A Normose Informacional
A Normose Informacional
A Normose Informacional
Pierre Weil
INTRODUO
Resumo
Embora reconhecendo a grande contribuio que a informtica
est dando para a humanidade, o autor atrai a ateno do
pblico sobre aspectos patognicos e letais de certas
aplicaes junto de diversas tecnologias. O autor demonstra
que existe o que ele chama de normose informacional, que se
apresenta sob duas formas: a informatose e a cibernose.
Depois de ter definido os critrios de diagnstico de uma
normose, ele demonstra com vrios exemplos concretos estes
aspectos patognicos e letais da informtica, e sugere o que
ele chama de normoterapia.
Palavras-chave
Normose informacional; Informatose; Cibernose; Neurose
virtual; Normoterapia; Informtica educacional.
Information normosis
Abstract
Although recognizing the great contribution computer science
has been giving to the humanity, the author calls the publicc
attention to pathological and lethat aspects of some
applications by several technologies. The author argues that
there is something that he calls informational normosis which
shows up under two forms: informatosis and cibernosis.
After having defined the criteria of diagnosis of a normesis he
demonstrates with several concrete examples these
pathological and lethal aspects of computer science and
suggests what he calls normotherapy.
Keywords
Informational normosis; Informatosis; Cybernosis; Virtual
neurosis; Normotherapy; Educational informatics.
61
Pierre Weill
__
A normose informacional
Pierre Weill
64
A CIBERNOSE
Vamos, em primeiro lugar, nos ocupar de efeitos de atrofias
de funes humanas devidas ao uso do computador, ou de
calculadoras, para depois tratar de distrbios nas
comunicaes e relaes humanas, causadas pelo uso
indevido do celular, da secretria eletrnica e da msica
de espera.
Desequilbrio dos hemisfrios cerebrais
J fato notrio que a nossa educao se tornou apenas
uma instruo intelectual, consistindo em armazenar
quantidade enorme de informaes, ou treinando o
raciocnio lgico matemtico. Todas estas funes esto
ligadas ao hemisfrio esquerdo do crebro. A criatividade,
ligada ao hemisfrio direito, pouco estimulada pela
informtica. Na educao, as crianas e adolescentes vem
atrofiadas as funes ligadas ao hemisfrio direito e se
tornam dependentes do computador.
Consciente disto, uma equipe do Ministrio da Educao
criou uma nova metodologia, a Informtica Educacional12,
em que o aprendiz coloca no computador o produto da sua
criatividade. uma maneira de corrigir o desequilbrio
em questo.
O problema causado por esta atrofia da criatividade e da
intuio ultrapassa muito o aspecto educacional da
questo. Por trs desta questo, encontra-se a distoro
de toda nossa cultura, dominada h milnios por uma
normose machista, que reprimiu o lado direito do crebro,
isto , as funes femininas de abertura, beleza e amor, o
que apenas uma expresso do confinamento da mulher
no lar e da represso do lado feminino na maioria dos
homens. O prprio movimento feminista teve de imitar a
normose machista para vencer esta batalha pela igualdade
entre os sexos. O resgate do feminino 13, reivindicado
recentemente pelas remanescentes lderes feministas,
uma necessidade urgente, tanto na mulher masculinizada
quanto no homem machisado, o qual gerou esta cultura
tecnolgica sobre a qual iremos falar mais adiante. Por
trs da adaptao do computador ao lado direito do crebro,
o lado feminino, est um ideal muito mais abrangente: o
fim da guerra dos sexos e o advento de uma nova civilizao
de paz, amor e plenitude.
Atrofia da funo numrica da mente humana
Era uma vez um rapaz que sabia usar o clculo mental sem
necessidade de nenhuma mquina. O Conselho Nacional
da Pesquisa Cientfica do Governo Mundial resolveu
investigar este caso, rarssimo entre os seres humanos deste
planeta Terra. S se tem notcia de dois casos, um do ano
Ci. Inf., Braslia, v. 29, n. 2, p. 61-70, maio/ago. 2000
A normose informacional
65
Pierre Weill
FIGURA 1
Roda da Destruio
CONSENSOS DUALISTAS;
FRAGMENTAO
MULTIDISCIPLINAR;
DESAPARECIMENTO DOS
VALORES TICOS ; PREVALNCIA DAS
TECNOCINCIAS; PREVALNCIA DOS
VALORES DE SEGURANA,
PRAZER E PODER;
LEIS INADEQUADAS E DESTRUTIVAS
DESAGREGAO DA BIODIVERSIDADE
DESTRUIO DOS ECOSSISTEMAS;
PESTICIDAS, AGROTXICOS )
DESFLORESTAMENTOS DAS ESPCIES
ANIMAIS E VEGETAIS
EXPLOSO DEMOGRFICA
ESTERILIZAO DO SER HUMANO
DESNVEL NORTE-SUL,
LESTE -OESTE; R ICOS E
POBRES; M ISRIA; FOME;
MORTALIDADE INFANTIL
SUPERPRODUO DE
ARMAMENTO;
AUMENTO DOS ORAMENTOS M ILITARES;
CONSUMISMO I NSUSTENTVEL
POLUIO DA TERRA,
GUA E AR; INCNDIOS
FLORESTAIS; M UDANAS
CLIMTICAS; EFEITO
ESTUFA; EL NIO;
LA NIA; DEGELO DA
CALOTA POLAR;
CAMADA DE OZNIO E
PERIGO NUCLEAR.
FANTASIA DA
SEPARATIVIDADE
FRAGMENTAO
REDUCIONISMO .
STRESS;TENSES ;
FOME; C ARNCIAS; DOENAS ;
SOFRIMENTO FSICO;
RESPIRAO INADEQUADA ;
MORTE PREMATURA
APEGO; POSSESSIVIDADE
RAIVA; DIO; INDIFERENA;
CIME; M EDO; DEPRESSO E
E SOFRIMENTO MORAL
A normose informacional
__
__
67
Pierre Weill
A normose informacional
__
__
__
__
__
Pierre Weill
CONCLUSO
E com isto terminamos este artigo em que mostramos trs
aspectos do carter destrutivo da informao, aspectos
considerados como normais por consenso e por isto
mesmo constituindo a Normose Informacional, a saber: a
informatose, a cibernose e o reforo da normose
tecnolgica pela informtica.
Para cada um destes aspectos, uma vez sumariamente
descritos e analisados, indicamos como se poderia aplicar
uma normoterapia, visando a erradicar definitivamente
esta ameaa a nossa sobrevivncia neste planeta.
Emito o voto para que este artigo, em vez de ser
simplesmente elogiado , criticado e arquivado em seguida,
sirva de incentivo e fonte de inspirao para o incio de
programas e projetos de pesquisa e de ao que se revelam
urgentes e inadiveis, por se tratar da nossa prpria
proteo como indivduos e sobrevivncia da nossa
espcie. Se isto acontecer, serei feliz por ter atingido o
meu propsito.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
1. MOORE, NICK. A sociedade de informao. In: A INFORMO:
tendncias para o novo milnio. Braslia : IBICT, 1999. p. 94108.
2. LELOUP, Jean Yves, WEIL, PIERRE. Les deux extremes de la
normose contemporaine: le phantasme de la separativit et le
phantasme fusionnel. Paris : 3 eme Millnaire, 1995.
3. CREMA, Roberto. Anlise transacional centrada na pessoa e mais
almSo Paulo : Ed. Agora, 1985. p. 161.
4. WEIL, Pierre. Les anomalies de la normalit. Paris : 3eme Millnaire,
1994. (n. 30-31).
5. WEIL, Pierre. Normose: a patologia da normalidade. So Paulo
Thot, 1997. (n. 64).
6. WEIL, Pierre. Mudana de sentido: o sentido da mudana. Rio de
Janeiro : Rosa dos Tempos, 2.000. p. 121.
7. CRONIN, Blaise, MCKIM, Geoffrey. Internet. Braslia: IBICT,
1999. p. 63.
8. WEIL, Pierre. Dinmica de grupo e desenvolvimento em relaes
humanas. Belo Horizonte : Itatiaia, 1967. p. 12
9. DE CHARDIN, Theilhard. La place de lhomme dans la nature.
Paris : Le Seuil, 1958.
10. SCHREIBER, Servan Jacques. O desafio mundial. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira. 1980. p. 165.
11. UNESCO (Paris) Lducation aux mdias. Paris, 1984.
12. VALENTE, Jos Armando (Org.). Computadores e conhecimento:
repensando a educao. [Campinas] : Grfica Central da
UNICAMP, 1993.
13. WEIL, Pierre. Mudana de sentido: o sentido da mudana. Rio de
Janeiro : Rosa dos Tempos, 2.000. p. 243.
14. WEIL, Pierre. Mudana de sentido: o sentido da mudana. Rio de
Janeiro : Rosa dos Tempos, 2.000. p. 165.
15. WEIL, Pierre. Sementes para uma nova era. Petrpolis : Vozes,
1997.
16. WEIL, Pierre. A nova tica. Rio de Janeiro : Rosa dos Tempos,
1998. p. 87-89.
17. WEIL, Pierre, DAMBROSIO, Ubiratan, CREMA, Roberto.
Rumo uma nova transdisciplinaridade. So Paulo : Summus,
1996.
18. BASARAB, Nicolescu. Manifesto da transdisciplinaridade. [s. ed.,
2000?].
19. Unesco (Paris). A declarao de Veneza. Paris, 1986.
20. WEIL, Pierre. Tecnologias e organizaes para o sculo XXI: a nova
cultura organizacional holstica. Rio de Janeiro : Rosa dos
Tempos, 1997.
21. WEIL, Pierre. A neurose do paraso perdido. Rio de Janeiro :
CEPA - Espao Tempo, 1991.
22. BONECO morre na cadeira eltrica. Dirio Catarinense,
Florianpolis, 10 set. 2.000. p. 42.
23. BRASIL. Ministrio da Educao. Secretria Geral. Programa
Nacional de Informtica Educativa. [Braslia], 1989.
70