Geoquimica Do Petroleo
Geoquimica Do Petroleo
Geoquimica Do Petroleo
Geoqumica do Petrleo
Joo Graciano Mendona Filho
graciano@geologia.ufrj.br
Laboratrio de Geoqumica do Petrleo & Ambiental (LAGEPA)
Laboratrio de Palinofcies & Fcies Orgnica (LAFO)
Departamento de Geologia (DEGL)
Instituto de Geocincias (IGEO)
Centro de Cincias atemticas e da Natureza (CCMN)
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Exemplos de Isoparafinas
Hidrocarbonetos Insaturados:
Os compostos apresentados at o momento so denominados saturados, uma vez que as
quatro ligaes formadas por cada tomo de carbono esto relacionadas com quatro tomos,
isto , um tomo est sempre ligado a outro por meio de uma ligao covalente simples.
possvel, entretanto, que um tomo de carbono esteja ligado a outros, por meio de ligaes
duplas ou triplas. Os compostos que possuem tais tipos de ligaes denominam-se insaturados.
Os hidrocarbonetos insaturados constituem um grupo extremamente reativo e, embora sejam
biologicamente metabolizados em grande quantidade, dificilmente so preservados na natureza.
Sua importncia reside em serem precursores de compostos saturados (parafnicos) e
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Hidrocarbonetos Aromticos:
Os hidrocarbonetos aromticos so constitudos por ligaes duplas e simples que se
alternam em anis com seis tomos de carbono. O mais simples composto deste tipo de
hidrocarbonetos o benzeno. Diversamente dos compostos com duplas ligaes, o benzeno
tem considervel estabilidade, dificilmente saturando suas ligaes qumicas. Devido ao seu
pronunciado odor, o benzeno e os compostos de estrutura semelhante foram inicialmente
chamados aromticos, denominao pela qual so at hoje conhecidos. Os anis aromticos
podem juntar-se a outros, formando os hidrocarbonetos polinucleares, a anis saturados,
formando os hidrocarbonetos cicloaromticos, ou a cadeias saturadas ou no, originando os
hidrocarbonetos alquiloaromticos. Os compostos aromticos tm teor mais baixo de
hidrognio, quando comparados s parafinas normais e s parafinas cclicas (naftnicos).
Compostos Heteroatmicos:
Os compostos orgnicos que contem outros elementos, alm de carbono e hidrognio, so
chamados heteroatmicos. Os compostos heteroatmicos de interesse na Geoqumica de
Petrleo so os que contm um ou mais tomos de nitrognio, enxofre e oxignio; da a
designao comum desses compostos como "NSO" (Polares). Os heterotomos ligam-se aos
tomos de carbono e hidrogenio, formando grupamentos estruturais definidos que reagem
sempre do mesmo modo e caracterizam as propriedades dos compostos orgnicos que os
contm. Estes grupamentos estruturais so denominados "funes qumicas" ou "grupos
funcionais". Entre os compostos oxigenados, devem-se ressaltar os lipdios, de grande
importncia para a formao de hidrocarbonetos. So molculas constitudas principalmente de
grandes cadeias hidrocarbnicas, que contm um ou mais grupamentos oxigenados. So os
principais constituintes das ceras e gorduras, agrupando-se em mono-, di- e triglicerdios. Muito
compostos contm mais de um grupo funcional e mais de um heterotomo. Dentre estes, so
Origem Csmica:
Snteses Inorgnicas:
Mendeleiev (in Louis, 1967): fez a reao de carbonetos metlicos com gua produzindo
xido de ferro e hidrocarbonetos.
2FeC + 3H2O = Fe2O3 + C2H6
Fichtel (sculo XVIII, in Louis, 1967): Evaporao da gua do mar: origem a partir de
substncias dissolvidas na gua do mar. Nesta teoria, tanto sal como petrleo provinha
de evaporao da gua de mares primitivos.
Macquer (1758): o petrleo poderia ser produzido apartir de leos vegetais e cidos
minerais.
(glicose)
absorvente de luz). A molcula de clorofila absorve energia luminosa, a qual vai elevar eltrons
um nvel superior de energia. Este ganho de energia transmitido a outras molculas.
Produtividade Biolgica Primria:
A produtividade biolgica primria manifestada de modo abundante em ambientes
aquticos modernos devido produo de carbono fotossinttico que pode ser qualificada e
correlacionada com outras variveis fsico-qumicas e biolgicas. A produtividade biolgica de
ambientes aquticos, especialmente ambientes marinhos, de grande importncia para a
formao de rochas potencialmente geradoras de petrleo. J a produtividade orgnica de
ambientes terrestres (vegetais superiores) apresenta um maior significado na formao de
carvo.
A produtividade primria de matria orgnica em ambientes aquticos no presente est
igualada a dos ambientes areos/sub-areos, devido ocorrncia generalizada de vegetais
terrestres, no entanto a chance de preservao da matria orgnica em ambientes
subaquticos maior. Em ambientes areos/sub-areos, o livre acesso do ar atmosfrico (com
26% de oxignio livre), juntamente com a presena de umidade, alm de permitir o
crescimento e a ao de bactrias, ocorrendo assim a decomposio e destruio da matria
orgnica, promove tambm sua degradao por oxidao.
Em ambientes subaquticos, a deposio de sedimentos de granulao fina limita o acesso
do oxignio molecular dissolvido. Assim, a atividade de bactrias aerbicas cessa quando a
quantidade limitada de oxignio armazenado nos sedimentos exaurida. Na prtica a matria
orgnica somente pode ser preservada e fossilizada em sedimentos subaquticos.
A produtividade biolgica no ambiente marinho controlada principalmente pela luz,
temperatura e composio qumica da gua do mar, essencialmente, no que se refere a
nutrientes minerais, tais como fosfatos e nitratos, levando-se em considerao, ainda, a
fisiografia dos oceanos, a morfologia das bacias e correntes ocenicas e a mistura de diferentes
corpos dgua. Quase toda matria orgnica dos oceanos produzida por algas unicelulares
atravs da fotossntese.
A principal fonte de matria orgnica aqutica o fitoplncton, constitudo por algas
unicelulares habitantes da chamada zona euftica, como algas diatomceas e os dinoflagelados.
O fator condicionante de maior peso na produtividade do fitoplncton, juntamente com a luz
solar, a disponibilidade de nutrientes (nitratos e fosfatos), que se tornam escassos na zona
euftica (a concentrao de nutrientes, sob a forma de sais dissolvidos, em geral muito baixa
nas guas superficiais, pois a atividade biolgica, a desenvolvida, muito intensa). A maior
parte da produo biolgica est concentrada nos 60 a 80 metros superiores da coluna dgua.
J a produtividade em ambientes terrestres continentais controlada por fatores como luz,
temperatura, umidade, etc., devendo-se levar em considerao a tectnica e a paleogeografia
da regio em que se desenvolve.
Balano do Carbono Orgnico durante a histria da Terra:
A produo orgnica primria expressa em Carbono Orgnico (Corg). Para se fazer o
balano do Corg usado na fotossntese durante a histria da Terra seria necessrio somar todo o
Corg presente em guas como nos sedimentos. A quantidade total estimada de Corg e grafite,
que anteriormente representavam o Corg sedimentar, so de 6,4 x 1015 ton (Welte, 1970). A
maior parte do Corg da Terra 5,0 x 1015 ton est concentrado nas rochas sedimentares. Estimase que desse carbono, 18% estejam sob a forma de compostos orgnicos e 82% sob a forma
de carbonatos. Somente uma parte do Corg da Terra se encontra nos organismos vivos ou em
soluo. A parte restante 1,4 x 1015 ton, principalmente sob a forma de grafite e metantracito,
encontra-se fixada nas rochas metamrficas de origem sedimentar. Processo de transformao
e/ou acumulao da matria orgnica (Corg) consiste numa constante troca entre a Atmosfera,
Litosfera e a Hidrosfera.
Estima-se que a preservao global de Corg durante a histria da Terra seja de 0,1% de sua
produo. Esta tambm a proporo de preservao atual de matria orgnica nos
sedimentos. A proporo restante reciclada principalmente na Zona euftica dos oceanos.
Existe uma relao entre Corg e Ccarbontico. O CO2 atmosfrico est em constante troca com o
CO2 da hidrosfera. Em ambientes aquticos, carbonatos podem ser precipitados ou depositados
por organismos (conchas, esqueletos, etc.) para formar sedimentos carbonticos. Por outro
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lado, rochas carbonticas podem ser dissolvidas para contribuir para o equilbrio da reao
entre CO-2, HCO3- e CO2 na gua.
Matria orgnica primria formada diretamente do reservatrio atmosfrico por vegetais
terrestres, ou fotossntese de organismos marinhos atravs do CO2 dissolvido na hidrosfera.
Matria Orgnica marinha e terrestre grandemente oxidada (destruda por oxidao). Assim,
CO2 retorna para uma re-circulao no sistema.
(CH2O) + O2 --------- CO2 + H2O
6(CH2O) + 4NO3 --------- 6CO2 + 6H2O + 2N2
2(CH2O) + SO4H2 ---------- 2CO2 + 2H2O + H2S
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Evoluo da Biosfera:
H 2 b.a. no Pr-Cambriano os principais produtores de Corg so as bactrias fotossintticas
e as algas blue-green. Durante o Paleozico Inferior, uma variedade de organismos
fitoplanctnicos marinhos, bactrias e algas blue-green (Cianophyta) eram as fontes
dominantes de Corg at o aparecimento dos vegetais superiores terrestres nos continentes e sua
propagao pelo Devoniano Mdio. estimado, ainda hoje, que o fitoplncton marinho e as
bactrias so responsveis por 50 a 60% da produo mundial de Corg. A produo do
fitoplncton iniciou no Pr-Cambriano; aumentou no Paleozico Inferior, decresceu rapidamente
no Devoniano Superior. Durante o Permo-Carbonfero e Trissico, a produo de Corg foi, no
geral, baixa. No Jurssico-Cretceo ocorreu outro mximo. No final do Cretceo ocorre uma
diminuio da produtividade. No incio do Paleoceno (Tercirio), a produo de Corg foi ainda
muito baixa, ocorrendo um aumento rpido no final do Paleoceno e incio do Eoceno e um novo
decrscimo no Oligoceno. Finalmente, um mximo no Mioceno foi seguido por um declnio que
se extende no atual nvel de produo.
O primeiro perodo de alta produtividade fitoplanctnica (Pr-Cambriano/Paleozico Inferior)
foi dominado por algas blue-green, acritarcas, no que se refere ao grupo morfolgico cistos de algas, e algas verdes. No existia nenhum esqueleto composto de carbonato, silica ou
outra substncia mineral, esses organismos eram plncton de paredes orgnicas. O segundo
mximo (Juro-Cretceo) foi dominado por nanoplancton calcrio e dinoflagelados. O
fitoplncton silicoso (silicoflagelados e diatomceas) s apareceram no Cretceo Superior,
tornando-se importantes significativamente no Cenozico. O registro fssil inadequado para
quantificar a produtividade de bactrias atravs do tempo geolgico. Devido ao seu tamanho
microscpico e ausncia de partes duras, as bactrias so raramente fossilizadas. As bactrias
podem ser heterotrficas e autotrficas (fotossntese sem produo de oxignio), ou ambas. A
relao fundamental na cadeia alimentar dentro da pirmide de vida causa uma correlao
direta com a ocorrncia e distribuio entre o fitoplncton autotrfico e o zooplancton
heterotrfico (foraminferos, radiolrios, moluscos, artrpode, etc.). A biomassa de zooplancton
mostra uma tendncia de ser alta em reas de alta produtividade planctnica. Outros
organismos mais altamente especializados, como peixes, contribuem muito pouco para o
acumulo de matria orgnica nos sedimentos, que so praticamente desprezados. Depois do
fitoplncton e das bactrias, os vegetais superiores terrestres so o terceiro contribuinte
quantitativo para a matria orgnica nos sedimentos. A evoluo dos vegetais superiores
terrestres iniciou no Siluriano. Registros de esporos sugerem um pequeno nmero de tipos de
vegetais terrestres no Siluriano, com a diversidade aumentando continuamente atravs do
Devoniano. No Siluriano teria ocorrido o surgimento da Psilopsida primitiva (Cooksonia),
iniciando sua diviso para as pteridophytas. No Devoniano Inferior surgem outros grupos de
Pteridophytas. No Devoniano Superior, Psilopsida tornam-se escassas, enquanto as
pteridophytas (lycopsida, sphenopsida) dominam a flora terrestre. Durante o Carbonfero
Inferior ocorre o aparecimento das primeiras pteridospermas (equisetales e samambaias). No
Carbonfero Superior estes tipos de vegetais terrestres alcanam um pice na quantidade e
variedades de formas. Plantas arbustivas e grandes rvores ocorrem mais e mais
freqentemente durante o Devoniano Superior e Carbonfero, formando eventualmente densas
florestas e grandes massas de lenho. No Permiano tem-se o desenvolvimento das
gminospermas (conferas, cycadales) dominando a flora at o Cretceo, sendo o espao de
tempo entre o Permiano Superior e Cretceo Inferior, chamado de era das gminospermas. As
pteridophytas no exercem nenhum papel importante durante esta poca. Um ponto decisivo
importante na evoluo dos vegetais foi alcanado durante o Cretceo Inferior. O caracter de
vegetao terrestre foi severamente mudado pelo repentino aparecimento das angiospermas,
que rapidamente dominaram a flora.
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(dixido de carbono), H2O (gua), CH4 (metano), NH3 (amnia), N2 (nitrognio molecular), H2S
(sulfdrico), etc. so formadas como produtos de processos metablicos (fotossntese,
respirao, excrementos, etc.) ou por processos fsico-qumicos de decomposio, como por
exemplo a oxidao. O restante, que em muitos casos representa uma frao muito pequena
da quantidade inicial de matria orgnica viva, escapa completamente da reciclagem biolgica e
da decomposio fsico-qumica e incorporado aos sedimentos. Esta frao , no entanto, a
fonte primria de matria orgnica sedimentar. Todos os organismos so basicamente
compostos dos mesmos constituintes qumicos:
Carbohidratos: nome coletivo para acares e seus polmeros (mono, di, tri,
polissacardeos), so um dos constituintes mais abundantes em plantas e animais.
Existem diferenas, contudo, muito caractersticas, com relao abundncia relativa desses
componentes e a suas estruturas nos diferentes tipos de organismos. Ex:
M.O. Plncton lacustre e Marinho
protena - 30%
lipdios - 15-50%
carbohidratos - 20%
Essas diferenas de composio existem pela prpria diversidade das espcies, sendo que,
estas variaes tambm podem sofrer influncias do ambiente e do estado fisiolgico dos
organismos produtores. Ex: o contedo em lipdios (substncia sintetizada pelos organismos
para proteo, principalmente, contra dissecao e oxidao) de vrias espcies planctnicas
tende a aumentar quando se dirige de regies equatoriais em direo a regies temperadas e
frias.
Em geral, uma distino clssica efetuada entre os domnios terrestres e o marinho. O
terrestre caracterizado pela presena de vegetais superiores terrestres, ricos em lignina
(substncia que d suporte para o posicionamento ereto), e o marinho pela presena de
organismos que no contem lignina (neste caso, este componente desnecessrio), o que
depender, tambm, das condies climticas no desenvolvimento da vegetao.
Processos sedimentares e a acumulao de Matria Orgnica:
A acumulao de matria orgnica em sedimentos controlada por um nmero limitado de
condies geolgicas. Os principais fatores que controlam a acumulao de matria orgnica
incluem a produo da biomassa e os processos de degradao e transporte da matria
orgnica. A quantidade e qualidade da matria orgnica em um dado sedimento basicamente
o resultado da influncia combinada da produtividade da biomassa, da degradao bioqumica e
dos processos deposicionais da matria orgnica. A acumulao est praticamente restrita a
sedimentos depositados em ambientes aquticos, os quais devem receber certa quantidade
mnima de matria orgnica. Em sedimentos subareos, a matria orgnica facilmente
destruda pela oxidao qumica ou microbiana. O suprimento de matria orgnica elevado ao
longo de margens continentais, por causa da alta produtividade primria das guas costeiras
e/ou do intenso fluxo de material alctone derivado de plantas terrestres. So necessrias
timas condies de balano entre o nvel de energia em um corpo aquoso e a velocidade de
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sedimentao para preservar e concentrar a matria orgnica nos sedimentos. Esta matria
orgnica pode ser fornecida sob a forma de matria orgnica particulada (em partculas, como
pedaos de organismos) morta ou viva ou como matria orgnica dissolvida (componentes
orgnicos dissolvidos).
O material orgnico pode ser autctone (quando originado na coluna de gua ou no
sedimento em que est incorporado) ou alctone (estranho ao seu ambiente de deposio),
sendo que, em ambos os casos, a situao de energia no corpo dgua em questo (corpo
dgua no qual esto ocorrendo processos de produo e/ou acumulao de material orgnico)
e o suprimento de partculas minerais (que ocorre simultaneamente ao processo de deposio
da matria orgnica) deve ser tal que permita um tipo particular de sedimentao. Se o nvel de
energia em um corpo dgua for muito elevado, os processos de eroso superam os processos
de deposio, ou se o sedimento que est sendo depositado, juntamente com a matria
orgnica, apresentar uma granulometria muito grossa, tendo neste caso um baixo poder de
reteno para o material orgnico de baixa densidade, corre-se o risco de no haver
acumulao de material orgnico (ex. rea de praia com forte ao de ondas). No que se refere
a granulometria do sedimento, em sedimentos grosseiros a ampla difuso do oxignio
possvel atravs da larga abertura dos poros; o que acarretaria na destruio do material
orgnico que estaria sendo depositado. A frao mineral de tamanho argila cobre-se facilmente
de matria orgnica. Essas partculas suspensas de matria orgnica de granulometria fina e de
baixa densidade so carreadas dos corpos dgua de alto nvel de energia para guas mais
calmas, onde a deposio dos sedimentos de granulao fina dificulta o acesso de oxignio
molecular dissolvido na gua, o que aumenta a possibilidade de preservao da matria
orgnica. J a taxa de sedimentao se constitui em um fator extremamente importante no que
diz respeito a acumulao e preservao da matria orgnica nos sedimentos. Se essa taxa de
sedimentao (velocidade de sedimentao) for muito elevada, ou seja, se ocorrer a deposio
de uma grande quantidade de matria mineral, juntamente com o material orgnico, num curto
espao de tempo, poderia acarretar o fenmeno de diluio, isto , uma grande quantidade de
sedimento para uma pequena quantidade de matria orgnica, o que resultaria na formao de
rochas com um baixo contedo de carbono orgnico. Por outro lado, se essa taxa de
sedimentao for muito baixa, ou seja, se ocorrer a deposio de uma pequena quantidade de
material inorgnico, juntamente com a matria orgnica, num grande espao de tempo, poder
resultar na no preservao do material orgnico. A taxa de acumulao de Corg nos sedimentos
marinhos parece estar intimamente relacionada com a taxa de sedimentao. Esta suposio
tem sido constatada em reas xicas; sob condies anxicas esta correlao menos
evidente. A distribuio geral de Corg em sedimentos depositados em guas anxicas
significativamente mais ampla e maior, qualquer que seja a taxa de sedimentao. A
acumulao de matria orgnica em sedimentos depende dos processos que conservam e
concentram e aqueles que destroem e diluem a matria orgnica.
Produtividade Biolgica Primria:
A produtividade biolgica primria manifestada de modo abundante em ambientes
aquticos modernos devido produo de carbono fotossinttico que pode ser qualificada e
correlacionada com outras variveis fsico-qumicas e biolgicas. A produtividade biolgica de
ambientes aquticos, especialmente ambientes marinhos, de grande importncia para a
formao de rochas potencialmente geradoras de petrleo. J a produtividade orgnica de
ambientes terrestres (vegetais superiores) apresenta um maior significado na formao de
carvo. A produtividade primria de matria orgnica em ambientes aquticos no presente est
igualada a dos ambientes areos/sub-areos, devido ocorrncia generalizada de vegetais
terrestres, no entanto a chance de preservao da matria orgnica em ambientes
subaquticos maior. Em ambientes areos/sub-areos, o livre acesso do ar atmosfrico (com
26% de oxignio livre), juntamente com a presena de umidade, alm de permitir o
crescimento e a ao de bactrias, ocorrendo assim a decomposio e destruio da matria
orgnica, promove tambm sua degradao por oxidao. Em ambientes subaquticos, a
deposio de sedimentos de granulao fina limita o acesso do oxignio molecular dissolvido.
Assim, a atividade de bactrias aerbicas cessa quando a quantidade limitada de oxignio
armazenado nos sedimentos exaurida. Na prtica a matria orgnica somente pode ser
preservada e fossilizada em sedimentos subaquticos. A produtividade biolgica no ambiente
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Fitoplncton Marinho
Zooplancton
Vegetais Superiores
Bactrias
Obs. A contribuio dos animais superiores para a produo de matria orgnica desprezvel.
Produtos de Neognese:
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Diagnese:
Mudanas fsicas, qumicas e microbiolgicas que atuam durante a deposio e a poucos
metros de soterramento, a baixa temperatura (at 65oC)e presso so chamadas de diagnese.
A diagnese um processo atravs do qual o sistema tende a se aproximar do equilbrio dentro
de condies de baixa profundidade de soterramento onde o sedimento normalmente torna-se
consolidado. O termo diagnese, quando aplicado matria orgnica, refere a seu estgio
inicial de alterao por meio do qual os restos orgnicos so alterados e/ou degradados por
processos de transformao biolgicos e qumicos de baixa temperatura. Tal processo ocorre
inicialmente na histria do sedimento e forma uma ligao entre a biosfera e a geosfera. Os
sedimentos depositados em ambientes subaquticos contm grande quantidade de gua,
minerais, material orgnico morto e um nmero de microorganismos vivos. Tal mistura resulta
de vrios processos sedimentares e componentes primrios de muitas origens diferentes;
estando fora de equilbrio e instvel, mesmo se ocorre a ausncia de microorganismos. A
diagnese um processo atravs do qual o sistema tende a se aproximar do equilbrio dentro
de condies de baixo soterramento (superficial), e o sedimento normalmente se torna
consolidado. O intervalo de profundidade relativo da ordem de poucas centenas de metros.
Na diagnese, o aumento da temperatura e presso pequeno e as transformaes ocorrem
dentro de condies moderadas.
Durante a diagnese inicial, um dos principais agentes de transformao a atividade
microbiana, a qual mais elevada na interface gua-sedimento e a baixas profundidades de
soterramento. Esta atividade responsvel pela degradao de uma alta proporo da matria
orgnica originalmente depositada em molculas simples tal como CO2, N2 e H2O (condies
aerbicas), depois NH3, H2S e CH4 (condies anaerbicas) e causa a mobilizao comcomitante
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Referncias Bibliogrficas:
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Classificao do Petrleo:
Vrias classificaes tm sido propostas utilizando parmetros fsico-qumicos, composio
qumica e propriedades fsicas dos produtos da destilao fracionada, informaes genticas
etc. A classificao dos petrleos proposta baseia-se primeiramente no contedo dos vrios
tipos estruturais de hidrocarbonetos, isto , na concentrao relativa de alcanos normais +
isoalcanos (parafinas), cicloalcanos (naftnos) e componentes aromticos (hidrocarbonetos
aromticos, resinas e asfaltenos), levando-se em considerao tambm o contedo de enxofre.
De acordo com as consideraes prvias sobre o contedo de alcanos, uma diviso adicional
separa leos aromticos intermedirios, com mais de 10% de parafinas + isoparafinas, e
leos fortemente degradados, com menos de 10%. A ltima classe dividida para proposies
prticas em duas sub-classes:
Naftnicos: Existem somente uns poucos leos da classe naftnica, contudo esta
classe inclui principalmente leos degradados que usualmente contem menos de 20%
de n-alcanos + isoalcanos. Eles se originam da alterao bioqumica de leos parafnicos
ou parafnicos naftnicos, tendo usualmente baixo contedo de enxofre. (leos do Mar
do Norte e Russia).
Aromtico-naftnicos e Aromtico-asflticos: As classes de leos aromticonaftnicos e aromtico asfltico so principalmente representadas por leos alterados.
Durante a biodegradao, alcanos so primeiramente removidos do leo. Depois, com
uma degradao mais avanada, pode ocorrer a remoo de monocicloalcanos e
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CLASSES
COMPOSIO (%)
Parafnica
Naftnica
Aromtica
Asfltica
Parafnico-Naftnicco
Parafnico-Naftnico-Aromtica
Naftnico-Aromtica
Naftnico-Aromtico Asfltica
Aromtica-Asfltica
Referncias Bibliogrficas:
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Hunt, J.M. (1995) Petroleum Geochemistry and Geology, 2nd edn, W. H. Freeman & Company,
742 pp.
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O Tipo I refere-se ao querognio com alta razo atmica inicial H/C (1,5 ou mais) e baixa
razo O/C inicial (geralmente menor que 0,1). Este tipo compreende muito material lipdico,
Geoqumica do Petrleo, J. G. Mendona Filho
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32
Classificao do Querognio:
Diferentes tipos de querognio podem ser reconhecidos pelo exame ptico e por anlises
fsico-qumicas:
Tipo I: matria orgnica algal lacustre e matria orgnica enriquecida em lipdios por
ao bacteriana (amorfa);
Tipo II: matria orgnica marinha depositada em ambientes redutores (mais esporos,
gros de plen, cutculas de vegetais superiores);
orgnica
carbonizada
pr-deposicionalmente
(combusto
ou
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34
Referncias Bibliogrficas:
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36
TCNICAS ANALTICAS:
Mtodos de Microscopia ptica:
Os objetivos principais da microscopia, seja ela realizada em luz branca transmitida ou
branca refletida e ultravioleta incidente, repousam, primeiramente, na caracterizao da origem
da matria orgnica (precursores botnicos), bem como na determinao das percentagens
relativas e estado de preservao dos diferentes contituintes que compem a matria orgnica
total. Secundariamente, a anlise microscpica fornece informaes sobre o grau de alterao
trmica (maturidade) e o potencial de gerao de hidrocarbonetos da matria orgnica, alm
de determinar a natureza do ambiente deposicional. As tcnicas em microscopia fornecem
informaes sobre a abundncia relativa to bem quanto sobre as caractersticas dos diferentes
componentes da assemblia da matria orgnica, tendo os dados pticos uma melhor
correlao com a composio geoqumica total do que vice-versa.
A matria orgnica slida insolvel (acessvel microscopia) representa 95% ou mais do
total da matria orgnica em muitos sedimentos e rochas sedimentares, sendo que a
determinao da origem, estado de preservao e grau de alterao trmica da matria
orgnica pode ser frequentemente determinada pela observao visual direta.
Microscopia em Luz Ultravioleta/Azul Incidente (Fluorescncia):
Fluorescncia: A matria orgnica frequentemente mostra uma fluorescncia natural
quando excitada com luz azul ou ultravioleta de uma lmpada de mercrio. Isto
chamado autofluorescncia, para distinguir da fluorescncia produzida pelo tingimento
artificial com componentes fluorcromados, como os utilizados em microbiologia. A
autofluorescncia produzida por reaes fotoqumicas. A alta energia UV/luz de curto
comprimento de onda (azul) excita os eltrons atingidos, fazendo com que eles saltem
para um orbital de maior energia. Quando esses eltrons retornam a sua posio original,
energia na forma de fotons liberada como energia mais baixa/luz visvel de
comprimento de onda mais longo (usualmente verde-amarelo com filtros comuns). Este
processo fotoqumico produzido por componentes cromforos ou fluorforos
especficos, e no pela matria orgnica em geral. A intensidade da fluorescncia
influenciada pela mdia adjascente. A autofluorescncia mais intensa ocorre em
querognio liptintico gerador de leo; vitrinita pode tambem fluorescer, mas muito mais
fracamente, material inetintico no mostra qualquer fluorescncia.
A autofluorescncia sempre reflete uma combinao de 3 fatores: origem biolgica,
estado de preservao e grau de maturao.
A autofluorescncia tambm aplicada com sucesso para: morfologia em 3D,
reconhecimento de palinomorfos mascarados pela matriz de matria orgnica amorfa e
ajudar a distinguir esporomorfos e elementos do plncton.
Observao em Luz Ultravioleta - Composio Orgnica e Evoluo Trmica:
A fluorescncia de componentes orgnicos de rochas sedimentares o resultado da emisso
rpida de energia luminosa quando os eltrons excitados de um tomo ou molcula que tm
sido estimulados (por absoro de energia) a ocupar orbitais de energia mais elevada retornam
ao seu estado fundamental (Lin, 1988).
Em 1936 a tcnica de luz ultravioleta foi aplicada por Schochardt para estudos microscpicos
em carvo, contudo somente nos ltimos anos que o mtodo e os equipamentos foram
desenvolvidos a fim de permitir que a tcnica fosse utilizada para investigaes tanto em
carves como em estudos de querognio, com o objetivo principal de determinar sua evoluo
trmica e identificar certos tipos de macerais (Stach et alii, 1982).
O efeito da radiao de curto comprimento de onda, luz ultravioleta, provoca em certos tipos
de matria orgnica a emisso de um espectro, o qual caracterstico da matria emitente
(Robert, 1981). As cores de fluorescncia so dependentes da evoluo trmica da matria
orgnica (Teichmller, 1974). Segundo Ottenjahn (1975) as cores de fluorescncia
normalmente variam do verde ao vermelho e se correlacionam com a reflectncia da vitrinita de
aproximadamente 0,2 %Ro para a cor verde (490nm) at cerca de 1,2Ro% para o vermelho
(670nm).
Geoqumica do Petrleo, J. G. Mendona Filho
37
De acordo com Tissot & Welte (1984) a fluorescncia uma tcnica utilizada para
identificao de material liptintico. Esta tcnica pode ser empregada para diagnosticar os
macerais do grupo da liptinita, bem como identificar matria liptintica amorfa, se constituindo
em um dos melhores mtodos para visualizao de partculas de algas ou de degradao
microbiana finamente dispersas nos sedimentos. Outra maneira de se utilizar a fluorescncia ,
segundo Tissot & Welte (1984), na determinao do nvel de evoluo trmica do querognio
pela estimativa da intensidade e cor de fluorescncia.
A esporinita (esporos e gros de plen) o maceral utilizado para determinao da variao
da colorao em luz ultravioleta, de acordo com o estgio de evoluo trmica, por exibir
geralmente as mudanas de colorao de fluorescncia mais regulares dentre os macerais.
Tentativa de correlao entre cores de fluorescncia em luz ultravioleta e
reflectncia da vitrinita
Cor de fluorescncia
%Ro
verde/amarelo................................ 0,30
amarelo ........................................... 0,38
amarelo/laranja ............................. 0,48
laranja claro.................................... 0,65
laranja mdio ................................. 0,85
laranja escuro ................................ 0,98
laranja/acastanhado ..................... 1,10
Microscopia em Luz Branca Refletida:
Os constituintes orgnicos de rochas sedimentares orgnicas so denominados de macerais,
que apresentam uma composio qumica muito variada e se dividem em trs grupos distintos:
Grupo da Vitrinita: corresponde a matria orgnica lenhosa em estado gelificado,
sendo provenientes de vegetais terrestres superiores. No grupo da vitrinita so
distinguidos trs principais macerais:
Telinita: material de paredes celulares estruturado.
Colinita: material no estruturado.
Vitrodetrinita: material fragmentrio
Grupo da Liptinita (Exinita): corresponde em geral a matria orgnica saproplica,
compreendendo principalmente material orgnico derivado de algas (alginita), esporos e
gros de plen (esporinita), cutculas vegetais (cutinita), resinas (resinitas), etc.
Os macerais do grupo da liptinita estruturados terrestres so:
Cutinita: material cuticular, predominantemente derivado da superfcie externa de
clulas epidrmicas de folhas. Fina em seo, longa e com marcas sobre um lado
produzidas pelas salincias circulares que indicam a posio das delimitaes das clulas.
Suberinita: crtex suberinizado de tecidos de caules. Semelhante a cutinita, porm
tridimensional (algumas camadas de clulas retangulares).
Esporinita: Constituida por esporomorfos, plens, esporos, etc.
Os macerais estruturados aqutico so denominados de:
Alginita: Material derivado das paredes orgnicas do microplancton, podendo ser:
Telalginita: corpos grandemente estruturados com forma em 3D clara. Botryococcus,
Gloeocapsomorpha,Tasmanites, etc.
Lamalginita: paredes delgadas, compactadas em lentes ou filamentos, no
apresentando nenhuma morfologia aparente em seo transversal. Dinocistos, Acritarcas,
Pediastrum, etc.
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Grupo da Inertinita: constituido por material orgnico com estruturas vegetais ainda
reconhecveis, oxidadas, correspondendo matria orgnica carbonizada de vegetais
terrestres. Nos macerais do grupo da inertinita, as partculas derivadas de tecidos
estruturados so relacionadas ao maceral fusinita, que se caracterizam como:
Pirofusinita: estrutura excelentemente preservada.
Degradofusinita: produzida por oxidao e degradao por fungo, estrutura bem
menos preservada.
Semifusinita: material transicional entre vitrinita/huminita e inertinita.
Poder refletor da Vitrinita (Ro%):
De acordo com Stach et alii (1982), da mesma maneira que as rochas inorgnicas so
constitudas por minerais, as rochas orgnicas so constitudas por macerais. O termo "maceral"
foi usado primeiramente por Stopes (1935) para definir os constituintes orgnicos
microscpicos do carvo, isolados pelo mtodo da macerao. O sistema que define a
classificao dos macerais do carvo conhecido como Stopes-Heerlen, o qual inclui vitrinita
como um grupo de macerais (Stach et alii, 1982). A vitrinita o mais freqente e,
conseqentemente, o mais importante grupo de macerais que ocorre em carves betuminosos
e outras rochas com matria orgnica, e subdividido em macerais e submacerais, sendo
telinita e colinita os macerais mais comuns. Partculas orgnicas do grupo da vitrinita
apresentam uma reflectncia caracterstica, o que permite diferenci-las das partculas dos
outros grupos de macerais constituintes do carvo e outras rochas orgnicas (Stach et alii,
1982). A introduo de medidas fotomtricas da reflectncia das vitrinitas e a atribuio de
valores numricos a estas medidas tornaram este mtodo objetivo e padronizado a nvel
internacional.
O poder refletor da vitrinita um dos mais importantes parmetros utilizado para estudos da
evoluo trmica da matria orgnica contida nos sedimentos, partindo-se do princpio que a
reflectncia da vitrinita pode representar todos os possveis intervalos de paleotemperaturas, ao
contrrio de todos os outros mtodos, pticos ou fsico-qumicos, que so restritos a
determinados nveis de evoluo trmica (Hunt, 1979). Teichmller (1958) aplicou pela primeira
vez o poder refletor da vitrinita para avaliar a evoluo trmica dos sedimentos na Weaden
Basin, Alemanha.
Microscopia em Luz Transmitida:
Composio Orgnica:
Em luz transmitida o tipo de matria orgnica identificado utilizando a translucidez
(transparncia) e a forma das partculas. Cooles et alii (1986) introduzem um mtodo de
classificao de querognio de acordo com suas propriedades geradoras de petrleo. Este
mtodo baseado na inferncia do comportamento do querognio em subsuperfcie e,
conseqentemente, leva em considerao, apenas de uma maneira indireta, a estrutura
qumica do querognio. De acordo com estes autores, a frao do querognio que pode ser
convertida em petrleo, em subsuperfcie, chamada "reativa", sendo a frao restante
denominada "inerte". O querognio "reativo" , ainda, subdividido em dois componentes: o
componente "lbil", que pode gerar leo e gs a baixos/moderados nveis de evoluo trmica
e o componente "refratrio" que gera principalmente gs a mais altos nveis de evoluo. A
proporo "inerte" do querognio no gera leo nem gs durante a principal fase de gerao de
petrleo, mas sofre rearranjos internos que, a muito mais altos nveis de maturidade trmica,
tende a apresentar uma estrutura de carbono semelhante a do grafite (Cooles et alii, 1986).
Querognio: Tipo e Classificao:
Microscopia em luz branca transmitida (Palinofcies):
Querognio o termo mais comumente utilizado para descrever a matria orgnica
particulada contida em rochas sedimentares Para os geoqumicos, querognio a matria
orgnica sedimentar insolvel em solventes orgnicos (Durand, 1980), ou os constituintes
orgnicos das rochas sedimentares que so insolveis em componentes aquasos alcalinos e
solventes orgnicos (Tissot & Welte, 1984). Para os petrlogos orgnicos e palinlogos,
querognio pode ser definido como a matria orgnica particulada, resduo isolado de uma
Geoqumica do Petrleo, J. G. Mendona Filho
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rocha sedimentar aps a completa dissoluo de sua matriz mineral por acificao com Hcl
(cido clordrico) e HF (cido fluordrico). Este material particulado pode conter matria
orgnica extravel, ou seja, solvel.
Grupos de Querognio:
Os trs principais grupos de constituintes morfolgicos que compe o querognio,
reconhecidos na assemblia, so: fitoclastos, palinomorfos e matria orgnica amorfa
(no estruturada). O termo Palinomorfo refere-se a todos os microfsseis de parede
orgnica resistentes ao ataque com HCl (cido clordrico) e HF (cido fluordrico). O termo
Fitoclasto foi introduzido por Bostick (1971) para descrever todas as partculas tamanho argila
ou areia-fina do querognio derivado de vegetais superiores ou fungos, com autofluorescncia
dependendente do tecido do qual derivam, sendo translcidos ou opacos, apresentando-se
bioestruturados ou estruturados ou pseudoamorfos. O termo Matria Orgnica Amorfa faz
aluso a todo material orgnico derivado da bioprodutividade primria ou retrabalhamento ou
degradao bacteriana, no apresentando estrutura e forma definidas.
ndice de Colorao de Esporos (ICE):
A colorao original de alguns componentes orgnicos das rochas sedimentares, tais como
as esporinitas, alterada de acordo com o efeito trmico que foram submetidos, tornando-se
mais escuros com o aumento da temperatura. A atribuio de valores numricos a estas
variaes de colorao constitui o ndice de colorao de esporos (ICE), a partir do qual so
desenvolvidos os estudos de maturao trmica. Gutjahr (1966) realizou as primeiras pesquisas
para utilizar a variao de colorao de esporos e plens como uma indicao do estgio de
maturao trmica, observando uma variao na colorao dessas partculas desde o amarelo
at o marrom escuro, e aplicou o termo "carbonizao" para este processo de alterao
trmica. Staplin (1969) introduziu a tcnica do ndice de Alterao Trmica (IAT), a qual
baseada nas mudanas de colorao da matria orgnica em relao ao nvel de evoluo
trmica dos sedimentos. O IAT apresenta uma escala de 1 a 5. Em 1971, Correia constatou que
as variaes de coloraes dos esporos e gros de plen, com o aumento da temperatura,
eram mais favorveis para uma correlao.
O ndice de colorao de esporos (ICE) utilizado neste trabalho foi desenvolvido por Barnard
et alii (1981), o qual apresenta uma escala de 1 a 10 em intervalo de 0,5 e foi designado para
dar linearidade com o aumento de profundidade e temperatura. Barnard et alii (1981)
propuseram uma correlao dos dados de ICE com as temperaturas e paleotemperaturas
calculadas atravs da reflectividade da vitrinita, mostrando que a distribuio dos valores de
ICE e Ro% para razes de aquecimento constante, onde a janela de gerao de leo encontrase entre os valores de ICE de 3,5 a 7,5. O valor de ICE de 3,5 corresponde razoavelmente bem
com o valor calculado para o incio da gerao de leo por Connan (1974), Phillipi (1965) e
Hunt (1979).
Geoqumica:
Muitas das informaes fornecidas por tcnicas geoqumicas refletem somente a mdia da
composio orgnica total, sendo que a interpretao destes dados pode ser muito difcil.
aconselhvel que essas tnicas sejam realizadas sempre em conjunto com a microscopia.
Carbono Orgnico Total (COT):
A quantidade de matria orgnica presente em um sedimento usualmente expressa
atravs do contedo de carbono orgnico total, o qual inclui tanto a matria orgnica insolvel
(querognio) como a matria orgnica solvel (betume), sendo esta ltima, aproximadamente,
0,1% a 0,2% do contedo de carbono orgnico total (Tissot & Welte, 1984).
Pirlise Rock-Eval:
Esta tcnica consiste na simulao laboratorial do processo natural de gerao de
hidrocarbonetos, envolvendo temperaturas experimentais consideravelmente superiores do que
aquelas normalmente registradas em subsuperfcie, tornando possvel, desta maneira, a
ocorrncia das reaes termoqumicas num curto espao de tempo. Os resultados da pirlise
Rock-Eval so registrados atravs de trs picos caractersticos. O primeiro deles (S1) est
40
relacionado aos hidrocarbonetos presentes nos sedimentos e que poderiam ser extrados
normalmente por solventes orgnicos; o segundo pico (S2) corresponde aos hidrocarbonetos
liberados pelo craqueamento trmico do querognio e o terceiro pico (S3) se relaciona ao
dixido de carbono (CO2) liberado durante a pirlise do querognio.
O parmetro de maturao Tmax (temperaratura maxima pirlise) corresponde ao mximo de
gerao de hidrocarbonetos durante a pirlise, medido no pico S2.
Parmetros Obtidos:
* Tmax, em oC, a temperatura em que ocorre a taxa mxima de gerao (do pico S2) e
pode ser usada como uma estimativa de evoluo trmica.
* Razo S1/S1+S2, ou ndice de produtividade (IP) ou Razo de Transformao, uma
indicao da quantidade relativa de hidrocarbonetos livres presentes na amostra.
* Razo S2/COT, ou ndice de hidrognio (IH), indicativo da razo entre os
hidrocarbonetos liberados e o contedo de carbono orgnico total.
* Razo S3/COT, ou ndice de oxignio (IO), indicativo da razo entre o dixido de
carbono (CO2) e o contedo de carbono orgnico total.
Os principais resultados obtidos so:
Extrato Orgnico:
A matria orgnica que extrada de um sedimento usualmente expressa como a
quantidade de hidrocarbonetos (saturados e aromticos) + compostos N,S,O (molculas
policclicas de alto peso molecular com tomos de nitrognio, enxofre e oxignio), em ppm ou
em miligramas de extrato por grama de carbono orgnico (mg/g.C.org.). Os hidrocarbonetos
que so avaliados so usualmente a frao C15+, uma vez que os componentes de pesos
moleculares inferiores so freqentemente perdidos durante o procedimento analtico.
De acordo com Tissot & Welte (1984), geralmente a proporo de extrato orgnico em um
sedimento antigo est entre 20 e 200 mg/g de carbono orgnico total e so dependentes da
riqueza de uma rocha geradora e da presena ou no de hidrocarbonetos migrados nos
sedimentos. Para extrao do betume (matria orgnica solvel em solventes orgnicos) da
rocha total, utilizado o sistema de extrao por "sohxlet" ou por equipamento, utilizando um
solvente orgnico (p.e. diclometano CH2Cl2).
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Cromatografia Lquida:
O fracionamento, por cromatografia lquida, do extrato orgnico obtido atravs da extrao
por solventes orgnicos, oferece parmetros que podem auxiliar na interpretao da evoluo
trmica e do tipo de matria orgnica que a rocha geradora contm (Hunt, 1979; Tissot &
Welte, 1984). A razo dos hidrocarbonetos saturados (alifticos) para os hidrocarbonetos
aromticos e o potencial em hidrocarbonetos so funo do tipo de matria orgnica e do
estgio de evoluo trmica do sedimento (Tissot & Welte, 1984). O potencial em
hidrocarbonetos normalmente expresso em miligramas por grama de carbono orgnico (mg/g
C. org.) e, de acordo com Tissot & Welte (1984), os valores tpicos de concentraes de
hidrocarbonetos em uma rocha geradora no pico de gerao de leo, esto entre 50 e 120mg/g
C. org. O extrato obtido pelo processo de extrao por solventes orgnicos analisado por
cromatografia em fase lquida, a qual objetiva a separao das fraes de parafinas
(hidrocarbonetos alifticos), aromticos (hidrocarbonetos aromticos) e compostos NOS
(molculas policclicas de alto peso molecular com tomos de N, S, e O).
Cromatografia Gasosa:
A frao de hidrocarbonetos alifticos, separada por cromatografia em fase lquida,
detalhada por cromatografia em fase gasosa, a qual permite a obteno de informaes sobre a
composio do extrato, principalmente das n-parafinas (parafinas normais) e das isoparafinas
(parafinas ramificadas). A anlise da frao de hidrocarbonetos alifticos efetuada em
cromatgrafo gasoso com detector de ionizao de chama (FID). O sistema operado por
injeo automtica. Os resultados so obtidos atravs de cromatogramas gasosos.
Indicadores Geoqumicos Moleculares (Biomarcadores):
Em 1934, Alfred Treibs descobriu pigmentos de porfirina em folhelhos e a ligao destes
compostos orgnicos com o precursor clorofila. O termo "fsseis qumicos" foi usado
primeiramente por Eglinton & Calvin (1967) para descrever compostos orgnicos na geosfera
cujo esqueleto carbnico sugeriria uma ligao direta com um produto natural conhecido. Em
1969 Speers & Whitehead introduziram o termo "marcadores biolgicos" e Calvin (1969)
chamou tais compostos de "fsseis moleculares". O termo "biomarcadores" (Seifert &
Moldowan, 1986) , atualmente, o mais usado.
A matria orgnica sedimentar contm assemblias complexas de marcadores biolgicos, os
quais so componentes que tm preservado, no total ou em parte, seu esqueleto bsico
durante e aps a diagnese, sendo um reflexo do composto precursor do organismo que
contribuiu com a matria orgnica ao tempo de deposio do sedimento (Eglinton, 1973).
Os marcadores biolgicos so aqueles componentes com especificidade estrutural indicativa
de uma origem biolgica. Os componentes precursores destes biomarcadores sofrem somente
uma pequena modificao diagentica, tanto que suas feies diagnosticas so mantidas. De
fato, para inferir uma origem biolgica especfica para matria orgnica sedimentar,
necessrio conhecer as composies moleculares de muitos organismos contemporneos. Os
biomarcadores podem ser aplicados na determinao da origem biolgicas dos componentes
orgnicos, bem como na determinao de paleoambientes de deposio, maturidade da matria
orgnica, migrao e biodegradao de hidrocarbonetos e correlaes entre leo-leo e leorocha geradora.
Os hidrocarbonetos que so caracterizados como os melhores marcadores biolgicos so
aqueles que possuem esqueleto esteride, terpenide e isoprenide intacto (Seifert, 1975), e
podem ser divididos em:
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45
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Migrao Primria:
A liberao dos componentes do petrleo do querognio e seu transporte dentro e atravs
dos capilares e poros estreitos de uma rocha geradora de granulao fina constituem o
mecanismo conhecido como migrao primria. Os poros das rochas em subsuperfcie so
normalmente saturados dgua e, por isso, qualquer movimento dos componentes do petrleo
ocorre na presena dos fluidos aquosos dos poros. Em geral, o petrleo migra das rochas mais
antigas para as mais novas e das partes mais profundas para as mais rasas.
Modos possveis de migrao primria:
O tipo de componentes do petrleo que so transportados durante a migrao atravs de
poros estreitos e capilares de rochas geradoras saturadas de gua varia em peso molecular
desde metano (CH4) at componentes pesados como asfaltenos. Consequentemente, presso
e temperatura normais, estes componentes podem ser gasosos, lquidos ou slidos. O
transporte dos constituintes do petrleo pode ocorrer de diferentes maneiras, dependendo do
estado de distribuio no ambiente da camada geradora. De um ponto de vista terico, pode
ser separados fases leo ou gs, gotculas individuais de leo ou bolhas de gs, solues
micelares (miscelas so agregados ordenados de molculas orgnicas polares contendo partes
hidrofbicas e hidroflicas) ou coloidais (coloides podem consistir de pequenas partculas tendo
a mesma estrutura individual ou eles podem ser formados por agregados de pequenas
molculas de diferentes tipos), ou verdadeiras solues moleculares. Cada um desses modos
possveis de transporte ser favorecido por condies fsicas e qumicas na camada geradora. A
transferncia de massa pode ocorrer tambm por fluxo e difuso. Transporte de constituintes
do petrleo em qualquer um dos modos anteriormente citados requer algum tipo de energia. As
duas foras motrizes mais comuns presentes em rochas geradoras causadoras de fluxo so a
temperatura e presso. Deste modo, o movimento de componentes do petrleo por fluxo
tambm direta ou indiretamente causado pela presena de gradientes de presso e
provvelmente, em menor extenso, pelo gradiente de temperatura, podendo ainda existir
difuso. O fluxo de constituintes do petrleo por difuso proporcional ao seu gradiente de
concentrao. A direo do transporte por difuso vai de concentraes mais elevadas para as
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mais baixas ou de regies de elevado potencial qumico para regies de baixos potenciais
qumico. Por exemplo, metano em subsuperfcie tende a se difundir de regies mais quentes
para regies mais frias. O transporte por difuso controlado tambm pelo tamanho molecular
da molcula que ser difundida. Molculas menores tm maior facilidade de difuso. No
entanto, a importncia do transporte por difuso de componentes hidrocarbonetos em
subsuperfcie est praticamente restrita a hidrocarbonetos gasosos e outras espcies de baixo
peso molecular (<10 tomos C).
Dois fatores so importantes para o processo de transporte de petrleo e gs atravs do
sistema de poros das rochas em subsuperfcie. Primeiro se o sistema de fluidos monofsico ou
polifsico, e se as paredes dos poros esto umidecidas com leo ou gua. Quando existem dois
fluidos imiscveis ou um fluido e um gs, o limite entre estas diferentes fases tem propriedades
desguais de qualquer dos fluidos. Este limite chamado interface e a fora que atua nesta
superfcie de contato, so conhecidas como tenso interfacial. a tenso interfacial entre fases
imiscveis que determina o comportamento do fluxo de um sistema de fluido polifsico.
Dentre os modos possveis de migrao primria existem duas categorias principais: uma
que requer o movimento ativo das guas dos poros, tais como glbulos ou bolhas conduzidas
pela gua, soluo molecular ou micelar; a outra maneira de migrao pode ocorrer
independentemente do fluxo de gua no poro, como difuso e movimento da fase
hidrocarboneto.
Migrao Secundria:
A migrao secundria, isto , o movimento de leo e gs atravs de fraturas, falhas,
discordncias e rochas porosas e a subsequente formao de acumulaes so controladas por
quatro parmetros: a flutuao do leo e gs na gua que satura os poros das rochas; as
presses capilares, que determinam um fluxo multifsico; o diferencial de presso e
concentrao; e, como importante influncia modificadora, o fluxo hidrodinmico. Enquanto os
fluidos aquosos dos poros na subsuperfcie estiverem estacionrios, isto , sob condies
hidrostticas, a nica fora condutora para a migrao secundria ser a flutuao. Sendo
termodinamicamente instvel em subsuperfcie, os hidrocarbonetos tendem, por processos de
difuso e efuso, a ascender para a superfcie, por meio das rochas porosas, discordncias,
falhas e fraturas. Se houver fluxo dgua em subsuperfcie, isto , condies hidrodinmicas, a
elevao por flutuao pode ser modificada.
Os glbulos de leo ou bolhas de gs maiores do que um dado dimetro de poro tem de ser
distorcidos antes de poderem ser espremidos atravs dos poros da rocha. A tenso interfacial
entre o leo, ou gs, e a gua resiste a esta distoro. A presso capilar a fora necessria
para espremer o glbulo ou bolha atravs do poro. Sempre que as presses capilares so muito
altas, ou, contrariamente, os poros da rocha so muito finos, o leo migrante ser trapeado. O
petrleo trapeado num reservatrio representa um estgio de equilbrio entre as foras
condutoras (flutuao e fluxo dgua), que foram o movimento do petrleo, e as presses
capilares, que resistem a este movimento. O estgio final da formao de acumulaes de leo
e gs a concentrao nas partes mais altas disponveis da trapa. A rocha capeadora, selo ou
barreira, que paralisa o movimento dos hidrocarbonetos em virtude de um decrscimo geral nos
dimetros dos poros, deve exercer presses capilar maiores do que a fora condutora. As
distncias cobertas pela migrao secundria esto na faixa de dez a cem quilmetros e,
ocasionalmente, at mais.
Migrao secundria e acumulao de hidrocarbonetos:
A migrao secundria o movimento de petrleo depois de sua sada da rocha geradora. O
destino desse hidrocarboneto migrante depende da eficincia do conduto no qual ele est se
movendo e a natureza e eficincia de uma trapa. Uma trapa inclui uma rocha reservatrio e
uma rocha selante que esto em uma configurao tridimensional capaz de impedir ou
armazenar petrleo em subsuperfcie. Petrleos em reservatrio so classificados em trs tipos,
de acordo com seu comportamento em subsuperfcie: gs, gs condensado e leo. O gs de
reservatrio contm principalmente CH4 e algum C2H6 (etano) at pentano (C2-C5) em
concentrao decrescente. O gs condensado em reservatrio inteiramente uma fase gasosa
em subsuperfcie, mas produz um lquido (ou condensado) superfcie que usualmente rico
em hexano at decano (C6-C10). Alguns condensados contem quantidades significantes de
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material de mais alto peso molecular na faixa dos C30. Quando ascende a superfcie, o lquido
produzido rico em hidrocarbonetos mais pesados (C15+). Quantidades substnciais de gs
(rico em C1-C5 e possivelmente N2, CO2 e H2S originalmente dissolvido em subsuperfcie) so
usualmente produzidos com o leo.
Referncias Bibliogrficas
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49
SISTEMAS PETROLFEROS
As acumulaes de hidrocarbonetos no subsolo esto controladas por muitas variveis na
natureza (diagnese, vas de migrao, gerao de hidrocarbonetos, etc.) que so difceis de
quantificar e definir no tempo e espao geolgico. Histricamente, a explorao de petrleo
estava orientada por manifestaes diretas de hidrocarbonetos no subsolo. Nas ltimas dcadas
vrias tcnicas e metodologias (estratigrafia, geofsica, geoqumica orgnica) foram
desenvolvidas para a identificao e quantificao dos processos que participam na formao
do petrleo.
Definies e caractersticas de Sistemas Petrolferos:
Um sistema petrolfero definido como um sistema natural que inclui um conjunto de rochas
geradoras ativas e todo leo e gs relacionado e que inclui todos os elementos e processos
geolgicos que so essenciais para existncia de uma acumulao de petrleo. Esta rocha
geradora pode estar agora inativa ou esgotada (depletada). O petrleo aqu inclui altas
concentraes de:
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converso e o momento crtico para o sistema. O momento crtico um ponto no tempo que
representa a complementao do sistema petrolfero. Do momento crtico para frente o sistema
passa por um tempo geolgico de preservao. Qualquer evento geolgico significativo que
ocorra na rea pode danificar e at destruir acumulaes j existentes, muitas vezes causando
fenmenos de remigrao.
Um diagrama de eventos permite integrar todos os elementos essenciais e os processos que
compem o sistema baixo o contexto do tempo geolgico. Alm de mostrar os quatro
elementos essenciais: os dos processos, o momento crtico e o tempo de preservao, tambm
sugerem a histria dinmica e cintica do sistema, permitindo assim a visualizao completa e
objetiva do sistema petrolfero. De maneira geral, as idades das unidades litoestratigrficas so
obtidas por mtodos bioestratigrficos e, portanto ficam definidas. A idade dos processos de
gerao-migrao-acumulao e da formao das trapas requer certa interpretao. A
integrao dos dados geolgicos e geofsicos ajuda na caracterizao do tempo dos
acontecimentos estruturais, e por aua vez as trapas. J o tempo de gerao-migraoacumulao determinado, com ajuda de diagramas que mostram a histria de soterramento
da bacia, por meio de modelagem cintica.
O sistema petrolfero tem uma amplitude estratigrfica, geogrfica e temporal. Seu nome
combina os nomes da rocha geradora e a principal rocha reservatrio e tambm expressa o
nvel de certeza: conhecido, hipottico ou especulativo. O sistema petrolfero pode ser usado
como um modelo efetivo para a investigao da descoberta de acumulaes de
hidrocarbonetos.
Concluindo, se pode dizer que o conceito de sistema petrolfero, en funo de avaliar o risco
exploratrio, comea com um mapa de classificao gentica de leos e gases, o qual retrata
acumulaes e descobertas e termina com um case history de como ocorreu todo o processo
de formao no tempo geolgico.
Nveis de Pesqusa de Petrleo:
Investigaes de bacias sedimentares, sistemas petrolferos, horizontes petrolferos (plays) e
prospectos podem ser vistas como nveis separados da pesquisa de hidrocarbonetos, todas so
necessrias para um melhor entendimento da gnese e habitat de hidrocarbonetos.
Investigaes de bacias sedimentares descrevem a sequencia estratigrfica e o estilo estrutural
das rochas sedimentares. Estudos de sistemas petrolferos descrevem a relao gentica entre
um grupo particular de rochas geradoras ativas e o petrleo resultante. Investigaes de
horizontes petrolferos (Plays) descrevem uma srie de trapas atuais, e de prospectos, uma
trapa individual, e determina se eles tm valor econmico e so explotveis com tecnologia e
ferramentas disponveis.
As consideraes econmicas so sem importncia nas investigaes de bacias sedimentares
e sistema petrolfero, mas so essenciais na avaliao dos horizontes petrolferos e prospectos.
A evidncia de uma bacia sedimentar a rocha sedimentar, a evidncia de um sistema
petrolfero a presena de hidrocarbonetos, mesmo em pequeno volume, porm com alta
concentrao. Investigaes de bacias sedimentares e sistemas petrolferos so relativos ao
tempo geolgico quando os processos esto ocorrendo, que , quando os sedimentos esto
sendo depositados e quando hidrocarbonetos esto migrando para suas trapas.
Como o foco de investigaes de ocorrncia de hidrocarbonetos move-se para bacia
sedimentar ao nvel de prospecto, o custo da investigao por unidade de rea superficial
geralmente aumenta. Investigaes de bacias sedimentares requerem uma baixa densidade de
informao que cobre uma grande rea, tal como linhas sismicas largamente espaadas,
poucas perfuraes exploratrias estrategicamente localizadas, e mapeamento geolgico de
menores escalas. Em contraste, uma avaliao de prospecto requer uma grade de informao
relativamente de alta densidade para cobrir uma pequena rea, tal como linhas ssmicas com
espaamento mais fechado sobre um mapa de maior escala.
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maturao trmica;
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Momento crtico: aquele ponto no tempo selecionado pelo pesquisador que melhor
retrata a gerao-migrao-acumulao de hidrocarbonetos em um sistema petrolfero.
Nvel de Certeza:
Um sistema petrolfero pode ser identificado por trs nveis de certeza:
Hipottico (.): um sistema petrolfero hipottico existe quando se tem identificado uma
rocha geradora, porm em no se tem informaes para correlacionar tal rocha com os
leos acumulados na bacia. O sistema indicado com um ponto ( . ).
54
entre
os
tcnicos
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No conceito de sistema petrolfero, o fluido (leo ou gs) deve ser considerado como o
elemento mais importante, no a rocha. nfase dada de forma prioritria na identificao e
caracterizao gentica, e na evoluo trmica do petrleo e do gs. Tal procedimento rompe
com os paradigmas atuais, nos quais a identificao da trapa (estratigrafia, estrutural ou mista)
e a rocha reservatrio, apoiado por mtodos ssmicos, sempre controlam o processo
exploratrio.
O mtodo de sistema petrolfero ideal na concepo de prospecto e plays exploratrios,
e fundamentalmente na avaliao do risco exploratrio.
Referncias Bibliogrficas
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