Deteção de Lipidos C Negro Sudao B
Deteção de Lipidos C Negro Sudao B
Deteção de Lipidos C Negro Sudao B
Negro de Sudão B
Métodos e Técnicas
em Citologia e Fisiologia
Grupo P3L1:
Ana Cláudia da Costa Pires
Ana Rita Gonçalves Graça
Daniela Isabel Paiva de Oliveira
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Detecção de Lípidos em sementes de Cicer arietinum utilizando a Técnica Histológica Normal com
Negro de Sudão B
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Detecção de Lípidos em sementes de Cicer arietinum utilizando a Técnica Histológica Normal com
Negro de Sudão B
ÍNDICE
1. Introdução pp.3
pp.
3. Resultados pp.15
5. Bibliografia pp.18
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Detecção de Lípidos em sementes de Cicer arietinum utilizando a Técnica Histológica Normal com
Negro de Sudão B
1. INTRODUÇÃO
A realização deste trabalho teve como objectivo observar lípidos presentes nos
tecidos vegetais de grão-de-bico, com o auxílio do corante Negro Sudão B.
A planta em estudo pertence à classe Magnoliopsida, ordem das Fabales, família
Fabaceae ou Leguminosae. Esta família é muito variada no que toca a tipos de plantas e
aos seus habitats. Os Fabaceae têm uma maior distribuição nas zonas tropicais,
subtropicais e temperadas, e revestem-se de grande importância económica e alimentar
para o Homem, servindo como matéria-prima para rações animais, medicamentos,
fertilizantes e mesmo corantes, só para enumerar algumas das opções possíveis.
As flores desta família possuem 5 pétalas, que se arranjam dando a ideia da forma
de uma borboleta. Os legumes da Fabaceae adquirem várias formas e aspectos, variando
entre secos ou carnudos, inchados ou comprimidos, esverdeados ou de cores claras, e de
alguns milímetros a 30 centímetros ou mais. As sementes, normalmente, possuem uma
capa dura (Heywood, 1993).
O grão-de-bico é uma leguminosa produzida pela planta
Cicer arientinum, cujo cultivo é feito sobretudo na região do
Mediterrâneo, Médio Oriente e Índia. Cultivados no Egipto e
na Índia e posteriormente na civilização grega, hoje em dia são
exportados em todas as costas mediterrâneas (Bianchini, 1974).
Existem três variedades principais: o deshi, que tem um
tamanho mais reduzido e coloração amarela ou negra; o kabul
ou kabuli, que tem um tamanho médio ou grande e coloração
Figura 1: Planta Cicer arietinum. 1
clara; e por último, o gulabi, que tem um tamanho pequeno,
textura lisa e coloração clara. 3
O grão-de-bico precisa de um período de 4 a 6
meses em condições apropriadas (ambiente seco e
morno) para se desenvolver bem. Esta planta possui
flores pequenas, violetas ou brancas, solitárias ou em
pequenos agregados, irregulares e bissexuais que
Figura 2: Grãos castanhos e verdes desenvolvem uma bainha. No interior destas bainhas
de Cicer arietinum. 2 encontram-se 2 a 3 grãos no máximo. Os grãos de cor
castanho-claro (ou também verde) são arredondados, tendo uma pequena “espora”. A
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sua periodicidade é anual. Trata-se de uma planta herbácea, que mede entre 20 a 50 cm
de altura. A farinha de grão-de-bico é muito usada em cozinha vegan (Huxley, 1992).
O grão-de-bico é uma excelente fonte de hidratos de carbono, sendo o amido o mais
abundante. Além disso, tem um importante teor de proteínas de origem vegetal. Tem
um baixo teor de lípidos, sendo predominantemente monoinsaturados. Destaca-se
também o conteúdo em fibra alimentar. Relativamente às vitaminas, é relevante o valor
em folatos e vitamina B1. Quanto aos minerais, o grão-de-bico apresenta valores
consideráveis de ferro, fósforo e potássio.
Apesar de existirem outras formas de preparação culinária, na gastronomia
Portuguesa o grão-de-bico é consumido preferencialmente como leguminosa seca, que é
rehidratada e cozida.3
Assim, faremos agora uma abordagem aos lípidos, objectivo de estudo do nosso
trabalho.
Os lípidos são biomoléculas orgânicas constituídas basicamente por carbono e
hidrogénio, podendo também conter oxigénio, fósforo e azoto, porém em baixas
percentagens. Caracterizam-se por possuírem na sua estrutura molecular ácidos gordos
com, pelo menos, 8 átomos de carbono.
Estas biomoléculas formam um grupo de compostos que é caracterizado por serem
insolúveis em água mas muito solúveis em solventes orgânicos, como o éter, o álcool, a
acetona, o sulfureto de carbono e o tetracloreto de carbono. Esta propriedade geral dos
lípidos e compostos relacionados deve-se ao predomínio de longas cadeias
hidrocarbonatadas alifáticas ou anéis benzénicos.
A maioria dos lípidos apresenta a mesma estrutura básica, isto é, a sua grande
maioria são esteres de glicerol (1, 2, 3 – propanotriol) com longas cadeias de ácidos
carboxílicos, R-COOH. Todas as moléculas de glicerol possuem três grupos funcionais
álcool, pelo que três moléculas de ácido carboxílico podem, eventualmente, estabelecer
ligações éster com cada uma das moléculas de glicerol. Nesse caso dizemos que há
formação de triesteres, também denominado por triglicéridos (Lehninger & al., 2000).
Os lípidos distinguem-se entre simples e complexos. Os lípidos simples são os que
por hidrólise originam um álcool e um ou mais ácidos gordos. As ceras e as gorduras
são lípidos simples. Os lípidos complexos, quando hidrolisados, libertam um álcool,
ácidos gordos e ácido fosfórico, entre outros. Os lípidos complexos mais conhecidos são
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2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Material
2.1.1. Material vegetal
Cicer arietinum (semente de grão-de-bico)
2.1.2. Material de laboratório
• Lamparina com álcool
• Pinça
• Bisturi
• Micrótomo
• Molde de plástico
2.1.2.1. Material de vidro
• Conta-gotas
• Tina com ranhuras (2x, uma com parafina e outra com água)
• Lâminas
• Lamelas
2.1.2.2. Reagentes
• Parafina
• Isoparafina H
• Água/ água destilada
• Corante Negro de Sudão B
• Etanol
• DPX
2.2. Métodos
Para se conseguirem observar células mortas num estado de preservação idêntico
ao das células no seu “estado vivo” teremos de as tratar convenientemente. Para isso
usaremos reagentes químicos e/ou colocaremos a célula em condições adversas o que
pode provocar alterações a nível estrutural e da composição química das estruturas
celulares, por isso deve-se evitar o mais possível que estas alterações sejam detectadas
no tipo de microscópio que se pretende utilizar.
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As etapas deste tratamento são denominadas por técnica histológica normal e são
sempre as mesmas quer se use o MO (microscópio óptico) quer se use o TEM
(microscópio de transmissão electrónica).
2.2.1. Fixação
A fixação citológica tem como objectivo matar as células, mas de uma maneira a
que estas consigam conservar a sua estrutura e composição química a mais idêntica
possível às células no estado vivo.
A fixação pode ser realizada usando substâncias químicas, que se designam
fixadores simples ou misturas fixadoras, neste caso trata-se de uma fixação química. Se
a fixação for realizada por processos físicos como a criofixação, então é denominada
por fixação física.
Neste trabalho o grão-de-bico (Cicer arietinum) foi fixado por uma mistura
fixadora, a formalina aceto álcool (FAA), composta por 18 partes de etanol a 50%, por
ácido acético glacial e formol comercial. O grão-de-bico sofreu uma fixação química.
2.2.2. Desidratação
A desidratação permite a remoção da água através de sucessivas imersões do
material em álcool etílico (etanol) ou acetona, efectuando-se séries crescentes. Realiza-
se de forma gradual para que as estruturas celulares não sofram modificações drásticas.
• 10 a 30 minutos em Etanol a 70%
• 10 a 30 minutos em Etanol a 80%
• 10 a 30 minutos em Etanol a 90%
• 45 min a 1 hora em Etanol a 95%, por 2 vezes
• 1 hora em Etanol puro, por 2 vezes
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2.2.3.1. Pré-impregnação
Este passo é realizado quando o meio de inclusão não é solúvel no agente
desidratante.
Neste trabalho esta situação ocorreu uma vez que o etanol e a parafina não são
solúveis um no outro. Para resolver o problema colocado teremos de encontrar uma
substância pré-impregnante que faça uma ligação entre os outros dois componentes
(etanol e parafina).
Sendo o meio de inclusão a parafina usaremos como agente pré-impregnante a
isoparafina H.
No nosso trabalho os passos realizados foram os seguintes:
• O material foi colocado numa solução que continha 2/3 de etanol e 1/3 de
isoparafina H, manteve-se durante algumas horas nesta solução
• Passou-se para outra solução com 50% de etanol e 50% de isoparafina H,
manteve-se durante algumas horas nesta solução
• Colocou-se noutra solução com 1/3 de etanol e 2/3 de isoparafina H, manteve-se
durante algumas horas nesta solução
• O material foi colocado, ainda, numa solução com isoparafina H pura durante
algumas horas
• Adicionou-se pedaços de parafina ao agente pré-impregnante (isoparafina H) até
se atingir a saturação
2.2.3.2. Impregnação
• Material é submetido a passagens sucessivas por parafina fundida
• Coloca-se o material num molde de plástico, facilita a inclusão do material em
parafina, e o espaço restante é preenchido pela parafina fundida, esta acção é efectuada
sobre uma lâmina de vidro
• Colocam-se os blocos de parafina realizados na estufa entre os 60 a 70ºC,
durante aproximadamente 48h
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2.2.4. Microtomia
A microtomia consiste na obtenção de cortes realizados em aparelhos especiais,
designados micrótomos.
Neste trabalho realizam os cortes num micrótomo do tipo Minot, que permite a
obtenção de cortes com uma espessura superior a 1 µm, os cortes finos, estes cortes são
denominados por ténia.
O micrótomo do tipo Minot consta de uma lâmina fixa diante da qual roda o disco
que contem o bloco com o material incluído. Os cortes são feitos através da
movimentação de uma manivela lateral que faz deslocar a “pirâmide” da amostra para a
lâmina segundo uma determinada espessura.
Para obtermos as ténias realizámos os seguintes passos:
• Colocámos a “pirâmide” de parafina na estrutura de suporte e orientámo-la
numa posição o mais correcta possível, paralela à lâmina
• Fizemos movimentar a manivela de uma forma constante e precisa de modo
a obter boas ténias de material
• Foram colocadas na estufa
Depois de realizados os cortes, estes serão transferidos para lâminas de modo a
permitir uma posterior observação ao microscópio óptico. Seguimos os seguintes
passos:
• Colocámos uma gota de albumina glicerinada no centro da lâmina. Com o dedo
espalhámos uniformemente pela lâmina até sentir o dedo “preso”.
• Colocámos água destilada sobre a lâmina.
• Com a ajuda de um bisturi cortámos a “ténia” obtida no micrótomo.
• Com o auxílio de uma agulha transferimos os cortes para a lâmina com água. Os
cortes apresentam um lado brilhante e um lado baço. Na lâmina coloca-se a parte
brilhante voltada para baixo.
• Colocámos as lâminas numa placa de aquecimento para ser retirado o excesso
de água destilada.
• Retirámos o excesso de água com papel de filtro e reajustámos a posição dos
cortes com a ajuda de agulhas.
• Colocámos a lâmina novamente na placa de aquecimento até que a água
desaparece-se e os cortes ficassem colados à lâmina.
• Guardámos as lâminas na estufa a 25-30ºC.
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2.2.5. Coloração
Para se conseguir observar as diferentes estruturas que compõem os lípidos
teremos que corar as ténias efectuadas.
A coloração para microscopia óptica é feita com substâncias químicas designadas
corantes que podem ser naturais ou artificiais, básicos ou ácidos e ainda letais ou
“vitais”.
Um corante é composto por cromóforos e auxocrómos que lhes dão a
possibilidade de se ligar aos componentes celulares (auxocrómo) e de os corar
(cromóforo).
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acção colorante baseia-se na acção do grupo cromóforo, o grupo azo( -N Ξ N-), não são
considerados “verdadeiros” corantes.
Procedeu-se então á coloração do tecido com Negro Sudão B:
• Cobrir as lâminas com uma solução de Negro Sudão B durante 30
minutos
• Escorrer e lavar em etanol a 70% durante 5 minutos
• Lavar em água destilada
• Mergulhar as lâminas em:
- Etanol a 70%
- Etanol a 80%
- Etanol a 90%
- Etanol absoluto
• Secar na estufa a 30ºC e fazer a montagem em DPX
2.2.6. Finalização
Depois de coradas e montadas as amostras podem ser observadas ao microscópio
óptico, sendo depois tiradas as fotos para a realização do trabalho.
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3. RESULTADOS
LEGENDA:
1 – Parede Celular
2 – Grão de amido
3 – Gotícula lipídica
4 – Citoplasma
5 – Espaço intercelular
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LEGENDA:
1 – Parede Celular
2 – Cristais de impurezas
3 – Gotícula lipídica
4 – Citoplasma
5 – Espaço intercelular
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4. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Muitas coisas não correram bem ao longo desta experiência. Por exemplo, as
ténias de material obtidas permaneceram tempo demais na estufa e a parafina acabou
por se derreter. Desta forma perdemos as ténias. Depois de solucionado este problema e
já com novas ténias procedemos à observação dos resultados, ou seja, fotografámos as
preparações. Mais uma vez algo correu mal e muitas das imagens captadas foram
perdidas. A certa altura tornou-se difícil perceber a que grupo pertencia cada fotografia.
Apesar de tudo, estes contratempos não foram impedimento para que a
experiência fosse levada até ao fim e com esforço e dedicação da nossa parte este
trabalho é agora um documento completo no que toca ao registo das técnicas levadas a
cabo, material utilizado e conclusões retiradas da observação do material em estudo.
No que toca a este último, temos a comentar que se tornou um pouco difícil
observar as gotas lipídicas nas amostras e fotografias tiradas apesar de tanto umas como
outras terem sido bem efectuadas e terem ficado bastante nítidas. Concordamos que o
baixo teor lipídico do Cicer arientinum não contribuiu em nada para a obtenção de
melhores resultados.
Ao longo da experiência e com o objectivo de melhorar a rapidez da experiência e
diminuir o risco para a saúde algumas alterações foram feitas, Por exemplo, substituiu-
se o Xilol, mais eficiente, pela Isoparafina H, menos tóxica e o Bálsamos de Canadá
pelo DPX. Este é um meio de montagem menos tóxico, mais transparente, menos
espesso, que seca em duas horas e pode ser removido.
Todas estas contrariedades dificultaram a experiência e o seu desenvolvimento
mas não foram impedimento suficiente para a sua conclusão. Assim, podemos afirmar
com toda a segurança que atingimos os objectivos a que nos propusemos, sendo o
principal a detecção de lípidos nas preparações de Cicer arientinum.
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Detecção de Lípidos em sementes de Cicer arietinum utilizando a Técnica Histológica Normal com
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5. BIBLIOGRAFIA
Huxley, A. 1992. Dictionary of Gardening (Vol. I). The MacMillan Press Limited,
London and Basingstoke.
1
http://www.dkimages.com/discover/previews/809/35012504.JPG
2
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A3o-de-bico
3
http://www.nestle.pt/BemEstar/Presentation/Nutricao/Alimentos.aspx?id=140
4
http://www.conganat.org/9congreso/trabajo.asp?id_trabajo=768&tipo=3
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