Contos de Fadas Nas Aulas de Espanhol
Contos de Fadas Nas Aulas de Espanhol
Contos de Fadas Nas Aulas de Espanhol
RECIFE
2004
DEDICATRIA
Aos meus eternos alunos do curso de Jornalismo, que sempre faro parte da minha vida.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me dado foras para prosseguir e por sempre ser meu guia.
minha me, por sua presena divina e inspiradora na minha vida, por sua ateno,
dedicao e pacincia;
Aos homens da minha famlia, meu pai e meu irmo, por terem me ensinado a caminhar sobre
os espinhos e nunca terem permitido que eu desistisse dos meus objetivos.
Aos meus irmozinhos do corao, Diogo Campos e Susan Lews, pela ateno sincera e pelas
palavras confortantes nos momentos de desnimo;
s minhas alegres amigas fadas do curso Conto de Fadas, pelas tardes que compartilhamos
nossos conhecimentos, crescendo como profissionais e como pessoas.
Ao professor Miguel Espar, pelas confabulaes e professora Dris Cunha, pela orientao
que foi dada a mim num momento de preocupao.
minha orientadora professora Virgnia Leal, pela ateno, dedicao, conversas amigas que
fizeram fluir com tranqilidade as idias contidas nesse trabalho, contribuindo para a
concluso deste percurso acadmico.
(Robert Stanton)
RESUMO
ABSTRACT
SUMRIO
INTRODUO........................................................................................................
11
I FUNDAMENTAO TERICA........................................................................... 17
1
17
1.1
1.2
18
1.3
20
1.4
2.2
O Modelo de Larivaille...................................................................................... 38
44
44
3.2
48
61
69
4.1
Narrativa ou Narrao?...................................................................................... 69
4.2
4.3
10
87
5.3
92
11
INTRODUO
Durante o tempo em que temos nos dedicado a ensinar a Lngua Espanhola no ensino
mdio, nos cursos livres de idiomas e no ensino de 3 grau nos preocupamos em desenvolver
atividades pedaggicas com gneros textuais diferentes.
desenvolver um estudo em que sejam trabalhados gneros distintos um grande desafio dada
a extenso do tema e a uma relativa escassez de estudos no caso de alguns gneros. Diante da
diversidade de gneros textuais existentes e tendo em vista a necessidade de delimitar o
campo de investigao dessa pesquisa, parece-nos relevante voltar a nossa ateno aos Contos
de Fadas (doravante CF) por observarmos que um gnero que permitir ao educando
ampliar sua capacidade de desenvolver os aspectos ligados expresso da temporalidade em
uma lngua. Para Kaufman (2002), importante trabalhar contos infantis porque os alunos
consolidam habilidades narrativas, em especial os aspectos formais e funcionais ligados ao
tema da temporalidade.
No entanto, no pretendemos realizar uma experincia com os alunos dos ensinos
Fundamental I e II ou com os alunos do Ensino Mdio; pretendemos, sim, verificar se os
futuros professores de espanhol do curso de Letras Licenciatura Plena em Lngua
Portuguesa e Lngua Espanhola da UFPE vm trabalhando a temporalidade a partir da
construo narrativa, ou seja, da observao da lngua em funcionamento e no apenas dos
aspectos estruturais da lngua espanhola.
Vrios so os trabalhos realizados sobre temporalidade na construo da narrativa, no
processo de aquisio de uma lngua estrangeira, no entanto, notamos a escassez de
investigaes sobre temporalidade no ensino de lngua espanhola. Devido, ento, a esse
quadro que pretendemos, atravs do uso dos CF, trabalhar a questo da temporalidade
observando as produes escritas dos graduandos.
12
coerente aplicarmos uma atividade com alunos de escolas pblicas e privadas sem antes
verificarmos quais narrativas fazem parte da formao desses futuros professores de espanhol,
desenvolvemos esse trabalho com o intuito de responder s seguintes indagaes: 1)
preparando-se para serem professores de espanhol, os graduandos do sexto e do oitavo
perodo de Letras possuem uma competncia narrativa que lhes permite produzir CF
distinguindo-os de outros gneros textuais que fazem parte da narrativa infantil? 2) o alunado
da graduao est preparado para desenvolver um estudo com os CF que permita trabalhar a
temporalidade no desenvolvimento da produo escrita?
Essas indagaes norteiam as hipteses levantadas nessa pesquisa, que tem como
objetivo geral verificar se os alunos do sexto e do oitavo perodos do curso de
Letras/Espanhol, da UFPE, reconhecem o gnero textual CF em seus aspectos formais e
funcionais e se sabem distinguir esse gnero de outras narrativas infantis.
Importante salientar que damos ateno a esse gnero textual no s pelo fato de
podermos desenvolver um trabalho sobre a temporalidade verbal identificando seus tempos,
aspectos verbais e marcadores temporais, mas tambm pelo carter universal; universal
porque conseguiu ultrapassar os limites da histria e do tempo deixando suas marcas em cada
gerao pela qual passou. Cavalcanti (2002) lembra que os CF, apesar de terem nascidos em
tempos primrdios, continuaram multiplicando-se no imaginrio coletivo. Para ela, os CF
so formas vivas permanentes e em desdobramentos que nos servem a todo o momento; seja
na contao de histrias entre as pessoas do povo ou pelos meios de comunicao a verdade
que eles se fazem presentes na vida de todos ns (2002:46).
Mas, os CF no so apenas narrativas universais, eles tambm trabalham temas que
envolvem assuntos ligados a situaes particulares vivenciadas (ou que sero vivenciadas) por
crianas, jovens e adultos. Ou seja, no s conseguem conquistar o seu espao em geraes
diferentes, como tambm conseguem tratar de assuntos particulares tais como: o amor, a dor,
13
14
Num
15
16
17
Em um segundo
18
relevante
19
processo de escrita no se d em dois momentos, em duas fases sucessivas, mas sim deve ser
considerado como um processo indissocivel.
Durante muito tempo, e ainda hoje, se v atividades de produo escrita em que o
aprendiz chamado apenas a redigir, a escrever frases estudadas anteriormente, ou seja,
instigado a repetir estruturas lingsticas que foram estudadas. Contudo, o ensino de lngua
escrita deve fundamentar-se em trabalhos de produes textuais e no apenas em repeties
de frases j conhecidas. No processo de produo textual h que se considerar o que se tem
a dizer (qual o tema?), para que se quer dizer (qual a funo do texto?), a quem se
pretende dizer (quem o leitor ao qual se destina o texto?), em que situao se diz (quais so
as relaes entre quem escreve e quem l?) (SOARES, 1999:62).
Entretanto, necessrio ressaltar que no suficiente considerar apenas as condies
de produo, mas tambm o uso de diferentes tipos de textos, diferentes gneros
textuais/discursivos que circulam no contexto social em que os alunos esto inseridos.
Levando em considerao esses dois aspectos, as condies de produo e o uso diversificado
de texto, v-se que o alunado de ELE ter a oportunidade de descobrir, como diz Magda
Soares (1999:70), "a possibilidade ou necessidade de usar a lngua escrita como forma de
comunicao, de interlocuo em situaes em que a expresso escrita se apresente como
uma resposta a um desejo ou a uma necessidade de comunicao, de interao, em que o
aluno tenha, pois, objetivos para escrever e destinatrios (leitores) para quem escrever.
Assim, papel do professor, como mediador do processo de aprendizagem da lngua escrita,
levar o seu aluno ao aperfeioamento de competncia escrita atravs do uso de diferentes
gneros textuais.
20
atravs dos textos que o homem se comunica, que representa o mundo social em que
est inserido. Segundo Marcuschi (2002:22) impossvel no se comunicar verbalmente por
algum gnero, assim como impossvel no se comunicar verbalmente por algum texto. Ou
seja, sabe-se que quando se fala ou se escreve um texto, faz-se isso com o objetivo de
estabelecer uma comunicao com o outro usurio da lngua. Mas, o que um texto? De
acordo com Beaugrande ( apud KOCH, 2001:16) o texto um evento comunicativo no qual
convergem aes lingsticas, cognitivas e sociais.
21
textos que o aluno de ELE estar preparado para expressar-se na lngua escrita em diferentes
situaes discursivas.
Na tradio ocidental a expresso gnero estava relacionada aos gneros literrios,
mas hoje, como lembra Swales ( apud MARCUSCHI, 2000:5) gnero facilmente usado
para referir uma categoria distintiva de qualquer tipo falado ou escrito, com ou sem
aspiraes literrias.
22
um texto, faz-se isso com o objetivo de estabelecer uma comunicao com o outro usurio da
lngua. E tais textos so produzidos em determinados gneros.
Para Marcuschi (2002), o gnero textual apresenta caractersticas scio-comunicativas
definidas pelo prprio contedo de cada gnero, pela funo, estilo e composio. Ou seja,
ele se caracteriza mais por suas funes comunicativas, cognitivas e institucionais que por
suas peculiaridades lingsticas e estruturais (MARCUSCHI, 2003:23). Como exemplos de
gneros textuais tm-se a carta pessoal, a bula de remdio, artigo cientfico, fbulas, contos de
fada, editorial, entre outros.
Diante dessas concepes de texto afirmamos que atravs dos textos que se
estabelece a comunicao humana em que se representa cognitivamente o conhecimento que
norteia a sociedade no qual os interactantes esto inseridos. Contudo, preciso considerar
que o aluno de lngua estrangeira deve ter a oportunidade de conhecer e produzir textos de
diversos gneros. Mas, o que so gneros textuais? De acordo com Marcuschi (2000), os
gneros textuais so uma forma textual concretamente realizada e encontrada como texto
emprico. Para ele a definio de gnero textual de natureza scio-comunicativa porque no
seu uso os gneros cumprem com funes comunicativas especficas definidas pela situao
de comunicao que est sendo desenvolvida na interao.
necessrio, no entanto, acrescentar que o gnero textual pode apresentar uma ou
vrias seqncias lingsticas. Ao falar em seqncias lingsticas, faz-se referncia aos tipos
textuais que, ao contrrio dos gneros textuais, so constructos tericos definidos por
propriedades lingsticas intrnsecas (MARCUSCHI, 2002:23).
Ou seja, os gneros
23
24
em que a atividade vista sobre dois plos: o sujeito, que age; e o objeto pelo qual ele age ou
situao na qual ele age; e numa perspectiva sociointeracionista, em que a atividade de
linguagem vista de uma maneira tripolar: a ao mediada pelos instrumentos, socialmente
elaborados, resultado de um processo histrico.
O instrumento ou megainstrumento (gnero) trabalhado nessas duas perspectivas
visto como fator de desenvolvimento das capacidades individuais. Ele um mediador no
processo de interao comunicativa.
instrumento como tendo duas faces. Na primeira h o artefato simblico, que externo ao
sujeito; e na segunda face h os esquemas de utilizao do objeto acionado pelo sujeito. Esses
esquemas so para Schneuwly (1994) plurifuncionais porque permitem que a criana veja o
mundo atravs desse instrumento; o instrumento define aes que podem ser desenvolvidas,
ele guia e controla a ao durante seu desenvolvimento. por isso que de fundamental
importncia que esse instrumento seja trabalhado, seja apropriado efetivamente pela criana.
Como foi dito anteriormente, atravs dos gneros textuais se desenvolve a
comunicao entre as pessoas, isto , ele um instrumento de comunicao. Porm, de
acordo com Dolz e Schneuwly (1994), na escola ele no apenas um instrumento de
comunicao, mas tambm um objeto de ensino/aprendizagem. Na escola, esses gneros so
transformados em gneros escolares atravs da sua transposio didtica.
Transpor
25
Claro est que quando falamos em gneros textuais fazemos referncia s variadas
formas lingsticas que h no universo comunicativo. Formas lingsticas que permitam a
realizao da interao entre interlocutores de ambientes sociais diversos, ou seja, atravs dos
Gneros Textuais a comunicao entre homens de culturas diferentes estabelecida. No
entanto, importante voltarmos a ateno para esses gneros quando usados na sala de aula.
De acordo com Dolz e Schnewly (1999), o objetivo primeiro ao se trabalhar gneros
na escola, o de levar o alunado ao domnio de mais uma forma de manifestao lingstica.
Todavia, para que essas manifestaes lingsticas sejam trabalhadas, faz-se necessrio
introduzir, no currculo, gneros textuais em que se possa ser trabalhada a produo escrita,
por exemplo. Quando os gneros textuais a serem trabalhados saem do currculo e passam a
fazer parte do cotidiano escolar, eles se transformam em gnero escolar. O gnero escolar,
para Dolz e Schnewly, uma variao do gnero de origem, ou seja, so gneros ensinados
na escola, transpostos da cultura social para o currculo, progressivamente, com objetivos
didticos (apud COSTA, 1997:7). Os gneros escolares so verdadeiros objetos de ensino
que tm como fim levar o alunado a dominar as manifestaes lingsticas que fazem parte de
seu ambiente social.
Segundo Costa (1997), em seu artigo A apropriao de Gneros Discursivos na
Escola: Contribuio ao Ensino/aprendizagem de Lngua Materna, Schneuwly divide o
gnero escolar em dois tipos. O primeiro, Gnero I, so os gneros que a escola constri
para o ensino da linguagem oral, escrita e da leitura na produo discursiva interativamente
construda atravs da interveno do professor em alguma atividade pedaggica; so eles
os protocolos, pautas etc. O segundo, Gnero II, so considerados objetos de ensino, ou
seja, instrumentos ensinados na escola, transpostos da cultura social para o currculo. por
26
Isto ,
27
atravs dos CF, por exemplo, exige um plano de ao que siga uma seqncia de atividade
previamente planejada para que se concretize eficazmente a transposio desse gnero textual
para a sala de aula. Dessa forma, vemos que realizar uma transposio didtica requer tempo
e dedicao.
Segundo Dourado e Obermark (2001), no que diz respeito transposio didtica,
deve haver uma preocupao com o que a escola ensina considerando as necessidades sociais
de cada corpo escolar e observando as competncias j desenvolvidas pelos alunos de um
determinado ambiente escolar. Ou seja, ao ser desenvolvida uma transposio necessrio
considerar a realidade social do alunado de uma determinada escola realizando um
planejamento em que os objetivos do professorado estejam ligados s necessidades do
alunado, bem como faz-lo produzir textos para que possa dominar efetivamente um gnero.
Se o objetivo levar o estudante ao domnio dos tempos verbais em ELE, que seja realizada
uma transposio que o leve produo de um CF, entre outras atividades igualmente
importantes para o desenvolvimento da temporalidade.
28
29
captulo, onde se observar esses aspectos formais e funcionais desenvolvidos por outros
tericos, como Barco.
Os CF, de acordo com Barco (2001), apresentam uma estrutura narrativa simples.
Para esse estudioso os contos so modelos de narrativa porque apresentam uma estrutura com
comeo, meio e fim bem definidos permitindo, assim, que a criana compreenda a trama
dessa narrativa infantil.
Barco apresenta, em seu livro Era uma vez... na escola Formando educadores para
formar leitores, uma estrutura narrativa bsica dos CF. Segundo ele, nesse gnero h uma
situao inicial em que o heri (ou herona) apresentado num ambiente de tranqilidade,
que ser interrompida com o aparecimento do conflito, onde esse heri (ou herona) se
desprende da realidade introduzindo-se num mundo desconhecido. Em seguida h o processo
de soluo do conflito; nessa etapa da narrativa h a interveno de elementos mgicos que
aparecem como mediadores entre o heri e o que se est buscando. A histria se encerra com
o sucesso alcanado pelo heri.
Nesse
momento, como na maioria dos CF, a paz e a harmonia so reestabelecidas na vida do heri
(ou herona). Mas, o que dizem estudiosos como Propp, Larivaille e Gillig a respeito da
estrutura dos contos? Quais modelos de anlise eles desenvolveram sobre o tema em tela?
De acordo com Gillig (1999), relevante que o professor conhea as diferentes
verses dos contos como, por exemplo, as verses de Chapeuzinho Vermelho sob os olhares
de Perrault e dos irmos Grimm. Como importante tambm conhecer as razes histricas,
literrias e folclricas de um conto antes de trabalh-lo na sala de aula, pois assim o professor
ter condies de identificar, por exemplo, os elementos que sempre aparecem nos contos ou
o trabalho com a proibio que aparece com certa freqncia tanto nos CF quanto nos
Maravilhosos.
30
Propp, em 1928, lanou na Rssia o livro Morfologia do Conto que foi originado a
partir das crticas realizadas sobre a classificao etno-histrica de Aarne-Thompson.
Segundo essa classificao, observando os assuntos e os motivos, so desenvolvidas anlises
cientficas; no entanto, Gillig mostra que para Propp esse tipo de classificao atribui
apenas o simples valor de um ndice e no o de um mtodo cientfico (GILLIG, 1999, 44).
Notamos que para Propp o mais importante era descobrir as regras estruturais que regem toda
uma narrativa. Por isso, sua obra ser Morfologia do Conto, pois pretende descrever um conto
31
observando suas partes constitutivas e as relaes estruturais entre essas partes e entre elas e o
todo da narrativa.
Para desenvolver seu trabalho Propp recolheu uma centena de contos russos
maravilhosos e desenvolveu sua teoria a partir desse corpus. Importante ressaltar que Propp
no se baseou numa teoria aplicando-a na sua anlise dos contos, mas sim observou a
presena dos elementos variveis, os valores constantes, funes repetitivas que aparecem nos
contos e baseado nessas informaes desenvolveu sua prpria teoria do conto. Com esse
mtodo indutivo (parte do corpus para chegar teoria), Propp verifica que as aes das
personagens so, na verdade, funes, ou seja, cada personagem traz consigo uma funo que,
segundo Gillig, so repetitivas, como: a colocao prova do heri ou a ddiva de um
objeto mgico podem ser realizadas por vrios personagens, todos diferentes sem que o curso
da intriga mude (GILLIG, 1999:45). Para Propp, a funo ao da personagem, definida
do ponto de vista de sua significao no desenvolvimento da intriga (apud GILLIG, 1999:
45). Ele dizia que em todos os contos h um nmero limitado de funes e que todas essas
funes respeitam a seqncia 1, 2, 3, isto , a funo dois sempre vir depois da funo um e
antes da trs. Alm dessa observao, Propp acreditava que todos os contos maravilhosos
pertenciam a uma mesma estrutura narrativa. Mas, ser que essas observaes so coerentes?
Ser que a seqncia de funes segue sempre uma mesma ordem? De acordo com Gillig,
classificar os contos considerando-os um mesmo tipo de narrativa sob o ponto de vista
morfolgico convincente, mas preciso salientar que essa classificao se limita aos contos
russos que foram utilizados na anlise de Propp. Aplicar essa teoria da Morfologia dos
Contos nos contos dos irmos Grimm seria inadequado, pois esses contos se distanciam da
anlise proppiana.
considerados relevantes na anlise dos Contos Maravilhosos usando o inventrio das trinta e
uma funes, como: a) esse inventrio pode satisfazer a curiosidade intelectual do leitor que
32
deseja compreender melhor a mecnica do conto visto sob o ngulo de suas estruturas; b) a
aplicao desse mtodo, apontando tanto a verdadeira funo das personagens quanto a
evoluo da intriga decomposta em unidades narrativas, pode se revelar fecunda para o
pedagogo; c) um conto decomposto em suas diferentes partes pode constituir um modelo de
matriz de escrita para um conto novo, em que as funes mantidas idnticas e invariveis
permitem variar, a partir de seu nmero finito e de sua esquematizao, outras situaes nas
quais se movem outras personagens, mas em correspondncia rigorosa com as funes; d) as
funes podem ser reagrupadas em esferas de ao, pois o conto maravilhoso definido por
Propp como uma narrativa com sete personagens.
O que podemos notar que apesar da teoria proppiana apresentar falhas, ela serviu de
base para o estudo e o desenvolvimento de outros modelos de anlise de contos maravilhosos,
como veremos no decorrer desse trabalho. No entanto, pela estreita vinculao do trabalho de
Propp ao Estruturalismo, estudos recentes esto mais voltados para a questo da funo e usos
do que para os aspectos estruturais, formais da linguagem.
33
personagem pode vestir actantes diferentes, assumir funes diferentes. Para entendermos
melhor essa distino que Greimas faz entre actante e atores, observaremos a classe de
actantes que ele constituiu.
Inicialmente Greimas parte da sintaxe tradicional sujeito verbo objeto para
desenvolver a dicotomia actancial sujeito & objeto. Em seguida acrescenta a essa dicotomia
outras duas chamadas por Greimas de categorias: destinador & destinatrio e adjuvante &
oponente.
Reunindo essas categorias, o esquema actancial de Greimas se apresenta da seguinte
maneira:
Destinador
objeto
destinatrio
Adjuvante
Sujeito
oponente
34
AS SETE ESFERAS DE AO
Personagens
1. Esfera de ao do agressor
Funes
malfico
combate
perseguio
transporte no espao
socorro
realizao
transfigurao
casamento
tarefa difcil
descoberta do falso-heri
reconhecimento do heri
castigo
casamento
5. Esfera de ao do mandatrio
envio do heri
6. Esfera de ao do heri
reao do heri
casamento
reao do falso-heri
pretenso mentirosa
3. Esfera de ao do auxiliar
7. Esfera de ao do falso-heri
35
Ele o
mandatrio;
-
ressaltar que, segundo Gillig, o esquema actancial de Greimas pode ser aplicado em qualquer
narrativa, mas em particular ao conto maravilhoso. Vejamos, ento, como podemos analisar o
CF (conto maravilhoso para Gillig) A Bela Adormecida com base no esquema actancial de
Greimas.
Em toda narrativa maravilhosa h o Sujeito (heri ou herona) que luta pelo objeto
desejado (prncipe, princesa, riqueza, liberdade). Porm, h o Opositor (o vilo, a bruxa) que
quebra a tranqilidade estabelecida na situao inicial; mas h a interferncia do Adjuvante
(adeptos do heri, fada) que um mediador entre o Sujeito e o Objeto. Finalizando, h o
Doador que d ao Receptor (beneficirio) o Objeto. Geralmente o doador algum de
posio superior ao sujeito, como o rei.
Fazendo uma anlise do conto a Bela Adormecida, temos a seguinte disposio das
personagens.
Prncipe
Prncipe
Princesa
Fadas
Princesa
A Fada M
36
Nesse conto o Sujeito a princesa que busca o seu grande amor: o prncipe que no
modelo actancial o Objeto; na busca desse amor surge o Opositor, a fada m, que introduz o
conflito nessa histria; conflito que sofrer interferncia do Adjuvante representado pelas
fadas madrinhas da Princesa Aurora. O Adjuvante ajuda o Sujeito, no caso a Princesa, a ser
libertada do feitio da fada m levando a ela o Prncipe Felipe que assumir tambm o papel
de Doador porque ele que traz de volta realidade a Princesa e todo o castelo, que havia
adormecido com a ela. A princesa por sua vez a Receptora, pois retorna realidade
concreta ao receber o beijo do prncipe.
Diante dessa anlise podemos observar a importncia que h em conhecer um conto
considerando a sua estrutura e tambm os estudos desenvolvidos sobre aspectos funcionais.
37
a) uma funo que abre a possibilidade do processo sob forma de conduta a seguir ou de
acontecimento a ser previsto;
b) uma funo que realiza essa virtualidade sob forma de conduta ou de acontecimento
em ato;
c) uma funo que encerra o processo sob forma de resultado alcanado (GILLIG,
1999:55).
Para Brmond a lgica da narrativa do conto maravilhoso desenvolvida trabalhandose uma tica que deve ser seguida, ou seja, o estudo da narrativa no est limitado ao
determinismo causal proppiano. No entanto, Gillig acredita que o esquema actancial de
Greimas mais apropriado para o desenvolvimento de atividades pedaggicas do que o
esquema apresentado por Brmond. Para ele o mtodo de estudo de Brmond bastante
abstrato e, ao mesmo tempo, geral j que ele no trabalha com um gnero textual especfico
nas anlises dos contos como o faz Greimas. Mas, ser que esse mtodo de anlise apresenta
pontos positivos para o estudioso que pretenda desenvolver um trabalho com base nesse
modelo de anlise? Brmond, em seu estudo, conseguiu mostrar que narrativa de um conto
no definida apenas pela sua lgica causal e sucesso cronolgica dos fatos, mas tambm
pelos traos de cultura, crenas e ideologias que se apresentam na narrativa.
At o presente momento compartilhamos da mesma opinio de Gillig. Acreditamos
que apesar de Brmond ter voltado sua ateno questo moral e psicolgica dos contos
maravilhosos, ele falha quando direciona seu esquema de anlise a todo tipo de narrativa.
Esquema que, como diz Gillig, muito abstrato. Brmond parece querer explicar o processo
de realizao pessoal mostrando a pobreza de uma personagem em um momento e em um
outro momento a ascenso dessa personagem entre as personagens com as quais convive.
Acreditamos, analisando o esquema de Brmond, que essa personagem consegue melhorar
sua condio social porque demonstra ter tica, demonstra seguir uma moral que
38
Degradao do destino de X
Melhora do destino de X
Vtima
beneficirio
II
Demrito de Z castigo de Z
II
Mrito de Y recompensa de Y
(perseguidor de X)
(benfeitor de X)
acontecimentos alm de ser facilmente identificada, respeita uma lgica e uma ordem
temporal. De acordo com Gillig o modelo de anlise de Larivaille, aplicado em contos
italianos de verso oral, permite revisar o esquema cannico das trinta e uma funes,
reduzindo-as a uma srie de cinco seqncias de estrutura idntica encadeadas lgica e
cronologicamente, que seria a transformao das cinco funes de uma seqncia
elementar (GILLIG, 1999:57). Isto , a narrativa progride partindo de um estado inicial,
39
apresentando o heri com suas dificuldades, para chegar a um final feliz. O modelo de
Larivaille nos permite ver a narrativa dentro de uma seqncia quinria, ou seja, h o incio e
o fim, que so facilmente identificados, e o meio do enredo que dividido em trs partes, isto
, o desenvolvimento lgico e cronolgico do conto se d em trs momentos, apresentando no
segundo momento uma subdiviso. Dessa forma, temos o estado inicial, que geralmente
comea com um desequilbrio que ser transformado em equilbrio no final da narrativa; o
meio, marcado com a mudana dos tempos verbais da narrativa, com as aes desenvolvidas
no enredo; e o estado final em que aquele desequilbrio apresentado inicialmente superado
sendo alcanada a felicidade.
Analisando o conto A Bela Adormecida com base no modelo de Larivaille, temos:
I.ANTES
1. Estado Inicial, equilbrio precrio
-
II. DURANTE
2. Desenvolvimento, provocao
-
A maldio da fada m;
40
4. Sano. Conseqncia
-
III. DEPOIS
5. Estado Final
- A princesa se casa com o prncipe e vivem felizes at o final de seus dias.
41
01 LA PRINCESA
Era una vez una bella princesa que viva con su familia en un gran
palacio, pero existia una bruja que vivia en una floresta prxima al palacio y que
tena mucha rabia de la princesa por causa de su belleza.
Un da la princesa fue caminar por la floresta y la bruja hice un hechizo
para que la princesa pudiesse transformarse en una culebra y solamente un
prncipe poderia cambiar el hechizo
La princesa se qued muy triste, seria muy dificil que alguien pudiese dar
un beso en una culebra
La familia de la princesa se qued muy preocupada, pues no sabian en que
lugar podrian encontrar la chica.
En una ocasin, un prncipe fue en el palacio y los padres de la princesa
hablo del desaparecimiento de su hija y el prncipe desidi salir para procurar la
princesa, camin por toda la floresta y derepente se depar con una culebra
cualquiera, parecia bella y l dio un beso en la culebra que se transform en una
bella princesa y ellos vivieron felizes para siempre.
42
O desaparecimento da princesa
2. Sano:
-
Desencadeamento: un da
Sano: y
Situao Final: y
C. * Verbos Utilizados
1. Parte: pretrito imperfecto
2. Parte: pretrito indefinido, presente de subjuntivo e pret. imperfecto
3. parte: pretrito indefinido
Notamos que nesse esquema cada parte que constitui o texto est bem demarcada,
mostrando-nos a situao inicial negativa e, em seguida, o meio das aes que est
43
44
45
herona busca sua realizao pessoal com a ajuda de um elemento mgico que funciona como
mediador entre o desejo do heri ou da herona e o que se pretende conquistar.
Mas, alm de tratarem de histrias aventureiras, em que aparecem elementos mgicos,
os CF so narrativas que demonstram atravs das personagens valores ticos, morais. Essa
narrativa revela por meio das personagens a noo do bem e do mal, os conflitos de poder,
entre outras situaes, mesclando a realidade e a fantasia, mostrando de que modo o
ideolgico se inscreve na prpria linguagem e em suas formas de funcionamento. Nessa
mescla possvel trabalhar a formao de valores nas crianas e importante a presena do
ldico nos CF, pois permite que a criana compreenda o mundo pelo vis da imaginao.
por meio dos seres encantados e os elementos mgicos presentes nos CF que tornase fcil compreender a mensagem que revelada nessa narrativa. Barco acredita que a
presena de elementos mgicos e o recurso fantasia tm sido procedimentos recorrentes na
Literatura Infantil para conquistar o leitor. Segundo ele, a presena da fantasia possibilita ao
leitor organizar suas percepes, vivenciar e resolver emoes que lhe parecem complexas e
de difcil compreenso. E complementa dizendo que o uso da fantasia na literatura infantil
mais um recurso de adequao do texto ao leitor, pois ele compreende a vida, como j foi dito
anteriormente, pelo vis da imaginao.
Mas, o que dizem alguns estudiosos a respeito dessa narrativa infantil? Ktia Canton
(2000), pesquisadora da USP e autora de uma srie de livros sobre a histria dos CF,
compartilha a mesma definio de Alencar e nos fala da relevncia dos contos na vida
infantil.
entendimento da leitura por parte dos pequenos leitores. A narrativa se desenvolve atravs
das motivaes que guiam as aes das personagens. Motivaes tais como o amor e o dio,
a generosidade e o egosmo, a confiana e a traio. Kanton diz que so narrativas que
valorizam a esperteza, a solidariedade sem expressar nenhum julgamento. O que vemos que
46
os personagens maus nunca vencem, sendo triunfados aqueles que possuem, revelam boas
condutas.
Eliana Gagliardi e Heloisa Amaral (2001), ao definirem os CF, mostram que essa
narrativa no apenas pode fazer parte do mundo infantil como tambm despertar interesse dos
jovens e dos adultos. Segundo elas os CF a narrativa em que aparecem seres encantados
e elementos mgicos pertencentes a um mundo imaginrio, maravilhoso (2001:7).
Sabemos que os CF alm de antecipar, atravs da leitura, situaes, problemas que
podem ser vivenciados no futuro pelos pequenos leitores, revelam os conflitos, os medos, as
buscas, os desejos e frustraes que toda a criana possui. Cada CF traz elementos mgicos,
mas tambm apresentam aspectos que fazem parte da realidade concreta. E identificando
esses aspectos, a criana se identificar com alguma personagem e observar que os conflitos,
os desejos ou os medos que possui podem ser superados assim como eles o so no CF.
Mgico tambm dizermos que rel um CF na idade adulta descobrir, ou melhor,
redescobrirmos o caminho que norteou o desenvolvimento da nossa maturidade; e atravs da
leitura de um CF possvel nos conhecermos melhor, entendermos porque agimos de uma
maneira e no de outra. To importante darmos a oportunidade dos nossos pequenos
leitores viajar no mundo da fantasia, como tambm o para os adultos, que tm a
oportunidade de compreender aes que desenvolveram na infncia; tm a oportunidade de se
vislumbrar diante do reconhecimento do seu prprio eu.
Bettelheim (1984), em um estudo de natureza psicanaltica, nos diz que os CF tm um
valor inigualvel porque oferecem novas dimenses imaginao da criana. Tais dimenses
ela no poderia descobrir verdadeiramente por si s. Para ele o mais importante nesse gnero
narrativo so a forma e a estrutura, pois sugerem imagens criana com as quais ela pode
estruturar seus devaneios e com elas dar melhor direo sua vida.
47
pertinentemente diz que h neles uma poesia oriunda de uma mitologia popular e que atravs
dessa poesia de sonho a criana descobre seres que fazem parte da vida cotidiana. Ou seja, no
CF fantasia e realidade se encontram permitindo, assim, que o pblico infantil descubra
elementos da realidade atravs do mundo mgico.
Diante do que foi exposto podemos definir os CF como um gnero vinculado ao tipo
narrativo em que seres fantsticos e fadas, em algumas situaes, interferem no
desenvolvimento da narrativa ajudando os bons personagens a alcanarem seus objetivos.
Importante dizermos tambm que essa narrativa transfere para a estria elementos da
realidade mostrando, assim, que alguns dos problemas pelos quais passa a criana.
No entanto, faz-se necessrio indagar uma vez mais: todas as narrativas infantis so
CF? Veremos mais adiante que no so ao discorrermos sobre a origem dos CF.
48
49
(1) rase una vez un rey y una reina que vivian muy apenados, porque no tenan hijos.
(La Bella Durmiente)
O termo rase una vez... usado para localizar o tempo em que a narrao se desenvolve,
porm ao mesmo tempo em que localiza, esse termo indica que a estria a ser contada foi
realizada em uma poca distante da que vivemos. Analisemos alguns outros exemplos:
(02) Lo celebraron con una magnfica fiesta en su palcio e invitaron a las hadas para
que cada una concediera una gracia a la princesa. (La Bella Durmiente)
50
(03)La reina, celosa, se sinti profundamente irritada; llam a un cazador y le orden: llvate a Blancanieves al bosque y mtala. (Blancanieves)
(04) Llam a la puerta y cuando la joven abri,le ofreci una manzana, pero la fruta
estaba envenenada y al primer mordisco, la princesa cay desmayada.(Blancanieves)
(05) Un prncipe que pasaba por all, se aproxim a Blancanieves que parecia dormir y
se enamor de ella. Entonces, abri la urna y le dio un beso. ( Blancanieves)
(06) ...le dio un beso en la frente y la joven se despert. (La Bella Durmiente)
Nos exemplos acima vemos que personagens como fadas (las hadas), rainha m,
prncipe, princesa fazem parte do CF. Em La Bella Durmiente a presena das fadas boas far
com que a princesa tenha um sono trnqilo at a chegada do seu prncipe encantado. J em
Blancanieves mesmo no havendo a presena de fadas, h o maravilhoso, o mgico que
permite o encontro do prncipe e da princesa. A magia, em Blancanieves e em La Bella
Durmiente, est nitidamente visvel quando o prncipe beija a princesa e a desperta do sono
profundo; nas passagens (5) e (6) vemos que a paixo do prncipe, leva-o a desejar a princesa
e a desejar beij-la a fim de despert-la. Em (3) vemos que uma rainha m por ter cimes da
enteada manda mat-la; em La Bella Durmiente a rainha uma personagem boa que deseja
51
apenas engravidar e consegue: consultaron a todos los mdicos del pas y ninguno haba
encontrado el remedio.pero cuando menos lo esperaban, la reina se qued embarazada y dio
a luz una preciosa nia. Mesmo no havendo, nesse momento, um elemento mgico
explcito no texto que levasse a rainha a engravidar surgiu a gravidez como num passe de
mgica sem a interveno mdica. No exemplo (2) o nascimento foi comemorado pelos reis e
pelas fadas boas que foram convidadas. No entanto, a tristeza da Rainha se fez presente no
conto quando a maldio da fada m se concretizou. A fada m havia ficado furiosa porque
no havia sido convidada para a festa. O reino no a convidou porque pensava que essa fada
estava morta e por isso sofreu ao ver aquela linda princesa cair no sono profundo. Pois,
enquanto as fadas boas desejavam que a princesinha fosse feliz, a fada m desejou o mal a
Aurora (a princesa):
- Cuando la princesa sea mayor se picar con una aguja de hacer punto y morir.
Mas, como nem todas as fadas haviam feito seus desejos, a fada boa abrandou a maldio:
- No tengo poder para deshacer lo dicho por mi compaera. La princesa se picar con la
aguja, pero no morir; quedar dormida muchos aos, hasta que lo despierte un prncipe
enamorado. Esse desejo consolou um pouco os pais da princesa, mas a tristeza maior estava
para ser realizada: Apenas tom las agujas, se pic con una de ellas y cay al suelo
desmayada. Al verla, los reyes comprendieron que se haba cumplido el deseo del hada
perversa.
O que nos chama ateno que embora a rainha no seja, em La Bella Durmiente,
uma personagem ativa, h, nela, a presena do amor e da dor; o amor, quando se comemora o
nascimento da princesa Aurora, e a dor quando perde a filha. Falamos em perda porque
52
encontrar a paz, harmonia. Ela no sai do castelo em busca de bens materiais e sim de bens
de ordem espiritual. Em La Bella Durmiente ocorre o mesmo. O desejo de auto-realizao
pessoal est presente nos reis, que desejam ter filhos; em La Bella Durmiente o prncipe que
busca o seu amor. a busca pelo amor, a paz, o viver bem que move os personagens dos CF.
Vale ressaltar que h em Blancanieves, como em alguns outros contos, a metamorfose, a
transformao.
transforma em uma velha e tenta matar Branca de Neve com uma ma envenenada: Pero la
reina descubri que Blancanieves no haba muerto y hacindose pasar por una vendedora de
frutas, fue hasta la casita del bosque. Enfim, podemos verificar que praticamente em quase
todos os CF o heri ou herona busca o seu amor encantado, o seu amor ideal. O que notamos
que no desenvolvimento das aes h obstculos a serem vencidos, problemas a serem
superados para que o heri ou a herona possa alcanar essa auto-realizao de ordem
existencial. Vale ressaltar que geralmente o ponto de partida para o desenvolvimento das
aes, notada pelo uso adequado dos tempos verbais que marcam a narrativa e pelos
marcadores temporais, um encantamento ou algum tipo de metamorfose que uma das
personagens sofre.
53
Mas, o que podemos falar dos Contos Maravilhosos? Observando algumas passagens
abaixo iremos identificar algumas caractersticas desse gnero narrativo:
(1) pero lleg un lobo que queria comerse al cerdito y dijo: - Abre la puerta o de un
soplo echar la casa abajo!
El cerdito no abri la puerta. EL lobo sopl, derrib la casa y el cerdito huy lo
ms rpido que pudo. (Los Tres Cerditos)
Nessa passagem a presena do maravilhoso verificada nos animais que falam. E no Conto
Maravilhoso no cotidiano mgico que a narrao desenvolvida. Quando falamos em
cotidiano mgico, referimo-nos aos animais falantes, objetos animados que caminham, falam,
crianas que voam, duendes, alm do espao e do tempo que, como os CF, no so
identificados.
A presena de animais falantes quase sempre vista nos Contos Maravilhosos. Em
Caperucita Roja (Chapeuzinho Vermelho), por exemplo, vrios so os animais que falam,
como o lobo que representa a maldade, a mentira nesse conto.
(2) Junto a la casa, estaban reunidos todos los animalitos del bosque, tramando un
plan para salvar a su amiga.
El Bho, que era el ms inteligente, tom la palabra:
Volad lo ms rpido que os den las alas.
Dijo a las aves y avisad al cazador. Y t dijo al cierro ve corriendo a casa de
caperucita ycuntale a su madre lo que est ocurriendo. (Caperucita Roja)
54
Como podemos observar animais falantes nos Contos Maravilhosos algo comum,
no o a presena de fadas, como nos CF. Mas, em alguns Contos Maravilhosos verificamos
a interveno das fadas na resoluo de um problema, como notamos nos exemplos abaixo:
(3) Llor arrepentido, pero un hada madrina apareci para librarlo del encantamiento y
le advirti: - siempre que digas una mentira, te crecer la nariz! (Pinocho)
(4) Peter Pan quera llevarlos a conocer la tierra de Nunca Jams y con la ayuda
mgica del hada Campanilla todos salieron volando. (Peter Pan)
Tanto em Pinochio como em Peter Pan o elemento mgico a Fada Madrinha que
ir ajudar a personagem realizar um desejo (Peter Pan) ou a tir-lo do sofrimento (Pinochio).
55
Despus de mucho buscar, Joana conseguiu su primer empleo. Dar clases en una
escuela en el interior de su ciudad.
A pesar de no querer mucho, pues Joana no gustava de ser maestra, la necesidad la
obligava a esto.
A las siete de la maana Joana estava en la clase !y que clases! 79 alumnos.
Ella estava nerviosa, no sabia o que hacer. La voz faltvale y la actividad que haba
preparado para toda la maana, no pas de una hora.
Joana se qued aflicta, callse por algunos minutos, observandose los alumnos
resvueltos.
Despues de mucho esperar miraba al relj y a los nios. Ella empez a llorar, llorava
tanto que los nios se quedaron calmos.
As, la dicieron: Podremos ir?, la classe termin.
Y as, Joana empezo a reir, carcaj a punto de los nios no entenderen quien estaba
con ms voluntad de ir embora.
Las experiencia fue tan ruin que Joana jams volvi aquella aula, pues descubri que a
pesar de la necesidad, la vocacin es ms importante.
Consideramos essa narrativa como um Conto Exemplar porque ela traz um problema
vivenciado por milhares de pessoas que realizam trabalhos em reas de estudo que no tem
relao com sua real vocao. Alm de a aluna encerrar a narrao dizendo que o mais
importante a vocao, ou seja, ainda que seja fcil ou que parea fcil realizar um certo
56
trabalho o melhor poder identificar-se com ele e no ser infeliz desenvolvendo atividades
que s o deixar frustrado. Como todo Conto Exemplar que revela uma moral que deve ser
seguida, esse tambm mostra uma moral, uma opinio que deve ser encarada como sendo a
certa. Retratando tambm um assunto que faz parte do cotidiano das pessoas.
Analisando o corpus, o conto que segue abaixo nos chamou a ateno levando-nos a
classific-lo como um Conto Exemplar porque trata de uma situao que faz parte do
cotidiano e tambm porque fala da busca da realizao pessoal, busca que apesar dos
obstculos, na situao apresentada no texto abaixo, deve ser realizada com perseverana,
pois disso depender a felicidade daqueles que a perseguem. Leiamos, ento, o texto a seguir:
57
Las diez monedas slo pagaba una habitacin muy pobre y simple. Pero algo en
Carlos le deca para llevar aqul extrao hombre a una habitacin ms cerca de la suya. Y fue
lo que hizo.
Durante toda la noche, Carlos no dormia. En su cama, no paraba ms de pensar en
Julio y se dio cuenta que lo que tanto necesitaba era una pareja, un hombre para amar.
Pero Carlos estaba muy confuso, pues era muy religioso y creia que lo que estaba
sentiendo era un error, un pecado, una deuda con Dios.
Mientras Carlos pensaba y se sentia culpado, julio tambin estaba confuso. Desde la primera
vez que ha visto Carlos algo dentro de ti se acendi. Una llama muy fuerte tenia algo que
tanto estaba buscando.
La vida quizo hacer una broma con las dos almas, pues desde otras vidas los dos se
enamoraron ya que eran almas geniales. Pero ahora habia sto obstculo. Lo qu ellos
podrian hacer? No sabian tampoco sabian que en la habitacin al lado, el otro pensaba lo
mismo.
Por la maana ellos no conseguian mirarse directamente. Estaban enverguenzados.
Julio fue el primer a hablar:
- Buenos das! Dormi bien?
- Buenos! S, si y usted?
- Tambin.
Y se quedaron slo con estas pocas palabras. Carlos sentia que iba a morrerse si no
hablase todo para Julio. Mientras tendria mucho miedo, se acerca Julio.
- Caro seor, tengo que decirle algo.
- Dime! dijo Julio.
58
- La noche pasada, cuando el seor apareci frente mi pensionado, senti algo dentro de
m, que no s lo que es.
- Julio lo interrompi: Para decirte la verdad, yo tambin.
- Carlos se volvi enverguenzado, pero continu:
- Entonces ser ms fcil te amo! No s como esto es posible, pero es la verdad.
- No hay problema, dijo Julio, venga conmigo y vamos a viver juntos
- No s, dijo Carlos. T sabes que vamos a sufrir mucho, no? T tienes coraje par
esto?
- S, la tengo, dijjo Julio. Sin pensar dos veces, carlos cerr de vez su caso y fue con
Julio.
Hasta hoy, ellos son muy hablados por las ciudades que se quedaron. Siempre 1 ao en
cada un, pues la gente no aceptaba ellos. Pero los dos se quedaron juntos hasta el fin de
la eternidad.
No
exemplo anterior temos um conto que nos faz refletir sobre a importncia de nos envolvermos
em atividades que realmente nos faam bem. No entanto, esse segundo conto retrata uma
situao que no s faz parte do cotidiano de um grupo de pessoas, como tambm da
populao mais ampla. Esse conto nos mostra que mesmo sendo diferente, mesmo no
sendo aceito pela sociedade, necessrio que a unio seja maior para que se possa vencer as
batalhas que a vida nos proporciona. Exemplo de sobrevivncia, exemplo de perseverana e
de unio o que nos revela esse conto chamado de Nuevo Mundo.
Mas, como havamos apresentado anteriormente, Novaes nos fala nos Contos
Exemplares e nos Contos Jocosos. Os Contos Jocosos, apesar de serem tambm narrativas
59
breves que abordam temas do cotidiano, se diferenciam dos Contos Exemplares por
apresentarem no enredo da narrativa gestos, palavras, situaes vulgares mesclando-os com o
tom cmico que tambm se fez presente nesse conto. Esses contos tiveram sua origem nos
fabliaux. Os fabliaux so, segundo Novaes, narrativas alegres e por vezes obscenas que
circularam com grande sucesso na Frana Medieval e depois s demais naes (1997:162).
Apesar de voltarmos a nossa ateno aos CF, interessante podermos conhecer as
classificaes existentes sobre os contos populares.
60
61
Podem
apresentar-se como uma atividade para a articulao da fala, exigindo que sejam falados
rapidamente. Ex.: Travalnguas.
Apenas nesse ltimo tipo, o que engloba Travalnguas, as questes ligadas
temporalidade podem no estar presentes na "narrativa" pois os aspectos fontico/fonolgicos
so preponderantes em relao aos aspectos morfossintticos e textuais/discursivos.
62
63
obras fazem parte do acervo de contos antigos da literatura aljemiada, literatura dos
muulmanos que com a perda de Granada, tornando a Espanha livre, foram submetidos ao
poderio dos cristos.
Vemos, dessa forma, que os contos surgiram da necessidade do homem explicar,
contar fenmenos que aos poucos ele ia entendendo, compreendo; contos que no s traziam
elementos mgicos, mas que exploravam tambm fatos reais. Mas, e as fadas? De onde
vieram as fadas? E por que falamos em CF?
64
65
regies longnquos, brumosas, com lagos misteriosos; 5) devoo quase religiosa pela
Natureza, vista como dona de estranhas foras; 6) lendas, onde vagam heris invencveis (ou
estranhas criaturas submetidas a um poder ou encantamento msticos); 7) mulheres divinas ou
diablicas; 8) fadas, anes, gigantes; 9) encantadores de vrias espcies, monstros, talisms,
filtros mgicos, reinos fantsticos.
(1) Lleg el da y las dos hermanas se marcharon. Cenicienta se qued muy triste y no
paraba de llorar.
(2) Entonces apareci su hada madrina, que al verla llorando le pregunt:
66
Te gustara ir al baile?
Nessas duas passagens observamos primeiro a tristeza da Cenicienta por no poder ir ao baile,
mas em seguida aparece sua fada madrinha que usa sua varinha mgica e transforma uma
abbora em uma bela carruagem, transforma ratos em cavalos, enfim, usa da magia para
ajudar a Cenicienta a realizar seu desejo de ir ao baile. E ao realizar seu sonho, todos se
encantam com a sua beleza, beleza que flui pela magia.
(4) En la cena, el prncipe no comi nada, pues lo nico que hizo fue mirarla sin parar
(5) Cuando oy que empezaban a sonar las campanadas del reloj dando las doce, sali
corriendo sin que nadie lo entendiera
(6) Los guardias de la puerta dijeron que slo haba salido una muchacha sucia y mal
vestida; ella no poda ser aquella princesa
67
Nas passagens (3) e (4) percebemos que a beleza da Cenicienta aflorada pela magia
da metamorfose pela qual ela passou. Mas, nas (5) e (6) verificamos que a Cenicienta j no
mais aquela jovem do baile que despertou a ateno de todos os presentes, mas sim a bela
jovem de vestimentas pobres. Contudo, atravs dos sapatinhos de cristal que o prncipe
descubrir que aquela pobre jovem a bela, a meiga e pura jovem que havia bailado com ele
durante todo o baile.
Pero mi paje se arrodill para calzarle el pie, porque la ordenera probarlo a todas las
jvenes del reino. Tambin le quedaba que se quedaron todos soreprendidos. Adems
estaba lindsima.
No que diz respeito s personagens, Jesualdo nos fala que geralmente so poucos,
aparecendo, s vezes, crianas com funo de intervir no enredo. Tais personagens ou so
bons ou maus, valentes ou covardes, pobres ou nobres; cada personagem se destaca pelas suas
qualidades fsicas ou morais que so identificadas atravs de suas aes. Segundo Bhler
(apud JESUALDO: 1993,124) o fundamental nessas personagens que so vistos como
tipos e, em geral, tem apenas uma qualidade relevante elevada ao mximo. Vale ressaltar,
que a bondade, a coragem, a virtude explorada em cada personagem que vence, que triunfa,
a maldade, a covardia.
H tambm as personagens que funcionam como acessrios ou secundrios. So os
pais das personagens, a madrasta, as cortes dos reis, no esquecendo de citar os animais que
incorporam uma qualidade participando da narrativa como se fossem humanos. Alm dos
animais podem aparecer no CF objetos animados como espelho mgico (Blancanieves),
castial (La Bella y La Bestia), varinha mgica (La Cenicienta) entre outros.
68
69
Em um outro momento falamos sobre o desejo que o homem teve de tentar entender
fenmenos os quais ele no dominava e nesse desejo de querer compreender as
transformaes pelas quais o ambiente em que estava inserido sofria, o homem primitivo
comeou a contar os acontecimentos vivenciados por ele. Podemos dizer que o homem
narrava esses acontecimentos, ou seja, o contar era exatamente narrar as experincias vividas
por ele num determinado espao, num determinado tempo.
interessante frisar que a narrao foi usada numa poca em que o seu estudo no era
uma preocupao, mas sim o seu uso e est presente inclusive nas formas iniciais de registro
da histria quando observamos as primeiras pinturas rupestres. J ali, em um outro sistema
semitico, a narrao se fazia presente. Mas, o que narrao? Ser que apenas o relato de
acontecimentos reais ou fictcios desenvolvidos em um tempo real ou imaginrio? Como uma
narrao estruturada? Quando falamos em narrao, estamos falando tambm em narrativa
ou temos, nesse caso, termos distintos?
Segundo Bronckart (1999: 219), o conceito de seqncia narrativa j foi estudado
por muitos pesquisadores. Para ele esse estudo comeou com a Potica de Aristteles, que
comenta e descreve as caractersticas principais desse gnero textual/discursivo;
posteriormente, no incio do sculo, estudiosos como os formalistas russos Tomachevsky e
70
Propp desenvolveram um trabalho sobre a narrao. No entanto, vale ressaltar que o estudo
sobre a narrao estendeu-se ao campo da psicologia cognitiva com Fayol (1985),
sociolingstica americana com Labov (1967) e escola francesa de narratologia com
Brmond (1973), Genett (1969) e Greimas (1966).
Podemos, todavia, at pensar que o narrar uma ao simples, mas o interesse de
linhas tericas de pesquisa pela narrao nos mostra que no estamos tratando de um tema
simples, mas sim de um assunto que merece ateno de todos os que pretendem realizar
atividades lingsticas que incluam textos em diferentes gneros. Primeiro, acreditamos ser
importante entender a diferena que h entre os dois termos narrao e narrativa. De
acordo com Plato e Fiorin (1997:227-229), a narrativa uma mudana de estado operada
pela ao de uma personagem e que a narrao um tipo de narrativa, pois a narrativa
pode aparecer. possvel compreendermos melhor essa distino ao observarmos como
cada uma se forma; ao analisarmos as caractersticas bsicas de cada uma.
Ao despertar o nosso interesse de investigar os elementos que esto presentes na
Narrativa, observamos que ela est dividida em dois tipos bsicos: a Narrativa de Aquisio e
a Narrativa de Perda. Nessa h a presena de personagens que perdem algo anteriormente
conquistado como, por exemplo, um emprego, um amigo, um amor; naquela as personagens
se apaixonam, enriquecem, enfim, adquirem algo. Mas, alm dessa diviso, a Narrativa
apresenta, segundo Plato e Fiorin (1997), quatro mudanas de situao e essas quatro
mudanas tanto podem aparecer na narrativa de aquisio quanto na de perda. So elas: a) a
personagem pode passar a desejar ou querer realizar algo: aqui d-se uma transformao
quando se passa do desejo de no querer ao desejo de querer algo; b) a personagem apresenta
a competncia necessria para realizar algo: nesse caso ela passa do estado de no poder
realizar para o de poder; c) essa mudana considerada pelos autores como a principal da
narrativa: aqui h a realizao do que se desejava pr em prtica; d) constatada que a
71
72
73
74
haver coerncia narrativa se, no interior do texto, houver inadequao no uso dos tempos e
aspectos verbais e das expresses temporais. Sabemos que a seqncia narrativa segue uma
ordem cronolgica e essa progresso temporal que ir marcar as mudanas de situao; que
ir situar o leitor nas etapas pelas quais as personagens passaro no texto, que ir indiciar as
relaes causais entre os fatos narrados.
Tendo caracterizado e realizado a distino entre os termos narrao e narrativa,
vamos nos deter no estudo das seqncias narrativas apresentando sua caracterizao
baseados no trabalho de Bronckart nas passagens em que ele fala dessa seqncia citando as
pesquisas desenvolvidas pelo lingista francs Jean-Michel Adam, no mbito da Lingstica
Textual.
75
Adam (apud
BRONCKART 1999:220) diz que esse processo tem como fim selecionar e organizar os
acontecimentos de modo a formar um todo, uma histria ou ao completa com incio, meio e
fim. Aqui, chegamos ao prottipo mnimo proposto de seqncia narrativa :
SITUAO INICIAL
TRANSFORMAO
SITUAO FINAL
Incio
Meio
Fim
76
No entanto, Bronckart nos fala que com Labov e Waletzky (apud BRONCKART,
1999) surgiram um prottipo-padro apresentando cinco fases consideradas todas relevantes:
a) fase da Situao Inicial, em que o estado de coisa se apresenta. E esse estado pode
se apresentar num ambiente de equilbrio que ser quebrado quando se introduz um
estado de perturbao;
b) fase de Complicao, onde a perturbao introduzida;
c) fase de Aes, que indica os sucessos oriundos dessa perturbao;
d) fase de Resoluo, em que as aes novas surgem diminuindo o grau de tenso
provocado na fase de complicao;
e) fase de Situao Final, em que se restaura o equilbrio que se perdeu ao ser-lhe
apresentada a complicao.
Mas, alm dessas cinco fases, Adam acrescenta mais duas que reflete a viso do
narrador diante dos fatos narrados:
f) fase de Avaliao, aqui faz-se um comentrio sobre o desenvolvimento da histria sem
haver regra no que diz respeito posio desse comentrio na narrao;
g) fase de Moral, aqui o autor preocupa-se em explanar a significao global
trabalhada no texto.
seqncia.
importante registrarmos que o estado de equilbrio, ao ser desenvolvido, leva-nos a
uma tenso, provocada por algum problema causado por uma ou mais personagens, que
desaparecer quando essas personagens superem o problema, reencontrando, assim, a
harmonia apresentada na situao inicial. Esse prottipo de seqncia narrativa considerado
um todo regido por aes que produzem uma causalidade, isto , a ordem cronolgica dos
acontecimentos se sobrepe uma ordem interpretativa, que fornece causas e/ou razes aos
diversos encadeamentos constitutivos da histria. E por isso que, segundo Adam (apud
77
78
79
considera funcionalmente complexo. Ela diz que esse plano o ambiente da diversidade
temporal e dos aspectos verbais; aqui, os discursos se encontram forando o escritor a mudar
o tempo verbal e conseqentemente levando-o a dominar o uso adequado dos verbos tanto no
primeiro quanto no segundo plano.
Como j foi dito, Harlig considera o primeiro plano uma etapa funcionalmente simples
da narrativa, enquanto que o segundo plano funcionalmente complexo. Vejamos, ento, o
que os leva a ser classificados dessa maneira de acordo com Harlig, a partir das caractersticas
formais de cada um:
1 Plano:
-
considerado o ambiente em que o passado simples aparece com verbos lxicos (i.e.
verbos de noncopular);
2Plano:
-
80
desenvolveu com alunos estrangeiros estudantes de ingls como segunda lngua. Mas, ser
que essa caracterizao tambm se estende a outros idiomas ou so dados prprios da lngua
inglesa quando estudada como segunda lngua? Observaremos agora a classificao dada a
essas relaes temporais por Benveniste.
Cada vez que no seio de uma narrativa histrica aparece um discurso quando o
historiador, por exemplo, reproduz as palavras de uma personagem ou intervm, ele prprio,
para julgar os acontecimentos referidos, se passa a outro sistema temporal, o do discurso. O
prprio da linguagem consiste em permitir essas transferncias (BENVENISTE,1991: 267).
Para referir-se aos Planos Temporais, Benveniste em seu artigo As Relaes de
Tempo no verbo francs, fala em Planos de Enunciao. Segundo ele, h dois Planos de
Enunciao: o Plano de Enunciao Histrica e o Plano de Enunciao do Discurso. O
primeiro, voltado para a lngua escrita, caracteriza a narrativa das aes passadas; j o
segundo refere-se a toda enunciao que suponha um locutor e um ouvinte onde o primeiro
demonstra ter a inteno de influenciar o outro. Para Benveniste, a Enunciao do Discurso
o espao em que h diversidades de discursos orais. No entanto, vale salientar que essa
Enunciao no reservada apenas lngua escrita como acontece na Enunciao Histrica,
mas tambm lngua falada, isto , essa diversidade de discursos tanto aparecer na lngua
falada quanto na escrita.
81
82
83
MODO INDICATIVO
CANTAR- 1Conjugacin espaola y portuguesa
tiempos espaoles
tiempos
nomenclatura
nomenclatura
portugueses
espaola
portuguesa
caracterizacin ejemplo/exemplo
temporal
accin actual,
cantas
continua
das/ eu canto
canta
canta
inacabada
todos os dias
cantamos
cantamos
cantis
cantais
Cantan
Cantam
he cantado
tenho cantado
pretrito perfecto
pretrito
accin pasada
he cantado mucho
has cantado
tens cantado
compuesto
perfeito
reciente,
(acabada) / tenho
ha cantado
tem cantado
relacionada con
cantado muito
hemos cantado
temos cantado
antepresente)
el presente
(inacabada)
habis cantado
tendes cantado
han cantado
tm cantado
cantaba
cantava
pretrito
pretrito
accin pasada
ayer cantaba... /
cantabas
cantavas
imperfecto
imperfeito
continua,
ontem cantava...
cantaba
cantava
(copretrito)
cantbamos
cantvamos
cantabais
cantveis
cantaban
cantavam
haba cantado
cantara
pretrito
pretrito mais-
accin pasada
cuando l lleg yo
habas cantado
cantaras
pluscuamperfecto
que-perfeito
anterior a outra
ya haba cantado/
haba cantado
cantara
(antecopretrito)
habamos cantado
cantramos
chegou, eu j
habais cantado
cantreis
cantara
Canto
canto
cantas
presente
Presente
se ensina no
Brasil)
inacabada
84
haban cantado
cantaram
cant
cantei
pretrito perfecto
pretrito
accin pasada
cantaste
cantaste
simple (prterito
perfeito
cant
cantou
indefinido,
cantamos
cantamos
pretrito)
cantasteis
cantastes
cantaron
cantaram
hube cantado
(no existe)
hubiste cantado
pretrito anterior
horas
(no existe)
accin pasada
(antepretrito)
hubo cantado
anterior a outra
hubimos cantado
pasada, acabada
empec a cantar
hubisteis cantado
hubieron cantado
cantar
cantarei
futuro
cantars
cantars
(futuro
cantar
cantar
imperfecto)
cantaremos
cantaremos
cantaris
cantareis
cantarn
cantaro
Tiempos espaoles
futuro presente
tiempos
nomenclatura
nomenclatura
portugueses
espaola
portuguesa
cantarei amanh
caracterizacin ejemplo/exemplo
temporal
habr cantado
terei cantado
futuro perfecto
futuro do
accin venidera
llegars tarde; ya
habrs cantado
ters cantado
(antefuturo)
presente
anterior a otra
habr cantado /
habr cantado
ter cantado
composto (no
venidera,
voc chegar
habremos cantado
teremos cantado
se ensina no
acabada
tarde; j terei
85
habris cantado
tereis cantado
Brasil)
cantado
habrn cantado
tero cantado
cantara
cantaria
condicional
futuro do
accin posible
cantara si... /
cantaras
cantarias
(potencial simple,
pretrito
condicionada,
mucho
cantara
cantaria
pospretrito)
realizable,
cantaria se...
cantaramos
cantarimos
cantarais
cantareis
cantaran
cantariam
habra cantado
teria cantado
condicional
habras cantado
terias cantado
habra cantado
teria cantado
compuesto,
composto (no
condicionada
habramos cantado
teramos cantado
antepospretrito)
se ensina no
irrealizable,
habrais cantado
tereis cantado
Brasil)
acabada
habran cantado
teriam cantado
inacabada
futuro do
accin
cantara si... /
imposible,
teria cantado se
Tabela retirada do livro: MASIP, Vicente. Gramtica espaola para brasileos. Difusin: Barcelona,
1999:53-54
86
Compuesto. Mas, enquanto esse mantm uma relao com o presente, aquele apresenta uma
ao passada que j chegou ao final.
Observaremos com detalhe o uso desses tempos, quando iniciarmos a anlise das
produes.
Contudo, antes de verificarmos as relaes temporais estabelecidas nas produes dos
graduandos, apresentaremos os primeiros momentos que nos levaram coleta dos dados para
depois realizarmos a nossa anlise dos CF produzidos pelos alunos.
Em 21 de maio de 2003 realizamos a primeira coleta de dados para o desenvolvimento
da anlise sobre a construo da temporalidade nas narrativas produzidas pelos alunos da
graduao. Em um primeiro momento os alunos responderam os questionrios que foram
distribudos. Nessa etapa pretendamos checar o tempo dos graduandos dedicado ao estudo
da lngua espanhola e, entre outras informaes, observar se na viso desses graduandos os
CF so narrativas que devem ser trabalhadas nas aulas de ELE (Espanhol como Lngua
Estrangeira) a fim de realizar atividades que enfoquem a construo da temporalidade atravs
desse tipo textual., ou seja, se havia a compreenso do porqu do uso do gnero CF no
processo de ensino-aprendizagem da lngua espanhola por falantes no nativos.
87
88
estudantes. Todos acreditam ser relevante desenvolver trabalhos com CF em ELE. Para os
graduandos possvel realizar atividades com esses contos em que se possa ter como meta:
desenvolver a compreenso textual, desenvolver a capacidade crtica do leitor, desenvolver a
produo oral, alm de permitir que o leitor realize um auto-conhecimento ao se projetar nas
personagens apresentados nos textos. H alunos que no apenas falam no desenvolvimento da
compreenso textual, como tambm falam na possibilidade de se trabalhar o desenvolvimento
do lxico que materializa as expresses e representaes temporais. No entanto, nenhum dos
alunos trata da questo da temporalidade citando, por exemplo, marcadores temporais como
antes/despus, ayer/ hoy/ maana, por la noche/ meses despus. Dos alunos questionados
10% expressaram a preocupao de que todo e qualquer gnero pode ser trabalhado ao ser
considerada a etapa de aprendizagem em que o alunado se encontra.
Mais de 10%
89
questionrio. Desses 90% cerca de 68% dos graduandos estudam espanhol h mais de quatro
anos. Os demais entrevistados se dedicam ao estudo desse idioma h mais ou menos trs anos
ou h trs anos completos.
No intuito de investigar quantos alunos desse grupo lecionam ou pretendem lecionar,
descobrimos que 43,8% dos graduandos ainda no lecionam. Desses 43,8%, 43% externaram
que pretendem ensinar, enquanto 0,8% no registraram a pretenso de dar aulas de espanhol.
Nesse grupo de alunos que no demonstrou interesse em trabalhar com esse idioma, a resposta
de uma aluna chamou-nos a ateno. Ela deixa claro o seu desapego com essa possibilidade
de ensino respondendo:No, Deus me livre. Mais adiante, quando formos analisar os CF
produzidos pelos alunos, retornaremos a essa aluna que no sente o menor desejo em lecionar,
o que nos surpreendeu tendo em vista tratar-se de algum que est se profissionalizando no
mbito de uma licenciatura.
Verificamos que 56,2% dos alunos j ensinam ou em pr-vestibular, ou em cursos de
lngua, ou, ainda, nos ensinos Fundamental e Mdio.
comparao com os primeiros dados coletados, observaremos que mesmo o primeiro grupo
apresentando um maior nmero de graduandos que se interessam em ensinar a Lngua
Espanhola, no segundo grupo o nmero de estudantes que j leciona maior do que no
primeiro.
No que diz respeito leitura de CF, 75% dos alunos investigados nunca leram contos
em espanhol. Desses 75% h alunos que leram Contos Maravilhosos acreditando ser CF,
outros nunca leram por no ser um gnero textual de fcil acesso em lngua espanhola
(limitao das bibliotecas universitrias e de cursos livres). Apenas 25% dos alunos j leram
esse gnero, sendo que 12,5% classificaram os contos maravilhosos como CF, e os outros
12,5% leram, mas ou no lembram o nome do conto lido ou no informam nos questionrios
90
os contos lidos. Aqui, notamos que 75% dos alunos no leram, ou seja, um nmero maior
em relao aos dados coletados no primeiro grupo.
Quando passamos para o item 4, importncia dos CF nas aulas de ELE, observamos
que 93,75% dos alunos crem que desenvolver um trabalho com CF em ELE louvvel, pois
permitir que esses alunos desenvolvam a compreenso textual, o lxico, a imaginao, a
estrutura gramatical desse idioma, os aspectos formais e funcionais desse gnero textual, alm
de acreditarem ser um bom trabalho pois os alunos j conhecem esse gnero na nossa lngua
materna. Apenas 6,25% no opinam por no ser do seu interesse ensinar esse idioma em
nenhum lugar.
Vale salientar que mais uma vez nenhum dos graduandos entrevistados fala na
possibilidade de desenvolver um trabalho em que se pretenda tornar mais eficaz o processo de
ensino-aprendizagem dos aspectos que expressam a construo da temporalidade usando os
CF. Quase todos, mais uma vez, falam na importncia de se trabalhar com CF, mas nenhum
faz emergir a questo da temporalidade. No entanto, vamos observar nas produes textuais
se esses alunos conhecem a estrutura dos CF e se conseguem usar adequadamente os
marcadores temporais tanto no primeiro, quanto no segundo plano do discurso.
Verificaremos, assim, se trabalhar com esse tipo de narrativa infantil possibilita um melhor
aprendizado no ensino de lngua espanhola e tambm se a aproximao com a nossa lngua
materna favorece esse aprendizado.
O questionrio que elaboramos foi constitudo de cinco questes. As quatro primeiras
questes tinham por finalidade conhecer um pouco as pretenses dos alunos que esto se
preparando para ensinar a lngua espanhola. A ltima questo nos indicia o contato que os
graduandos tm com os CF e tambm com outros gneros textuais/discursivos
Quando falamos em outros gneros textuais/discursivos nos referimos aos Contos
Maravilhosos e Exemplares que se fizeram presentes nas produes dos graduandos de
91
Lngua Espanhola 8 e Prtica de Espanhol II. Nosso intuito era realizar uma anlise dos CF
que supostamente seriam produzidos pelos graduandos. No entanto, acreditando estarem
produzindo CF alguns alunos acabaram escrevendo outros gneros textuais situados na ordem
do narrar.
Os graduandos da disciplina de Lngua Espanhola 8, por exemplo, escreveram Contos
Maravilhosos, Exemplares, Contos de Encantamento e de Animais. Vejamos os nmeros:
-
fazem parte do tipo narrativo; no entanto, importante ressaltar que parece no estar claro
para alguns estudantes o que um CF. Essa uma primeira observao importante sobre os
textos produzidos, pois acreditamos que o alunado do sexto perodo de Letras j deveria
conhecer esses gneros que podero ser trabalhados na sala de aula.
92
93
Era una vez un grillo que haca mucho gusto tocar guitarra e no gustava trabajar. Las
hormigas siempre trabajando para ayunar comida para la llegada del invierno. Pero el
grillo, cuando lleg el invierno se qued con muy hambre y fro. Las hormigas con piedad
trayeron comida para el grillo que jams se olvidar de la lecin: tenemos hora para
tudo; para la diversin y para el trabajo.
94
nessas produes escritas em ELE, interferncias tais como: ... a la madrastra o corazn de
um animal (P 9, linha 3); .... mucha rabia de la princesa por causa ... (P 10, linha 2); ...su
balcn mirar la paisage. (P 13, linha 5); los rboles empezaron a se mover graciosamente
(P 13, linha 6); Mismo sabiendo que Itlia era muy lejos... (P 13, linha 18). No primeiro
exemplo temos o uso do artigo definido o da lngua portuguesa acompanhando o vocbulo
corazn da lngua espanhola; no segundo exemplo o uso do por no lugar da preposio a; no
terceiro, temos o uso inadequado do artigo definido la diante de um substantivo masculino;
mais uma interferncia o uso incorreto do pronome encltico se; outro caso freqente de
inadequao lexical o uso incoerente do mismo em lugar da conjuno adversativa aunque.
Alm dessas interferncias, h nos CF a presena de problemas ortogrficos, frases truncadas,
perodos longos e tambm, em alguns casos, ausncia de concatenao entre os pargrafos, ou
ainda, problemas semnticos, como: ... y solamente um prncipe poderia cambiar el hechizo
(P 10, linha 4). Aqui, a palavra adequada deshacer, que significa desfazer ao invs de
cambiar, que significa trocar.
No que diz respeito aos graduandos de Prtica de Espanhol II, observamos tambm a
presena de problemas semnticos, problemas ortogrficos, interferncia da lngua materna,
alm de encontrarmos perodos longos em algumas produes. Vejamos alguns exemplos: a)
Problemas Ortogrficos: aparecem em quase todas as produes: puzo (P 4), se proteger (P
6), consegui (P 6), engenuidad ( P 3);
b) Problemas Semnticos: notamos o uso inadequado de certos vocbulos que interferem na
compreenso textual, tais como:
(P 2) ... y esta podra ayudarla a cambiarse en una princesa (lo correcto: transformarse)
(P 7) la besa y entonces le vuelve la vida (lo correcto: las devuelve, la regala)
95
(P 9) Ella entr en la casa y se qued muy feliz rallando: siempre imaginable que un da no
tendra que venir ac ms! (problema coerncia: se imaginava que deveria ir quele lugar
porque entrou feliz)
(P 10) Por lo tanto en el fin de la historia, el menor resuelve perdonar a sus hermaos. (Lo
correcto: pero);
c) Interferncia da Lngua Materna: identificamos a transferncia de expresses e palavras
usadas na Lngua Portuguesa, como:
(P 5) El lobo lleg ms rpido a la casa de la abuela de caperucita y de una vez solo engull
su abuela (lo correcto: rpidamente)
(P 3) ... vivia sola en un lugar distante de la floresta (lo correcto: lejos)
(P 3) ... encontr un lobo, con cara de malo, que ... (lo correcto: con una cara mala)
d) Perodo Longo: em P 5 Caperucita Roja identificamos o descuido com a pontuao
tornando a leitura cansativa.
(P 5) Caperucita Roja es una nia muy graciosa que un da fue llevar una merienda para su
abuela y desobedece su madre ydo por un camino diferente, al llegar en casa de su abuela
encuetra en el lugar de ella un lobo que se pasa por su abuela para comeorla, pero ella
descubre a tiempo, y descubre tambin su abuela presa en un ropero. Un cazador les ayudan
matando el lobo, y nunca ms Caperucita Roja desobedece.
Faz-se necessrio salientar que esses exemplos citados acima no fazem referncia
apenas aos CF produzidos pelos alunos, mas tambm aos maravilhosos e exemplares. Esses
contos foram os que se fizeram presentes nas produes textuais. De acordo com a nossa
anlise, 60% dos graduandos escreveram Contos Maravilhosos, 10% Contos Exemplares e
20% dos alunos conseguiram produzir Contos de Fadas. Mais uma vez os nmeros nos
96
informaram que poucos continuam sendo os alunos que conhecem o que exatamente um CF,
ou seja, nesse segundo grupo o nmero de alunos que sabe escrever um CF baixo. Esse fato
nos chama a ateno, pois estamos diante de futuros professores de espanhol que
desconhecem uma ferramenta de ensino valiosa para o desenvolvimento do aprendizado dos
tempos verbais. No entanto, embora sejam poucos os graduandos que apresentem conhecer
os CF, acreditamos ser relevante observarmos se esses graduandos usaram adequadamente os
tempos verbais nos planos de discurso da narrativa infantil.
Relembrando o modelo de anlise de Larivaille adaptado por Gillig, notamos que
podemos realizar uma anlise dos CF mais completa, pois este modelo nos permite ver o
conto considerando o comeo, meio e fim. Todavia, alm de identificarmos essas partes
constitutivas do conto, possvel observar as marcas do conto, tais como: a frmula inicial
(rase uma vez...), o desencadeamento (un da...), a sano (y) e a situao final (y). Isto ,
esse modelo nos mostra os elementos lingsticos que so usados para marcar o incio das
partes que constituem o CF.
dedicaremos nossa ateno. Voltaremos nosso foco investigativo para os ndices lingsticos
que constituem a temporalidade e que caracterizam esse gnero textual.
De acordo com o modelo de anlise proposto por Gillig, podemos observar a
construo da temporalidade nos CF analisando as partes constitutivas do conto (comeo,
meio e fim). Dessa forma, seguindo as anlises feitas por Gillig e as nossas investigaes, no
primeiro momento do conto surge o pretrito imperfecto, na segunda o pretrito indefinido, o
presente do subjuntivo e o pretrito imperfecto, e por fim, no terceiro momento o pretrito
indefinido.
No entanto, vale salientar, que desenvolvemos nossa anlise com base nas
concluses chegadas por Harlig, demonstradas no seu artigo A Narrative Perspective on the
development of the tense/aspect system in second language acquisition(1995). Nesse artigo,
j comentado anteriormente, Harlig nos fala sobre os planos do discurso que surgem na
97
narrativa. Para ela o Primeiro Plano o plano em que, atravs da fala do narrador, as aes
avanam; j o Segundo Plano aquele em que outras vozes aparecem no texto obrigando o
escritor a mudar o tempo verbal que estava sendo usado no primeiro plano.
Considerando, ento, esse estudo de Harlig, partimos para a nossa anlise a fim de
verificar como foi construda a temporalidade nos CF produzidos pelos graduandos.
Iniciamos a nossa anlise investigando as produes textuais dos alunos de Lngua Espanhola
8. Como dissemos anteriormente apenas 18,75% dos graduandos escreveram CF, mas ser
que esses 18,75% utilizaram adequadamente os ndices temporais? Como foi, de fato,
desenvolvida a temporalidade nessas produes? Vejamos os textos desenvolvidos, valendo
registrar que as produes que foram apresentadas at o momento nesse trabalho e as que
sero apresentadas correspondem escrita literal dos graduandos, ou seja, nenhuma
modificao foi realizada, como correes ortogrficas ou interferncias da lngua materna.
Nesta produo notamos o uso de marcadores temporais, como: era una vez e un
da, e tambm o uso adequado dos tempos verbais Pretrito Indefinido e Pretrito Imperfecto
98
verbos que aparecem com certa freqncia no primeiro plano do discurso; contudo, vale
ressaltar que a narrativa foi toda estruturada no primeiro plano.
Todavia, mesmo no
apresentando o segundo plano, verificamos que esses verbos e seus aspectos foram usados
coerentemente.
Em P 9, houve um maior ndice no uso do pretrito indefinido, tempo verbal muito
utilizado em espanhol nas narraes e segundo Torrego (2000:150) es la forma ms
apropiada para las narraciones por indicar hechos pasados y terminados. Considerando
esse aspecto verbal do indefinido, observamos seu surgimento em P 9: Ella vivi all hasta
cuando la madrastra la encuentr y disfrazada, le dio somnfero en una manzana y ella se
qued durmiendo.
Em relao ao Pretrito Imperfecto houve seis ocorrncias nessa produo, mas
apresentando-se com valores distintos, por exemplo:
Voltando nossa ateno P 10, notamos que a estrutura narrativa foi desenvolvida
tambm no primeiro plano do discurso, prevalecendo, dessa forma, o uso do Pretrito
Imperfecto e do Pretrito Indefinido.
99
Era una vez una bella princesa que viva con su familia en un gran palacio, pero
existia una bruja que vivia en una floresta prxima al palacio y que tena mucha ro de la
princesa por causa de su belleza.
Un da la princesa fue caminar por la floresta y la bruja hice un hechizo para que la
princesa pudiesse transformarse en una culebra y solamente un prncipe poderia cambiar el
hechizo
La princesa se qued muy triste, seria muy dificil que alguien pudiese dar un beso en
una culebra
La familia de la princesa se qued muy preocupada, pues no sabian en que lugar
podrian encontrar la chica.
En una ocasin, un prncipe fue en el palacio y los padres de la princesa hablo del
desaparecimiento de su hija y el prncipe desidi salir para procurar la princesa, camin por
toda la floresta y derepente se depar con una culebra cualquiera, parecia bella y l dio un
beso en la culebra que se transform en una bella princesa y ellos vivieron felizes para
siempre.
100
1- Descrio do Ambiente:
Era una vez una bella princesa que vivia con su familia en un gran palacio, pero existia
una bruja que vivia en una floresta...
2- Linguagem Infantil:
Era una vez...
3- Ao Durativa:
... seria muy dificil...
101
102
As, los dos jvenes fueron a caballo por la floresta hasta su destino. Mismo sabendo
que Itlia era muy lejos y que pasara por muchas cosas, la bella princesita se puso muy feliz
por haber encontrado su pareja y dejado para trs su viejo e medocre mundo. Algunos meses
despus D. Francesco Guglielmo di Capoloveri se cas con la bella princesita y tuvieron 3
hijos.
Esta produo nos chama a ateno, pois a nica que alm de ter organizado a
narrativa considerando os dois planos do discurso, traz verbos que mostram a relao de
anterioridade, simultaneidade e posterioridade nas aes desenvolvidas nessa narrativa. A
mudana dos tempos verbais verificada na transferncia do primeiro para o segundo plano.
Notamos que no primeiro plano o tempo verbal que prevalece o passado, mas quando as
vozes das personagens surgem no desenvolver da narrativa o presente que domina.
Chamou-nos a ateno tambm o fato de o pretrito imperfecto ter aparecido em maior
nmero em relao ao pretrito indefinido; foram 16 ocorrncias do pretrito imperfecto e 12
do indefinido.
Identificamos o uso variado de marcadores temporais, como: era una vez, un bello
da, algunos meses despus. Tanto esses marcadores quanto o uso coerente dos tempos
verbais apontam para o uso adequado dos elementos que constituem a temporalidade verbal.
Mas, analisemos os aspectos dos verbos que foram usados nos planos do discurso:
1- O Indefinido, como j foi dito, usado para marcar aes que foram realizadas,
fazendo com que a narrao avance:
El bello prncipe la mir en su balcn y dijo...
Algunos meses despus Di Francesco Gugliermo di Capoloveri se cas con la bella
princesita y tuvieron 3 hijos.
103
Quando passamos para o segundo plano, vemos o uso adequado de outros tempos
verbais, como o presente:
1- Presente Atual:
... no comprendo su hermosa lengua, vivo ac en la ms grande soledad...
2 Presente Gnmico:
... tu eres el hombre ms guapo...
H a presena do Pretrito Perfecto Compuesto:
104
eres el hombre ms guapo que ya he visto en todo el reino... . Nesse exemplo, temos o uso
do Pretrito Perfecto com um valor de um passado emocional relacionado ao momento da
fala.
Verificamos, aqui, a ateno do graduando ao estruturar o texto considerando os dois
planos do discurso; planos que nos permitem ver a mudana dos tempos verbais e os aspectos
desses tempos usados pelos graduandos.
Em relao aos alunos de Prtica de Espanhol II 20% dos graduandos, que
participaram da coleta de dados, conseguiram escrever CF. No entanto, observamos que essas
produes foram todas desenvolvidas no primeiro plano prevalecendo o uso do passado.
Identificamos o uso do imperfecto, alm do indefinido, e alguns de seus valores na produo
abaixo:
Produo 2 (doravante P 2) Sem Ttulo
rase una vez una linda campesina llamada Ana. Ella viva con su familia en una
pobre casita. Para dar de comer a sus hermanitos, Ana trabajba con su madre en la cosina de
un gran castillo. All viva un princpe muy infeliz porque an no se haba enamorado. Cierta
vez, mientras l caminaba por su jardn vi a Ana que estaba planchando los ropajes del rey.
El princpe se enamor imediatamente por Ana, pero como Ana era pobre ellos no podran
casarse. Ana se acord que viva en el bosque una viejita hada y esta podra ayudarla a
cambiarse en una princesa. Gracias a la bondad del hada, Ana se convirti en una linda
princesa y as pudo casarse con el prncipe. Ellos vivieron felices por toda la vida.
105
3- Ao Durativa:
mientras l caminaba por su jardin...
Verificamos o uso do indefinido com a funo de relatar fatos, fazendo com que a
narrao avance.
Ana se convirti en una linda princesa y as pudo casarse con el prncipe. Ellos vivieron
felices por toda la vida.
Observamos que nessa produo, apesar de o graduando ter estruturado seu texto no
primeiro plano, ele usou adequadamente os verbos e tambm os marcadores temporais que
favoreceram no desenvolvimento da temporalidade, marcadores tais como: rase una vez e
cierta vez.
No que diz respeito Produo 4, notamos que a ocorrncia de verbos no indefinido
maior que na produo anterior. Embora, essa constatao no indique nenhuma inadequao
no desenvolvimento da narrativa, acreditamos ser importante registrar uma vez mais que o
Pretrito Indefinido o tempo verbal mais indicado para ser usado em narraes como essa.
Como no anterior, o texto foi desenvolvido no primeiro plano apresentando a
utilizao de verbos no passado, como o indefinido e o imperfecto. Vejamos os dados da
anlise.
106
107
6. CONSIDERAES FINAIS
108
professor de lnguas ter as condies de base para elaborar um plano curricular em que sejam
privilegiadas as prticas linguageiras da vida cotidiana, mas tambm as prticas linguageiras
que, por razes variadas, esto situadas no mbito da escola, ao menos para alunos oriundos
das camadas populares que freqentam uma instituio pblica de ensino.
Importante tambm levar os diferentes gneros textuais/discursivos para a sala de
aula no considerando-os um instrumento de comunicao, mas fundamentalmente um objeto
social e histrico cuja apropriao se d em uma dada situao discursiva.
Esperamos que o resultado da nossa pesquisa tenha revelado a importncia de
realizarmos experincias didticas que privilegiam gneros considerados relevantes para o
desenvolvimento das competncias textuais/discursivas (orais e escritas) do alunado dentro e
fora do mbito escolar; esperamos tambm que essa investigao leve os professores de ELE
a refletirem sobre a questo da temporalidade, visto que atravs dos CF possvel realizar um
trabalho em que o alunado no s conhecer esse gnero como tambm ter a oportunidade de
desenvolver os aspectos vinculados temporalidade, fora das situaes linguageiras
"pragmticas" e dos pouco eficazes exerccios estruturais de conjugao verbal e de
identificao das classes de palavras.
109
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
AGUIR, V.; BARCO, F.; FICHTNER, M.; REGO, Z .Era uma vez na escola... Formando
educadores para formar leitores. Minas Gerais: Formato,2001.
BETTELHEIM, B. A Psicanlise dos Contos de Fadas. Rio de Janeiro: Paes e Terra, 1984.
BEZERRA, M. Textos: Seleo Variada e Atual. In.: DIONISIO, ngela. O livro didtico de
portugus mltiplos olhares. RJ: Lucerna, 2001.
110
CANO, N. cmo generar la funcin epistmica del texto escrito en al aula escolar? Lectura
y Vida, ao 20, n 2, 1999.
DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Os Gneros Escolares das prticas de linguagem aos objetos
de ensino. Revista Brasileira de Educao, n 11, 1999.
111
EDMUNDSON, M. V.
FALCO, V. Ler em Lngua Estrangeira: o que preciso saber? Revista de Letras, v. 19, n
, 1997.
112
LEFFA, V. Perspectivas no estudo da leitura Texto, leitor e interao social. In.: LEFFA,
V., ARACY, E. (Orgs.). O Ensino da Leitura e Produo Textual. Alternativas de
Renovao . Pelotas, RS: EDUCAT, 1999.
LEONEL,
A.
Produo
Escrita:
Prazer
ou
Punio?
Uma
experincia
de
113
______. Gneros Textuais: conceituao, constituio e circulao a perspectiva sciohistrica de Mikhail Bakhtin, 2002. (Mmeo).
______. Gneros Textuais: definio de funcionalidade. In.: DIONISIO, A.; BEZERRA, M.;
MACHADO, A. (Orgs.) Gneros Textuais e Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p. 1936.
114
______. Literatura Infantil: Teoria anlise didtica 6. ed. So Paulo. tica, 1997.
PINTO, A. Leitura: perspectiva socioconstrutivista. Leitura: Teoria e Prtica, ano 20, n 38:
Campinas: So Paulo, 2002.
PONTUAL,
115
SCHENEUWLY,
B.
ensino
da
comunicao.
Disponvel
em:
116
Contos de Fadas:
MARQUES, C. Blancanieves . Clsicos de Oro: Todolivro. [S. L.: s. d.]
MARQUES, C. Cinderela. Ed. Claranto. [S. L.: s. d.]
MARQUES, C. Branca de Neve e os Sete Anes. Ed. Claranto. [S. L.: s. d.]
MARQUES, C. A Bela Adormecida. Ed. Claranto. [S. L.: s. d.]
MARQUES, C. A Bela e a Fera. Ed. Claranto. [S. L.: s. d.]
MURRAY, R. A Bela Adormecida. Belo Horizonte: Editora L, 1996.
SNCHEZ, J. La Cenicienta de Perrault: Algaida, 1994.
SNCHEZ, J. La Bella Durmiente de Perrault: Algaida, 1994.
TORNERO, J; FERNNDEZ, J. La Cenicienta. Sevilla: ALGAIDA, 1994.
TORNERO, J; FERNNDEZ, J. La Bella Durmiente. Sevilla: ALGAIDA, 1994.
Contos Maravilhosos:
CLSICOS AZULES. Caperucita Roja. Madrid: LIBSA, 1999.
MARQUES, C. Pinocho. Clsicos de Oro: Todolivro. [S. L.: s. d.]
MARQUES, C. Los Tres Cerditos . Clsicos de Oro: Todolivro. [S. L.: s. d.]
MARQUES, C. Peter Pan. Clsicos de Oro: Todolivro. [S. L.: s. d.]
117
118
ANEXOS
119
I QUESTIONRIOS
120
COLETA DE DADOS
ASIGNATURA: PRCTICA DE LENGUA ESPAOLA II
TOTAL DE ESTUDIANTES: 12
PRESENTES: 10
Clasificacin Tiempo
Estudio
ELE
de Desea
Ya ha ledo
en ensear la LE alguna
o ya ensea? Narrativa
Infantil?
Cul?
S, pero
escuelas
general
ofrecen
asignatura
las
en
no
esta
S,
varias;
Pinocho, la
Cenicienta,
Los
tres
Cerditos,
Blancanieves,
Caperucita
Roja,
La
Bella y La
Bestia, etc.
es importante
trabajar Cuentos
de Hadas en
ELE? Por qu?
S, pues el nio
ao momento que
hace la lectura
de un cuento de
hadas zambulla
en el mundo de
la imaginacin.
Este gnero es
muy importante
en el desarrollo
de la lectura
porque despierta
el placer de la
lectura. EL nio
se ve en la
figura del hroe.
Ya
has
trabajado
cuentos
de
hadas en las
clases
de
ELE?
Ya
he
trabajado
cuentos
de
hadas en la
enseanza de
lengua
espaola
1 alumna
7 aos
2 alumno
121
ensinar ao
fundamental
tambm.
bella y la
bestia; Los
msicos de
Bremen;
Pulgarcito,
etc.
como tambm
outros gneros
textuais
narrativas (como
crnicas, contos,
romances, etc.)
Uma importante
contribuio dos
C.F. est no
desenvolvimento
ao
e
da
capacidade
crtica do leitor
j
que
suas
temticas
contribuem para
que
leitor
mergulhe num
mundo
de
fantasias, com
prcipes,
princesas, fadas,
bruxas,etc.
3 alumno
Estudo
lengua
espaola
que ingres
en
la
Universidad
. Paralelo a
eso, hice un
curso
por
seis meses
en
el
espacio
cultural de
Macei.
Pretendo
poner
en
prctica lo que
aprend en la
Universidad
as
que
finalizar
el
curso. Ahora,
no
tengo
tiempo
de
conciliar
el
ensino
de
espaol
con
los estudios de
la
Universidad.
No. Pero ya
tuve contato
con
los
clsicos
infantiles para
otras
finalidades.
Si.
No
Principalmente
por
ser
un
gnero distinto
daquellos
que
tradicionalmente
se trabajan en las
clases. Despus,
por el valor
ldico, por la
capacidad
de
conducir
los
alumnos a un
universo
imaginario y por
los
ensinamientos
que son pasados
a cada final de
los cuentos.
4 alumna
4 anos
Pretendo
ensinar
No.
Sim,
qualquer Jams
he
gnero pode ser trabajado con
no
122
ensino mdio
e j ensino em
um curso de
lnguas.
5 alumna
5
anos.
Estudiei
para
o
vestibular e
no curso de
Turismo do
CEFET,
alm
da
faculdade.
Sim.
Ainda No.
no
ensino
nestas sries.
Ensino num
pr-vestibular.
6 alumno
Hace
tres
aos
y
medio,
empec la
Universidad
y un ao
despus
busqu un
cursillo.
Pretiendo, soy
profesora del
ayuntamiento
pero en la
escuela
que
doy clases an
no tiene la
asignatura de
espaol.
Espero
que
luego
sea
aprobada
la
leye que la
lengua
espaola pasa
a ser currculo
en
las
Muchas,
tengo
una
coleccin de
los clsicos
infantiles, con
doce cuentos.
trabalhado em
ELE, contanto
que respeite o
nvel
de
aprendizagem
(ou
de
conhecimento)
aceerca da ELE
dos alunos.
Sim.
Porque
assim j vai
familiarizando o
aluno
adolescente com
um idioma que
no a sua
lngua materna.
Iria facilitar, e
muito, o ensino
do idioma de
lngua
estrangeira
quando estudado
em sries mais
adiantadas. Iria,
tambm facilitar
a compreenso
de textos do
idioma
e
o
conhecimento do
vocabulrio.
nios
los
cuentos
de
hada en ELE
No
S, creo que No
todos
los
materiales son
validos cuando
quieres aprender
una lengua, pero
es
necesario
saber
uslo.
Cabe al profesor
buscar
formas
interesantes de
presentar
los
contenidos
(y
creo que los
cuentos son muy
buenos
materiales)
123
escuelas.
7 alumno
9 anos
Pretendo.
ensinei.
J Sim.
Chapeuzinho
vermelho
8 alumna
Estudo h
cinco anos
(desde 1998
no
cursinho
prvestibular)
Pretendo
Sim.
ensinar
em Caperucita
cursos
de Roja.
lngua
estrangeira,
porm
se
aparecerem
boas
oportunidades,
concursos,
posso pensar
em ensinar nos
cursos Mdio
ou
Fundamental.
9 alumno
adecuandolos al
nivel de sus
alumnos.
Sim.
Porque
alm de ser um
gnero textual
consagrado na
literatura geral,
faz com que as
pessoas
se
reportem
s
personagens do
texto, se situam
nele e aprendem
lies de vida.
Sim, porque so
histrias
que
muita gente j
conhece, mas a
maioria
l
apenas em sua
lngua materna.
Ao ler em uma
lngua
estrangeira, pode
aperfeioar no
s a leitura, mas
a oralidade, pois
a partir da leitura
podem
surgir
discusses sobre
o tema.
Me
parece
interesante
trabajar
con
cuentos de hada
en el antiguo
primer grado
pues
en
el
bachiller
los
alumnos
no
tienen
tanto
inters por este
asunto.
Sim.
Trabalhei
este gnero,
observando
pricipalmente
a
compreenso
de leitura.
Nunca
h
trabajado con
cuentos
de
hadas
Nunca
he
trabajado con
los cuentos
124
COLETA DE DADOS
ASIGNATURA: LENGUA ESPAOLA 8
TOTAL DE ESTUDIANTES: 17
PRESENTES: 16
Clasificacin Tiempo
Estudio
ELE
1 Alumno
Hace cinco
aos
que
estudio
espaol
Yo pretendo s.
Pero ahora no
enseo,
estoy
muy
ansioso
para empezar
S, yo le La
Caperucita
Roja,
es
estupenda, yo
aconsejo
a
todos leerla
3 alumna
es
importante
trabajar Cuentos de
Hadas en ELE? Por
qu?
Ya has
trabajado
cuentos
de hadas
en
las
clases de
ELE?
Todo que hacemos
No
alcanzarl la interacin
alumno-lengua s de
buen
provecho.
Trabajar cuentos de
hada con nios es
estupendo, pues por
medio
de
ellos
vmonos
proporcionando placer
para los nios y este
placer es or un cuento
en lengua extranjera
espaol. Pero no lo
aconsejo para adultos,
pues los mismos estn
con
la
edad
desproporcional para
tal tarea y siendo as se
tornara una tontera tal
tarea.
Sim. Acho que da Nunca
mesma maneira que os trabalhei
125
ncleo
de
lngua
(CILD- gov
do Estado); 2
anos
no
cursinho; e 2
anos e meio
na UFPE
uma
despertou para o
maneira de relacionar
ensino
palavras com o visual.
4 alumna
Hace cinco
aos
que
estudio
espaol
5 alumno
3 aos en la
Universidada
6 alumno
De 1996
1999.
Estudei
espanhol em
prvestibular.
De 2000 at
o
corrente
ano estudo
na
prpria
Universidade
3 anos
Depender
da
oportunidade
7 alumno
8 alumna
No
No
por falta
de
subsdios
No
No
informou
No
No
No
126
Desde o 3 no me sinto
ano
no preparada
(conversao)
colgio
Contato.
Depois em
cursinho.
9 alumna
5 anos
10 alumna Estudo h 4
anos e iniciei
em
um
cursinho
Pretendo ensinar
J
ensino
a
crianas de 1
srie em um
colgiomunicipal
do Recife
11 alumna
3 aos
Ya
enseo
lengua espaola
hace un ao y
seis meses
12 Alumno
7 anos
No
13 alumna
7 anos
No, Deus me
livre!
Ya
enseo.
Trabajo
con
jovenes
y
adultos, no es
una escuela, es
un curso de
idiomas ofrecido
por
el
ayuntamiento de
Recife, a las
personas que no
tienen condicin
de
14 alumna Antes
ingresar en
la univ. Hice
6 meses de
espaol. O
sea, estudio
hace 3 aos
y medio.
linguagem e as idias,
isto : como as
(mesmas) idias do
conto
esto
estruturadas nalngua
estrangeira?
Que
diferenas apresentam?
No
Sim. um instrumento
a mais e, como muitos
conhecem os contos de
fadas,
facilita
a
aprendizagem sem ter
que ficar traduzindo
direto
Sim
No s contos de fadas
como qualquer outro
tipo de manifestao
literria. Acredito que
os contos de fadas
interessem mais as
crianas.
S,
Claro que si, pues es
Caperucita
impoertante
trabajar
Roja
todos
los
gneros
textuales en clase; los
cuentos por su vez es
un texto muy gracioso
y que despierta la
curiosidad
de
los
alumnos
Sim.
La No posso opinar. No
cenicienta,
me interessa ensinar
Caperucita
espanhol em nenhum
Roja
y lugar.
Marcelino
san y vino
No
Sim. Tudo vlido
S.
Caperucita
Roja
y
Blancanieves.
S. Pues generalmente
el cuento ya es
conocido por todos los
alumnos, entonces va a
ser muy bueno trabajar
el cuento en lengua
espanla
No
No
No
No
No.
No
127
de pagar un
curso.
15 alumna Iniciei aqui Sim, mas no
na
tem
muito
Universidade campo para isso
pois as escolas
estaduais
e
municipais no
tm
16 alumno Hace 7 aos Yo ya ensino
espaol para tres
grupos
de
estudiantes
de
pr-vestibular,
peor no s si
quiero continuar
No
No
Ninguna
S, es muy importante
trabajar los cuentos de
hada, pues con ellos los
alumnos
pueden
aumentar su dominio
de
Espaol
como
lengua extranjera. Pero
no se puede aplicarlos
en todos los nveles de
ensino. Creo que un
grupo
de
prvestibular
no
le
gustara.
No
he
trabajado
los
cuentos
de hada,
pero si yo
trabajar
algn da
con
un
grupo de
espaol
como
lengua
extranjera
ser algo
vlido.
128
II- PRODUES
TEXTUAIS
129
rase una vez un nin que viva con su madre. Ellos eran muy pobrecitos. El nio se
llamaba Juanito. Un da, la madre de Juanito le mand salir de casa para vender la nica vaca
que ellos tenan y Juanito sali. En este momento un hombre que pasaba por all vi a Juanito
y su vaca y le hizo la propuesta de cambiar la vaca por tres granos de alubias, entonces
Juanito acept. Cuando lleg en casa con los tres ganos de alubias su madre se qued muy
aburrida con l. Juanito plant las alubias, creyendo en lo que el hombre habia hablado: - !te
tornars un hombre muy rico!.
En el da siguiente... Qu sorpresa! Haba un rbol muy grande al lado de la csa de
Juanito. Juanito subi en el rbol y encontr un grande castillo sobre las nubes. Entr en el
castillo y vi un gigante muy feo durmiendo. Tambin vi una harpa de oro que tocaba una
linda cancin mientras el gigante dorma y tambin una gallina que pona huevos de oro.
Juanito cogi la gallina y el harpa y corri para volver para su casa pero en este momento, el
gigante despert! Muy furioso, el gigante corri para coger juanito pero Juanito ya estaba en
el suelo y luego cort el rbol. Entonces el gigante cay y muri. Juanito volvi para su casa y
vivi con su madre, el harpa y la gallina de los huevos de oro y fueron felices para siempre.
130
(2)
rase una vez una linda campesina llamada Ana. Ella viva con su familia en una
pobre casita. Para dar de comer a sus hermanitos, Ana trabajba con su madre en la cosina de
un gran castillo. All viva un princpe muy infeliz porque an no se haba enamorado. Cierta
vez, mientras l caminaba por su jardn vi a Ana que estaba planchando los ropajes del rey.
El princpe se enamor imediatamente por Ana, pero como Ana era pobre ellos no podran
casarse. Ana se acord que viva en el bosque una viejita hada y esta podra ayudarla a
cambiarse en una princesa. Gracias a la bondad del hada, Ana se convirti en una linda
princesa y as pudo casarse con el prncipe. Ellos vivieron felices por toda la vida.
( 3) CAPERUCITA ROJA
Era una vez una chica que tena una abuela que vivia sola e nun lugar distante de la
floresta. Esta chica usava una caperucita roja y caminaba por la floresta siempre cantando. Un
da precis visitar su abuela que estava enferma y fue llevar unas galletas que su mam haba
hecho.
En el camino encontr un lobo, con cara de malo, que pregunnt donde la chica iba.
Ella, en su engenuidad, dice que estaba indo a la casa de su abuela. El lobo lleg ms rpido a
la casa de la abuela de caperucita y de una vez solo ingull su abuela.
Cuando caperucita lleg a la casa encotr su abuela en el vientre de lobo. Pero despus
lleg el cazador, sc del vientre de lobo su abuela y puzo una piedra en el lugar donde estaba
la viejita. E as, todos se quedaron felices para siempre.
131
(4)
Era una vez... una pobre y bella chica que vivia con su madrastra y ms tres hijas de
ella. Todos la matrataban y mandaban cenicienta, era as que ella se llamba, hacer todos los
sevicios de un ama de casa. Hasta que un da apareci un hada y la transform en una
princesa. Ella fue a una fiesta donde conoci un rncipe que se ha apasionado por ella. EL
prncipe sac la cenicienta de la casa de su madratra y se cas con ella. Y as vivieron felices
para siempre en el reyno.
(5)
CAPERUCITA ROJA
Caperucita Roja es una nia muy graciosa que un da fue llevar una merienda para su
abuela y desobedece su madre yendo por un camino diferente, al llegar en casa de su abuela
encuentra en el lugar de ella un lobo que se pasa por su abuela para comerla, pero ella
descubre a tiempo, y descubre tambin su abuela presa en un ropero. Un cazador les ayudan
matando el lobo, y nunca ms Caperucita Roja desobedece su madre.
Era una vez tres cerditos que resolveron construir sus casas para se proteger del lobo
que viva en la mata. Pero, doscerditos eran muy juguetones y decidieron jugar primero antes
de hacer su casa, cantaron y bailaron el da intero [quien tiene miedo del lobo malo, lobo
132
malo...], mientras el otro constroya su casa. El primero cerdo construiu su casa de paja, el
segundo con madera y el tercer que se ha dedicado ms la hice deladrillo.
Cuando el lobo lleg a la casa del primero cerdo, la sopl y la casa fue al piso, el cerdo
huy para la casa del 2 cerdo donde el lobo sopl y la csa se coy. Los dos cerdos
conseguiron huyr para casa del 3 cerdo.
Cuando el lobo lleg sopl, sopl y nada consegui,entonces el lobo intent entrar en
la casa por la chimenea pero los tres cerditos pusireon una olla con agua hiervente, el lobo se
quem y sali corriendo y nunca ms volvi. Y los tres cerditos vivieron felices para siempre.
(7)
erase una vez una muchacha muy bella que estaba dormida a causa de una manzana
que habia comido. Esa manzana fue un regalo de una bruja que querra su la ms guapa del
mundo. As estaba la chica dormida como muerta. De repente, el caballero (un caballero muy
espcial) se arrodilla a su lado, la besa y entonces le vuelve la vida. Los dos fueron felices para
siempre.
(8)
CAPERUCITA ROJA
Era una vez una nia que viva con su madre. Un poco lejos de su casa, viva su
abuela. La nia fue a la casa de suabuela para llevar dulces, pero no segui el camino que su
madre tena dicho. La nia encontr un lado que le pregunt par dnde ella iba, ella dijo y el
lobo entr en casa de la abuela y vesti sus ropas. Cuando la nia lleg, encontr el lobo en la
133
cama, pero pens que era su abuela. Despus ella descubri y empez a huir par no ser
comida. Un cazador, despus de escuchar los gritos de la nia, entr en la casa y mat el lobo.
(9)
Caperucita roja era una chica muy guapa, pero tena que pasar por una chabola todos
los das para visitar a su abuela que viva en los apueros de la ciudad, un da un chico
enamorado de ella mat a su abuela y sequed en su casa a esperarla. Ella entr en la casa y se
qued muy felizrallando: siempre imaginable que un da no tendra que venir ac ms!
(10)
Era una vez um hombre viudo que trabajaba en un molino y tena tres hijos. Cuando
muri dej la herencia para los tres, pero los dos hijos mayores queran hechar mano dela
herencia, dejando el menor sin nada. Pero en un determinado da, surgi un gato que prometi
ayudarlo, dicindole que iba a rescatar la herencia y as seran ricos. Por lo tanto en el fin de la
historia, el menor resuelve perdonar a sus hermanos. De ese modo, sacamos la moraleja de
que jams debemos tener amor al dinero y s, sobre todo a los seres humanos.
134
(1)
Hace mucho tiempo en una grand floresta de rboles muy altos, en la misma viva una
chica muy pequea ela tena seis aos. Sus padres haban sido vctimas de un accidente de
coche y por consecuencia la perdieron. Esta chica pas dos semanas en la floresta llorando y
teniendo hambre, casi si muere. La cadena de radio y televisin si qued muy lista para el
resgate de la nia las tentativas fueran bien sucedidas y la resgataron despus de dos semanas
de mucho sufrimiento para sus padres.
(2)
rase una vez, una chiquita muy alegre y pequea que viva con sus padres en una
casita roja con un jardn muy bonito lleno de colores y oloroso. A ella le gustaba jugar con
superito porque no tena amigos; eso la entriteca un opco, pero su felicidad era mayor y se
olvidaba de este detalle cuando estaba a jugar....
El gran sueo de esta chica era crecer porque era tan pequea que caba en la casita del
perro junto con l dentro...
Un da en el jardn una hada apareci para la chiquita y dijo que poda hacer un
pedido; ella pidi para quedarse mayor y crecer...
El pedido fue acepto y ella feliz para siempre.
135
(5)
Era una vez, una hada llamada Salcauenqui, que tena mucho gusto por las
embarcaciones. Pero cierto da sus padres viajaron en lo navio y no voltaron, e su vida no fue
la misma. Haciendo mal a todos los barcos por toda la vida.
(6)
Era una vez un grillo que haca mucho gusto tocar guitarra e no gustava trabajar. Las
hormigas siempre trabajando para ayunar comida para la llegada del invierno. Pero el grillo,
cuando lleg el invierno se qued con muy hambre y fro. Las hormigas con piedad trayeron
comida para el grillo que jams se olvidar de la lecin: tenemos hora para tudo; para la
diversin y para el trabajo.
(7)
Dos zapatos caminaban con dos pies de un nio. Los zapatos no podran vivir sin el
nio. Y la madre no dejaba el nio vivir sin los zapatos. Los zapatos no podran vivir sin el
nio porque el nio era su vida y los zapatos protegian el nio. La madre protegian el nio.
Todos protegian el nio. Elnio gustaba de los zapatos pero quin protega los zapatos?
136
(8)
Era una vez tres cerditos hermanos que vivan en la floresta. Uno construy su casa de
paja. Vino el lobo malo di solamente un soplo y derrib la casa. El segundo ms prudente
que el primero, construy su casa de madera, pero la casa tambin no resisti ao fuerte soplo
del lobo y los dos cerditos huyeron hasta la casa del tercero cerdito, el ms prudente de todos
que construy su casa de ladrillos la cual el lobo no pudo derribar. Los tres cerditos,
consiguieron se proteger del lobo malo que se fu desanimado y triste porque no consigui
comer nigun cerdito. Fue el da de la caza.
(9)
Era una vez una nia que viva con su madrastra. Esa era muy mala y tena envidia de
la nia que llamaba Blanca Nieves. Un da la madrastra orden que un cazador matase
Blancanieves e le trajera su corazn como prueba de su muerte. Pero el cazador no tuvo coraje
para matarla y llev a la madrastra o corazn de un animal de la flor. Blanca Nieves entonces
huyo y encuentr una casita hermoza donde vivan siete enanos. Ella vivi all hasta cundo l
madrastra la encuentr y, disfrazada, le di un somnfero en una manzana y ella se qued
durmiendo hasta que un prncipe le bes y deshez el efecto del somnfero. Entonces ella se
cas con el prncipe y viviero todos felices por siempre.
(10) LA PRINCESA
Era una vez una bella princesa que viva con su familia en un gran palacio, pero existia
una bruja que vivia en una floresta prxima al palacio y que tena mucha ro de la princesa por
causa de su belleza.
137
Un da la princesa fue caminar por la floresta y la bruja hice un hechizo para que la
princesa pudiesse transformarse en una culebra y solamente un prncipe poderia cambiar el
hechizo
La princesa se qued muy triste, seria muy dificil que alguien pudiese dar un beso en
una culebra
La familia de la princesa se qued muy preocupada, pues no sabian en que lugar
podrian encontrar la chica.
En una ocasin, un prncipe fue en el palacio y los padres de la princesa hablo del
desaparecimiento de su hija y el prncipe desidi salir para procurar la princesa, camin por
toda la floresta y derepente se depar con una culebra cualquiera, parecia bella y l dio un
beso en la culebra que se transform en una bella princesa y ellos vivieron felizes para
siempre.
Erase una vez una chica que viva cerca de una floresta. Cuando jugaba su madre la
llam para que llevara un cesto de duklces para su abuela. En el camino encontr un lobo.
Este animal la heche cmbiar de camino para que l pudiera llegar primero en la casa de la
viejita.
Cuando lleg all, comi la abuela tumba en la cama y esper la Caperucita roja. La
nia observando el lobo descubri que no era su abuelita, entonces empez a correr y gritar,
lleg un cazador mat el lobo y todos se quedaron muy felices comiendo los dulces.
138
(12)
Era una vez un chico muy feo y sin amigos que vivia solo con su abuela. Ellos eran
muy pobres y vivian en una casita muy modesta.
Un da el chico feo, que se llamava fernando, despert por la maana y encontr su
abuela muerta. Fernando se qued empapado en llanto y fue a la ciudad pedir ayuda. Despus
del funeral de su abuela Fernando fue vivir en una guardera, donde le tratavan muy mal.
Muchos aos se pasarn y Fernando sali de la guardera. l no era mas feo pero no
tenia amigos todava. Pero en un bello dia quando Fernando salia de laUniversidad l conoci
Bruno, que en poco se torn un gran amigo.
Un da, cuando Fernando fue conocer donde viva su amigo, Bruno le present su
hermana. Era una chica guapa, con grandes y profundos ojos marrones, era bailarina. Fue
amor a la princesa mirada.
Dos aos despus Fernando y Christina se casarn y fueron felices para siempre.
(13)
Era una vez una bella princesita que nasci en un decadente reino que se llamaba
Brasil. Ella viva muy triste por vivir en una tierra tan desgraciada y por estudiar aquello
aquello que no le gustaba.
No haba nada que hacer en su reino y todos los prncipes de all eran muy brutos y
feos. La princesita no querra a nadie, el matrimonio para ella era una idea muy aburrida. Sus
padres se quedaban muy triste con eso.
139
Un bello da, la princesita no tena nada quie hacer y fu hasta su balcn mirar la
paisaje. El viento soprava despacio y las hojas de los rboles empezaron a se mover
graciosamiente. Un muchacho de piel morena, pelos negros y ojos sedutores caminaba por
entre la vegetacin. Su ropa tena las ms bellas pedrarias y la princesita no pudo dejar de
encantarse con l. El bello prcipe la mir en su balcn y dijo:
-
Come sei bella, principessa. Voglio sposarti, viene com me?! Dijo
el prncipe, intentando hablar espaol.
As, los dos jvenes fueron a caballo por la floresta hasta su destino. Mismo sabendo que
Itlia era muy lejos y que pasara por muchas cosas, la bella princesita se puso muy feliz por
haber encontrado su pareja y dejado para trs su viejo e medocre mundo. Algunos meses
despus D. Francesco Guglielmo di Capoloveri se cas con la bella princesita y tuvieron 3
hijos.
140
(14)
Caperucita Roja era una nia adorable y que le encantaba visitar sua buela, siempre le
regalaba con dulces y cosas sabrosas. Un da su madre le pidi que visitara a su abuela, pero
que no fuera por la floresta a causa del lobo, Caperucita dijo que s. Pero elcamino por la
floresta era ms corto, y ella sigui por ah. El lobo quiso ser ms inteligente y corri hasta la
casa de la abuela comindola para despus comer la caperucita.
Cuando caperucita lleg a la casa de su abuela, el lobo estaba disfrazado de la abuela.
Ella percibe algo extrao y pregunta:
-
Y el lobo contesta:
-
Es para comerte!
141
(15)
Despus de mucho buscar, Joana conseguiu su primer empleo. Dar clases en una
escuela en el interior de su ciudad.
A pesar de no querer mucho, pues Joana no gustava de ser maestra, la necesidad la
obligava a esto.
A las siete de la maana oana estava en la clase !y que clases! 79 alumnos.
Ella estava nerviosa, no sabia o que hacer. La voz faltvale y la actividad que haba
preparado para toda la maana, no pas de una hora.
Joana se qued aflicto, callse por algunos minutos, observandose los alumnos
resvueltos.
Despues de mucho esperar miraba al relj y a los nios. Ella empez a llorar, llorava
tanto que los nios se quedaron calmos.
As, la dicieron: Podremos ir?, la classe termin.
Y as, Joana empezo a reir, carcj a punto de los nios no entenderen quien estaba con
ms voluntad de ir embora.
Las experiencia fue tan ruin que Joana jams volvi aquella aula, pues descubri que a
pesar de la necesidad, la vocacin es ms importante.
(16)
UN NUEVO MUNDO
En una bella ciudad, vivia em chico llamado Carlos. l vivia solo desde muy joven,
pues sus padres murieron cuando l tendra 5 aos. Pero Carlos no era un joven triste, al
contrario. A l le gustaba mucho la vida, siempre, estaba sonreyendo. Con todo, Carlos
necesitaba algo ms, pero no sabia lo que era que necesitaba.
142
Mientras Carlos pensaba sobre esto, a la ciudad llegaba una persona desconocida por
todos. Su nombre era Julio. l era un hombre hecho, con sus 35 aos. Era rubio, muy guapo y
era un noble. Estaba de pasaje por la ciudad de Carlos y, por ser muy tarde resolvi quedarse
en un pensionado y el nico con vagas era del Carlos.
-
qu deseas?
Vale, vale!
Las diez monedas slo pagaba una habitacin muy pobre y simple. Pero algo en
Carlos le deca para llevar aqul extrao hombre a una habitacin ms cerca de la suya. Y fue
lo que hizo.
Durante toda la noche, Carlos no dormia. En su cama, no paraba ms de pensar en
Julio y se dio cuenta que lo que tanto necesitaba era una pareja, un hombre para amar. Pero
Carlos estaba muy confuso, pues era muy religioso y creia que lo que estaba sentiendo era un
error, un pecado, una deuda con Dios.
Mientras Carlos pensaba y se sentia culpado, julio tambin estaba confuso. Desde la
primera vez que ha visto Carlos algo dentro de ti se acendi. Una llama muy fuerte tenia algo
que tanto estaba buscando.
La vida quizo hacer una broma con las dos almas, pues desde otras vidas los dos se
enamoraron ya que eran almas geniales. Pero ahora habia sto obstculo. Lo qu ellos
podrian hacer? No sabian tampoco sabian que en la habitacin al lado, el otro pensaba lo
mismo.
143
Buenos! S, si y usted?
Tambin.
Y se quedaron slo con estas pocas palabras. Carlos sentia que iba a morrerse si no hablese
todo para Julio. Mientras tendria mucho miedo, se acerca Julio.
-
Julio lo interrompi:
Sin pensar dos veces, carlos cerr de vez su caso y fue con Julio.
Hasta hoy, ellos son muy hablados por las ciudades que se quedaron. Siempre 1 ao en cada
un, pues la gente no aceptaba ellos. Pero los dos se quedaron juntos hasta el fin de la
eternidad.
144