O Toque Na Psicoterapia Massagem Biodinamica Amostra
O Toque Na Psicoterapia Massagem Biodinamica Amostra
O Toque Na Psicoterapia Massagem Biodinamica Amostra
Massagem Biodinmica
O toque na psicoterapia
Massagem Biodinmica
1 Edio
POD
KBR
Petrpolis
2014
Agradecimentos
Por compartilharem nosso sonho e nossa proposta de viver
a Psicologia Biodinmica como uma forma de existncia e de convivncia solidria, ldica e intensa, agradecemos
aos demais autores: Andrea de Arruda Botelho-Borges,
Glria Cintra, Dilu Aldrighi, Eliana Pomm, Helen Guaresi, Rocilda
Schenkman e Sandra Milessi;
e aos colaboradores do IBPB: Adriana Dal-Ri, Adriana
Marques, Ana Cristina Teixeira, Bruna Morais, Denise Rocha Azevedo, Christiana Casseli Penna, Cludio Mello Wagner, Ebba Boyesen,
Eliane Faria, Keico Fujita, Evelyse Reis Teluski, Fabiane Sakai, Helosa
Chester Suarez, Lana Rita Mayer, Liana Lyrio, Liliam Motta, Mrcia
Coelho, Marcos Vinicius Portela, Maria Auxiliadora Souza, Maria
Cludia Teixeira de Angelis, Regina Tamplin, Rosiris Figueiredo, Sabrina Loureno, Tas Fernanda Azevedo, Tatiana Lessa, Teresa Neves,
Thelma Bueno, Valria Hafliger e Walfram Falco de Lima.
Sumrio
Agradecimentos9
Prefcio 15
Parte 1Escopo histrico17
O uso da massagem no decorrer da Histria 19
Maria Forlani
O que diferencia a Massagem Biodinmica de outras
massagens? 29
Ricardo Guar Amaral Rego
Parte 2 Fundamentos da Massagem Biodinmica 33
Massagem Biodinmica: uma forma de tocar que respeita a
singularidade de cada um 35
Glria Cintra
Psicofisiologia da massagem 41
Rocilda Schenkman
Fundamentos reichianos da massagem biodinmica 51
Helen Guaresi
O conceito de bioenergia e a prtica clnica
biodinmica57
Ricardo Guar Amaral Rego
Massagem e Memria: onde Boyesen e Bergson se
encontram61
Dilu Aldrighi
tica e Massagem 69
Sandra Ferreira Martins
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Sumrio
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Prefcio
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Prefcio
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Parte 1
Escopo histrico
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Escopo Histrico
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Escopo Histrico
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O toque na psicoterapia
ideologias dominantes nas diversas cidades-Estado: entre os espartanos, movidos por valores blicos, as crianas eram sujeitas s intempries e massageadas com materiais granulados, para que sua pele
adquirisse a resistncia de que o guerreiro necessitava; o indivduo
era de natureza lacnica, dura. J os atenienses, que nos deixaram um
precioso legado artstico-cultural, educavam seus jovens ao ar livre,
enfatizando o dilogo e a discusso em longas caminhadas realizadas
pelo mestre e seus discpulos.
No Imprio Romano a massagem era muito valorizada, sendo
praticada por profissionais que possuam formao mdica. A tcnica foi desenvolvida, chegando a um alto grau de aperfeioamento,
abrangendo tratamentos dos mais variados tipos. amplamente conhecida a sua mxima mens sana in corpore sano mente s em
um corpo so. Entre 50 e 25 a.C., a massagem era considerada necessria para um bom desempenho corporal na ginstica e no atletismo,
alm de ser a forma mais importante de tratamento de dores e leses
relacionadas musculatura.
Plnio, naturalista romano, era regularmente submetido a
frices para aliviar sua asma, e Jlio Csar, que sofria de epilepsia,
tinha seu corpo submetido diariamente massagem para aliviar a nevralgia e as dores de cabea. Tambm so conhecidas as prticas de
massagem que ocorriam nos banhos ou termas romanas, com objetivos relaxantes e algumas vezes erticos.
Na Idade Mdia, o corpo humano adquiriu um estatuto ambivalente, oscilando entre valores positivos e negativos: por um lado,
enquanto doutrina de salvao, o cristianismo pressupe a pureza do
corpo, que renascer no juzo final; por outro, transforma o pecado
original em pecado sexual, marcando um retrocesso em relao ao
mundo antigo, onde o corpo era objeto de culto. A Igreja imps seu
ideal asctico como modelo, proibindo as termas, os jogos fsicos e o
teatro. Pouco a pouco, desapareceram os antigos conhecimentos sobre a higiene corporal.
Nos sculos VIII e IX a cincia ocidental passou a sofrer influncias do mundo rabe, cuja medicina era orientada para a pesquisa emprica. Avicena, filsofo e mdico rabe que viveu no sculo XI,
descreve a frico em sua obra O cnone da medicina como uma con-
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Escopo Histrico
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O toque na psicoterapia
A Massagem Sueca
No sculo XIX, o desenvolvimento da indstria provocou
grande procura pelos centros urbanos. Juntamente com a acentuada
diviso de trabalho, podemos perceber um novo olhar sobre o corpo
do trabalhador. O movimento repetitivo para o labor, a falta de ar
fresco nos locais de trabalho, e a expanso de uma classe mdia ligada a empregos de escritrio e seu consequente sedentarismo fazem
surgir nos principais centros urbanos europeus um interesse cada vez
maior pelo atletismo amador e pela ginstica. O corpo atltico passa
a simbolizar prestgio social.
nesse contexto que se desenvolve um tratamento que combina massagem e exerccios, precursor dos vrios tipos de massagem
que atualmente so utilizados nos pases ocidentais.
O sueco Per Henrik Ling (1776-1839), baseando-se na prtica
das antigas culturas, tanto do Oriente quanto do Ocidente, criou um
sistema de massagem que aperfeioou os movimentos e manobras j
conhecidos. Acreditava que a massagem no s tratava msculos tensos e melhorava o desempenho atltico, como tambm tratava problemas dos rgos, entre eles o estmago, os intestinos, os pulmes
e o corao, e ainda problemas psicolgicos. Em 1813 foi fundada
em Estocolmo a primeira escola que oferecia massagem como parte
do currculo, e desde ento multiplicaram-se por todo o continente
europeu os institutos e estaes de banho que incluam a massagem
como recurso teraputico.
A Massagem Sueca atual uma combinao de elementos do
mtodo de Ling com os trabalhos do mdico holands Joseph Mezger
(1831-1901), que exerceu suas atividades na segunda metade do sculo XIX em Amsterd. Seu estilo ficou conhecido em toda a Europa;
estudantes de vrios pases aprenderam sua tcnica e a disseminaram
no Ocidente. Atualmente, a massagem, ou massoterapia sueca um
conceito de qualidade mundialmente conhecido e a forma alternativa
de tratamento mais usada no Ocidente. conhecida tambm como
Massagem Clssica ou Massagem Ocidental. As manobras essenciais
da massagem sueca, utilizadas pela maior parte das massagens conhecidas atualmente no ocidente como a Fisioterapia, as massagens
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Escopo Histrico
desportivas, a drenagem linftica e as massagens estticas , so descritas mais adiante neste livro.
A partir da sistematizao da Massagem Sueca, durante todo
o sculo XIX e metade do sculo XX, a massagem tem suas finalidades teraputicas enfatizadas, sendo praticada por mdicos e fazendo
parte dos tratamentos hospitalares. Quando essa prtica era introduzida em novos pases, ou no relato de novas descobertas, havia sempre um mdico por trs das iniciativas.
Se as concepes dualistas cartesianas deixaram marcas indelveis no pensamento ocidental, traduzindo-se, na medicina, no pensamento mecanicista que propiciou o surgimento das especialidades
e a separao entre corpo e mente, houve tambm movimentos que,
sem pretender um retrocesso, procuraram conservar uma viso mais
holstica da sociedade e do homem. Este o caso da corrente de pensamento conhecida como a dos Idelogos, tendo sido seu maior expoente
o fisiologista francs Georges Cabanis. Seu objetivo, com base na filosofia, era criar uma cincia humana capaz de estabelecer uma sociedade
harmoniosa. A medicina deveria ser o piv dessa nova cincia, pois
seus criadores, orientados pelo pensamento organicista, acreditavam
que o corpo social funcionava como o corpo humano: quem conhece e
cuida deste, poderia compreender e curar aquele. Querendo conhecer
o homem em sua totalidade, a medicina, segundo esses pensadores, foi
levada a refletir as relaes entre o fsico e o mental.
Embora muito especulativo, o pensamento dos Idelogos foi a
primeira reflexo a respeito do funcionamento psquico e de seus efeitos sobre o organismo, resgatando a noo da unidade do indivduo e
se distanciando do dualismo entre alma e corpo. Esta viso foi muito
atuante entre os psiquiatras, especialmente Pinel e Charcot, com quem
Sigmund Freud fez estgio em seus primeiros anos de clnica.
Ao relatar o tratamento que aplicou a uma de suas famosas
histricas, o caso Emmy von N., iniciado em 1888, Freud declara
massagear essa senhora duas vezes por dia, na clnica onde estava
internada. Naquela poca ele ainda fazia uso da hipnose, e antes de
induzir a paciente ao sono hipntico, lhe aplicava uma massagem no
corpo todo:
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O toque na psicoterapia
(...) todas as vezes, portanto, mesmo enquanto a massageio, minha influncia j comea a afet-la: a paciente fica mais tranquila e
mais lcida, e mesmo sem que haja perguntas sob hipnose consegue descobrir a causa de seu mau humor daquele dia. Tampouco
sua conversa durante a massagem to sem objetivo como poderia parecer. Pelo contrrio, encerra uma reproduo razoavelmente completa das lembranas e das novas impresses que a afetaram
desde nossa ltima conversa e, muitas vezes, de maneira inesperada,
progride at as reminiscncias patognicas, que ela vai desabafando
sem ser solicitada (Freud,1893-1895, p. 82).
Referncias bibliogrficas
BARRETO, A. V. A luta encarnada: corpo, poder e resistncia
nas obras de Foucault e Reich. Tese de Doutorado em Psicologia Clnica. So Paulo: PUC-SP, 2007.
CASSAR, M.-P. Manual de massagem teraputica. So Paulo:
Manole, 2001.
CORBIN, A.; COURTINE, J.; VIGARELLO, G. (Org.). Histria do corpo. Petrpolis: Vozes, 2008.
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