O Tabernáculo - Por C. H. Mackintosh
O Tabernáculo - Por C. H. Mackintosh
O Tabernáculo - Por C. H. Mackintosh
Por C. H. Mackintosh
O TABERNCULO
xodo 25
A Ordem Divina
Este captulo o comeo de um dos mais ricos files da mina
inesgotvel de inspiraoum veio no qual cada pancada do
alvio descobre riquezas incontveis. Sabemos qual o nico
alvio com o qual podemos trabalhar numa tal mina, a saber, o
ministrio distinto do Esprito Santo. A natureza humana nada
pode fazer aqui. A razo cega e a imaginao completamente
intil; a inteligncia mais elevada, em vez de estar em estado de
interpretar os smbolos sagrados, parece-se mais a um morcego
ante o resplendor do sol, chocando-se contra os objetos que
inteiramente incapaz de discernir. Devemos obrigar a razo e a
imaginao a ficarem a parte, enquanto, com um corao puro,
um olhar sensato e pensamentos reverentes entramos nos
recintos santos e contemplamos fixamente o mobilirio cheio de
significado. Deus o Esprito Santo o nico que nos pode guiar
atravs dos recintos da casa do Senhor e de interpretar para as
nossas almas o verdadeiro significado de tudo que se apresenta
nossa vista. Querer dar a sua explicao com o auxlio de
faculdades no santificadas seria mais absurdo do que tentar
reparar um relgio com as tenazes e o martelo de um ferreiro.
"As figuras das coisas que esto no cu" (Hb 9:23) no podem
morte... o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que
o corpo do pecado seja desfeito" (Rm 6:5-6). "No qual tambm
estais circuncidados, com a circunciso no feita por mo no
despojo do corpo da carne: a circunciso de Cristo. Sepultados
com ele no batismo, nele tambm ressuscitastes pela f no
poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos" (Cl 2:11-12).
Os captulos 6 de Romanos e 2 de Colossenses nos do um
relato pormenorizado da verdade sobre este importante assunto.
Foi unicamente como morto e ressuscitado que Cristo e o Seu
povo puderam tornar-se em um. O verdadeiro gro de trigo tinha
de cair na terra e morrer antes que a espiga pudesse ser
formada e recolhida no celeiro celestial.
Porm, embora isto seja uma verdade claramente revelada nas
Escrituras, igualmente claro que a encarnao formava, por
assim dizer, os alicerces do glorioso edifcio; e as cortinas de
"linho fino" apresentam-nos, em figura, a beleza moral do
"Homem Jesus Cristo". J vimos a maneira como Ele foi
concebido; e, ao longo do curso da Sua vida aqui na terra,
encontramos exemplos e mais exemplos da mesma imaculada
pureza. Passou quarenta dias no deserto, sendo tentado pelo
diabo, mas nada em Sua natureza respondeu s vis sugestes
do tentador. Podia tocar os leprosos sem ser contaminado. Podia
tocar o esquife de um defunto sem contrair o fedor da morte.
Podia passar inclume pela atmosfera mais contaminada. Era,
quanto Sua humanidade, como um raio de sol que vinha da
fonte de luz, o qual pode passar, sem ser atingido, pelo
ambiente de maior contaminao. Foi perfeitamente nico em
natureza, carter e constituio.
S Ele podia dizer: "No permitirs que o teu santo veja
corrupo" (Sl 16:10). Isto estava em relao com a Sua
humanidade, que, sendo perfeitamente santa e pura, podia levar
o pecado. "Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados
sobre o madeiro" (1 Pe 2:24). No no madeiro, como alguns
querem ensinar-nos, mas "sobre o madeiro". Foi na cruz que
Cristo levou os nossos pecados, e somente ali. "Aquele que no
conheceu pecado, o fez pecado por ns, para que nele fssemos
feitos justia de Deus" (2 Co 5:21).
O Azul
"Azul" a cor etrea e indica o carter celestial de Cristo, o
Qual, a despeito de ter entrado em todas as circunstncias de
verdadeira e autntica humanidadeexceto o pecadoera "o
Senhor do cu"
(1 Co 15:47). Sendo homem verdadeiro, andou sempre com o
sentimento da Sua prpria dignidade, como estrangeiro
celestial: jamais olvidou donde tinha vindo, onde estava ou para
onde ia. A fonte de todo o Seu gozo estava nas alturas. A terra
no podia faz-lo mais rico nem mais pobre. Achou que este
mundo era "uma terra seca e cansada, onde no havia gua" (Sl
63:1); e, por isso, o Seu esprito s podia dessedentar-se nas
alturas. Era inteiramente celestial: "...ningum subiu ao cu,
seno o que desceu do cu, o Filho do Homem, que est no cu"
(Jo3:16).
A Prpura
"Prpura" indica realeza, e mostra-nos Aquele que havia
"nascido rei dos judeus", que Se apresentou como tal nao
judaica e foi rejeitado; que fezuma boa confisso perante Pncio
Pilatos, declarando-Se rei, quando, para a viso humana, no
havia um simples trao de realeza. "Tu dizes que eu sou rei" (Jo
18:37). E "...vereis em breve o Filho do homem assentado
direita do poder e vindo sobre as nuvens do cu" (Mt 26:64). E,
por fim, a inscrio sobre a Sua cruz, em hebraico, grego e latim
a linguagem da religio, da cincia e do governodeclara,
perante todo o mundo, que Ele era "Jesus Nazareno, Rei dos
Judeus". A terra negou-Lhe os Seus direitos desgraadamente
para elamas no aconteceu o mesmo com o cu: ali os Seus
direitos foram plenamente reconhecidas. Foi recebido como um
vencedor nas moradas eternas da luz, coroado de glria e honra,
e assentou-Se, por entre aclamaes dos exrcitos celestiais, no
trono da majestade nas alturas, at que Seus inimigos sejam
A Primeira Cortina
Contudo, as cortinas do tabernculo no so apenas a expresso
dos diferentes aspectos do carter de Cristo, como pem
tambm em evidncia a unidade e firmeza desse carter. Cada
um desses aspectos est exposto na sua prpria perfeio; e
nunca interfere com ou prejudica a beleza de outro. Tudo era
harmonia perfeita aos olhos de Deus e foi assim apresentado no
"modelo que no monte se mostrou" a Moiss e na sua
reproduo no meio do povo. "Cinco cortinas se enlaaro
outra; e as outras cinco cortinas se enlaaro uma com a outra"
(versculo 3). Tal era a proporo e firmeza em todos os
caminhos de Cristo, como homem perfeito, andando pelo
mundo, em qualquer situao ou relao que O considerarmos.
Quando atua segundo um desses caracteres, no encontramos
absolutamente nada que seja incompatvel com a integridade
divina de outro. Ele foi, em todo o tempo, em todo o lugar e em
todas as circunstncias, o homem perfeito. Nada n'Ele faltava a
essa encantadora e bela proporo que Lhe era prpria, em
todos os Seus atos. "Todas estas cortinas sero de uma
medida"(versculo 2).
Um par de cinco cortinas pode muito bem simbolizar os dois
aspectos principais do carter de Cristo atuando a favor de Deus
e do homem. Vemos os mesmos dois aspectos na lei, a saber, o
que era devido a Deus e o que era devido ao homem; de forma
que, quanto a Cristo, se olharmos de passagem, vemos que Ele
podia dizer, "a tua lei est dentro do meu corao" (SI 40); e se
pensarmos na Sua conduta, vemos esses dois elementos
ordenados com perfeita preciso, e no s ordenados, mas
inseparavelmente unidos pela graa celestial e a energia divina
que habitaram na Sua gloriosa Pessoa.
"E fars laadas de pano azul na ponta de uma cortina, na
extremidade, na juntura; assim tambm fars na ponta da
extremidade da outra cortina, na segunda juntura... Fars
tambm cinquenta colchetes de ouro, e ajuntars com estes
colchetes as cortinas, uma com a outra e ser um tabernculo"
de modo que nunca mais pode voltar, que posso gozar paz
divina e eterna e no antes.
O Ouro e o Cobre
Quero fazer aqui uma observao sobre o significado do "ouro" e
do "cobre" nos utenslios do tabernculo. O "ouro" smbolo da
justia divina, ou da natureza divina no "Homem Jesus Cristo".
"Cobre" o smbolo da justia, pedindo o julgamento do pecado,
como no altar de cobre; ou o julgamento da impureza, como na
pia de cobre. Isto explica a razo por que dentro da tenda do
tabernculo tudo era ouro a arca, o propiciatrio, a mesa, o
castial e o altar do incenso. Todas estas coisas eram os
smbolos da natureza divina e da excelncia pessoal inerente do
Senhor Jesus Cristo. Por outro lado, fora da tenda do tabernculo
tudo era cobreo altar de cobre e os seus utenslios, a pia e a
sua base.
preciso que as exigncias da justia, quanto ao pecado e
impureza, sejam divinamente satisfeitas antes que possa haver
alguma alegria pelos preciosos mistrios da Pessoa de Cristo,
tais como nos so revelados no interior do santurio de Deus.
quando posso ver todo o pecado e impureza perfeitamente
julgados e lavados que posso, como sacerdote, aproximar-me e
adorar no santurio, e gozar a plena manifestao da formosura
e perfeio do Deus Homem, Cristo Jesus.
O leitor poder, com muito proveito, prosseguir com a aplicao
deste pensamento em pormenor, no apenas no estudo do
tabernculo e o templo, mas tambm em vrias passagens da
Palavra de Deus; por exemplo, no captulo 1 de Apocalipse Cristo
aparece "cingido pelos peitos com um cinto de ouro" e tendo os
Seus "ps semelhantes a lato reluzente, como se tivessem sido
refinados numa fornalha". O "cinto de ouro" o smbolo da Sua
justia intrnseca. Os ps semelhantes a lato reluzente" so a
expresso do juzo inflexvel sobre o mal- o Senhor no pode
tolerar o mal, antes pelo contrrio, tem de esmag-lo debaixo
dos Seus ps.
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() O ouvido, as mos e os ps so consagrados a Deus no poder
da expiao efetuada e mediante a energia do Esprito Santo.
A Preeminncia de Cristo
Porm, aprendemos alguma coisa mais com a ordem da uno
neste captulo, alm da verdade importante acerca da obra do
Esprito, e a posio que a Igreja ocupa. A preeminncia do Filho
-nos tambm apresentada. "Amaste a justia e aborreceste a
iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com leo de
alegria, mais do que a teus companheiros" (SI 45:7; Hb 1:9).
preciso que o povo de Deus mantenha sempre esta verdade nas
suas convices e experincias. Por certo, a graa infinita de
Deus manifestada no fato maravilhoso que pecadores
culpados e dignos do inferno sejam chamados companheiros do
Filho de Deus; mas nunca devemos esquecer, nem por um
momento, o vocbulo "mais". Por mais ntima que seja a unio
e to ntima quanto os desgnios eternos do amor divino a
podiam fazer, , contudo, necessrio que Cristo tenha em tudo
a preeminncia" (Cl 1:18). No podia ser de outra maneira. Ele
Cabea sobre todas as coisas Cabea da Igreja, Cabea sobre
a criao, Cabea sobre os anjos, o Senhor do universo. No
existe um s astro de todos os que se movem no espao que
no Lhe pertena e no se mova sob a Sua orientao. No
existe um verme sequer que se arrasta sobre a terra, que no
esteja sob os Seus olhos incansveis. Ele est acima de todas as
coisas; toda a criatura "o primognito de entre os mortos" "o
princpio da criao de Deus" (Cl 1:15-18; Ap 1:5). "Toda a
famlia nos cus e na terra" (Ef 3:15) deve alinhar, na classe
divina, sob Cristo. Tudo isto ser reconhecido com gratido por
todo o crente espiritual; sim, a sua prpria articulao produz
um estremecimento no corao do crente. Todos os que so
guiados pelo Esprito regozijar-se-o com cada nova
manifestao das glrias pessoais do Filho; da mesma maneira
que no podero tolerar qualquer coisa que se levante contra
elas. Que a Igreja se eleve s mais altas regies e glria, ser
que seja a nossa experincia, por muito elevado que seja o dom
da nossa piedade, teremos sempre de nos retirar para a doutrina
simples, divina, inaltervel e fortalecedora doutrina do O
SANGUE. Assim tem sido sempre na histria do povo de Deus o
assim e assim ser em todos os tempos. Os mais dotados e
instrudos servos de Cristo tm regressado sempre com regozijo
a "esta nica fonte de delcias", na qual os seus espritos
sequiosos beberam quando conheceram o Senhor; e o cntico
eterno da Igreja, na glria, ser: "Aquele que nos ama e em seu
sangue nos lavou dos nossos pecados" (Apl:5). As cortes do cu
ressoaro para sempre com a doutrina gloriosa do sangue.
A Pia de Cobre
Nos versculos 17 a 21 temos a "pia de cobre com a sua base"
o vaso da purificao e a sua base. Estas duas coisas so
sempre mencionadas conjuntamente (veja-se captulos 30:28;
38:8; 40:11). Era nesta pia que os sacerdotes lavavam as mos
e os ps, e desta forma mantinham aquela pureza que era
essencial ao cumprimento das suas funes sacerdotais. No
significava, de modo nenhum, uma nova questo do sangue;
mas simplesmente um ato mediante o qual se mantinham em
aptido para o servio sacerdotal e o culto.
"E Aro e seus filhos nela lavaro as suas mos e os seus ps.
Quando entrarem na tenda da congregao, lavar-se-o com
gua, para que no morram, ou quando se chegarem ao altar
para ministrar, para acender a oferta queimada ao Senhor"
(versculo 20). No pode haver verdadeira comunho com Deus
se a santidade pessoal no for diligentemente mantida. "Se
dissermos que temos comunho com ele e andarmos em trevas,
mentimos e no praticamos a verdade" (1 Jo 1:6). Esta santidade
pessoal s pode proceder da ao da Palavra de Deus nas
nossas obras e nos nossos caminhos:"... pela palavra dos teus
lbios me guardei das veredas do destruidor" (Sl 17:4). O nosso
enfraquecimento constante no ministrio sacerdotal pode ser
causa de negligenciarmos o uso conveniente da pia de cobre. Se
os nossos caminhos no so submetidos noo purificadora da
A CONSTRUO DO TABERNCULO
xodo 35 a 40
O Desprendimento Voluntrio
Estes captulos contm uma recapitulao de diversas partes do
tabernculo e seu mobilirio; e visto que j expliquei o que creio
ser o significado das partes mais proeminentes, desnecessrio
acrescentar mais.
Existem, contudo, duas coisas nesta parte do livro das quais
podemos tirar instrues muitos teis, a saber, em primeiro
lugar os sacrifcios voluntrios do povo; e, em segundo, a
obedincia implcita do povo a respeito da obra do tabernculo
do testemunho.
"Ento, toda a congregao dos filhos de Israel saiu de diante de
Moiss, e veio todo homem, a quem o seu corao moveu, e
todo aquele cujo esprito voluntariamente o impeliu, e trouxeram
a oferta alada ao Senhor, para a obra da tenda da
congregao, e para todo o seu servio, e para as vestes santas.
E, assim, vieram homens e mulheres, todos dispostos de
corao; trouxeram fivelas, e pendentes, e anis, e braceletes, e
todo vaso de ouro; e todo homem oferecia oferta de ouro ao
Senhor, e todo homem que se achou com pano azul, e prpura,
e carmesim, e linho fino, e pelos de cabras, e peles de carneiro
tintas de vermelho, e peles de texugos, os trazia; todo aquele
que oferecia oferta alada de prata ou de metal, a trazia; por
oferta alada ao Senhor; e todo aquele que se achava com
madeira de cetim, a trazia para toda a obra do servio. E todas a
mulheres sbias de corao fiavam com as mos, e traziam o
fiado, o pano azul, a prpura, o carmesim e o linho fino. E todas
as mulheres, cujo corao se moveu em sabedoria, fiavam os
pelos das cabras. E os prncipes traziam pedras sardnicas, e
pedras de engaste para o fode e para o peitoral, e especiarias,
e azeite para a luminria, e para o leo da uno, e para o
pode ser uma boa obra. Demais, recordemos que a glria divina
no pode ligar-se com aquilo que no for conforme ao modelo
divino.
CONCLUSO
Prezado leitor, acabamos de percorrer juntos as pginas deste
livro precioso. Tenho a confiana que temos recolhido algum
fruto do nosso estudo. Confio que temos recolhido alguns
pensamentos edificantes acerca de Jesus e do Seu sacrifcio,
medida que avanamos. verdade que os nossos pensamentos
mais elevados no podem ser mais que mesquinhos, e que o
que percebemos de mais profundo muito superficial
comparado com a inteno de Deus em todo este livro.
agradvel recordarmos que, pela graa, estamos no caminho
que conduz quela glria em que conheceremos como somos
conhecidos; e onde os nossos coraes se deleitaro com o
resplendor do semblante d'Aquele que o princpio e o fim de
todos os caminhos de Deus, quer seja na criao, na providncia
ou na redeno. Encomendo-o, pois, ao Senhor em corpo, alma
e esprito, orando para que possa compreendera profunda bemaventurana de ter a sua parte em Cristo, e para que seja
guardado na esperana da Sua vinda gloriosa. Amm.
FIM