Guiao de Consulta Comunitaria
Guiao de Consulta Comunitaria
Guiao de Consulta Comunitaria
DE CONSULTAS COMUNITRIAS
Um instrumento de apoio aos intervenientes no processo de consulta comunitria
Samanta T. A. Remane
Maputo, Janeiro de 2009
Rua D, 27, Bairro da COOP. Tel 258 21 416131 Fax 258 21 416134. ctv@tvcabo.co.mz. www.ctv.org.mz Maputo - Moambique
GUIO DO PROCESSO
DE CONSULTAS COMUNITRIAS
Um instrumento de apoio aos intervenientes no processo de consulta comunitria
Rua D, 27, Bairro da COOP. Tel 258 21 416131 Fax 258 21 416134. ctv@tvcabo.co.mz. www.ctv.org.mz Maputo - Moambique
GUIO DO PROCESSO
DE CONSULTAS COMUNITRIAS
Um instrumento de apoio aos intervenientes no processo de consulta comunitria
Ficha Tcnica
Produo: Dra. Samanta T. A. Remane
Reviso: Engo Issufo I. Tankar
Fotografias: Lino Manuel e Cristina Louro
Coordenao: Dra. Alda Salomo
Patrocnio: IIED
Impresso:
Tiragem:
Propriedade: Centro Terra Viva (CTV)
Rua D, 27, Bairro da COOP.
Tel 258 21 416131, Fax 258 21 416134
Email: ctv@tvcabo.co.mz.
Website: www.ctv.org.mz
NDICE
Contedo
I.
Pgina
INTRODUO ........................................................................................................... 5
II.
PROCESSO DE CONSULTA................................................................................. 7
1.
2.
3.
4.
I.
INTRODUO
Uma das mais importantes exigncias legais para a atribuio desse direito o
processo de consulta comunidade afectada pelo pedido, que deve ser orientado
pelo Estado. A consulta feita para saber se esse pedido deve ou no ser aceite e
garantir que o mesmo no prejudique as comunidades locais, permitindo que na
tomada da deciso sejam fixados os termos e condies que essa
concesso/autorizao dever respeitar para no prejudicar os direitos e interesses
das comunidades que vivem nesse local, criando harmonia entre o investidor as
comunidades locais.
Muitas vezes tm se verificado que o processo de consulta comunitria tem ocorrido de
forma deficiente. Geralmente as consultas so feitas somente na presena do lder
comunitrio e alguns amigos, e noutras nem se quer estes participam. Em alguns
casos os representantes das comunidades so obrigados a tomar uma deciso sem
um profundo conhecimento da rea requerida ou o tipo de projecto que ser
implantado. Veja a declarao de um representante da Direco Nacional de Terras e
Florestas na caixa abaixo.
A ocorrncia deste e outros problemas que muitas vezes tem gerado conflitos em
prejuzo das comunidades, levaram preparao do presente guio com objectivo de
auxiliar as partes envolvidas no processo de consulta comunitria relativamente a
procedimentos a seguir para assegurar que:
a) Os membros da comunidade receberam informao relevante em tempo oportuno
(com a devida antecedncia) para que possam perceber e decidir de uma forma
consciente sobre o pedido em causa;
b) Os investidores forneceram toda a informao relevante e ouviram todas as partes
interessadas no seio das comunidades (e no apenas os Lderes, ou um grupo
especfico), de modo a evitar conflitos futuros e conseguir uma participao harmoniosa
da comunidade no investimento a ser feito;
c) Os planos e projectos aprovados tm enquadramento nos planos e programas de
desenvolvimento socioeconmico distrital, e que a deciso tomada (aprovao ou no
aprovao) demonstre claramente que os interesses de ambas as partes foram
devidamente consideradas com base na lei e nas politicas nacionais.
O guio vai servir tambm como base de orientao para as comunidades,
investidores, agentes do governo e ONGS que trabalham com as comunidades, de
modo que haja um processo de consulta uniforme, harmonizado e transparente.
II.
PROCESSO DE CONSULTA
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Por vezes, existem dificuldades de reunir todos os membros da comunidade pelo facto
de, muitas vezes se situarem em lugares distantes uns dos outros, para alm de
apresentarem uma estrutura organizacional interna, aspectos culturais e de educao
que tornam difcil a realizao de reunies ou a transmisso de informao. No
entanto, mesmo nestes casos deve-se encontrar alternativas que permitam uma
participao de maior nmero possvel de membros da comunidade.
Exemplo-4: Marcao de reunies em Zavala
Nas comunidades no sul de Moambique, particularmente em Zavala, muito difcil marcar encontros
com as comunidades nas primeiras horas do dia (de manh) porque a maior parte das pessoas sai para
as machambas. Muitas das reunies marcadas nessas condies resultaram em pouca afluncia da
populao, principalmente das mulheres. Como estratgia, deve-se deixar que a prpria comunidade
(representada pelos chefes e outros membros) estipule a hora e dia de semana que lhe for conveniente.
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Para tal, algumas questes devem ser tomadas em considerao durante a fase de
informao prvia, tais como:
1) Direitos dos membros das comunidades
2) Localizao da parcela requerida
3) Natureza do projecto de investimento e o plano de explorao do requerente? E
o que que isso significa na prtica?
4) Possveis termos duma parceria entre os titulares do DUAT e o requerente
5) Que passos se vo seguir?
6) O que que eles devem esperar desta actividade?
7) Em caso de incumprimento dos acordos, como devero agir?
4.1.5 Com que antecedncia se deve fornecer essa informao prvia?
O espao de tempo entre a primeira fase informao prvia e os encontros ou
encontro de auscultao relativo, tendo em conta que as reas das comunidades
locais tm dimenses diferentes, organizao e acessibilidade tambm diferentes. Por
esta razo recomendvel que para esta fase se reserve pelo menos um perodo de
45 dias ou se fixe o nmero de dias consoante o tempo necessrio para que a
informao alcance a maioria dos membros da comunidade.
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5. Aces de seguimento
Oficialmente o processo de consulta termina com a produo e assinatura da acta de
consulta. Contudo, importante que o resultado da consulta seja de conhecimento de
todos, mesmo os que no puderam estar na reunio de auscultao para que possam
participar na monitoria dos compromissos assumidos. Para tal, a comunidade dever
ainda levar a cabo as seguintes actividades:
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a)
Aps a elaborao da acta de consulta, a comunidade pode divulgar aos
restantes membros da comunidade (os que no estiveram presentes) e outros
interessados dos resultados da consulta feita.
b)
Caso o projecto seja aprovado, a comunidade dever participar na fiscalizao
do empreendimento de modo a garantir o cumprimento do plano de explorao bem
como do acordo estabelecido no acto da consulta/negociao.
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REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
1. Baleira, Srgio e Tanner, Christopher, FAO.2006. LSP Working Paper 28.
Mozambiques legal framework for access to natural resources: The impact of
new legal rights and community consultation on local livelihoods, CFJJ, 2006;
2. Cuco, Arlito. Manual de divulgao da Lei de Florestas e Fauna Bravia. 2000
3. Joaquim, E. e Norfolk, Avante consulta! Consulta efectiva, IIED, 2005;
6. Serra, Carlos e Almeida, Irene Guio das Comunidades Locais no Domnio dos
Recursos Naturais, CFJJ, Maputo, 2006;
Legislao:
1. Lei de Terras (Lei n 19/97, de 1 de Outubro)
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