Custo Mineroduto
Custo Mineroduto
Custo Mineroduto
ISSN 1984-9354
COMPARAO DE MODAIS DE
TRANSPORTE PARA ESCOAMENTO DE
MINRIO: INDICADORES DE
SUSTENTABILIDADE
CRISTIANO FARIAS COELHO
(UENF)
GUDELIA MORALES
(UENF)
Resumo
Este trabalho analisa os modais mais usuais empregados no
planejamento do transporte de minrio de ferro, no Brasil e no mundo,
e buscou os motivos que levaram construo de um mineroduto do
Sistema Minas-Rio, da Anglo Ferrous Brazil. Parra a transferncia do
minrio de ferro entre as minas, em Minas Gerais, e o Porto de
Minrio do Au (de onde ser exportado), no norte do Rio de Janeiro,
so analisadas as alternativas tcnicas de transporte por rodovia,
ferrovia e dutovia. Depois de validado o transporte dutovirio, como a
opo mais vivel, este trabalho apresenta as vantagens da escolha e
suas implicaes favorveis sustentabilidade.
Palavras-chaves: Modais de Transporte, Gerenciamento da Cadeia de
Suprimentos, Sustentabilidade.
1. Introduo
Um assunto que aborda a logstica est relacionado administrao dos fluxos de bens,
servios e da informao associada que os pem em movimento, ou seja, tem como objeto
central de sua anlise as variveis: tempo, lugar, qualidade, informao e custo.
Assim, Ballou (2001) sugere que a funo da Logstica colocar o servio ou produto certo,
no lugar certo, no tempo certo, e na condio desejada, criando a maior contribuio possvel
para a firma.
Para Bowersox & Closs (1996), o termo logstico aplicvel a qualquer atividade que utilize
seus conceitos bsicos e que lide com informaes, transporte, estoques, armazns,
equipamentos de movimentao de carga e embalagem.
Portanto superar tempo na movimentao de bens ou na entrega de servios de forma eficaz e
eficiente, com a otimizao de distncias, a tarefa da logstica.
O transporte, uma das atividades primrias no estudo da Logstica, considerado pela maioria
das empresas como o mais importante, uma vez que, em mdia, corresponde a 60% dos custos
logsticos. Assim, qualquer reduo nos custos logsticos impacta profundamente no lucro da
organizao. (FLEURY et al., 2000).
Alm do que, os custos de transporte so associados s caractersticas do produto
transportado, quanto menor o valor agregado da mercadoria e maior o volume, maior ser a
participao do custo pela distribuio na formao do custo total.
As exportaes tm sido a grande alavanca da produo interna de minrio de ferro no Brasil.
A principal justificativa disso so as importaes chinesas que assumiram o papel de grande
importador do minrio de ferro brasileiro a partir de 2002. A China que em 2001, comprava
20,3 Mt (mega toneladas) passou a comprar em 2007 um total de 89,0 Mt, um crescimento
surpreendente de 338% nesses 6 anos. (BRASIL, 2009).
Devido grande e crescente demanda de ferro provocada pela ascenso econmica da China,
novos investidores interessados, os chamados players, vo surgindo para suprir a necessidade
de expanso do mercado de exportao de minrios.
Por conta disso, hoje h no Brasil dois grandes projetos em andamento, um no municpio
Presidente Kennedy, no Estado do Esprito Santo, e outro em So Joo da Barra, no norte do
Estado do Rio de Janeiro, este em etapa final de construo.
Tais empreendimentos esto em consonncia com os mais modernos conceitos desenvolvidos
pelo Supply Chain Management SCM, ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, com o
projeto de logstica integrada, ao englobar a construo de mineroduto e terminal porturio
prprios (FERROUS, 2012). Isso implica diretamente na minimizao de custos, alm de
identificar oportunidades de ganho.
O Sistema Minas-Rio, da Anglo Ferrous Brazil (unidade de negcio da Anglo American),
formado pela reserva mineral e as plantas de beneficiamento de minrio, em conjunto com o
sistema de transporte de mineroduto e o terminal LLX Minas-Rio. (VERAX, 2010).
Para a transferncia do minrio de ferro entre as minas e o porto so analisadas as alternativas
tcnicas de transporte por rodovia, ferrovia e o modal dutovirio. Depois de definida como
mais vivel a opo de transporte dutovirio, este trabalho apresentar as vantagens da
escolha e suas implicaes favorveis sustentabilidade.
2. Aspectos metodolgicos
O objeto de estudo deste trabalho foi o modal logstico escolhido para escoamento da
produo de minrio de ferro em Conceio do Mato Dentro-MG at o Porto de Minrio do
Au, em So Joo da Barra-RJ, em fase final de construo, e os procedimentos
metodolgicos utilizados foram baseados nos condicionantes da pesquisa de natureza
exploratria, conforme Gil (1999) define a sua presena, quando desenvolvida no sentido de
proporcionar uma viso geral acerca de determinado fato.
Nesse caso, normalmente o tema escolhido pouco explorado e torna-se difcil formular
hipteses precisas e operacionveis. Uma caracterstica diferenciada da pesquisa exploratria
consiste no aprofundamento de conceitos preliminares sobre determinada temtica no
contemplada anteriormente.
entre Miguel Burnier (MG) e Campos dos Goytacazes (RJ), com 650 quilmetros de
extenso.
Em 1996, a FCA (2010) obteve a concesso para a explorao e desenvolvimento do servio
pblico de transporte ferrovirio de carga na Malha Centro-Leste, conforme processo de
privatizao da Rede Ferroviria Federal S.A. (RFFSA). A Linha Mineira atualmente possui
trecho desativado que requer recapacitao. um trecho longo, antigo e sinuoso, que recebeu
poucos investimentos nas ltimas dcadas.
Alm de investimentos na reativao, essa linha somente atenderia as necessidades do projeto
at o municpio de Campos dos Goytacazes, sendo necessria a construo do trecho partindo
de Campos at o Porto do Au, um ramal de 40 km de extenso. Atualmente esses
investimentos encontram-se sob estudo tcnico de engenharia e avaliao econmicofinanceira para determinar a viabilidade do empreendimento. (VERAX, 2010).
Baseado na tabela tarifria praticada pela FCA para transporte de granis minerais, para faixas
quilomtricas entre 401 e 800 km, cobrada a parcela fixa de R$11,39 e R$ 0,07611 por
tonelada a cada quilmetro percorrido. (BRASIL, 1999).
A projeo para a escala inicial de produo de minrio de ferro, daria o oramento de R$
0,07611 x 24,5 Mtpa = R$ 1.864.965,00 por tonelada do minrio transportada ao ano, alm da
cobrana do valor de R$ 11,39 por cada viagem, que depende da quantidade de vages e
capacidade dos mesmos.
Assim, duas locomotivas e 168 vages, propostos no estudo de viabilidade econmicofinanceira, cada vago com capacidade (cap) de 80 t, transportariam o minrio de ferro
previsto para produo anual inicial (24,5 Mtpa), da mina ao porto, em 2,5 viagens, invivel
se de executar em apenas um dia, supondo uma velocidade constante de 60 Km/h de ambas
locomotivas.
Devido distncia e velocidade, cada locomotiva seria capaz de realizar, em um mesmo dia,
uma nica viagem de ida e uma de volta. Portanto o nmero de locomotivas e vages no
estudo supracitado deveria ser redimensionado, para aumentar a capacidade de entrega do
minrio.
Seriam necessrias 10 locomotivas (loc), com 168 vages (vag) cada, tornando possvel
assim, a descarga de material em um mesmo dia, pois: 10 (loc) x 84 (vag) x 80 (cap) x 365
(dias) = 24,528 Mtpa, valor aproximado da produo de minrio de ferro por ano.
inmeros dutos de grande extenso para polpas e rejeitos que, em sua maioria, ainda se
encontram em operao (SANTANNA, 1998). Ainda segundo este autor, no Brasil, a
primeira linha que se tem registro foi construda na Bahia, com dimetro de duas polegadas e
1 km de extenso, ligando a "Refinaria Experimental de Aratu" ao Porto de Santa Luzia e que
recebia o petrleo dos "Saveiros-Tanques" vindos dos campos de Itaparica e Joanes, com
incio de operao em maio de 1942.
No Brasil, a rede de minerodutos j implantada e em operao ainda relativamente pequena,
destacando-se dois dutos para transporte de caulim e um para bauxita no Par, e dois dutos
para minrio de ferro e um para fosfato em Minas Gerais. Mas, a partir de 2005, o interesse
por esse modal de transporte de bens minerais - especialmente para minrio de ferro - tem
crescido acentuadamente e atrado investimentos privados para suprir, em parte, as
deficincias operacionais e de segurana, e a restrita capacidade de uso das ferrovias e
rodovias brasileiras. (BRANDT, 2010)
Nas fases de licenciamento ambiental ou inicial de construo podem ser encontrados, hoje,
pelo menos mais quatro minerodutos para transporte de polpa de minrio de ferro a longa
distncia, em Minas Gerais e na Bahia. H alguns exemplos de minerodutos bem sucedidos
no Brasil, a exemplo da Samarco Minerao S.A.
mineroduto ainda conta com duas estaes de vlvulas (uma em Guau e outra em Alegre, no
Esprito Santo) que minimizam os esforos (bruscos ou permanentes) de presso dinmica e
esttica, aos quais a tubulao submetida durante variaes de fluxo. (OLIVEIRA, 2010)
Para atender ao aumento da capacidade produtiva das unidades industriais da Samarco foi
construdo um segundo mineroduto, cuja operao se iniciou em Abril de 2008. O incio do
duto na rea industrial de Germano, situada no municpio de Ouro Preto - MG, o seu final
no terminal de Ponta de Ubu no municpio de Anchieta - ES. Esse duto tem a extenso
aproximada de 401 km com capacidade de transporte de 7,5 Mtpa. (BRANDT, 2010).
6. Resultados
No que se trata do transporte rodovirio por caminhes graneleiros, h de se levar em conta o
enorme fluxo de veculos pesados, pela enorme sobrecarga que acarretaria aos j deficientes
sistemas rodovirios dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, e pelo elevado risco de
acidentes a ele associado. Adicionalmente, alm do elevadssimo custo operacional e de
manuteno dessa frota de caminhes, tambm seria exigida uma complexa e onerosa
estrutura logstica para carga e descarga nas duas pontas do sistema, o que elevaria ainda mais
os investimentos e custos operacionais, agravando a inviabilidade desta opo de transporte.
Em comparao com o modal rodovirio, predominante no pas, o modal ferrovirio
representa um menor custo logstico ao cliente, mais seguro e menos poluente.
Porm, o vulto do investimento com o transporte ferrovirio, em implantao da via, em
oficinas de manuteno, e com a aquisio de equipamentos de carga nas minas e de descarga
no porto, de locomotivas e vages, e com sistemas de controle, comunicao e segurana
operacional, associados ao longo prazo de implantao e s dificuldades tcnicas e ambientais
para a construo dessa ferrovia, tornam esta alternativa tcnica e economicamente invivel.
A alternativa de transporte dutovirio exige investimentos unitrios inferiores ao de uma
ferrovia, alm de permitir uma retificao do traado com significativa reduo da extenso
total percorrida por este sistema de transporte, que ser da ordem de 525 km para a estrutura
em iminncia de operao. Alm disso, o custo operacional do sistema de transporte de polpa
por duto, por tonelada transportada, aproximadamente 10 vezes inferior ao custo de
transporte por ferrovia. (BRANDT, 2010).
A alternativa de mineroduto apresenta como vantagens o controle operacional mais eficaz e
seguro, o baixo impacto e a facilidade de gesto ambiental nas suas fases de implantao,
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7. Concluses
Dentre os modais mais usuais empregados na logstica de transporte de minrio de ferro,
foram analisadas as alternativas tcnicas de transporte por rodovia, ferrovia e dutovia, para
transferncia do minrio de ferro entre as minas, em Minas Gerais, e o Porto de Minrio do
Au (de onde ser exportado), no norte do Rio de Janeiro.
Depois de definida como mais adequada a opo de transporte dutovirio, conforme validada
em experincias anteriores em transporte de minrios adotados por empresas do setor, e com
a deciso de construo de um mineroduto, por parte da Anglo Ferrous Brazil, este trabalho
apresentou as vantagens da escolha e suas implicaes favorveis sustentabilidade.
Os minerodutos j implantados e planejados pelo setor mineral privado brasileiro apresentam,
ainda, como vantagem econmico-financeira, o fato de no necessitarem de participao de
capital estatal, desonerando o poder pblico. O financiamento de tais projetos viabilizado,
de modo geral, com recursos prprios das empresas de minerao ou levantados em bolsa de
valores atravs de abertura de capital.
Conclui-se, assim, que a escolha do modal dutovirio no transporte de produtos, com pouco
valor agregado, economicamente vivel comparado ao transporte rodovirio e/ou
ferrovirio, alm de se apresentar como melhor opo sustentvel do ponto de vista ambiental.
Para garantir a perpetuidade dos negcios e atingir a plenitude da sustentabilidade
organizacional, um empreendimento deve tambm se mostrar sensvel aos anseios da
comunidade do entorno, em usufruir dos benefcios trazidos pelo crescimento econmico
provocado por ele, numa prtica clara de responsabilidade social.
Referncias Bibliogrficas
ANDRADE, M. M. Como preparar trabalhos para cursos de ps-graduao: noes
prticas. 5. ed. So Paulo: Atlas, 2002.
BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organizao e
logstica empresarial. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
12
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http://www1.dnit.gov.br/rodovias/condicoes/condicoesdrf.asp?BR=356&Estado=Rio+de+Jan
eiro&DRF=7. Acesso em 03 mar. 2012.
Resources
do
Brasil
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Mineroduto.
Disponvel
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Jun.
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