Reciclagem Modulo Intermediario

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TURBINAS A VAPOR

MDULO INTERMEDIRIO 2010/01

Equipe Tcnica

TGM Turbinas Indstria e Comrcio Ltda


Rod. Armando de Salles Oliveira, km 4,8 - Distrito Industrial
CEP:14175-000

Sertozinho SP

Fone.: (0xx16) 2105 2600 Fax: (0xx16) 2105 2626


Site: http://www.grupotgm.com.br
e-mail: clientes@tgmturbinas.com.br
CNPJ: 67.356.345/0001-53
I.E: 664.041.282.119

Elaborado por:
Eng. Bruno Silva Castro
Fone : (16) 2105 2601
e-mail : bruno.castro@tgmturbinas.com.br

Aprovado por:
Eng. Marcelo Arantes Severi
Fone : (16) 2105 2600 ramal 2490
e-mail : marcelo.severi@tgmturbinas.com.br

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NDICE
2.

TURBINAS A VAPOR ..................................................3

2.5 RENDIMENTO DAS TURBINAS ............................................................................. 3


2.5.1. Rendimento Interno Relativo da Turbina .......................................... 3
2.5.2. Rendimento Mecnico da Turbina .................................................... 4
2.6 NOES SOBRE CARACTERSTICAS AERODINMICAS ESTGIOS .......................... 5
2.6.1. Tipos de Bocais ................................................................................ 5
2.6.2. Princpio de ao .............................................................................. 5
2.6.3. Estgios de Ao .............................................................................. 9
2.6.4. Princpio de Reao........................................................................ 11
2.6.5. Estgios de reao ......................................................................... 14
2.6.6. Tringulo de Velocidades ............................................................... 14
2.6.7. Relaes timas U/C nos Estgios com Diferentes Graus de
Reao 18
2.6.7.1.
Estgio de ao ....................................................................... 18
2.6.7.2.
Estgio de reao.................................................................... 20
2.6.8. Caracterstica Geomtrica da Grade .............................................. 21
2.6.9. Caractersticas Aerodinmicas dos Perfis das Palhetas................. 22
2.6.9.1.
Perdas por perfil ...................................................................... 23
2.6.9.1.1.
Perdas por atrito .......................................................... 23
2.6.9.1.2.
Perdas na borda .......................................................... 24
2.6.9.1.3.
Perdas ondulatrias..................................................... 24
2.6.9.2.
Perdas terminais...................................................................... 25
2.6.9.3.
Outras Perdas que influenciam no rendimento da Palheta...... 25
2.6.9.3.1.
Perdas nos bocais e nas palhetas mveis................... 25
) ................... 26
2.6.9.3.2.
Perdas com a velocidade de sada (
2.6.9.4.
Perdas Adicionais no Estgio .................................................. 26
2.6.9.4.1.
Perdas por atrito e ventilao no disco (
) ............. 26
2.6.9.4.2.
Perdas por fugas (
) ................................................ 27
2.6.9.4.3.
Perdas com vapor mido (
) ................................... 29
2.6.9.4.4.
Rendimento interno relativo do estgio ....................... 30
2.7 METALURGIA, MATERIAIS E PROPRIEDADES MECNICAS ................................... 31
2.7.1. Materiais para componentes de turbinas a vapor ........................... 38
2.8 ANLISE DE MANUTENO .............................................................................. 39
2.9 LIMITES TRMICOS DAS TURBINAS A VAPOR ..................................................... 43
2.10 PROVIDNCIAS EM CASO DE ALARME .............................................................. 43

3.

APLICABILIDADE ..................................................... 44

3.1 APLICAO DOS DIFERENTES TIPOS DE TURBINA ............................................... 44

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2. TURBINAS A VAPOR
2.5

Rendimento das turbinas


2.5.1. Rendimento Interno Relativo da Turbina

O diagrama de Mollier (coordenadas h-s) a melhor forma de se representar o


processo que ocorre na turbina. Um exemplo deste processo mostrado na figura
2.17. Nesta, Po e to so parmetros do vapor (presso e temperatura) na entrada
da turbina e Pc a presso aps a turbina (escape). O processo ho > hc,i
corresponde ao processo ideal ou terico da turbina, quando as perdas esto
ausentes. O processo ho > hc corresponde ao processo real na turbina com
perdas, quando tem lugar o aumento da entropia (caso seja adiabtico). A queda
de entalpia Ho = ho hc,i chamada de salto entlpico disponvel, enquanto que
Hi = ho hc de salto entlpico til. Evidentemente, por causa das perdas na
seo de fluxo da turbina, Hi <Ho.
h
h0

hc
h C,i

p0

t0

Hi

H0

pc

c
S
Figura 2.17 Processo na turbina (H-S)
Na teoria de turbinas, utiliza-se a relao

, denominada rendimento

interno relativo, para caracterizar o grau de perfeio da seo de fluxo na


turbina, seu valor determinado pelas perdas que ocorrem no processo de
transformao da energia. Este rendimento de 70% a 92% para mquinas multiestgios.
Se multiplicar o valor da queda entlpica pela razo vazo de vapor ( ), obtmse o valor da potncia. Desta forma,

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ri =

H i . m
.

H 0 . m

Wi
W0

(2.1)

Sendo, W o a potncia calculada (terica possvel) da turbina, W i a potncia interna


.
(til). Da ltima relao
2.5.2. Rendimento Mecnico da Turbina
A potncia til obtida nos estgios transmitida ao eixo da turbina. Porm,
durante a rotao do eixo, tambm existem perdas. Por isso, a potncia efetiva no
eixo W e < W i. A relao:

(2.2)
chamada de rendimento mecnico da turbina, que caracteriza o valor das
perdas mecnicas no eixo da turbina. So perdas nos mancais, no eixo, na sua
vibrao, no acoplamento e outras. O valor
para as turbinas a vapor alcana,
normalmente, 0,992 0,998, sendo que os maiores valores correspondem s
turbinas com alta potncia unitria (fig. 2.18)
Ressalva: Para turbinas de grandes potncias as quais necessita de grandes
mancais (quanto maior dimetro do eixo aumenta-se a sua velocidade perifrica e
junto com outros fatores, o valor do nmero de Reynolds) h a transio do
escoamento laminar do filme de leo de lubrificao dos mancais para regime
turbulento. Dessa forma necessrio a utilizao de mancais de escora do tipo
de segmentos (pastilhas) uma vez que permite resolver este problema e, ao
mesmo tempo, diminuir as vibraes.
m
0,999

0,990

MW
Figura 2.18 Dependncia da eficincia mecnica da potncia da turbina.

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2.6

Noes sobre Caractersticas Aerodinmicas Estgios


2.6.1. Tipos de Bocais

Os bocais expansores convertem a energia do vapor em energia cintica. O


modelo ideal seria o adiabtico reversvel, ou seja, isoentrpico, o qual
converteria em velocidade todo a queda entlpica disponvel. No entanto em um
expansor real sempre h o aumento da entropia devido s irreversibilidades
existentes em um escoamento, o que faz com que a velocidade obtida seja
sempre menor que a terica de um expansor ideal. H dois tipos bsicos de
expansores, os convergentes e os convergente-divergentes conforme ilustrao
abaixo.
Vapor
Vapor
P1

P1

P2

P2

Figura 2.19 Convergente e Convergente-Divergente respectivamente.


So utilizados os expansores convergentes quando a presso de descarga for
maior ou igual a 53% da presso da admisso, ou seja, quando a queda entlpica
for pequena.
J o os expansores convergente-divergentes so usados sempre que a presso
de descarga for menor que 53% da presso da admisso, ou seja, para grandes
quedas entlpicas.
Na prtica, so considerados expansores os injetores e os diafragmas. O perfil
convergente-divergente tambm conhecido como Laval.
2.6.2. Princpio de ao
Seja um expansor fixo e um jato de vapor incidente sobre um anteparo mvel,
conforme figura 2.20.

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Ao:

Expansor
Figura 2.20

Objeto Mvel

possvel o aproveitamento da energia cintica no expansor pra realizao de


trabalho. A fora de ao do jato de vapor deslocar o anteparo na direo do jato
e o peso W ser erguido conforme figura 2.21.

Ao

Vapor
Fora

W
Figura 2.21
O jato do vapor tem sua velocidade modificada pelo anteparo, e a fora resultante
move o anteparo na direo do jato, onde o peso ser levantado. Trata-se do
Princpio de Ao.
Parte-se deste princpio para uma turbina de ao pura, onde o expansor
montado em uma cmara de vapor estacionria incidir um jato de vapor para
uma palheta montada sobre uma roda conforme figura 2.22:

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Ao

Figura 2.22
Seja o conjunto de expansores tal que o jato incida sobre um conjunto de palhetas
mveis conforme demonstra figura 2.23:

C0

Ao
Espansor

C1

W1

U1

W2

P mvel

C2
U1

Figura 2.23
Para o estgio de ao toda a transformao de energia trmica do vapor
(entalpia) em energia cintica ocorrer nos bocais expansores, e
consequentemente h a queda de presso do vapor uma vez que diminui a
entalpia, e tambm queda da temperatura e aumento do volume especfico, e da
velocidade. Nas palhetas mveis no h expanso do vapor (queda da presso)
pois essas palhetas detm simetria da seo (perfil) o que implica em rea de
passagem constante do vapor, dessa forma a velocidade do vapor em ao

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constante, entretanto h uma queda absoluta da velocidade nas palhetas mveis


pois h a transformao da energia cintica em trabalho mecnico.
Se o rotor est parado o jato do vapor exerce mxima fora sobre a palheta, mas
no realiza trabalho uma vez que as palhetas no se movem.
UJ

(Velocidade do Jato)

UP = 0

F
Figura 2.24
Se as palhetas se movem a da velocidade do jato, a fora sobre as palhetas
reduzida e trabalho realizado pelo movimento das palhetas.
VJ

VP = UJ / 4

F
Figura 2.25
O mximo trabalho realizado quando as palhetas se movem a da velocidade
do jato. A velocidade do vapor na sada das palhetas nula.
UJ
UP = UJ / 2
F
Figura 2.26
A figura 2.27 representa o comportamento da fora e do trabalho realizado em
funo da razo de velocidades.

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Trabalh

Fora

UP / UJ

Figura 2.27
2.6.3. Estgios de Ao
Os estgios de ao podem ser definidos como estgios de presso (estgios
Rateau) ou como estgios de velocidade (estgios Curtis).
Conforme figura 2.28, os estgios Rateau so compostos de um segmento de
expansores e uma roda de palhetas mveis.
Palhetas
mveis

Rateau

Injetor

P0

C0

C1

P1

P2
C2

Figura 2.28

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J o estgio de velocidade, alm de ser composto p um segmento de injetores


composto por uma roda com duas ou mais (mximo 4) fileiras de palhetas mveis,
e entre elas segmentos de palhetas reversoras.
A queda de presso ocorre nos expansores e a velocidade absorvida
parcialmente na primeira fileira, assim o vapor ao sair da fileira de palhetas
mveis ainda dispe de elevada energia cintica a qual ainda dever absorvida
pela segunda fileira.
Por isso necessrio redirecionar o jato do vapor para que o esforo sobre a
segunda fileira seja no mesmo sentido dos esforos da primeira fileira, da o uso
do segmento com palhetas reversoras.
No reversor no h expanso, ou seja a presso se mantm constante ao longo
deste, assim como a velocidade, uma vez que as palhetas tm formato simtrico
e sees de passagem constantes, conforme figura 2.29:

Curtis
U

U
1-2 Injetor C
2-3 1

Fileira

3-4 Palheta
Reversora

2
3

4-5

2 a Fileira

5
C

P1
Figura 2.29

O estgio Curtis pode ser aplicado como um simples estgio para turbinas de
pequena potncia ou como o roda de regulagem em turbinas de potncias
elevadas ou a fim de que seja realizada um grande salto entlpico na roda tal que
sintetize o tamanho do equipamento.

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Turbina de ao
Curtis Simples Estgio

Palheta
sMveis

Palheta
Reversora

Turbinas de ao
Rateau - Mltiplos estgios
Palhetas
Mveis

Palheta
sMveis

Injetor

Palhetas
Mveis

Diafragma

Presso

Injetor

Velocidade
Presso
Absoluta

Absoluta

Velocidade

Figura 2.30
2.6.4. Princpio de Reao
No sculo XVII, Newton estabeleceu que para cada ao h uma reao
correspondente igual e contrria, o que explica o foguete espacial fora da
atmosfera.
Imagine uma caixa sem abertura, cheia de vapor sob presso, esta agir sobre a
parede a fim de equilibrar a presso que age sobre a parede oposta, ou seja,
balanceamento de foras, tal que a caixa permanecer em repouso.
Ao ser feito um orifcio em um dos lados da caixa e colocar um expansor, por
meio deste passar um jato de vapor e a presso neste expansor ser menor que
a presso no ponto correspondente da parede oposta, tal que o
desbalanceamento produzido far com que a caixa se mova na direo oposta ao
jato, ou seja, Princpio de Reao demonstrado pela figura 2.31:

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Vapor

Vapor

Vapor

Fora
de reao

Figura 2.31
Ao montar a prpria cmara de vapor com o expansor na periferia da roda sob um
jato de vapor contnuo, e por meio de um eixo oco ter-se-ia uma construo de
uma turbina de reao pura, construo essa invivel na prtica.

Reao

Reao

Vapor

Fora

W
Figura 2.32
Comercialmente uma turbina de reao multi-estgio, sendo que cada expansor
na verdade uma palheta fixa, seguido de uma fileira de palhetas mveis.
Tanto as palhetas fixas quanto as palhetas mveis possuem perfil com seo
assimtrica, implica que as reas de passagem do vapor so convergentes, ou
seja, parte da expanso do vapor ocorrer nas palhetas fixas e parte nas palhetas
mveis, o que contraria o princpio de reao pura o qual toda queda de presso
deveria ocorrer nas palhetas mveis.

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Reao

C0

Palheta
fixa
C1

W1

U1

W2

P mvel

C2
U2
Figura 2.33

Em uma turbina de reao essencial a preocupao com a eficincia, caso


contrrio para grandes saltos entlpicos haveria velocidades excessivas nas
palhetas tal que excederia os limites de resistncia mecnica. Assim,
necessria a diviso do aproveitamento do salto entlpico em vrios estgios.

Turbinas de Reao
Parsons 3 estgios
Palhetas
Fixas

Absoluta

Velocidade

Presso

Palhetas
Mveis

Figura 2.34
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2.6.5. Estgios de reao


No estgio de reao, como nos de ao, nas palhetas mveis ocorre a
transformao da energia cintica em mecnica. No entanto, a expanso do
vapor ocorre tanto nos bocais, como nos canais entre as palhetas mveis.
Para avaliar o carter do processo no estgio, se introduz o conceito de
coeficiente de reao , que a relao entre a queda de entalpia nas palhetas
mveis (
) e a queda de entalpia total no estgio (
), ou seja:

(2.3)
, significa dizer que a metade da queda entlpica do estgio realizada
Se
nos bocais, enquanto que a outra metade nas palhetas mveis. Ento esse um
estgio de reao. Quando
, o estgio simplesmente de ao. Nas
turbinas modernas, o coeficiente de reao pode variar de
a
ou
mais.
Conhecendo a queda entlpica (salto trmico) total no estgio e o coeficiente de
reao, fcil distribuir o salto trmico nos bocais e palhetas mveis:
(2.4)
e como
(2.5)
ento
(2.6)
2.6.6. Tringulo de Velocidades
Na figura 2.35 representa-se o desenvolvimento da seo de fluxo de um estgio,
que composto de uma seqncia de bocais e palhetas mveis. Na teoria de
turbinas, geralmente, adota-se a denominao dos parmetros, ngulos e
velocidades na entrada do bocal com o ndice 0. Na sada dos bocais (e, portanto,
na entrada das palhetas mveis) com o ndice 1 e na sada das palhetas mveis
(ou sada do estgio) com o ndice 2.

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C0

C1

W1

U
U

W2

C2
U

Figura 2.35 Seo de fluxo de uma turbina representando o tringulo de


velocidade na entrada e sada
u velocidade perifrica (tangencial)
c velocidade real
w velocidade no ngulo de sada do perfil (linear ao bordo de fuga) ou
velocidade relativa ao perfil mvel.
Desta forma:
 C0 a velocidade do vapor na entrada do bocal, 0 o ngulo de entrada do
fluxo nos bocais. As magnitudes indicadas esto determinadas pelas
condies de sada do fluxo do estgio anterior. Para os clculos iniciais, o
ngulo 0 pode ser considerado igual a 90 e a velocidade C0 na faixa de
60-100 m/s;
 C1 a velocidade absoluta na sada dos bocais. Utiliza-se a equao
conhecida da termodinmica, em conformidade com a qual, a variao de
entalpia no processo de expanso igual variao da energia cintica:
(2.7)
sendo C1t a velocidade terica na sada dos bocais e h1t a entalpia aps os bocais
para o caso do processo terico (ideal) de expanso do vapor ou gs. Ento
obtm-se a frmula para o clculo de C1t:
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para

[ J/kg ]

(2.8)

para

[ kJ/kg ]

(2.9)

ou

A velocidade absoluta real na sada do bocal ( ), por efeito das perdas por atrito
sendo menor que a terica, introduzindo um coeficiente que se define pela
relao:

(2.10)
e denominado coeficiente de velocidade nos bocais. Atualmente, as turbinas
contam com bocais cujo valor
. Desta forma:
(2.11)
ou
=

(2.12)

O ngulo de sada do fluxo dos bocais, , se determina pela geometria do canal


do bocal e pode ser assumido na base do tipo de perfil que foi escolhido para a
palheta do bocal. Geralmente, este ngulo varia de 11 a 18. No entanto,
encontram-se flutuaes considerveis no sentido de aumento nos estgios com
regime de escoamento particular.
A velocidade
tambm a velocidade absoluta de entrada nas palhetas mveis.
No entanto, para as palhetas mveis que giram junto com o rotor, melhor
considerar ngulos e velocidades relativas (em relao s palhetas mveis que se
movimentam). Utilizando o teorema dos cossenos no tringulo de velocidade,
figura 2.35, calcula-se o valor da velocidade relativa do fluxo na entrada das
palhetas mveis:
(2.13)
A velocidade perifrica das palhetas, U pode ser determinada pela frmula
, sendo n a freqncia de rotao do rotor (para turbinas com
freqncia de rede de 60 Hz, n = 60 s-1 e para freqncia da rede de 50 Hz, n =
50 s-1. No entanto, para as turbinas lentas com dois pares de plos no gerador,
vamos ter respectivamente 30 e 25 s-1. Se utilizar n, expresso em rpm, ento,
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, sendo d o dimetro mdio do estgio, determinado pelo dimetro


mdio das palhetas mveis (figura 2.36).

Figura 2.36 Determinao do dimetro mdio do estgio


O ngulo relativo de entrada do fluxo das palhetas mveis,
, pode ser
determinado geometricamente, construindo o tringulo de velocidade de entrada.
Porm, pode ser calculado com maior exatido utilizando o teorema dos senos.
O valor do ngulo
deve ser prximo ao do ngulo geomtrico de entrada do
perfil da palheta mvel, a fim de garantir uma entrada do fluxo sem choque e com
mnimas perdas.
(2.14)
A velocidade relativa na sada das palhetas mveis,
, analogamente
velocidade de sada dos bocais, pode ser determinada pela frmula:
(2.15)
A relao

, o coeficiente de velocidade das palhetas mveis, igual

relao entre a velocidade real do fluxo na sada das palhetas mveis e a


velocidade terica. Para as grades ou coroas de palhetas modernas tem
. Em alguns casos, quando o estgio puramente de ao e nas
palhetas mveis no ocorre queda entlpica,
ou
.
O ngulo relativo de sada do fluxo das palhetas mveis, , se determina pela
geometria dos canais formados pelas palhetas mveis, ou seja, dado pelo
construtor durante a escolha do tipo de perfil. A escolha certa desse ngulo
permite uma abertura uniforme da seo de fluxo da turbina de mltiplos estgios,
j que do valor de
depende fortemente da altura das palhetas, como ser
mostrado posteriormente. Para os estgios de ao com pequena reao, este
.
ngulo pode ser assumido preliminarmente, como
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A velocidade absoluta na sada das palhetas mveis, , pode ser calculada pelo
teorema dos cossenos, a partir do tringulo de velocidade de sada.
(2.16)
O ngulo absoluto de sada do fluxo das palhetas mveis ou do estgio, , pode
ser determinado geometricamente pela construo do tringulo de velocidades de
sada. No clculo analtico, consideramos que o ngulo
(ver figura 2.22)
e, portanto:
(2.17)
Em caso contrrio, se

:
(2.18)

Os tringulos de velocidade de entrada e sada, como regra, coincidem, como


mostrado na figura 2.37.

Figura 2.37 Tringulo de velocidade na entrada e sada indicando as projees


de velocidade e ngulos
O uso de representao do tringulo de velocidade suficiente informativo. Com
determinados teste, pode-se avaliar o rendimento do estgio, suas caractersticas,
tipo (ao ou reao), verificao do clculo do estgio e outros. Tambm
mostrada a projeo das velocidades no eixo coincidem com a velocidade u.
2.6.7. Relaes timas U/C nos Estgios com Diferentes Graus de
Reao
2.6.7.1.

Estgio de ao

Para estgios de ao:


(2.19)
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Se utilizar a relao entre a velocidade perifrica e a velocidade terica na sada


, ento:
(2.20)
Para um estgio de ao Rateau, o ngulo , geralmente, varia de 11 a 14.
, resulta valores de
, que so muito
Considerando
importantes para a otimizao das velocidades e saltos nos estgios.
Da ltima relao nota-se a influncia do coeficiente de velocidade e do ngulo
de sada . A variao de , mantida demais condies, causa uma influncia
significativa no rendimento do estgio. Seu decrscimo resulta no aumento do ,
todavia, por razes construtivas dos bocais ou palhetas de bocais, o valor deste
ngulo fica limitado entre
, em alguns casos, excepcionalmente, pode
chegar a 9.
Para o estgio Curtis a relao tima de velocidade significativamente menor e
corresponde a:
(2.21)
Este valor duas vezes menor do que o correspondente para um estgio Rateau,
ou seja, num estgio de ao, a velocidade C1, para um mesmo dimetro, pode
ser duas vezes maior e o salto entlpico quatro vezes maior. O rendimento interno
do estgio Curtis
, o que significativamente menor que o
estgio Rateau., conforme ilustra figura 2.38.

0,8

Rateau

0,7

Curtis
0,6

0,5

0,4

0,3
0,1 0,2

0,3 0,4 0,5

U/C

Figura 2.38 Relaes timas de U/C

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2.6.7.2.

Estgio de reao

, nos bocais e nas palhetas mveis apresentaNo estgio de reao com


se um salto entlpico igual. Com isto, a velocidade do fluxo (mdulo) em
coordenadas absolutas na entrada da palheta mvel igual velocidade relativa
(mdulo) na sada da palheta mvel, o que resulta na igualdade dos tringulos de
velocidades de entrada e sada, (
e congruentes
(
(figura 2.39)

Figura 2.39 Tringulo de velocidade para um estgio com = 0,5


Neste caso, possvel utilizar perfis idnticos para as palhetas fixas e palhetas
mveis, e isto leva a que os coeficientes de velocidade
sejam tambm
iguais. Esta propriedade dos estgios de reao foi utilizada amplamente, no
entanto, com o aumento da potncia e da altura das palhetas, no possvel criar
um estgio com grau de reao 0,5 constante. Por isso, os estgios com grau de
reao na faixa de
so mais reais.
Para um estgio com outros valores de grau de reao, recomendada a
seguinte frmula para o clculo da relao de velocidade tima:

(2.22)
Nesta expresso utilizado um conceito muito difundido na teoria de turbomquinas: a velocidade fictcia ou condicional
. Esta a
velocidade que se teria, se todo o salto entlpico acontecesse nas fixas. O nome
desta velocidade vem da sua condicionalidade nos estgios de reao, onde nos
bocais acontece s uma parte do salto trmico total do estgio. Nos estgios de
ao simples esta velocidade coincide com
.

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max
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0

= U
;
C
Parson

1,0
0,75
0,50

Curtis
0,5

0,25

Rateau
1,0

1,5

2,0

2,5

U
C

Figura 2.40 Relao de U/C para diferentes tipos de estgios


2.6.8. Caracterstica Geomtrica da Grade
Na figura 2.41 esto representadas as principais caractersticas geomtricas da
grade das palhetas:

Figura 2.41 Dimenses geomtricas principais e parmetros da grade da turbina


 b - corda (geralmente utiliza-se como medida prpria);
 t - passo;
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 B - espessura da grade;
 L - altura da palheta;




- ngulo de posicionamento do perfil (para as palhetas mveis,


( )- ngulo geomtrico de entrada do fluxo na palheta;
( )- ngulo geomtrico de sada.

);

O ngulo geomtrico de entrada e sada determinado como o ngulo entre a


superfcie da grade e a tangente linha mdia do perfil que acompanha o centro
das circunferncias inscritas (figura 2.41).
2.6.9. Caractersticas Aerodinmicas dos Perfis das Palhetas
Para anlise da qualidade aerodinmica, necessrio conhecer as principais
perdas aerodinmicas que ocorrem nas palhetas. Perdas secundrias, devido ao
escoamento secundrio (tende a subir ao topo da p com referncia a raiz),
vrtex existentes devido a choques no bordo de ataque da p existentes na raiz e
topo, fugas de fluxo pelo topo e raiz, existncia de esteira, etc, todos esses
contribuem para o aumento da perda total e conseqente diminuio de eficincia
global.

Fluxo

Camada Limite da superficie


de Presso

Vortex de topo

Fuga de fluxo de Topo

Esteira

Rotao

Fluxo secundrio

Fuga de fluxo de Topo

Figura 2.42 Anlise do fluxo do vapor

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2.6.9.1.

Perdas por perfil

As perdas por perfil, por definio, so as que ocorrem no fluxo de vapor na


superfcie das palhetas e determina-se pela forma do perfil.
As perdas de perfil relacionam-se com:
 Nmero de Reynolds;
 Rugosidade das superfcies;
 Forma do perfil da palheta;
 Regime de escoamento;
 Distribuio de presso.
1

GL

s
2= B

Figura 2.43 Perdas por perfil


2.6.9.1.1.

Perdas por atrito

No contorno da superfcie da palheta em contato com o vapor que est escoando,


forma-se uma camada limite, considerando que se trata de um meio viscoso.
Assim, a velocidade do fluxo de vapor aumenta gradualmente a partir da
superfcie da parede, onde ela nula, at o valor mximo na parte mediana do
fluxo, o que causa perdas significativas entre as camadas provocadas pelo atrito.

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Existem mtodos de clculo para a distribuio das presses e velocidades, no


entanto, experimentalmente, conseguem-se valores mais exatos, num tnel
aerodinmico, soprando uma palheta preparada especialmente com orifcios para
medio da presso por todo o contorno da palheta.
Resumindo, as perdas por atrito na camada limite dependem da forma do perfil da
palheta, da rugosidade da superfcie e do regime de escoamento, que
determinado pelo nmero de Reynolds,
(2.23)
e pelo nmero de Mach
(2.24)
sendo o coeficiente de viscosidade cinemtica, a a velocidade do som para os
parmetros na seo de sada da palheta e b a corda do perfil. Assim, como a
camada limite desenvolve-se pelo contorno cncavo e convexo da palheta,
alcanando o mximo valor na borda de sada, devido s suas caractersticas,
podemos avaliar o valor das perdas por atrito na camada limite na correspondente
parte da palheta.
2.6.9.1.2.

Perdas na borda

Na borda de sada, com exceo das perdas na camada limite que so


provocadas pelo atrito no perfil, ocorrem perdas adicionais por efeito do
descolamento do fluxo na borda de espessura finita, com formao de vrtices
estveis. A diminuio da espessura na borda de sada sempre provoca a
diminuio das perdas na borda. No entanto, a construo com espessura menor
que 1,0 - 0,8 mm praticamente impossvel devido dificuldade da fabricao de
bordas finas nas mquinas-ferramentas.
2.6.9.1.3.

Perdas ondulatrias

As perdas ondulatrias ocorrem em regies de escoamento na palheta com


velocidades supersnicas, relacionadas com a ocorrncia de saltos de presso
(de densidade). Dependem da forma do perfil, do nmero de Mach e dos
parmetros do meio (vapor). Nas turbinas a grande maioria dos estgios trabalha
com velocidade subsnica, por isso estas perdas no tm influencia considervel
no rendimento da turbina.

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2.6.9.2.

Perdas terminais

As condies de escoamento do vapor perto dos extremos da palheta se


diferenciam significativamente do escoamento no resto da palheta. Como est
mostrado na figura 2.44, o volume elementar do vapor na regio da camada
limite, no topo e na base do canal entre palhetas, o fluxo tem velocidades
significativamente menores do que na regio central da seo do canal.
Desta forma, a fora centrfuga, que atua sobre ele, diminui e no est em
condies de equilibrar a fora da queda de presso (na superfcie cncava a
presso muito maior, que na convexa). Assim, no interior da camada limite, o
fluxo perto do topo e da base do canal entre as palhetas se movimenta no sentido
da superfcie convexa. Isto leva ao aumento da espessura da camada limite na
superfcie convexa perto dos extremos das palhetas, formando vrtices e seu
descolamento com o correspondente aumento das perdas que so denominadas
perdas terminais.

Figura 2.44 Perdas terminais nos canais entre palhetas


As perdas terminais dependem, principalmente, da altura da palheta. Quanto
menor a palheta, tanto maior ser a influncia especfica dos efeitos terminais,
como tambm as perdas terminais, que so influenciadas pelas formas dos
canais, rugosidade da superfcie do topo e da base do canal, e regime de
escoamento.
2.6.9.3.

Outras Perdas que influenciam no rendimento da Palheta

2.6.9.3.1.

Perdas nos bocais e nas palhetas mveis

A velocidade real na sada do estgio das palhetas de bocais menor que a


terica. As perdas de energia cintica so conhecidas como perdas nos bocais
), as quais so funo do coeficiente de velocidade do perfil.
(
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Em analogia com as palhetas de bocais, as perdas nas palhetas mveis (


2.6.9.3.2.

Perdas com a velocidade de sada (

).

Em geral, a energia cintica do fluxo que deixa o estgio constitui perdas com
velocidade de sada.
No entanto, na maioria dos casos, uma parte da energia cintica do fluxo que
deixa o estgio pode ser utilizada no estgio seguinte como energia de velocidade
de entrada. Aqui se introduz o conceito de coeficiente , de utilizao de perdas
com a velocidade de sada. Para diferentes estgios, o seu valor pode variar de 0
at 0,9. Se o estgio que est sendo analisado o ltimo da turbina ou do
cilindro, ento
. Se o estgio dado encontra-se perto do seguinte, pode se
aproximar a 1.
2.6.9.4.

Perdas Adicionais no Estgio

2.6.9.4.1.

Perdas por atrito e ventilao no disco (

As perdas por atrito e ventilao tm diferentes naturezas, porm,


tradicionalmente se analisam em conjunto, uma vez que dependem dos mesmos
parmetros geomtricos e do vapor. As perdas por atrito representam perdas que
aparecem durante a rotao do disco da turbina, que tem superfcies
relativamente grande, trabalhando com vapor (figura 2.45).

Figura 2.45 Perdas por atrito do disco com o vapor

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As perdas por atrito do disco com o vapor no devem ser confundidas com as
perdas na superfcie das palhetas, apesar da natureza delas serem semelhantes
atrito na camada limite em um meio viscoso.
As perdas por ventilao aparecem nos estgios com injeo parcial de vapor e
so provocadas pelo deslocamento do vapor em zonas onde no h bocais e as
palhetas mveis trabalham de forma semelhante s ps de um ventilador. Da
mesma forma que as perdas por atrito, as perdas por ventilao dependem da
densidade do vapor, do dimetro do disco, da velocidade perifrica e do
coeficiente de injeo de vapor (grau de injeo).
Pode-se conseguir uma diminuio relativamente pequena das perdas por
ventilao com a utilizao de um anel de contraventilao (onde seja possvel),
que limita o deslocamento do vapor nas zonas de ausncia de bocais (figura 2.46)

Figura 2.46 Perdas por ventilao


2.6.9.4.2.

Perdas por fugas (

Estas perdas esto relacionadas com a fuga do vapor atravs dos sistemas de
vedao nas interfaces do diafragma do estgio com o eixo do rotor ao exterior da
carcaa e no espaamento de interface das fitas de recobrimento das palhetas
mveis com a parte fixa (figura 2.47a e 2.74b).
Para grandes turbinas usual somente a vedao do tipo selo labirinto, tambm
chamado de selagem pelo vapor, que no garante a estanqueidade total, porm,
capaz de garantir valores aceitveis de fugas (em geral no maior que 1,5% do
valor total da vazo atravs do estgio), sem contato direto entre as partes
rotativas e estacionrias.

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Figura 2.47 Perdas por vazamentos de vapor


As fugas atravs das folgas entre as fitas sobre as palhetas mveis, nos estgios
com alto grau de reao, podem ser bastante significativas.

Figura 2.48 Folga equivalente para clculo dos vazamentos perifricos


A realizao construtiva da vedao consiste em apresentar a mxima resistncia
possvel passagem do vapor por meio de uma srie alternada de passagens
estreitas e cmaras de volume relativamente grande.
Os processos analisados nas vedaes de diafragmas so os mesmos que
acontecem nas vedaes terminais da turbina (vedao dianteira e traseira ou do
lado de alta ou baixa presso posies onde o eixo atravessa a carcaa do lado
interno para o exterior), que vedam a carcaa da turbina, impedindo o vazamento
de vapor atmosfera ou aspirao de ar s cmaras de baixa presso.
Da organizao dos fluxos de vapor depende tambm a particularidade
construtiva do sistema de vedaes, tais como o nmero de sees, nmero de
cmaras de extrao ou injeo de vapor na vedao.
A vedao anterior da carcaa na regio de alta presso do vapor tem o maior
nmero de sees. Aps a primeira seo desse selo, o vapor desviado ao
escape da cmara de alta presso, o que permite utilizar a energia do vapor nos
estgios seguintes das cmaras de mdia e baixa presso.
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Nas turbinas de condensao as vedaes terminais da regio de baixa presso


cumprem a funo de impedir a suco de ar externo para o interior da carcaa
do estgio de baixa presso, e suas conseqncias no condensador, o que
muito importante no perodo da pr-partida e elevao do vcuo no condensador,
assim como durante a operao normal. Destaca-se a importncia do vapor que
injetado nos selos para o aquecimento preliminar do rotor da turbina durante o
perodo de pr-partida e partida. Alm disso, o vapor, que durante a operao
normal injetado nos selos terminais das cmaras de alta e mdia presso com
parmetros relativamente baixos, garante o resfriamento do rotor, o que possibilita
obter uma temperatura aceitvel dos colos dos mancais do eixo da turbina.
2.6.9.4.3.

Perdas com vapor mido (

Os ltimos estgios das turbinas de condensao trabalham na regio de vapor


mido. O vapor mido, em estado de equilbrio termodinmico, constitui um meio
bifsico. As gotas de gua que se movimentam junto com o vapor que se
encontram no estado mido, devido sua grande inrcia, os seus movimentos
so retardadas em relao ao vapor (seco) nos bocais.
Por isso nos tringulos de velocidade traados para o vapor(s) e para as gotas de
gua (w), as condies de entrada das gotas de gua nas palhetas mveis
diferenciam-se, consideravelmente, das condies de projeto para o vapor (seco)
(figura 2.49).

Figura 2.49 Particularidades da entrada de gotas e de vapor nas palhetas


mveis
Em primeiro lugar, parte da substncia de trabalho, que se encontra na fase
lquida, no s no realiza trabalho til, como tambm freia as palhetas mveis.
Em segundo, como resultado do choque em alta velocidade na borda de entrada,
as gotas provocam uma eroso intensa, o que diminui a resistncia da palheta.
O escoamento de vapor mido nas grades das palhetas, em comparao com o
escoamento de vapor superaquecido, apresenta uma srie de particularidades
termodinmicas. A expanso entre os canais das palhetas ocorre, geralmente,
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com retardamento da condensao, o que leva a um superesfriamento do vapor.


Por isto, nos canais, ocorre um atrito adicional e a transferncia de calor e massa
entre as diferentes fases.
Alm do aumento das perdas diretamente nas grades, tambm ocorrem perdas
de energia pela acelerao das gotas na folga entre os bocais e as palhetas
mveis, a ao de choque e frenagem das gotas de gua que chegam nas
palhetas mveis, o aumento da perda de energia na zona perifrica das palhetas
mveis como resultado do deslocamento das gotas em direo periferia e para
trs, em direo s palhetas de bocais.
Tambm ocorrem perdas adicionais devido remoo de alguma quantidade de
vapor junto com as gotas nas zonas internas de separao do estgio. Tudo isso
causa perdas bastante significativas nos estgios que trabalham com vapor
mido.
2.6.9.4.4.

Rendimento interno relativo do estgio

Considerando as perdas mencionadas, que ocorrem no estgio, o rendimento


interno relativo :
(2.25)
Deve-se levar em considerao que algumas das perdas mencionadas podem
no estar presentes. Assim, por exemplo, com vapor superaquecido, o trabalho
realizado por ele, as perdas por umidade esto ausentes. Nos primeiros estgios
da turbina, onde no existe diafragma, no h perdas na selagem do diafragma.
Nos estgios intermedirios das turbinas com injeo total de vapor (em toda a
circunferncia), as perdas por ventilao so inexistentes.
Em dependncia dos parmetros do vapor, muda-se significativamente, nos
diferentes estgios, o valor especfico das diferentes perdas.
Est representado na figura 2.50, nas coordenadas h-s, um exemplo de um
processo no estgio, indicando todas as perdas que podem ocorrer, onde:
= energia total;
= perdas por bocal;
= perdas nas palhetas mveis;
= perdas com a velocidade de sada;
= perdas por atrito e ventilao;
= perdas por fugas;
= perdas com umidade no vapor;

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Figura 2.50 Indicao de todas as perdas


2.7

Metalurgia, Materiais e Propriedades Mecnicas

Um dos objetivos principais usar materiais e processos de fabricao, cujo custo


seja o menor possvel, a fim de produzir um equipamento que opere inteiramente
de acordo com o seu tempo de vida til de projeto. Para alcanar este objetivo
necessita-se de um conhecimento fundamental das propriedades dos materiais e
do comportamento destes sob as condies extremas de temperatura e presso,
tanto mxima quanto mnima, ainda que esses valores extremos s ocorram em
situaes transitrias ou eventuais.
As ligas ferrosas so, em princpio, divididas em dois grupos:
 Aos, com teores de carbono (C) at 2,0%;
 Ferros fundidos, com teores de carbono (C) acima de 2,0% e raramente
superior a 4,0%.
Ao-Carbono uma liga ferro-carbono a qual contm geralmente de 0,05% at
cerca de 2,0% de carbono (C), alm de certos elementos residuais, como o
mangans (Mn), o silcio (Si), o fsforo (P) e o enxofre (S) resultantes dos
processos de fabricao.

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PRINCIPAIS CARACTERSTICAS
Cor

Acinzentada

Peso Especfico

7,8 kgf/dm

Fuso

1350 a 1400C

Maleabilidade

Boa

Ductibilidade

Boa

Tenacidade

Boa

Usinagem

tima

Soldagem

tima

Tabela 2.1 Caractersticas do Ao Carbono


De acordo com o teor de carbono presente na liga, h uma determinada aplicao
para esse ao, conforme demonstra a tabela 2.2.

TEOR DE CARBONO

APLICAES

MALEABILIDADE E
SOLDABILIDADE

0,05 a 0,15%

Chapas, fios, parafusos, tubos, estirados,


produtos de caldeiraria.

Grande maleabilidade.

Barras laminadas e perfiladas, tubos,


peas comuns de mecnica.

Malevel.

0,30 a 0,40%

Peas especiais de mquinas e motores.


Ferramentas para a agricultura.

Difcil soldagem.

0,40 a 0,60%

Peas de grande dureza, ferramentas de


corte, molas, trilhos.

Muito difcil soldagem

0,60 a 1,50%

Peas de grande dureza e resistncia,


molas, cabos, cutelaria.

No se solda.

0,15 a 0,30%

Fcil soldagem.

Soldvel.

Tabela 2.2 Aplicabilidade do Ao de acordo com o teor de carbono


Os ao-ligas so aos que recebem a adio de um ou mais elementos de liga no
processo de fabricao, conforme a finalidade a que se destinam. Os elementos
de liga mais usuais so: nquel (Ni), cromo (Cr), vandio (V), cobalto (Co), silcio
(Si), mangans (Mn), tungstnio (W), molibdnio (Mo) e alumnio (Al).

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CARACTERSTICAS AO LIGAS
Baixa Liga

At 5% de elementos de liga

Mdia Liga

de 5% a 10% de elementos de liga

Alta Liga

acima de 10% de elementos de liga

Tabela 2.3 Classificao dos Aos-Liga


Mediante a adio e a dosagem de certos elementos ao ao carbono,
conseguiram-se assim aos-liga com caractersticas tais como resistncia
trao e corroso, elasticidade, dureza, etc. bem melhores do que as do ao
carbono comum. A seguir na tabela 2.4, encontra-se os efeitos conseguidos com
a adio de elementos:

ELEMENTOS

EFEITOS

Alumnio (Al)

Desoxida o ao. No processo de tratamento termo-qumico chamado


nitretao,combina-se com o nitrognio, favorecendo a formao de uma camada
superficial durssima.

Carbono (C)

A quantidade de carbono influi na dureza, no limite de resistncia e na soldabilidade.

Cobalto (Co)

Influi favoravelmente nas propriedades magnticas dos aos. Alm disso, o cobalto,
em associao com o tungstnio, aumenta a resistncia dos aos ao calor.

Cromo (Cr)

O cromo confere ao ao alta resistncia, dureza, elevado limite de elasticidade e boa


resistncia corroso em altas temperaturas.

Enxofre (S)

um elemento prejudicial ao ao. Torna-o granuloso e spero, devido aos gases que
produz na massa metlica. Enfraquece a resistncia do ao. Considerado como uma
impureza.

Fsforo (P)

Em teores elevados torna o ao frgil e quebradio, motivo pelo qual deve-se reduzir
ao mnimo possvel sua quantidade, j que no se pode elimin-lo integralmente.
Considerado como uma impureza.

Mangans (Mn)

O mangans, quando adicionado em quantidade conveniente, aumenta a resistncia


do ao ao desgaste e aos choques, mantendo-o dctil.

Molibdnio (Mo)

Sua ao nos aos semelhante do tungstnio. Emprega-se, em geral, adicionado


com cromo, produzindo os aos cromo-molibdnio, de grande resistncia,
principalmente a esforos repetidos.

Nquel (Ni)

Foi um dos primeiros metais utilizados com sucesso para dar determinadas
qualidades ao ao. O nquel aumenta a resistncia e a tenacidade do mesmo, eleva o
limite de elasticidade, d boa ductilidade e boa resistncia corroso.

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Silcio (Si)

Torna o ao mais duro e tenaz. Previne a porosidade e concorre para a remoo dos
gases e dos xidos. Influi para que no apaream falhas ou vazios na massa do ao.
um elemento purificador e tem o efeito de isolar ou suprimir o magnetismo. Os aossilcio contm de 1 a 2% de silcio.

Tungstnio (W)

geralmente adicionado aos aos com outros elementos. O tungstnio aumenta a


resistncia ao calor, a dureza, a resistncia ruptura e o limite de elasticidade.

Vandio (V)

Melhora, nos aos, a resistncia trao, sem perda de ductilidade, e eleva os limites
de elasticidade e de fadiga.

Tabela 2.4 Efeitos dos elementos nas ligas


Aos inoxidveis caracterizam-se, fundamentalmente, por resistirem corroso
atmosfrica, embora possam igualmente resistir ao de outros meios gasosos
ou lquidos. Os aos adquirem passividade quando ligados com alguns outros
elementos metlicos, entre os quais os mais importantes so o cromo (Cr) e o
nquel (Ni) e, em menor grau, o cobre (Cu), o silcio (Si), o molibdnio (Mo) e o
alumnio (Al). O cromo (Cr) , de fato, o elemento mais importante, pois o mais
eficiente de todos, quando empregado em teores acima de 10%. Os aos
inoxidveis so, portanto, aos de alta liga, contendo de 12% a 26% de cromo
(Cr), at 22% de nquel (Ni) e freqentemente pequenas quantidades de outros
elementos de liga.

TIPO DO ADIO
AO INOX

REDUO

AO
OBTIDO

PROPRIEDADES DO
AO OBTIDO

Mo

AISI 316

Melhor resistncia a corroso por


pitting.

Ti

AISI 321

Reduo da sensitizao.

Nb e Ta

AISI 347

Reduo da sensitizao.

AISI 309

AISI 304

AISI 310
Cr e Ni

AISI 314

Melhor resistncia mecnica


oxidao.

AISI 330
-

AISI 304L

Reduo da sensitizao.

AISI 303

Melhor usinabilidade

Se

AISI 303 Se

Melhor resistncia corroso

Mo

AISI 317

Reduo da corroso por pitting.

AISI 304
AISI 316

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AISI 317

AISI 316L

Reduo da sensitizao.

AISI 317C

Reduo da sensitizao.

Tabela 2.5 comparao entre tipos de ao inox


Os ferros fundidos so ligas de ferro (Fe) e carbono (C) com alto teor de carbono.
Em mdia, possuem de 3% a 4% de carbono em sua composio. A temperatura
de fuso dos ferros fundidos de cerca de 1200C. Sua resistncia trao da
ordem de 10 a 20 kgf/mm. Na fabricao, as impurezas do minrio de ferro e do
carvo (coque), deixam no ferro fundido pequenas porcentagens de silcio (Si),
mangans (Mn), enxofre (S) e fsforo (P). O silcio (Si) favorece a formao de
Ferro Fundido Cinzento. Os ferros fundidos classificam-se, segundo o estado do
carbono no ferro fundido, conforme abaixo:
 Ferro Fundido Cinzento ou Lamelar: Liga ferro-carbono-silcio, com teor de
carbono acima de 2,0% e silcio presente em teores de 1,20% a 3,00%; a
quantidade de carbono superior que pode ser retida em soluo slida
na austenita; esse teor de carbono e mais a quantidade elevada de silcio
promovem a formao parcial de carbono livre, na forma de lamelas ou
veios de grafita. Nessas condies, o ferro fundido cinzento apresenta
fratura com colorao escura, de onde provm a sua denominao.

Figura 2.51 Microestrutura do ferro fundido cinzento, grafita em forma de


lamelas
 Ferro Fundido Nodular ou Dctil: Liga ferro-carbono-silcio caracterizada
por apresentar grafita na forma esferoidal, resultante de um tratamento
realizado no material ainda em estado lquido (nodulizao).

Figura 2.52 Microestrutura do ferro fundido nodular, grafita em forma esferoidal

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 Ferro Fundido Malevel ou Branco


 Ferro Fundido Temperado
 Ferro Fundido Especial
Apesar de apresentarem em geral propriedades mecnicas inferiores s dos
aos, elas podem ser consideravelmente modificadas pela adio de elementos
de liga e tratamentos trmicos adequados. Os ferros fundidos podem substituir os
aos e at serem mais adequados, em muitas aplicaes. Por exemplo:
estruturas e elementos deslizantes de mquinas so construdos quase sempre
em ferro fundido, devido maior capacidade de amortecer vibraes, melhor
estabilidade dimensional e menor resistncia ao deslizamento, em razo do poder
lubrificante do carbono livre em forma de grafita.
No que se refere especificamente ao preo do material, para exemplificar a sua
relevncia na escolha do material mais adequado para um determinado servio, a
tabela 2.6 mostra os ndices de preos por quilograma, para diversos materiais,
considerando-se ao carbono como tendo ndice 1.

Materiais

Custo
Relativo

Materiais

Custo
Relativo

Ao Carbono

1,0

Ao Inox tipo 321

8,2

Ao liga Mo

2,3

Ao Inox tipo 410

6,6

Ao liga 1 Cr- Mo

3,1

Ferro Fundido

1,2

Ao liga 2 Cr- Mo

3,3

Lato

7,0

Ao liga 5 Cr- Mo

3,8

Cobre-Niquel 90-10

22,0

Ao liga 3 Ni

3,0

Cobre-Niquel 70-30

27,0

Ao Inox tipo 304

5,8

Alumnio

7,5

Ao Inox tipo 304L

8,2

Monel (70Ni-30Cu)

31,8

Ao Inox tipo 310

7,6

Titnio e ligas

61,0

Ao Inox tipo 316

7,8

Incoloy (40Ni-20Cr-40Fe)

68,5

Tabela 2.6 Custo relativo dos materiais


Em geral, a seleo dos materiais apropriados para aplicaes em equipamentos
de uma unidade de gerao de energia e vapor envolve, alm do custo, as
seguintes consideraes:

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 O grau de dificuldade ou facilidade como o qual um determinado material


pode ser fabricado ou soldado;
 Propriedades mecnicas do material, tais como ductilidade, tenacidade,
resistncia trao e ao escoamento, resistncia fadiga e fluncia;
 Compatibilidade com o ambiente de servio esperado;
 Efeito do processo de fabricao sobre as propriedades mecnicas e de
resistncia corroso;
 Possvel deteriorao das propriedades devido utilizao do material por
longos perodos de tempo.
O tratamento trmico a ser utilizado na fabricao de extrema importncia.
Abaixo a tabela 2.7 descreve a finalidade dos tipos de tratamentos.

Processo

Aplicao

Finalidade

Procedimento

Recozimento para
alvio de tenses

Metais trabalhados
a frio

Reduzir as tenses residuais devido


ao encruamento e restabelecer a
ductilidade

Aquecer o metal na faixa de 510 a


704C e resfriar lentamente

Recozimento
Pleno

Aos

Refinar a estrutura do gro e


fornecer um metal macio, dctil e
totalmente livre de tenses.

Aquecer o metal na temperatura


de austenitizao completa e
resfriar lentamente no prprio
forno.

Normalizao

Aos

Homogeneizao e alvio de tenses


internas causadas por trabalhos
anteriores. Deixa o ao mais duro e
resistente do que o recozimento
pleno.

Aquecer o metal na temperatura


de austenitizao completa e
resfriar ao ar.

Esferoidizao

Ao mdio e alto
Carbono

Fornecer ductibilidade, tenacidade e


melhorar a usinagem

Aquecer em um tempo
suficientemente longo e numa
temperatura prxima, mas abaixo
de 725C (temperatura eutetide),
e resfriar muito lentamente.

Tmpera

Aos acima de
0,25%C

Aumentar a dureza e a resistncia


mecnica pela transformao da
austenita em martensita

Aquecer o metal na temperatura


de austenitizao completa e
resfriar bruscamente na gua ou
no leo.

Revenimento

Aos temperados

Reduzir a dureza excessiva da


tmpera e melhorar a tenacidade

Aquecer brevemente em baixas


temperaturas (180 a 300C).

Austmpera

Aos comuns e
ligados

Aumentar a dureza pela formao de


bainita, ao invs de martensita frgil
e diminuir a fragilidade e as tenses
internas.

Aquecer o metal na temperatura


de austenitizao completa e
resfriar em um banho de sal,
mantido entre 260 a 400C.

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Tratamento de
endurecimento por
precipitao
envelhecimento

Aos inoxidveis,
superligas de
nquel, etc.

Endurecer a matriz

Aquecer a curva de solubilidade


dentro da rea de fase nica,
resfriar rapidamente para fornecer
supersaturao. Reaquecer numa
temperatura intermediria at
comear a precipitao inicial.
Resfriar temperaturas vizinhas.

Tabela 2.7
2.7.1. Materiais para componentes de turbinas a vapor
Para carcaas que operam at 450C, aos carbono fundidos tm sido
largamente usados. Para estgios da turbina onde as temperaturas so mais altas
( 550C), so usados aos ferrticos de baixa liga. Aos inoxidveis austenticos,
tais como os tipos 316 e 347, tm sido usados nas carcaas fundidas de turbinas
de temperaturas de trabalho superiores a 550C.
Para rotores de alta temperatura, a seleo de materiais deve levar em conta as
altas tenses do corpo do rotor forjado, uma vez que a rotao do rotor acelera o
mecanismo de falha devido a estas tenses altas. Alm disso, a seleo do
material deve tambm considerar a estabilidade mecnica e trmica do rotor para
preservar o equilbrio dinmico (evitar vibrao). Durante a fase de projeto e,
posteriormente, na operao, necessrio atentar aos detalhes a fim de evitar
uma deformao excessiva por fluncia, quer seja no dimetro interno do rotor ou
nos fixadores do p da palheta e, tambm, que concentraes de tenso nestes
locais sejam eliminadas ou reduzidas ao mximo. Para os rotores de alta
temperatura modernos, o ao com Cr, Mo e V tem sido o material mais
recomendado. Isto se deve sua boa combinao de resistncia fluncia e
ductilidade na temperatura de operao, juntamente com propriedades na
temperatura ambiente satisfatrias.
Para rotores de baixa presso, os principais critrios para a seleo de materiais
so a resistncia mecnica adequada para manter a estabilidade mecnica nas
velocidades de operao e a tenacidade fratura. A tenacidade fratura deve ser
de um nvel suficiente para evitar qualquer possibilidade de propagao de microtrincas e, conseqentemente, o seu crescimento para trincas de um tamanho
crtico, o que pode ocorrer em servio, seja nas condies normais ou de falha.
As palhetas de turbinas esto sujeitas s tenses de trao dinmicas devido
fora centrfuga e s tenses produzidas pelas foras de flexo, que crescem a
partir das quedas de presso do vapor e das variaes de carga. As propriedades
mais importantes para as palhetas so resistncia mecnica adequada para
restringir a deformao e manter a tolerncia de funcionamento na temperatura
de operao, boa resistncia fadiga, boa capacidade de amortecimento de
vibraes internamente (reduzir a freqncia ressonante e efeitos vibracionais) e
resistncia corroso.

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As carcaas e muitas vlvulas de turbina so normalmente bipartidos


horizontalmente para facilitar a montagem e desmontagem. As partes inferior e
superior do conjunto so separadas por juntas flangeadas, fixadas uma na outra
por parafusos. A estanqueidade da juno mantida por foras de trao nos
parafusos prisioneiros e tenses compressivas nas faces do flange.
A principal considerao no projeto a manuteno da estanqueidade da juno,
quando da ao do vapor, por meio da fora de sujeio dos parafusos sem que
haja uma solicitao excessiva dos mesmos. Se os prisioneiros esto submetidos
temperaturas na qual a fluncia pode ocorrer, haver uma tendncia ao
relaxamento da tenso de aperto nos parafusos e, conseqentemente, da fora
de sujeio. Como conseqncia, os parafusos necessitaro de reaperto aps um
perodo de tempo. Portanto, os fatores determinantes para uma performance
segura e confivel dos parafusos so a seleo do material correto para esta
aplicao, a lubrificao com composto anti-emperrantes para uma fcil
desmontagem e aplicao de um controle preciso da estanqueidade e da
substituio antes da vida til expirar. Para temperaturas de operao abaixo de
aproximadamente 370C, parafusos ou pinos de ao carbono so satisfatrios
para atender os requisitos. No entanto, para temperaturas de operao mais
altas, dois tipos de ligas adequadas para parafusos de sujeio so usadas: aos
ferrticos baixa liga contendo Cr, Mo, V. Apenas uma pequena quantidade de aos
inoxidveis austenticos usada para aplicaes de travamento ou fixao, mas
somente se os componentes do conjunto so, tambm, de ao inoxidvel
austentico e quando se desejar reter expanses trmicas combinadas.
2.8

Anlise de Manuteno

As condies de manuteno da mquina trmica influem diretamente no seu


consumo especfico. No ciclo a vapor, se a fornalha da caldeira estiver com algum
maarico queimando mal, ou regulador de ar fechado, ou ainda baixo excesso de
ar, isto redundar em m queima do combustvel na fornalha, baixa temperatura
dos gases no superaquecedor, reaquecedor e economizador, resultando em baixa
presso e baixa temperatura do vapor na caldeira, e fumaa escura na sada da
chamin. O conjunto destes fatores provocar menor potncia na turbina e alto
consumo especfico.
Em caso de depsito de fuligem ou incrustao no superaquecedor, reaquecedor
e economizador ou se algum aquecedor da gua de alimentao estiver isolado,
ocorrer tambm baixa presso e baixa temperatura de vapor, e ainda baixa
temperatura da gua na entrada da caldeira. Como resultado final haver perda
de potncia no rotor da turbina, e aumento de consumo especfico.
Numa situao em que a fornalha da caldeira estiver operando com pequena rea
de troca trmica ocorrer baixa troca trmica atravs das paredes da fornalha, o
fluxo de vapor formado nos tubos da fornalha e no tambor num primeiro instante
ser menor do que o especfico no projeto, com este fluxo de vapor menor, a
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diferena de volume especfico da mistura gua-vapor aumentar, fazendo subir o


fluxo de gua de recirculao nas paredes da fornalha, a mistura gua-vapor
chegar mais fria ao circular da fornalha para o tambor, porque a fornalha no
conseguir absorver o calor necessrio dos gases quentes para a formao do
vapor, e os tubos da fornalha ficaro sobreaquecidos. Ento o vapor que vem da
fornalha, chegar ao tambor bem mais frio, com maior percentagem de gua e
com menor fluxo. Isto causar queda de presso do vapor, porque a temperatura
de saturao cair. O controle de combusto da caldeira interpretar esta baixa
presso e temperatura do vapor da caldeira como aumento da demanda de carga
da turbina, e tudo acontecer como se assim fosse, e aumentar o fluxo de
combustvel agravando ainda mais a situao, porque os tubos da fornalha ficaro
mais sobreaquecidos. O nvel do tambor oscilar por cima por causa da queda de
presso e o controle de gua de alimentao da caldeira responder para
reduzir o fluxo de gua de alimentao. Teremos a uma situao perigosa,
porque os controles de combusto e de alimentao estaro sem coordenao,
atuando desordenadamente e oscilando sem respostas. Ocorrer instabilidade de
fluxo de gua de recirculao nos tubos da fornalha, com pulsao dos tubos da
parede de gua. Isto levar o controle da caldeira para uma instabilidade
crescente, dependendo da demora dos controles para se acertarem. A caldeira
operando nestas condies ter furos nos tubos da fornalha, devido ao
sobreaquecimento, oscilaes dos controles da caldeira e da carga da unidade,
pulsao dos tubos da fornalha e aumento de consumo especfico. A situao s
dever normalizar, se trouxer a carga da unidade para uma produo de vapor
compatvel com a rea de troca trmica da fornalha.
Na turbina a vapor, se houver quebra das palhetas, subir a temperatura de
exausto, com a elevao da presso na exausto da turbina e da temperatura da
unidade, alm disso, haver os desgastes excessivos provocados pela quebra
das palhetas e o aumento das vibraes.
Numa situao de falha do labirinto da turbina, ou falta de presso de vapor no
selo, ou no ejetor, ou ainda perda da bomba de gua de circulao, ou
condensador sujo, isto tudo poder provocar a perda de vcuo no condensador, a
elevao da temperatura da exausto e da turbina. Resultando em excessivas
tenses trmicas podendo provocar perdas de alinhamento do conjunto turbina e
gerador, afrouxamento dos parafusos do flange do acoplamento do turbo gerador provocando vibraes excessivas. Com isto haver a perda de potncia
no eixo e a elevao de consumo especfico.
Se acontecer defeito no trocador de calor do leo da turbina, aumentar a
temperatura do leo nos mancais da turbina e do gerador, com srios riscos de
desgastes nos mancais e vazamentos de leo de selagem do hidrognio no
gerador eltrico. Em razo disto, haver a perda de potncia na turbina e o
aumento de consumo especfico.

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UNIDADE

CAUSA

EFEITO
Temperatura do gs baixa

Queimador mal regulado


CALDEIRA

Resfriador de ar fechado
Excesso de ar baixo

Fumaa escura
Temperatura do vapor baixa
Presso do vapor baixa
Trabalho no eixo baixo
Consumo especfico alto
Temperatura do vapor baixa
Presso do vapor baixa
Circulao de gua instvel
Controle de combustvel instvel

CALDEIRA

rea de troca trmica baixa

Controle de alimentao instvel


Pulsao em tubos de fornalha
Temperatura dos tubos alta
Fissura dos tubos da fornalha
Trabalho no eixo baixo
Consumo especfico alto
Temperatura do vapor baixa

Superaquecedor sujo
CALDEIRA

Economizador sujo
Aquecedor de gua isolado

Presso do vapor baixa


Temperatura do gs baixa
Temperatura da gua baixa
Trabalho no eixo baixo
Consumo especfico alto
Temperatura de exausto alta
Temperatura da turbina alta

TURBINA A VAPOR

Palhetas com defeito

Vcuo baixo
Desgastes excessivos
Trabalho no eixo baixo
Consumo especfico alto
Temperatura de leo alta

TURBINA A VAPOR

Resfriador de leo com


defeito

Desgastes excessivos
Vazamento de leo selagem
Trabalho no eixo baixo
Consumo especfico alto

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UNIDADE

CAUSA

EFEITO
Temperatura de exausto alta

TURBINA A VAPOR

Selo da turbina com defeito

Temperatura da turbina alta

Ejetor de servio presso baixa

Vcuo baixo

Condensador sujo

Tenses trmicas elevadas

Bomba de circulao com


defeito

Turbina desalinhada
Trabalho no eixo baixo
Consumo especfico alto
Instabilidade na partida
Instabilidade na acelerao

TURBINA A VAPOR

Regulador de velocidade com


defeito

Instabilidade na rotao
Instabilidade de freqncia
Temperatura de vapor alta
Reduo de potncia no eixo
Consumo especfico alto
Vibrao excessiva
Desalinhamento do rotor com a carcaa

TURBINA A VAPOR

Mancal com defeito ou


desalinhamento do rotor com a
carcaa

Desgastes excessivos
Folgas excessivas
Temperatura do vapor alta
Temperatura da turbina alta
Reduo de potncia no eixo
Consumo especfico alto
Vibrao excessiva
Desgastes excessivos
Folgas excessivas

TURBINA A VAPOR

Desbalanceamento da turbina

Temperatura do vapor alta


Temperatura da turbina alta
Reduo de potncia no eixo
Consumo especfico alto

Tabela 2.8 Condies de Manuteno em uma Termeltrica a Vapor

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2.9

Limites Trmicos das Turbinas a Vapor

Nas turbinas a vapor h variaes de presso e temperatura na carcaa as quais


caem bruscamente desde o bloco da carcaa de alta presso at o bloco de baixa
presso (vcuo nas turbinas de condensao). Sendo assim, na carcaa de alta
presso as tenses trmicas so mais elevadas e diminuem progressivamente,
medida que o vapor escoa e expande at o escape. Na regio de baixa presso,
o vapor est sob baixa presso e com baixa temperatura, assim as tenses
trmicas so reduzidas.
Nas carcaas da turbina devido s variaes de presso e de temperatura, h
tenses torsionais transmitidas pela reao dos bocais expansores (injetores) e
dos diafragmas, devido ao escoamento do fluido de trabalho, e h as tenses
axiais transmitidas pelo mancal de escora, e as tenses radiais transmitidas pelo
peso da turbina aos mancais.
Os aos das turbinas tm tendncia de tornarem-se quebradios em temperaturas
inferiores a 120C, esta tendncia diminui nas temperaturas acima de 120C. Por
esta razo, existe a possibilidade de ocorrncia das fraturas das turbinas durante
as partidas, quando o metal da turbina est abaixo deste valor. Para controlar as
tenses trmicas e evitar trincas, recomenda-se seguir as curvas de partida, de
elevao e de reduo de carga. Estas curvas estabelecem a velocidade de
variao da temperatura do metal da turbina para evitar as fraturas da turbina por
fragilidade durante as partidas, e o nmero das variaes cclicas dos diferenciais
trmicos, para impedir a quebra da turbina por fadiga do material.
2.10

Providncias em caso de alarme

CRITRIOS

PROVIDNCIAS
Controlar a presso na cmara da roda. Em caso de aumento do

DESLOCAMENTO AXIAL DO
ROTOR MUITO ALTO

deslocamento, preparar turbo-redutor para o trip. Checar a folga do


sensor de deslocamento axial com a face de referncia do rotor. Verificar
o estado de palhetamento.
Checar a presso e a temperatura de entrada de leo nos mancais. Em

ALTA TEMPERATURA DOS


MANCAIS
ALTA TEMPERATURA DO
LEO APS O RESFRIADOR
ALTA PRESSO DO VAPOR
DE ESCAPE

caso de temperatura crescente, preparar o turbo para trip. Checar


mancais e alinhamento, se necessrio, corrigir.
Comutar o fluxo de leo para o trocador em stand-by. Aumentar o fluxo
de gua de refrigerao, se necessrio.
Reduzir a carga. Carregar a rede de contra-presso.

Tabela 2.9 providncias em caso de alarme

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3. APLICABILIDADE
3.1

Aplicao dos diferentes tipos de turbina

Na indstria as turbinas a vapor podem ser aplicadas para acionar diferentes


equipamento. Dessa forma, foram criadas normas a fim de estabelecer as
caractersticas construtivas dessas turbinas ao tipo de uso e local de instalao.
Um exemplo o mercado petroqumico o qual segue a API (American Petroleum
Institute) onde foram estabelecidos parmetros para seleo e construo de
diferentes tipos de equipamentos. No caso de turbinas a vapor, h as normas API
611 para uso geral (general purpose turbines) e a API 612 para turbinas de uso
especial (special purpose turbines). Alm dessas duas categorizaes ainda tem
as turbinas para acionamento de geradores.
Caldeira
Vapor da alta presso
Compressor
Turbina
Make-up

Bomba de
alimentao
da caldeira

Gerador

Vlvula
redutora
de presso

Turbina

Condensador

Condensador
Vapor de mdia presso
Vapor de M.P.
para processo
Condensado
Turbina

Bomba

Vlvula
redutora
de presso

Desaerador
Vapor de baixa presso
para aquecimento e
para processo

Vapor de baixa presso

Condensado

Condensado

Bomba de extrao
de condensado

Bomba de extrao
de condensado

Figura 3.1 Esquema de uma refinaria.


As turbinas de uso geral tm montagem horizontal ou axial, so utilizadas para
acionamento de equipamentos geralmente reserva, para servios no-crticos,
so relativamente pequenas em tamanho e a potncia gerada tambm baixa.
Em termos de condio de vapor, no devem exceder a presso de 700 psi,
temperatura de 750F e a rotao 6000 rpm.
J as turbinas de uso especial so turbinas de montagem horizontal, utilizadas
para acionar equipamentos de servio crtico e operao contnua, no tm limites
quanto s condies de vapor de operao, potncia e rotao. So turbinas
multi-estgios, com a preocupao de eficincia e confiabilidade operacional,
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normalmente trabalham com rotao elevada com a possibilidade da variao da


rotao em uma faixa estabelecida.
O termo servio crtico utilizado na definio das turbinas de uso especial est
tanto no fato de requerer potncias elevadas na partida (dificuldade dos motores
eltricos os quais apresentam problemas de partida medida que a potncia
cresce), quanto ao fato do equipamento acionado requerer controle por exemplo,
de vazo ou presso de descarga, tal que exija a variao da rotao da turbina,
ou at mesmo a necessidade de altas rotaes de operao, tal que seja
necessrio o uso de multiplicadores de velocidade.
J os turbogeradores (turbinas que acionam geradores eltricos) so similares s
turbinas de uso especial. O detalhe que os geradores trabalham em rotao
baixa e constante em funo do nmero de plos e freqncia. Alm disso, os
turbogeradores apresentam maiores potncias comparados a outros
equipamentos acionados, o que leva ao uso de condies de vapor de operao
bem mais elevadas a fim de se obter maiores potncias na turbina.

Simples Estgio
As turbinas a vapor de simples estgio so turbinas de baixa potncia, e podem
ser categorizadas como turbinas de uso geral. So utilizadas para acionamento
mecnico, principalmente para o acionamento de bombas dgua e ventiladores, e
tm a vantagem de poderem acionar diretamente esses equipamentos, sem o uso
de um redutor de velocidades.
So mquinas compactas com eficincia relativamente baixa o que implica em
custos mais baixos. Geralmente esse tipo de mquina utilizado como reserva
(stand-by) justamente por apresentar alto consumo especfico quando aciona
direto em rotaes mais baixas.
Uma particularidade dessas turbinas a permisso para partida rpida. Como se
trata de uma mquina de construo simples e compacta, geralmente o rotor
apresenta baixo momento de inrcia, o que implica em menor tempo para sair do
repouso e alcanar a rotao e carga nominal.
Tambm vale ressaltar que o rotor destas turbinas em sua grande maioria so
rotores tipo rgidos, ou seja, a primeira velocidade crtica destes ocorre acima da
rotao nominal, o que permite os modelos trabalhar com rotao varivel, abaixo
da nominal do modelo, alm de no haver a necessidade de uma maior taxa de
acelerao durante a partida para passar rapidamente sobre a rotao crtica.

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