A vegetação tem significados simbólicos profundos para as culturas antigas. As plantas representam os ciclos cósmicos da vida e da morte, e partes como árvores e flores simbolizam a estrutura do universo. Alimentos como trigo e vinho também carregam significados espirituais no Cristianismo e outras religiões.
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A vegetação tem significados simbólicos profundos para as culturas antigas. As plantas representam os ciclos cósmicos da vida e da morte, e partes como árvores e flores simbolizam a estrutura do universo. Alimentos como trigo e vinho também carregam significados espirituais no Cristianismo e outras religiões.
A vegetação tem significados simbólicos profundos para as culturas antigas. As plantas representam os ciclos cósmicos da vida e da morte, e partes como árvores e flores simbolizam a estrutura do universo. Alimentos como trigo e vinho também carregam significados espirituais no Cristianismo e outras religiões.
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A vegetação tem significados simbólicos profundos para as culturas antigas. As plantas representam os ciclos cósmicos da vida e da morte, e partes como árvores e flores simbolizam a estrutura do universo. Alimentos como trigo e vinho também carregam significados espirituais no Cristianismo e outras religiões.
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Simbolismo Vegetal
A vegetação, na indefinida variedade de suas
espécies, formas, cores e fragrâncias, constitui um mundo inesgotável de significações simbólicas conhecidas por todos os povos desde a mais remota Antigüidade. Recordemos, neste sentido, que o Paraíso terrestre é descrito como um jardim ou um vergel, ao cuidado do qual estavam os primeiros homens. Por este motivo, a agricultura (a “cultura do agro”) é considerada como o primeiro ofício nascido da sedentarização da humanidade, que dá lugar à aldeia e posteriormente à cidade em pedra e à civilização tal qual a conhecemos. Não esqueçamos que a palavra cultura deriva precisamente de “cultivo”, o que está relacionado evidentemente com o vegetal. A isto se deve, sem dúvida, o porquê do homem arcaico e tradicional ter incorporado o vegetal na descrição simbólica de sua cosmogonia e de sua visão sagrada do mundo. Efetivamente, nada há que expresse melhor o desdobramento da vida universal do que uma planta em seu pleno desenvolvimento, como por exemplo a árvore, que é também um dos símbolos naturais mais difundidos do Eixo do Mundo, e o que mais claramente alude à estrutura cósmica e seus diferentes planos ou graus de manifestação. Baste recordar a Árvore da Vida Sefirótica, semelhante, quanto a sua significação essencial, a outras muitas árvores sagradas pertencentes às mais diversas tradições de todos os tempos e lugares, como a ceiba [N.T.: Ceiba Pentandra Gaertin, árvore existente na América Central] entre os maias, o carvalho (ou encina [N.T.: Quercus ilex]) entre os celtas, a oliveira entre os povos mediterrâneos, a árvore Yggddrasil entre os escandinavos, a palmeira entre os antigos egípcios e os árabes, etc.
A mesma função simbólica desempenham determinadas
flores, como o lótus nas tradições orientais e a rosa ou o lírio nas ocidentais. Todas elas são símbolos do Centro e do Mundo, e o abrir-se de suas pétalas expressa o desenvolvimento da manifestação a partir da Unidade primordial, por isso também que se as relacione com o simbolismo da “roda cósmica”, estando o número de pétalas em correspondência com os radios ou raios que conectam o centro da roda com sua periferia. Não esqueçamos tampouco que as flores em geral estão vinculadas ao simbolismo da copa, e por conseguinte ao aspecto passivo e receptivo da manifestação, à pureza virginal da “quintessência”, por exemplo quando se fala do “cálice” de uma flor.
Dos três reinos da natureza, o vegetal é quiçá o
que está mais diretamente unido ao fluir dos ritmos e ciclos do Cosmo, refletidos na renovação periódica e anual das plantas, na regeneração da potência fértil e fecunda de sua seiva, propiciando desta maneira a alimentação e o sustento necessário a homens e animais. Mas o realmente importante é que esta relação está na própria base de muitos mitos e ritos agrários, cuja estrutura simbólica reproduz as leis universais de correspondência e analogia (ou seja, de harmonia) entre a ordem terrestre e a celeste, ou entre a ordem visível e a invisível, não sendo, em suma, o mundo vegetal, ou melhor ainda a natureza em seu conjunto, senão um símbolo vivo e sempre presente do sobrenatural e do transcendente. Por isso mesmo, a germinação, desenvolvimento, florescimento e doação dos frutos das plantas não deixa de ser um fato assombroso e verdadeiramente mágico e misterioso para quem vive imerso no sagrado, como era o caso dos habitantes das sociedades tradicionais, que viam nisso a ação combinada de forças telúricas e cósmicas personificadas nas deidades lunares e solares, terrestres (e infra-terrestres) umas e celestes as outras, recebendo a planta o influxo das energias passivas e ativas, femininas e masculinas do Cosmo através dos nutrientes substanciais da terra e da água, a vivificação do ar, e o calor e a luz procedentes do fogo solar. Daqui deriva a dupla natureza do vegetal, “asúrica” por sua vertente subterrânea e “dévica” por sua parte aérea e vertical (axial), termos estes pertencentes à tradição indiana, e que designam respectivamente às energias telúricas e celestes conciliadas no ato mesmo da criação da planta. Isto cobra um relevo especial nas chamadas “plantas sagradas”, utilizadas nos ritos de iniciação aos mistérios, e cuja ingestão (bebida ou comida) põe ao ser em comunicação com seus estados inferiores e superiores, realizando a “viagem” pelos diferentes planos de manifestação, descendo e ascendendo pelo Eixo do Mundo.
Essas plantas seriam, pois, um suporte ou veículo
de Conhecimento, e em muitas ocasiões a própria planta, ou seu fruto, considera-se como o objetivo a conseguir para aceder a dito Conhecimento, por isso a expressão “licor de imortalidade” ou “fruto de imortalidade” que recebem determinadas substâncias vegetais, como por exemplo o vinho ou ambrósia nas culturas greco-romana, hebraica, cristã e islâmica, semelhante ao soma ou amrita indiano, idêntico por sua vez ao haoma dos antigos iranianos, do que se diz que só podia recolher-se na “montanha sagrada” Alborj, equivalente ao Eixo do Mundo. Igualmente na Alquimia vegetal se fala do “elixir de longa vida”, que se corresponde com a “pedra filosofal” na Alquimia mineral, sendo o elixir a essência própria da planta, como o vinho é a essência da videira, outra figura do Eixo do Mundo. Neste sentido, recordaremos que o vinho simboliza precisamente a doutrina esotérica e metafísica, ou seja o Conhecimento, e seguramente a isto alude a expressão o “espírito do vinho”, ou aqua vitae (água da vida), ou “bebidas espirituosas”, que ainda se conserva na linguagem popular de diversos lugares, ainda que seu sentido profundo já passe totalmente despercebido na maioria dos casos.
Também há que se mencionar o trigo (equivalente ao
milho nas tradições pré-colombianas, ou ao arroz entre as extremo-orientais), e em conseqüência ao pão, que junto ao vinho constituem as duas espécies eucarísticas do Cristianismo, ou seja do corpo e do sangue, ou a substância e a essência reunidas no Verbo ou Homem Universal, arquétipo do iniciado, o que é comparado precisamente a uma planta, tal e como indica a palavra “neófito”, que tanto significa “novo nascido” como “nova planta”. Este é, desta forma, comparado a uma semente ou germe que tem de “morrer” no interior da terra para renascer ao mundo de cima e da luz, que é sua verdadeira origem pois, ao contrário do vegetal, o homem tem suas “raízes” no Céu, tal e qual nos relata Platão no Timeu quando diz que “o homem é uma planta celeste, o que significa que é como uma árvore invertida, cujas raízes tendem para o céu, e os ramos para baixo, para a terra”.