O documento discute a aplicação da psicoterapia familiar sistêmica para problemas escolares. Ele apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa que avaliou o tratamento de crianças com problemas de conduta e aprendizagem aplicando terapia familiar. A pesquisa ocorreu de 2000 até a data atual na Universidade Católica de Pelotas.
O documento discute a aplicação da psicoterapia familiar sistêmica para problemas escolares. Ele apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa que avaliou o tratamento de crianças com problemas de conduta e aprendizagem aplicando terapia familiar. A pesquisa ocorreu de 2000 até a data atual na Universidade Católica de Pelotas.
O documento discute a aplicação da psicoterapia familiar sistêmica para problemas escolares. Ele apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa que avaliou o tratamento de crianças com problemas de conduta e aprendizagem aplicando terapia familiar. A pesquisa ocorreu de 2000 até a data atual na Universidade Católica de Pelotas.
O documento discute a aplicação da psicoterapia familiar sistêmica para problemas escolares. Ele apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa que avaliou o tratamento de crianças com problemas de conduta e aprendizagem aplicando terapia familiar. A pesquisa ocorreu de 2000 até a data atual na Universidade Católica de Pelotas.
Resumo: Este artigo trata de apresentar elementos de uma pesquisa
intitulada Aplicao da psicoterapia familiar sistmica a problemas escolares: uma avaliao qualitativa, que se desenvolveu de maro do ano dois mil at a presente data, junto ao ncleo de pesquisa em sade e comportamento da Escola de Psicologia da Universidade Catlica de Pelotas. O estudo teve o objetivo geral de avaliar, mediante tcnicas qualitativas,. o tratamento de crianas com problemas de conduta e aprendizagem escolar, aplicando-se a psicoterapia familiar sistmica.
A Terapia Familiar apareceu por volta dos anos 50, aps
o trmino da Segunda Guerra Mundial. Alguns psiclogos, mdicos e psiquiatras, insatisfeitos com os tratamentos que 1 Psicloga, mestre em educao, mestranda em psicoterapia familiar sistmica pela Universidade Catlica do Uruguai. 2 Alunos do curso de graduao em psicologia da Universidade Catlica de Pelotas, envolvidos na pesquisa.
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realizavam em indivduos isolados do contexto onde viviam,
comearam a pensar novas formas de tratar as dificuldades de seus pacientes. Eles perceberam que no adiantava tratar o paciente isolado do ambiente em que vivia; ento, pensaram, porque no tratar todo o ambiente do paciente? Esse pensamento abriu as portas para a entrada da famlia no consultrio psicolgico. Com essa abertura para a famlia, esses profissionais observaram que as dificuldades que algum tinha eram "alimentadas" pelas pessoas com as quais se relacionavam (em especial, sua famlia). No era somente a pessoa que portava um problema: um problema existia, mas no s dentro do sujeito, tambm fora dele, nas suas relaes, dentro de um sistema. De acordo com Minuchin (1982) a famlia necessita de uma estrutura vivel para desempenhar suas tarefas essenciais: apoiar o processo de individuao e proporcionar o sentimento de pertencer. Revela ainda que o indivduo, a famlia nuclear, a famlia extensa e a comunidade, na qual est includa a instituio escola, so parte e ao mesmo tempo todo, por se conterem reciprocamente em um processo continuado e atual de comunicao e inter- relao. Segundo Nichols e Schwartz (1998), para todas as terapias estratgicas e sistmicas, o objetivo primrio a resoluo do problema atual, ajudando as pessoas a sarem da paralisao, da homeostasia. Satir (1980) explana sobre numerosos estudos que demonstram a realidade de uma famlia, uma "unidade em equilbrio". Afirma que de acordo com o termo 'homeostase familiar', a famlia age de modo a estabelecer um equilbrio em suas relaes. Porm, sabe-se que, nem sempre a "segurana da homeostase" o melhor para a famlia. preciso ir se transformando junto com o tempo e permitindo que coisas novas invadam suas vidas, assim como os filhos, para uma convivncia menos tumultuada. Segundo Foley (1990), a essncia est em melhorar as maneiras pelas quais um sistema familiar se comunica. importante salientar que essa comunicao no se refere somente
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a comunicao verbal, mas tambm, a expresso corporal, os
gestos e inclusive a omisso dos mesmos em determinado momento...Para Neil e Kniskern (1990), a terapia de famlia auxilia no crescimento dos membros individuais da famlia, porque eles em algum momento descobrem a impossibilidade de ficarem ss. Minuchin (1990) partilha suas observaes dizendo que, quando chega o perodo escolar h uma mudana muito grande na famlia e a mesma deve "correr" para acompanhar um turbilho de emoes, de novos padres e regras. Quando as crianas vo escola, elas esto buscando o desenvolvimento intelectual, mas tambm o desenvolvimento emocional, social e eles precisam do apoio incondicional de seus pais. A famlia contribui muitssimo no desenvolvimento escolar de sua prole, podendo facilitar ou no o mesmo, para que haja uma contribuio positiva, necessrio que a famlia seja participativa, em um processo de interao e dinamismo, apercebendo-se de que um filho uma pequena parte, mas parte de um todo. Este artigo trata de apresentar elementos de uma pesquisa intitulada Aplicao da psicoterapia familiar sistmica a problemas escolares: uma avaliao qualitativa, que se desenvolveu de maro do ano dois mil at a presente data, junto ao ncleo de pesquisa em sade e comportamento da Escola de Psicologia da Universidade Catlica de Pelotas. O estudo teve o objetivo geral de avaliar, mediante tcnicas qualitativas,. o tratamento de crianas com problemas de conduta e aprendizagem escolar, aplicando-se a psicoterapia familiar sistmica.
2. Sobre o tema da investigao
Cada vez mais nos deparamos com questes que dizem
respeito s dificuldades que as escolas e as famlias tem para educar as crianas, e sobretudo, a importncia que tem o contexto
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social (meios de comunicao) e suas influncias na privacidade
do lar e dentro da escola. A famlia com sua evoluo histrica de extensa para nuclear e monoparental, v-se ilhada e sozinha, impotente. Foi debilitado o poder do pai, da me, do valor de uma hierarquia, de segurana, de modelos de professores, pais, padrinhos, tios e avs. A escola uma instituio representativa de todos os estratos sociais; em nossa experincia de anos de ensino em todos os nveis educativos, nos arriscaramos a dizer que est na escola e sobretudo na famlia o trabalho conjunto responsvel pelo desenvolvimento da nossa juventude. As cincias humanas tm desenvolvido inumerveis conhecimentos sobre a individualidade humana, seu desenvolvimento fsico, biolgico, psicolgico, espiritual; suas enfermidades, diagnsticos e tratamentos; porm muito pouco tem desenvolvido sobre as inter-relaes contextuais, circunstanciais da referida realidade. Esta a forma como os tericos sistmicos, particularmente os terapeutas familiares analisam a problemtica humana, como um indivduo que resultado de seu entorno e que por sua vez o determina. Cada vez mais nos damos conta, como psicoterapeutas, de questes referentes a nossa prtica profissional, que utilizamos na busca de solues dos problemas de nossos clientes, em nossa investigao, de filhos, e alunos. A orientao bsica do estudo de que trata este artigo, contempla um trabalho em psicoterapia familiar sistmica com uma epistemologia e metodologia que se traduzem em uma perspectiva de circularidade entre os membros a tratar (a famlia e a escola) e a equipe de terapeutas. Neste enfoque teraputico o mais interessante, o fato de situar o problema em todo o contexto familiar e escolar, e poder identificar a riqueza de solues alternativas que se criam na famlia e na escola, alm das mudanas que apresentam, inclusive na estrutura e hierarquia inter-relacionadas.
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3. Sobre as referncias metodolgicas e terico-conceituais
escolhidas
Raquel Vidal (1991) comenta que o primeiro
desenvolvimento de transformao conceitual de terapia familiar, se deve a Ludwing Von Bertalenffy (1979) marcado pelas gestalten fsicas de Kler (op. cit.: 14); a homeostasia de Walter Cannon e o conceito de optimum de Claude Bernard. Mas tambm comenta sobre um segundo desenvolvimento, o da teoria matemtica da comunicao, somado ao desenvolvimento da ciberntica na dcada de quarenta com Wiener e seu conceito de retroalimentao e conduta intencional. Os fenmenos cibernticos, como fenmenos de entradas e sadas de informao que produzem determinados efeitos (op. cit.: 16). Na mesma dcada, o trabalho de Claude Levy-Strauss As estruturas elementares de parentesco onde analisa as relaes que permitem o especificamente humano e simblico, pensando em termos de estrutura... (op. cit.: 17) serviu de base conceitual para a terapia familiar. O desenvolvimento da lingstica de Ferdinand de Saussure, que introduz os conceitos de estruturalismo na linguagem, a ruptura da lgica tradicional feita por Bertrand Russel, explicando a teoria dos tipos lgicos, prope uma ruptura com a lgica tradicional, a partir de uma srie de proposies que estabelecem relaes entre objetos... (op. cit.: 17) No dizer de Raquel Vidal, a palavra, o sujeito, o nmero, cada um dos objetos dos quais a teoria da conta vai ser pensado em termos de relao... so diferentes desenvolvimentos de diferentes reas do conhecimento, mas que tem em comum o de observar, de focalizar, as relaes entre partes e totalidades (op. cit.: 18) dos quais a psicoterapia familiar sistmica retira seus conceitos. Pensamos a famlia como um sistema aberto, um complexo de elementos inter-atuantes de tal modo, que o comportamento em certa situao, diferente ao deste elemento em outra situao. (op. cit.: 18); ou seja, quando um elemento
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da totalidade se modifica, o resto dos elementos dessa mesma
totalidade tambm se modificam. H que distinguir os sistemas fechados que no se relacionam com o ambiente e os sistemas abertos ou sistemas vivos que se relacionam com o mundo externo. As caractersticas dos sistemas abertos so de equifinalidade (capacidade de que distintas formas de viver um problema pelo grupo gere um nico tipo de conduta sintomtica, por parte do grupo). A tendncia ordem ou homeostasia, os sistemas fechados tendem entropia positiva, quer dizer acumulao de probabilidades, mxima probabilidade, acumulao energtica (op. cit.: 19). As propriedades dos sistemas abertos se aplicam aos sistemas familiares, que so uma totalidade; elementos em interao circular, tendncia homeostasia (permanecer no mesmo); segundo Usandivaras (1996) possuem aptido para a transformao, para adaptar-se a novas condies. Para Usandivaras (1996) e Minuchin (1982) os sistemas familiares tm suas regras, seus limites, papis que derivam distintas demandas flexveis ou no. No sistema familiar, segundo Usandivaras (1996) h quatro subsistemas que so parte natural da famlia: o sistema conjugal funciona como matriz de identidade sexual, do como ser homemmulher. O sistema parental funciona como legislador, com os pais, as crianas aprendem a ler e classificar valorativamente o mundo. No sistema fraterno se aprende a conviver, repartir, negociar, manejar a colaborao, a solidariedade, a competncia, a rivalidade com as intervenes pai, me e filhos. No sistema filial, a triangulao nas interaes familiares, por parte dos filhos e seus pais, a aproximao dos filhos com seus pais e seus jogos inter-relacionados. As famlias funcionam em homeostasia, as transformaes so muito difceis e complexas; preferem provar mais do mesmo, se assustam com ter que modificar condutas, formas de comunicao, de outro modo quando provam as mudanas, os resultados so de desenvolvimento e crescimento.
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So muito difceis as famlias que preferem viver em simetria.
Outras famlias se despertam para as transformaes e inclusive passam elas mesmas a serem promotoras de outras mudanas. (Usandivaras, 1996) Em termos da metodologia utilizada na investigao dos resultados do tratamento de crianas com problemas escolares, a escolha recaiu na perspectiva qualitativa, porque propicia que se descreva em profundidade as reaes e avaliaes dos participantes no processo de terapia familiar sistmica experimentado. Os resultados so analisados pelo processo de triangulao entre todos os envolvidos nas respostas entrevista de avaliao de tratamento, ou seja: famlia, escola e terapeutas, alm das qualificaes e informaes dos professores a respeito dos alunos (filhos com problemas). Na entrevista de avaliao participaram pais, irmos, avs, tios, se os h. Foi feita uma entrevista de avaliao para as professoras, quando no puderam comparecer juntamente com a famlia. Para Pourtois e Desmet (1998:114-6), a triangulao um procedimento de validao dos dados. Pode ser de vrios tipos: triangulao de fontes, como se pretende nesta investigao, ter vrios informantes para compreender melhor o que acontece com os sujeitos e compreender os sentidos que atribuem a seus atos e interaes. Esta metodologia oferece oportunidade de examinar o processo vivido desde o ponto de vista dos sujeitos em oposio s anlises mais quantitativas, baseadas na operacionalizao e correlao entre variveis. (Bogdan e Bliken, 1994) Foram escolhidas dezesseis famlias do total de atendimentos porque se enquadraram aos procedimentos metodolgicos do enfoque terico tcnico da psicoterapia familiar sistmica. Elaboramos as questes da entrevista de avaliao que foram categorizadas para anlise das freqncias de respostas. Este aspecto quantitativo foi utilizado somente como um acessrio ao corpo metodolgico do trabalho.
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Para finalizar, fizemos um estudo especfico das
entrevistas de avaliao, com base nos contedos das entrevistas de tratamento, em geral de cada caso. (famlia-criana-escola).
5. Apontamentos sobre os resultados do estudo
Em termos dos resultados da pesquisa cabe destacar,
num primeiro momento, o perfil das famlias atendidas. Estas famlias so extremamente carentes, a maioria so proprietrias, mas de casas muito pobres e com poucas condies humanas de viver com dignidade, se alimentam mal, vivem da mendicncia ou ocupaes temporrias. Foram auxiliadas com passagens de nibus pelas secretarias municipais envolvidas no projeto. Poucas famlias tm telefone e um emprego estvel. Quando chovia e fazia muito frio no vinham aos atendimentos porque no tinham o que vestir ou calar. As crianas atendidas tm entre cinco e dezesseis anos, sendo a maioria entre nove e doze. Alguns j haviam experimentado drogas, catavam lixo para vender, pediam esmolas pelas ruas, porm iam todos escola. Estes hbitos modificaram-se durante o tratamento, as escolas lhes deram tarefas em turnos que no tinham aulas, ou passaram a ajudar nas tarefas de casa, sobretudo os maiores, para que seus pais pudessem arranjar um trabalho melhor. A estas atividades as assistentes sociais da equipe de trabalho foram incansveis e, sobretudo orientando a todos em questes de assistncia social, de participao em programas do governo e programas de sade. Os sujeitos pertencem a uma populao muito pobre, que sobrevive pela participao em planos de assistncia dos rgos pblicos sob a condio de manterem seus filhos na escola. A Universidade lhes ofereceu por meio deste projeto de investigao, um atendimento gratuito que assim mesmo lhes sai dispendioso, razo por que seus deslocamentos foram custeados. Foi-lhes oferecida tambm, a segurana de que seus filhos seriam liberados das aulas sem receberem faltas. Da mesma forma foram
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garantidas cartas de atestado para os adultos que precisaram
faltar ao trabalho. Os tratamentos dos dados obtidos com a pesquisa apontam que, de forma geral, com raras excees, aplicar a psicoterapia familiar sistmica a problemas escolares uma forma de trabalho que resulta bastante proveitosa para todos os envolvidos, ou seja, os membros da famlia do paciente identificado como portador do problema, ele prprio, portanto, e a comunidade escolar, na figura de seus representantes, professoras e/ou orientadoras de escola. Das 16 (desesseis) famlias atendidas e avaliadas; quanto ao aproveitamento do tratamento, 12 (doze) julgaram proveitoso; 4 (quatro) acreditam ter sido proveitoso, porm com excees, e nenhuma famlia julgou o tratamento no proveitoso. Quanto ao fato do tratamento ser realizado com toda a famlia, 15 (quinze) famlias acharam bom e apenas 1 (uma) ruim. Cada vez mais a famlia est sendo chamada ao mercado de trabalho e as crianas ficam entregues a instituies quando so pequeninos; mas quando chegam em idade escolar, a grande maioria ficam sozinhos em casa, com irmos, com vizinhos ou com alguns parentes. Nesta questo de pesquisa, tanto as famlias como as escolas revelaram ser de grande importncia comparecer toda a famlia ao atendimento, porque assim todos se comprometem com a realidade familiar, bem como com a escola e com a prpria criana. Principalmente as mes, revelam alvio ao poder dividir com quem tenha condies, as suas responsabilidades, e estes por sua vez ficam satisfeitos e se sentem prestigiados por poder colaborar; por exemplo o pai que passa a ver 30 minutos a menos de televiso, e os dedica a fiscalizar as tarefas do dia de seu filho; a av que, embora no se entenda bem com a nora, tem muito bom relacionamento com o neto e passa a se responsabilizar mais, em vez de se afastar- se pelas pequenas fofocas entre ela e nora. Quanto opinio sobre chamar a escola para o tratamento*, 13 (treze) julgaram bom e 2 (duas) julgaram bom, porm com restries. Nossa percepo sobre os dados tambm
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se detm no fato de que as escolas se queixam muito de que as
famlias so resistentes a colaborar com a escola. Por outro lado, conclumos em nossa observao, que os estmulos para tal participao so poucos e, por vezes, a presena dos pais indesejada. Tambm de se considerar que algumas famlias, que no foram caso desta pesquisa, delegam toda a responsabilidade de desempenho de seus filhos. A maioria da nossa populao refere como proveitosa a participao da escola no processo de atendimento ao aluno - o conhecimento da realidade fica mais evidente. Algumas restries referem-se, por parte dos pais, escola no oferecer condies de assessoria mais individualizada; por parte dos professores, se referiram ao fato de que na maioria das vezes trabalham em outras instituies e no tem tempo e condies para acompanhar cada aluno e suas dificuldades; nesta particularidade o pai de uma das famlias se ofereceu para treinar e apitar futebol tarde na escola para as crianas que quisessem, e soubemos que foi muito bem recebido pela escola. Quanto s avaliaes escolares (notas), 11 (onze) alunos melhoraram significativamente seus resultados. Um aluno adolescente apresentou notas um pouco mais baixas, entretanto, comeou a trabalhar com seu pai, no anda mais em "gangues" e segue estudando. Uma aluna tambm baixou um pouco suas notas, mas a escola e a famlia esto satisfeitos pois a menina est mais participativa, respeita melhor seus colegas e professora, ou seja, tem mais limites. H o caso de um aluno que manteve as mesmas notas, no demonstrando interesse em mudar. As excees dizem respeito quelas famlias e s vezes escolas com as quais no pudemos contar ao longo do tratamento, pois nessa forma de trabalho a que nos propomos faz-se imprescindvel a presena de ambas, para que juntas possam encontrar mais saudveis onde o dilogo e a cooperao mtua passem a existir, beneficiando assim a criana que est sendo a representante do problema. Se a famlia no quer se ajudar e a escola, por sua vez, resiste ao contato com a mesma, deixando de assumir sua responsabilidade no processo, o
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tratamento no tem razo de ser, pois se perde o sentido de nossa
proposta, ou seja, a unio de foras desses dois sistemas que consideramos de suma importncia na vida de um ser cidado em formao moral e intelectual. Em sntese, nossa pesquisa vem corroborar a importncia da aplicao da psicoterapia familiar sistmica na medida em que prope um trabalho contextualizado de crianas com problemas escolares.
6. Referncias Bibliogrficas
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educao: uma introduo teoria e aos mtodos. Porto: Porto Editora. FOLEY, Vincent, 1990. Introduo Terapia Familiar. Porto Alegre: Artes mdicas. MINUCHIN, Salvador, 1982. Famlias: funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Mdicas. MINUCHIN, Salvador e FISHMAN, Charles, 1990. Tcnicas de Terapia Familiar. Porto Alegre: Artes Mdicas. NEIL e KNISKERN, 1990. Da Psique ao Sistema, a evoluo da terapia de Carl Whitaker. Porto Alegre: Artes Mdicas. NICHOLS, Michael e SCHWARTZ, Richard C., 1998. Terapia Familiar, conceitos e mtodos. Porto Alegre: Artes Mdicas. POURTOIS J. P. et DESMET, H., 1992. Relations cole familles en mutation. Communication au 1er Congrs dEducation enfantine. Mlaga: C.E.R.I.S. 52p. SATIR, Virginia, 1980. Terapia do Grupo Familiar. 2a edio. Rio de Janeiro: Francisco Alves.
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em psicoterapia familiar sistmica. Universidade Catlica do Uruguai. VIDAL, Raquel, 1991. Conflicto Psquico y Estructura Familiar. Montevideo: Editorial Ciencias. 135 p.