Universidade No Século XX
Universidade No Século XX
Universidade No Século XX
1, n 2: (abril 2006)
ISSN 1809-4651
Resumo
Abstract
questioning
determinantes
realidade
social
marcada
role
of
the
university
in
order
to
por
marginalizam e excluem
populao.
da
the
Problematiza-se,
esta
social
questions?
se
contexto
constitui
de
sociedade
como
de
de
um
lado,
instituio
mercado?
Uma
nova
University // citizenship
Introduo
nova
Reforma
da
Universidade
Brasileira,
hoje
em
curso,
responder
tais
questes?
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possam contribuir na compreenso e na construo de novas pistas alternativas para uma sociedade mais
inclusiva do ponto de vista econmico, social e cultural.
sugestiva a admoestao de Raymond Queneau, feito em 1938, de que o objetivo de toda transformao
social a felicidade dos indivduos e no a realizao de leis econmicas inelutveis.
Neste sentido, cabe perguntar com Keil (2001) por que somos uma sociedade capaz de excluir e de fato
exclumos? possvel outro projeto de sociedade e de universidade numa sociedade de mercado como a
nossa? Trata-se, pois, de uma problemtica que a todos nos envolve e instiga a pensar alternativas.
As questes se tornam especialmente intrigantes e paradoxais na medida em que percebemos, de um lado,
extraordinrios avanos no campo da cincia, da tecnologia, com potencial de garantir vida, seno digna,
pelo menos decente ao conjunto da populao e, por outro lado, convivermos com crescentes ndices de
excluso social e de desumanizao na Amrica Latina bem como na regio de abrangncia da URI.
Criou-se, com efeito, uma enorme expectativa de que a cincia e a tecnologia, por si s, seriam capazes de
sanar nossas mazelas, produzir um progresso ilimitado, sem fronteiras e territrios. Contudo, logo nos
damos conta de que persistem velhas e antigas questes nunca satisfatoriamente enfrentadas e resolvidas,
como, por exemplo, o descompasso ou a dissociao entre desenvolvimento econmico e social, resultando
num verdadeiro apartheid social, com crescentes ndices de desigualdade e excluso social.
Para Wanderley (2004) as causas da excluso social so mltiplas, complexas e histricas. De acordo com
Gilberto Dupas sob a tica da globalizao neoliberal, os valores humanos, renda, emprego, sade,
educao, esto num nvel secundrio. A discusso global se d sobre taxas de juro, desvalorizao do dlar,
dficit americano, ajuste fiscal, supervit Banca Comercial etc. A compreenso do fenmeno da excluso
social torna-se mais complexa porque o fato concreto que o capitalismo na sua fase neoliberal e
globalizada definiu regra perversas, que impem maiores sacrifcios e produzem mais excluso social.
Como forma de ilustrao das questes colocadas destaco alguns indicadores que mostram o drama social e
cultural de um pas profundamente desigual e injusto necessitando de novas formas de enfrentamento.
Dados divulgados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada) colocam nosso pas entre 130 pases
analisados na segunda pior distribuio de renda do mundo, sendo superado nesse ranking apenas por Serra
Leoa.
Segundo dados do IPEA/2005 nosso pas tem 53,9 milhes de pobres, como tal identificados os 31,7% da
populao que recebiam at meio salrio mnimo em 2003. A pesquisa registra tambm que 1% dos
brasileiros mais ricos 1,7 milho de pessoas detm uma renda equivalente da parcela formada pelos
50% mais pobres (86,5 milhes de pessoas), superando a populao de pases como a Frana, Itlia ou
Alemanha, o dobro da populao da Espanha (42 milhes de habitantes). O mesmo estudo revela ainda que
a pobreza no Brasil tem cor, isto , (44,1%) da populao negra vive em domiclios com renda per capita
inferior a meio salrio mnimo, enquanto entre os brancos esse ndice de 20,5%.
O Banco Mundial (BM) reconhece que um dos elos entre a pobreza e a excluso social reside na
desigualdade social. A excluso do ensino secundrio e da universidade limita as oportunidades futuras de
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incluso social mais favorvel. Dados do Ministrio da Educao Inep/MEC/2004, apontam que 62% dos
matriculados nas escolas privadas de ensino mdio pertencem aos 20% de famlias mais ricas e s 2% vm
das de mais baixa renda; no ensino pblico, s 17% esto entre as de maior renda e apenas 12% no grupo
inferior. No ensino universitrio pblico e gratuito, 61% dos alunos pertencem aos 20% de famlias mais
ricas e apenas 3% s de mais baixa renda.
Na interpretao do Ministrio, existe forte correlao entre nvel de renda, classe social e condies de
acesso e sucesso na escola e na universidade. Questo, esta, contudo, precisa ser melhor explicada. No
sendo objeto de aprofundamento deste estudo. A questo consiste em saber quem exclui: a universidade, a
escola, ou a sociedade? E como justificar que no Brasil temos somente em torno de 10% da juventude na
universidade?
Buscar uma oportunidade de trabalho no Exterior o desejo de um quarto dos brasileiros com idade entre
14 e 35 anos, de acordo com pesquisa e dados do IBGE/2005. O estudo mostra, por exemplo, que no Rio
Grande do Sul, so 71% de pessoas na faixa etria de 14 a 35 anos que sonham em viver fora do pas. Os
principais motivos apontados para deixar o pas so: desemprego, a falta de perspectivas profissionais,
mercado de trabalho e distribuio desigual de renda.
Os problemas e desafios, portanto, so muitos. Penso que precisamos primeiro responder a pergunta: o que
significa estar includo ou excludo na atual sociedade capitalista como a nossa? O excludo excludo de
qu?
Na lente de Luiz Wanderley (2004) precisamos situar a discusso da questo social latino-americana, no
mbito maior da globalizao e das polticas neoliberais. Neste sentido, alerta para as dificuldades tericas e
prticas existentes neste mbito, bem como, das ambigidades que dificultam sua compreenso e equao.
O termo globalizao ou mundializao, por exemplo, oculta o fato de que amplos segmentos dos nossos
povos devam ser julgados secularmente includos e excludos de alguma maneira de suas sociedades
respectivas (p. 59).
Nesta perspectiva, impe-se uma re-visitao crtica da ao dos sujeitos e dos processos histricoestruturais que instituram as sociedades do nosso continente. A situao atual guarda traos indelveis de
uma longa histria que a condiciona: colonizao, lutas pela independncia, modos de produo, formas de
dependncia, planos de desenvolvimento, tipos de Estados, polticas sociais, etc.
A realidade latino-americana ao mesmo tempo una e diversa. Ou seja, ela se compe simultaneamente de
um mosaico diferenciado de elementos derivados dos modos como os povos construram e esto construindo
suas trajetrias de vida.
A prpria designao Latina, que qualifica a Amrica, em contraposio quela, a estadunidense, j divide as
interpretaes. Por que latina e no espanhola ou portuguesa? O carter latino traz uma identidade para a
regio? H, um gnero humano peculiar ou distinto nesse continente?
Apesar do pas ter logrado algum progresso no campo econmico, em geral, analisa o autor, as
desigualdades e injustias vo se avolumar por conseqncia das relaes assimtricas de dominao e
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e todos excluem, (p. 71). Entrementes, a excluso social est presente, incomoda e nutre, atualmente,
com uma espcie de pnico, os mais diferentes discursos: poltico, cientfico, religioso, jornalstico, na
medida em que possa haver rupturas do lao de coeso social, ameaando a prpria ordem social hoje
existente.
A excluso passa assim a ser o paradigma a partir do qual tomamos conhecimento de ns mesmos, da
realidade de vivermos num continente submetido um processo histrico de explorao econmica e social.
Em realidade, cada perodo de mutaes est marcado pelo nascimento e difuso de um paradigma societal.
Nosso paradigma o da excluso. Somos uma sociedade capaz de excluir e de fato vivemos num ciclo de
excluso, no s econmico, caracterizado pelo desemprego estrutural, como tambm dos bens sociais e
culturais. A colonizao cultural, qui seja a pior forma de excluso porque ela nos leva a supervalorizar
tudo que vem de fora e a desvalorizar a cultura, as idias e valores autctones, de dentro.
O grave da questo sublinha Assmann (2000, p. 156), que a globalizao do mercado, sob o comando de
ponta do capital financeiro, recoloca a temtica do acesso aos bens e servios elementares para todos os
seres humanos dentro de um quadro indito e de dramaticidade extrema. Segundo ele, precisamos atentar
para as novas relaes econmicas e sociais, sobretudo para a interdependncia em nvel global que passam
a afetar a todos num contexto em que o mercado se apresenta como a nica via de incluso social.
No se pode ignorar, portanto, que o capitalismo est em outra fase, mas ainda o mesmo em sua essncia,
ou seja, produtor de pobreza, desigualdade e excluso. Segundo Assmann, por trs do uso corrente das
palavras excluso e excludos/as h uma armadilha da qual muito difcil de escapar. Corremos o risco
de identificarmos a excluso do mercado com a excluso social como tal. Se fizermos isso, acabamos caindo
na lgica (ou armadilha) neoliberal que reduz todas as dimenses da vida social ao mercado e identifica tudo
com o mercado.
O que significa, ento, estar includo ou excludo? A atual forma de incluso num mercado flexvel e
precarizado, no ser uma nova forma de excluso? No se trata a de uma incluso/exclusiva?
O paradoxal desta histria est no fato de a humanidade contar com um arsenal e mecanismos tecnolgicos
capazes de produo de bens materiais em quantidades suficientes para garantir uma vida digna ao
conjunto da populao. As causas devem ser buscadas em outro campo, ou seja, so problemas do mbito
da tica e da poltica, alm da falta de solidariedade entre os povos e as pessoas.
O que cabe universidade neste contexto? Como ela poder a vir a instituir-se num lugar de emancipao
social e de exerccio da cidadania, formando ao invs de produtos acabados para o consumo do mercado,
agentes e sujeitos comprometidos com a luta por uma sociedade em que tenha lugar para todos e no
somente para alguns? Neste cenrio o que podemos esperar da Universidade do sculo XXI? Como a URI
poder contribuir na formulao de um projeto de desenvolvimento regional, de emancipao social e de
promoo da cidadania? O atual projeto formativo da URI dar conta dos desafios que se antepem,
parafrasenado Santos (2002), produzindo conhecimento decente para uma vida decente? Em qual projeto
de sociedade os estudantes da URI estaro engajados? o que se discute a seguir.
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Dados do Inep/2004 mostram ainda que no Brasil, somente 11 de cada 100 alunos matriculados no ensino
fundamental chegam educao superior. Essa mdia superada pelas Regies Sul, 17,1%, Sudeste,
15,4%, e Centro-oeste, 15. Nas regies Norte e Nordeste, a percentagem a metade da mdia nacional.
Reproduz-se, desse modo, no campo da educao, do ensino superior, a desigualdade da sociedade e intraregies.
As distores no acesso educao em pases dependentes, como o nosso Brasil so histricas e esto
fundamentalmente ligadas ao modelo de desenvolvimento que o Pas viveu atravs dos anos. Para Cunha
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(2005), vale lembrar que a universidade, por si s, no dar conta da eqidade social. Ela reproduz as
diferenas existentes na sociedade e no pode ser responsabilizada isoladamente pela soluo do problema.
No Brasil, as crianas j nascem desiguais nas condies de sobrevivncia e acesso aos bens culturais. Essa
realidade se repete no acesso ao ensino superior. O Projeto de Reforma, segundo Maria Cunha, revela uma
sensibilidade com essa problemtica social (2005).
Numa viso crtica sobre o papel social da universidade, Cristovam Buarque (2003) frisa que no ocorreram
grandes mudanas estruturais na universidade nos ltimos oitocentos anos. Desde sua criao na Idade
Mdia, sculo XI, o papel da universidade pouco mudou. No entanto, a realidade social do mundo atual
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evidencia a necessidade de uma autntica revoluo no conceito de universidade, conclui Buarque (p. 3) .
De acordo com Cristovam, o mundo nos albores do sculo XXI, passa por uma imensa desarticulao
ideolgica, que inclui uma enorme dissociao poltica e uma desigualdade social macia. Frente a essas
transformaes radicais, a universidade ainda representa, na opinio do autor, um patrimnio intelectual,
independncia poltica e crtica social. Graas a essas caractersticas, e, apesar da trplice crise apontada por
Santos (1995), da hegemonia, da identidade e da institucional, a universidade permanece, a instituio
mais bem preparada para reorientar o futuro da humanidade (Buarque, 2003, p. 3).
Para Ignacio Ramonet (2000) tambm percebe que os novos desafios que se antepem esta instituio
quase milenar, num momento em que o conjunto dos aspectos intelectuais da civilizao ocidental perecem
em crise, como no se perguntar em que lutas e em que combates est engajada a Universidade?
O espao universitrio enfatiza Santos (1996), um campo social como qualquer outro e, como tal, est
sujeito s relaes de fora, com disputas concorrenciais de interesses e de lucros. No se trata, pois, de um
espao neutro regido por idealismos na medida em que ele reflete as mesmas disputas de qualquer campo
social na organizao capitalista da sociedade.
Intelectuais, professores, autores, todos sabem que, mais uma vez, as sociedades ocidentais chegam a um
ponto de bifurcao. A hora das escolhas soa novamente, mas faltam os pontos de referncia para se
orientar com certeza neste instante de declnio que cede o fim de uma poca e o nascimento de uma nova
era (Buarque, 2003, p. 74).Entramos em uma poca em que as certezas desmoronam. O mundo encontrase em uma fase particularmente incerta porque as grandes bifurcaes histricas ainda no esto tomadas.
No sabemos aonde vamos e o futuro muito incerto, infere o autor.
Encontramo-nos, ento, no corao do tempo-encruzilhada. Para Santos (2004), precisamos de um
pensamento alternativo para construir um outro mundo possvel. O engajamento da universidade a um
projeto de desenvolvimento que transcende governos um imperativo ditado pela circunstncia abjeta de
injustia presente e incertezas quanto ao futuro. Est em causa um projeto de nao em face de um mundo
cada vez mais excludente no qual o envolvimento de cidados comprometidos com o interesse pblico
cada vez mais vital.
Ministro da Educao do Brasil. Trabalho apresentado na Conferncia de Educao Superior, Unesco, Paris, 23-25 de
junho de2003
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Na acepo de Demo (2004), a universidade liga-se a um dos patrimnios mais decisivos e profundos da
humanidade, que a habilidade de manejar conhecimento, de um lado, e de formar novas geraes, de
outro, no s para o mercado, mas essencialmente para saberem pensar.
A atual discusso sobre desenvolvimento humano, lastreado pelo Programa das Naes Unidas para o
Desenvolvimento, (PNUD/1990/2004), coloca como ponto crucial o desafio de conhecer e aprender, porque
so as categorias que melhor expressam a autonomia das pessoas e das sociedades. A reside, para Demo,
a rebeldia que precisamos inventar na sociedade, para que possa mover-se rumo a configuraes mais
igualitrias, democrticas e humanas.
Segundo Demo (2004), ao contrrio do mercado, a universidade est amarrada, desde seu incio, a
objetivos ticos. Precisamos fazer da universidade um lugar privilegiado da formao da cidadania, porque,
de ora em diante, na sociedade intensiva de conhecimento e de trabalho cada vez mais precarizado, a
excluso maior ser, cada dia mais, excluso do conhecimento (p. 37). A universidade, para ele, e no que
concordamos, precisa estar marcada pelo compromisso com a sociedade mais igualitria, orientada pelo
bem comum (Demo, 2004, p. 39).
Santos (1995, p. 55) prope uma nova epistemologia que, ao contrrio da epistemologia moderna
(conhecimento por regulao), constitua-se num novo ponto do saber. Em outras palavras, trata-se de
produzir e disseminar um outro conhecimento para uma vida decente; ou seja, um conhecimento voltado
emancipao e solidariedade. Se os problemas so substantivos, necessitam de mudanas substantivas e
no de meras reformas parcelares, pontuais.
Na discusso do papel da universidade do sculo XXI, mister registrar que a mesma foi tardiamente
implantada em nosso pas, o que lhe valeu a alcunha de universidade tempor, conforme Luis R. Cunha,
(1987). O mais grave como registra Ansio Teixeira (1968 in Luckesi, 1998, p. 35), a universidade brasileira
no logrou constituir-se verdadeiramente como uma instituio de pesquisa e transmissora de uma cultura
comum nacional, nem logrou se tornar um centro de conscincia crtica e de pensamento criador.
A universidade sustenta Luckesi (1998), precisa efetivamente estar voltada para o homem e no a exclusivo
servio da economia polarizada pelo lucro, desvinculada do sentido do homem, escravizada tecnocracia.
Segundo ele, a universidade que se quer crtica e aberta no tem o direito de estratificar, absolutizar
qualquer conhecimento como um valor em si; ao contrrio, precisa reconhecer que toda conquista do
pensamento do homem passa a ser relativo, na medida em que se espacio-temporaliza. Assim, h sempre a
necessidade de um entendimento novo.
Para Luckesi (1998), a universidade que no toma a si a tarefa de refletir criticamente e de maneira
continuada sobre o momento histrico em que vive, sobre o projeto de sua comunidade, no est
realizando sua essncia, sua caracterstica que a especifica como tal crtica (p. 41).
De acordo com anlise de Roberto Leher (2004), as polticas de ajuste estrutural contriburam
decisivamente para inviabilizar a educao e em particular, a universidade impedindo que os governos
mantivessem as universidades entre as prioridades das polticas pblicas, contrapondo o direito aos
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estejam sensveis a modificar as regras do jogo. Uma nova Reforma da Lei, por si s, ir assegurar uma
nova ordem social?
Este artigo tem por objetivo lanar algumas provocaes em torno da problemtica da questo social latinoamericana e do papel que cabe universidade do sculo XXI e, de forma, especial, indagando como a
formao na URI contribui na formulao de um projeto de desenvolvimento regional, cumprindo sua
responsabilidade social, em vista de uma incluso social ativa de seus agentes, estudantes, futuros
profissionais, propondo, ao mesmo tempo, pistas alternativas de superao das atuais formas de excluso.
A discusso desta problemtica irei retomar e aprofundar no meu projeto de investigao de Mestrado em
Educao, Programa MINTER Unisinos/URI, enfocando e re-visitando o projeto formativo da URI, a misso,
finalidade e funo, na perspectiva da formulao de um projeto de desenvolvimento regional tendo por eixo
a emancipao social e a promoo da cidadania.
guisa de concluso e fazendo minhas as indagaes de Osrio Marques (1984, p. 294) indago sobre quem,
interna e externamente, lhe confere legitimidade. A que interesses e valores e, a interesses e valores de
quem responde a universidade? A que injunes obedece a Instituio Universitria? Quais so seus
comprometimentos? Que conscincia alimenta (a universidade) de seu lugar e seu papel no mundo mais
amplo em que se insere?
Estes pressupostos constituem o pano de fundo, a partir do qual pretendo re-discutir o papel que cabe
universidade do sculo XXI: desafios e perspectivas.
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