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Massada

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MASSADA

Massada: a ltima Fortaleza


O ano 72 d.C. estava prximo de seu fim quando um sentinela judeu, que montava guarda num
posto avanado nas montanhas, avistou uma nuvem de poeira aproximando-se no horizonte.
Ele sabia que aquilo s podia significar uma coisa: os romanos estavam chegando. Foi dado o
alarme. A ltima fortaleza da resistncia judaica despertou. A guerra havia chegado a Massada.
A fortaleza
Massada, que, provavelmente, significa "lugar seguro" ou "fortaleza", um imponente planalto
escarpado, situado no litoral sudoeste do Mar Morto. O local uma fortaleza natural, com
penhascos ngremes e terreno acidentado. Na parte leste, a face do penhasco se eleva 400
metros acima da plancie circundante. O acesso s possvel atravs de uma difcil trilha que
serpenteia pela montanha.
As vertentes norte e sul so igualmente escarpadas, mas o lado oeste um pouco mais fcil de
atingir. Ali, embora a montanha ainda se eleve a mais de 100 metros de altitude, o terreno sobe
com uma inclinao de vinte graus at cerca de 13 metros do topo. O plat de Massada tem a
forma aproximada de um losango, com cerca de 600 metros de comprimento e 300 metros na
parte mais larga.
Flvio Josefo, o famoso historiador judeu do primeiro sculo, a principal fonte de informao
sobre a histria de Massada. Embora alguns de
seus relatos e nmeros sejam muitas vezes
questionados, grande parte do que ele descreveu foi
confirmado pela arqueologia.
Massada tornou-se uma fortaleza judaica durante o
perodo dos hasmoneus (cerca de 150-76 a.C.).
Mais tarde, o rei Herodes fez ampliaes e reforou
suas defesas (37-31 a.C.). Como era de se esperar,
as reformas de Herodes foram impressionantes.
Uma dupla muralha de pedra, com 140 metros de
extenso e quase seis metros de altura em alguns
pontos, estendia-se por todo o permetro do plat.
No espao de 4 metros de largura que separava as
duas muralhas, foram construdos vrios quartos,
que eram usados para guardar armas e alojar as
tropas. A muralha tinha quatro portes e mais de
trinta torres.
Herodes tambm construiu dois palcios com todo
conforto e luxo da poca: pisos de mosaicos,
afrescos, colunatas e at uma piscina. Para garantir
a auto-suficincia de seu refgio no deserto,
Herodes mandou plantar hortalias e gros na
Herodes construiu dois palcios com todo
montanha, alm de construir enormes cisternas
conforto e luxo da poca: pisos de
mosaicos, afrescos, colunatas e at uma
escavadas na pedra para coletar gua da chuva,
piscina.
com capacidade para mais de 40 milhes de litros.
Suas despensas guardavam jarros de azeite, vinho,
farinha e frutas. Herodes tambm tinha um estoque de armas suficiente para um exrcito de
dez mil homens.
Aps a morte de Herodes, a fortaleza de Massada foi ocupada por uma guarnio romana que
ficou aquartelada ali por quase cem anos.

Os sicrios
Durante o censo de Quirino (6 d.C., cf. Lc 2.2), surgiu entre os judeus daquela regio uma
quarta filosofia ou seita (alm dos fariseus, saduceus e essnios). Josefo apontou essa seita
como responsvel pela destruio do Templo de Jerusalm, em 70 d.C. Esse partido defendia
a rebelio contra Roma e no reconhecia nenhuma autoridade, seno a divina. Seus
seguidores eram conhecidos como sicrios, do latim sica, que significa "adaga curva". Alguns
estudiosos identificam os sicrios com os zelotes.
Josefo no tinha muitas palavras boas a dizer sobre os sicrios. Ele os definiu como bandidos,
que no assassinavam s os romanos, mas matavam e saqueavam seus prprios
compatriotas, cometendo crimes brbaros e fomentando a revolta, sob uma capa de
patriotismo e ideais libertrios.
No ano de 66 d.C., um grupo desses rebeldes entrou furtivamente na fortaleza de Massada e
dizimou a guarnio romana aquartelada ali. Pouco depois, o lder dos sicrios, Manam,
chegou a Massada com seus homens, saqueou o arsenal e seguiu em direo a Jerusalm,
como lder autoproclamado da revolta contra Roma. Chegando em Jerusalm, Manam agiu
com extrema crueldade, assassinando todos os que no se submetiam sua autoridade. Sua
opresso tornou-se to insuportvel que provocou um levante num grupo de judeus de
Jerusalm que consideravam sua tirania pior que a de Roma. Nessa revolta, Manam foi preso
e executado. Muitos de seus seguidores, inclusive um parente seu chamado Eleazar ben Jair,
fugiram para Massada, onde Eleazar tornou-se lder dos sicrios.
Durante os seis anos seguintes, os sicrios de Massada demonstraram fervorosa devoo
religiosa. Entretanto, em total incoerncia com essa aparente piedade, Eleazar e seus homens
costumavam atacar as povoaes vizinhas, at mesmo as de judeus, para roubar provises. A
vila de En-Gedi, situada a cerca de 25 quilmetros ao norte de Massada, foi alvo de seu ataque
mais cruel. Os sicrios investiram contra a aldeia durante a Festa dos Pes Asmos, roubaram
todos os mantimentos, expulsaram os habitantes judeus e, segundo Josefo, mataram
setecentas pessoas.
Quando Jerusalm foi finalmente destruda pelos romanos, no ano 70 de nossa era, um
pequeno punhado de sobreviventes dirigiu-se para Massada. Na poca em que os romanos
atacaram a fortaleza na montanha, no final de 72 d.C., a populao judaica que ali vivia j
somava 967 pessoas.
O cerco
Aps a tomada de Jerusalm, os romanos comearam a operao de limpeza das reas
conquistadas. Dois baluartes judaicos remanescentes Herodion e Maqueronte foram
rapidamente esmagados. Massada foi deixada para o novo procurador, Flvio Silva.
Silva marchou em direo a Massada com a Dcima Legio e uma tropa auxiliar de milhares
de soldados, alm de milhares de prisioneiros judeus que trabalhavam como escravos,
produzindo alimentos e fornecendo gua para o exrcito.
Ao chegar base da fortaleza de Massada, Silva comeou a elaborar uma estratgia para
enfrentar o desanimador desafio que se erguia sua frente. Aps avaliar a situao, ele
decidiu, primeiramente, construir oito acampamentos de base em torno da fortaleza. Um deles
foi colocado na montanha que dava vista para Massada, no lado sul. O local era um timo
posto de observao, permitindo acompanhar as atividades dos sicrios. O quartel-general de
Silva estava localizado num dos acampamentos maiores, a noroeste da fortaleza.
O primeiro objetivo de Silva era impedir que os sicrios escapassem. Para isso, construiu uma
muralha de trs quilmetros de extenso e quase dois metros de espessura, circundando toda
a montanha.

O segundo objetivo de Silva era transpor a muralha defensiva no alto da montanha e penetrar
na fortaleza. Ele sabia que um cerco prolongado estava fora de questo, pois Massada tinha
uma abundante reserva de provises. Ento, decidiu
construir uma rampa de assalto sobre a elevao
natural na encosta oeste de Massada. Esse feito
no foi nada desprezvel. As tropas de Silva levaram
grande quantidade de terra e pedras para o local, e
usaram vigas de madeira de tamargueira, com 60
centmetros a 1 metro de comprimento, para escorar
a pilha de entulho. Com esse material, construram
um plano inclinado que deve ter tido uns 160 metros
de comprimento, 15 metros de largura e 8 metros de
profundidade.[1]
O general Silva decidiu construir uma

rampa de assalto sobre a elevao natural


Mas os sicrios sabiam muito bem quais eram as
na encosta oeste de Massada, um plano
intenes dos romanos, e no ficaram assistindo de inclinado que deve ter tido uns 160 metros
braos cruzados. Enquanto os romanos tentavam
de comprimento, 15 metros de largura e 8
metros de profundidade, e que ainda hoje
construir sua rampa, os judeus juntavam grandes
pode ser visto.
pedras, pesando uns 50 quilogramas cada uma, e
as mandavam rolando morro abaixo. Alm disso,
outros sicrios arremessavam pedras menores com suas fundas.

Mas a resistncia foi em vo. O plano inclinado foi concludo e as enormes mquinas de guerra
dos romanos entraram em ao. Uma dessas torres tinha entre 20 e 30 metros de altura, e, l
de cima, os romanos lanavam uma chuva de setas e pedras sobre os atarantados rebeldes.
A torre tambm tinha um poderoso arete, composto de uma enorme tora de madeira com uma
ponta de ferro no formato de cabea de carneiro. A tora era suspensa por cordas, dentro da
mquina de guerra. Os soldados empurravam a mquina at perto da muralha ou dos portes
e, ao chegarem a uma distncia suficiente, puxavam a tora para trs e depois a empurravam
para a frente com toda a fora. Josefo comentou que nenhuma muralha ou torre conseguia
resistir violncia desses golpes.
Sabendo disso, os sicrios usaram um sistema engenhoso para reforar a muralha exterior.
Usando as vigas dos telhados de 90 por cento das construes de Massada, eles construram
uma muralha de madeira por dentro da muralha de pedra e encheram de terra o espao entre
as duas. A muralha interna "deveria ter entre 20 e 25 metros de extenso, cerca de 18 metros
de espessura e 7 a 8 metros de altura".[2] Aparentemente, o arete tinha pouco efeito sobre
este tipo de muralha, exceto o de compactar ainda mais a terra, a cada novo golpe. Mas o
sucesso da nova muralha de madeira no durou muito, pois ela tinha uma grande fraqueza:
podia ser queimada.
Silva ordenou que suas tropas lanassem tochas flamejantes sobre a muralha, e, em pouco
tempo, ela estava em chamas. Quando um vento vindo do norte soprou as chamas de volta na
direo dos romanos, os judeus cercados sentiram a esperana renascer. Mas os ventos
mudaram outra vez, levando as chamas novamente para a muralha. Enquanto suas defesas
queimavam rapidamente, os sicrios perceberam que o fim estava prximo.
O suicdio
Em vez de investirem para a matana, os legionrios voltaram a seus acampamentos para
passar a noite, preparando-se para desferir o ataque final pela manh. Porm, durante a noite,
Eleazar ben Jair convenceu seus compatriotas, embora com certa dificuldade, de que era
melhor morrerem livres do que sofrerem a tortura que certamente estaria reservada para eles e
suas famlias, nas mos dos romanos. O suicdio coletivo era prefervel escravido. Com
grande tristeza, cada chefe de famlia matou sua mulher e seus filhos. Em seguida, foram
sorteados dez homens para matar os restantes. Desses, um foi selecionado para matar os
outros nove, incendiar o palcio onde todos haviam tombado e, depois, suicidar-se.

Com o raiar do sol, as tropas romanas precipitaram-se pelas fendas da muralha, preparadas
para entrar em combate contra a resistncia, mas tudo o que encontraram foi o silncio.
Intrigados, os soldados gritaram para atrair os guerreiros. Em vez disso, viram surgir das
sombras duas mulheres e cinco crianas, que haviam escapado do massacre da noite anterior
escondendo-se em cavernas subterrneas. Os sobreviventes contaram aos romanos o que os
sicrios tinham feito, mas eles s acreditaram quando entraram no palcio incendiado e
contemplaram o monte de cadveres.
As mortes ocorreram no dcimo quinto dia do ms de nis, segundo o calendrio judaico, no
primeiro dia da Festa dos Pes Asmos do ano de 73 d.C.[3]
Atualmente, o moderno Estado de Israel a nica verdadeira democracia do Oriente Mdio
homenageia Massada, no necessariamente por seus defensores, mas por seus ideais. As
palavras do hino nacional israelense expressam o anseio do corao de todo judeu, desde que
os romanos romperam as defesas de Massada: "Viver em liberdade na terra de Sio e
Jerusalm". (Bruce Scott - Israel My Glory - http://www.beth-shalom.com.br)
Bruce Scott representante de The Friends of Israel em New Hope/MN (EUA).
Notas:
1. Dan Gill, "Its a Natural: Masada Ramp Was Not a Roman Engineering Miracle", Biblical
Archaeology Review 27, no. 4 (2001): 30.
2. Ehud Netzer, "The Last Days and Hours at Masada", Biblical Archaeological Review 17,
no. 6 (1991): 23.
3. Alguns acreditam que essa data tradicional est errada e que a data correta 74 d.C.
Veja Hershel Shanks, "Masada: The Yigael Yadin Excavations 1963-1965, Final
Reports", Biblical Archaeology Review 23, no. 1 (1997): 62; Shaye J. D. Cohen,
"Masada: Literary Tradition, Archaeological Remains, and the Credibility of Josephus",
Journal of Jewish Studies 23 (Primavera-Outono 1982): 401; The New Encyclopedia of
Archaeological Excavations in the Holy Land, 1993, sub verbum "Masada".
Publicado anteriormente na revista Notcias de Israel, outubro de 2004.

Palestina - A fortaleza de Massada


Marcelo Conceio Arajo e Antnio Silva Neto

O domnio romano sobre a Palestina que data-se do ano 63 a. C, no foi aceito de forma
passiva. Algumas rebelies foram surgindo ao longo do processo, entretanto, todas
foram debeladas pelos romanos e suas foras de ocupao. A resistncia judaica ao
domnio romano s assumiu uma forma mais universal no ano de 66 d. C., tornando-se
uma guerra de grandes escalas, que foi sufocada no ano 70, aps um longo cerco a
Jerusalm. O saldo final foi a destruio completa da cidade e do Templo de Herodes e,
por conseguinte, a deportao de grande parte da populao.
De todo esse conflito, positivo para os romanos, restou ainda um foco de resistncia
judaico na fortaleza de Massada, que fora tomada no ano 66 d. C. por um grupo de
zelotas,[1] persistindo at o ano 73[2].

1 - Localizao geogrfica
Massada est localizada na margem leste do deserto de Jud, cortando mais de mil e
trezentos ps (396, 24 m) da costa oeste do Mar Morto. Sua conformao parece um
tosco rombide[3], como um navio de norte muito estreito, com o sul um pouco menos
e o meio largo. De norte a sul a rocha mede uns 1900 ps (579,12 m) e, de leste a oeste,
650 ps (198,12 m).
Salvo o extremo norte, toda a rocha estava cercada por uma muralha de parede dupla
dividida em casamatas[4]. As construes se concentravam na metade norte do cimo,
enquanto a parte sul, mais baixa, carecia de edificaes. Observando a formao geral
da rocha, esquerda se v a trilha da serpente e a rampa (do assalto romano) direita.
Na margem oeste observa-se, em primeiro plano o palcio de degraus e sobre este temse o ncleo principal de edificaes (armazns e outras estruturas). Ao centro e direita
da margem oeste de Massada encontramos o maior edifcio. As edificaes menores se
distribuam aproveitando a topografia irregular do terreno.

2 - Histrico
Quanto aos primeiros ocupantes de Massada, ainda algo obscuro. Para Flvio Josefo,
o seu grande construtor foi Herodes, todavia antes dele havia passado por ali, o Sumo
Sacerdote Yonathan, que alguns identificam com Judas Macabeu (metade do sculo II a.
C.) e, outros, com Alexandre Janeu (103-73 a. C.).
Todos concordam com Josefo, de que as principais edificaes foram obras do gnio de
Herodes[5], mas nunca chegaram a um acordo quanto a sua funo: refgio em caso de
revoltas[6] ou domnio estrangeiro, ou obra incorporada defesa geral do reino.
Outra dvida que pairava antes das escavaes, era quanto ao perodo dos zelotas.
Flvio Josefo afirmara que aps a morte de Herodes, a fortaleza havia sido ocupada por
uma guarnio romana, posteriormente expulsa em 66 por Menam e seus sequazes,
cedendo lugar a um grupo de zelotas. Em 73, aps derrotar os zelotas, Silva deixou a
estabelecida outra guarnio. Aps o domnio romano, Massada passou por um perodo
de desocupao, tornando-se, mais tarde, morada de monges bizantinos entre os sculos
V e VI, depois do qual nunca mais foi ocupada sistematicamente.

Impresses gerais
A vista de Massada a oeste, permite ver o norte com seus trs terraos e direita o
profundo Wadi Massada. Por essa via possvel avistar a direita os restos do ambicioso
projeto de Herodes para a conduo de gua: duas filas de buracos escuros,
correspondentes s bocas de imensas cisternas cavadas na rocha, com capacidade para
140.000 ps cbicos de gua (42.672 m) cada, chegando a um montante de
aproximadamente 1.400.000 (426.720 m). O projeto baseava-se na existncia de

pequenos vaus, nos quais foram construdos diques, sobre os quais foram instalados
canais abertos para as duas sries de cisternas: do vau sul at a fila superior, e o segundo
aqueduto, do vau norte at a fila interior. As cisternas na parte superior da rocha de
Massada eram abastecidas de gua pelo trabalho de milhares de escravos e de bestas de
carga. Mesmo sendo uma regio muito seca, esse sistema de abastecimento conseguia
captar a gua dos temporais de inverno, bastando algumas horas para encher as
cisternas.[7]

3 - As construes
a. Terrao inferior: A rocha de Massada afila-se ao norte, atingindo poucos metros de
largura, ali onde estava localizado o terrao inferior, para cuja construo necessitou-se
de uma plataforma artificial e de um muro de conteno de uns oitenta ps (24,38m). A
foram encontradas peas importantes do palcio e pinturas murais no estilo romano.
A parte inferior das paredes (internas e externas) era revestida de gesso imitao de
mrmore. Toda a construo era sustentada por pilares compostos de blocos de pedras
superpostos com aparncia de colunas monolticas, coroadas com capitis corntios,
pintados e recobertos de ouro. Aps a eliminao dos escombros, descobriu-se tambm
uma casa de banhos privada, cujo luxo e arquitetura remontam a mais refinada tradio
romana.[8] Nas escadas que davam acesso piscina de gua fria , foram encontrados
trs esqueletos: de um homem de cerca de 20 anos, de uma mulher jovem e de uma
criana[9], possivelmente restos de alguns dos defensores de Massada.
b. Terrao central: Apresentava muros concntricos com espessas paredes niveladas e a
presena de pilares quadrangulares separados por nichos. Era uma construo fechada,
em cuja parte anterior dos lados leste e oeste havia habitaes e no sul, pilastras de
sustentao do teto. A parte circular e seu vazio central serviam para melhor distribuio
do peso e sustentao da cobertura. Na parte inferior, mais ao sul, havia pinturas murais.
O acesso a ele era feito por uma escada ao Sudoeste.
c. Terrao superior: Subdividia-se em duas partes: a do norte de forma semi-circular
com paredes duplas, como o terrao central e, a parte sul, com habitaes do perodo
bizantino (sculo V). Na poca de Herodes parece ter havido apenas 4 habitaes e
vrios corredores. As decoraes a encontradas, eram mais suntuosas que a dos
anteriores, com pisos em mosaico[10] e paredes e teto fartamente decorados. Com a
retirada da terra chegou-se a uma parede branca em timo estado de conservao e
blocos que indicavam que a tambm houve pilares compostos de diversas pedras.[11] A
entrada original do palcio ficava a leste. Nas escadarias foram encontrados restos
arquitetnicos adicionais: capitis jnicos e restos de uma pequena casa de banho, cuja
construo fora interrompida, dificultando sua datao. Embora, as escavaes revelem
a preciso de Flvio Josefo, esse no era o palcio oficial rei.
d. Casa de banho: Grande construo ao sul do terrao superior e a oeste dos armazns,
com paredes recobertas de gesso, nas quais havia tubulao condutora de calor
(caldarium) e, sob o cho, estavam pilares que compunham o hipocausto que aquecia o
caldarium. O ar quente era conduzido por tubos que se comunicavam com um forno
adjacente ao caldarium. Em sua parte norte, havia uma banheira de quartzo, num nicho

semicircular, abastecida de gua fria e no outro lado uma banheira para banho quente.
No complexo, a construo menor e mais simples correspondia ao frigidarium, piscina
de gua fria. Entre o caldarium e o frigidarium estava o tepidarium de temperatura
ambiente, mais luxuoso. O vesturio (apoditerium) era tambm decorado luxuosamente.
A entrada consistia num amplo ptio, cujo solo de mosaico branco e preto era igual ao
do terrao superior.
e. Armazns: Porta noroeste, ao sul da vila palcio. Eram estruturas retangulares, que
serviam para estocar alimentos por muito tempo.[12] As construes seguiam os
padres arquitetnicos da poca, sendo compostas por dois blocos principais (sul e
leste), cujas paredes chegavam a uma altura original de aproximadamente 11 ps (3,35
m). Foram encontradas a centenas de recipientes quebrados, muitos dos quais tinham as
inscries T (do hebraico truma: merecimentos dos sacerdotes) e maaser kohen (dzimo
sacerdotal). Foram achadas tambm, cerca de cem moedas dos 2 e 3 anos da revolta e
fragmentos de estanho e outros metais.
f. Conjunto residencial: Ao lado sul dos armazns, encontramos um edifcio quadrado
com uma boa quantidade de quartos. As unidades de vivenda se compunham de uma
grande estncia, um ptio fechado e pequenas habitaes adjacentes. Sob o piso original
foi encontrado um monte de moedas (siclo e meio siclo) e sob a camada de cinzas,
numa caixa de bronze, foram encontradas pela primeira vez moedas de siclos (seis
siclos e seis meio siclos), que retratavam todos os anos da revolta
g. Capela bizantina: Ao sul desse edifcio residencial, encontramos uma capela da poca
crist em estilo bizantino, composta de uma grande sala, cujas paredes ainda sustinham
adornos originais. No lado noroeste do grande salo, encontrava-se uma habitao para
os guardies do templo, na qual foram encontrados armrios e recipientes para ablues.
O achado mais importante, no entanto, foi um mosaico bizantino (sculo V) revestindo
o piso na margem norte da construo.[13]
h. Palcio real: Estava no extremo oeste da rocha, atingindo uma rea de 36.000 ps
(10.972,8m). Compunha-se de trs alas principais: Parte habitvel, a sudoeste, com
grandes estncias e pequenos quartos em torno de um ptio. Foram encontrados a
vestgios do trono e de uma casa de banho privada. Ao norte, havia uma ala de servio
semelhante anterior. Finalmente, na parte oeste, encontram-se armazns e a parte
administrativa. Os primeiros davam a esse subconjunto de construes independncia
em relao s outras partes. Seu sistema de abastecimento de gua era independente dos
demais. Prximas ao palcio havia vivendas (2 ao norte e 1 ao sul).
h. Columbrio: Na parte sul do cume, observa-se uma estrutura circular dividida por
duas paredes com orifcios e um espao central, semelhana de um columbrio. Com
efeito, provvel que a fossem encerrados os restos das incineraes dos membros no
judeus da corte.
i. Muralha de casamatas: Cobria todo o cume estava cercado, exceto o norte, e entre
suas parede haviam tabiques, que serviam de armazns e vivendas para as tropas. Eram
cerca de 110 estncias, que no tempo da revolta foram ampliadas para abrigar os
rebeldes. No lado do Caminho da Serpente, foram encontradas pedras redondas (45,3
kg) para serem lanadas nos inimigos, das quais nenhuma fora lanada.

j. Banho ritual (ao sul da muralha): Srie de 3 piscinas (grande, mdia e pequena). As
duas maiores eram escalonadas e se comunicavam por tubulaes. Essa estrutura
correspondia a um mikave, banho ritual de imerso do perodo do segundo templo. A
primeira piscina recolhia a gua da chuva e, a segunda, servia para o banho, tendo suas
guas purificadas pela gua que jorrava da primeira atravs do tubo de comunicao. A
piscina menor no comunicava com as outras e servia para limpeza, ou seja, purificao
das mos e dos ps (medidas rituais).
k. Sinagoga: No setor noroeste da muralha, havia restos de uma sinagoga com bancos
recobertos de argila e pilares em sees. Era uma construo retangular com bancos em
fila ao redor das paredes, com um vo a oeste e, tendo ao centro trs pilares ao sul e 2 ao
norte. A foram encontradas moedas da poca da revoluo, um straco com a inscrio
dzimo dos sacerdotes (levitas), inscries com o nome do sacerdote Hezekiah.
l. Esqueletos: Restos de esqueletos de 14 homens entre 22 a 26 anos ( um de mais de
60), seis de mulheres de 15 a 25 anos e 12 crianas (inclusive de um feto), foram
encontrados na menor cova do extremo sul da muralha.
No quadro abaixo, sintetizamos as descobertas dos fragmentos escritos encontrados em
Massada:
Local

Objeto

Muralha (habitao 1039)

Frag. dos Salmos 81-85 Frag. do Levtico

Rinco Sudoeste

Cntico do Sacrifcio Sabtico (Qumram)Frag. do 6

Setor Leste ao N do C. da
Serpente

Frag. em pele branca do Salmo 150

Muralha (habitao 1109)

Frag. em Hebraico de Ben Sir

Torre da Muralha: oeste do


Palcio oeste

Livro dos jubileus

Oeste do Ptio

Frag. de Lv 8-12

Sinagoga (Geniz)

Frag. captulos finais de Deuteronmio e extratos do


cap.37 de Ezequiel

Perodos de ocupao de Massada:


PERODO

DATA

ACHADOS

Calcoltico

Milnio4

Covas nos acantilados

Primeiro Tempo

Do sculo X ao
Fragmentos de cermica disseminados
VII (a. C.)

Asmoneu

De 103 a 40 (a.
Moedas de Alexandre Janeu
C.)

Herodes, o Grande

De 40 (a. C) a 4

Dinastia de Herodes e de 4 a 66

Fortaleza, palcios, armazns, casa de banhos,


cisternas, moedas.
Centenas de moedas, adies aos edifcios.

os procuradores
A Grande Rebelio

de 66 a 73

Vivendas, banhos rituais, sinagoga, rolo de


pergaminho, ostracos, moedas e objetos de uso
dirio.

Depois da Rebelio

sculos V e VI

Moedas da guarnio romana, alguns edifcios


adicionais.

Bizantino.

Capela, celas dos monges

Bibliografia
FITTIPALDI, Mrio, Selees de Flvio Josefo, So Paulo, Edamris, 1974, 319p.
JOSEFO, Flvio, Histria dos hebreus, Rio de Janeiro, Casa Publicadora das
Assemblias de Deus, 1992, 1 edio, 782p.
NOTH, Martin, Historia de Israel, Barcelona, Ediciones Garriga, 1966, 429p.
YADIM, Yigael, Masada, Barcelona, Ediciones Destino, 1986, 3 edio, 271p.

Notas
[1] Pouco tempo depois alguns, mais proclives guerra, atacaram de surpresa a
fortaleza de Massada, degolaram toda a guarnio romana e l puseram uma, da sua
nao. Veja em JOSEFO, Flvio. Histria dos hebreus, Rio de Janeiro, Casa
Publicadora da Assemblia de Deus, 1992.
[2] Diante da derrota iminente, os revoltosos optaram por um suicdio coletivo. Confira
Selees de Flvio Josefo, So Paulo, Edameris, 1974, p.317-319.
[3] Rombide, no Aurlio: quadriltero de ngulos no retos, de lados opostos iguais e
lados contguos diferentes; paralelogramo.
[4] Segundo o Aurlio, casamata (do italiano casamatta) significa 1. abrigo subterrneo
abobadado e blindado, 2. priso subterrnea, 3. fortaleza. Abrigo subterrneo de grossas
paredes, para instalao de baterias ou proteo de materiais e pessoas.
[5] Para sua convenincia pessoal fez construir uma srie de fortalezas, especialmente
em certos lugares quase inacessveis do deserto de Jud e do Mar Morto. A construo
mais impressionante por sua altura e suas escarpas, na orelha ocidental do mar Morto,
quase em frente Pennsula de el-Lisan. Na superfcie plana de cima da rocha, fez
construir um palcio enorme, provido de amplos armazns. Veja em NOTH, Martin.
Historia de Israel, Barcelona, Edicciones Garriga, s/d, p.369.
[6] Herodes era o nico adversrio que lhe restava a Antgono. Quando Hircano e
Fasael foram capturados pelos partos, pde reunir a sua famlia e de seus irmos,

refugiando-se com eles nos riscos quase inacessveis de Massada, na orelha ocidental do
Mar Morto ... (Martin Noth, p.365).
[7] Com relao fertilidade da terra, Flvio Josefo diz: O rei (Herodes) reservou o
cimo da colina, que era de solo mais rico e de melhor terra de cultivo que qualquer vale,
para a agricultura, para que aqueles que se refugiassem nesta fortaleza no se vissem
privados de alimentos em caso de alguma vez necessitarem receb-los de fora. Citado
por Yigael YADIN, Masada, Barcelona, Ediciones Destino, 1986, p.35.
[8] Sob uma grossa camada de cinzas foram encontrados pinturas murais, restos de
comida (tmaras, caroos de azeitonas etc) e algumas moedas do tempo da revolta, com
a inscrio: A liberdade de Sio.
[9] Ao descrever os ltimos momentos Flvio Josefo disse: e aquele que foi o ltimo
de todos, observou ao demais, por se qui algum dos muitos que assim se haviam
sacrificado desejasse sua ajuda para terminar completamente; quando se assegurou de
que todos estavam mortos ps fogo no palcio e, com toda fora de sua mo, se
traspassou completamente com sua espada e caiu morto junto a sua prpria famlia
(p.54).
[10] Em uma delas (habitaes) nos encontramos com um piso de mosaico branco
formando um desenho geomtrico com hexgonos negros. Este mosaico, como muito
outros da mesma matria de tempos de Herodes, figura entre os mais antigos
descobertos no pais (confira Yigael YADIN, Masada. p.63).
[11] As pedras eram enumeradas pelos construtores de Herodes com letras hebraicas,
pleo-hebraicas, latinas e smbolos geomtricos, que facilitavam seu encaixe na hora da
montagem dos mesmos.
[12] Enquanto as provises se achavam dentro da fortaleza, era ainda mais
maravilhoso, tendo em conta sua riqueza e sua dilatada conservao; porque aqui se
guardava gro em grandes quantidades, para proporcional alimento durante muito
tempo; aqui tambm se encontravam vinho e azeite em abundncia com toda classe de
legumes e tmaras amontados; tudo isto o encontrou ali Eleazar, quando ele e seus
sicrios se apoderaram da fortaleza traio. Estes frutos se achavam frescos e bem
maduros, e de nenhuma maneira inferiores a frutos recentemente armazenados, mesmo
que houvesse transcorrido pouco menos de cem anos desde que foram guardados. At
que foi tomada a fortaleza pelos romanos. Inclusive, ento, aqueles frutos que haviam
restado no se haviam corrompido em todo esse tempo: e no nos equivocaremos ao
supor que o ar foi a causa de que duraram tanto, dado que esta fortaleza esto to alta e
livre, por isso, de toda partcula de terra. Encontraram-se aqui tambm grande
quantidade de armas de todas classes, que havia guardado aquele rei como tesouros, e
eram suficientes para dez mil homens; havia de ferro fundido, de cobre e de estanho, o
que demonstrava que se havia preocupado de ter as coisas listadas para as grandes
ocasies (citado por YADIN, Yigael. Masada. p.87).
[13] Seu desenho consiste numa srie de medalhes redondos, em cada um dos quais
h representaes de frutas e plantas, tais como roms, figos, laranjas e uvas (YADIM,
Yigael. Masada, p112).

Projeto de Pesquisa Arqueologia do Antigo Oriente


Universidade Metodista de So Paulo

MASSADA
"E [Herodes, o Grande] construiu uma parede de pedra branca nos
arredores da parte superior do monte..., e sobre a muralha construiu trinta
e sete torres." (Flvio Josefo)
Massada (em hebraico, "fortaleza"), foi eregida por Herodes, o Grande, no
ano 36 a.C. e tornou-se o palco de uma das mais trgicas e memorveis
batalhas pela independncia do povo judeu contra o imperialismo romano.
Sua queda, no ano 73 da Era Crist, marcou o fim da independncia judia,
somente recuperada dezenove sculos depois, no ano de 1948.
Trata-se, na
realidade, de uma
fortificao
eregida no alto de
uma imensa rocha,
cuja plancie
superior tem
cerca de 8
hectares (80.000
m2). A muralha
exterior, segundo
Josefo, tinha sete
estdios (1.260 m)
de comprimento
por doze cvados
(5,40 m) de altura

e oito cvados
(4,00 m) de
largura.
Segundo a tradio, foi Jonas Macabeu o primeiro a construir uma fortaleza
em Massada. Herodes instalou-se no lugar no ano 42 a.C. A construo da
muralha e de um palcio na esquina noroeste foram suas primeiras obras.

Vista area da Fortaleza de Massada, edificada sobre um planalto


rochoso

Por isso, mandou escavar enormes


cavernas na rocha (foto ao lado),
para serem utilizadas como
reservatrio das guas recolhidas
na estao chuvosa. Essas
cisternas foram interligadas por
aqueodutos e canalizaes que
supriam o abastecimento dos
habitantes da fortaleza, como
Cisternas cavadas na
tambm das salas de banho.
rocha

Diz-se que Herodes


preparou essa
fortificao para
tempos difceis,
como forma de
prevenir-se contra
os dois grandes
temores que
sempre assaltaram
seu reinado:
primeiro, as
constantes
ameaas de
rebelio e tomada
do trono pelos
prprios judeus;
segundo, o
crescente poderio
de sua vizinha do
sul, a rainha
Clepatra, do Egito.

Salas de banho

Aps a morte de Herodes, Massada foi entregue ao seu filho Aquelau, que

instalou ali um regimento romano, que se manteve no local dos anos 6 ao 66


d.C.
Um grupo de zelotes ocupou a fortaleza, de surpresa, no incio da Grande
Revolta. A organizao desse grupo armado viabilizou uma srie de lutas
internas em Jerusalm, sob a liderana de um certo Menajem.
Com a morte desse lder, e a conquista e destruio de Jerusalm pelos
romanos (ano 70 d.C), seu neto Eliezer Ben Iar instalou-se com um grupo de
patriotas na fortaleza de Massada, determinados a continuar a desesperada
luta pela liberdade do seu povo.
Esse ltimo reduto da resistncia foi motivo de forte ataque dos legionrios
romanos, sob as ordens do lugar tenente de Tito, Flavius Silva, que tomaram
e incendiaram o lugar.
Flvio Josefo descreve assim o herico
eplogo de Massada:

"Quando a muralha interior ardeu,


Eliezer convocou seus homens e instou
para que morresssem por suas prprias
mos, antes que cassem em mos
inimigas... sortearam dez de entre si
para que matassem aos demais, os quais
se reuniram com suas mulheres e filhos,
abraando-os e oferecendo seus
pescoos queles a quem o azar havia
escolhido para executar to terrvel
misso. E, quando haviam, sem medo,
matado o resto, fizeram outro sorteio,
para eles mesmos: um mataria aos
outros nove e depois tiraria sua prpria
Terrao inferior do Palcio Norte
vida..."
"Que nossas mulheres morram sem haver sido manchadas;
que nossos filhos morram sem haver conhecido a escravido! ... perecemos,
no por desejar;
mas porque, desde o princpio, optamos pela morte antes de sermos feitos
escravos."
(Trecho do discurso de Eliezer Ben Iar, aos seus liderados, antes do suicdio em massa).

Massada tem sido, e sempre ser um smbolo da resistncia do povo


judeu, do seu profundo desejo de viver paz na Terra de Israel...
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