Apostila Física FAP 1
Apostila Física FAP 1
Apostila Física FAP 1
MEDIDAS EM FÍSICA
FAP152
Instituto de Física
Universidade de São Paulo
Introdução, complementos
e
roteiros das aulas 1 a 6
Professores:
1
2.6.Referências bibliográficas................................................................................. 18
2.7. Apêndices.......................................................................................................... 19
3. REGRAS GERAIS PARA O RELATÓRIO ......................................................................... 19
4. CRITÉRIO DE CORREÇÃO E NOTA ............................................................................... 20
CAPÍTULO III .............................................................................................................. 21
INTERPRETAÇÃO GRÁFICA DE DADOS............................................................. 21
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 21
2. TIPOS DE GRÁFICOS................................................................................................... 21
3. CONFECÇÃO DE GRÁFICOS ........................................................................................ 23
3.1. Regras gerais para confecção de gráficos ....................................................... 23
Título e legenda do gráfico ............................................................................................. 24
Eixos, escalas e unidades ................................................................................................ 24
Dados, funções teóricas e curvas médias ........................................................................ 27
4. GRÁFICOS DE LINHAS ................................................................................................ 27
4.1. Escalas lineares................................................................................................ 29
Traçando curvas médias .................................................................................................. 30
Avaliação de incertezas nos coeficientes angular e linear .............................................. 34
Linearização de dados ..................................................................................................... 36
4.2. Escalas logarítmicas ........................................................................................ 38
Gráfico mono-log ............................................................................................................ 40
Gráfico di-log .................................................................................................................. 42
5. HISTOGRAMAS .......................................................................................................... 45
Histograma de número de ocorrências (N) ..................................................................... 46
Histograma de freqüência de ocorrência (F) ................................................................... 46
Histograma de densidade de probabilidades (H)............................................................. 47
5.1. Construção de histogramas .............................................................................. 48
5.2. INTERPRETAÇÃO DE UM HISTOGRAMA ................................................................... 50
CAPÍTULO IV............................................................................................................... 53
INSTRUMENTOS DE MEDIDA ................................................................................ 53
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 53
2. PADRÕES DE MEDIDAS E SISTEMAS DE UNIDADES ..................................................... 54
2.1. Sistemas de unidades ........................................................................................ 54
3. INSTRUMENTOS DE MEDIDAS .................................................................................... 56
3.1. Medidas de comprimento ................................................................................. 57
O micrômetro .................................................................................................................. 57
O paquímetro................................................................................................................... 60
3.2. Instrumentos digitais ........................................................................................ 65
O multímetro ................................................................................................................... 66
O voltímetro .................................................................................................................... 67
O amperímetro ................................................................................................................ 68
EXPERIÊNCIA I (AULAS 1 E 2)................................................................................ 71
MEDIDAS DE COMPRIMENTO ............................................................................... 71
1. OBJETIVOS ................................................................................................................ 71
2. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 71
3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM UMA MEDIDA FÍSICA .............................................. 74
4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISE DE DADOS ............................................. 76
Parte I:..................................................................................................................... 76
Estimando dimensões na sala de aula ............................................................................. 76
2
Medida da largura de uma folha de sulfite ...................................................................... 76
Parte II: ................................................................................................................... 77
Medida da espessura de uma folha de sulfite .................................................................. 77
Medida da altura e espessura da mesa............................................................................. 78
Algarismos Significativos ............................................................................................... 78
5. REFERÊNCIAS: .......................................................................................................... 79
6. APÊNDICE: ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS ................................................................ 79
6.1 Motivação .......................................................................................................... 79
6.2 Conceito de algarismo significativo .................................................................. 79
Exemplo: Réguas com precisões diferentes .................................................................... 80
6.3 Critérios de arredondamento ............................................................................ 81
Exemplos de arredondamento de números. Os números em negrito devem ser
eliminados. ...................................................................................................................... 82
EXPERIÊNCIA II (AULAS 3 E 4) .............................................................................. 83
PÊNDULO SIMPLES E MEDIDAS DE TEMPO ..................................................... 83
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 83
2. O PÊNDULO SIMPLES ................................................................................................ 84
3. MEDIDA DO PERÍODO DE OSCILAÇÃO DE UM PÊNDULO .............................................. 86
4. ARRANJO E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ............................................................ 87
Parte 1: .................................................................................................................... 87
Parte 2: .................................................................................................................... 88
Parte 3: .................................................................................................................... 89
5. ANÁLISE DE DADOS................................................................................................... 89
Parte 1: .................................................................................................................... 91
Parte 2: .................................................................................................................... 91
Parte 3: .................................................................................................................... 91
EXPERIÊNCIA III (AULA 5) ..................................................................................... 93
DENSIDADE DE SÓLIDOS ........................................................................................ 93
1. OBJETIVOS ................................................................................................................ 93
2. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 93
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL............................................................................... 94
4. ANÁLISE DE DADOS................................................................................................... 95
5. REFERÊNCIAS: .......................................................................................................... 96
6. APÊNDICE: PROPAGAÇÃO DE INCERTEZAS ................................................................ 96
EXPERIÊNCIA IV (AULA 6)...................................................................................... 99
DISTÂNCIA FOCAL DE UMA LENTE .................................................................... 99
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 99
2. MEDIDA DA DISTÂNCIA FOCAL DE UMA LENTE DELGADA ....................................... 100
2.1. Distância focal de uma lente convergente...................................................... 100
3. ARRANJO E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................... 103
4. ANÁLISE DOS DADOS .............................................................................................. 104
5. REFERÊNCIAS: ........................................................................................................ 105
3
4
Capítulo I
Introdução ao curso
1. Objetivos da disciplina
ATENÇÃO
Recomendamos fortemente a compra de uma calculadora portátil, de
preferência científica.
5
2. O programa do curso
1. O papel da experimentação no método científico.
2. Introdução aos conceitos da física experimental.
a. Noção de medida e incerteza.
b. Incerteza instrumental. Medidas diretas.
c. Incerteza estatística. Introdução à Teoria dos Erros.
i. Aplicação: o Pêndulo simples
d. Propagação de incertezas e média ponderada
i. Aplicação: densidade de sólidos.
ii. Aplicação: Lei de Snell-Descartes.
3. Análise e interpretação de dados experimentais. Adequação
de modelos.
a. Gravitação Universal e o Movimento de Queda
b. Lei de Ohm
4. Avançando a teoria a partir da experimentação: leis
empíricas. Escalas Logarítmicas
a. Lei de resfriamento de Newton.
b. O monocórdio e as cordas vibrantes.
3. Atividades
6
abordadas mais abrangentes, reconhecendo os elos estabelecidos entre as
várias aulas.
• Freqüência em aula.
• Relatórios das atividades realizadas em classe e exercícios para
casa.
• Provas.
• Relatório científico no final do semestre.
AVISOS
7
Cada um dos itens necessários para aprovação é discutido a seguir em
detalhes.
8
O objetivo desses relatórios é fazer com que o aluno reflita e sintetize
os objetivos, métodos e conclusões de um experimento. Eles também
servem como treinamento para o relatório científico, que será discutido
mais adiante.
Há um total de 8 relatórios distribuídos da seguinte forma:
• Relatório 1 – Medidas de comprimento, aulas 1 e 2.
• Relatório 2 – Pêndulo simples, aulas 3 e 4.
• Relatório 3 – Densidade de sólidos, aula 5.
• Relatório 4 – Distância focal de uma lente, aula 6.
• Relatório 5 – Queda livre, aulas 8 e 9.
• Relatório 6 – Curvas características, aulas 10 e 11.
• Relatório 7 – Resfriamento de um líquido, aula 12.
• Relatório 8 – Cordas vibrantes, aula 13.
Os relatórios são feitos em grupo (no máximo 3 pessoas por grupo).
Com as notas Ri de cada relatório, calcula-se a média final de relatórios
como sendo:
N
∑ Ri
MR = i =1
N
onde N é o número total de relatórios de atividades.
Cada relatório de atividades deve ser feito no máximo em 3-4
páginas, e deve conter os seguintes itens:
• Breve resumo dos objetivos.
• Descrição do aparato experimental e método de medidas
(colocar figuras, se necessário).
• Medidas efetuadas (em tabelas ou gráficos, se for o caso).
• Resultados obtidos (em tabelas ou gráficos, se for o caso) com
descrição do procedimento utilizado para análise dos dados.
• Principais conclusões.
4.4. Provas
Os alunos também serão avaliados através de provas, que farão
individualmente. As questões das provas serão baseadas nas atividades
experimentais efetuadas em sala de aula e nos exercícios propostos para
casa.
9
Serão realizadas duas provas, contendo os seguintes tópicos:
• P1 – aulas 1 a 6
• P2 – aulas 1 a 13.
Não há prova substitutiva. Com as notas das provas, calcula-se a
média de provas como sendo:
P = P1 + 2P2
3
ATENÇÃO
Não será permitido que você faça provas fora de sua turma. Os casos
excepcionais devem ser bem justificados perante o coordenador da
disciplina.
5. Outras observações
10
5.2. Apostila
Cada aluno receberá uma apostila contendo o roteiro de todas as
experiências da disciplina e textos complementares nos quais há a
possibilidade de se aprofundar o que foi discutido em aula. É obrigatório
que o aluno a leve em todas as aulas. Em caso de perda da apostila, o aluno
deverá providenciar uma cópia com um colega. Não será fornecida uma
segunda cópia.
11
6. Calendário da Disciplina
12
Aula 05 (5/4 e 6/4):
• Medidas indiretas. Propagação de incertezas.
• Medida da massa e densidade de um sólido. Determinação do
material que o compõe.
• Estudo da influência da precisão do instrumento sobre o
resultado da medida.
• Noção de compatibilidade experimental.
13
Aula 12 (31/5 e 1/6):
• Experiência de resfriamento da glicerina.
• Utilização de um experimento para a determinação da lei
empírica de um fenômeno físico.
• Utilização de papel mono-log.
14
Capítulo II
Relatório científico
(extraído da apostila de Física Experimental I de J. H. Vuolo et. al.)
2. Organização do relatório
Um relatório pode ser entendido como a descrição detalhada, clara e
objetiva de um trabalho realizado. Descrição detalhada significa que o
relatório deve apresentar todos os detalhes que sejam realmente relevantes,
15
omitindo detalhes supérfluos. Clareza e objetividade reduzem o esforço de
leitura do relatório ao mínimo sem prejuízo da perfeita compreensão.
O relatório exigido nesta disciplina deve ter as seguintes partes:
• Resumo do trabalho;
• Introdução ao assunto;
• Descrição experimental;
• Resultados de medições, cálculos e análise de dados;
• Discussão final e conclusões;
• Referências bibliográficas;
• Apêndices (geralmente desnecessários);
Cada uma das partes acima pode ser subdividida em dois ou mais
itens, quando parecer conveniente. Entretanto, deve-se evitar fragmentação
excessiva do texto em muitos itens. Geralmente, as divisões maiores têm os
títulos acima (mas podem ser escolhidos títulos diferentes), mas as
eventuais subdivisões também devem ter títulos.
Uma observação importante é que o texto do relatório deve ser escrito
em português correto, com frases devidamente estruturadas e pontuadas.
Ocorre que é um pouco difícil estruturar e pontuar frases quando o texto
inclui equações e resultados numéricos, particularmente em deduções de
fórmulas. Mas deve-se fazer um esforço para escrever frases corretas
também nestes casos.
Uma outra observação é que o relatório é uma descrição de um
trabalho já realizado. Por isso, essa descrição não deve ser feita com verbos
em tempos futuro, infinitivo ou imperativo.
2.1. Resumo
O Resumo deve ter aproximadamente 10 linhas e, como o nome
indica, deve resumir os objetivos da experiência, equipamento usado,
resultados principais e conclusões. Isto é, o resumo deve dar ao leitor uma
razoável idéia sobre o conteúdo do relatório (isto é, da experiência e da
análise dos dados) e, portanto, deve ser escrito ao final do trabalho, apesar
de ser apresentado no início do Relatório. Toda informação contida no
Resumo deve ser retomada de forma mais extensa no corpo do Relatório.
Figuras, fórmulas ou referências não devem, evidentemente, ser
incluídas num resumo.
16
2.2. Introdução
A Introdução deve conter os objetivos da experiência, discussão do
tema da experiência, apresentação das fórmulas e leis físicas utilizadas,
deduções teóricas mais relevantes e outros comentários que são
importantes, mas que não se enquadrem em outras partes do relatório.
17
Os gráficos devem ser anexados nesta parte do relatório e os
resultados obtidos neles (por exemplo, um coeficiente angular de reta)
devem ser explicitamente apresentados no texto.
2.6.Referências bibliográficas
Referências bibliográficas citadas no texto devem ser apresentadas no
final, sob o título Referências Bibliográficas.
Exemplos:
A) referência de livro
B.B. Mandelbrot, The Fractal Geometry of Nature, Freeman, New
York, 1983.
onde B.B. Mandelbrot é o autor do livro; The Fractal Geometry of Nature o
título; Freeman a editora; New York a cidade onde o livro foi editado; e
1983 o ano da edição (após o título do livro é indicada a edição, se esta não
for a primeira edição).
18
de American Journal of Physics) a revista; 55 o volume; (1987) o ano; e
649 é a página que inicia o artigo.
C) referência de Internet
http://www.if.usp.br
onde http é o protocolo de comunicação (hipertexto), www.if.usp.br é o
endereço da página do Instituto de Física (if) da Universidade de São Paulo
(usp), Brasil (br) na Internet (www - World Wide Web).
2.7. Apêndices
Um apêndice é geralmente utilizado para apresentar um tópico que
pode ser separado do texto principal do relatório sem prejudicar muito o seu
entendimento, e que por outro lado, se colocado no texto principal viria
perturbar a ordem de exposição das idéias. Por exemplo, pode-se colocar
num apêndice uma dedução matemática longa de uma fórmula.
19
• o relatório deve conter uma folha de rosto onde constam a data
e os nomes da experiência, da disciplina, do aluno e do
professor.
20
Capítulo III
Interpretação gráfica de dados
Este texto foi baseado no texto das apostilas “Introdução à
interpretação gráfica de dados, gráficos e equações”, 1990, dos Profs. Fuad
Saad, Paulo Yamamura e Kazuo Watanabe; “Física Geral e Experimental
para Engenharia I”, 2003, dos Profs. Ewout ter Haar e Valdir Bindilati.
1. Introdução
Nas atividades experimentais, muitas vezes, objetiva-se estudar a
maneira como uma propriedade, ou quantidade, varia com relação a uma
outra quantidade, por exemplo:
“De que modo o comprimento de um pêndulo afeta o seu período?”
ou ainda:
“Como se comporta a força de atrito entre duas superfícies
relativamente à força normal exercida por uma superfície sobre a
outra?”
Tais questões podem ser estudadas e mais bem respondidas, muitas
vezes, através de métodos gráficos evidenciando, dessa forma, a
dependência de uma grandeza em relação à outra. Neste capítulo
apresentaremos os principais tipos de gráficos disponíveis bem como
técnicas para a sua confecção. Apresentaremos também alguns métodos de
análise gráfica de dados de forma a poder extrair informações e interpretar
resultados experimentais.
2. Tipos de gráficos
Os gráficos, de modo geral, podem ser classificados em cinco tipos
básicos, conforme o esquema apresentado na figura 2.1. Dependendo do
tipo de análise a ser realizada um tipo de gráfico torna-se mais adequado
que outro. Nos trabalhos experimentais em Ciências são frequentemente
utilizados gráficos do tipo diagrama, ou linha, conforme o apresentado na
figura 2.2. Nesse gráfico é mostrado o comportamento de uma grandeza
física, nesse caso a velocidade de um corpo, em função do tempo. Pode-se
perceber facilmente que a velocidade aumenta com o passar do tempo. A
grande vantagem de análises gráficas é a interpretação direta e fácil de
21
dados experimentais. A linha tracejada, nesse caso, representa o
comportamento médio dos dados obtidos e representa a tendência dos
dados.
Gráficos
De linhas superfícies
poligonais colunas
curvas barras
histogramas
setores
v(cm/s)
45 Velocidade de
40 queda do ovo
35
30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t (s)
22
3. Confecção de gráficos
Quando são realizados experimentos, os dados são adquiridos,
geralmente, de dois modos:
No primeiro modo, quer-se examinar a dependência de uma grandeza
em relação à outra, como, por exemplo, os dados apresentados na figura
2.2. Nesse caso, mede-se a velocidade do corpo em instantes consecutivos
de tempo e analisa-se como a velocidade depende do tempo. Em medidas
desse tipo, costuma-se denominar de variável independente aquela que se
varia, nesse caso, o tempo. A grandeza na qual se quer estudar a
dependência, nesse caso a velocidade, é denominada de variável
dependente.
No segundo caso, o mesmo experimento é repetido muitas vezes nas
mesmas condições e, em cada um desses experimentos, repete-se a medida
de uma determinada grandeza. Nesse caso, querem-se estudar as variações
de medidas devido às incertezas experimentais. Um caso típico é a medida
do período de oscilação de um pêndulo simples. Dependendo dos
instrumentos utilizados, a medida simples de um único período resulta,
geralmente, em incertezas experimentais elevadas que podem ser
minimizadas através da repetição do experimento muitas vezes. Assim, a
medida final seria a média aritmética de todas as medidas efetuadas.
Em ambas as situações costuma-se organizar os dados em tabelas.
Essas tabelas podem-se tornar demasiadamente longas e de difícil leitura. A
representação desses dados em forma gráfica mostra, de forma mais clara,
as propriedades das grandezas medidas. O gráfico mostra, igualmente,
prováveis erros experimentais e permite realizar interpolações e
extrapolações de modo visível e fácil.
No primeiro exemplo pode-se visualizar graficamente o
comportamento da velocidade em função do tempo através de um gráfico
de linhas. No segundo caso, contudo, a melhor visualização gráfica é feita
através de um histograma. Nesse tipo de gráfico é muito simples obter
grandezas como média e desvio padrão das medidas.
Antes de abordar os tipos de gráfico acima, devemos estabelecer
algumas regras gerais de confecção de gráficos. Essas regras se aplicam a
quase todos os tipos disponíveis.
23
regras de sintaxe de uma linguagem qualquer) são adotadas no mundo
científico e tecnológico1.
Todo gráfico é composto dos seguintes itens:
1. Título e legenda do gráfico;
2. Eixos das variáveis com os nomes das variáveis, escalas e
unidades;
3. Dados experimentais e incertezas;
4. Funções teóricas ou curvas médias (esse último item é opcional
e, dependendo das circunstâncias, pode ser omitido);
A figura 3.1 mostra os principais componentes de um gráfico.
1
Programas computacionais de geração de gráficos não destinados à área cientifica,
como o Excel, são muito limitados e possuem várias falhas no que diz respeito à
confecção correta de gráficos e o seu uso é fortemente desaconselhado no mundo
científico e tecnológico.
24
de escalas do eixo de um gráfico. Múltiplos de 3 são de difícil leitura e
devem ser evitados.
v(cm/s)
45 Velocidade de queda Título
de um corpo
40
35 Eixo das
ordenadas
30 Curva média
25
20
Pontos
experimentais
15
10 Escala do Nome da
Eixo das eixo variável e
5 abscissas unidade
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t (s)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 t(s)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 x (m)
0 5 10 15 20 m (kg)
25
divisões principais. Indique os valores correspondentes às divisões
principais abaixo (eixo-x) ou ao lado (eixo-y) da escala utilizando números
legíveis. As unidades devem ser escolhidas de maneira a minimizar o
número de dígitos utilizados na divisão principal (ver a terceira escala, de
cima para baixo, na figura 3.2. Nesse caso, utilizou-se a escala de quilo-
grama). Uma regra prática é utilizar no máximo 3 dígitos para representar
esses valores. Pode-se também fazer o uso de potências de 10 na expressão
das unidades para simplificar a escala.
Ao traçar os eixos em papel gráfico comum, não use a escala marcada
no papel pelo fabricante. Você é quem define a escala. Também evite usar
os eixos nas margens do papel. Desenhe os seus próprios eixos. Na figura
3.3 são mostradas algumas formas INCORRETAS de desenhar eixos de
gráfico. Um erro muito comum é colocar nos eixos os valores medidos para
cada variável. Esse é um erro MUITO grosseiro que torna o gráfico ilegível.
Por fim, escreva o nome (ou símbolo) da variável correspondente ao
eixo e a unidade para leitura dos valores entre parêntesis (s, kg, 105 N/m2,
etc.).
No final das contas, o melhor critério para desenhar um eixo de um
gráfico é o bom-senso. O teste final para saber se o eixo utilizado é
adequado é a escolha aleatória de um ponto qualquer. O leitor deve ser
capaz de identificar rapidamente o valor correspondente desse ponto através
da leitura do eixo no gráfico.
Escala múltipla de 3
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 t(s)
Pontos experimentais
Escala comprimida
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011t(s)
Escala expandida
0 1 x (m)
26
Dados, funções teóricas e curvas médias
Assinale no gráfico a posição dos pontos experimentais: use marcas
bem visíveis (em geral círculos cheios). NUNCA indique as coordenadas
dos pontos graficados no eixo. Coloque as barras de incerteza nos pontos, se
for o caso. Se as incertezas são menores que o tamanho dos pontos, indique
isso na legenda.
NUNCA LIGUE OS PONTOS. Esse é um erro grosseiro de
confecção de gráficos, muito utilizado em programas de computadores. A
figura 3.4 mostra como desenhar os pontos experimentais em um gráfico.
Barras de incerteza
Marcador
Correto
Errado
4. Gráficos de linhas
Gráficos de linhas são normalmente utilizados para representar a
dependência de uma grandeza em relação à outra, como o gráfico
apresentado na figura 2.2 que mostra a dependência com o tempo da
27
velocidade de queda de um ovo. São muitos os tipos de gráficos de linhas
que podem ser construídos. Dentre os vários se destacam três tipos
comumente utilizados, conforme representado na figura 4.1.
Gráfico de linhas
mono-logarítimico di-logarítmico
28
A escolha do tipo de gráfico está relacionada com os objetivos que se
pretende alcançar. Um dos fatores que pode fornecer a ajuda na escolha é
analisar a variação dos dados adquiridos. Por exemplo, uma grandeza que
varia entre 10 Hz e 100 kHz (100000 Hz) torna-se impossível de ser
graficada de forma eficiente em um gráfico linear, devido à grande variação
entre um extremo e outro. Nesse caso, gráficos logarítmicos são mais
adequados para representar dados desse tipo.
v(cm/s)
45 Velocidade de
40 queda de um corpo
35
30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t (s)
29
Um exemplo de gráfico em escala linear é mostrado na figura 4.3.
Nesse caso, grafica-se a velocidade instantânea de queda de um ovo como
função do tempo de queda.
2
Para mais detalhes ver o livro “Fundamentos da Teoria de Erros”, José Henrique
Vuolo, Editora Edgard Blücher ltda.
30
Figura 4.5. Exemplo da utilização da curva francesa para traçar
uma curva média em um gráfico científico.
Um inconveniente do uso geral de curvas francesas é o fato de, apesar
das curvas médias serem bastante satisfatórias, é difícil obter informações
numéricas de forma direta. Além disso, pelo fato da curva obtida ser um
guia visual, extrapolações para valores fora do intervalo onde os dados
foram medidos são muito imprecisas e não devem ser feitas.
Contudo, existe um caso particular onde o traçado de curvas médias
fornece várias informações sobre os dados graficados. Isso ocorre quando o
gráfico entre duas grandezas pode ser representado por uma reta. Assim, a
curva média obtida é uma reta, que pode ser desenhada utilizando-se uma
régua simples.
Vamos re-examinar os dados na figura 4.3. Percebe-se que a
dependência entre velocidade e tempo ocorre de forma mais ou menos
linear (lembre-se de considerar as incertezas dos pontos experimentais).
Para traçar uma reta média, nesse caso, deve-se utilizar uma régua e a reta
desenhada deve ser tal que os pontos fiquem aleatoriamente distribuídos em
torno dessa reta. Esse desenho é feito de forma manual e exige senso crítico
por parte da pessoa que está realizando a análise. A figura 4.6 mostra o
mesmo conjunto de dados com a reta média correspondente.
31
v(cm/s)
45 Velocidade de
40 queda de um corpo
35
30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t (s)
32
v(cm/s)
45 Movimento de queda de
40 um corpo com atrito
35
30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t (s)
Figura 4.7. Conjunto de dados no qual o uso de uma reta média não
é adequado para descrever o comportamento dos dados.
Em um gráfico de escalas lineares (papel milimetrado) retas são
objetos geométricos simples de serem representados matematicamente.
Nesse caso, a equação de uma reta pode ser escrita como:
y = ax + b
Onde y é a variável dependente e x é a variável independente. a e b são
constantes, respectivamente denominadas coeficientes angular e linear.
Para obter os coeficientes a e b é necessário escolher dois pontos da
reta média desenhada no gráfico. ESCOLHA PONTOS BASTANTE
DISTANTES!!!! Pontos muito próximos acarretam em incertezas bastante
elevadas e, muitas vezes, fora de controle. De preferência, escolha um
ponto anterior ao intervalo dos dados e um ponto após o intervalo das
medidas efetuadas. Vamos denominar esses pontos como sendo (x1, y1) e
(x2, y2). Utilizando a equação de reta acima, podemos escrever que:
y1 = ax1 + b e y2 = ax2 + b
Temos, nesse caso, duas equações e duas incógnitas (a e b). Podemos
resolver o sistema acima de tal modo que:
33
y2 − y1
a = ∆y = e b = y1 − ax1
∆x x2 − x1
Note que os parâmetros a e b possuem unidades. A unidade de a é
[unidade de y]/[unidade de x] enquanto a unidade de b é [unidade de y].
Note que, apesar do nome, o coeficiente angular não é igual à
tangente do ângulo entre a reta e o eixo-x, porque as escalas de um gráfico
são, em geral, diferentes nos eixos x e y, ao contrário do caso geométrico.
Lembre-se que o coeficiente angular possui unidade enquanto tangente de
um ângulo é um número adimensional. Em geral:
∆y
≠ tan θ
∆x
34
quadrados e triângulos, respectivamente. VOCÊ NÃO PRECISA
DESENHAR ESSES PONTOS NOS SEUS GRÁFICOS! Eles são apenas
guias visuais para fins didáticos. A seguir, traça-se duas retas, uma que
melhor se adapte ao conjunto (x, y+σ) e outra que melhor se adapte ao
conjunto (x, y-σ), conforme mostrado na figura 4.8-b. Note que essas retas
não precisam ser paralelas entre si e nem mesmo paralelas à reta média
ajustada.
v(cm/s) v(cm/s)
45 Velocidade de 45 Velocidade de
40 queda de um corpo 40 queda de um corpo
35 35
30 30
25 25
20 20
15 15
10 10
5 (a) 5 (b)
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 t (s) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 t (s)
v(cm/s) v(cm/s)
45 Velocidade de 45 Velocidade de
40 queda de um corpo 40 queda de um corpo
35 35
Reta máxima
30 30
25 25
Reta mínima
20 20
15 15
10 10
5 (d) 5 (c)
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 t (s) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 t (s)
35
pontos marcados por estrelas, conforme mostrado na figura 4.8-c por retas
contínuas.
A figura 4.8-d mostra a figura final obtida. As duas retas contínuas
obtidas são denominadas retas máxima e mínima por possuírem,
respectivamente, máxima e mínima inclinações. Para cada uma dessas retas
calcula-se os coeficientes angulares e lineares, denominados,
respectivamente amax, bmax, amin, bmin. As incertezas nos coeficientes da reta
média podem ser obtidas através das expressões:
amax − amin bmax − bmin
σa = e σb =
2 2
Linearização de dados
Provavelmente por razões biológicas, o ser humano sabe distinguir
bem entre uma curva e uma reta. Porém, é muito difícil para o ser humano
perceber, graficamente, a diferença entre uma curva dada por y = x2 e outra
dada por y = x4. Em trabalhos técnico-científicos, os dados experimentais,
nem sempre, produzem uma curva linear do tipo y = ax + b, fácil de extrair
informações quantitativas, como descritas anteriormente. Nesse caso faz-se
uso de técnicas de linearização de dados, de tal forma que os dados finais
obtidos, quando graficados, forneçam uma linha reta, fácil de ser analisada.
Experiência e bom senso são elementos importantes para essa operação,
bem como o conhecimento da equação esperada para os dados originais.
O ingrediente básico para linearização de dados é o conhecimento da
equação esperada para descrever os dados originais. A técnica consiste no
uso dessa equação para realizar mudanças de variáveis de tal forma que o
gráfico dessas novas variáveis seja uma reta.
Vamos tomar como exemplo um corpo em queda livre. Em um
experimento, realizou-se a medida da altura desse corpo (h) para diversos
instantes de tempo (t), conforme mostrado na tabela 4.1. Fazendo o gráfico
de altura como função do tempo de queda, obtém-se a figura 4.9.
Observando esse gráfico, percebe-se que ele tem uma forma de parábola
com a concavidade para baixo. De fato, esse é o comportamento esperado
para um corpo em queda livre. Assim, podemos supor que a equação que
melhor descreveria o comportamento da altura em função do tempo pode
ser escrita como:
h(t ) = C + At 2
Onde C e A são constantes que devem ser obtidas a partir da análise dos
dados. Como obtê-las?
36
Tabela 4.1. Altura (h) em função do tempo (t) para um corpo em
queda livre.
t (s) h (cm) z = t2 (s2)
0,010 200 0,00010
0,225 173 0,0506
0,319 151 0,1018
0,390 124 0,1521
0,450 99 0,2025
0,504 76 0,2540
0,552 48 0,3047
0,596 26 0,3552
0,637 1 0,4058
250
Movimento de um corpo
200 em queda livre
150
h (cm)
100
50
-50
-0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
t (s)
37
mostrando que a suposição utilizada para a linearização funciona
adequadamente.
A partir de um ajuste de reta média, como descrita anteriormente,
pode-se obter, sem complicações, os valores para os coeficientes C e A.
200
Movimento de um corpo
em queda livre
150
h (cm)
100
50
38
gráficos especiais nos quais uma (ou ambas) das escalas é graduada
logaritmicamente. A escala logarítmica é construída de tal forma que
quando uma quantidade x é marcada nessa escala o comprimento (distância
em relação à origem do eixo) é proporcional à log(x). Um trecho de uma
escala logarítmica é mostrado na figura 4.11. Assim, a escala logarítmica é
útil quando a mudança de variável necessária para linearizar o gráfico
envolver o logaritmo de um número.
log(x)
Escala linear
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
0,911 2 3 4 5 6 7 8 9 10
x Escala logarítmica
orígem da escala
39
Um uso interessante para a escala logarítmica diferente de fazer
gráficos é a forma simples de calcular logaritmos. Como a posição de um
valor x, na escala, é proporcional a log(x), e como o tamanho de uma
década corresponde a variação de 1 em logaritmos ( log(10 x) − log( x) = 1 ,
qualquer que seja x) podemos usar essa informação para o cálculo de
logaritmos. Para isso, basta medir a distância d (em centímetros) da posição
de x na escala logarítmica e o tamanho da década D, conforme mostra a
figura 4.12. Desse modo, log(x) vale:
d (cm)
log( x) =
D (cm)
D (cm)
d (cm) x
0,91
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Escala logarítmica
Figura 4.12. Cálculo de log(x) utilizando a escala logarítmica
Gráfico mono-log
O gráfico mono-log é um gráfico com escala linear no eixo-x e escala
logarítmica no eixo-y, conforme mostra a figura 4.14. Esse tipo de escala é
bastante útil para gráficos com comportamentos exponenciais, do tipo:
y( x) = CB Ax
onde A e B são os coeficientes da expressão. Vamos agora calcular o
logaritmo da expressão acima. Desse modo:
40
z( x) = ax + c ,
onde a = A log( B) e c = log(C ) .
Desse modo, situações nas quais os dados se comportam como
funções exponenciais tornam-se retas quando graficados em papel mono-
log . Pode-se, a partir desse gráfico, desenhar a reta média, bem como as
retas mínima e máxima para cálculo das incertezas nos coeficientes. Depois
de desenhada as retas ajustadas aos dados, o coeficiente angular (a) pode
ser calculado a partir de dois pontos quaisquer sobre a reta ajustada (x1, y1) e
(x2, y2) utilizando a expressão (ver figura 4.13):
z2 − z1 log( y2 ) − log( y1 )
a= =
x2 − x1 x2 − x1
Ou, simplesmente, medindo-se a distância, em centímetros, entre os pontos
y1 e y2 (d) bem como o tamanho da década no gráfico (D) e utilizando a
expressão:
d D
a=
x2 − x1
A constante C pode ser obtida diretamente pela leitura da escala no
eixo-y para o qual x = 0.
10
y1
D (cm)
grandeza y
d (cm)
y2
0,1
0 x1 2 4 6 8 x2 10
grandeza x
Figura 4.13. Cálculo do coeficiente angular em um papel mono-
log.
41
Figura 4.14. Papel mono-log. Você pode usar essa figura como
modelo para gráficos mono-logs. Basta fazer cópias xérox.
Gráfico di-log
Como o próprio nome diz, o gráfico di-log é aquele onde ambos os
eixos x e y estão em escala logarítmica (figura 4.16). Esse gráfico é útil para
linearizar expressões do tipo:
y( x) = Bx A .
42
Aplicando-se log na equação acima obtemos:
log( y( x)) = log( Bx A ) = log( B) + A log( x)
Fazendo as mudanças de variáveis
z ( x) = log( y( x))
e
k ( x) = log( x)
Podemos escrever a equação acima como sendo
z ( x) = ak ( x) + b
Ou seja, a equação de uma reta. Nesse caso, as constantes a e b valem,
respectivamente, a = A e b = log( B) .
10
y1
Dy (cm)
grandeza y
dy (cm)
y2
dx (cm)
0,1
0,1 x1 1 x2 10
Dx (cm)
grandeza x
Figura 4.15. Cálculo do coeficiente angular em um papel di-log.
Da mesma forma que no gráfico mono-log, caso o gráfico resulte em
uma reta, pode-se traçar a reta média para o cálculo dos coeficientes a e b,
bem como as retas máxima e mínima para a estimativa das incertezas nos
coeficientes. Escolhendo-se dois pontos sobre as retas ajustadas (x1, y1) e
(x2, y2), o coeficiente a, vale, nesse caso:
43
z2 − z1 log( y2 ) − log( y1)
a= =
k2 − k1 log( x2 ) − log( x1)
Ou, simplesmente, medindo-se a distância, em centímetros, entre os pontos
y1 e y2 (dy); x1 e x2 (dx) bem como o tamanho das décadas no gráfico (Dy e
Dx) e utilizando a expressão:
dy Dy
a=
dx Dx
A constante B pode ser obtida diretamente pela leitura da escala no
eixo-y para o qual x = 1 (caso onde log(x) = 0).
Figura 4.16. Papel di-log. Você pode usar essa figura como modelo
para gráficos di-log. Basta fazer cópias xérox.
44
5. Histogramas
Vamos imaginar o seguinte experimento. Um cientista resolve medir
o período de oscilação de um pêndulo. Após realizar o experimento uma
única vez ele obtém um determinado valor T para o período de oscilação
desse pêndulo. Contudo, após repetir o experimento várias vezes ele
observa que cada experimento, mesmo que efetuado sob as mesmas
condições experimentais (aquelas controladas pelo experimentador),
fornece um valor diferente para o período de oscilação. Nesse caso, o
experimentador conclui que o período de oscilação do pêndulo pode ser
dado pela média de todas as medidas efetuadas. Contudo, outras questões
podem ser igualmente importantes: como as medidas se distribuem em
torno desse valor médio? O valor médio é também o valor mais provável de
ser medido? Qual a probabilidade de realizar uma medida na qual o período
de oscilação obtido é duas vezes maior que o valor médio?
Muitas dessas questões podem ser resolvidas através da análise
estatística das medidas efetuadas. Contudo, uma ferramenta importante para
análise estatística é o histograma das medidas. Um histograma é um gráfico
no qual o conjunto de pontos (x, y) tem um significado específico. Um certo
valor y está diretamente relacionado com a probabilidade de efetuar uma
determinada medida e obter, como resultado, o valor x. Voltando ao nosso
exemplo do pêndulo, a variável graficada no eixo-x poderia ser o período de
oscilação enquanto que a variável no eixo-y pode ser o número de vezes
que aquele determinado período foi medido pelo experimentador.
Por ter um significado específico, muitas vezes um histograma não é
graficado colocando pontos nas coordenadas (x, y) de um papel milimetrado
e sim através dos desenhos de barras verticais cuja altura corresponde ao
valor y obtido para o ponto x.
A figura 5.1 mostra um histograma típico para o nosso experimento
fictício. Nesse caso, o experimentador realizou a mesma medida 200 vezes.
Cada barra vertical no histograma corresponde a um intervalo de períodos.
Por exemplo, a barra mais alta corresponde a medidas cujo período de
oscilação estava entre 0,40 e 0,43 segundos. Após repetir 200 vezes o
experimento, o experimentador obteve 39 medidas cujo período de
oscilação do pêndulo encontrava-se nesse intervalo de tempo. Para o
intervalo de tempo entre 0,50 e 0,53 segundos, o experimentador obteve
somente 6 medidas nesse intervalo. Cada um desses intervalos de medidas,
que corresponde a uma barra no histograma é denominado de um canal do
histograma. Em geral, histogramas possuem canais cujas larguras são fixas
para todo o histograma. Casos especiais de histograma possuem canais de
larguras variadas, porém são mais difíceis de serem analisados.
45
Figura 5.1. Histograma do período de oscilação de um pêndulo
simples para um experimento realizado 200 vezes.
A amplitude a ser graficada em um histograma, para cada intervalo
de variação da medida, depende de como esse histograma será utilizado
posteriormente. É comum, contudo, utilizar uma das seguintes opções:
46
N ( x)
F ( x) =
Ntotal
A vantagem de utilizar essa variável como amplitude do histograma é
óbvia. A simples leitura da amplitude do histograma em um determinado
canal, no limite de um grande número de medidas, Ntotal, tende à
probabilidade de realizar uma medida no intervalo correspondente ao canal
estudado. No caso mostrado na figura 5.1, como o experimento foi
realizado 200 vezes, a freqüência de ocorrência para um dado canal é o
número de contagens daquele canal, dividido por 200.
Apesar de os histogramas de ocorrências (N) e freqüências (F) serem
simples de construir eles possuem algumas limitações. A maior delas é o
fato das amplitudes nesses histogramas serem fortemente dependentes da
largura escolhida para os canais. Caso a largura escolhida seja duas vezes
maior, tanto os números de ocorrências como as freqüências serão também
duas vezes maiores. Esse aspecto torna histogramas de ocorrências e
freqüências difíceis de serem comparados com outros histogramas, bem
como com curvas teóricas. Um terceiro tipo de histograma, definido como
histograma de densidades de probabilidade, elimina essa limitação.
47
5.1. Construção de histogramas
Depois de realizadas as medidas, o experimentador tem em mãos uma
tabela na qual estão listados os valores obtidos para a grandeza que se quer
histogramar. Construir um histograma consiste nos seguintes passos:
1. Escolher a largura dos canais do histograma, ∆x;
2. Escolher os centros de cada canal, tomando o cuidado que não
sobrem espaços vazios entre os canais.
3. Contar o número de ocorrências para cada um dos canais, N(x).
Nesse ponto é possível construir o histograma de número de
ocorrências. Caso uma ocorrência ocorra na borda entre dois
canais, considere a ocorrência como pertencendo ao canal cujo
centro possua maior valor.
4. Caso queira-se construir o histograma de freqüências, F(x)
dividir o número de ocorrências em cada canal pelo total de
medidas efetuadas.
5. Caso queira-se construir o histograma de densidade de
probabilidades, H(x), dividir a freqüência de cada canal pela
largura de cada um dos canais.
Alguns problemas ocorrem na criação do histograma, principalmente
quando o número total de medidas (Ntotal) é estatisticamente pequeno.
O problema mais freqüente é a escolha da largura do canal, ∆x.
Evidentemente, para que a densidade de probabilidade experimental seja o
mais próxima possível da definição teórica, deve-se escolher ∆x de tal
forma a ser o menor valor possível. Entretanto, diminuindo ∆x estamos
também diminuindo o número de ocorrências em cada canal do histograma,
correndo o risco de que, em casos extremos, ocorram canais onde não seja
registrada nenhuma ocorrência.
A figura 5.2 mostra dois histogramas onde foram realizadas 20
medidas. No histograma da esquerda, a largura do canal utilizada é cinco
vezes mais larga que no histograma da direita. Note que o histograma com
largura de canal menor apresenta flutuações elevadas de um canal para
outro, além de haver canais onde não há ocorrências. Isso resulta em alguns
canais com elevada densidade de probabilidade enquanto outros canais
apresentam densidade de probabilidade nula.
Esse fator deixa de ser um problema quando o número de medidas é
bastante elevado, como mostrado na figura 5.3. Nesse caso, o experimento
hipotético foi realizado 20 mil vezes. Note que, além do tamanho dos
48
canais, não há diferença entre as densidades de probabilidade entre os
histogramas.
49
Em muitas situações experimentais é muito difícil realizar um
número elevado de medidas de tal forma que a escolha da largura dos
canais no histograma possa ser arbitrariamente pequena. Como regra
prática, a largura dos canais, ∆x, deve ser escolhida de tal forma que o
número de ocorrências, N(x), seja pelo menos 10 para os canais próximos
ao valor médio das medidas. Outro fator importante é a escolha das
posições centrais dos canais do histograma. Deve-se, nesse caso, escolher as
posições centrais de tal forma que uma delas seja aproximadamente igual ao
valor médio das medidas.
média
2σ
2/3 x
50
A largura do histograma deve refletir a precisão da medida, pois ela
mostra o quanto as medidas variaram em torno da estimativa do valor
verdadeiro. Um histograma mais largo significa uma medida menos precisa
e vice-versa. Como discutido no capítulo 5 da apostila “Introdução à Teoria
de Erros” de J. H. Vuolo, a melhor estimativa do valor verdadeiro de uma
medida é dada pela média e a variação (ou variância) das medidas é dada
pelo desvio padrão. Portanto, podemos estimar o valor da média e do desvio
padrão de um conjunto de medidas a partir do seu histograma, somente
observando o valor central do mesmo e a largura do histograma a,
aproximadamente, 2/3 de sua altura máxima, conforme mostra a figura 5.4.
Uma discussão mais formal sobre essa interpretação do significado do valor
central e da largura de um histograma pode ser encontrada no capítulo 7 da
apostila “Introdução à Teoria de Erros”.
51
52
Capítulo IV
Instrumentos de medida
Esse texto foi baseado no texto das apostilas “Laboratório de
Mecânica para Geociências”, 2003; “Laboratório de Física para Ciências
Farmaceuticas”, 2005 e “Física Geral e Experimental para Engenharia I”,
2003.
1. Introdução
Para que possamos realizar uma medida de uma grandeza física de
forma correta precisamos:
1. Escolher o instrumento adequado para a medida
2. Aprender o procedimento de utilização do instrumento
escolhido
3. Aprender a ler a escala de medida desse instrumento e avaliar o
resultado criticamente.
Por exemplo, se quisermos medir o comprimento de uma sala de aula,
a largura de uma folha de caderno e o diâmetro de um fio de cabelo,
devemos utilizar instrumentos de medida diferentes. Para a medida do
comprimento da sala de aula poderíamos utilizar, por exemplo, uma trena.
Uma régua deve ser mais que suficiente para medir a largura da folha de
caderno e um micrômetro pode ser utilizado para o diâmetro do fio de
cabelo. Note que, nos três casos citados, queremos realizar medidas de
comprimento, ou seja, medidas de mesma dimensão. Mesmo assim,
necessitamos de instrumentos diferentes em cada caso, pois as medidas a
serem efetuadas são, quantitativamente, muito diferentes. Em linguagem
científica diríamos que as medidas são de ordens de grandeza diferentes.
A ordem de grandeza de uma dimensão é um número, representado
na forma de potência de 10, que melhor representa o valor típico da
dimensão em questão, acompanhado da sua unidade. No exemplo acima, a
ordem de grandeza do comprimento da sala é 103 cm, da folha de papel, 101
cm e do fio de cabelo, 10-4 cm. O universo das medidas físicas abrange um
intervalo de muitas ordens de grandeza. Por exemplo, um núcleo atômico
tem dimensões da ordem de 10-15 m, enquanto o Universo tem dimensões
estimadas da ordem de 1026 m. A diferença entre esses dois extremos deixa
53
claro a necessidade de instrumentos de medida específicos para cada
situação.
3
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54
2. Definições de grandezas derivadas, que também definem as
unidades derivadas;
3. Um método de formação de múltiplos e submúltiplos das
unidades básicas e derivadas.
SI – Unidades básicas
Dimensão Unidade Símbolo
Tempo Segundo s
Comprimento Metro m
Massa Quilograma kg
Corrente elétrica Ampère A
Temperatura absoluta Kelvin K
Intensidade luminosa Candela cd
Quantidade de substância Mol mol
SI – Unidades derivadas
Dimensão Unidade Símbolo Expressão em unidades básicas
Área Metro quadrado m2 m⋅m
3
Volume Metro cúbico m m⋅m⋅m
Velocidade Metro por segundo m/s m⋅s-1
Freqüência Hertz Hz s-1
Força Newton N m⋅kg⋅s-2
Pressão Pascal Pa N/m2 = m-1⋅kg⋅s-2
Energia Joule J N⋅m = m2⋅kg⋅s-2
Potência Watt W J/s = m2⋅kg⋅s-3
Carga elétrica Coulomb C s⋅A
Potencial elétrico Volt V W/A = m2⋅kg⋅s-3⋅A-1
Resistência elétrica Ohm Ω V/A = m2⋅kg⋅s-3⋅A-2
Radioatividade Becquerel Bq s-1
o
Temperatura Graus Celsius C K
-1
Ângulo Radiano rad m⋅m = 1 (adimensional)
Ângulo sólido Steroradiano sr m2⋅m-2 = 1 (adimensional)
55
pela multiplicação e divisão de unidades básicas. Por conveniência,
algumas unidades derivadas recebem nomes e símbolos específicos. A
tabela 2.2 mostra algumas unidades derivadas, bem como os símbolos
utilizados para representá-las.
Para a formação de múltiplos e submúltiplos o SI usa prefixos que
modificam suas unidades (básicas e derivadas) mediante multiplicações por
potências de 10. Os símbolos dos prefixos, seus nomes e valores dos fatores
multiplicativos que representam são apresentados na tabela 2.3. Por
exemplo, 1000 metros (1000 m) pode ser escrita utilizando o múltiplo quilo
(símbolo k, minúsculo) resultando 1 quilo-metro (ou 1 km).
3. Instrumentos de medidas
A atividade experimental requer a realização de medidas de
grandezas de naturezas diversas: comprimento, massa, tempo, corrente
elétrica, radiação e assim por diante. Por conta disso, o número de
instrumentos de medida disponíveis ao experimentador é muito variado,
tornando a descrição de cada um deles impossível. Assim, discutiremos
apenas aqueles instrumentos mais relevantes para as atividades que serão
realizadas neste curso.
56
3.1. Medidas de comprimento
Quando se realiza uma medida de comprimento utilizando uma régua
comum, a menor divisão disponível é, em geral, 1 milímetro (1 mm). Para
se medir décimos ou centésimos de mm não bastaria acrescentar traços
intermediários à régua, uma vez que os mesmos seriam de difícil (até
mesmo impossível) leitura. Além disso, dadas as pequenas dimensões
envolvidas, seria muito difícil posicionar corretamente o instrumento. Nesse
caso, apesar do instrumento ser preciso, o método de medida limita a
precisão de medida possível de ser alcançada pelo experimentador. Quando
se quer efetuar medidas com precisão de décimos ou centésimos de
milímetro utilizam-se instrumentos especiais, tais como o micrômetro e
paquímetro.
O micrômetro
O micrômetro é um instrumento de alta precisão que permite medidas
de até 0,001 mm. A figura 3.1 mostra a foto de um micrômetro padrão e
seus principais componentes.
catraca
tambor
graduado
presilha
Arco
Figura 3.1. Micrômetro padrão similar aos utilizados no laboratório
didático.
Micrômetros podem ser construídos com finalidades diversas, como
aqueles para medidas de profundidade, grandes dimensões com elevada
precisão, etc. A figura 3.2 mostra alguns tipos de micrômetro para fins
específicos.
57
Figura 3.2 – Micrômetro de profundidade (esquerda) e para
medidas de espessura de chapas (direita).
O componente básico de um micrômetro é o parafuso micrométrico.
O parafuso micrométrico consiste de uma rosca de alta precisão na qual
uma volta completa (ou passo) equivale ao avanço ou recuo de 0,5 mm
(outros modelos de parafuso micrométrico, com passos maiores ou menores
também estão disponíveis). Esse parafuso é graduado, permitindo a leitura
de medidas intermediárias ao passo do parafuso, possibilitando uma elevada
precisão de medida. A figura 3.3 mostra um detalhe do parafuso
micrométrico de um micrômetro.
58
O arco, o parafuso micrométrico e os pontos de medição (garras fixa
e móvel) são construídos de um material especialmente tratado de maneira a
evitar tensões, dilatação devido ao calor e fornecer a dureza necessária para
evitar o desgaste por atrito.
O procedimento para a realização de uma medida com micrômetro
deve seguir os seguintes passos:
1. Colocar o objeto a ser medido entre as faces das garras (figura
3.4)
2. Girar o tambor até que as faces estejam próximas de encostar o
objeto a ser medido.
3. Utilizando a catraca do micrômetro, girar a mesma até que as
garras encostem suavemente no objeto. Você perceberá uns
cliques da catraca, indicando que as garras estão devidamente
encostadas no objeto.
4. Fazer a leitura da medida, identificando o traço na escala
visível bem como a fração do passo no tambor do micrômetro.
59
L = 24,141 mm
Como a incerteza do micrômetro é metade da sua menor divisão
(0,01 mm) temos que:
L = 24,141 + 0,005 mm
No caso à direita, temos que a leitura na escala principal vale 16,5
mm (note o traço na parte inferior da escala principal). A leitura no
tambor está entre 0,01 e 0,02 mm enquanto a nossa estimativa da leitura
intermediária é 0,000. Assim, o valor correspondente a essa medida no
micrômetro é:
L = 16,5 (principal) + 0,01 (tambor) + 0,000 (estimativa)
L = 16,510 + 0,005 mm
O paquímetro
Apesar de o micrômetro obter medidas de comprimento bastante
precisas a sua versatilidade é bastante limitada. A maioria do dos
micrômetros não permite realizar medidas muito grandes, de profundidade,
diâmetros externos, etc.
Em laboratórios e oficinas mecânicas, freqüentemente, há
necessidade de se medir dimensões nas quais o micrômetro não é adequado.
Nesse caso, utiliza-se, em geral, um paquímetro.
A figura 3.6 mostra um paquímetro e seus principais componentes.
Todo paquímetro tem um cursor móvel (que desliza sobre a haste), no qual
se encontra uma das orelhas; o encosto móvel e as escalas principais e
vernier (também denominada de nônio). Essa última permite efetuar
medidas com precisão superior àquela da escala principal.
A figura 3.7 mostra alguns modos de utilização de um paquímetro.
Como se pode notar, o mesmo permite vários tipos de medidas, dependendo
de como é utilizado.
60
Orelhas para
medidas internas
Escala
Trava
principal
Nônio ou Vernier
Haste para medida
de profundidade
Orelhas para
medidas externas
61
O que caracteriza o paquímetro é o nônio acoplado à escala principal.
O nônio permite obter medidas menores que a menor divisão da escala
principal por ser construído de tal forma que a sua menor divisão é menor
que a menor divisão na escala principal, conforme mostra a figura 3.8.
A*p
Escala
principal
Nônio
a*n
62
d é também denominado a precisão do paquímetro e indica qual é a
menor variação de comprimento possível de ser medida por ele. No nosso
caso, se o tamanho da escala for p = 1 mm, a precisão do paquímetro
mostrado na figura 3.8 é d = 0,1 mm. O paquímetro mostrado na figura 3.8
é denominado de paquímetro de décimos, pois o nônio possui dez divisões.
Nônios com mais divisões (20 e 50) são comumente encontrados e
permitem leituras de maior precisão, conforme mostra a figura 3.9. Nônios
com número de divisões maiores são de difícil leitura e são raros de se
encontrar.
z Nônio de vigésimos
– A = 19 e a = 20
– d = 0,05 mm
z Nônio de qüinquagésimos
– A = 49 e a = 50
– d = 0,02 mm
63
Um aspecto importante do nônio é o fato de não ser possível estimar
um valor intermediário entre a 3ª e 4ª marcas ou entre a 4ª e 5ª marcas do
nônio. Neste caso, a incerteza do paquímetro não é metade da sua menor
divisão e sim o valor da sua menor divisão. Nesse caso, podemos escrever a
medida como sendo:
L = 5,4 + 0,1 mm
64
3.2. Instrumentos digitais
Instrumentos digitais são cada vez mais comuns no nosso dia a dia,
devido à facilidade de uso e aos custos de fabricação cada vez menores.
Instrumentos digitais fornecem a leitura direta dos algarismos
correspondentes à medida efetuada, tornando a leitura muito mais fácil.
Exemplos comuns de instrumentos de medida digitais incluem paquímetros
e micrômetros digitais, cronômetros, balanças, multímetros, etc.
Quando se efetua a leitura de uma medida em um instrumento digital,
pode ocorrer a flutuação no último algarismo (ou nos últimos) da leitura.
Nesses casos, o experimentador deve estar atento à medida efetuada e tomar
como valor de medida aquele correspondente à média visual realizada
durante a medida efetuada. Nesses casos, deve-se estimar uma incerteza
estatística da leitura a partir da variação observada durante a medida.
Outro aspecto importante na utilização de instrumentos digitais é a
determinação da incerteza instrumental envolvida. Ao contrário de
instrumentos analógicos, nos quais, em geral, a incerteza instrumental vale
metade da menor divisão, é muito difícil estabelecer uma regra para
incertezas de instrumentos digitais. Isso vem do fato que cada instrumento
digital é composto por muitos elementos que apresentam variações durante
o processo de construção e calibração do instrumento. Nesse caso, deve-se
sempre consultar o manual do fabricante que especifica as incertezas
instrumentais para cada modo de leitura do aparelho.
Vamos supor, por exemplo, que estamos realizando a medida de uma
tensão elétrica nos terminais de uma pilha. A leitura obtida do voltímetro
digital é:
V = 1,58X Volts
Onde X representa o último algarismo de leitura que estava flutuando entre
1 e 7. Nesse caso, podemos dizer que o valor médio é, aproximadamente,
1,584 Volts com uma incerteza estatística de 0,003 Volts.
Além disso, consultando o manual do fabricante, fica especificado
que a incerteza instrumental vale 0,8% da leitura mais 1 unidade no último
dígito. Nesse caso, a incerteza instrumental é:
65
O multímetro
A peça central do multímetro, assim como a maioria dos indicadores
elétricos, é um detector sensível à intensidade de corrente. Nos instrumentos
analógicos antigos esse detector central é o chamado galvanômetro
d’Arsonnal, baseado na interação entre a corrente elétrica e um campo
magnético gerado por um imã comum. Nesse caso, essa interação provoca
um torque entre a bobina na qual passa a corrente elétrica e o imã,
provocando a rotação da mesma. Essa bobina está acoplada a uma agulha
cuja deflexão é proporcional à corrente que passa pela bobina.
66
feita no multímetro, o mesmo pode funcionar como amperímetro (medidor
de corrente elétrica), voltímetro (medidor de tensão elétrica) e ohmímetro
(medidor de resistência elétrica) em diversos fundos de escala e precisão.
Essa mudança é realizada intercalando-se resistores apropriados em série ou
em paralelo no circuito do medidor. No caso do ohmímetro, além de
resistores, inclui-se uma bateria ao circuito. Quando se seleciona medidas
de tensão ou corrente alternadas são também intercalados diodos
retificadores permitindo a leitura de valores eficazes de tensão e/ou
corrente.
A forma mais simples de descrever um multímetro, quando utilizado
como amperímetro ou voltímetro, se dá através do modelo simples de um
medidor (tensão ou corrente) acoplado em série com uma resistência
elétrica, conforme mostra a figura 3.12. Essa resistência em série representa
a resistência interna do medidor e depende da função escolhida bem como
do fundo de escala selecionado.
M
Ri
O voltímetro
Quando o multímetro está operando como voltímetro o objetivo do
experimentador é realizar uma medida de tensão elétrica (VX) em um
determinado componente de um circuito elétrico. Nesse caso, o voltímetro é
montado em paralelo ao elemento X no qual se quer medir a tensão elétrica,
conforme mostrado na figura 3.13.
Deve-se tomar cuidado, contudo, quando se utiliza o voltímetro para
medida de tensão elétrica. Como ele também é um componente elétrico ele
altera o circuito no qual o elemento X está montado, alterando a corrente
elétrica que passa pelo elemento. Como o voltímetro é montado em
paralelo, parte da corrente elétrica total (i), que inicialmente passa pelo
67
elemento X, é desviada para voltímetro, de tal forma que a corrente que
passa pelo elemento X, após o voltímetro ser ligado, é:
iX = i − iV
voltímetro
V RV
iV
i
X
iX
iX = i
R
1+ X
RV
Para minimizar o efeito do voltímetro na corrente sobre o elemento
X, o voltímetro deve ser construído de tal modo que RV >> RX. Assim, a
corrente elétrica sobre o elemento X praticamente não se altera. Contudo,
antes de utilizar um voltímetro deve-se sempre avaliar o impacto do mesmo
sobre o circuito.
O amperímetro
Quando o multímetro está operando como amperímetro o objetivo do
experimentador é realizar uma medida de corrente elétrica (iX) em um
determinado componente de um circuito elétrico. Nesse caso, o voltímetro é
montado em série ao elemento X no qual se quer medir a corrente elétrica,
conforme mostrado na figura 3.14.
68
Amperímetro
A RA
i
X
i
i
VX = V
R
1+ A
RX
Para minimizar o efeito do amperímetro na tensão sobre o elemento
X, o amperímetro deve ser construído de tal modo que RA << RX. Assim, a
tensão elétrica sobre o elemento X praticamente não se altera. Contudo,
antes de utilizar um amperímetro deve-se sempre avaliar o impacto do
mesmo sobre o circuito.
69
70
Experiência I (aulas 1 e 2)
Medidas de comprimento
1. Objetivos
2. Introdução
3. Conceitos fundamentais em uma Medida Física
4. Procedimento Experimental e Análise de Dados
5. Referências
6. Apêndice: Algarismos significativos
6.1 . Motivação
6.2 . Conceito de algarismo significativo
6.3 . Critérios de arredondamento
1. Objetivos
Nas aulas 01 e 02, iniciaremos nossas atividades de medições,
realizando medidas de comprimento de diversos objetos. Além disso,
objetos de tamanhos variados serão considerados a fim de verificarmos o
instrumento mais apropriado em cada caso.
Pretendemos verificar o efeito de diversos fatores numa medida, entre
eles a influência do instrumento e a imprecisão do objeto medido.
2. Introdução
Quando se afirma que a “Física é o estudo dos fenômenos naturais”,
está implícita sua característica fundamental: a natureza como o parâmetro
de referência desse conhecimento. É a natureza que nos fornece elementos
para a construção de modelos explicativos e é ela mesma que nos serve de
referência para a confirmação de hipóteses, previsões e leis.
Estudar a natureza significa observá-la. E para isso, necessitamos de
instrumentos apropriados. Para enxergarmos qualquer fato ou fenômeno
que está à nossa volta, necessitamos de nossos olhos, enquanto que para
ouvirmos uma informação necessitamos de nossos ouvidos, o tato
reconhece uma textura fina ou nossas mãos avaliam a temperatura da água
71
de um banho e assim por diante. Nesses casos, nossos órgãos dos sentidos
são os instrumentos que nos permitem obter as informações.
As informações que os instrumentos dos sentidos nos fornecem
normalmente são satisfatórias para o nosso cotidiano. No exemplo acima, o
nosso tato é suficiente para avaliarmos a temperatura da água de um banho
ou ainda o relógio biológico é suficiente para nos informar sobre a hora de
dormir quando estamos de férias. Todavia, se temos um compromisso
marcado, o mesmo relógio biológico não é adequado, pois além da
possibilidade de falhar, não informará o horário com a precisão necessária.
Em ciência, a utilização de um instrumento apropriado de medida é
tão importante quanto o próprio experimento em si. Dessa forma, para que
possamos realizar a medida de uma grandeza física da maneira mais precisa
possível, é necessário escolher um instrumento adequado e aprender a
utilizá-lo. Para medidas de comprimento, a régua é o instrumento de medida
mais conhecido. Todavia, nem sempre a mesma régua é o instrumento mais
apropriado. Se estivermos interessados na determinação de grandezas
pequenas, por exemplo, na determinação do diâmetro de um fio de cabelo,
a régua não é um bom instrumento de medida, visto que o diâmetro de um
fio de cabelo é menor que a menor divisão da régua, e portanto a medida
não seria nada confiável. Outra situação que ilustra a importância de
escolhermos um instrumento de medida apropriado é quando desejamos
medir grandezas “grandes”, como o comprimento de um estádio de futebol.
Nessa situação, a régua também não é o instrumento mais adequado. Por
outro lado, se estivermos interessados em medir o comprimento de uma
folha de caderno, a régua nos fornecerá uma medida com a precisão
necessária. Dessa forma, a escolha do instrumento de medida mais
apropriado é tão importante quanto à própria medida.
Muitas vezes é possível realizar diretamente uma medida, como é o
caso de medirmos o comprimento de uma folha de papel com uma régua, ou
ainda o tempo de duração de um evento com o auxílio de um relógio de
pulso ou um cronômetro. Nesses dois casos, a medida consiste em comparar
o seu valor com um valor padrão. O valor padrão representa a medida de
grandeza unitária. Quando medimos um comprimento com uma régua ou
trena, simplesmente comparamos o nosso objeto com a escala do
instrumento de medida utilizado. Podemos definir vários padrões de
medida, por exemplo, podemos expressar o comprimento de uma cozinha
com azulejos em unidades de azulejos ao invés de medi-la com uma trena.
No entanto, para que uma medida possa ter maior utilidade, é conveniente a
utilização de padrões bem reconhecidos e estabelecidos.
Entretanto, outras vezes não é possível realizarmos diretamente uma
medida. Nesses casos, temos que medir outras grandezas que nos
72
possibilitem determinar a grandeza desejada. Muitas vezes, grandezas muito
“grandes” ou muito “pequenas” só podem ser medidas de maneira indireta.
Dessa forma, a possibilidade de efetuarmos medidas de forma direta ou
indireta vai depender de sua ordem de grandeza.
73
para o caso de medidas com dimensões de massa, comprimento e tempo,
em unidades de quilograma, quilometro e segundo, respectivamente.
Nas duas primeiras aulas desta disciplina, iremos realizar
medidas diretas de espaço utilizando diferentes instrumentos e discutindo
diversos conceitos fundamentais envolvidos em uma medida física.
74
explicação mais detalhada sobre os conceitos de valor verdadeiro, erro,
incerteza e suas interpretações probabilísticas.
Voltando ao nosso exemplo, os algarismos 2 e 7 são exatos, enquanto
3, 4 ou 5 são duvidosos. Os algarismos certos e o duvidoso, avaliado pelo
operador, são denominados algarismos significativos. Em 2,73 cm, os três
algarismos são significativos sendo 2 e 7 certos ou exatos e 3 incerto ou
duvidoso. Não seria correto escrever 2,735 fazendo uso da mesma escala.
Isso porque, se o 3 é duvidoso, o 5 perde totalmente o sentido. Daí surge a
regra: nunca escreva a medida com mais de um algarismo duvidoso. Leia o
apêndice desta aula e o capítulo 3 da apostila “Introdução à Teoria de
Erros”, de J. H. Vuolo, para uma explicação mais detalhada sobre
algarismos significativos.
Dissemos que tanto 2,73 cm como 2,74 cm ou 2,75 cm são maneiras
igualmente corretas de escrever a medida do comprimento da barra do
exemplo. Entretanto, o último algarismo da direita é duvidoso ou incerto.
Essa incerteza é gerada pela própria escala do instrumento. Para tornar mais
completa nossa informação a respeito da medida e respectiva incerteza,
devemos escrevê-la seguida de um número que representa a incerteza
devido à escala. De maneira geral, adota-se essa incerteza como sendo igual
ao valor da metade da menor divisão da mesma. Portanto, nossa
informação a respeito da medida do comprimento da barra estará completa
quando escrevermos: L = (2,73 ± 0,05) cm, isto é, L ± ∆L, onde ∆L é a
incerteza na medida.
Isso significa que entre os valores de 2,68 cm a 2,78 cm, todos os
valores intermediários são suscetíveis de representar a medida do
comprimento da referida barra com certa probabilidade. O valor de ∆L é
também referido como sensibilidade ou precisão do instrumento, isto é, o
menor valor que o mesmo pode fornecer ao operador.
75
Se ao medir uma grandeza, houver coincidência com um dos traços
de menor divisão da escala, devemos ainda levar em conta a incerteza na
leitura e escrever o zero duvidoso à direita dos demais algarismos
significativos e certos da medida, como mostrado na figura 3.2.
Parte I:
y1 − y2
∆y = ×100%
y1
Para cada objeto, compare as medidas acima feitas sem utilizar o
instrumento e utilizando o instrumento em termos da diferença percentual.
Sua estimativa foi razoável? Por quê?
76
traço da régua. Como você avaliou este “tanto” a mais ou a
menos?
3. Quanto você poderia errar nessa avaliação? Qual é a incerteza
de leitura na determinação da largura do papel sulfite?
4. Quantos e quais os algarismos exatos (ou certos) de sua
medida? Quantos e quais são os duvidosos? Todos eles são
significativos?
5. Apresente o valor da largura da folha de papel de forma correta
e completa (com todos os algarismos significativos e a
incerteza associada).
6. Pegue agora uma régua metálica de qualidade muito superior,
utilizada em oficinas mecânicas de usinagem de peças, e meça
a largura da folha de papel. Qual é a medida encontrada?
7. Existe diferença entre os valores obtidos utilizando réguas
diferentes?
Parte II:
77
Medida da altura e espessura da mesa
Nesta atividade, vamos determinar a altura e a espessura da mesa do
laboratório.
1. Escolha um instrumento adequado para medir a altura da mesa.
Você pretende usar a régua ou a trena? Qual dos dois
procedimentos é mais adequado? Por quê?
2. Defina o que é a altura da mesa. Meça cinco vezes essa altura e
organize os valores em uma tabela.
3. Se alguém perguntasse qual a altura da mesa na qual você está
fazendo a experiência, como você responderia? Explique.
4. Qual é a altura média da mesa?
5. Determine a espessura da sua mesa de trabalho juntamente de
sua incerteza utilizando uma régua, um paquímetro e um
micrômetro. É possível utilizar os três instrumentos de
medida?
6. Repita a medida acima para diferentes pontos da mesa
utilizando o instrumento mais apropriado. Os valores que você
obteve são diferentes? Discuta qual seria a maneira de
determinarmos a melhor estimativa para a espessura da mesa.
Algarismos Significativos
1. Na coluna da esquerda temos valores de medidas de cinco
objetos. Quais resultados da coluna A não são equivalentes aos
da coluna B? Justifique.
A B
5,0 m 5m
0,3 m 30 cm
0,14 cm 1,4 mm
7,5 km 7500 m
53 cm 5,3 x 10-5 km
32,0 m 3,2 x 10 m
0,25 km 250 m
7,20 cm 0,0720 m
95,32 m 95320 mm
3,5 km 3,5 x 105 cm
78
5. Referências:
1. Física Geral e Experimental para Engenharia I - FEP 2195 para
Escola Politécnica (2003).
2. J. H. Vuolo, “Fundamentos da Teoria de Erros”, São Paulo,
Editora Edgard Blucher, 2ª edição (1996).
3. Introdução às Medidas em Física, “Notas de aula”, Instituto de
Física da USP, (2004).
6.1 Motivação
O número de dígitos ou algarismos que devem ser apresentados num
resultado experimental é determinado pela incerteza neste experimento.
Apresentamos aqui o conceito de algarismo significativo e as regras práticas
para apresentar um resultado experimental com sua respectiva incerteza, os
quais devem ser escritos utilizando somente algarismos significativos.
0, 0 0 0 X Y ... Z W A B C D...
onde X, Y, ..., W são algarismos significativos, enquanto os algarismos A,
B, C, D, ... não são algarismos significativos.
Algarismo significativo em um número pode ser entendido como
cada algarismo que individualmente tem algum significado, quando o
número é escrito na forma decimal.
Zeros à esquerda de um número não são algarismos significativos,
pois os zeros à esquerda podem ser eliminados ao reescrevermos o valor da
medida, por exemplo, 81 mm=8,1 cm=0,081 m. Por outro lado, zeros à
direita de um número são algarismos significativos, pois não podem ser
eliminados quando reescrevemos a medida.
O dígito estimado no valor de uma medida é chamado de algarismo
significativo duvidoso. Os demais dígitos que compõem o valor da medida
são chamados de algarismos significativos exatos. O valor de uma
79
grandeza medida geralmente não possui mais do que um algarismo
duvidoso, pois não faz sentido tentarmos avaliar uma fração de um número
estimado.
80
Podemos representar as medidas A e B de diversas maneiras, por
exemplo,
A: (5,3±0,5) cm, ou (0,053±0,005) m ou (53±5) mm.
B: (5,34±0,05) cm,ou (0,0534±0,0005) m ou (53,4±0,5) mm.
81
Entretanto, muitas vezes nesse caso, arredondamos tanto para
cima ou para baixo.
82
Experiência II (aulas 3 e 4)
Pêndulo simples e medidas de tempo
1. Introdução
2. O pêndulo simples
3. Medida do período de oscilação de um pêndulo
4. Arranjo e procedimento experimental
5. Análise de dados
1. Introdução
(Texto baseado na apostila de “Introdução às Medidas em Física” de 2004)
A preocupação com a medida do tempo permeia toda a história da
humanidade. Motivações das mais diversas contribuíram para isso,
evoluindo desde a simples ordenação de eventos acontecidos, passando pela
previsão de épocas de plantio e colheita na agricultura, duração de jornadas,
observações astronômicas, etc., chegando aos nossos dias, quando a medida
do tempo regula o cotidiano de grande parte da humanidade.
Historicamente, o desenvolvimento de medidores de tempo
(relógios) acompanha a evolução da necessidade de se medir o tempo,
adequando-se a cada estágio desse processo evolutivo. Dos relógios de Sol
até o hoje popular relógio de quartzo, se pensarmos unicamente em
instrumentos do cotidiano, muitos caminhos foram trilhados. Por trás de
cada instrumento está a necessidade da época. Se para algumas civilizações
da Antiguidade bastava distinguir a manhã da tarde, diversas aplicações
atuais necessitam de determinações de frações muito pequenas de segundo.
Ao mesmo tempo, a delimitação de intervalos de tempo através
da observação de eventos por algum dos órgãos dos sentidos também está
afetada pela própria capacidade do corpo humano perceber esses eventos. A
vista humana, por exemplo, consegue distinguir eventos separados de 40 ms
(1 ms = 10-3 s) aproximadamente. É este limite de percepção que permite o
efeito cinematográfico: quando assistimos a um filme, temos a impressão de
que os movimentos ocorrem continuamente apesar de na verdade serem
projetadas fotos a uma freqüência de 30 por segundo.
83
Muitos dos intervalos de tempo entre eventos que ocorrem em
nosso cotidiano podem ser medidos com um relógio de pulso comum, por
exemplo, a duração da aula.
Outros eventos, apesar de serem facilmente percebidos pelos
nossos sentidos, ocorrem em intervalos de tempos muito curtos para serem
medidos dessa forma. Podemos adotar como sendo de alguns segundos o
intervalo de tempo mínimo mensurável com um relógio comum. Esse limite
é muito maior do que, por exemplo, o tempo de contato dos seus dedos com
o tampo da mesa numa “batucada”.
Tente estimar valores para:
2. O Pêndulo Simples
O estudo do período de oscilação do pêndulo pode parecer algo
desinteressante em um primeiro momento. Porém, essa impressão não
poderia estar mais errada. Galileu Galilei, considerado um dos principais
criadores do método científico moderno, foi uma das primeiras pessoas a
estudar esse sistema físico e descobrir algumas de suas interessantes
propriedades.
Conta a história que Galileu, ao assistir à missa na catedral de Pisa
todos os domingos, reparava que um candelabro balançava devido à
corrente de ar, o que o motivou a estudar o movimento oscilatório de um
pêndulo. Ele percebeu que independentemente da distância percorrida pelo
84
pêndulo, o tempo para completar o movimento é sempre o mesmo. Galileu
não tinha nenhum cronômetro ou relógio que lhe permitisse medir o tempo
em suas experiências, por isso controlou o tempo com as suas pulsações.
(a) (b)
85
c. utiliza-se ângulos de abertura pequenos (θ < 15o), tal que seja
válida a aproximação sen(θ) ~ θ (em radianos), onde θ é o
ângulo entre o fio e a vertical, durante a oscilação (figura
2.2).
L
T = 2π (1)
g
onde g é a aceleração da gravidade.
86
equipamentos de medida, que normalmente eram a metade da menor
divisão do equipamento (lembre-se que para o paquímetro, a incerteza
instrumental é a menor divisão). Por se tratar de um equipamento digital, a
incerteza instrumental do cronômetro deve ser dada pelo fabricante. Na
ausência de um valor fornecido pelo fabricante, podemos considerar a
incerteza como sendo a menor divisão do equipamento, ou seja, 0,01 s.
Porém, se você repetir a medida várias vezes, você espera obter o mesmo
valor para o período do pêndulo? A variação nos valores de período obtidos
será em torno de 0,01 s? Realize essa medida algumas vezes com o pêndulo
próximo a você e verifique o resultado.
Após a observação desses resultados, já deve estar claro para você
que o valor medido do período varia muito mais que o erro instrumental
atribuído. Por que isso ocorre? Qual será o valor do período de oscilação do
pêndulo e, principalmente, qual será o valor da incerteza dessa medida?
Diante desta constatação, fica claro que o erro instrumental não é o único a
afetar o resultado e a incerteza de uma medida. Existem outros tipos de
incerteza que precisam ser considerados. Nesta aula, iremos estudar a
incerteza aleatória ou estatística. Leia o capítulo 4 da apostila “Introdução
à Teoria de Erros” de J. H. Vuolo para uma extensa discussão sobre os tipos
de incerteza mais comuns que iremos encontrar.
Parte 1:
Inicialmente, realizaremos a medida do período de oscilação de um
pêndulo colocado na frente da sala de aula, próximo à mesa do professor.
Ele irá deslocar o pêndulo do seu ponto de equilíbrio, fazendo-o oscilar e
todos os alunos medirão o período de oscilação desse pêndulo com o
cronômetro fornecido a cada um.
Antes de iniciar a medida, teste o seu cronômetro. Acione e pare o
cronômetro imediatamente várias vezes. Que valores você obteve? Esse
87
valor representa o tempo mínimo que você consegue medir com o
cronômetro. Como esse tempo se compara ao período de oscilação do
pêndulo? Se os dois tempos forem muito semelhantes, como você acha que
isso vai afetar a suas medidas? Como minimizar a influência dessa
limitação nas suas medidas? Ao invés de medir o tempo de uma oscilação,
não seria mais preciso medir o tempo de mais oscilações, ou seja, intervalos
de tempo maiores? Por quê?
Cada aluno irá medir o período de oscilação do pêndulo 5 vezes.
Como a classe tem em torno de 20 alunos, teremos uma amostra de cem
medidas e poderemos comparar os valores obtidos entre todos os alunos. O
tratamento que daremos aos dados será discutido na seção 5.
Parte 2:
(Texto baseado na apostila de “Introdução às Medidas em Física” de 2004)
88
Saia do programa anterior digitando F, digite VISUAL, e pressione a
tecla <ENTER>. O procedimento é o mesmo que no caso anterior, exceto
que no lugar de termos um estímulo auditivo, temos um visual. A intervalos
de tempo também indeterminados será mostrado no centro da tela um bloco
luminoso e você deverá pressionar a tecla para medir o tempo Tv que leva
para responder ao estímulo visual. Obtenha pelo menos 5 valores de Tv.
Como os valores dos tempos de reação auditiva e visual comparam-se
entre si? E como eles se comparam com o período de oscilação do pêndulo?
Parte 3:
Em seguida, cada grupo usará um pêndulo diferente e medirá o seu
período de oscilação utilizando dois equipamentos diferentes: o cronômetro
de resolução de 0,01 s e seu próprio relógio de pulso de resolução de 1 s. O
que você espera obter para a incerteza em cada um dos casos? Elas serão
semelhantes? Por quê?
5. Análise de dados
Como você deve ter notado, o valor obtido para o período nas
diversas medidas varia muito mais que o erro instrumental atribuído à
medida. Isso ocorre pois não é apenas o instrumento de medida que
influencia no resultado da mesma. Nas aulas anteriores, estávamos medindo
objetos muito bem definidos e estáticos, em uma situação que nos permitia
comparar o comprimento a ser medido com o padrão de medida de maneira
bastante cuidadosa. Neste caso, o mesmo não ocorre. A medida do período
do pêndulo sofre influencia de diversos fatores, que estão fora do nosso
controle. Para citar alguns exemplos:
89
para representar o período de oscilação do pêndulo e como podemos
estimar a incerteza dessa medida.
Como discutido na seção 4.3 da apostila “Introdução à Teoria de
Erros” de J.H. Vuolo, a variação nos valores medidos do período é chamada
de erro aleatório ou estatístico, pois ela ocorre devido a diversos fatores
aleatórios, que não podem ser controlados durante o experimento. Na seção
5 dessa mesma apostila, é mostrado que o valor que melhor representa o
resultado experimental de várias medidas (yi) feitas em circunstâncias
estatísticas é a média, dada por:
N
∑ yi
y= i =1 (2)
N
onde N é o número de medições feitas.
A incerteza nesse valor pode ser estimada a partir da flutuação dos
dados, ou seja, a partir da variação ou desvio dos dados em relação à média,
onde definimos o desvio de uma medida pela expressão:
di = yi − y (3)
A princípio, poderíamos tomar o valor médio dessa grandeza para
estimar a incerteza. Porém, devido à própria definição de média, o valor
médio de di será sempre zero. Portanto, inicialmente, podemos nos livrar do
sinal definindo a variância dos dados que é dada por:
N
σ2 = 1 ( yi − y )
2
N −1 ∑
(4)
i =1
1 N
( )
2
N −1 ∑
σ= yi − y (5)
i =1
σm = σ (6)
N
Para o propósito desta disciplina, vamos apenas assumir esta
expressão como correta (sem demonstrar isso) e utilizá-la para estimar a
90
incerteza aleatória ou estatística de todas as medidas que realizarmos daqui
em diante.
Parte 1:
De posse dos dados, vamos estudar como os valores de período
medidos pelos vários alunos da classe se comportam. Calcule a média, o
desvio padrão e o desvio padrão da média dos dados. Uma maneira bastante
eficiente de se estudar os dados é fazendo um histograma dos mesmos. Na
seção 5 do capítulo IV da apostila do curso é explicado como e construir um
histograma. Utilizando os dados medidos por todos os colegas de classe
construa um histograma.
Em seguida, interprete o resultado obtido. Que informações o
histograma pode lhe fornecer? Como você pode extrair a média e o desvio
padrão a partir do histograma? Os valores obtidos numericamente
concordam com os valores obtidos graficamente?
Parte 2:
Obtenha a média e o desvio padrão dos dados de reação auditiva e
visual. Compare o valor obtido por você com os dos outros colegas.
Compare os valores para a sua reação auditiva e visual. Compare com o
valor do desvio padrão das medidas do período de oscilação do pêndulo. O
que você pode concluir?
Parte 3:
Calcule a média, desvio padrão e desvio padrão da média dos dados
obtidos tanto com o cronômetro quanto com o relógio de pulso. Compare os
valores obtidos a partir desses dois equipamentos. Compare também esses
resultados com os valores obtidos na primeira parte e com os valores
obtidos pelos colegas.
A partir do comprimento medido do seu pêndulo e do valor da
aceleração da gravidade, calcule o período esperado para o pêndulo
utilizado, assumindo que o modelo do pêndulo simples é válido para este
caso. Os dois valores são iguais? Como é possível compará-los? A medida
de comprimento tem incerteza? Como você acha que isso vai afetar o valor
de período obtido pela fórmula 1?
91
92
Experiência III (aula 5)
Densidade de sólidos
1. Objetivos
2. Introdução
3. Procedimento experimental
4. Análise de dados
5. Referências
6. Apêndice: Propagação de incertezas
1. Objetivos
O objetivo desta experiência consiste em diferenciar o tipo de
material plástico que compõe objetos sólidos pela determinação de sua
densidade. A densidade de um sólido não pode ser obtida a partir de uma
medida direta. É preciso medir a massa e o volume do objeto para em
seguida calcular a sua densidade. Portanto, o valor da densidade e sua
incerteza vão depender de outras duas medidas. Esse processo leva à
propagação de incertezas que iremos estudar nesta aula. Também iremos
discutir como combinar medidas com diferentes incertezas e a
compatibilidade entre duas medidas ou entre uma medida e um valor
esperado.
2. Introdução
A densidade de um sólido homogêneo é definida por
m
d= ,
v
onde m é a massa do sólido e v é o seu volume. Para a identificação de um
plástico, a incerteza na densidade é tão importante quanto o próprio valor
medido. Por exemplo, se a densidade obtida de um plástico X é
dX = 1,15 g/cm3 e a incerteza correspondente é σX = 0,20g/cm3 , o resultado
é praticamente inútil para a identificação do plástico, pois a grande maioria
dos plásticos têm densidades entre 0,9 g/cm3 e 1,4 g/cm3. Se, por outro
93
lado, a incerteza é σX =0,05 g/cm3, então o número de possibilidades é bem
menor e o plástico pode ser identificado com a ajuda de outros critérios
mais simples, tais como transparência, consistência e coloração. Assim,
podemos perceber a necessidade de uma teoria para a propagação das
incertezas das medidas primárias (geométricas e massa) para se obter a
densidade e, em particular, o cálculo da incerteza no resultado final.
3. Procedimento Experimental
A parte experimental desta aula consiste em determinar as massas
(mi) e os respectivos volumes (vi) de uma amostra de cilindros feitos do
mesmo plástico. As massas são determinadas por meio de balanças e os
volumes devem ser calculados a partir das dimensões geométricas de cada
sólido aplicando aos mesmos um modelo tridimensional conveniente. Essas
medições serão feitas com uma régua e um paquímetro, conforme o caso.
Cada equipe receberá um pote contendo peças feitas de um mesmo
plástico para as quais deverão ser determinadas suas densidade a partir dos
comprimentos e suas respectivas massas. Apesar das peças em um
determinado pote serem feitas do mesmo plástico, diferentes potes contém
peças feitas de plásticos diferentes, que deverão ser identificados no final da
experiência.
Situação 1:
Meça primeiramente a massa das peças usando uma balança digital e
suas dimensões com uma régua.
Situação 2:
Meça novamente as massas utilizando uma balança analítica (que tem
menor divisão de 0,0001g) e utilize as dimensões dos cilindros obtidas com
a régua para o cálculo do volume.
Situação 3:
Desta vez, utilize o valor da massa obtido com a balança digital e
meça as dimensões dos cilindros com um paquímetro.
Como regra geral de procedimento em física experimental, deve-se
anotar os dados da maneira mais clara e organizada possível. O significado
de um determinado número pode ser perfeitamente claro no momento em
que se faz a experiência, mas pode se tornar um pouco obscuro alguns dias
após e totalmente confuso depois de algumas semanas. O melhor, neste
caso, é fazer uma figura para cada objeto, indicando as grandezas relevantes
(massa, comprimento, diâmetro, etc.) e posteriormente anotar em tabelas os
valores medidos de cada grandeza. Também devem ser anotadas as
94
características dos instrumentos utilizados, tais como marca, modelo,
número de série, menor divisão e outros detalhes.
4. Análise de dados
Calcule o volume vi de cada peça, sua respectiva incerteza σvi e sua
incerteza relativa (σvi/vi) para cada uma das situações acima. Organize os
resultados obtidos em cada situação em tabelas diferentes. Lembre-se de
que as incertezas devem ser propagadas corretamente a partir das incertezas
das grandezas primárias. Leia o Apêndice no final desta aula ou consulte o
capítulo 8 da referência 1.
Novamente com o auxílio da teoria de propagação de erros,
determine a densidade, di, de cada peça e sua incerteza, σdi, considerando as
três situações. Nesse caso, organize os valores de densidade que você
obteve para cada tipo de material numa mesma tabela, a fim de
compararmos os resultados obtidos por instrumentos de medidas diferentes.
Qual situação propiciou o resultado mais preciso? Por quê? Os resultados
são compatíveis, isto é, eles concordam entre si? Como podemos compará-
los? Para serem considerados compatíveis é preciso que os valores
numéricos das medidas sejam iguais? Que critério usar para definir a
compatibilidade entre os resultados?
Em seguida, determine um valor para a densidade a partir das várias
medidas realizadas. Como podemos fazer isso? Podemos combinar as
medidas de densidade (di) com incertezas diferentes a partir da média
ponderada que é dada por:
N
∑ pi di
d= i =1
N
∑
i =1
pi
95
1
σd = N
∑
i =1
pi
5. Referências:
1. J. H. Vuolo et al, Física Experimental 1 para o Bacharelado em
Física, Geofísica e Meteorologia, Instituto de Física da USP
(2005).
2. J. H. Vuolo, Fundamentos da Teoria de Erros, São Paulo,
Editora Edgard Blucher, 2ª edição (1996)
3. J. C. Sartorelli et al, Introdução às Medidas em Física, Notas
de aula, Instituto de Física da USP, (2004).
96
A resposta é não, pois o volume do cilindro varia com o raio R de
uma maneira diferente do que varia com a altura H. Dessa forma, a
influência do raio e da altura será diferente no resultado final.
Pode-se mostrar que a incerteza σw de uma grandeza hipotética
w = w(x,y,z,...,), que depende das variáveis x, y, z, ... , é dada pela fórmula:
2 2 2
⎛ ∂w ⎞ ⎛ ∂w ⎞ ⎛ ∂w ⎞
σ w2 = ⎜⎜ ⎟⎟ σ x2 + ⎜⎜ ⎟⎟ σ y2 + ⎜⎜ ⎟⎟ σ z2 + ... ,
⎝ ∂x ⎠ ⎝ ∂y ⎠ ⎝ ∂z ⎠
2 2
⎛ ∂w ⎞ ⎛ ∂w ⎞
( )
2
σ H 2 = (π H 2Rσ R ) + π R 2σ H
2
σV = ⎜⎜ ⎟⎟ σR 2
+ ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ ∂R ⎠ ⎝ ∂H ⎠
97
98
Experiência IV (aula 6)
Distância focal de uma lente
1. Introdução
2. Medida da distância focal de uma lente delgada
2.1. Distância focal de uma lente convergente
3. Arranjo e procedimento experimental
4. Análise de dados
5. Referências
1. Introdução
Quando realizamos uma medida experimental devemos ter em mente
que outros fatores além da precisão instrumental podem influenciar sua
incerteza. Por exemplo, quando estamos medindo um intervalo de tempo
com um cronômetro digital, apesar da sua precisão ser de 1 centésimo de
segundo, devido ao tempo de reação humano, não conseguimos realizar
medidas de tempo com precisão superior a 1 ou 2 décimos de segundo.
Nesse caso, apesar do instrumento possuir precisão elevada, o método de
medida utilizado não permite aproveitar toda a precisão instrumental.
Situações onde a precisão do instrumento não é o fator determinante
na incerteza de uma medida são comuns em Física Experimental. São
muitos os fatores que limitam a precisão de uma medida. Alguns exemplos
são:
• Limitação do operador em efetuar uma medida, por exemplo,
acionar e parar o cronômetro.
• Uso do instrumento ou instrumento inadequado. Por exemplo,
usar um micrômetro comum para medir o diâmetro interno de
um cilindro.
• Medidas em condições não otimizadas, por exemplo em
situações onde há paralaxe inevitável.
• Calibração do instrumento.
99
• Mau uso do equipamento.
A avaliação correta de uma incerteza experimental é muito complexa
em casos onde o instrumento não é o fator determinante da incerteza de
uma medida. Uma forma de minimizar esse problema é a realização da
mesma medida várias vezes para avaliar a sua incerteza estatística. Porém,
fatores como o mau uso do instrumento ou problemas de calibração, em
geral, não se refletem em incertezas estatísticas. Deste modo, cabe ao
experimentador realizar uma avaliação dos métodos utilizados durante o
experimento, bem como a qualidade dos instrumentos e equipamentos
experimentais, para que as incertezas das medidas efetuadas sejam
estimadas da melhor forma possível.
Neste experimento realizaremos a medida da distância focal de uma
lente convergente simples, utilizando o método do objeto e da imagem.
Como discutiremos, dependendo da situação experimental a ser medida, as
incertezas envolvidas são muito maiores que as incertezas dos
equipamentos utilizados.
100
desprezível quando comparada com outras distâncias envolvidas (distância
do objeto e imagem).
distância
focal
eixo
principal
Ponto
focal
Lente
Figura 2.1 – distância focal de uma lente delgada simples.
O processo de construção de imagens formadas por lentes simples
segue duas regras básicas:
1. Qualquer raio luminoso paralelo ao eixo principal da lente é
desviado de tal forma a passar pelo ponto focal da lente
2. Qualquer raio luminoso incidente sobre o centro da lente não
sofre desvio.
101
A figura 2.2 mostra como construir uma imagem em um sistema
composto por uma lente convergente simples utilizando as duas regras
descritas acima. A intersecção de raios luminosos provenientes de um
determinado objeto forma a imagem deste objeto. Um aspecto interessante
da formação da imagem está relacionado à posição do objeto em relação à
lente. Dependendo dessa posição, os raios luminosos podem convergir ou
divergir após atravessar a lente, conforme mostra a figura 2.3. Diz-se que
uma imagem é real quando os raios luminosos convergem após atravessar a
lente, formando uma imagem do lado oposto ao que o objeto se encontra.
Do mesmo modo, diz-se que uma imagem é virtual quando esses raios
luminosos divergem após atravessar a lente. Nesse caso, a imagem é
formada no mesmo lado da lente em que o objeto está posicionado.
distância
objeto focal
eixo
principal
Ponto
focal
imagem
Lente
imagem
distância
focal
eixo
principal
objeto Ponto
focal
Lente
Figura 2.3 – Formação de uma imagem real (acima). Note que os
raios convergem após atravessar a lente e uma imagem virtual
(abaixo). Nessa última, os raios divergem após atravessar a lente.
Conhecendo-se a distância entre o objeto e o plano central da lente
(o) e a distância entre a imagem e esse mesmo plano (i), conforme mostra a
figura 2.2, a distância focal (f) pode ser calculada através da expressão:
102
1 1 1
= + .
f i o
A expressão acima é denominada de equação de Gauss para lentes
simples e é valida somente se a espessura da lente puder ser desconsiderada
em relação às outras dimensões envolvidas. Assume-se que a distância do
objeto à lente (o) é sempre positiva, enquanto que a distância da imagem à
lente (i) é positiva caso a mesma encontre-se do lado oposto ao objeto e
negativa caso a imagem se encontre do mesmo lado que o objeto. Uma lente
é considerada convergente quando a sua distância focal, resultante da
expressão acima, for positiva e divergente quando a distância focal
resultante é negativa.
103
efetuadas avalie, por exemplo, a facilidade em determinar a posição do
papel translúcido na fonte de luz e a facilidade em focalizar a imagem no
anteparo. Dependendo da posição do objeto na bancada óptica, pode-se
variar a posição do anteparo em alguns milímetros mantendo a imagem em
aparente foco. A partir dessa variação pode-se estimar a incerteza na
medida da distância da imagem.
Realize aproximadamente 15 medidas distintas de posição de objeto e
imagem, avaliando as incertezas em cada uma delas. Organize esses dados
em uma tabela, da forma que achar adequado. Anote o procedimento
utilizado para a realização das medidas e incertezas, bem como os cuidados
efetuados durante a tomada de dados. Evite que apenas um membro do
grupo realize todas as medidas. Isso evita erros sistemáticos residuais
devido a vícios de focalização. Quais são os fatores que mais influenciaram
as medidas efetuadas? Evite realizar medidas nas quais as posições do
objeto são muito próximas uma da outra.
104
N
∑ pi fi
f = i =1
N
∑
i =1
pi
5. Referências:
1. J. H. Vuolo et al, Física Experimental 1 para o Bacharelado em
Física, Geofísica e Meteorologia, Instituto de Física da USP
(2005).
105