposição de que a margem da empresa e a produtividade marginal do
trabalho sejam constantes, a taxa de inflação e a taxa de crescimento dos salários são
iguais. Logo, a curva de Phillips pode ser escrita como:
π = π e − a (u − u )
A Figura 4.8 também representa esta curva de Phillips, desde que a taxa de inflação
esteja medida no eixo vertical. No longo prazo, quando a taxa de inflação for igual à
taxa de inflação antecipada, a taxa de desemprego será igual à taxa de desemprego
natural.
Lei de Okun
y − y = −b (u − u )
y = α k + (1 − α ) (a + h + n )
onde α é a elasticidade do produto com relação ao capital, h é o logaritmo do número de
horas trabalhadas, n o logaritmo do emprego, a o logaritmo do coeficiente que mede a
eficiência da mão de obra. Esta função de produção supõe retornos de escala constante.
No pleno emprego, a função de produção transforma-se em:
y = α k + (1 − α ) (a + h + n )
onde uma barra em cima da variável denota o valor da mesma quando a economia
estiver em pleno emprego.
Subtraindo-se uma equação da outra, obtém-se:
y − y = α (k − k ) + (1 − α ) (a − a + h − h + n − n )
155
Admita que a oferta total de mão de obra seja dada por n*. A taxa de
desemprego é definida por u=n*-n e a taxa de desemprego natural, quando a economia
estiver em pleno emprego, é igual a u = n * − n . Portanto,
n − n = −(u − u )
k − k = −γ (u − u ) , γ > 0
a − a = −λ (u − u ) , λ > 0
h − h = −φ (u − u ) , φ > 0
y − y = −[α γ + (1 − α ) (λ + φ + 1)] (u − u )
b = αγ + (1 − α ) (λ + φ + 1)
Apesar da lei dos rendimentos decrescentes (α < 1) o parâmetro b pode ser maior do
que um, dependendo dos valores dos demais coeficientes deste modelo.
= π e + (y − y)
W a
W b
No curto prazo existe uma relação de trocas entre inflação e hiato do produto, porém no
longo prazo, quando a taxa de inflação for igual à taxa de inflação esperada, a curva de
Phillips é vertical. A Figura 4.9 mostra o gráfico da curva de Phillips. No eixo vertical
mede-se a taxa de inflação e no eixo horizontal o produto real. No curto prazo, para uma
dada taxa de inflação esperada, a curva de Phillips é positivamente inclinada. No longo
prazo ela é vertical.
156
LP
π
π e =π
CP
πe =0
π
y
y
Figura 4.9
0 tempo
π te = π (t − h )
157
π (t ) = π (t − h ) + ϕ ( y t − y t )
π (t − h ) = π (t ) + π& (t ) [t − h − t ]
ou então:
π (t − h ) = π (t ) − h π& (t )
π (t ) = π (t ) − h π& (t ) + ϕ ( y t − y t )
A taxa de inflação aparece dos dois lados e pode ser cancelada. A aceleração da inflação
é função, portanto, do hiato do produto:
o ϕ
π = (y − y) = δ (y − y)
h
0 tempo
158
Figura 4.12. Isto significa dizer que o nível de preços, mas não a taxa de inflação, é uma
variável predeterminada no modelo. Admita-se, portanto, que a taxa de inflação
esperada seja igual à taxa de inflação futura,
π e = π (t + h )
onde h indica o horizonte futuro relevante para o agente econômico. A curva de Phillips
é, então, expressa por:
π (t ) = π (t + h ) + ϕ ( y t − y t )
0 tempo
π (t + h ) = π (t ) + π& (t ) [t + h − t ]
π (t + h ) = π (t ) + π& (t ) h
π (t ) = π (t ) + π& (t ) h + ϕ ( y − y )
o ϕ
π =− ( y − y ) = −δ ( y − y )
h
159
Neste modelo os agentes são prospectivos, ou seja, olham para frente ao tomarem suas
decisões. Na solução desta equação diferencial deve-se levar em conta que os limites da
integral variam de hoje (t) até o futuro (t+h). Isto é:
t+h t +h
∫ dπ = ∫ − δ ( y − y ) dv
t t
t+h
π (t + h ) − π (t ) = − ∫ δ ( y − y ) dv
t
A taxa de inflação hoje (t) depende da taxa de inflação futura (t+h) e da pressão de
demanda entre hoje e o futuro:
t +h
π ( t ) = π ( t + h) + ∫ δ ( y − y ) dv
t
No modelo em que o agente olha para trás, ao tomar suas decisões, a solução da
equação diferencial é dada por:
δ ( y − y ) dv
t t
∫ t −h
dπ = ∫ t −h
Os limites da integral começam no passado (t-h) e se estendem até hoje (t). Logo, a taxa
de inflação depende da taxa de inflação passada e da pressão de demanda entre o
passado e hoje. Isto é:
π (t ) = π (t − h ) + ∫ δ ( y − y ) dv
t
t −h
Um modelo bastante usado para derivar a curva de Phillips supõe que o reajuste
de preços por cada empresa não é sincronizado com o reajuste das demais empresas.
Cada empresa reajusta seu preço de forma aleatória quando recebe um sinal. A
probabilidade de receber o sinal neste período é igual a λ . Logo, a probabilidade do
reajuste de preço ocorrer em j períodos é dada por:
P ( X = j ) = λ (1− λ ) j −1
, j = 1 , 2 , 3 , ...
160
O tempo médio de reajuste dos preços das empresas é igual à esperança matemática da
variável aleatória desta distribuição geométrica:
∞ ∞
1
E X = ∑ j P ( X = j ) = ∑ j λ ( 1 − λ ) j −1 =
j =1 j =1 λ
∞
1
L=
2
Et ∑
j =0
β j
( p i , t − p t *+ j ) 2
∞
1
2
∑ (1− λ )
j =0
j
β j
E t ( p i , t − p t *+ j ) 2
∞
x t = [ 1 − β ( 1 − λ ) ] ∑ [ β ( 1 − λ ) ] j E t p t *+ j
j =0
Denominou-se por x o preço das empresas que reajustam seus preços no período t, pois
elas têm as mesmas características. Esta equação pode ser escrita como (ver exercício
13):
x t = [ 1 − β (1 − λ ) ] p t* + β (1 − λ ) E t x t +1
O índice de preços da economia é definido pela média ponderada dos preços que
foram reajustados no período t e daqueles que permaneceram iguais aos do período
anterior. Isto é:
p t = λ x t + ( 1 − λ ) p t −1
161
x t = [ 1 − β (1 − λ ) ] p t* + β (1 − λ ) E t x t +1
p t = λ x t + ( 1 − λ ) p t −1
p t − ( 1 − λ ) p t −1 p t +1 − (1 − λ ) p t
= [1 − β (1 − λ )] p t* + β (1 − λ ) E t
λ λ
λ
π t = β Et π t +1 + [ 1 − β ( 1 − λ ) ] ( p t* − p t )
1− λ
p t* = k + cmg t
Logo,
p t* − p t = k + cmg t − p t = k + cmgr t
onde cmgrt = cmg t − p t é o custo marginal real. A margem k é igual ao custo marginal
real de longo prazo com o sinal trocado. Portanto,
p t* − p t = cmgr − c m g r
π t = β E t π t +1 + δ ( y t − y t )
1− β
yt = yt + π
δ
162
Quando β for igual a um, ou o coeficiente δ tender para infinito, a taxa de inflação não
afeta o produto real da economia no longo prazo. O fato de que β seja próximo de um
não significa dizer que o ganho do produto, no longo prazo, com o aumento da taxa de
inflação seja desprezível. Por exemplo, admita que β seja igual a 0,99 e δ igual a 0,2.
Logo, β /(1 − δ ) = 0,05 . Isto é: y = y + 0,05 π . Uma inflação de 100% ( π = 1,0 ) daria
um ganho de 5% no produto real da economia.
A curva de Phillips novo-keynesiana foi deduzida a partir de um problema de
otimização da empresa que minimiza o valor esperado das perdas em virtude de manter
seu preço fixo por um determinado tempo. Em princípio ela estaria imune a crítica de
Lucas porque seus parâmetros seriam independentes das regras de política econômica
em vigor. Todavia, este não é o caso com o parâmetro λ que mede a probabilidade da
empresa receber o sinal para reajustar seu preço. Esta formulação engenhosa de Calvo
(1983) reproduz o fato estilizado da rigidez de preços, mas certamente é ad hoc porque
não se baseia em microfundamentos.
A análise comparativa do modelo no qual a curva de Phillips depende da
inflação passada com o modelo em que a curva de Phillips é função da inflação futura
torna-se mais simples com o uso de variáveis contínuas ao invés de variáveis discretas
como fizemos até aqui. A curva de Phillips nos dois casos pode ser escrita como:
π& = δ ( y − y )
Quando o parâmetro δ for positivo, o nível de preços e a taxa de inflação são variáveis
predeterminadas. Neste caso, a aceleração da inflação e o hiato do produto estão
correlacionados positivamente. Quando δ for negativo, o nível de preços é
predeterminado, mas a taxa de inflação pode mudar instantaneamente. Nesta hipótese,
deve-se observar uma correlação negativa entre a aceleração da inflação e o hiato do
produto. Quando δ → ∞ os preços são flexíveis e o produto da economia é igual ao
produto de pleno emprego.
9. Exercícios
(
i = i r −π e, y )
A curva IS é sempre negativamente inclinada?
163
b) A taxa de juros real de pleno emprego independe da política monetária?
IS: y = c ( y − τ ) + i (r ) + g
= L ( y, r )
M
LM:
P
RPM: r = r
Quando o banco central fixa a taxa de juros da economia, de acordo com a regra de
política monetária, o nível de preços desta economia é determinado?
u (ct ) = −
1
e −α c ,α > 0
α
c u ′(c )
c& = − (ρ − δ )
u ′′(c )
7) A função utilidade do consumidor é dada por:
1
1−
c σ
−1
u(c)=
1
1−
σ
164
min t {E[r R + c ( t , T )}
a) Mostre que a condição de primeira ordem deste problema implica na seguinte razão
de giro:
γ
K
t *
= δ
α E T
onde K=E{r T} e γ = 1 / ( 1 + β ) .
b) Admita-se, por simplicidade, que T tem uma distribuição lognormal. Quando X é
normal sabe-se que:
E exp(τ X ) = exp ( µ τ + 1 / 2 σ 2 τ 2 )
Mostre que esta expressão pode ser usada para calcular a esperança matemática de T δ :
E T δ = E exp ( δ log T ) , e obter-se:
K 1
log t = γ log − γ δ E log T − γ δ 2 Var log T
α 2
165
M V≡ P y
Admita que o produto potencial da economia alemã crescesse a uma taxa anual de 2,5%.
O objetivo do Bundesbank era uma inflação de 2.5% ao ano.
a) Qual a informação que o Bundesbank necessitava para calcular a taxa de crescimento
do M correspondente?
b) Como você faria para obtê-la?
c) Admita que a velocidade-renda é instável. Você adotaria esta metodologia?
12) Admita que a demanda de moeda tenha uma elasticidade com relação à taxa de
juros igual a menos infinito (armadilha da liquidez).
a) Mostre, através da identidade, M V≡ P y porque a política monetária não afeta o
produto da economia.
b) Alega-se que a armadilha da liquidez é uma hipótese razoável quando a taxa de juros
nominal aproxima-se de zero. Outros afirmam que nestas circunstâncias a elasticidade
deve ser igual a zero. Como esta questão poderia ser dirimida?
14) Suponha que um modelo econômico pode ser apresentado pela seguinte equação de
diferenças finitas:
yt = α E ( yt +1 / I t ) + β xt , α < 1
Mostre como obter a solução de fundamentos e de bolha deste modelo. e aplique este
método nos seguintes casos:
a) Arbitragem entre renda fixa e renda variável (sem risco):
E ( pt +1 / I t ) − pt + d t
=r
pt
b) Determinação do nível de preços no modelo de demanda de moeda de Cagan:
mt − p t = −γ [E ( p t +1 / I t ) − pt ]
IS: y = −α r + u
LM: m = − β r + γ y + v
onde u e v são variáveis aleatórias, não correlacionadas, com médias iguais a zero e
variâncias σ u2 e σ v2 , respectivamente. A função de perda do banco central é dada por:
166
L = y2
O banco central pode escolher como instrumento de política a taxa de juros (r)
ou a quantidade de moeda (m).
a) Qual o valor de m que minimiza o valor esperado da função de perda?
b) Qual o valor de r que minimiza o valor esperado da função de perda?
c) Qual instrumento o banco central deve escolher?
16) O nível de preços pt é uma média ponderada do preço xt e do preço no período t-1,
de acordo com:
p t = λ x t + (1 − λ ) p t −1
∞
pt = ∑ λ (1 − λ )
i =0
i
x t −i
∞
xt = [1 − β (1 − λ )] ∑ [ β (1 − λ )] j Et pt*+ j
j =0
π t − π * = β ( E t π t +1 − π * ) + δ ( y t − y t )
19) Cada empresa determina o preço do seu produto, mas só o faz quando recebe um
sinal aleatório com distribuição exponencial. Isto é, a probabilidade de que o sinal seja
recebido em h períodos a partir de hoje é dada por:
167
δ e −δ h , δ > 0
O (logaritmo do) preço fixado pela empresa em t, quando ela recebe o sinal, é
expresso por:
∞
vt = ∫ (p
t
s + α x s ) δ e −δ ( s − t ) ds , α > 0
v s δ e −δ (t − s ) ds
t
pt = ∫ −∞
v& = δ (v − p − α x )
π = p& = δ (v − p )
π& = −α δ 2 x
e) Suponha que vt seja dado por:
∞
vt = ∫ e − ρ ( s −t ) ( p s + αx s )δ e −δ ( s −t ) ds , α > 0
t
π& = ρ δ p + ρ π − α δ 2 x
π = π e + δ ( y − y)
π& e = β (π − π e )
π& = β δ ( y − y ) + δ y&
168
Capítulo 5
169
fiscal o déficit público e o gasto do governo são constantes, e iguais aos níveis de pleno
emprego. O modelo tem a seguinte especificação:
IS: y − y = −α ( ρ − ρ ) + β ( f − f ) + g − g
o
CP: π = δ ( y − y )
RPM: r = ρ + π + φ (π − π ) + θ ( y − y )
Hipótese simplificadora: f = f , g = g
Álgebra
ρ − ρ = φ (π − π ) + θ ( y − y )
αφ
y−y =− (π − π )
1 + αθ
Sistema Dinâmico
π& = δ ( y − y )
(1 + αθ )
π = π − αφ ( y − y )
170
π& = 0
π
A
y y
171
π& = 0
π
D
y
y
Figura 5.2 φ < 0
Experimento
πo
π1
tempo
172
π& = o
π A
Eo+
πo Eo
π1 Ef
y
y(0 + ) y
Figura 5.4
Choque de Demanda
r = ρ BC + π + φ (π − π ) + φ ( y − y )
π =π −
(1 + α θ ) ( y − y ) + 1 (ρ − ρ BC )
αφ φ
173
π A1 π& = 0
Ao
E∂
πf
π Eo
D1
Do
y
y yo
Figura 5.5
π Ao π& = 0
A1
E∂
π Ef
f
Do
D1
y
yo y
Figura 5.6
A Figura 5.6 mostra a dinâmica da economia quando ocorre um choque de
demanda negativo (ρ < ρ BC ) e o banco central não ajusta a taxa de juros nominal de
acordo com a nova taxa de juros natural. O produto real tem uma queda, fica abaixo do
produto potencial da economia. A taxa de inflação começa, então, a diminuir,
convergindo para o novo equilíbrio de longo prazo, com a taxa de inflação abaixo da
meta fixada pelo banco central.
A conclusão que se chega é de que o banco central deve anular completamente
os choques de demanda para manter a economia em equilíbrio de pleno emprego e com
inflação igual à meta por ele estabelecida. Na prática, esta não é uma tarefa tão simples,
pois supõe que o banco central conhece a taxa de juros natural a cada momento do
tempo.
Choque de Oferta
174
inflação. A economia converge para uma taxa de inflação mais elevada, acima da meta
de inflação do banco central. Caso o choque de oferta seja permanente, o banco central
terá de aumentar a taxa de juros para que a economia volte para a antiga meta de
inflação. Caso contrário, isto não ocorrerá.
π π& ( y 1 ) = 0 π& ( y0 ) = 0
A
Ef
πf
Eo
π
y
y1 yo
Figura 5.7
π π& ( y o ) = 0 π& ( y1 ) = 0
A
E∂
π
πf Ef
f
y
yo y1
Figura 5.8
Considere um modelo de curto prazo especificado por uma curva IS, uma curva
de Phillips (CP) e duas regras de política econômica, uma monetária (RPM) e outra
fiscal (RPF). Isto é:
175
RPM: r = ρ + π + φ (π − π ) + θ ( y − y ),φ > 0 ,θ > 0
RPF: f − f = −ϕ ( y − y ), ϕ > 0
A regra de política monetária é a regra de Taylor. A regra de política fiscal é uma regra
anticíclica. Quando o produto estiver acima do produto de pleno emprego, o produto
potencial, o déficit público será menor do que o déficit de pleno emprego ( f ), o déficit
estrutural. Por outro lado, quando a economia estiver em recessão, com o produto menor
do que o produto potencial, o déficit público será maior do que o déficit estrutural. O
hiato da taxa de juros real da RPM e o hiato do déficit público da RPF podem ser
substituídos na curva IS. Isto é:
y − y = −αφ (π − π ) − α θ ( y − y ) − β ϕ ( y − y )
1 + αθ + βϕ
π = π − ( y − y )
αφ
π A
A’
D′(ϕ = 0)
D(ϕ > 0)
y
y
Figura 5.9
A Figura 5.9 mostra o gráfico desta equação. Quando não houver regra de
política fiscal, o parâmetro ϕ é igual a zero. Neste caso, a curva está representada na
Figura 5.9 pelas letras A’D’. Quando houver política fiscal anticíclica, ϕ > 0 , a curva
está representada pelas letras AD. Observe que a existência de política fiscal anticíclica
torna a curva AD mais inclinada, com um coeficiente angular maior do aquele quando
inexiste política fiscal anticíclica.
Experimento
176
A Figura 5.11 descreve o processo de ajustamento dinâmico da economia. O
novo equilíbrio da economia será dado pelo ponto Ef. O ponto de equilíbrio inicial é Eo.
Admita-se que haja inércia da taxa de inflação, isto é, a taxa de inflação não muda de
valor instantaneamente (em inglês diz-se que a taxa de inflação não é uma variável de
jump). Quando existe política fiscal anticíclica, a economia no momento da subida da
taxa de juros nominal pelo banco central sofre uma queda do produto real, passando do
ponto Eo para o ponto G. Daí em diante, a economia converge para o pleno emprego, na
trajetória GEf indicada pelas setas.
π
πo
π1
tempo
Figura 5.10
A
π
A’
H G
π0 Eo
Ef
π1
D′(ϕ = 0)
D(ϕ > 0)
y
y
Figura 5.11
177
para o ponto H. A economia percorre a trajetória de convergência HEf, até chegar ao
pleno emprego e a nova meta de inflação.
A Figura 5.11 permite uma visualização simples do benefício da regra de
política fiscal: a perda de produto é bem menor quando há uma regra de política fiscal.
O pior cenário seria de uma regra de política fiscal procíclica. Nestas circunstâncias, em
algum momento, o Banco Central e o Tesouro estariam remando em direções opostas.
IS: y − y = −α ( ρ − ρ )
CP: π& = −δ ( y − y )
RPM: r = ρ + π + φ (π − π ) + θ ( y − y )
Sistema Dinâmico
O modelo pode ser reduzido a duas equações desde que se substitua a diferença
entre a taxa de juros real de curto e de longo prazo da regra de política monetária na
equação da curva IS. As duas equações do modelo são:
π& = −δ ( y − y )
π =π −
(1 + αθ ) ( y − y )
αφ
178
o
π =o
π
A
E
π
y y
Figura 5.12
A Figura 5.12 mostra que este modelo é instável porque se a economia estiver
fora do equilíbrio de longo prazo ela não retorna ao mesmo. Como funcionaria a
dinâmica desta economia caso o banco central reduzisse a meta de inflação de π 0 para
π1 como no experimento descrito na Figura 5.3? A Figura 5.13 responde esta questão,
mostrando que a taxa de inflação se ajustaria imediatamente para a nova meta, e o
produto real continuaria igual ao produto potencial. A desinflação seria indolor, pois
não há recessão como no modelo da primeira seção deste capítulo, aonde existe inércia
da taxa de inflação.
o
π =o
π A
πo E0
π1 E1
D
y
y
Figura 5.13
3. Modelo Novo-Keynesiano
179
Lucas, de que os parâmetros dos modelos tradicionais, sem microfundamentos, não são
invariantes as regras de política econômica.
O modelo novo-keynesiano é, então, especificado por uma curva de Phillips,
uma curva IS, e uma regra de política monetária. A curva de Phillips em tempo contínuo
é dada por,
π& = − δ ( y − y ) , δ >0
Nesta curva inexiste uma relação de trocas de longo prazo entre inflação ( π ) e o hiato
do produto ( y − y ), com y medindo o logaritmo do produto real e y o logaritmo do
produto potencial. O nível de preços é predeterminado e os reajustes dos preços não são
sincronizados, com uma pequena proporção das empresas reajustando seus preços a
cada momento.
A curva IS deduzida a partir da equação de Euler, da otimização intertemporal
do consumidor, supõe que a aceleração do produto real depende da diferença entre a
taxa de juros real ( r − π ) e a taxa de juros real de longo prazo ( ρ ). Isto é:
y& = σ ( r − π − ρ ) , σ > 0
r = ρ + π + φ ( π − π ) + θ ( y − y)
RPM: r = ρ + π + φ ( π − π ) + θ ( y − y )
Álgebra
Substituindo-se a regra de política monetária na curva IS resulta na equação
diferencial do produto real:
180
y& = σ φ ( π − π ) + σ θ ( y − y )
Sistema Dinâmico
π& = − δ ( y − y ) , δ >0
∂ π& ∂ π&
∂ π ∂ y 0 −δ
J = =
∂ y& ∂ y& σ φ σ θ
∂ π ∂ y
J = σφδ
O sinal deste determinante tanto pode ser negativo quanto positivo, dependendo do sinal
do coeficiente φ da regra de política monetária. Quando φ for positivo o determinante é
positivo, e o traço da matriz J é positivo:
t r J =σ θ
Logo, neste caso o sistema é instável. A conclusão que se chega é de que uma regra de
política monetária à la Taylor, com uma variação da taxa de juros nominal maior do que
a variação da taxa de inflação produz um sistema instável. Porém, a solução do modelo
é única. O diagrama de fases da Figura 5.14 descreve a dinâmica do sistema.
181
π& = 0
π
y& = 0
y y
Figura 5.14
π& = 0
π S
y& = 0
S
y y
Figura 5.15
Experimento
182
Considere o experimento de política monetária, descrito na Figura 5.16, no qual
o banco central anuncia que no instante T, no futuro próximo, reduzirá a meta de
inflação de π 0 para π 1 . Neste modelo não existe incerteza e, portanto, não há dúvida de
que a política anunciada será implementada.
πo
π1
0 T tempo
Figura 5.16
π
π& = 0
πo
Eo
π (0 t )
y& (π o ) = 0
π1
Ef
y& (π 1 ) = 0
y y
Figura 5.17
Quando o parâmetro φ for positivo o modelo é instável. O diagrama de fases da
Figura 5.17 mostra o que acontece na economia tão logo à política monetária seja
anunciada. No modelo novo-keynesiano, o nível de preços é uma variável
predeterminada, mas a taxa de inflação pode mudar instantaneamente. Logo, no
183
momento inicial a inflação diminui e o produto real aumenta. A economia converge,
então, gradualmente para o novo equilíbrio de longo prazo. Quando a mudança é
implementada imediatamente, sem anúncio prévio (T=0), o produto real permanece no
seu nível de pleno emprego, e a taxa de inflação muda instantaneamente para a nova
meta fixada pelo banco central.
Quando o parâmetro φ da regra de política monetária for negativo, o produto
real e a taxa de inflação mudam no momento do anúncio da nova política, a inflação
sofrendo uma redução e o produto real aumentando, como mostra o ponto B no
diagrama de fases da Figura 5.18. No instante T a trajetória da economia encontra a
nova sela, com a inflação e o produto real iguais a, respectivamente, π ( T ) e y(T),
convergindo, então, para o novo equilíbrio de longo prazo. Este diagrama de fases
mostra quatro soluções do modelo (pontos A, B, C, e D). Entretanto, existe uma
infinidade de soluções, todas com as mesmas características das soluções desenhadas na
Figura 5.18. Neste experimento, o combate à inflação previamente anunciado é feito
sem nenhum custo social. Na verdade, a redução da taxa de inflação produz um
aquecimento da economia, com um ganho temporário de produto real.
Quando o intervalo de tempo T tende para zero, o período de anúncio da
mudança da política monetária diminui. No caso limite em que T é igual a zero a
mudança de política não é antecipada pela sociedade. É fácil verificar que nestas
circunstâncias a taxa de inflação reduz-se instantaneamente para seu novo valor fixado
pelo banco central, enquanto a economia mantém-se em pleno emprego, com o produto
real igual ao produto potencial. A redução da inflação é indolor, bastando o simples
anúncio da nova meta pelo banco central para que a taxa de inflação seja afetada de
maneira permanente.
No modelo novo-keynesiano uma redução da meta de inflação pelo banco
central, não antecipada pela sociedade, produz uma redução imediata da taxa de inflação
para a nova meta, sem nenhum custo social, pois o produto real permanece no seu nível
de pleno emprego.
π& = 0 S
π
y& (π o ) = 0
E D
πo
C
y& (π 1 ) = 0
B
A
Ef
π1
y
y
Figura 5.18
184
Quando o banco central anuncia previamente a redução da meta de inflação, o
simples anúncio provoca uma redução da taxa de inflação e um aumento do produto
real. A economia converge gradualmente para a nova meta, com o produto real acima
do produto de pleno emprego, acarretando um benefício transitório para a sociedade.
Todavia, existe uma infinidade de soluções com estas características.
Até que ponto estes fatos acontecem no mundo real? A evidência empírica de
experiências de políticas de combate à inflação, previamente anunciadas ou não, em
países que têm tradição de baixa inflação, rejeita as previsões do modelo novo-
keynesiano, pois a redução da inflação, em geral, tem sido acompanhada de recessão.
Por outro lado, nos programas de combate à hiperinflação os fatos não estão em
desacordo com as previsões do modelo novo-keynesiano, pois as hiperinflações têm
acabado sem custo ou mesmo com o aumento do produto real. Estas duas evidências
seriam consistentes com um modelo em que a curva de Phillips tivesse tanto um
componente de inércia como um componente da inflação futura. Isto é:
π ( t ) = ω π ( t − h ) + ( 1 − ω ) π ( t + h ) + ϕ [ y ( t ) − y ( t )]
ϕ
π& = ( y − y ) , ω ≠ 1/ 2
( 2ω −1) h
185
4. Modelo Keynesiano: Regra de Estoque de Moeda e Inércia da Inflação
O modelo desta seção tem quatro equações, uma curva IS, uma curva de
Phillips, uma curva LM, uma regra de política monetária (RPM), e uma hipótese
simplificadora sobre a política fiscal. Isto é:
IS: y − y = −α (ρ − ρ ) + β ( f − f ) + g − g
LM: m − m = λ ( y − y ) − θ (r − r )
d log M
RPM: µ = = cons tan te
dt
A curva de Phillips supõe que tanto o hiato do produto como sua taxa de
variação afetam a taxa de inflação. Isto é, se a taxa de crescimento do produto real da
economia for maior do que a taxa de crescimento do produto potencial a taxa de
inflação aumenta, e vice versa. A regra de Friedman supõe que o banco central aumenta
a base monetária a uma taxa constante e igual a µ , independente da situação da
economia.
Álgebra
r − r = ρ − ρ +π −π
m − m = λ ( y − y ) − θ (ρ − ρ ) − θ (π − π )
λ
ρ − ρ = −(π − π ) + ( y − y ) − 1 (m − m )
θ θ
Levando-se este hiato entre as taxas de juros reais, de curto e de longo prazo, na
equação da curva IS obtém-se:
186
αλ
y − y = α (π − π ) − ( y − y ) + α (m − m )
θ θ
α
y− y = (π − π ) + α / θ (m − m )
αλ αλ
1+ 1+
θ θ
α y& α / θ (µ − π )
1 −
αλ αλ
1+ 1 +
θ = θ
− φ π& δ ( y − y )
1
y& α α /θ ( µ − π )
1 αλ αλ
1 1+ 1 +
= αφ θ θ
1−
π& αλ δ
1+ φ
1 ( y − y )
θ
Sistema Dinâmico
187
o α αθδ
y= (µ − π ) + (y − y )
θ + α (λ − φθ ) θ + α (λ − φθ )
π& =
φα
(µ − π ) + δ (θ + αλ ) ( y − y )
θ + α (λ − φθ ) θ + α (λ − φθ )
∂ y& ∂ y&
∂y ∂π αθδ −α
1
J = = θ + α (λ − φ θ )
∂π& ∂π& δ (θ + αλ ) − φα
∂y ∂π
− αθδφα + αδ (θ + αλ ) αθδ − φα
J = , tr J =
[θ + α (λ − φθ )]2
θ + α (λ − φθ )
θ + αλ
θδ < φ <
θα
Cabe observar que se φ = 0 ⇒ J > 0 e tr J > 0 . Logo, neste caso o modelo é instável.
188
π
y& = 0
y y
o
Figura 5.19. Diagrama de Fases: y = 0 ⇒ π = µ + θ δ ( y − y )
δ (θ + αλ ) δ (θ + α λ )
÷θ δ = >1
φα φαθδ
π o
π =0
y
y
o δ (θ + αλ )
Figura 5.20 Diagrama de Fases: π = 0 ⇒ π = µ + (y − y )
φα
189
A Figura 5.21 apresenta o diagrama de fases do modelo que tem quatro regiões
distintas. Na região I a economia move-se na direção nordeste, na região II a taxa de
inflação e o produto real movimentam-se no sentido noroeste, na região III a trajetória
da economia tem a direção sudoeste e na região IV ambas variáveis tomam o rumo
sudeste.
π& = 0
π
III
y& = 0
II
E
IV
y y
Figura 5.21. Diagrama de Fases do Modelo
Experimento
190
taxa de inflação tem que crescer a uma taxa maior que a taxa de crescimento da base
monetária durante determinado período de tempo.
µ log M
µ1
µ1
µo µo
tempo tempo
π& = o
π o
y=0
π1
πo
Eo
y
y
Figura 5.23 Dinâmica do Modelo
5. Exercícios
191
IS: y& = σ (r − π − ρ )
CP: π& = δ ( y − y )
RPM: r = ρ + π + φ (π − π ) + θ ( y − y )
CI: Dados p (0) e π (0)
IS: y& = −λ ( y − y ) − α ( ρ − ρ )
CP: π& = δ ( y − y )
RPM: r = ρ + π + φ (π − π ) + θ ( y − y )
CI: Dados p (0) e π (0)
IS: y − y = −α ( ρ − ρ ) + β ( f − f ) + g − g
CP: π& = δ ( y − y )
RPM: r = ρ + π + φ (π − π ) + θ ( y − y )
CI: Dados p (0) e π (0)
Regra de Política Fiscal: f − f = −ϕ 1 ( y − y ) , g − g = −ϕ 2 ( y − y )
192
c) O que aconteceria neste modelo se o parâmetro φ fosse negativo?
d) O que aconteceria nesta economia se o governo aumentasse a meta da taxa de
inflação de π 0 para π 1 > π 0 ?
IS: y − y = −α ( ρ − ρ ) , α > 0
CP: π& = − δ ( y − y ) , δ > 0
RPM: r = ρ BC + π + φ (π − π ) + θ ( y − y )
CI: Dados p (0) e π (0)
IS: u − u = α (ρ − ρ ) , α > 0
CP: π& = − δ (u − u ) , δ > 0
RPM: r& = φ (π − π ) − θ u&
CI: Dados p (0) e π (0)
193
nominal; r& = dr / dt π = taxa de inflação; π = meta da taxa de inflação, π& = dπ / dt ;
u& = du / dt α , δ , φ e θ são parâmetros positivos.
a) Como você obteria a curva IS deste modelo?
b) A regra de política monetária necessita informação de alguma variável não
observável?
c) Analise o equilíbrio e a dinâmica deste modelo num diagrama de fase com a inflação
no eixo horizontal e a taxa desemprego no eixo horizontal. Este modelo é estável?
d) Admita que a inflação inicial deste modelo seja uma variável endógena e que o
parâmetro δ seja negativo. Analise o equilíbrio e a dinâmica deste modelo nestas
circunstâncias.
e) Você recomendaria o uso desta regra de política monetária?
IS: y − y = −α (ρ − ρ )
CP: π& = δ ( y − y )
RPM: r = ρ + π + φ (π − π ) + θ ( y − y )
IS: y − y = −α (ρ − ρ )
CP: π& = δ ( y − y )
RPM: r s = ρ s + π + θ (π − π ) + φ ( y − y )
Crédito: r = r s + sp + β (sp − sp )
CI: Dados p (0) e π (0)
Definições: r = ρ − π , ρ = ρ s + sp
π =π −
(1 + α φ ) ( y − y ) − β (sp − sp )
αθ θ
194
b) Mostre, num diagrama de fases ( π no eixo vertical e y no eixo horizontal), o que
acontece com o produto real e a taxa de inflação, quando um choque no mercado de
crédito faz com que sp − sp > 0 .
195
Capítulo 6
A taxa de câmbio (S) é a quantidade de moeda doméstica que compra uma unidade
da moeda estrangeira. Admita que o preço do bem doméstico seja igual a P e o preço do
mesmo bem importado na moeda do país de origem seja igual a P * . O preço do bem
importado convertido em moeda doméstica é, portanto, igual a S P * . Logo, se este
preço for menor do que o preço do bem doméstico compra-se o bem importado. Caso
contrário compra-se o bem doméstico. A lei do preço único estabelece que um bem será
vendido pelo mesmo preço:
S P* = P
A taxa de câmbio nominal pode ser escrita, então, como a razão entre o inverso do
índice de preços estrangeiro e o inverso do índice de preços doméstico,
1/ P*
S=
1/ P
196
O numerador desta expressão é o poder de compra da moeda estrangeira e o
denominador é o poder de compra da moeda doméstica. Esta equação mostra que a
arbitragem dos preços dos bens e serviços estabelece a paridade de poder de compra
entre as moedas.
A taxa de câmbio real é definida pela razão entre os níveis de preços dos dois
países medidos na mesma moeda:
SP *
Q=
P
Q=1
Admita que no cálculo do índice de preços de cada país entrem dois bens, mas
que o peso de cada bem não seja o mesmo nos dois países. A proporção do gasto com o
bem dois no índice doméstico é α e esta proporção no índice de preços estrangeiro é
igual a β . Os índices geométricos de preços de cada país são dados por:
β
P*
P = (P
*
1 ) (P )
* 1− β
2
* β
= P 2*
1
*
P1
S P* S P1* p β
Q= =
P P1 pα
onde p é o preço relativo dos dois bens.A arbitragem do comércio internacional implica
na lei do preço único:
S P1* = P1 S P2* = P2
A taxa de câmbio real é, portanto, dada por:
Q = p β −α
197
Quando α = β , Q = 1 . Se α ≠ β , e p = constante, então se obtém a paridade do poder
de compra relativa:
Q= constante
Sˆ = Pˆ − Pˆ *
Existe um bom número de bens e serviços em cada país que não são objeto do
comércio internacional. Estes bens e serviços são denominados não comercializáveis
(N). O índice de preços em cada país é uma média geométrica dos preços dos dois bens:
ω
P = PT1−ω PNω = PT N
P
PT
ω
* 1−ω *ω P*
P =P
*
T P
N = P N*
T
*
PT
Admite-se, por simplicidade, que o peso de cada bem é o mesmo nos dois países. Para
os bens comercializáveis (T) a lei do preço único implica:
S PT* = PT
A taxa de câmbio real depende, portanto, da razão dos preços relativos nos dois países:
ω
p*
Q =
p
Neste caso não vale nem a paridade relativa nem tampouco a paridade absoluta do poder
de compra e a taxa de variação do câmbio real é proporcional à diferença entra as taxas
de variações dos dois preços relativos:
(
Qˆ = ω pˆ * − pˆ )
198
A mobilidade de capital interliga os mercados financeiros dos países, tornando
possível a arbitragem de juros dos títulos, de renda fixa e de renda variável, emitidos em
diferentes moedas. Nesta seção admite-se que existe perfeita mobilidade de capital, que
os ativos são substitutos perfeitos e que os agentes são neutros ao risco.
1 + rt
Caso prefira investir no exterior ele terá de converter sua moeda doméstica no mercado
de câmbio para obter 1/S de moeda externa, aplicá-la a taxa de juros externa r * , e no
momento do resgate converter o principal e os juros pela taxa de câmbio S t +1 :
1
St
( )
1 + rt* S te+1
Adicionou-se o símbolo e na taxa de câmbio do período t+1 para indicar o fato de que
no momento t do investimento esta taxa não é conhecida. Para um investidor neutro ao
risco estas duas opções são equivalentes. Logo, pela lei do preço único:
1 + rt = (1 + rt* )
S t*+1
St
s te+1 − s t = rt − rt*
rt + s t = rt* + s te+1
A Figura 6.1 mostra o gráfico desta equação com a taxa de juros no eixo
horizontal e a taxa de câmbio no eixo vertical, supondo que a taxa de juros externa e a
de câmbio futuro, sejam conhecidas. Para uma taxa de juros doméstica igual a r0 à taxa
de câmbio determinada pela arbitragem é igual a s0 . A taxa de câmbio hoje depende da
taxa de câmbio prevista para amanhã. Caso se antecipe uma mudança da taxa de câmbio
199
futura, a taxa de câmbio muda imediatamente, como indicado na Figura 6.1. A curva AA
desloca-se para A’A’ e a taxa de câmbio aumenta de s0 para s1 .
A taxa de câmbio, como o preço de qualquer ativo pode ter uma bolha, isto é,
seu preço pode sofrer variação sem que haja uma mudança nos fundamentos, basta que
as pessoas que participam do mercado acreditem que os preços no futuro vão subir. Esta
crença pode gerar uma profecia que se auto-realiza. A inexistência de fundamentos que
sustentem a alta dos preços prevalecerá mais cedo ou mais tarde, e a bolha terminará se
dissipando.
s
A´
s1
s0
A’
A
r
r0
Figura 6.1
E1
s 0 (t )
E∞
s1
E0
s0
r
r1 r0
Figura 6.2
A taxa de câmbio é uma variável que pode mudar de valor instantaneamente,
como o preço de qualquer outro ativo. Todavia, os preços dos bens e serviços podem ser
rígidos e no curto prazo não mudarem de valor repentinamente, isto é, os preços dos
bens e serviços podem ser variáveis predeterminadas do modelo. Admita que este seja o
caso. Suponha também que o banco central reduza a taxa de juros de r0 para r1 , como
indicado na Figura 6.2. A redução da taxa de juros provoca um aumento da quantidade
de moeda e no longo prazo o nível de preços terá um aumento proporcional ao aumento
do estoque de moeda. A taxa de câmbio futura aumentará porque não houve mudança
da taxa de câmbio real. No longo prazo, a taxa de juros volta ao seu valor inicial devido
ao aumento do nível de preços, que mantém a liquidez real da economia inalterada. No
200
longo prazo, a taxa de câmbio da economia será igual a s1 . No curto prazo, a taxa de
câmbio será maior do que este valor, para impedir ganhos de arbitragem, pois a taxa de
câmbio tem que se apreciar depois de sua subida inicial. Este fenômeno é conhecido
como o fenômeno da ultrapassagem (em inglês, overshooting), no qual a taxa de câmbio
ultrapassa no curto prazo seu valor de longo prazo.
Este investidor pode optar por ir ao mercado pronto de câmbio comprar 1/S de moeda
estrangeira e aplicá-la a uma taxa de juros r * . No momento do investimento ele sabe
exatamente o valor em moeda estrangeira que receberá no resgate do mesmo. O
investidor pode vender esta moeda estrangeira no mercado futuro, ou a termo, no
momento do investimento ao preço F vigente no mercado futuro, ou no mercado a
termo, para entrega de moeda estrangeira no período t+1. No resgate do investimento, o
valor do mesmo será igual a:
1
St
(
1 + rt* Ft)
A lei do preço único implica que os retornos destes dois ativos devem ser iguais porque
eles são idênticos. Isto é:
(
1 + rt = 1 + rt* ) SFt
s te+1 = f t
2.4. Paridade da Taxa de Juros Real Descoberta
201
A paridade da taxa de juros descoberta estabelece que o diferencial entre as taxas
de juros interna e externa é igual à taxa de variação antecipada da taxa de câmbio:
(
1 + rt = 1 + rt* ) SSt +1
Esta expressão não se altera quando se multiplica e se divide os dois lados da mesma
pela relação dos índices de preços, domésticos e externos, nos períodos t e t+1:
S t +1 Pt *+1
1 + rt 1+ r* Pt +1
= * t *
Pt +1 / Pt Pt +1 / Pt S t Pt *
Pt
O lado esquerdo desta equação é igual a um mais a taxa de juros real doméstica. A
primeira fração do lado direito é igual a um mais a taxa real de juros externa. A segunda
fração do lado direito é igual à razão entre a taxa de câmbio real no período t+1 e a taxa
de câmbio real no período t. A paridade da taxa de juros real descoberta tem uma
expressão análoga à paridade da taxa de juros nominal. Isto é:
(
1 + ρ t = 1 + ρ t* ) QQ t +1
Tomando-se logaritmo dos dois lados desta expressão tem-se que o diferencial das taxas
de juros reais é igual ao valor esperado da mudança da taxa de câmbio real:
ρ t = ρ t* + q t +1 − q t
onde q i = log Q i . Esta expressão pode ser escrita em variáveis contínuas, isto é, a cada
momento do tempo a diferença das taxas de juros reais é igual à derivada da taxa de
câmbio real com relação ao tempo:
ρ = ρ * + q&
No longo prazo, quando a taxa de câmbio real estiver em equilíbrio q& = 0, à taxa de
juros real doméstica é igual à taxa de juros real externa: ρ = ρ * .
3. Condição de Marshall-Lerner
Quando do produto interno bruto é subtraído a renda líquida enviada para o exterior
obtém-se o produto nacional bruto. A exportação líquida de bens e serviços não fatores
202
menos a renda líquida enviada para o exterior é igual a conta corrente do balanço de
pagamentos. Portanto, deve ficar claro do contexto qual o significado do símbolo Y, se
produto interno bruto ou produto nacional bruto:
Y C I G X SP *
= + + + − z
P P P P P P
y = c+i+ g + x−Qz
cc = x − Q z
∂z
z = z (Q, K) , <0
∂Q
Álgebra
A derivada da conta corrente com relação à taxa de câmbio real é dada por:
∂ cc ∂x ∂z
= − z + Q
∂Q ∂Q ∂Q
203
∂ cc x ∂x Q Q ∂z
= − z 1 +
∂Q Q ∂Q x z ∂Q
∂x Q ∂z Q
η x ,Q = , η z ,Q =
∂Q x ∂Q z
A derivada da conta corrente com relação à taxa de câmbio real pode ser escrita
em função das duas elasticidades de acordo com:
∂ cc x
= η x ,Q − z (1 + η z ,Q )
∂Q Q
∂ cc x
= (η x ,Q − η z ,Q − 1)
∂Q Q
Marshall-Lerner
∂ cc x
∂Q Q
(
= η x ,Q + η z ,Q − 1 )
A condição de Marshall-Lerner estabelece as restrições que devem ser satisfeitas
para que a taxa de câmbio real e a conta corrente variem no mesmo sentido. Quando a
soma das duas elasticidades, em valores absolutos, for maior do que um a conta corrente
aumenta (diminui) quando a taxa de câmbio real aumenta (diminui):
∂ cc
η x ,Q + η z ,Q − 1 > 0 ⇒ >0
∂Q
204
y = c + i + g + cc
y = c ( y − τ ) + i (ρ ) + g + cc (Q )
y = c ( y − τ ) + i (ρ ) + g + cc (Q )
Álgebra
c ( y − τ ) = c ( y − τ ) + c ´ ( y − y − (τ − τ ))
i (ρ ) = i ( ρ ) + i ' (ρ − ρ )
cc (Q ) = cc (Q ) + cc ' (Q − Q )
y−y =−
c'
(τ − τ ) +
i´
( ρ − ρ ) +
1
( g − g ) +
cc '
(Q − Q )
1− c' 1− c' 1 − c' 1 − c'
O déficit público pode substituir uma das variáveis de política fiscal nesta equação. O
imposto arrecadado pelo governo é igual à diferença entre o gasto do governo e o déficit
público, τ = g − f . Portanto, τ − τ = g − g − ( f − f ) . Logo:
y−y =
i'
( ρ − ρ ) +
cc '
(Q − Q ) + c′ ′ ( f − f ) + g − g
1− c '
1 − c' 1− c
Esta equação, como a da curva IS da economia fechada, pode ser escrita com o hiato do
produto no lado esquerdo bastando para isto que se dividam os dois lados da mesma
pelo produto potencial da economia. No termo que contém o desvio da taxa de câmbio
real com relação à taxa de câmbio real de pleno emprego deve-se multiplicá-lo e dividi-
lo pela taxa de câmbio real de pleno emprego. Deste modo o desvio do logaritmo da
taxa de câmbio real em relação ao logaritmo da taxa de câmbio real de longo prazo será
um dos argumentos da curva IS. Isto é:
205
Q−Q Q−Q
≅ log 1 + = log Q − log Q = q − q
Q Q
Equação da Curva IS
( )
y − y = −α (ρ − ρ ) + β (q − q ) + γ f − f + g − g
y t = ω 1 c t + ω 2 g t + ω 3 ex
ex t = y t* + η q t + κ
q t = s t + p t* − p t
c t = −σ (ρ t − δ ) + c t +1
P −η *
1
A equação de demanda das exportações, Ex = γ ( ) Y = γ Q η Y * , é obtida a partir de uma
SP *
função de produção CES. Tomando-se o logaritmo da mesma obtém-se a equação do texto.
206
y t = −ω1 σ (ρ t − δ ) + ω1 c t +1 + ω 2 g t + ω 3 ex t
ω 1 c t +1 = y t +1 − ω 2 g t +1 − ω 3 ex t +1
y t = y t +1 − ω1 σ (ρ t − δ ) + ω 2 ( g t − g t +1 ) + ω 3 ( ex t − ex t +1 )
y t = y t +1 − ω 1 σ (ρ t − δ ) + ω 2 ( g t − g t +1 ) + ω 3 ( y t* − y t*+1 ) + ω 3 η ( q t − q t +1 )
x t = x t +1 − ω 1 σ (ρ t − ρ ) + ω 2 ( g t − g t +1 ) + ω 3 ( x t* − x t*+1 ) + ω 3 η ( q t − q t +1 )
A taxa de juros real de longo prazo, a taxa de juros natural, é dada pela seguinte
expressão:
1 ω3
ρ =δ + ∆y− ∆ y*
ω1 σ ω1 σ
Numa economia aberta pequena a taxa de juros real no equilíbrio de longo prazo
é igual à taxa de juros internacional porque a taxa de câmbio real é igual ao seu nível de
equilíbrio estacionário: q t = q t +1 = q . Admitindo-se que a taxa de juros real
internacional seja constante, a taxa natural da economia é igual à taxa internacional. Isto
é:
ρ = ρ*
1 1−ω
ρ =δ + ∆y− ∆ y* = ρ*
ωσ ωσ
Esta igualdade somente ocorreria por acaso, ou seja, não existe nenhuma razão para que
dois parâmetros do modelo sejam iguais. Logo, a curva IS para uma economia aberta
pequena, deduzida a partir do modelo do agente representativo com vida infinita,
implica numa hipótese não palatável. Esta hipótese não é razoável, tanto do ponto de
vista empírico como do ponto de vista teórico.
207
A curva IS representa a condição de equilíbrio entre poupança e investimento.
Na economia aberta o déficit da conta corrente do balanço de pagamentos é a poupança
externa. Quando houver superávit na conta corrente à poupança doméstica financia a
compra de ativos no estrangeiro, e no caso de déficit a poupança externa compra ativos
domésticos. Subtraindo-se o imposto e o consumo do produto nacional bruto obtém-se a
poupança doméstica:
y − τ − c( y − τ ) = i( ρ ) + g − τ + cc(q )
s( y − τ ) = i(ρ ) + g − τ + cc(q )
Quando a economia estiver em pleno emprego esta igualdade pode ser escrita como:
s( y − τ ) − cc ( q ) = i (ρ ) + g − τ
s ( y − τ ) + s e ( q ) = i (ρ ) + f
No equilíbrio de longo prazo numa economia aberta com perfeita mobilidade de capital
a taxa de juros real de longo prazo é igual à taxa de juros externa. Portanto, a política
fiscal afeta a taxa de câmbio real de equilíbrio de longo prazo. A Figura 6.3 ilustra esta
proposição. No eixo vertical desta figura mede-se a taxa de juros real, no eixo horizontal
mede-se a poupança e o investimento.
A curva IF é a soma do investimento com o déficit público. Ela é negativamente
inclinada porque a taxa de juros real e o investimento são negativamente
correlacionados. Se a economia fosse uma economia fechada na conta de capital do
balanço de pagamentos a taxa de juros real seria dada pela interseção da curva IF com a
curva vertical da poupança SS. Na economia aberta pequena a taxa de juros real de
longo prazo é igual à taxa de juros real externa ( ρ * ). A Figura 6.3 mostra que neste
caso o balanço de pagamentos terá um déficit e este déficit determina a taxa de câmbio
real de longo prazo.
208
I
ρ S
ρ*
cc
F
S
s,i
Figura 6.3
Io I1
ρ S1
So
cc1
ρ*
cco F1
Fo
So S1
s,i
Figura 6.4
A Figura 6.4 mostra o que acontece nesta economia quando o déficit público de
pleno emprego aumenta. Numa economia fechada o aumento do déficit provocaria um
aumento da taxa de juros real. Numa economia aberta pequena, com perfeita mobilidade
de capital, o aumento do déficit público acarreta uma apreciação do câmbio real, a
expulsão (em inglês, crowding out) das exportações, a geração de um déficit na conta
corrente do balanço de pagamentos, fenômeno este conhecido na literatura econômica
como déficits gêmeos.
O modelo keynesiano (Mundell-Fleming) da economia aberta tem uma
inconsistência que é facilmente percebida pela análise da Figura 6.3. Numa economia
aberta pequena, a taxa de juros externa não produz, em geral, equilíbrio na conta
corrente do balanço de pagamentos. Na Figura 6.3 a taxa de juros ρ * corresponde um
déficit na conta corrente. Este déficit aumenta o estoque da dívida externa do país.
Enquanto a taxa de juros externa permanecer abaixo da taxa que equilibra o balanço de
pagamentos, a dívida externa continuará aumentando. Neste modelo não há mecanismo
que corrija este desequilíbrio.
Riqueza na Curva IS
209
Uma maneira de resolver esta anomalia seria admitir-se que o consumo
doméstico dependa não somente da renda disponível, mas também da riqueza líquida
(a) do país:
∂c
c = c( y − τ , a ) , >0
∂a
∂s
s = s( y − τ , a ) , <0
∂a
( )
y − y = −α (ρ − ρ ) + β (q − q ) + γ f − f + g − g + ψ ( a − a )
ω
SP *
( )
Pc = P 1−ω SP *
ω
= P
P
O índice de preços ao consumidor pode ser escrito como função do índice de preços
domésticos e da taxa de câmbio real de acordo com:
Pc = P Q ω
o
πc = π +ω q
210
mercado de trabalho, medida pelo hiato do produto, e do crescimento da produtividade
do trabalho. Isto é:
o
y
o
L
= π ce + δ * ( y − y ) +
W
W y
L
P = (1 + k ) ) = (1 + k )
WL W
y y
L
A taxa de inflação dos bens e serviços domésticos é igual à diferença entre a taxa de
aumento dos salários e a taxa de crescimento da produtividade da mão de obra:
o
y
o
L
W
π = −
W y
L
o
π = π e + ω q+ δ * ( y − y )
A diferença entre esta curva de Phillips e aquela deduzida para uma economia
fechada está na inclusão da taxa de variação do câmbio real como um dos argumentos
da taxa de inflação dos bens e serviços domésticos.
Quando a inflação tem um componente inercial, a taxa esperada de inflação
depende da taxa de inflação passada:
π e = π (t − h )
o
π = π (t − h ) + ω q + δ * ( y − y )
o
π (t − h ) = π (t ) + π (t − (t − h ))
211
o o
π = γ q + δ (y − y)
onde γ = ω h e δ = δ * h .
IS: y − y = −α (ρ − ρ ) + β (q − q )
o o
CP: π = γ q + δ ( y − y )
o
PJD: ρ = ρ + q, ρ = ρ *
RPM: s = s
A curva IS supõe, por simplicidade, que o déficit público e o gasto do governo são
iguais aos seus valores de pleno emprego. Este modelo tem cinco variáveis, o produto
real, a taxa de juros real, a taxa de câmbio real, a taxa de inflação e a taxa de câmbio
nominal. A quinta equação do modelo é a definição da taxa de câmbio real, em
logaritmo natural, que é expressa por:
q = s+p*-p
Álgebra
o o
q = s+ π * − π
A regra de política monetária supõe que a taxa de câmbio nominal é fixa ( s& = 0 ). Logo,
a taxa de variação da taxa de câmbio real é igual á diferença entra a taxa de inflação
externa e a taxa de inflação doméstica:
o
q = π * −π
212
De acordo com a paridade de juros descoberta a diferença entre as taxas de juros reais,
interna e externa, é igual à variação da taxa de câmbio real. Portanto, da última equação
segue-se que:
o
ρ − ρ = q = π * −π
π = γ (π * − π ) + δ ( y − y )
o
o o o
y = −α ρ + β q
Levando-se em conta que a variação da taxa de câmbio real é igual à diferença entre as
taxas de inflação externa e doméstica segue-se que:
( )
o o
y = −α ρ + β π * − π
Como a diferença entre as taxas de juros real, interna e externa, é igual à derivada da
taxa de câmbio real com relação ao tempo, que por sua vez é igual à diferença entre as
taxas de inflação externa e interna, é fácil deduzir que:
o o o o
ρ = q&& = π * − π = − π
Esta equação supõe que a taxa de inflação externa seja constante ( π& * = 0 ).
Substituindo-se esta expressão na equação da derivada do produto real com relação ao
tempo obtém-se:
( )
o o
y = α π + β π * −π
( ) ( )
o
y = α γ π * − π + αδ ( y − y ) + β π * − π
Sistema Dinâmico
213
O sistema dinâmico do modelo, com regime de câmbio fixo, é formado pelas
duas equações diferenciais:
( )
π& = γ π * − π + δ ( y − y )
( )
y& = (αγ + β ) π − π + α δ ( y − y )
*
o o
∂π ∂π
−γ δ
∂π ∂y
J = o o =
∂ y ∂ y − (αγ + β ) α δ
∂π ∂y
tr J = αδ − γ
Para que o sistema dinâmico seja estável admite-se que a seguinte desigualdade seja
válida:
αδ − γ < 0
o δ
π =0 ⇒π =π* + (y − y)
γ
A Figura 6.5 contém o gráfico desta reta e as setas indicam o que ocorre com a dinâmica
da taxa de inflação. Nos pontos abaixo da reta a inflação aumenta e nos pontos acima da
reta a taxa de inflação diminui.
214
π o
π
π*
y
y
Figura 6.5
π
o
y=0
π*
y
y
Figura 6.6
Para desenhar o gráfico do diagrama de fases da equação diferencial do produto
real, a equação em que o produto real não muda de valor é dada por:
o αδ
y =0 ⇒ π =π* + (y − y)
αγ + β
δ
π =π* + (y − y)
β
γ 1 +
αγ
O coeficiente angular desta curva é menor do que o coeficiente da reta na qual a taxa de
inflação não muda de valor. A Figura 6.6 mostra o gráfico da reta e a direção do produto
real. Nos pontos acima da reta o produto real diminui. Nos pontos abaixo da reta o
produto real aumenta.
A Figura 6.7 mostra o diagrama de fases do modelo, com quatro regiões. Na
região I a economia move-se na direção nordeste; na região II o movimento é na direção
215
noroeste; na região III a economia quando estiver em desequilíbrio caminha na direção
sudoeste e na região IV move-se numa rota sudeste. No ponto de equilíbrio, a taxa de
inflação é igual à taxa de inflação externa e o produto é igual ao produto potencial.
o
π III π =0 II
o
y=0
π*
IV
I
y
y
Figura 6.7
Experimento
π*
π 1*
π o*
tempo
Figura 6.8
216
o
π =0
π o
y=0
E∞
π 1*
π o*
Eo
y
y
Figura 6.9
π
π
π 1*
π o*
tempo
Figura 6.10
IS: y − y = −α (ρ − ρ ) + β (q − q )
o o
CP: π = γ q + δ ( y − y )
217
o
PJD: ρ = ρ + q , ρ = ρ *
RPM: r = ρ + π + φ (π − π ) + θ ( y − y )
Álgebra
O hiato da taxa de juros real de acordo com a regra de política monetária é dado
por:
ρ − ρ = φ (π − π ) + θ ( y − y )
o
π = γ φ (π − π ) + (γ θ + δ ) ( y − y )
Para obter a equação diferencial do produto real comecemos por derivar, com
relação ao tempo, a curva IS e a regra de política monetária:
o o o
y = −α ρ + β q
o o o
ρ = φ π +θ y
o o o
y = −α φ π − α θ y + β (ρ − ρ )
o o
(1 + α θ ) y = −αφ π + βφ (π − π ) + βθ ( y − y )
218
Substituindo-se a derivada da inflação com relação ao tempo pela expressão da equação
diferencial da mesma obtém-se:
o
(1 + α θ ) y = −αφγφ (π − π ) − αφ (γθ + δ ) ( y − y ) + βφ (π − π ) + βθ ( y − y )
Esta expressão pode ser reescrita como:
Sistema Dinâmico
O modelo da economia aberta pequena, com regime de câmbio flexível, pode ser
resumido no sistema dinâmico de duas equações diferenciais do produto real e da taxa
de inflação:
y& = φ (β − αφγ ) (π − π ) + [βθ − αφ (γθ + δ )] ( y − y )
1 + αθ 1 + αθ
π& = γφ (π − π ) + (γ θ + δ ) ( y − y )
o o
∂π ∂π γφ γθ + δ
∂π ∂y
J = =
∂ yo φ (β − αφγ ) βθ − αφ (γθ + δ )
∂ y
o
1 + αθ 1 + αθ
∂π ∂ y
J < 0 ⇒ sela
A Figura 6.11 mostra o diagrama de fases da equação diferencial da taxa de
inflação. No eixo vertical mede-se a taxa de inflação e no eixo horizontal o produto real.
A equação que descreve os pontos em que a taxa de inflação não muda é uma linha reta
com uma inclinação negativa. Isto é:
γ θ +δ
π& = 0 ⇒ π = π − (y − y )
1+α θ
Nos pontos acima da reta a taxa de inflação aumenta e nos pontos abaixo da mesma a
taxa de inflação diminui.
219
π
o
π =0
y y
Figura 6.11
o
y = 0⇒π =π −
[βθ − αφ (γθ + δ )] ( y − y )
φ (β − αφγ )
θ (β − αφγ ) − αφδ
π =π − (y − y)
φ (β − αφγ )
Se β − αφγ < 0 a inclinação desta reta é negativa. Na hipótese de que β − αφγ < 0 as
retas que correspondem a y& = 0 e a π& = 0 são negativamente inclinadas. Para saber qual
delas é a mais inclinada verifica-se a diferença entre os valores absolutos dos dois
coeficientes angulares. Isto é, o valor absoluto do coeficiente angular da reta y& = 0 é
maior do que o valor absoluto do coeficiente angular da reta π& = 0 :
θ ( β − αφγ ) − αφδ γθ + δ − βδ
− = >0
φ ( β − αφγ ) γφ γφ ( β − αφγ )
220
π o
y=o
y
y
Figura 6.12
π o
S y=o
π E
S
o
π =0
y
y
Figura 6.13
A Figura 6.13 mostra o diagrama de fases do sistema dinâmico, com a reta y& = 0
positivamente inclinada. A trajetória de sela SS convergente é negativamente inclinada.
Experimento
Este modelo pode ser usado para analisar o experimento de política econômica
que consiste na mudança da meta de inflação pelo banco central. Admita que o banco
central reduza a meta de inflação de π 0 para π 1 , como indicado na Figura 6.14. Neste
modelo a taxa de inflação não muda instantaneamente, porque ela é uma variável
predeterminada. O gráfico da Figura 6.15 mostra a dinâmica de ajuste da economia. O
produto real tem uma redução no momento do anúncio da nova meta de inflação, e a
economia entra numa recessão. A taxa de inflação começa a diminuir gradualmente,
seguindo a trajetória da sela SS, até atingir a nova meta de inflação e a economia retorna
ao produto real de pleno emprego.
221
π
πo
π1
tempo
Figura 6.14
π
S
Eo
πo
π1 Ef
Figura6.15 y y
Álgebra
O modelo apresentado nesta seção também pode ser resolvido com um sistema
de equações diferenciais nas variáveis taxas de câmbio real e de juros real. A equação
diferencial da taxa de câmbio real é a equação da paridade de juros descoberta:
o
q=ρ−ρ
Para obter-se a equação diferencial da taxa de juros real comecemos por derivar,
com relação ao tempo, as equações da regra de política monetária e da curva IS. Isto é:
o o o
ρ = φ π +θ y
o o o
y = −α ρ + β q
o o o o
ρ = φ π − αθ ρ + βθ q
222
A aceleração da inflação depende da variação do câmbio real e do hiato do produto.
Logo:
o o
(1 + αθ ) ρ = φδ ( y − y ) + (βθ + φγ ) q
O hiato do produto depende dos hiatos da taxa de juros real e do câmbio real de
acordo com a curva IS. A expressão anterior transforma-se, então, na seguinte equação:
(1 + αθ ) ρ = φδ [− α (ρ − ρ ) + β (q − q )] + (βθ + φγ ) (ρ − ρ )
o
o
(1 + αθ ) ρ = (βθ + φγ − αφδ )(ρ − ρ ) + βφδ (q − q )
Sistema Dinâmico
βθ + φγ − αφδ
ρ& = (ρ − ρ ) + βφδ (q − q )
1 + αθ 1 + αθ
o
q=ρ−ρ
o
∂ ρ βθ + φγ − αφδ βφδ
o
∂ ρ
∂ρ ∂q 1 + αθ 1 + αθ
J = o =
o
∂q ∂q 1 0
∂ρ ∂q
βφδ
J =− < 0 ⇒ sela
1 + αθ
223
ρ
q
Figura6.16
Nos pontos acima da taxa de juros real externa a taxa de câmbio real aumenta, e nos
pontos abaixo da taxa de juros real externa a taxa de câmbio real diminui, como
indicado pelas setas.
o
ρ =0
q q
Figura 6.17
O diagrama de fases da equação diferencial da taxa de juros real está desenhado
na Figura 6.17. A reta que corresponde aos pontos em que à taxa de juros real
permanece constante tanto pode ser negativamente inclinada como positivamente
inclinada, dependendo dos parâmetros do modelo:
βφδ
ρ& = 0 ⇒ ρ = ρ − (q − q )
βθ + φγ − αφδ
224
ρ
q
q
Figura 6.18
Na Figura 6.17 supõe-se que a reta ρ& = 0 seja negativamente inclinada. Esta
hipótese não altera as conclusões qualitativas do modelo. Nos pontos acima desta reta a
taxa de juros real aumenta e nos pontos abaixo a taxa de juros real diminui.
A Figura 6.18 mostra o diagrama de fases do sistema dinâmico formado pelas
equações diferenciais das taxas de juros e de câmbio reais. A sela convergente SS é
negativamente inclinada. A principal conclusão é de que a taxa de juros real e a taxa de
câmbio real movem-se em sentidos opostos, ou seja, a taxa de juros real e a taxa de
câmbio real devem estar negativamente correlacionadas. Analiticamente, na sela, o
hiato do câmbio e o hiato do juros estariam relacionados por uma equação do tipo:
q − q = − κ (ρ − ρ )
y − y = − α ( ρ − ρ ) + β ( q − q ) = − (α + β κ ) ( ρ − ρ )
Experimento
225
variáveis, as taxas reais de juros e de câmbio, mudam instantaneamente. Como
determinar o ponto na sela SS para o qual estas variáveis saltam do seu ponto de
equilíbrio inicial? Estas variáveis têm de satisfazer a cada momento a curva IS e a regra
de política monetária. Eliminando-se o hiato do produto destas duas equações obtém-se:
φ
ρ−ρ = (π − π ) + βθ (q − q )
1 + αθ 1 + αθ
A Figura 6.19 mostra o gráfico desta reta, representada pelas letras RR, no
momento da mudança da política monetária. Neste instante o hiato da taxa de inflação é
medido pela diferença entre a antiga e a nova meta de inflação. O ponto de interseção da
reta RR com a sela SS é o ponto inicial das taxas de juros e de câmbio reais logo após o
anúncio da nova meta de inflação. A economia começa, então, a mover-se na direção do
equilíbrio de longo prazo (ponto E), com a redução da taxa de juros real e o aumento da
taxa de câmbio real ao longo da trajetória da sela SS.
ρ R
ρ (0 + ) E
o
ρ q=0
R o
S
ρ =0
q
q(0 + ) q
Figura 6.19
10. Exercícios
226
Ms =C+R
M d = P L ( y, r )
r = r*
y=y
P = SP * , S = S = constante
s t +1 − s t = a o + a1 ( f t − s t )+ ∈t
ou
s t +1 − s t = a o + a1 (rt − rt* )+ ∈t
227
Os símbolos têm o seguinte significado: s é o logaritmo da taxa de câmbio no mercado
pronto (spot), f é o logaritmo da taxa de câmbio no mercado a termo (forward), rt é a
taxa de juros doméstica e rt* é a taxa de juros externa.
A taxa de câmbio no mercado a termo, ou o diferencial da taxa de juros, é uma
boa previsão da taxa de câmbio no mercado pronto no futuro?
Y=A+X-Z
O índice de preços da absorção é uma média geométrica do preço do bem doméstico (P)
e do preço do bem internacional, convertido em moeda doméstica pela taxa de câmbio
(SP*):
α
SP *
Pa = P 1−α (SP * ) = P
α α
= PQ
P
Pa a X Z
onde d = ,x = e z= . A absorção real (a) depende da renda real definida
P P SP *
Py
por: y a =
Pa
b) Mostre que a poupança (s-y-d- τ , onde τ é o imposto) varia com a taxa de câmbio
real, de acordo com:
∂s α d
∂Q
=
Q
(
η a , ya − 1)
c) (Efeito HLM). O que acontece com a conta corrente do balanço de pagamentos de
η a , y < 1 e ocorre uma melhora nos termos de trocas do país?
a
228
p& = δ (d − y )
d = k + α (e + p * − p ) − β r
m − p = −γ r + φ y
r = r * + e& e
e& e = e&
p& =φ ( y − y )
y =α 0 +α 1 ( s + p *− p)−α 2 r
m− p = β 0 + β 1 y − β 2 r
r =r *+ s&
M =m (r , r *+ s&) W
B=b (r , r *+ s&) W
S F = f ( r , r *+ s&) W
W = M + B + S F
F& = ϕ ( S P * / P ) + r *F
229
externa; P = nível de preços doméstico (exógeno); P* = nível de preços externo
(exógeno).
a) Discuta a especificação de cada equação do modelo e analise o seu equilíbrio;
b) Mostre o que acontece com s e com F em cada uma das seguintes condições: i)
aumento de M; ii) aumento de B.
∂S
S = g ( F , M , B, r ∗) , <0
∂F
S
F& = X + r ∗F
P
IS: y − y = −α (ρ − ρ ) + β (q − q )
CP: π& = γ q& + δ ( y − y )
PJD: ρ = ρ + q& , ρ = ρ *
RPM: r = ρ + π + φ (π − π ) + θ (q − q )
CI: Dados p (0) e π (0)
IS: y − y = −α ( ρ − ρ ) + β (q − q )
230
CP: π& = φ q& + θ ( y − y )
PJD: ρ = ρ + q& , ρ = ρ *
RPM: s = s
CI: Dados p (0) e π (0)
Os símbolos têm o seguinte significado: y = produto real; y = produto potencial; ρ =
taxa de juros real; ρ = taxa de juros real de longo prazo; q = taxa de câmbio real;
q = taxa de câmbio real de longo prazo; r = taxa de juro nominal; π = taxa de inflação;
π& = dπ / dt ; q& = dq / dt ; ρ& = taxa de juros real externa. Os parâmetros α , β , φ e θ são
positivos. Admita que a taxa de inflação externa é constante( π * = d p * / d t =
constante).
Mostre em um diagrama de fases, com ρ no eixo vertical e q no eixo horizontal, o
equilíbrio e a dinâmica deste modelo.
231
Os símbolos têm o seguinte significado: y = logaritmo do produto real; y =
logaritmo do produto potencial; ρ = taxa de juros real; ρ = taxa de juros real de longo
prazo; q = taxa de câmbio real; q = taxa de câmbio real de longo prazo; π = taxa de
inflação; π& = dπ / dt ; π C = meta da taxa de inflação; q& = dq / dt ; r = taxa de juros
nominal.
a) Analise o equilíbrio e a dinâmica deste modelo num diagrama de fases com a taxa de
juros real (no eixo vertical) e a taxa de câmbio real (no eixo horizontal);
b) Mostre no diagrama de fases do item anterior o que acontece nesta economia quando
a taxa de juros real aumenta de ρ0* para ρ 1* > ρ 0* ?
c) Analise o equilíbrio e a dinâmica deste modelo com a taxa de inflação no eixo
vertical e o produto real no eixo horizontal.
d) Mostre no diagrama de fases do item anterior o que acontece quando o banco central
reduz a meta de inflação de π o para π 1 (< π o ) .
232
PJD: ρ = ρ + q&
RPM: s& = π − π *
CI: Dados p (0) e π (0)
Os símbolos têm o seguinte significado: y = produto real; y = produto
potencial; ρ = taxa de juros real; ρ = taxa de juros natural; q = taxa de câmbio real; q
= taxa de câmbio natural; π = taxa de inflação; s=taxa de câmbio nominal.
a) Analise o equilíbrio e a dinâmica deste modelo.
b) Mostre o que acontece nesta economia quando a taxa de juros natural aumenta.
233
PARTE III: MODELOS DE POLÍTICAS MONETÁRIA E FISCAL
Capítulo 7
234
Restrição Orçamentária do Governo
LBC = r B BC
235
Tabela 7.1
ATIVO PASSIVO
1.Reservas Internacionais (RI) 1.Base Monetária (M)
c) Papel Moeda em Poder do Público
d) Reservas Bancárias
o o BC
M =B
o T
G − T + rB − L T BC
≡B
o T o o
B = B + B BC
A dívida pública emitida pelo Tesouro ou é carregada pelo público ou pelo banco
central:
B T = B + B BC
o o BC
G − T + r B T − r B BC ≡ B + B
O Tesouro financia o déficit vendendo títulos públicos diretamente para o setor privado
e indiretamente para o Banco Central, que compra títulos emitidos pelo Tesouro no
mercado secundário.
Consolidando-se as contas do Tesouro e do Banco Central obtém-se a restrição
orçamentária do governo:
o o
G − T + r B ≡ B+ M
236
O nome mais apropriado para esta restrição seria fontes de financiamento do governo
porque os gastos do governo, com consumo e investimento (G), e o serviço da dívida
pública, são financiados por impostos, aumento da dívida pública ou emissão de moeda.
Esta equação de financiamento torna-se facilmente compreendida quando medida em
termos do produto interno bruto da economia. Isto é:
o o
G −T B B M
+r ≡ +
Y Y Y Y
G −T
= − fs
Y
o o o o
o B BY B B Y
b= − 2 = −
Y Y Y Y Y
o o o
Y P y
= + =π +n
Y P y
o
o
= m + m (π + n )
M
Y
ou ainda:
237
o o
− f s + (r − π − n ) b − (π + n ) m ≡ b + m ≡ f
o o
f =b+m
M& = 0
o
b = ( r − π − n ) b − fs
Como a diferença entre a taxa de juros nominal e a taxa de inflação é igual à taxa de
juros real, a equação anterior transforma-se em:
o
b = ( ρ − n ) b − fs
Quando a taxa de juros real for menor do que a taxa de crescimento do produto
real da economia, ρ − n < 0 a equação diferencial que descreve a dinâmica da dívida
pública é negativamente inclinada como mostra a Figura 7.1. Se houver déficit primário,
f d = − f s > 0 a relação Dívida/PIB converge para um valor de equilíbrio. Caso haja
superávit primário, o Tesouro se estiver inicialmente endividado resgatará seus títulos e
ao longo do tempo começa a comprar ativos. A relação ativo/PIB, em equilíbrio,
converge para um valor fixo, com mostra o gráfico da esquerda na Figura 7.1.
Qualquer que seja o valor inicial da relação Dívida/PIB esta relação converge
para o valor de equilíbrio:
fs
b=
ρ−n
Este valor é positivo quando houver déficit primário e negativo no caso de superávit
primário.
238
b& b&
fd
b fs b b b
b&
fd
fs b
Figura 7.2: ρ − n = 0
Quando a taxa de juros real for maior do que a taxa de crescimento do produto
real da economia, ρ − n > 0 , a equação diferencial que descreve a evolução da relação
Dívida/PIB é positivamente inclinada como mostra a Figura 7.3. Caso haja superávit
primário existe um valor de equilíbrio para a relação Dívida/PIB. Se o valor inicial desta
relação for diferente do valor de equilíbrio a dívida pública é insustentável, pois o
modelo é instável. Na hipótese de que o Tesouro tenha um déficit primário, ele deve ter
um estoque de ativos para que a política fiscal seja sustentável. O diagrama da esquerda
da Figura 7.3 mostra o diagrama de fases que corresponde a este caso.
239
b& b&
fd
b
b b
fs
que descreve a evolução da relação Dívida/PIB não é mais um parâmetro, mas sim uma
função do tempo.
Álgebra
b − ( ρ − n ) b = − f s e
− (ρ −n ) v − ( ρ − n )ν
e
d
b e− ( ρ − n )ν
= − f s e − ( ρ − n )ν
dv
Logo,
− ( ρ − n )ν − ( ρ − n )ν
dbe = − fs e dv
240
T T
∫ t
d b e − ( ρ − n ) ν = −∫
t
f s e − ( ρ − n ) ν dv
b (T ) e − ( ρ − n ) T − b (t ) e − ( ρ − n ) t = − ∫
T
f s e − ( ρ − n ) ν dv
t
b (t ) = b(T ) e −( ρ − n ) (T −t ) + ∫
T
f s e − ( ρ − n ) (ν −t ) dv
t
Sustentabilidade da Dívida
Uma dívida torna-se impagável quando seu emissor não somente faz a rolagem
do principal, mas financia integralmente os juros com nova emissão de dívida. Este
comportamento tornou-se conhecido na literatura econômica pelo nome de jogo de
Ponzi. A condição para inexistência de jogo de Ponzi é de que o seguinte limite seja
igual a zero:
lim b(T ) e − ( ρ − n ) ( T − t ) = 0
T →∞
Este limite afirma que a dívida pública é sustentável se a dívida pública como proporção
do produto crescer a uma taxa menor do que a taxa de juros real deduzida da taxa do
crescimento do produto real, supondo-se que ρ > n . Nestas circunstâncias, a relação
Dívida /PIB existente deve ser igual ao valor presente dos superávits primário futuros
descontados pela taxa de juros real líquida da taxa de crescimento da economia:
∞ − ( ρ − n ) (v − t )
b (t ) = ∫ fs e dv
t
∞ ∞
b(t ) + ∫ g e − ( ρ − n ) ( ν −t ) dν = ∫ τ e − ( ρ − n ) ( ν −t ) dv
t t
Cabe observar que se o superávit primário for constante a relação entre o mesmo
e a dívida pública deve ser igual à taxa de juros real líquida: ρ − n = f s / b .
Quando a taxa de juros real for menor do que a taxa de crescimento do produto
real da economia, ρ < n , a solução da equação diferencial da dívida pública pode ser
escrita como:
b (T ) = b(t ) e −( n− ρ ) (T −t ) + ∫
T
f d e − ( n − ρ ) (T −ν ) dv
t
Como
241
lim b(t ) e − ( n − ρ ) ( T − t ) = 0
T →∞
∞
lim T → ∞ b (T ) = ∫ f d e − ( n − ρ ) (T −ν ) dv
t
3. Imposto Inflacionário
τ =π m
= L (r ) , r = L −1 ( m) = r (m )
M
m=
Py
242
D
r
πm
A
r
ρ
D
m m
Figura 7.4
τ
τ
π π
Figura 7.5
r (m ) dm =
m (0 ) r
ω(r)= ∫ m(r) ∫ 0
m ( v ) dv − r m
O cálculo do custo social pela primeira integral usa a função inversa da equação de
demanda de moeda, enquanto a fórmula depois do segundo sinal de igualdade usa a
243
equação de demanda de moeda. É fácil verificar-se à equivalência das duas fórmulas
pela análise da Figura 7.6.
r D
m
m m
Figura 7.6
Para uma equação de demanda de moeda com a semi-elasticidade constante,
especificada por log m = − α r , o custo social da inflação é igual a:
r
ω ( r ) = ∫ e − α v dv − r e − α r =
0
1
α
(1 − e −α r
)− r e −α r
r r 1− α α
ω(r)=∫ v− α
dv − r r −α
= − r 1− α = r 1− α
0 1−α 1−α
É fácil verificar-se através desta expressão que o custo social da hiperinflação neste
caso é infinito por que
lim r → ∞ ω (r)=∞
244
O custo social da inflação calculado nas expressões anteriores baseia-se no
excedente do consumidor da análise de equilíbrio parcial. Num modelo de uma
economia monetária, com microfundamentos, o consumo (c) e os serviços da moeda
(m) são argumentos da função utilidade:
u = u(c , m )
∂u / ∂m u m (c, m )
r= =
∂u / ∂c u c (c, m )
u m (1, m )
r=
u c (1, m )
O valor aproximado de ω (r) pode ser obtido expandindo-se esta função em série
de Taylor, em torno do ponto r=0, desprezando-se os termos de terceira ordem. Isto é:
ω ′′(0 )
ω (r ) ≅ ω (0 ) + ω ′(0 ) (r − 0 ) + (r − 0 )2
2
O custo social para r=o é zero: ω (0) = 0 . Para se obter as expressões de ω′(0) e
ω ′′(0) deriva-se a equação de definição do custo social.
u c ω ′(r ) + u m m ′(r ) = 0
245
ω ′(r ) = −r m′(r )
A segunda derivada do custo social com relação à taxa de juros é, então, dada por:
É fácil verificar-se que ω′(0) e ω ′′(0) = − m′(0) . O custo do bem estar da inflação é,
então, aproximado por:
m ′(0 ) 2
ω (r ) ≅ − r
2
ω (r ) = m (0 )α r 2
1
2
4. Hiperinflação
Dinâmica da Inflação
246
A restrição orçamentária do governo é, então, dada por:
o
m = f −π m
Somando-se e subtraindo-se a taxa de juros real vezes a quantidade real de moeda esta
restrição permanece inalterada:
o
m = f − ρ m −π m + ρ m
Usando-se a equação de Fisher, de que a taxa de juros nominal é igual à soma da taxa de
juros real com a taxa de inflação, obtém-se a equação diferencial da quantidade real de
moeda:
o
m = f + ρm−rm
ro mo
ro
m
mo
Figura 7.7
o
m − ρ m = f − s (m )
m (t ) = m (T ) e − ρ (T −t ) + ∫ (s (m ) − f ) e − ρ (v −t ) dv
T
A condição para que não haja hiperdeflação é de que o seguinte limite seja igual a zero:
lim m (T ) e − ρ (T − t )
=0
T →∞
247
A restrição intertemporal do governo é, então, dada pela seguinte expressão:
[s(m ) − f ] e − ρ (v−t ) dv
∞
m (t ) = ∫
t
Esta restrição afirma que a quantidade real de moeda em poder do público é igual ao
valor presente dos serviços da moeda subtraída do déficit público financiado pela
emissão de moeda. Outra maneira de ler esta restrição é a seguinte: a quantidade real de
moeda existente atualmente na economia (o passivo monetário do governo) mais o valor
presente dos déficits público tem que ser igual ao valor presente dos serviços da moeda.
Caso esta restrição não seja satisfeita, a política de financiar o déficit público emitindo
moeda não é sustentável.
s (m ) s (m )
m m
Figura 7.8
4.1 Bolha
248
existe a possibilidade de hiperinflação de bolha, pois a quantidade real de moeda não
converge para zero.
No gráfico da direita da Figura 7.9 a curva de serviços da moeda é
negativamente inclinada e somente existe um ponto de equilíbrio, que é instável. Neste
caso pode existir uma trajetória de bolha, na qual a quantidade real de moeda converge
para zero. O formato da curva de serviços da moeda pressupõe que a elasticidade da
quantidade real de moeda com relação à taxa de inflação é, em valor absoluto, menor do
que um. Isto é, a trajetória de bolha existe desde que a demanda de moeda seja
inelástica.
m m
a) Inexiste bolha b) Existe bolha
Figura 7.9
m& = f + ρ m − s ( m )
A curva s(m) tem a forma de sino e a reta positivamente inclinada f + ρ m corta esta
curva em dois pontos. O ponto mB corresponde ao ponto de inflação baixa e o ponto
mA é o ponto de inflação alta. Na região entre os dois pontos m& é negativa, a quantidade
real de moeda diminui e a taxa de inflação aumenta. Nos pontos acima do ponto de
inflação baixa m& é positiva, a quantidade real de moeda aumenta e a taxa de inflação
diminui. Nos pontos compreendidos entre mA e a origem dos eixos m& é positiva, a
quantidade real de moeda aumenta e a inflação diminui. Portanto, o ponto de inflação
baixa é instável e o ponto de inflação alta é estável. A hipótese de equilíbrio múltiplo
admite que, por alguma razão, a economia entre numa trajetória que tem início em
algum ponto entre os pontos A e B, e que termina no ponto A, com a quantidade real de
moeda diminuindo e a taxa de inflação aumentando. Esta trajetória é na verdade uma
249
trajetória transitória de desequilíbrio porque não houve nenhuma mudança nos
fundamentos da economia, isto é, o déficit público financiado por moeda continua sendo
exatamente o mesmo. A taxa de inflação atinge um novo patamar de equilíbrio, mas não
ocorre uma hiperinflação no sentido estrito da palavra.
A
s (m)
m
mA mB
Figura 7.10
m& = f − m π
log m = k − α π e
π& e = β (π − π e )
f = f (t )
A primeira equação supõe que o déficit público f é financiado por moeda; a
segunda é a equação de demanda de moeda onde o logaritmo da quantidade real de
moeda m(=M/P) depende da taxa de inflação esperada π e e α é a semi-elasticidade da
demanda de moeda; a terceira equação é o mecanismo de expectativa adaptativa com β
o parâmetro que mede a velocidade de ajuste da previsão; e a quarta equação representa
a evolução do déficit público ao longo do tempo.
Álgebra
250
m&
m
( )
= −α π& e = −α β π − π e = −α β π + α β π e
m&
= −α β π + β k − β log m
m
1 f
π= − β k + β log m
1−α β m
τ (m ) = (f − β km + β m log m )
1
1−α β
As derivadas de τ(m) com respeito à quantidade real de moeda m são dadas por:
dτ ( m ) d 2τ (m ) β
=
1
(− β k + β (log m + 1)) , = > 0.
dm 1−α β dm 2
(1 − α β ) m
f
lim τ (m ) = >0
m→∞ 1−α β
Neste modelo a moeda é essencial, pois o imposto inflacionário não se aproxima de zero
quando a quantidade real de moeda tende a zero, a despeito da forma funcional da
equação de demanda de moeda supor que o valor absoluto da elasticidade com relação à
taxa de inflação esperada tenda para mais infinito.
251
τ(m)
m* m
Figura 7.11
Dinâmica da Hiperinflação
αβ βkm β
m& = − f (t ) + − m log m
1−α β 1−α β 1−α β
f o < f * , se t < 0
f (t ) =
k −1
f > f*=e , se t ≥ 0
α
252
inflação não pode ser inferida a partir do ramo ascendente ou do trecho descendente da
curva do imposto inflacionário, pois a dinâmica do modelo é muito mais complexa, e
nem sempre reconhecida na literatura econômica que trata deste modelo.
m&
B
H H
.
Figura 7.12
τ(m)
f1
fo
A
m* m
Figura 7.13
253
não converge para zero nem tampouco a taxa de inflação tende para infinito. Em ambos
os casos o modelo pode ser resumido em duas equações. Uma equação da dinâmica da
quantidade real de moeda e uma equação da crise fiscal:
o
m = f + ρ m − s (m )
A especificação da crise fiscal supõe que o déficit público financiado por moeda
aumenta ao longo do tempo, mas que ele é menor do que um limite superior
predeterminado ( f ). Este limite é maior do que seria possível arrecadar, de modo
sistemático nesta economia, através do imposto inflacionário. Este modelo produz uma
equação diferencial não autônoma.
f f (T ) + ρm
f (t h ) + ρm
f (0 ) + ρm
s (m)
f (0 )
m(0 ) m
254
da irracionalidade da crise fiscal financiada por moeda ser uma política insustentável,
pois a restrição intertemporal do governo não é satisfeita.
τ (m)
H
f (t h )
B A
f (0)
0 m(t h ) m(0 ) m
5. Equivalência Ricardiana
o o
Y + r B = C +T + M+ B
o o
Y B C T M B
+r = + + +
P P P P P P
255
Usando-se letras minúsculas para denominar os valores reais das varáveis, esta restrição
pode ser escrita como:
y + r b = c + τ + m& + π m + b& + π b
y + (r − π )b = c + τ + m& + b& + m ρ − m ρ + π m
y + ρ (m + b ) = c + τ + s (m ) + m& + b&
O total de ativos financeiros do setor privado é igual à soma do estoque de moeda com o
estoque de títulos: a = m+b. Segue-se, portanto, que a restrição orçamentária do setor
privado em termos de fluxos é descrita pela equação diferencial:
a& = ρ a + y − c − τ − s (m )
a (t ) = a (T ) e − ρ ( T − t ) + ∫ [c + τ + s (m ) − y ] e − ρ (v −t ) dv
T
Para que não ocorra jogo de Ponzi o seguinte limite deve ser satisfeito:
lim a (T ) e − ρ ( T − t)
=0
T →∞
Esta condição afirma que o agente não pode se endividar em bola de neve, ou seja, ele
não pode refinanciar sua dívida e os juros devidos com mais dívida. Esta proposição é
equivalente a afirmação de que o valor presente dos seus gastos com consumo,
pagamento de impostos e com os serviços da moeda tem que ser igual ao valor presente
de sua renda adicionada ao patrimônio atual de seus ativos financeiros:
[c + τ + s(m )]e − ρ ( ν − t ) dv
∞ ∞
a (t ) + ∫ y e − ρ ( ν −t ) dν = ∫
t t
256
o o
G B T M B
+r − = +
P P P P P
Os valores foram deflacionados pelo índice de preços. Usando-se letras minúsculas para
denominar os valores reais das varáveis, levando-se em conta que M& P = m& + π m e de
que B& P= b& + π b , a restrição anterior transforma-se em:
g − τ + r b = m& + π m + b& + π b
g − τ + (r − π )b = m& + b& + ρ m − ρ m + π m
g − τ + ρ (m + b ) = m& + b& + r m
a& = ρ a + g − τ − s (m)
[τ + s(m) − g ] e − ρ (v −t ) dv
∞
a (t ) = ∫
t
Esta expressão supõe que a condição para inexistência de jogo de Ponzi seja satisfeita:
lim a (T ) e − ρ (T −t ) = 0
T →∞
∞ ∞
∫ t
c e − ρ (v −t ) dv = ∫
t
( y − g ) e − ρ (v −t ) dv
257
6. Teoria Fiscal do Nível de Preços
A teoria fiscal do nível de preços supõe que o banco central fixa a taxa de juros
nominal da economia,
r=r
fs = fs
A política fiscal é uma política não ricardiana porque o governo escolhe livremente o
superávit primário e não aquele que seria consistente com a restrição orçamentária do
governo.
r D
m
m
Figura 7.16
Na teoria fiscal do nível de preços a restrição orçamentária do governo não é
uma identidade, mas sim uma condição de equilíbrio do modelo. A combinação de
políticas monetária e fiscal resolveria o problema de indeterminação do nível de preços
quando o banco central fixa a taxa de juros nominal. Na Figura 7.16 a quantidade real
de moeda está determinada pela taxa de juros nominal, mas o nível de preços e a
quantidade nominal de moeda estão indeterminados. A teoria fiscal resolve este
problema determinando o nível de preços pelo lado fiscal, de tal sorte que a dívida
pública seja solvente.
O equilíbrio no mercado de bens e serviços ocorre quando o dispêndio é igual ao
produto:
y=c+g , y= y
Nesta economia o produto real, por hipótese, é fixo, ou seja, a dotação do produto real é
igual a y .
258
A dívida do governo é composta pela quantidade real de moeda em poder do
público e pelo estoque real da dívida pública, que por hipótese não é indexada a nenhum
índice de preços. Isto é:
a (t ) = m (t ) + b (t ) = m + b (t )
A dívida do governo será sustentável quando ela for igual ao valor presente dos
fluxos de superávit primários:
∞
a (t ) = ∫ f s e −ρ (ν −t) dv
t
∞
m + b (t ) = ∫ f s e − ρ ( ν − t ) dv
t
Como o estoque real da dívida é igual à razão entre o estoque nominal e o índice de
preços, segue-se que:
B (t ) ∞
P (t )
= ∫ t
f s e − ρ ( ν − t ) dv − m
O nível de preços é, então, dado pela razão entre o estoque nominal da dívida
pública e o valor presente dos superávits primários deduzido da quantidade real de
moeda:
B (t )
P(t ) = ∞
∫
− ρ (ν − t )
fs e dv − m
t
259
central, neste regime, pode escolher livremente a taxa de inflação de longo prazo do
país.
Em ambos os regimes, a taxa de inflação de longo prazo, isto é, a alíquota do
imposto inflacionário é escolhida sem que se leve em conta a restrição orçamentária do
governo. Estes regimes monetários são sustentáveis no longo prazo? Para responder a
esta pergunta, tem-se que analisar a restrição orçamentária intertemporal do governo.
A restrição orçamentária do governo, em termos de fluxos, pode ser escrita
como:
b& + m& = (ρ − n ) (b + m ) − f s − (ρ + π ) m
a& = (ρ − n ) a − f s − s (m )
∫ [f + s (m )] e − ( ρ − n )(v − t ) dv
∞
a (t ) = s
t
No longo prazo, qualquer que seja o regime monetário, o valor dos serviços da
moeda depende da taxa de inflação e é fixo. Isto é:
s (m) = (ρ + π ) m = s
b (t ) = ∫
∞
f s e −( ρ − n )(v −t ) dv +
(n + π ) m
t ρ −n
8. Exercícios
260
g − τ + rb = b& + (n + π ) b + µ m
onde g, τ, b e m são os valores das despesas, dos impostos, da dívida pública e da base
monetária, como proporção do produto nominal; r é a taxa de juros nominal, n é a taxa
de crescimento do produto real, π é a taxa de inflação, µ é a taxa de crescimento da base
monetária, e b& = db / dt . Admita que a política fiscal siga a regra:
f = g −τ + r b = a +α b > 0
π& = F ( π , m , α )
onde π = d log P/dt é a taxa de inflação, P é o índice de preços e m o nível de liquidez
real (m = M/P, onde M é o estoque de moeda) e α é um vetor de parâmetros de
economia.
Admita dois regimes de política econômica:
RPM (Regime monetário, política monetária ativa): m& = m ( µ − π ) .
RPM (Regime fiscal, política monetária passiva): m& = f − m π .
Os símbolos têm o seguinte significado: µ é a taxa de expansão do estoque de moeda
(µ= d log M/dt) e f é o déficit público real.
261
a) Especifique uma função F para a equação de π& , indicando as hipóteses que você
adotou na especificação.
b) Analise a dinâmica da economia para cada um dos regimes de política econômica.
c) O que acontece quando o déficit real (f) diminui?
d) O que acontece quando a taxa de expansão monetária (µ) diminui?
Demanda agregada: y = k + α (m − p ) + β π
CP: π = π e + δ ( y − y )
Expectativa: π e = µ
M&
RPM: = µ = cons tan te
M
M&
f + ρ b = b& +
P
M&
=α f
P
a) Qual o valor do parâmetro α para que a dívida pública seja sustentável?
b) Suponha que ocorra uma inovação financeira que desloque a curva de demanda de
moeda. Pode acontecer uma hiperinflação nesta economia?
d t −1
dt = , t = 1, 2, K
1 + rt −1
Defina:
do = 1
262
∞ ∞
a) Mostre que: ∑ d t Tt = ∑ d t Gt + Bo − lim dT BT
t =1 t =1 T → ∞
Gt − Tt = M t − M t −1
10) Admita que o governo dê um calote na dívida pública. Admita também que o
teorema da equivalência ricardiana é válido. Quais as conseqüências deste calote?
11) Um partido político tem os seguintes objetivos em seu programa de governo:
° °
G −T B B M
+r ≡ +
Y Y Y Y
263
Os símbolos têm o seguinte significado: G = gastos do governo; T = arrecadação
tributária; Y = produto nominal; r = taxa de juro nominal; B = estoque da dívida
° °
pública; M = estoque da base monetária; B = dB dt ; M = dM dt . Admita que o
aumento de base monetária seja desprezível M = 0 .
°
a) Suponha que o governo tivesse como objetivo um déficit nominal de 3%. Qual seria o
valor do superávit primário necessário para atingir tal objetivo?
b) Suponha que o governo fixasse o superávit primário de acordo com a seguinte regra:
T−G
= α ρ b . A taxa de juros real é ρ = r − π e α um coeficiente positivo. Qual a
Y
restrição que o coeficiente α deve obedecer para que a dívida pública seja sustentável?
T −G
c) Suponha que a regra do superávit primário fosse dada por: = α b . A dívida
Y
pública é sustentável?
lim m (T ) e − ρ ( T −t ) = C e ρ t
T →∞
diferencial:
m& = ρ m + f − s (m)
∞
b (t ) = ∫ f s e − ( ρ − n ) (ν − t ) dv
t
b& = (ρ − n ) b − f s
264
A solução deste exercício requer a aplicação da regra de Leibnitz da derivada de V(r)
com relação à r:
β (r )
V (r ) = ∫ α ( ) f (x, r ) dx
r
dβ (r ) dα (r ) β ( r ) ∂f
= f (β (r ), r ) − f (α (r ), r ) (x, r ) dx
dV ( r )
+∫
dr dr dr α ( r ) ∂r
[s (m ) − f ] e − ρ (ν −t )
∞
m (t ) = ∫ dv
t
m& = ρm + f − s(m )
∫ [τ + s (m ) − g ] e
∞
− ρ (ν − t )
a (t ) = dv
t
a& = ρ a + g − τ − s (m )
− f s + (ρ − n )b − (π + n ) m = b& + m&
onde a=b+m.
b) Mostre que
(ρ − n )[m(v) − m(t )] e −( ρ − n )(v −t ) dv +
∞ ∞
∫ s (m) e −( ρ − n )(v −t ) dv − m(t ) = ∫
t t
∫ (π + n) m (v )e
∞
− ( ρ − n )(v − t )
dv
t
265
G − T + rB + r * SB* ≡ B& + S B& *
( )
f + (r − π − n )b + r * − n − π + s& b * = b& + b&*
onde π = P& / P , s& = s& / s , n = y& / y .
b) Supondo que a arbitragem descoberta da taxa de juros real, q& = ρ − ρ * , mostre que a
restrição orçamentária transforma-se em:
( )
f + (ρ − n ) b + b * = b& + b&*
Função de Produção: y = f (k )
Restrição Orçamentária do Governo: g + rb = τ ( y + rb)
Taxa de Juros Bruta: r = f ′(k )
Taxa de Juros Líquida: ρ = (1 − τ ) r
a) Mostre que:
−1
dk τ f f ′′
= +
db 1 − τ ( f ′)2
dk 2
b) Admita que y = k α ,τ = 1 e α = 1 . Mostre que: =−
3 3 db 3
Capítulo 8
266
do preço da moeda quando o banco central adota uma regra de política monetária rígida
fixando a taxa de juros nominal, independente das condições vigentes da economia. A
quarta seção deduz a quantidade ótima de moeda numa economia com preços flexíveis.
A quinta seção analisa a armadilha da liquidez na sua versão moderna com o limite zero
da taxa de juros nominal. A sexta seção trata do problema da inconsistência dinâmica
quando existem incentivos para que as decisões tomadas no presente para o futuro não
sejam levadas a cabo. A sétima seção cuida da suavização da taxa de juros pelos
banqueiros centrais que preferem não mudar bruscamente a taxa de juros, mas sim
alterá-la gradualmente produzindo certo grau de inércia no comportamento da taxa de
juros do mercado interbancário. A oitava seção trata do programa de metas de inflação,
um sistema adotado por vários bancos centrais do mundo. A nona seção analisa os
procedimentos operacionais da política monetária no mercado de reservas bancárias,
onde o banco central tem um papel dominante. A décima seção mostra como se pode
introduzir a estrutura a termo da taxa de juros nos modelos macroeconômicos de curto
prazo. Este arcabouço permite que se analise o efeito do anúncio do banco central com
relação a taxa de juros de curto prazo sobre o nível de atividade e a taxa de inflação da
economia.
1 m
q= =
P M
O termo depois do segundo sinal da igualdade mostra que o preço da moeda é igual à
razão entre a quantidade real (m) e o estoque nominal (M) de moeda. O enfoque
tradicional para determinar o valor da moeda consiste justamente em analisar as
variáveis que afetam os estoques, real e nominal, da moeda. Os indivíduos decidem a
quantidade real de moeda que desejam ter nas suas carteiras de ativos financeiros, e o
banco central dispõe de instrumentos para a compra e a venda de moeda que lhe permite
controlar o estoque nominal da mesma.
Um problema fundamental na teoria monetária é a provisão de micro-
fundamentos da equação de demanda de moeda. Quatro enfoques têm sido usados com
este propósito na literatura: i) moeda na função utilidade (MIU); ii) restrição prévia de
liquidez (CIA); iii) custos de transação (TC) e iv) modelos de gerações superpostas
(OLG). Os acrônimos são formados pelas iniciais das letras em inglês que denominam
cada um destes enfoques. Os três primeiros enfoques foram apresentados no Capítulo 1
e o último enfoque foi abandonado porque ele não leva em consideração o principal
atributo da moeda, a função de meio de pagamentos. Qualquer um destes enfoques
produz uma equação inversa para a quantidade real demandada de moeda,
r = r (m) , r′ < 0
267
A taxa nominal de juros r é o custo de oportunidade de reter moeda. A equação de
demanda de moeda depende também de uma variável de escala, como a renda ou o
consumo. A análise que se segue supõe que esta variável não mude de valor.
Os serviços de liquidez da moeda podem ser medidos pelo custo de
oportunidade dos recursos usados na forma de moeda. Isto é:
s = r m = s(m)
O valor dos serviços corresponde ao retângulo com a área tracejada da Figura 8.1. Os
serviços de liquidez por unidade de moeda são obtidos dividindo-se o fluxo de serviços
(s) pelo estoque nominal de moeda: s(m)/M.
r D
ro
s (m0)
s(mo)
D
mo m
Figura 8.1
268
somente pela tecnologia das transações econômicas, mas também pelas instituições de
cada país.
O preço de qualquer ativo em equilíbrio, quando existe certeza e os mercados de
capitais são perfeitos, é tal que sua taxa de retorno é igual à taxa de juros. Caso
contrário existe oportunidades para arbitragem. Portanto, se ρ é a taxa de juros real, o
preço da moeda satisfaz à seguinte condição de arbitragem:
s( m )
q& +
ρ= M
q
s(m) s(m)
m m
Figura 8.2
q& = ρ q − s ( Mq ) / M
A solução desta equação diferencial necessita da especificação da função que
representa os serviços da moeda s(m) e do processo que gera o estoque nominal (M) de
moeda. Todavia, qualquer que seja a solução, ela tem dois componentes, um de
fundamentos e outro de bolha:
q( t ) = q f (t ) + q b (t )
269
q b (t ) = C e ρ t
É fácil verificar que esta expressão é solução da equação de arbitragem. Com efeito,
derivando-se ambos os lados da mesma, levando-se em conta os dois componentes da
solução e substituindo-se na equação de arbitragem, obtém-se:
q& f + ρ C e ρ t = ρ q f + ρ C e ρ t − s ( m) / M
q& f = ρ q f − s (m ) / M
∞
q f (t ) = ∫
s (m) − ρ (ν − t )
e dν
t M
2. Equilíbrio Múltiplo
O diagrama de fases da Figura 8.3, com o preço da moeda no eixo horizontal e sua
derivada com relação ao tempo no eixo vertical, mostra que esta equação diferencial
pode ter dois equilíbrios estacionários, ou apenas um, dependendo do limite da função
s(q), quando o preço da moeda aproxima-se de zero,
= 0
lim s ( q )
q → O+
> 0
270
Quando a moeda for essencial este limite é positivo e existe apenas um equilíbrio.
Quando a moeda não for essencial, o limite é igual a zero e existem dois pontos de
equilíbrio. Num equilíbrio, a moeda não tem valor, e existem trajetórias de hiperinflação
que conduzem o valor da moeda para zero. As trajetórias que conduzem ao equilíbrio no
qual o preço da moeda é igual a zero têm sido denominadas de bolhas. Todavia, elas não
correspondem a soluções de bolhas propriamente ditas por que o valor da moeda em
equilíbrio é igual a zero em virtude dos fluxos de serviços de liquidez da moeda, neste
caso, serem iguais a zero.
q& q&
0 q q
q q
Figura 8.3
s
q& = ρ q −
M
271
O diagrama de fases da Figura 8.4 mostra que para cada valor de M existe um
valor de equilíbrio para o preço da moeda. A indeterminação pode ser resolvida caso o
banco central mude a regra de fixação da taxa de juros, para uma regra do tipo:
r = r + α (q − q ) , α > 0
q&
s q1 q2 q3 q
M1
s
M2
s
M3
Figura 8.4
q& = ρ q
O preço da moeda cresce a uma taxa igual à taxa de juros real da economia. O preço da
moeda, pelos fundamentos, é igual a zero. Todavia, o preço da moeda é dado pelo
componente de bolha. Esta solução pode parecer estranha, mas ela não é uma solução de
bolha típica dos modelos de otimização intertemporal, em virtude da hipótese de
existência de uma quantidade real de moeda finita quando a taxa de juros nominal é
igual a zero. Ademais, a interpretação mais adequada neste caso não seria com uma
bolha, mas com o preço de um ativo que não produz um fluxo de caixa como o ouro,
cujo preço, em equilíbrio, num mundo sem incerteza e com mercados perfeitos, deve
272
aumentar a uma taxa igual à taxa de juros real. A analogia neste caso é com a conhecida
regra para recursos naturais não renováveis. Esta regra estabelece que o preço sombra
de um recurso não-renovável deve crescer a uma taxa igual à taxa de juros. Quando o
custo marginal de extração do recurso não-renovável é igual a zero, o preço deste ativo
aumenta a uma taxa igual à taxa de juros.
A regra de Friedman, da taxa de juros nominal igual a zero, que determina a
quantidade ótima de moeda sofre do problema da indeterminação analisado na seção
anterior, se o banco central decidir implementá-la fixando a taxa de juros. No instante
inicial o preço da moeda não está definido, pois o valor presente dos fluxos dos serviços
de liquidez da moeda é igual a zero. Esta condição, portanto, não pode ser usada para
calcular o preço inicial da moeda. Logo, o banco central pode escolher qualquer valor
inicial, de acordo com a regra modificada da taxa de juros em função do hiato do poder
de compra da moeda. Isto equivale a dizer que existe um número infinito de trajetórias
para o preço da moeda.
excedente do
consumidor
m
m
Figura 8.5
O preço da moeda tem de satisfazer a condição de que ele cresça a uma taxa
igual à taxa de juros real da economia, qualquer que seja o seu valor inicial. O banco
central ao invés de fixar a taxa de juros pode, portanto, implementar a política monetária
ótima estabelecendo a trajetória da quantidade de moeda, com o estoque nominal
diminuindo a uma taxa igual à taxa de juros real. As duas formas de implementar a
política ótima são equivalentes desde que o preço inicial escolhido na regra da taxa de
juros corresponda ao estoque inicial da trajetória do estoque nominal de moeda.
A taxa de juros nominal fixada pelo banco central tem como limite inferior o
valor zero, pois não faz o mínimo sentido uma taxa negativa na presença de papel
moeda (ou moeda metálica). Ninguém estaria disposto a aplicar, por exemplo, cem reais
para obter um valor inferior no seu resgate. Portanto, se r * é a taxa de juros calculada
através de uma regra de política monetária, como a regra de Taylor, o banco central
teria a seguinte regra de política,
273
r*, se r* > 0
r=
0 , se r * ≤ 0
r* = ρ + π + φ (π − π ) + θ ( y − y )
Quando o valor desta taxa for negativo ou igual a zero, o banco central fixaria
em zero a taxa de juros nominal do mercado interbancário de reservas. Este caso
corresponde à versão moderna da armadilha da liquidez. Que aconteceria com o
equilíbrio e a dinâmica de uma economia que funcionasse nestas circunstâncias? Para
analisar esta questão admita-se um modelo formado por uma curva IS tradicional, uma
curva de Phillips, com rigidez de preços e inércia na taxa de inflação, e a regra de
política monetária com taxa de juros nominal zero. Isto é:
IS: y − y = −α (r − π − ρ )
CP: π& = δ ( y − y )
RPM: r=0
y − y = α (ρ + π )
Esta equação combinada com a curva de Phillips pode ser analisada num diagrama de
fases com a taxa de inflação medida no eixo vertical e o produto real no eixo horizontal,
como indicado na Figura 8.6. A taxa de inflação de equilíbrio é negativa, ou seja, uma
deflação, igual à taxa de juros real. O equilíbrio do produto real é igual ao produto
potencial da economia. O equilíbrio do modelo é instável, como mostra as setas da reta
positivamente inclinada no diagrama da Figura 8.6. Que aconteceria neste modelo se a
taxa de juros real de longo prazo mudasse? Neste caso, em virtude da inércia da taxa de
inflação, a economia entraria num processo recessivo se a taxa de juros real de longo
prazo diminuísse e ela não retornaria ao pleno emprego. No caso oposto, se a taxa de
juros real de longo prazo aumentasse, o produto real aumentaria sem que houvesse um
mecanismo que fizesse a economia voltar ao pleno emprego.
274
π& = 0
π
ρ y y
ρ y y
6. Inconsistência Dinâmica
275
A inconsistência dinâmica é o fenômeno que acontece quando o agente
econômico não tem como ser obrigado a cumprir amanhã o que prometeu hoje. Admita
que o banqueiro central anuncie uma meta de inflação igual a π e que sua função
objetivo dependa do quadrado da diferença entre a taxa de inflação observada e a meta
da taxa de inflação, e do quadrado da diferença entre o produto real e a meta do produto
real y * . Isto é:
ϕ
L=
2
(π − π ) 2 +
1
2
(
y − y* ) 2
O coeficiente ϕ desta função objetivo indica o peso relativo que o banco central atribui
à taxa de inflação com relação ao produto. Quando ϕ é igual a zero o banco central só
está preocupado com o produto real. Por outro lado, quando este parâmetro tende para
infinito o banco central preocupa-se apenas com a inflação.
A meta do produto real é igual ao produto potencial da economia acrescido de
uma constante k:
y* = y+k , k >0
2 2
π =π e + y − y
Substituindo-se o hiato do produto da curva de Phillips na função de perda resulta em:
ϕ
L=
2
(π −π) +
2 1
2
(
π −πe − k ) 2
∂L
= ϕ (π − π ) + (π − π e − k ) = 0
∂π
A solução da condição de primeira ordem deste problema é a seguinte taxa de inflação:
ϕ π +π e + k
π =
1+ϕ
276
Os agentes desta economia têm informação dos critérios adotados pelo banco
central e expectativas racionais que neste caso é equivalente a previsão perfeita. Logo, a
taxa de inflação esperada é igual à taxa de inflação observada:
πe =π
k
π =π +
ϕ
r t = ω r t* + ( 1 − ω ) r t −1 + ε t , 0 <ω ≤1
A taxa de juros no período t é função da taxa de juros do período t-1 e da taxa de juros
desejada r * , ω é o peso da taxa de juros desejada r*, que deve ser especificada de
acordo com a regra de política monetária seguida pelo banco central, e ε representa
choques estocásticos. Alguns trabalhos empíricos reportam que para dados trimestrais a
ordem de grandeza para o parâmetro ω fica entre 0,1 e 0,2, que sugere um ajustamento
muito lento e uma inércia muito grande para a taxa de juros.
277
As razões que determinam este tipo de comportamento ainda não são bem
conhecidas na teoria monetária. Cabe aqui mencionar duas. A primeira é a preocupação
de preservar a saúde do setor financeiro. A segunda é afetar a taxa de juros de longo
prazo, que depende da expectativa da taxa de juros futura do banco central. Qualquer
que seja a motivação, a inércia da taxa de juros por parte dos bancos centrais é um fato
empírico bem documentado. Esta seção tem como objetivo analisar as condições que o
parâmetro de suavização tem de satisfazer para que a regra de política monetária seja
estável.
A inércia da taxa de juros, no modelo em tempo contínuo, é descrita por um
mecanismo de ajustamento parcial, onde a variação da taxa de juros é proporcional à
diferença entre a taxa de juros desejada e a taxa de juros atual. Isto é:
r& = λ ( r * − r ) , λ > 0
Esta equação supõe que existe algum custo de ajustamento que impede o banco central
de fixar imediatamente a taxa de juros nominal no nível desejado. Quando o parâmetro
λ → ∞ o ajustamento é instantâneo. Caso contrário, a taxa de juros ajusta-se
gradualmente para sua posição de equilíbrio. A taxa de juros desejada segue a regra de
Taylor:
r*= ρ +π +φ (π −π ) +θ ( y − y )
y − y = −α ( ρ − ρ ), α > 0
π& = δ ( y − y ) , δ > 0
IS: y − y = − α ( ρ − ρ ) , α > 0
CP : π& = δ ( y − y ) , δ > 0
RPM: r& = λ ( r * − r ) , r * = ρ + π + φ ( π − π ) + θ ( y − y )
CI: Dados p (0) e π (0)
ρ& = φ λ ( π − π ) − [ ( 1 + α θ ) λ − α δ ] ( ρ − ρ )
278
A segunda equação diferencial do modelo é obtida combinando-se as curvas IS e de
Phillips. Isto é:
π& = − α δ ( ρ − ρ )
Sistema Dinâmico
ρ& = φ λ ( π − π ) − [ ( 1 + α θ ) λ − α δ ] ( ρ − ρ )
∂ π& ∂ π&
∂ π ∂ ρ 0 −α δ
J = =
∂ ρ& ∂ ρ& φ λ − [ ( 1 + α θ ) λ − α δ ]
∂ π ∂ ρ
J =α δ φ λ > 0
O traço da matriz J tanto pode ser positivo, como negativo. Para que o sistema dinâmico
seja estável o traço tem de ser negativo. Isto significa dizer que o parâmetro λ de ajuste
da taxa de juros tem de satisfazer a restrição:
αδ
tr J < 0 se λ > λ =
1+α θ
A conclusão que se chega com esta restrição é que o banco central não pode ser
muito lento em ajustar a taxa de juros quando houver uma mudança na taxa de juros
desejada. A estabilidade do modelo impõe um piso ao parâmetro λ de ajuste da taxa de
juros, que depende do parâmetro α da curva IS, do parâmetro δ da curva de Phillips, e
do parâmetro θ da regra de política monetária. Quanto maior os dois primeiros, menor a
inércia da taxa de juros. Quanto maior a resposta da política monetária ao hiato do
produto, menor o piso do coeficiente de ajuste da taxa de juros.
A existência de um piso para o coeficiente λ significa dizer que na
especificação da equação de suavização existe um limite superior para o grau de
suavização, ou de inércia, da taxa de juros pelo banco central. Os parâmetros da
economia e da regra de política monetária impõem uma restrição ao comportamento do
banco central no processo de suavização da taxa de juros. As Tabelas 8.1 e 8.2 mostram
alguns valores para o limite superior do coeficiente de inércia, em função de valores dos
parâmetros α , δ , e θ .
Tabela 8.1
279
Limite Superior do Coeficiente de Inércia
α = 1,0
δ θ
0,25 0,50 1,00
0,25 0,82 0,85 0,88
0,50 0,67 0,72 0,78
1,00 0,45 0,51 0,61
A Tabela 8.1 supõe que o coeficiente α é igual a um, enquanto a Tabela 8.2
calcula o coeficiente de inércia supondo que α é igual a dois. Estes dois valores são
bem representativos de valores usados em exercícios de calibragem, e também próximos
de estimativas econométricas. As Tabelas 8.1 e 8.2 usam os mesmos valores para os
parâmetros δ e θ , que assumem os valores de 0,25, 0,50 e 1,00. As primeiras linhas
nas Tabelas 8.1 e 8.2 mostram que coeficientes de inércia entre 0,8 e 0,9, observados no
comportamento dos bancos centrais, são consistentes com alguns valores dos
parâmetros do modelo.
Tabela 8.2
δ θ
0,25 0,50 1,00
0,25 0,72 0,78 0,85
0,50 0,51 0,61 0,72
1,00 0,26 0,37 0,51
Experimento
280
de juros real está abaixo, durante determinado intervalo de tempo, do seu valor de
equilíbrio de longo prazo.
ρ& = 0
π& = 0
π
E
π
ρ
ρ
Figura 8.8
π& = 0
π
Eo
πo ρ& = 0
E∞
π1
Figura 8.9
281
dos banqueiros centrais de que a política monetária é responsável pelo patamar da
inflação, isto é, o banco central não controla a taxa de inflação a cada momento do
tempo, mas sim sua tendência.
Uma questão prática que certamente surgiu entre os banqueiros centrais foi a de
como implementar, no dia a dia, a política monetária para atingir uma dada taxa de
inflação. No início da década de 90, o Banco Central da Nova Zelândia fez uma
inovação que terminou sendo copiada por diversos bancos centrais, introduzindo o
programa de metas de inflação. Neste programa, o banco central anuncia a meta de
inflação para certo horizonte de tempo e calibra a taxa de juros do mercado
interbancário de reservas para que esta meta seja atingida. A previsão da taxa de
inflação para o horizonte de tempo especificado torna-se uma variável crucial neste
processo. O banco central aumenta a taxa de juros quando a taxa de inflação prevista
está acima da meta, e reduz a taxa de juros do mercado interbancário de reservas quando
a previsão da taxa de inflação está abaixo da meta. Esta proposição pode ser deduzida a
partir de um modelo bastante simples, onde existe uma defasagem de dois períodos para
que a taxa de juros afete a taxa de inflação.
O modelo tem três equações, uma curva IS, uma curva de Phillips e uma função
de perda do Banco central. As equações têm as seguintes especificações:
y t +1 − y = λ ( y t − y ) − α (r t − π t − ρ )+ ε t +1
π t +1 =π t + δ (y t − y ) + u t +1
L=β i 1
(π t +i − π ) 2
2
Neste modelo o hiato do produto afeta a taxa de inflação com uma defasagem e a
taxa de juros afeta o hiato do produto também com uma defasagem. Portanto, a taxa de
juros afeta a taxa de inflação depois de dois períodos. Para um modelo com dados
anuais isto significaria dizer que o banco central leva dois anos para atingir a taxa de
inflação. Os símbolos u e ε são os choques que afetam, respectivamente, as curvas de
Phillips e IS. Estes choques têm média zero, variância constante e não são
correlacionados serialmente. O coeficiente β é a taxa de desconto do banco central.
A taxa de inflação dois períodos adiante é dada por:
π t+2 = (1 + α δ ) π t + δ (1 + λ ) ( y t − y ) − α δ (r t − ρ ) + u t +1 + δ ε t +1 + u t + 2
β 2
min( π t+2 − π )
rt Et
2
2
A condição de primeira ordem deste problema estabelece que a previsão da inflação
daqui a dois períodos seja igual à meta da taxa de inflação:
Et π t+2 =π
282
mercado de reservas interbancárias para atingir o objetivo final, a meta de inflação.
Com efeito, a equação da taxa de inflação dois períodos adiante permite calcular a
previsão da taxa de inflação:
Et π t +2 = (1 + α δ ) π t + δ (1 + λ ) ( y t − y ) − α δ (r t − ρ ) = π
A taxa de juros nominal para atingir a meta da taxa de inflação é facilmente obtida a
partir desta expressão, escrevendo-se a taxa de juros como função das demais variáveis
que são conhecidas no período t. Isto é:
δ (1 + λ ) (y
rt = ρ + π t +
1
αδ
(π t − π )+
αδ
t − y)
A taxa de inflação no período t+2 será igual ao valor de sua previsão feita no
período t, adicionada aos choques que ocorreram ao longo do período:
283
taxa de
juros
rs
rc
ri
reservas
Figura 8.10
284
D
r
rs
rc r& = 0
ri
Figura 8.11
285
Admita que alguém deseje aplicar seus recursos por dois períodos, do período t
ao período t+2, como indicado na Figura 8.13. Ele pode aplicar no período t comprando
t t+1 t+2
Figura 8.13
um título com um período de maturidade e no vencimento reaplicar o principal e os
juros noutro título de um período. O valor de sua aplicação, no final do segundo
período, será igual a:
(1 + r )(1 + r
t , t +1 t + 1, t + 2 )
onde rt ,t +1 é a taxa de juros vigente em t para um período, e rt +1,t + 2 será a taxa de juros
em t+1 para um título com vencimento em t+2. Este indivíduo tem a alternativa de
aplicar seus recursos comprando um título com dois períodos de maturidade com taxa
de juros, por período, igual a rt ,t + 2 . O valor da sua aplicação no vencimento do título,
será igual a:
(1 + r ) t ,t + 2
2
(1 + rt ,t + 2 )2 = (1 + rt ,t +1 ) (1 + rt +1,t + 2 )
Tomando-se o logaritmo de ambos os lados desta expressão e usando-se a aproximação
log(1 + x ) ≅ x , resulta:
rt , t +1 + rt +1, t + 2
rt ,t + 2 =
2
Conclui-se, portanto, que a taxa longa (rt ,t + 2 ) é uma média das taxas curtas
(r
t , t +1 e rt +1,t + 2 ) . É fácil verificar que:
i) se rt ,t + 2 > rt ,t +1 ⇒ rt + 1 ,t + 2 > rt ,t + 1
ii) se rt ,t + 2 < rt ,t + 1 ⇒ rt +1 ,t + 2 < rt ,t +1
A primeira conclusão da teoria da expectativa afirma, então, que se a taxa longa for
maior (menor) do que a taxa curta, a taxa curta deve subir (diminuir) no futuro.
A arbitragem entre a taxa longa e as taxas curtas pode ser escrita no sistema de
capitalização contínua. Seja R a taxa longa para uma maturidade T, e r a taxa de juros
curta a cada momento do tempo. Por arbitragem, tem-se:
286
T
∫t r ( s ) ds
e R (T −t ) = e
r (s ) ds / (T − t )
T
R= ∫ t
dR 1
R& = = (R − r )
dt T − t
IS: y − y = −α (R − π − ρ )
CP: π& = δ ( y − y )
ETTJ: R& = λ (R − r )
RPM: r = ρ + π + φ (π − π ) + θ ( y − y )
C.I.: p(0) e π (0) dados
A equação de estrutura a termo da taxa de juros (ETTJ) supõe que a taxa longa é
determinada pela teoria da expectativa. A Curva IS admite que a taxa longa (R) afeta as
decisões de dispêndio dos agentes econômicos. Na regra de política monetária (RPM) o
banco central determina a taxa de juros curta (r) da economia.
Álgebra
Sistema Dinâmico
287
O sistema de equações diferenciais é formado por esta equação e pela curva de
Phillips:
π& = δ ( y − y )
∂π& ∂π&
∂π 0 δ
∂y
J = =
∂y& ∂y&
αλφ λ + αλθ + αδ
∂π ∂y
π S π& = 0
E
π
y& = 0
S
y
y
Figura 8.14
Experimento
288
A Figura 8.15 descreve o experimento de política monetária no qual o banco
central anuncia hoje que no instante T, no futuro próximo, a meta de inflação será
reduzida de π o para π 1 < π 0 .
πo
π1
0
tempo
Figura 8.15
π& = 0
π
S
π0 Eo
A
πo
B
π1 Ef y& = 0
y
y (0+) y
Figura 8.16
Este anúncio equivale a dizer que no instante T o banco central aumentará a taxa
de juros de curto prazo. Pela teoria da expectativa de estrutura a termo da taxa de juros,
a taxa de juros longa (R) aumenta no instante do anúncio. O dispêndio da economia
será, então, reduzido, e a taxa de inflação começará a diminuir antes mesmo que o
banco central reduza a taxa de juros de curto prazo, como indicado na Figura 8.16. No
instante do anúncio, a economia tem uma contração no produto real, em virtude do
289
aumento da taxa de juros real longa, e a economia pula do ponto Eo para o ponto A, pois
a inflação tem inércia. O ponto B é justamente o momento em que o banco central
aumenta a taxa de juros. Daí em diante, a economia segue a trajetória da nova sela, até
chegar ao equilíbrio final do ponto E f , com a nova meta de inflação e com pleno
emprego da economia.
10. Exercícios
α 2
L= π − y+y, α >0
2
290
π = π e + β (y − y ) , β > 0
L = γ (π t − π ) + ( y t − y )
2 2
Qual a regra de política monetária para a taxa de juros real, quando o banco
central tem como objetivo minimizar o valor esperado de L?
R d = R0 − α r
R s = BR + NBR
(
BR = β r − r d )
R =R d s
291
Os símbolos têm o seguinte significado: R s = volume de reservas ofertadas pelo banco
central; r = taxa de juros; α , β e δ parâmetros positivos; r te+1 = taxa de juros antecipada
em t para o período t + 1 .
Mostre graficamente o que acontece hoje quando o mercado antecipa que o banco
central pretende aumentar a taxa de juros amanhã.
7) Admita que o título de longo prazo seja uma perpetuidade que paga um real por
período. O preço P deste título é o inverso da taxa de juros de longo prazo: P=1/R.
a) Por que a taxa de juros de curto prazo deve satisfazer à seguinte equação:
1 + P&
r=
P
R&
b) Mostre que: = R − r
R
292
PARTE IV: APÊNDICE MATEMÁTICO
APÊNDICE A
293
Equações Diferenciais
x& + a x=0
onde a é um coeficiente que independe do tempo. Se x = ert for uma solução , x& =re r t ,
ela deve satisfazer esta equação:
r ert + a ert = 0
x =C e − a t
onde C é uma constante determinada pelas condições iniciais. Esta equação pode ter as
seguintes situações: i) o coeficiente a é positivo, a > 0, e a solução da equação é estável,
pois ela converge para zero; ii) o coeficiente a é negativo, a< 0, e a solução da equação é
instável, pois o valor de x cresce indefinidamente.
Considere agora a equação diferencial da primeira ordem não homogênea:
x& + a x=k
x = x +C e − a t
294
.x .x
A E
_ x
x
E
_ B
x x
&x&+ a x& + bx =0
onde a e b são coeficientes que independem do tempo. Se x = e r t for uma solução desta
equação, tem-se:
x& =r e rt
, &x& = r 2 e r t
295
Substituindo-se os valores de x, x& e &&
x na equação diferencial obtém-se a equação do
segundo grau:
r2 + a r + b = 0
a a2
r1 =− +( −b)1 / 2
2 4
a a2
r2 =− −( −b)1 / 2
2 4
A soma das raízes é igual a menos a e o produto das mesmas é igual ao parâmetro b.
Isto é:
r1 + r2 = − a
r1 r2 = b
a2
−b>0
4
x =C1 e r 1 t +C 2 e r 2 t
296
a2
−b = 0
4
1
− at
x =(C1 +C 2 t )e 2
a
pois: r1 = r2 = − . Dois casos são possíveis: a) quando a > 0, a solução é estável e b)
2
quando a < 0, a solução é instável.
a2
−b<0
4
a a 2 1/ 2
α=− ; β = (b − )
2 4
e r 1 t = e (α +β i ) t
= e α t e β i t = e α t (cos β t + i sen β t )
= e (α − β = eα t e −β = e α t (cos β t − i sen β t )
r2 t i) t i t
e
pois e z i = cos z + i sen z. Precisamos agora do seguinte resultado: Seja u(t) e ν(t) duas
soluções da equação diferencial &x&+a x& +b x=0 , então a combinação linear θ u(t) + φ ν(t),
onde θ e φ são parâmetros, também é solução da equação. Com efeito, substituindo-se a
combinação linear das soluções na equação , obtém-se:
( θ u&& + φ &&
ν ) + a ( θ u& + φ ν& ) + b ( θ u + φ ν ) = θ. 0 + φ. 0 = 0
Logo, θ u (t) + φ ν(t) é também solução da equação && x + a x& + b x = 0 . Portanto, se
r t r t
e 1
e e 2
são soluções destas equações, é fácil verificar-se que as seguintes
combinações lineares,
1 r1 t 1 r 2 t
e + e = eα t cos β t
2 2
1 r1 t 1 r 2 t α t
e − e = e sen β t
2i 2i
297
x = eα t (C1 cos β t + C2 sen β t)
x + a x& + b x = k
&&
x = x + C1 e + C2 e
r1 t r2 t
x ( 0) = x + C1 + C2
d x (t )
x& (t )= =C1 r1 e 1 + C 2 r2 e 2
r t r t
dt
Logo:
x&( 0) = C1 r1 + C2 r2
C1 +C 2 = x(0)− x
r1 C1 + r2 C 2 = x& (0)
pode ser resolvido, quando r1 ≠ r2 para obter-se os valores de C1 e de C2. Quando r1=r2
aplica-se um procedimento idêntico.
298
3 - Sistema Linear de Equações Diferenciais de Primeira Ordem
tr A = a11 + a 22
A = a11 a 22 − a 21 a12
ou ainda:
D −a11 − a12 x b1
−a =
21 D −a 22 y b2
299
&x& = a11 x& + a12 y&
A equação diferencial de x& permite escrever que y = ( x& − a11 x − b1 ) a12 . Substituindo-
se este valor de y na expressão anterior obtém-se:
a11 x + a12 y + b1 = 0
a 21 x + a 22 y + b2 = 0
A solução é facilmente obtida a partir do sistema anterior fazendo-se &x& = x& = y& = &y& = 0 .
Isto é:
a12 b2 − a 22 b1
x=
A
a 21 b1 − a11 b2
y=
A
Quando x = x e y = y , x& = y& = 0 . Por outro lado, quando pelo menos uma das
variáveis não for igual ao seu valor de equilíbrio estacionário o sistema dinâmico está
em movimento, na direção do ponto de equilíbrio se ele for um atrator, ou para longe do
equilíbrio se o ponto for um repulsor.
Os resultados obtidos anteriormente sobre a estabilidade da equação diferencial
de segunda ordem aplicam-se aqui. Isto é, a condição necessária e suficiente para que o
sistema linear de equações diferenciais seja estável é de que o determinante da matriz
seja positivo e seu traço negativo:
300
A >0
tr A < 0
Sistema Estável
Admita-se que a11 <0, a22<0, a21>0 e a12<0. É fácil verificar-se que o sistema é
estável com estes valores pois trA<0 e |A|>0. Quando x& = 0 , os valores de y e de x que
correspondem a este lugar geométrico são dados por:
a11 b
y= x− 1
a12 a12
a11 b
y< − x− 1
a 12 a 12
a11 b
y> − x− 1
a12 a12
As setas na Figura A 3 mostram o que acontece com o movimento dos pontos fora da
reta x& = 0 . O movimento da variável x pode ser facilmente obtido examinando-se o que
acontece nos pontos A, B, C ou D da Figura A 3. Por exemplo, no ponto A o valor de y é
igual a y , porém x é maior do que x . Logo, como a11 < 0 segue-se que x& < 0 . No
ponto C a abscissa x é igual a x , mas neste ponto y < y e a12 < 0 ; segue-se, então, que
x& > 0 . Raciocínio análogo pode ser aplicado aos pontos B e D.
D
y X
B
A
y X X
C X
x& = 0
301
Quando y& = 0 , os valores de y e de x que correspondem a este lugar geométrico
são dados por:
a b
y = − 21 x − 2
a 22 a 22
a 21 b
y<− x− 2
a 22 a 22
a 21 b
y>− x− 2
a 22 a 22
C
y
X y& = 0
B
y
X X
A
X D
x x
302
y III
IV
E
II
Sistema Instável
Admita-se que a11 > 0, a12 > 0, a21< 0 e a22 >0. O sistema é instável porque trA >
0. A Figura A6 mostra o diagrama de fases deste caso. O sistema é instável porque a
partir de qualquer ponto, como o ponto A, move-se para longe do ponto de equilíbrio E.
III
y
y& = 0
IV
E II
I
x& = 0
303
Suponha-se, agora, que a11 < 0, a12< 0, a21 < 0 e a22 >0. O sistema é instável
porque A < 0 . O sinal do traço da matriz A é a priori indeterminado, trA ≥ 0, e não
<
tem a mínima importância para este caso. A Figura A7 mostra o diagrama de fases para
este exemplo. O sistema é instável, pois se partindo de pontos como os pontos A e B
move-se para longe da posição de equilíbrio (ponto E).
Observe-se que neste caso uma das raízes da equação && x − ( trA) x& + A x = 0 é
positiva, enquanto que a outra é negativa, em virtude de r1 r2 = |A| < 0. Portanto, se o
valor da constante associada à raiz positiva for nulo, o sistema converge para o ponto de
equilíbrio E. Nestas circunstâncias denomina-se o ponto de equilíbrio de ponto de sela,
existindo, portanto, uma trajetória, representada na Figura A7 pela reta SS, que conduz o
sistema ao equilíbrio.
S
A
E
S
B
x& = 0
4- Histerese
A = a11a 22 − a 21a12 = 0
uma das raízes é igual a zero(lembre-se que o produto das raízes é igual ao
determinante). Admita-se que o sistema de equações diferenciais tem uma infinidade de
soluções. Logo, a seguinte condição deve ser satisfeita:
b1 a12 a11
= =
b2 a 22 a 21
a11 x + a12 y + b1 = 0
304
a21 x + a22 y + b2 = 0
Sistema Estável
tr A = a11 + a 22 < 0
Para que o traço seja negativo os coeficientes da matriz A devem satisfazer as seguintes
restrições:
C
y
y X
C y& = o
x& = o B
X
B
X X A
y X
A X D
X D
x x
305
y
x& = y& = 0
A
y (0)
x
x (0)
tr A = a11 + a 22 > 0
Para que este traço seja positivo os coeficientes da matriz A devem satisfazer as
seguintes desigualdades:
X X X X
B A
X
X
D
x
x
306
y y& = x& = 0
oferta: qs = γ + δ p
= φ (q d − q s ) , φ > 0
dp
ajustamento: p& =
dt
S=sY
I = v Y&
Os parâmetros s e v são positivos. O mercado de bens e serviços está em equilíbrio
quando a poupança for igual ao investimento:
I=S
307
3) Modelo de Determinação de Preço do Ativo – Numa economia existem dois ativos,
um de renda fixa e outro de renda variável. A taxa de juros do ativo de renda fixa é igual
a r. O ativo de renda variável não tem risco, e paga, por unidade de tempo, dividendos
iguais a um valor de v. Por arbitragem as taxas de retornos nos dois ativos devem ser
iguais. Isto é:
v + p& e
r=
p
onde p& e é a variação esperada do preço p do ativo de renda variável. Admita que a
previsão do preço do ativo seja perfeita, no sentido de que:
p& e = p&
dispêndio: d = c + i + g
consumo: c = β y
investimento: i = i
dispêndio: d = c+ i
consumo: c = β y
308
demanda de moeda: m d = δ y − λ r
Os símbolos têm o seguinte significado: y = produto real, y& = dy / dt , d = dispêndio, c =
consumo, i = investimento, r = taxa de juros, md = quantidade demandada de moeda, m
= quantidade ofertada de moeda, α, β, γ, δ e λ são parâmetros positivos.
a) Analise o equilíbrio e a dinâmica deste modelo quando o investimento for constante,
i=i.
b) Analise o equilíbrio e a dinâmica deste modelo quando o investimento depender da
taxa de juros de acordo com i = τ − θ r , onde θ é um parâmetro positivo.
P& = α (d − y ) , α > 0
M
r&= β ( L( y, r ) − ), β >0
P
∂d ∂d
d = d ( y, r ) , >0 , <0
∂y ∂r
y= y
onde P é o índice de preços, d é o nível de dispêndio, y é o produto real, r é a taxa de
juros, M é o estoque nominal de moeda, y é o produto potencial.
Analise o equilíbrio e a estabilidade deste modelo.
M
p& = β ( − L( y , r )) , β > 0
p
r&=α (i + g −t − s ) , α > 0
∂i
i =i(r ) , <0
∂r
∂s
s =s( y ) , >0
∂y
y= y
y& = α ( d − y ) , α > 0
M
= L ( y,r)
P
∂d ∂d
d = d ( y,r ) , >0, <0
∂y ∂r
M = M , P=P
309
onde y é o produto real, d é o nível de dispêndio, M é o estoque nominal de moeda, p é
o índice de preços, r é a taxa de juros. Analise o equilíbrio e a estabilidade deste
modelo.
9) Considere o seguinte modelo:
y& =∅( d − y )
π =π e +δ ( y − y )
π& e =θ (π − π e )
∂d ∂d
d =d ( y ,π e ), >0, >0
∂y ∂π e
π = πe + ∅ (d − y)
y& = ψ ( y − y )
π& e = θ ( π − π e )
∂d ∂d
d = d ( y , π e ), > 0, >0
∂y ∂ πe
d = α 0 + α1 y − α 2 ( R − π e ) + α 3 f
y& = φ( d − y )
m − p = β 0 + β1 y − β 2 r
R& = R − r
onde: d = dispêndio real; y = produto real; R= taxa de juros de longo prazo; π e = taxa
de inflação esperada; f = variável de política fiscal ( gastos do governo); m = logaritmo
da quantidade nominal de moeda; p = logaritmo do índice de preços; r = taxa de juros de
curto prazo.
a) Qual o efeito sobre o produto real do aumento dos gastos do governo?
b) Qual o efeito sobre o produto real do aumento da quantidade de moeda?
12) Em uma situação de desequilíbrio, a taxa de juros de mercado (r) é diferente da taxa
de juros natural (r*), e o excesso de investimento (I) sobre a poupança (S) é financiado
através da emissão de moeda. Isto é:
310
dM
I − S = − α ( r − r *) = ,α > 0
dt
dp
A variação dos preços ( p& = ) depende do excesso de demanda:
dt
p& = β ( I − S ) , β>0
dr
O Banco Central muda a taxa de juros ( r& = ) de acordo com a seguinte equação:
dt
onde p é a meta para o nível de preços. Analise o equilíbrio e a dinâmica deste modelo.
14) Admita que o aluguel (A), explícito ou implícito, de um imóvel é dado por:
A = (δ + r − π + τ )Ρ − P&
311
dΑ
Α = Α(H ), <0
dΗ
K& = I (q ) − δ K , I ′ (q ) > 0
312
APÊNDICE B
Teoria do Controle Ótimo
∫ f (t , x (t ), u (t )) dt
t1
max
t0
x& = g (t , x (t ), u (t ))
x (t 0 ) = x 0
x (t1 ) livre
313
t 0 , x0 e t1 fixos
g (t , x (t , a ), u (t , a )) − x& (t , a ) ≡ 0 , ∀ t ∈[t o , t1 ]
µ (t )[g (t , x (t , a ), u (t , a )) − x& (t , a )] d t ≡ 0
t1
∫ t0
onde µ (t) é uma variável de co-estado, uma função do tempo, mas desconhecida.
u
u (t , a )
u (t )
t0 t1 tempo
Figura B.1
Usando-se esta restrição, as condições de primeira ordem do problema de
controle ótimo podem ser deduzidas a partir da função F do parâmetro a. Isto é:
F (a ) = ∫ [ f (t , x (t , a ), u (t , a )) + µ (t )[g (t , x (t , a ), u (t , a )) − x& (t , a )] ]d t
t1
t0
314
A integração por partes, ∫ u d v = u v − ∫ v du , do termo nesta expressão que contém a
derivada da variável de estado com relação ao tempo resulta em:
µ (t ) x& (t , a ) d t = µ (t ) x (t , a ) tt − ∫ µ& x (t , a ) d t
t1 t1
∫ t0
1
0 t0
ou ainda:
F (a ) = ∫ [ f (t , x (t , a ), u (t , a )) + µ (t ) g (t , x (t , a ), u (t , a )) + µ& x (t , a )] d t
t1
t0
− µ (t1 ) x (t1 , a ) + µ (t 0 ) x (t 0 , a )
t0 ∂a 0
∂x ( t 1 , a ) ∂ x (t 0 , a )
− µ (t1 ) + µ (t 0 ) =0
∂a ∂a
∂ f (t , x , u ) ∂f (t , x, u ) ∂ g (t , x , u ) ∂g (t , x, u )
fx = ; fu = ; gx = ; gu =
∂x ∂u ∂x ∂u
As condições de primeira ordem para um máximo da função F(a), F ' (0) = 0 , são
então, dadas por:
f x + µ g x + µ& = 0
fu + µ gu = 0
µ (t1 ) = 0
Quando a condição inicial da variável de estado não for um valor conhecido, isto
é, quando x(t 0 ) não for um dado do problema, a variável de co-estado no ponto inicial
deve ser igual a zero: µ (t 0 ) = 0 . Esta condição decorre do fato de que, nestas
circunstâncias, ∂x (t 0 , a ) ∂a ≠ 0 .
315
As condições de primeira ordem do problema do controle ótimo podem ser
escritas com auxílio do Hamiltoniano H definido por:
H = H (t , x, u, µ ) = f (t , x, u ) + µ g (t , x, u )
A condição de primeira ordem implica que o Hamiltoniano deve ser maximizado com
relação à variável de controle:
∂H
= fu + µ gu = 0
∂u
∂H
= f x + µ g x = − µ&
∂x
x (t o ) = x o
µ (t1 ) = 0
∫ f (t , x, u ) dt
t1
Seja V = o valor máximo do problema de controle ótimo. Admita-
t0
se que o instante final t1 e o valor x(t1 ) não sejam conhecidos. O valor ótimo depende,
então, destas variáveis:
V (t1 , x1 )
316
com a condição de que a seguinte restrição seja satisfeita:
T (t1 , x1 ) = 0
l = V (t1 , x1 ) + ϕ T (t1 , x1 )
∂V ∂T
∂x1 ∂x1
=
∂V ∂T
∂t1 ∂t1
T (t1 , x1 ) = t1 − t1 = 0
Logo, ∂T / ∂x1 = 0 e
∂V
= µ (t1 ) = 0
∂x1
T
Figura B2
Sistema Dinâmico
317
Hu = 0
µ& = − H x
x& = H µ
x ( 0) = x 0
µ (t1 ) = 0
µ& = M (µ , x ,α )
x& = X (µ , x ,α )
x (0 ) = x0
µ (t1 ) = 0
onde α é um vetor de parâmetros que afeta o sistema dinâmico. Este sistema supõe que
o tempo não seja um argumento das equações diferenciais, ou seja, que o sistema é
autônomo. A Figura B.3 mostra o diagrama de fases deste sistema dinâmico, admitindo-
se que haja um ponto de sela. SS é a sela convergente e DD a sela divergente. A
trajetória AB é a solução ótima do problema de controle. O ponto A tem como abscissa o
valor inicial ( x(t 0 ) ) da variável de estado, e o ponto B tem como ordenada o valor final
( µ(t1 ) ) da variável de co-estado. A trajetória AB é tal que o intervalo de tempo para
percorrer esta trajetória é igual a t1 .
Interpretação Econômica
onde levou-se em conta a equação de transição. Como x& dt = dx segue-se, então, que:
Hdt = f (t , x , u ) dt + µ dx
318
µ D
x& = 0
µ (0 ) A
D µ& = 0
µ (t 1 ) B
x (0) x(t1 )
x
Figura B.3
e − ρ t f (x, u ) d t
T
max ∫ 0
x& = g (x, u )
x (0 ) = x o , dado
H * = e − ρ t f ( x, u ) + µ g ( x, u )
H = H * eρ t
H = f ( x, u ) + λ g (x, u )
319
λ = µe ρt
∂H *
= e −ρ t f u + µ g u = 0
∂u
∂H *
= e − ρ t f x + µ g x = − µ&
∂x
∂H *
= g ( x, u ) = x&
∂u
fu + µ eρ t gu = fu + λ gu = 0
∂H
= fu + λ gu = 0
∂u
f x + µ e ρ t g x = − e ρ t µ&
dλ
= µ& e ρ t + ρ µ e ρ t
dt
Logo:
e ρ t µ& = λ& − ρ λ
(
f x + λ g x = − λ& − ρ λ )
Esta equação pode ser escrita, portanto, como:
λ& = ρ λ − ( f x + g x ) = ρ λ − H x
320
É fácil verificar que:
∂H
= g ( x, u ) = x&
∂λ
x (t o ) = x o
µ ( T ) = λ (T ) e − ρ T = 0
O problema de controle ótimo com taxa de desconto pode ser resolvido tanto
com auxílio do Hamiltoniano de valor presente como através do Hamiltoniano de valor
corrente. Esta é uma questão de preferência. A solução do problema é exatamente a
mesma, exceto pela interpretação da respectiva variável de co-estado. As condições de
primeira ordem, a condição inicial e a condição de tranversalidade são, então, dadas por:
H u = fu + λ gu = 0
λ& = ρ λ − H = ρ λ − ( f + λ g )
x x x
H λ = x& = g ( x, u )
x (t o ) = x o
λ (T ) = 0
deve ser uma integral própria, ou seja, ela deve existir. A condição de transversalidade
transforma-se em:
lim T → ∞ λ (T ) e − ρ T = 0
lim T → ∞ λ (T ) x (T ) e − ρ T = 0
λ& = ρ λ − H x
pode ser escrita como uma equação de arbitragem para determinação do preço λ , isto é:
λ& + H x
=ρ
λ
321
A taxa de retorno do capital obtida dividindo-se a soma do lucro de uma unidade
adicional de capital com o ganho de capital pelo seu preço deve, em equilíbrio, ser igual
a taxa de juros. A solução desta equação determina o preço do capital λ , de acordo
com:
∞
∫
− ρ (τ − t )
λ (t ) = e H x dτ
t
onde F e σ são funções que não dependem da variável de controle. Admita-se que a
variável de controle seja limitada tanto superiormente ( u ) como inferiormente u , de
acordo com:
u≤u≤u
5. Dinâmica Comparativa
A solução do problema de controle ótimo com horizonte infinito pode ser obtida
com um sistema autônomo de equações diferenciais nas variáveis de co-estado ( λ ) e de
estado ( x ), quando o valor do controle ótimo (u) da equação H u = 0 é substituído nas
demais equações das condições de primeira ordem. O sistema é, então, dado por:
λ& = Γ( λ , x, α )
x& = G ( λ , x, α )
x(0) = x0
lim T →∞ λ (T ) x(T ) e − ρ T = 0
322
onde α é um vetor de parâmetros, o valor inicial da variável de estado é dado e a
condição de transversalidade deve ser satisfeita. No estado estacionário, λ& = x& = 0 , as
variáveis de co-estado e de estado dependem do vetor α . Isto é:
λ = λ (α )
x = x (α )
α1
α0
0 tempo
Figura B.4
A Figura B.5 mostra a dinâmica do sistema com a mudança do parâmetro α . A
variável de co-estado no momento inicial, quando ocorreu a mudança, dar um salto para
a nova sela. As variáveis de co-estado e de estado convergem, então, para o novo estado
estacionário.
323
λ
x& (α o ) = 0
S
λ (0+ ) x& (α 1 ) = 0
E1
λ (α 1 )
λ (α o ) Eo S
λ& (α 1 ) = 0
λ& (α o )
x
x (α o ) x (α 1 )
Figura B.5
α1
α0
tempo
0 T
Figura B.6
324
Do momento T em diante a trajetória ótima segue a sela até o novo ponto de equilíbrio
E1 .
x& (α o ) = 0
λ
λ (T ) x& (α 1 ) = 0
E1
λ (0+ )
λ (α 1 )
λ (αo ) Eo
λ& (α 1 ) = 0
λ& (α o ) = 0
x
x (α 0 ) x(T ) x (α 1 )
Figura B.7
5.3 Mudança Transitória Não Antecipada
α1
α0
tempo
0 T
Figura B.8
325
λ
x& (α o ) = 0
λ (0 + ) x& (α 1 ) = 0
S E o
λ(α
( ))
E1
λT λ& (α 1 ) = 0
o S
λ& (α o ) = 0
x
x (α o ) x(T )
Figura B.9
α
α1
α0
tempo
0 T1 T2
Figura B.10
326
λ
x& (α o ) = 0
λ (Tt )
x& (α 1 ) = 0
λ (0+ )
S
E1
λ (α 0 ) Eo
λ (T2 ) λ&(α 1 ) = 0
S
λ&(α o ) = 0
x
x (α o ) x(T1 ) x(T2 )
Figura B.11
6. Exercícios
F (t , x , x& ) d t
t1
max ∫ t0
x (t o ) = x o , dado
x (t1 ) livre
a) Transforme este problema em um problema de controle ótimo definindo a variável de
controle u = x& .
b) Deduza a condição necessária para a solução do problema, a equação de Euler:
327
d ∂F ∂F
=
dt ∂x& ∂x
∂2F ∂2F ∂ 2 F ∂F
&x& + x& + − =0
∂x& ∂x& ∂x∂x& ∂t∂x& ∂x
∂F
t = t1 =0
∂x&
∞
∫ e − ρ t u (c ) dt
o
k& = f (k ) − c − δ k
k (0 ) = k o
α
C= (x − x )2 + 1 x& 2
2 2
∞ α x& 2
min ∫ e − ρ t (x − x ) + d t
2
o
2 2
x (0 ) = x 0 , dado
328
x& = k ( x − x )
IS: y − y = −α (ρ − ρ )
CP: π& = β ( y − y )
L=
1
(π − π ) + ϕ ( y − y )2
2 2
∞ 1 ϕ 2
∫ e −δ t (π − π ) + ( y − y ) d t
2
min
o
2 2
π& = β ( y − y )
p (0) e π ( 0) dados
onde δ é a taxa de desconto do banco central e tanto o nível de preços como a taxa de
inflação iniciais são dados.
Deduza a fórmula da taxa de juros nominal fixada pelo banco central.
329
c) No caso do item anterior, mudanças transitórias têm efeitos permanentes (problema
da raiz unitária)?
d) Admita a inexistência de equilíbrio estacionário. Deduza a equação de consumo
quando:
1
1−
σ
u (c ) =
c
,σ ≠ 1
1
1−
σ
u (c ) = log c , σ = 1
e − ρ t [ p Q (K , L ) − ω L − I − C (I )] d t
∞
max ∫ o
K& = I − δ K
K (0 ) = K o , dado
I2
C (I ) = α
K
M& M& M
= = µm
P M P
330
∞
max ∫ o
e − ρ t µ m dt
sujeito à restrição:
m& = µ m − τ (m )
τ ′(m ) = − ρ
8) Usando a restrição,
m& = µ m − τ (m)
mostre que:
∞ ∞ ∞
∫ e − ρ t µ m dt = ∫ e − ρ tτ (m ) dt + ∞ ∫ e − ρ t ρ (m − m (0 )) dt
0 0 0
∞
∫ 0
e − ρ t µ m dt
sujeito à restrição,
331
αβ β
m& = − µm− m log m
1−α β 1 − αβ
e a condição inicial,
m (0 ) = m o
log m = −α π e
π& e = β (π − π e )
πe =π
md = ms
M&
= −x
P
332
e − pt [u ( c ( f ( x ))) + v ( m ) ]dt
∞
∫ 0
sujeito à restrição:
log m
m& = m −x
α
12) O Banco central controla a taxa de crescimento da base monetária µ e fixa o seu
valor minimizando
∞ ϕ 1
∫ e − ρ t x 2 + π 2 dt
0
2 2
onde ρ é a taxa de juros real, x o hiato do produto, π a taxa de inflação e ϕ um
parâmetro positivo, sujeito às seguintes restrições:
π& = α (π − µ ) + β x
x& = γ (π − µ ) + δ x
π (0) = µ o
x (0 ) = 0
T
∫ o
c (t ) dt = S
x (t ) = S − ∫ c (τ ) d τ
t
O consumidor maximiza
e − ρ t u (c ) dt
T
∫ o
333
sujeito às seguintes condições:
x& (t ) = −c (t )
x (0 ) = S
x (T ) = 0
14) Uma empresa extrai um produto não renovável cujo estoque é igual a S:
q (t ) dt = S
T
∫ 0
x (t ) = S − ∫ q (τ ) d τ
t
C = C (q , x ) , C q > 0 ; C x < 0
C qq < 0 ; C xx > 0
e − ρ t [ pq − C (q , x )] dt
T
∫ 0
x& = f ( x ) − q
334
e − ρ t [ p − c ( x )] q dt
∞
max ∫ 0
x& = f ( x ) − q
x(0 ) = 0
0≤q≤S
x
f (x ) = α x 1 −
s
BIBLIOGRAFIA
335
BIBLIOGRAFIA
I. Geral
Auernheimer, Leonardo (1974). The Honest Government’s Guide to the Revenue from
the Creation of Money. Journal of Political Economy 82, 598-606.
336
Barbosa, Fernando de Holanda (2002). Hyperinflation: Inflation Tax and Economic
Policy Regime. Brazilian Review of Econometrics 22, 215-238.
Barbosa, Fernando de Holanda e Alexandre Barros da Cunha (2003). Inflation Tax and
Money Essentiality. Economics Letters 78, 187-195.
Barbosa, Fernando de Holanda e Tito Nicias Teixeira da Silva Filho (2008). Testing
Hyperinflation Theories using the Inflation Tax Curve: A Case Study. EPGE, mimeo.
Bailey, Martin J. (1956). The Welfare Costs of Inflationary Finance. Journal of Political
Economy 64, 93-110.
Baumol, William (1952). The Transactions Demand for Cash: An Inventory Theoretic
Approach. Quarterly Journal of Economics 67, 545-556.
Bernanke, Ben S. E Allan S. Blinder (1988). Credit, Money and Aggregate Demand.
AmericanEconomic Review 78, 435-439.
Blanchard, Olivier J. (1981). Output, the Stock Market and Interest Rates. American
Economic Review 71, 132-143.
Blanchard, Olivier J. (1985). Debts, Deficits and Finite Horizons. Journal of Political
Economy 93, 223-247.
337
Blinder, Allan S. e Robert M. Solow (1973). Does Fiscal Policy Matter? Journal of
Public Economics 2, 319-337.
Bosworth, Barry e Susan M. Collins (2008). Accounting for Growth: Comparing China
and India. Journal of Economic Perspectives 22, 45-66.
Bruno, Michael e Stanley Fischer (1990). Seigniorage, Operating Rules and High
Inflation Trap. Quarterly Journal of Economics 105, 353-374.
Clarida, R., J. Galí e M. Gertler (1999). The Science of Monetary Policy: A New
Keynesian Perspective. Journal of Economic Literature 37, 1661-1707.
Corden, W. Max (1984). Booming Sector and Dutch Disease Economics: Survey and
Consolidation. Oxford Economic Papers 36, 359-380.
Denison, Edward F. (1961). The Sources of Growth in the United States. Nova York:
Commitee for Economic Development.
338
Dorfman, R. (1969). An Economic Interpretation of Optimal Control Theory. American
Economic Review 59, 817-831.
Drazen, Allan (1984). Tight Money and Inflation Further Results. Journal of Monetary
Economics 15, 113-120.
Feenstra, Robert C. (1986). Functional Equivalence Between Liquidity Costs and the
Utility of Money. Journal of Monetary Economics 17, 271-291.
Fischer, Stanley (1977). Long-Term Contracts, Rational Expectations, and the Optimal
Money Supply Rule. Journal of Political Economy 85, 191-205.
Friedman, Milton (1960). A Program for Monetary Stability. Nova York: Fordham
University.
Friedman, Milton (1969). The Optimum Quantity of Money and Other Essays. Chicago:
Aldine.
Friedman, Milton (1971). A Theoretical Framework for Monetary Analysis. Nova York:
NBER, Columbia University Press.
Friedman, Milton (1994). Money Mischief Episodes in Monetary History. San Diego:
Harvest.
Friedman, Milton e Anna J. Schwartz (1963). A Monetary History of the United States,
1867-1960. Princeton: Princeton University Press.
Friedman, Milton e Anna J. Schwartz (1982). Monetary Trends in the United States and
the United Kingdom: Their Relation to Income, Prices and Interest Rates. Chicago:
Chicago University Press.
Giavazzi, Francesco e Charles Wyplosz (1985). The Zero Root Problem: A Note on the
Dynamic Determination of the Stationary Equilibrium in Linear Models. Review of
Economic Studies 52, 353-357.
339
Goodfriend, Marvin (2004). Monetary Policy in the New Neoclassical Symthesis: A
Primer. Federal Reserve Bank of Richmond Economic Quarterly 90, 21-45.
Gordon, Robert J. (1974). Milton Friedman’s Monetary Framework: A Debate with His
Critics. Chicago: University of Chicago Press.
Griliches, Zvi (1996). The Discovery of the Residual: A Historical Note. Journal of
Economic Literature 34, 1324-1330.
Hansen, Alvin H. (1949). Monetary Theory and Fiscal Policy. Nova York: McGraw-
Hill.
Hansen, Gary D. (1985). Indivisible Labor and the Business Cycle. Journal of Monetary
Economics 16, 309-328.
Harberger, Arnold C. (1950). Currency Depreciation, Income and the Balance of Trade.
Journal of Political Economy 58, 47-60.
Kirman, Alan P. (1992). Whom or What Does the Representative Individual Represent?
Journal of Economic Perspectives 6, 117-136.
340
Kouri, Penti J. K. (1976). The Exchange Rate and the Balance of Payments in the Short
Run and in the Long Run: A Monetary Approach. Scandinavian Journal of Economics
78, 280-304.
Laursen, Svend e Lloyd A. Metzler (1950). Flexible Exchange Rates and the Theory of
Employment. The Review of Economics and Statistics 32, 281-299.
Liviatan, Nissan (1984). Tight Money and Inflation. Journal of Monetary Economics
13, 5-15.
Long, John B., Jr. e Charles I. Plosser (1983). Real Business Cycles. Journal of
Political Economy 91, 39-69.
Lucas, Robert E., Jr. (1987). Models of Business Cycles. Oxford: Basil Blackwell.
McCallum, Bennett T. (1981). Price Level Determinacy with an Interest Rate Policy.
Rule and Rational Expectations. Journal of Monetary Economics 8, 319-329.
McCallum, Bennett T. e Edward Nelson (2000). Monetary Policy for an Open Economy
An Alternative Framework with Optimizing Agents and Sticky Prices. Oxford Review of
Economic Policy 16, 74-91.
Metzler, Lloyd A. (1951). Welath, Saving and the Rate of Interest. Journal of Political
Economy 59, 93-116.
341
Modigliani, Franco e Richard Brumberg (1954). Utility Analysis and the Consumption
Function: An Interpretation of Cross-Section Data. In K.K. Kurihara (organizador).
Post-Keynesian Economics. New Brunswick, N.J.: Rutgers University Press.
Modigliani, Franco e Albert Ando (1963). The Life Cycle Hypothesis of Saving:
Aggregate Implications and Tests. American Economic Review 53, 55-84
Modigliani, Franco (1988). The Role of International Tranfers and Life Cycle Saving in
the Accumulation of Wealth. Journal of Economic Perspectives 2, 15-40.
Mundell, Robert A. (1971). Monetary Theory Inflation, Interest , and Growth in the
World Economy. Pacific Palisades, California: Goodyear Publishing Company, Inc.
Mussa, Michael (1986). Nominal Exchange rate regimes and the behavior of real
Exchange Rates, Evidnce and Implications. In Karl Brunner e Allan Meltzer
(organizadores), Real Business Cycles, Real Exchange Rates, and Actual Policies.
Amsterdam: North Holland.
Muth, John F. (1961). Rational Expectations and the Theory of Price Movements.
Econometrica 29, 315-335.
Pack, Howard (1994). Endogenous Growth Theory: Intellectual Appeal and Empirical
Shortcomings. Journal of Economic Perspectives 8, 55-72.
Patinkin, Don (1965). Money, Interests, and Prices. Nova York: Harper and Row.
Phelps, Edmund S. (1961). The Golden Rule of Capital Accumulation: A Fable for
Growthmen. American Economic Review 51, 638-643.
342
Prachowny, Martin F. J. (1993). Okun’s Law: Theoretical Foundations and Revised
Estimates. Review of Economics and Statistics 75, 331-336.
Rebelo, Sergio (2005). Real Business Cycle Models: Present and Future. Scandinavian
Journal of Economics 107, 217-238.
Ryder, Jr., Harl E. E Geoffrey M. Heal (1973). Optimal Growth with Intertemporally
Dependent Preferences. Review of Economic Sudies 40, 1-31.
Salter, W. (1959). Internal and External Balance The Role of Price and Expenditure
Effects. Economic Record 35, 226-238.
Samuelson, Paul A. (1939). Interaction Between the Multiplier and the Principle of
Acceleration. Review of Economics and Statistics 21, 75-78.
Sargent, Thomas (1982). The End of the Four Big Inflations. In Robert H. Hall (org.),
Inflation: Causes and Effects. Chicago: Chicago University Press.
Sargent, Thomas J. e Neil Wallace (1973). The Stability of Models of Money and
Growth with Perfect Foresight. Econometrica 41, 1043-1048.
Sargent, Thomas e Neil Wallace (1987). Inflation and the Government Budget
Constraint. In Razin, A. e E. Sadke (organizadores). Economic Policy in Theory and
Practice. McMillan: Nova York.
343
Slutsky, Eugen (1937). The Summation of Random Causes as the Source of Cyclic
Processes. Econometrica 5, 312-330.
Solow, Robert M. (2000). Growth Theory an Exposition, 2a Edição. Nova York: Oxford
University Press.
Swan, Trevor. (1956). Economic Growth and Capital Accumulation. Economic Record
32, 334-361.
Taylor, John B. (1979). Staggered Wage Setting in a Macro Model. American Economic
Review 69, 108-113.
Temin, Peter (1989). Lessons from the Great Depression. Cambridge, Massachusetts:
MIT Press.
Tobin, James (1965). Money and Economic Growth. Econometrica, 33, 14 pp.
344
Tobin, James (1975). Keynesian Models of Recession and Depression. American
Economic Review 65, 195-202.
Tobin, James (1980). Asset Accumulation and Economic Activity. Chicago: Chicago
University Press.
Tobin, James e William C. Brainard (1977). Asset Markets and the Cost of Capital. In
Bela Belassa e Richard Nelson (org.), Economic Progress, Private Values and Public
Policy: Essays in Honour of William Fellner.
Uzawa, Hirofumi (1968). Time Preference, the Consumption Function, and Optimum
Asset Holdings. In J. N. Wolfe (organizador) Value, Capital and Growth: Papers in
Honor of Sir John Hicks. Aldine Publishing Company: Chicago.
Weil, Philippe (1991). Is Money Net Wealth? International Economic Review 37, 37-
53.
Wilson, Charles (1979). Anticipated Shocks and Exchange Rate Dynamics. Journal of
Political Economy 87, 639-647.
Yaari, Menahen E. (1965). Uncertain Lifetime, Life Insurance, and the Theory of the
Consumer. Review of Economic Studies 32, 137-150.
II. Clássicos
Barro, Robert J. (1974). Are Governments Bonds Net Wealth? Journal of Political
Economy 82, 1095-1117.
345
Fleming, J. Marcus (1962). Domestic Financial Policies under Fixed and under Floating
Exchange Rates. International Monetary Fund Staff Papers 9, 369-79.
Friedman, Milton (1968). The Role of Monetary Policy. American Economic Review
58, 1-17.
Harrod, Roy F. (1939). An Essay in Dynamic Theory. Economic Journal 49, 14-33.
Hicks, John R. (1937). Mr. Keynes and the ‘Classics’: A Suggested Interpretation.
Econometrica 5, 147-59.
Keynes, John Maynard (1936). The General Theory of Employment, Interest and
Money. Londres: Macmillan.
Lucas, Robert E., Jr. (1972). Expectations and the Neutrality of Money. Journal of
Economic Theory 4, 103-24.
Lucas, Robert E., Jr. (1976). Econometric Policy Evaluation: A Critique. In The Phillips
Curve and the Labor Market (organizadores: Karl Brunner & Allan H. Meltzer), 19-46.
Amsterdam: North-Holland.
Lucas, Robert E., Jr. (1988). On the Mechanics of Economic Development. Journal of
Monetary Economics 22, 3-42.
Modigliani, Franco (1944). Liquidity Preference and the Theory of Interest and Money.
Econometrica 12, 45-88.
Mundell, Robert A. (1963). Capital Mobility and Stabilization Policy under Fixed and
Flexible Exchange Rates. Canadian Journal of Economics and Political Science 29,
475-85.
Romer, Paul M. (1986). Increasing Returns and Long-Run Growth. Journal of Political
Economy 94, 1002-37.
346
Solow, Robert M. (1956). A Contribution to the Theory of Economic Growth.
Quarterly Journal of Economics 70, 65-94.
Solow, Robert M. (1957). Technical Change and the Aggregate Production Function.
Review of Economics and Statistics 39, 312-20.
Wicksell, Knuck (1907). The Influence of the Rate of Interest on Prices. Economic
Journal 17, 213-19.
Galí, Jordi (2008). Monetary Policy, Inflation and the Business Cycle, an Introduction
to the New Keynesian Framework. Princeton: Princeton University Press.
347
Gartner, Manfred (1993). Macroeconomics under Flexible Exchange Rates. New York:
Harvester Wheatsheaf.
Hartley, James E. , Kevin D. Hoover e Kevin D. Salyer (org) (1998). Real Business
Cycle a Reader. Londres: Routledge.
Leonard, Daniel e Ngo Van Long (1992). Optimal Control Theory and Static
Optimization in Economics. Cambridge: Cambridge University Press.
Lucas, Robert E., Jr., e Thomas J. Sargent (org.) (1981). Rational Expectations and
Econometric Practice, Vols. 1 e 2. Minneapolis: The University of Minnesota Press.
Mankiw, N. Gregory e David Romer (orgs) (1991). New Keynesian Economics, Vols 1
e 2. Cambridge, Massachusetts: MIT Press.
Miller, Preston J. (org.) (1994). The Rational Expectations Revolution- Readings from
the Frontline. Cambridge, Massachusetts: MIT Press.
Ploeg, Frederick van der (1994). The Handbook of International Economics. Oxford:
Blackwell.
Romer, David (2001). Advanced Macroeconomics, 2a. Edição. Nova York: McGraw-
Hill.
348
Sehti, Suresh P. e Gerald L. Thompson (2000). Optimal Control Theory Applications to
Management Science and Economics, 2a edição. Norwell, Ma.: Kluwer Academic
Publishers
Snowdon, Bian & Howard R. Vane (org.) (1997). A Macroeconomic Reader. Londres:
Routledge.
Snowdon, Bian & Howard R. Vane (2005). Modern Macroeconomics, its Origins,
Development and Current State. Cheltenhan,UK: Edward Elgar.
Stiglitz, Joseph E. e Hirofumi Uzawa (org) (1969). Readings in the Modern Theory of
Economic Growth. Cambridge, Massachusetts: MIT Press.
Walsh, Carl E. (1998). Monetary Theory and Policy. Cambridge, Massachusetts: MIT
Press.
349