HUSSERL, Edmund. A Ideia Da Fenomenologia
HUSSERL, Edmund. A Ideia Da Fenomenologia
HUSSERL, Edmund. A Ideia Da Fenomenologia
HUSSERL
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ft:NOM:t:NOLOGIA
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de procedimento judicial.
111111 m1111111111111111111
0000099949
das notas criticas ao texto (alis, por indicao da Editora Martinus Nijhoff) e uma ou outra soluo relativa
a termos mais difceis. Est neste caso a dupla de ajecti-
vos alemes real e reell, que no possvel conservar
em portugus sem gerar confuso. O primeiro sign!fica,
em Husserl, 'real' no sentido de 'mundano, pertencente
realidade natural', e o segundo quer tambm dizer
'real', mas em relao apenas s componentes do vivido
(segundo P. Ricoeur) (2 ), isto , quilo que forma parte
da conscincia e se encontra no tempo fenomenolgico.
Aproveitando a verso do tradutor espanhol - o qual,
por seu turno, depende de Jos Caos-, traduzi reell
por 'ingrediente' (ou, ainda, 'incluso').
Na margem de cada pgina do presente volume,
indica-se, entre barras, a paginao da edio alem.
As notas crticas finais fornecem apenas as observaes
mais importantes que Husserl fez ao texto primitivo.
Quem desejar um conspecto mais circunstanciado ter de
consultar o respectivo volume da Husserliana.
Espero que este eiforo de translao da terminologia
de Husserl para a nossa lngua seja bem aceite, embora
seja eu o primeiro a sentir-me insatisfeito com b resultado. Mostrar-me-ei, pois, grato a quem apresentar correces (para futuras reimpresses) ou sugestes mais
felizes e adequadas para determinados termos. Husserl
merece uma tal solicitude e ateno.
ARTUR MoRo
11
;.".;
.~
(p.
I7
s.).
...,
',~,
. - r. .
ronunciadas como introduAs Cinco Lloes Jc'or~m p
lt'o ae quatro horas'
' L. bre a olsa, uma
.
o a lao so o A Lio sobre a COlsa
no semestre de verao. de 19 7 t
rincipais da Fenoertence
ao
ciclo
lectwo
dFragm_:n
osemp
que Husser1 tenta
p
. d c tica a razao,
_
menologta e a rt ,r.
1 d uma crtica da razao.
levar a cabo a ~areJa gera ))de etentativa a lio sobre a
Ele prprio apeltd~ ~ gran fenomenologia da coisidade
coisa js1ca: ensaw e u~a)'
(
24). Pree em particular' da espactaltdade-.> Cxm.xc; I_f.es a da
'
'deia-meta nas
cisamente porque a I
t d a espcie fundamental de
- de que a o a
constttUtao' a d
onstituio particular, que a
obiectos correspon e .uma _c
- de estranhar que
J
Iogta
. deve tn vesttgar' na o
enomeno
J1'zer como exefiHusserl
uir por ass1m
lhes .fi zes~e seg_ 'stitutiva a lio acerca
con
'
cua-o de uma tal mvesttgaao
.
da constituio da coisa.
em no ter apreendido
Os discpulos' no_ e~tanto parec Coisa pois Husserl
a importncia da LlaO 6so re a8 (x ~ 5 P 24):
.III. 1 9
'
d"d
fez esta observa o em
o infelizmente
no compreen
I o
Era um novo come 'a
los como eu esperava. As
nem aceite pelos meubsl ldtpu . 'do grandes e no podiam
dil:culdades eram tam em emasta .
~,
d 1 o primeira tentattva.
ser supera as og
1
t t to como volume
O estmulo para publicar o presen ; exd Pror H L.
b
C
letas provem o
~.
.
segundo das O ras ;r;p director do Arquivo Huss_erl.
Van Breda, O. F.
.,
decimento pelo seu apoiO e
Aqui lhe expresso o meu agra b a minha gratido ao
h s Devo tam em
,
pelos seus conse ! 0 (B iffi l0 ) Dr. L. Gelber e a
Prof Fritz Kaufmann u ; ./ Dr s Strasser.
minha mulher' bem como ao roJ.
. .
I
w AL'l'ER BIEMEL
Expresso aqui o meu agradecimento pblico ao C{rculo de Estudos do Norte-Wesifla, que patrocinou
generosamente os trabalhos do Arqu.ivo Husseil na Universidade de Col6nia.
W ALTER
Colnia, Fevereiro de 1958
17
BIEMEL
A IDEI A DA FENOME~OLOGIA
(Cinco Lies)
'
f EN CA DE AM EN TO DAS IDEIAS
DAS LIES
/3/
Pode j chamar-se teoria do conhecimento tentativa de tomada de posio cientfica perante estes
problemas. Em todo o caso, a ideia de teoria do
conhecimento surge como a de uma cincia que
resolve as dificuldades aqui em discusso e nos fornece uma inteleco ltima, clara, por conseguinte,
auto-concordante, da essncia do conhecimento e
da possibilidade da sua efectuao. - _b.__rtica do
conhecimento , neste sentido, a condio da possibilidade da metafsica.
O mtodo da crtica do conhecimento o fenomenolgico; a fenomenologia a doutrina uni~l
das essncias, em que se integra a cincia da essncia
do conhecimento.
/~Que mtodo este? Se o conhecimento em
tgeral se pe em questo quanto ao seu sentido e
sua realizao, como pode estabelecer-se uma cin1
cia do conhecimento? Que mtodo pode ela levar
0t meta?
/4/ I A.
Nas cincias objectivas, existe a dvida sobre a transcendncia, a questo: como pode o conhecimento
ir alm de si mesmo, como pode ele atingir um ser
que no se encontra no mbito da conscincia?
Esta dificuldade cessa no conhecimento intuitivo da
cogitatio.
3) Inicialmente, tende-se a - e considera-se
como algo evidente - interpretar a imanncia como
imanncia inclusa (reelle) e, claro, em sentido psicolgico, como imanncia real (reale): na vivncia
cognoscitiva, -como realidade efectiva que , ou
na conscincia do eu, a que pertence a vivncia,
encontra-se tambm o objecto de conhecimento.
Que. numa mesma conscincia e num mesmo agora
efecnvo o acto de conhecimento possa encontrar e
atingir o seu objecto- eis algo que se considera evidente. O imanente, dir aqui o principiante, est
em. mim; o transcendente, fora de mim.
Numa considerao mais atenta, porm, distine-se entre imanncia inclusa e imauucil no sentida. do
o em si mesmo que se constitui na evidncia. O imanente incluso surge como o indubitvel, justamente
porque nada mais exibe, nada mais intenta para
l de si mesmo)), porque aqui o que intentado est
tambm autodado de modo completo e inteiramente
a~equado. Antes de mais, no entra ainda no campo
v1sual outro dado em si mesmo alm da do imanente incluso.
_4) Por isso, de comeo, no se distingue. O primerro grau de clareza , pois, este: o imanente ingrediente. ou, o que aqui significa o mesmo, o adequadamente dado em si mesmo inquestionvel, e que
me permitido utilizar. O transcendente (o no
inclusamente imanente) no me lcito utiliz-lo,
por isso, tenho de levar a cabo uma reduo Jenomenol6gica, uma excluso de todas as posies transcendentes.
Porqu? Para .mim obscuro como pode o conhe..:.
cimento atingir o transcendente, o no autodado,
/71
como Jenmenos
pr-se. como ,tais, mas, quando muito,
todas as cind~ valtfade. E-me pennitido dispor deto, no como'
tan
c:as so enquanto fenmenos, por
possam para mi m
que
es
Sistemas de verdades vigent
ou at de hipser empregues a titulo de premissas
por ex., toda a psicotes~s, como ponto de partida;
Entretanto 0
logia, toda a cincia da natureza.
rtao const~nte
genuno sentid~ do prindpio e a exo
den Sachen) que
a P.ermane~~r Junto das coisas (bei
o em questo,
aqut, ~a cntica do conhecimento, est
i presentes com
e a nao nusturar os problemas aqu
elucidao das
outr_os.. completamente diversos. A
se encontra na
poss1bihdades do conhec1mento no
do conhecimento
senda da cincia objectiva. / Fazer
querer a intuir a
un;_ d~do ev1dente em si mesmo e
a deduzir, indue~senc1a da efectuao no signific
rir novas coisas
Zlr, calcular, etc., no significa infe
j dadas ou que
com fundamento a partir de coisas
valem como dadas.
ID ER A O
SE GU ND O GR AU DA CO NS
FE NO ME NO L GI CA
B.
claridade a
Pa~a lev~r a ui?- grau mais elevado de e dos seqs
lgica
essenCla da mvesngao fenomeno
o estrato de conP.roble.:nas, requer-se agora um nov
stderaoes.
~s
. r) Antes de mais, j aA
eno psi-
" O fenm
Slt;A::c.t~4.~f.!':~~g_ol9.gic:
objectivao psicolgi-
:,
da
esfera, e toma-se possvel uma aoutrina -~- es_sen.Q;l
do colilieumento.
consideuma
com
ligao
em
~asso
rao de Descartes acerca da percepo clara e distinta.
A existncia>) da cogitatio garantida pelo seu absoluto dar-se em si mesma, pelo seu carcter de dado na
pura evidncia. Sempre que temos evidncia pura,
puro intuir e apreender de uma objectividade, directamente e em si mesma, temos ento os mesmos
direitos, a mesma inquestionabilidade.
Este passo forneceu-nos uma nova objectividade
como dado absoluto, a objectividade da essncia, e visto
que, desde incio, os actos lgicos, que se expressam
na enunciao com base no visto, permanecem inadvertidos, revela-se aqui ao mesmo tempo o campo
dos enunciados sobre essncias, rsepectivamente dos
estados de coisas genricos, dados no ver puro. Portanto, .de incio, no distintos dos dados universais
isolados.
3) Temos assim j tudo, temos assim a fenomenologia plenamente delimitada e a clara evidncia
de estar na posse do que precisamos na crtica do
(91 conhecimento? I E dispomos de claridade acerca dos
problemas que importa resolver?
No, o passo que demos leva-nos mais longe. Em
primeiro lugar, toma-nos patente que a imanncia
ingrediente (respectivamente a transcendncia) apenas um caso especial do mais amplo conceito de imanncia em geral. J p.o , porm, evidente e sem reparo
que o absolutamente dado e o inclusamente imanente
sejam o mesmo, pois, o universal absolutamen te
dado e no inclusamente imanente. O conhecimento
~ universal algo de singnlat, sempre pm. momento
28
de
mesmo.
lwl
l . -
deste gnero no
cincia os seus representantes. Algo
ra da reduo
nos pode ocorrer no .interior da esfe
e esto dadas em
fenomenolgica, mas as coisas so
ng) e em virtude
si mesmas no fenmeno (Erscheinu
, como individo fenmeno; so ou valem, claro est
, na medida em
dualmente separveis do fenmeno
gular (a conscinque no importa este fenmeno sin
e so dele insecia de estar dadas), mas, essencialment
parveis.
esta admirvel
Mostra-se, pois, por toda a parte,
imento e o objecto
correlao entre o fen6meno do conhec
a tarefa da
de conhecimento. Advertimos agora que s tarefas e
das sua
fenomenologia, ou antes, o campo
trivial como se
investigaes, no uma coisa to
smente abrir os
apenas houvesse que olhar, simple
is simples, nas
olhos. J nos casos primeiros e ma
propem anformas nfimas do conhecimento, se
ncias as maiolise pura e pura considerao de ess
al da correlao,
res dificuldades; fcil falar em ger
como se constitui
mas muito difcil elucidar o modo
noscitivo. f E a
no conhecimento um objecto cog
evidncia pura
tarefa , agora, dentro do mbito da
gegebenheit), rasou do dar-se em si mesmo (Selbst
e
as correlaes
trear todas as formas do dar-se e todas
cedora. E,
r sobre todas elas a anlise esclare
/I3/
exerce
s os actos isonaturalmente, consideram-se aqui no
s, os seus nexos
lados, mas tambm as suas complexe
teleologias que
de concordncia e discordncia e as
rados, mas unisurgem. Estes nexos no so conglome
por assim dizer,
dades peculiarmente ligadas que,
hecimento que,
se sobrepem; e unidades do con
bm os seus corcomo unidades cognitivas, tm tam
cem, pois, elas
relatos objectivos unitrios. Perten
os seus tipos so
prprias aos ados de conhecimento,
formas do pentipos cognitivos, as suas formas so as
a no se entende
samento e as da .intuio (a palavr
.
aqui em sentido kantiano).
nte os dados
Trata-se, aqui, de rastrear gradualme
3.5
I PRIMEIRA
LIO
/r s/
Atitude intelectual natural e cincia natural [p. 17]- Atitude intelectual filosfica (reflexiva) [p. 18]- As contradies da reflexo sobre o conhecimento na atitude natural [p. 20]- A dupla tarefa da verdadeira critica do conhecimento [p. 22]- A verdadeira critica do conhecimento
A nova
como fenomenologia do conhecimento [p. 23]
dimenso da filosofia; o seu mtodo prprio perante a cincia [p. 24].
;_
ral e a /I7/
/Em lies anteriores, distingui a cincia natu
de espicincia filos6fica; a primeira promana da atitu
ritual filoritual natural, e a segunda, da atitude espi
sfica.
a ainda
A atitude espiritual natural no se preocup
espiritual
com a critica do conhecimento. Na atitude
ente, para
natural viramo-nos, intuitiva e intelectualm
obviaas coisas que, em cada caso, Ros esto dadas e
o diverso
mente nos esto dadas, se bem que de mod
a fonte.e _()
e em diferentes espcies de ser, segundo
ex., est
grau de conhecimento.:. Na percepo, por
a; est a
obviamente diante dos nossos olhos uma cois
animadas e
no meio das outras coisas, vivas e mortas,
do que,
inanimadas, portanto, no meio de um mun
sob a per em parte, como as coisas singulares, cai
nexo da
cepo e, em parte, escl tambm dado no
indetermirecordao, e se estende a partir da at ao
nado e ao desconhecido.
FazeA este mundo se referem os nossos juzos.
e
part unimos enunciados, em parte singulares, em
mudanversais, sobre as coisas, as suas relaes, as suas
ificar-se
as, as suas dependncias funcionais ao mod
s O que a
e as leis destas modificaes; Exprimimo
os motivos
experincia directa nos oferece. Seguindo
a
peri
da experincia, inferimos .o no....ex:: mentado
fzof
chega posio mediata de um ser real e ao estabelecimento de quaisquer verdades sobre o ser. De onde
sei eu, o cognoscente, e como po~so eu s~b~r c?nftadamente que no s existem as minhas ~1Venc1as, estes
actos cognitivos, mas tambm que eXISt~ o que elas
conhecem, mais ainda, que, em ger:J, eXISte algo que
haveria que pr frente ao conhecunento como seu
ob~ecto.
dad .
Devo dizer que so os fenomenos sao ver
erramente dados ao cognoscente, que jamais ele vai aln;
desta conexo das suas vivncias; que, ~ortanto, so
pode afirmar com pleno direito: ~u eXIStO, todo o
no-eu simples fenmeno e se d1SSolve em nexos
fenomenais'? Devo, pois, instalar-me no ponto de
vista do solipsismo? Dura exignci~!
eu, com
Hume reduzir a fices toda a objectJ.vtdade transcende~te, fices que podem explicar-se m:di~nte a
psicologia, 111:asA n~o pode~ racionalmente JUStJ.ftca~
-se? Dura extgencta tambem esta. Porventura, a pstcologia de Hume no transcende, como toda a pstcologia, a esfera da imanncia? No opera e~a, sob as
rubricas de hbito', 'natureza humana (hum~n
nature), rgo sensorial', 'estmulo', etc., com extstncias transcendentes (e transcendentes, se_g~do ~
sua prpria conftsso), quando o seu objecuvo e
rebaixar ao nvel de fico todo o transcender as
. ac~ua1s.
. ? (1) . _
impresses e 1"detas
Mas de que serve referu contradioes, se a / J?ro;
pria lgica est em questo e se tomou pr~blema;t:a.
Efectivamente, a significao real da legalidade logtca,
que est fora de toda a quest,o_ para. o pe~ament?
natural, toma-se agora proble_ma~tca ~ n;c~ustve, duvidosa. Ocorrem sequncias de tdetas bwlogtcas. Recordamos a moderna teoria da evoluo, segun~oA a 9-ual
homem se desenvolveu na luta pela eXIStencta e
I
J?e:o
"43
~j.t
Tem de denunciar os absurdos em que, quase inevitavelmente, se envencilha a reflexo natural sobre a
relao entre conhecimento, sentido do conhecimento
e objecto do conhecimento, ergo, tem de refutar as
teorias aberta ou ocultamente cpticas sobre a essncia do conhecimento mediante a demonstrao do
seu contra-senso.
Por outro lado, a sua tarefa positiva resolver os
problemas concernentes correlao entre conhecimento, sentido do conhecimento e objecto do conhecimento, graas inquirio da essncia do conhecimento. Entre estes problemas encontra-se tambm a
patentea~o do sentido essencial da objectalidade cognoscvel ou, o que o mesmo, da objectalidade em
geral: do sentido que lhe est prescrito a prori (isto
, segundo a essncia), em virtude da correlao de
conhecimentos e objectalidade do conhecimento.
E isto conceme tambm, naturalmente, a todas as
configuraes fundamentais de objectalidades em
geral, traadas de antemo pela essncia do conhecimento. (As formas ontolgicas, tanto as apofnticas
como as metafsicas).
Justamente graas ao cumprimento destas tarefas
se toma apta a teoria do conhecimento para ser crtica do conhecimento ou, mais claramente, para ser
crftica do conhecimento natural em todas as cincias
naturais. Pe-nos ento, efectivamente, em situao
de ,interpretar de modo correcto e definitivo os resultados das cincias naturais a propsito do ente. Com
efeito, a perplexidade terico-cognoscitiva a que nos
arrojou a reflexo natural (pr-gnoseolgica) sobre a
possibilidade do conhecimento (sobre uma possvel
apreensbilidade do conhecimento), condiciona no
s opinies falsas acerca da essncia do conhecimento,
mas tambm interpretaes fundamentalmente errneas, porque em si mesmas contraditrias, do ser que
.conhecido nas cincias naturais. Segundo a interpre-
1
!
1.
pinio de que a
designar-se como predommante a o
filosofia e mais concretamente, a doutrina surrema
, .' .
pode estar no s relaclnada
do ser e d a ciencia fi dada
/24/
com todas as restantes cincias, mas tamb:U un
da
mesma
manerra
que
as
d
nos seus resulta os, I
ultados
cincias se baseiam umas nas outras. e os res
de umas podem actuar como prenus~as, ~as outras.
Lembro assim as fundamentaes .arbltr~as da nhteo. do conhecrmento mediante a psicologia
do co ena
.
cimento e a biologia. Nos nossos dias, aumentam-as
reaces contra estes rreconceitos funestos. Sao,
efectivamente, preconceitos.
., .
r
1 da investigao uma cienCla
Na esrera natura
. '
d
de sem mais edificar-se sobre outra e uma po :
P~ outra de modelo metdico, se bem que so
.se
dida determinada e definida pela natureza
A filoso~a
em certa me
'
do res ectivo campo de inyesrtgaao.
:J' '
orm ~ncontra-se numa dimenso completamente nova.
pp . ' de pontos de partida inteiramente novos e de
recisa
d' .
um mtodo totalmente novo, que a }stlngue por
rincpio de toda a cincia natural>~. Dal ~ue ~s, pr?P
.
l gicos,
da lio.
I SEGUNDA
LIO
J1....r
~J __-i)
IFI
~ovisoriamente,. sustentamos
que se pode, de
antemo, assinalar uma esfera de dados absolutos; e
a esfera de que justamente precisamos, se que deve
ser possvel a nossa aspirao a uma teoria do conhecimento. De facto, a obscUridade acerca do conhecimento no tocante ao seu sentido ou sua essncia
56
(i c_
~{ ~:'
'il
61
IJ
:~1
/d/
66
/ Aps estas explicaes, est exacta e fidedignamente provado o que que a crtica do conhecimento
pode e no pode utilizar. O seu enigma , sem dvida,
a transcendncia, mas s no tocante possibilidade
desta; no entanto, a realidade do transcendente jamais
deve ser tomada em conta. Sem dvida, no se reduz
a zero a esfera das objectalidades utilizveis, isto , dos
conhecimentos utilizveis- daqueles que se apresentam como vlidos e podem permanecer livres do
sinal de nulidade gnoseolsica. J, efectivamente, assegurmos a esfera global das cogitationes. O ser da
cogitatio, mais precisamente, o prprio fenmeno
cognoscitivo, est fora de questo e livre do enigma
da transcendncia. Estas existncias esto pressupostas
j no ponto de partida do problema do conhecimento; a pergunta sobre como pode o transcendente
entrar no conhecimento perderia o seu sentido se se
abandonasse no s o transcendente, mas tambm o
pr6prio conhecimento. tambm evidente que as
cogitationes representam uma esfera de dados imanentes
absolutos, seja qual for o sentido em que interpretemos a
iman~ncia. No acto de ver o fenmeno puro, o objecto
no est fora do conhecimento, fora da conscincia
e, ao mesmo tempo, est <4do' no sentido da absoluta
autopresentao. de algo puramente intufdo ..
/43/
/44/
70
/45/
. . .
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,.,-.-.
/sol
/s r/
:11 ,.
I QUAR TA
LIO
Ampliao da esfera de investigao por meio da intencionalidade [p. 55]- A autopresentao do universal; o mtodo
filosfico da anlise de essncias [p. 56] - Crtica da teoria
emocional da evidncia; a evidncia como autopresentao
[p. 59]- A no limitao esfera da imanncia ingrediente;
tema- toda a autopresentao [p. 6o).
80
/53/
/ss/
pois, dizer: investigar por ambos os lados (*), perscrutar esta referncia, que corresponde essncia do
conhecimento. E aqui residem, certamente, os enigmas, os mistrios, os problemas em torno do sentido
ltimo da objectalidade do conhecimento e, entre
eles, o da sua apreensibilidade ou inapreensibilidade,
quando conhecimento judicativo, e o da sua adequao, quando conhecimento evidente, etc.
Em todo o caso, toda esta investigao de essncias manifestamente, na realidade, investigao
genrica. O fenmeno cognitivo singular que, no
fluxo da conscincia, vem e desaparece, no o
objecto da averiguao fenomenolgica. Visam-se
ls6l as fontes do I conhecimento; as origens, que importa
intuir genericamente; os dados absolutos genricos,
que constituem as medidas fundamentais e universais,
pelas quais h que medir todo o sentido e, em seguida,
tambm o direito, do pensar confuso, e resolver todos
os enigmas que ele pe na sua objectalidade.
Mas, pode realmente urna universalidade, podem
efectivamente essncias universais e seus correspondentes estados de coisas universais chegar em igual
sentido autopresentao como uma cogitatio? O universal como tal no transcende o conhecimento? Sem
dvida, o conhecimento universal est dado como
fenmeno absoluto, mas em vo que nele buscamos
o universal, o qual h-de ser idntico, no mais estrito
sentido, em inumerveis .conhecimentos possveis do
mesmo contedo imanente.
Respondemos, naturalmente, como j temos respondido: o universal possui, evidentemente, esta
transcendncia. Toda a parte ingrediente do fenmeno
cognoscitivo - esta singularidade fenomenolgica , por seu turno, urna singularidade; por conseguinte,
(*) Isto , co imanente como ingrediente (ou incluso)
e co imanente no sentido intencional. ' .
.
'
84
' !
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i]!,~
1111
I~
!11
dies ideais da possibilidade da objectividade cientfica, regulam todo o procedimento cientfico emprico. Toda a investigao dirlgida para a ilustrao
dos princpios se move inteiramente na esfera das
essncias, a qual, por sua vez, se constitui sobre o
subsolo dos fenmenos singulares da reduo fenomenolgica.
A anlise , em cada passo, anlise de essncias e
explorao dos estados de coisas genricos que se
podem constituir na intuio imediata. Toda a inquirio , pois, apriorlstica; naturalmente, no apriorstica no sentido das dedues matemticas. O que
a diferencia das cincias apriricas objectivantes o
seu mtodo e o seu objectivo. Ajenomenologia procede
elucidando visualmente, determinando e distinguindo o
sentido. Compara, distingue, enlaa, pe em relao,
separa em partes ou segrega momentos. Mas tudo
no puro ver. No teoriza nem matematiza; no leva
a cabo explicaes algumas no sentido da teoria dedutiva. Ao elucidar os conceitos e proposies fundamentais que, como princpios, dominam a possibilidade da cincia objectivante (mas, por fim, fazendo
tambm dos seus prprios conceitos fundamentais e
princpios objectos de clarificao refl~xiva), termina
onde comea a cincia objectivante. E, pois, cincia
num sentido totalmente diferente, com tarefas inteiramente diversas e com um mtodo completamente
distinto. A sua particularidade exclusiva o procedimento
intuitivo e ideador dentro da mais estrita reduo Jenomenol6gica, o mtodo especificamente jilos6jico, na medida
em que tal mtodo pertence essencialmente ao sentido da
critica do conhecimento e, por conseguinte, ao de toda a
cr{tica da razo em geral (portanto, tambm ao da
razo valorativa e da razo prtica). Mas o que se
chama ainda filosofia, no senti~o genuno, alm da
crtica da razo -isto , a metafsica da / natureza
e metafsica da vida do esprito no seu conjunto e,
/s9/
assim, a metafsica em geral, no sentido mais amplo, deve plenamente referir-se a esta crtica.
Em tais casos do ver, fala-se de evidncia e, na realidade, os que conhecem o conceito pleno de evidncia e o mantm quanto sua essncia tm exclusivamente em vista factos desta indole. O :fundamental
no passar por alto que a~ ~y!dncia es~_9Lnscincia
q~ef~~-~nde Io seu objecto)
~~~uadamente; _g_ue evidncia_nada lillS
sig~ca~u~_.Q-g~g!-Ja:QO dr-se emJLlnes.mP.
Os tericos empiristas do co!l11ecimento, que tanto
f~am do valor da investigao das origens e permanecem to longe das verdade.iras origens como os mais
extremos racionalistas, querem-nos fazer crer que
toda a diferena entre os juzos evidentes e os juzos
no evidentes consiste num certo sentimento, pelo
qual se distinguem os primeiros. Mas, que que um
sentimento pode aqui toma r compreensvel? Que
pode ele realizar? Ir, porventura, gritar-nos 'alto!
Aqui est a verdade'? Mas, porque havemos ns de
lhe dar crdito? Esta f no deve, por seu turno, ter
um indice de sentimento? E porque que um juzo
do sentido 2 vezes 2 so 5 nunca tem este indice de
sentimento? E porque no o pode ter? Com o se
chega propriamente a esta doutrina to sentimental
dos ndices? Ora bem, algum diz para si mesmo:
o mesmo juzo, falando em termos lgicos, por ex.,
o juzo '2 vezes 2 so 4', pode ser para mim evidente,
umas vezes, e outras, no; o mesmo conceito de 4
pode, umas vezes, estar-me dado intuitivamente em
evidncia e, outras, numa representao meramente
simblica. Portanto, quanto ao contedo, em ambos
os casos, o mesmo fenmeno; mas, num lado, .uma
prioridade de valor, um carcter que confere valor,
um sentimento que marca. Tenho eu, efectivamente,
nos dois casos, o mesmo, s que, uma vez; se acrescenta um sentimento e, outra, no? Se, porm,. se
olh;arem os fenmenos, logo se adverte. que.; na,rea-:-
/6o/
l6rl
Com o emprego do conceito de evidncia, podemos agora dizer tambm: temos a evidncia do ser da
cogitatio e, porque a temos, ela no implica enigm
algum, portanto, tambm no o enigma da transcendncia; vale para ns como algo de inquestionvel, de que nos permitido dispor. No menos t~mos
evidncia do universal; objectalidades e estados de coisas
universais surgem-nos em autopresentao e esto
dados no mesmo sentido, portanto, inquestionavelmente; e esto autodados adequadamente no sentido
ma1s ngoroso.
Por conseguinte, a reduo fenomenolgica no
significa a limitao da pesquisa esfera da imanncia ingrediente, esfera do includo como ingrediente no isto absoluto da cogitatio; no significa de
modo algum o confinamento esfera da cogitatio,
mas a restrio esfera do dar-se em si puro, esfera
daquilo de que no s se fala e que I no s se intenta;
tambm no esfera do que se percepciona, mas
esfera do que est dado exactamente no sentido em
que visado, e autodado no sentido mais estrito, de
tal modo que nada do intentado deixa de estar dado.
Numa palavra, restrio esfera da pura evidncia,
entendendo, porm, a palavra em certo sentido
estrito, que exclui j a evidncia mediata.>> e, sobretudo, toda a evidncia em sentido laxo.
O dado absoluto algo de ltimo. Naturalmente,
pode com facilidade dizer-se e afirmar-se que se teve
algo de absolutamente dado e que, na verdade, no
foi assim. Tambm do dado absoluto se pode falar
vagamente e pode ele estar dado num dar-se absoluto.
Assim como posso ver um fenmeno de vermelho e
posso simplesmente dele falar, sem ver, assim posso
tambm falar sobre o ver do vermelho e ver o ver
do vermelho e, portanto, captar visualmente o prprio ver do vermelho. Por outro lado, negar absolutamente a autopresentao significa negar toda~ a
norma ltima, toda a medida fundamental que ..d
sentido ao conhecimento. Haveria, ento, que declarar tudo como iluso e, de modo contraditrio, qualificar de iluso tambm a iluso como tal e, assim,
embrenhar-se no contra-senso do cepticismo. No
entanto, evidente que s pode argumentar desta
maneira contra o cptico quem v~ fundamentos,
quem justamente conserva sentido ao ver, ao intuir,
evidncia. Quem no v ou no quer ver, quem
fala e at argumenta, mas continua sempre a tomar
sobre si todas as contradies e, ao mesmo tempo, a
negar toda a contradio, com ~le nada podemos
fazer. No podemos responder: E manifestamente
assim'; ele nega que exista tal coisa como evidente;
como se algum que no v quisesse negar a vista,
ou, ainda melhor, como se algum que v quisesse
negar que v e que existe a vista. Como poderamos
convenc-lo, na suposio de que no tivesse nenhum
outro sentido?
Se, pois, nos ativermos ao absoluto dar-se em si
mesmo, acerca do qual j sabemos agora que ele no
significa a autopresentao das singularidades ingredientes, por ex., das singularidades absolutas da cogitatio, pergunta-se, ento, at onde ele vai e em que
medida ou em que sentido se vincula esfera das
cogitationes e I das universalidades que as generalizam. l6zl
Se se rejeitou o preconceito primeiro e natural que
v na cogitatio singular e na esfera da imanncia ingrediente o nico absolutamente dado, ento h tambm
que acabar com o outro preconceito, e no menos
natural, como se unicamente nas intuies genricas
procedentes dessa esfera surgissem novas objectalidades dadas em si mesmas.
<<Ao viv-las conscientemente, temos absolutamente dadas, na percepo reflexa, as cogitationes comear-se-ia talvez por. dizer; e podemos ento
olhar o universal que nelas e nos seus momentos
ingredientes se singulariza, apreender unive~salidades
em abstraco intuitiva e constituir, no 'pensamento
que capta as ideias dos seus fenmenos e fenmenos-momentos. H mltiplos modos de objectalidade e,
com eles, do chamado dar-se [dos objectos) (Gegebenheit) e, talvez, o dar-se do ente, no sentido da
chamada percepo interna e, por sua vez, o dar-se
do ente da cincia natural e objectivante so apenas
alguns de entre os modos do dar-se, ao passo que os
outros, se bem que ,qualificados de no entes, so
no entanto [modos de) dar-se, e s porque o so
que podem contrapor-se queles e deles se diferenciar na evidncia.
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93
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I QUINTA
A constituio da conscincia do tempo [p. 67)- A apreenso das essncias como o dar-se evidente da essncia; a constitto da essncia singular e da conscincia da universalidade [p. 68)- Os dados categoriais [p. 71 ] - O simbolicamente pensado como tal [p. 73]- O dominio de investigao
no seu mais vasto mbito: a constitllio dos diversos modos
de objectalidade no conhecimento; o problema da correlao entre conhecimento e objectalidadc do conhecimento
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(p. 73].
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1691
a considerao das essncias, mas tambm parece conter em si mesma dados singulares e, claro, dados efectivamente evidentes.
Tomemos a mera fantasia como fantasia, sem a
posio da lembrana. Uma cor fantasiada no
n~~um . dado no sentido de uma cor da sensao.
DlStmgmmos a cor fantasiada de uma vivncia do
fantasiar esta cor. A vaga noo em mim da cor
(para toscamente o exprimir) um agora, uma
cogitatio agora existente, mas a cor em si mesma
no uma cor agora existente, no uma cor sentida.
Por outro lado, no entanto, ela est dada de certo
modo, pois est diante dos meus olhos. Tambm ela,
tal como -a cor da sensao, pode ser reduzida: mediante a excluso de todas as significaes transcendentes, ela no significa para mim, pois, a cor do
papel, a cor da casa, etc. Pode suspender-se toda a
posio emprica da existncia; tomo ento a cor
exactamente como a vejo, como quase a <<Vivo.
Mas, apesar de tudo, ela no uma parte ingrediente
da vivncia ,da fan~sia, ~o . cor presente mas representada; esta por assim dizer diante dos olhos, mas no
presena genuna. No obstante, da vista e como
vista est, em certo sentido, dada. No a ponho, pois,
como existncia fsica ou psquica; tambm no a
ponho como existncia no sentido de uma autntica
cogitatio, pois esta um agora ingrediente, um dado,
que est evidentemente caracterizado como dado
agora. I O facto de a cor da fantasia no estar dada
nem num nem noutro sentido no significa,. porm,
que el,a ~o o .esteja e~ nenhum. Aparece e aparece
ela propna, exibe-se a si mesma; vendo-a na sua presentao, posso julgar acerca dela, acerca dos momentos que a constituem e das conexes entre eles. Naturalmente, tambm eles esto dados no mesmo sentido
e, no mesmo, no so 'efectivamente' existentes na
vivncia total da fantasia; n~o esto inclusamente presentes, estq apenas representados. O puro juzo de
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ricamente nas conexes correspondentes. Naturalmente, tambm os dados l6gicos, o dar-se da universalidade, do predicado, do estado de coisas, etc., e tam-
bm o dar-se de um contra-senso, de uma contradio,
de um no-ser, etc. O dar-se, quer nele se manifeste
algo de simplesmente representado ou algo de verdadeiramente existente, algo de real ou algo de ideal,
algo de possvel ou algo de impossvel, sempre um
dar-se no Jen6meno de conhecimento, no fenmeno de
um pensamento no sentido mais lato da palavra; e
em toda a parte, na considerao de essncias, h& que prosseguir esta correlao subitamente to assombrosa.
S no conhecimento se pode estudar a essncia da
objectalidade em geral, segundo todas as suas configuraes fundamentais; s nele est dada e se pode
ver com evidncia. Este intuir evidente , sim, o
conhecimento no sentido mais pleno; e a objectalidade
no uma coisa, que est dentro do conhecimento
como num saco, como se o conhecimento fosse uma
forma vazia sempre igual, um e o mesmo saco vazio,
no gual umas vezes est metido isto e, outras, I aquilo.
No dar-se, por~m, vemos que o objecto se constitui no
conhecimento; que quantas as configuraes fundamentais da objectalidade h a separar tantas so tambm
as configuraes basilares dos actos cognitivos que
do e dos grupos e conexes de actos cognitivos que
importa distinguir. E os actos cognoscitivos, em termos mais amplos, os actos de pensamento em geral
no so singularidades desconexas, que vm e vo sem
nexo no rio da conscincia. Revelam, referidos essencialmente uns aos outros, vinculas teleolgicos e
conexes correspondentes de cumprimento, confirmao, verificao e seus opostos. E o que importa so
estas conexes, as quais exibem a unidade prpria do
entendimento. Elas mesmas so constituidoras de
objectalidade; conectam logicamente os actos que
do de um modo imprprio e os que do genuinamente, actos de simples representar ou antes de sim106
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107
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'II
ANEXOS
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I ANEX O
I(!)
No conhecimento, est dada a natureza, mas tambm a humanidade nas suas associaes e nas suas
obras culturais. Tudo isso se conhece. Mas ao conhecimento da cultura, enquanto acto que constitui o
sentido da objectalidade, pertence tambm o valorar
e o querer.
O conhecimento refere-se ao objecto com um
sentido variante, em vivncias variantes, em mutveis
afeces e aces do eu.
Ao lado da doutrina l6gica formal do sentido e da
doutrina das proposies verdadeiras como sentidos
vlidos, na atitude natural, temos ainda outras investigaes cientificas naturais: separamos os gneros fundamentais (regies) de objectos e examinamos com
universalidade principal, por ex., para a regio 'simples natureza fsica', o que pertence indissoluvelmente
regio, a cada objecto da natureza em si e relativamente enquanto objecto natural. Cultivamos a ontologia da natureza. Expomos nela o sentido - e,
(1) Este um anexo posterior (1916 ?) p. [r9].
111
'112
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I ANEXO
II (1)
Ensaio de modificao e complemento: Suponhamos que eu fosse como sou, que teria sido como fui
e seria como hei~de ser; suponhamos que a no falt~
nenhuma das minhas percepes visuais, tcteis e de
outras percepes em geral; que no falta nenhum
dos meus processos aperceptivos, nenhum dos meus
pensar::-entos _c~nc:p~ais, nenh:rma das minhas representaoes e v1vene1as mtelectums e das minhas vivnci_as em geral, todas elas tomadas na sua concreta ple~tude! na su_a _ordem e ~onexo determinadas. O que
e que 1mpedma que, alem disso, nada, absolutamente
nada existi~s~? No poderia um Deus omnipotente
ou um espmto mendaz ter criado a minha alma de
tal modo e t-la provido de tais contedos de conscincia que, de todas as objectalidades nela visadas
nad,a :xistisse; na medid~ em que so algo de extra~
-arnffilco? Ha talvez cmsas fora de mim mas nem
uma so, das que tomo por verdadeiras. E ' talvez no
exista em geral coisa alguma fora de mim.
li
; I;
I ANEXO
III (')
'":~-~.>,
'
'Cremos entender como que uma imagem concorda com uma coisa. Mas s podemos saber que se
trata de uma imagemse nos tiverem sido dados casos
em que tnhamos a coisa e tambm a imagem, comparando uma com a outra.
'Mas, como pode o conhecimento ir alm de si
mesmo e at ao objecto e estar, apesar de tudo, indubitavelmente certo desta referncia? Como pode
compreender-se que o conhecimento, sem perder a
sua imanncia, no s possa apreender [as coisas], mas
consiga tambm mostrar esta apreensibilidade? Este
ser, esta possibilidade de mostrar pressupe que, num
conhecimento do grupo correspondente, eu possa
ver que ele leva a cabo o que aqui se exige. E s se
for esse o caso que podemos entender a possibilidade
do conhecimento. Mas se a transcendncia um carcter essencial de certos objectos do conhecimento,
como pode isso realizar-se?'
Portanto, esta considerao pressupe justamente
que a / transcendncia um carcter essencial de
certos objectos e que os objectos de conhecimento
dessa ndole nunca esto dados imanentemente e no
o podem estar. E toda esta concepo press~pe j
que a prpria imanncia no est em questo. E compreensvel como conhecer se pode a imanncia; mas
incompreensvel como a transcendncia se pode
conhecer.
t!
APNDICE CRTICO
I
I
122
I
f
NOTAS CRTICAS
PRIMEIR A LIO
[26] O seguinte texto foi posto por Husserl entre parnteses rectos a lpis e estava destinado a servir de prlogo.
Visto que Husserl no escreveu depois nenhum verdadeiro
prlogo, Landgrebe omitiu-o na sua cpia:
Pode, certamente, parecer arrogncia que eu ouse fazer
uma censura to grave, a mais grave que se lhe pode fazer,
contra a filosofia contempornea e, inclusive, toda a filosofia at agora, mesmo a que adaptou mtodos filosficos
genunos. No entanto, aqui de nada serve dissimular e, porque se trata de um assunto importante, devo enfrentar a
aparncia de arrogncia. minha obrigao dizer o que me
ensinou a m~ pura investigao e refutar com razes ponderadas o que se contrape verdade intuda.
Alm disso, sei muito bem o pouco crdito que podem
encontrar hoje em dia as pretenses de grandes descobertas,
124
SEGUND A LIO
fd/
[38] f Anotao marginal de Husserl a este pargrafo: Saber previamente dado, que significa isso? Quer .
dizer: juzo, em vez de intuio. Mas, se intuio, tem
de ser ento intuio adequada. Em todo o caso, distino
entre saber e intuir.t
I
I
'
QUARTA LIO
/a/
QUINTA LIO
fa/
fbf
fel
126
127
NDICE DE NOMES
Beethoven, II2
Descartes, 28, 29, SI, 54. sB, 76, 78
Dilthey, 12
Heraclito, 74
Hume, 43, 64
Kant, 12, 33, 75
'I
iil
''Iil
129
NDICE
Advertncia do tradutor .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Introduo do editor alemo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
Para a segunda edio . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9
II
17
21
I Lio...................................................
37
51
[44]
81
95
[68]
II4
II7
Adice cntlco
,. .......................
A pen
............... .
II9
121
123
127
ndice de nomes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .
129
.!<''.
109
III