Dispositivo de Controle de Emissão Atmosférica Aplicada

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Revista SODEBRAS Volume 11

N 121 JANEIRO/ 2016

DISPOSITIVO DE CONTROLE DE EMISSO ATMOSFRICA APLICADA


NA CONSTRUO DE TIJOLO E CERMICA

CILENE FARIAS BATISTA MAGALHES; CLAUDERINO DA SILVA BATISTA; JORGE LAUREANO


MOYA RODRGUEZ; CARLOS ANTONIO ARAUJO DA ROCHA3
1 PROGRAMA DE POS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PROCESSOS (PPGEP) DO INSTITUTO
DE TECNOLOGA DA UNIVERSIDAD FEDERAL DO PAR (ITEC-UFPA); 2 INSTITUTO DE
TECNOLOGIA E EDUCAO GALILEO DA AMAZNIA; 3 DATUMY CONSULTORIA E PROJETOS
lene_cia@hotmail.com

Resumo - Este artigo apresenta a proposta de um dispositivo para de forma simples da carga ambiental do produto, permitindo
o controle de emisso atmosfrica aplicada na construo de o progresso para as melhores solues aos problemas
tijolo e cermica. feita uma analise dos diferentes poluentes do ambientais colocados.
ar e a sua afetao para a sade humana e dos animais, bem Ao relacionar os materiais da construo e o
como o clima, bem como os Conceitos bsicos para os
desenvolvimento sustentvel necessrio ter duas premissas
equipamentos de controle da poluio do ar. Por fim se oferece o
projeto de um Filtro antifuligem para chamin industrial para claras. A primeira que o impacto ambiental causado por
uma fabrica de Tijolos da indstria oleiro-cermica dos uma construo tambm causado alm do uso do prprio
municpios de Iranduba e Manacapuru, em seus trs principais edifcio, pela soma dos perfis ambientais dos materiais que
polos de fabricao de tijolos: Cacau-Pirra, Aria e Iranduba. formam parte do edifcio. Portanto, no deve ser
considerado correto considerar um edifcio como
Palavras-chave: Controle de Emisso. Tijolos. Filtros. "sustentvel" se o perfil ou o impacto ambiental dos
materiais dos componentes no for conhecido.
I. INTRODUO
Aumentar a conscientizao sobre o meio ambiente e II. PROCEDIMENTOS
os efeitos que nele produz a atividade humana, de enorme O presente trabalho tem como objetivo lcus norteador
importncia para o progresso da sociedade. trazer tona, o validar as medidas de um prottipo de
A proteo e conservao do meio ambiente tornaram- controle de emisso de poluentes originados da queima de
se cada vez mais importante nas ltimas dcadas, at se biomassa, produtos florestais e outros combustveis fsseis
tornar um objetivo fundamental da poltica das presentes na fabricao de artefatos cermicos das indstrias
comunidades, aumentando o interesse no desenvolvimento que compreendem o polo oleiro-cermico da regio onde
de mtodos para melhor entender e reduzir os impactos est concentrada nos municpios de Iranduba e Manacapuru.
ambientais causados por diferentes produtos. A gerao de poluente produo est voltada fabricao de
O setor da construo no foi, nem poderia ser, tijolos de oito furos, telhas, e subordinadamente blocos
independentemente do interesse crescente na reduo dos cermicos especiais e revestimento rstico para pisos. O
impactos ambientais, pois, hoje, a construo (tomada em principal mercado consumidor a cidade de Manaus, cujo
seu sentido mais amplo) responsvel por aproximadamente crescimento demogrfico e econmico o mais acelerado da
40% dos impactos negativos causados ao meio ambiente. Amaznia Legal, o que projeta um futuro promissor para o
No h dvida de que a construo uma das setor se houver melhoria na qualidade e variedade de seus
atividades com maior capacidade de poluio. De acordo produtos. O principal cliente, a autoconstruo, absorve
com o Worldwatch Institute em Washington, quase a metade cerca de 70% da produo. O setor vem despertando para a
das emisses de dixido de carbono na atmosfera esto necessidade de aprimoramento tecnolgico, porm ainda
diretamente relacionados com a construo e utilizao dos investe pouco em inovao tecnolgica, para conter os
edifcios. A este respeito, estima-se que cada metro ndices de poluio atmosfrica prevista pela RESOLUO
quadrado da habitao responsvel por uma emisso CONAMA N 382, de 26 de dezembro de 2006
mdia de 1,9 toneladas de dixido de carbono durante sua (SCARDUA, 2003), pois trabalham de modo emprico
vida util. baseado na prtica e na experincia. A produo anual dos
Edifcios usam cerca de 60% dos materiais retirados do polos oleiro-cermicos est na ordem de 128 milhes de
planeta. Diversos materiais de construo utilizados para a peas, das quais cerca de 112 milhes so blocos. Foi
transformao requerem alto consumo de energia e de estimado em 268,8 mil m/ano o consumo de biomassa
recursos naturais, citando como exemplo a cermica, ao, lenha e seus derivados. Este insumo representa cerca de
alumnio, etc. 60% do custo de produo, e representa um coeficiente
Para reduzir os impactos ambientais de um produto, gigantesco de poluentes liberados na atmosfera sem que
considerando-se como um produto de material de ocorra uma forma de minimizar este impacto ambiental.
construo, uma unidade estrutural ou um edifcio inteiro, Existe um fator preponderante na coexistncia das
necessrio dispor de informaes suficientes e apresentadas atividades do polo oleiro de Iranduba-Manacapuru, ou seja,
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o IPAAM (Instituto de Proteo Ambiental do Amazonas) para a atmosfera so: veculos automotores, processos
atualmente vem homologando em suas Licenas Ambientais industriais, queima de biomassa e ressuspenso de poeira do
como requisito primordial o projeto de Controle de solo, entre outros. O material particulado pode tambm se
Emisses atmosfricas, e as empresas diante desta realidade formar na atmosfera a partir de gases como SO2 dixido
protelam a soluo deste problema, pois at ento, os de enxofre, NOx xidos de nitrognio e COVs
dispositivos de controle atmosfrico custam valores compostos orgnicos volteis, que so emitidos
elevados para os empresrios locais, e no contemplam a principalmente em atividades de combusto, transformando-
realidade amaznica. Atravs deste desafio, criou-se a partir se em partculas como resultado de reaes qumicas no ar.
de estudos, um prottipo modelo com um baixo custo e que O tamanho das partculas est diretamente associado ao
atende aos parmetros de controle previsto pela legislao seu potencial para causar problemas sade, sendo que,
ambiental vigente. A tecnologia desenvolvida no requer quanto menores, maiores os efeitos provocados. Outra
mudana estrutural nas chamins, pois um dispositivo observao que o particulado tambm pode reduzir a
acoplvel e de fcil manuteno. A estrutura que compe o visibilidade na atmosfera. (SCHNEIDER, 1999; SHARAN
sistema de anlise do controle de emisso de poluentes et al., 1996)
atmosfricos, ter sua leitura controle em tempo real dirio a
fim de minimizar riscos desnecessrios que provoquem 2.3 CO Monxido de Carbono
impactos ambientais. O trabalho tem por objetivo evitar que um gs incolor e inodoro que resulta da queima
a emisso de partculas da queima dos fornos possa trazer incompleta de combustveis de origem orgnica,
impactos ambientais populao e ao meio ambiente. combustveis fsseis, biomassa, etc. Em geral, encontrado
Quanto metodologia foram coletados dados na indstria em maiores concentraes nos grandes centros urbanos,
oleiro-cermica da regio de Iranduba e Manacapuru, e em emitido, principalmente, por veculos automotores. Altas
trs principais polos: Cacau-Pirra, Aria e Iranduba. De concentraes de CO so encontradas em reas de intensa
modo geral h dois mtodos bsicos pelos quais se pode circulao de veculos.
controlar a emisso de poluentes atmosfricos (e odores)
nos processos industriais: a) Mtodos indiretos, tais como 2.4 HC Hidrocarbonetos
modificao do processo e/ou equipamento; b) Mtodos
So gases e vapores resultantes da queima incompleta
diretos ou tcnicas de tratamento. importante determinar as
e evaporao de combustveis e de outros produtos
reas de maior impacto sobre a qualidade do ar, considerando
orgnicos volteis. Diversos hidrocarbonetos, como o
todos os fatores meteorolgicos atuando simultaneamente, benzeno, so cancergenos e mutagnicos, no havendo uma
junto com os efeitos topogrficos; e definir quais dos concentrao ambiente totalmente segura.
poluentes merecem ser monitorados no ambiente, caso haja
Participam ativamente das reaes de formao da
alterao significativa da qualidade do ar.
nvoa fotoqumica.
2.1 Caractersticas Gerais dos principais poluentes do ar.
2.5 CONAMA 08/1990: Limites mximos de emisso de
Segundo definio na Resoluo CONAMA poluentes do ar para processos de combusto externa em
Conselho Nacional de Meio Ambiente n 03-90, poluente fontes fixas.
atmosfrico toda e qualquer forma de matria ou energia
No Brasil, os padres nacionais foram estabelecidos
com intensidade e em quantidade, concentrao, tempo ou
pelo IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
caractersticas em desacordo com os nveis estabelecidos em
Recursos Naturais Renovveis, e aprovados pelo
legislao, e que tornem ou possam tornar o ar imprprio, CONAMA, por meio da Resoluo CONAMA 03/90.
nocivo ou ofensivo sade, inconveniente ao bem-estar Os poluentes so divididos em duas categorias:
pblico, danoso aos materiais, fauna e flora ou
- Primrios: so aqueles emitidos diretamente pelas
prejudicial segurana, ao uso e gozo da propriedade e s
fontes de emisso. So as concentraes de poluentes que,
atividades normais da comunidade.
ultrapassadas, podero afetar a sade da populao. Podem
O nvel de poluio atmosfrica medido pela ser entendidos como nveis mximos tolerveis de
quantidade de substncias poluentes presentes no ar. A concentrao de poluentes atmosfricos, constituindo-se em
variedade das substncias que podem ser encontradas na
metas de curto e mdio prazo.
atmosfera muito grande, o que torna difcil a tarefa de
- Secundrios: so aqueles formados na atmosfera
estabelecer uma classificao. A medio sistemtica da
atravs da reao qumica entre poluentes primrios e
qualidade do ar restrita a um nmero de poluentes,
componentes naturais da atmosfera. Foram estabelecidos
definidos em funo de sua importncia e dos recursos dois tipos de padres de qualidade do ar: os primrios e os
disponveis para seu acompanhamento. Os grupos de secundrios. So as concentraes de poluentes atmosfricos
poluentes que servem como indicadores de qualidade do ar,
abaixo das quais se prev o mnimo efeito adverso sobre o
adotados universalmente e que foram escolhidos em razo
bem-estar da populao, assim como o mnimo dano fauna
da frequncia de ocorrncia e de seus efeitos adversos, so:
e flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral. O
objetivo do estabelecimento de padres secundrios criar
2.2 MP Material Particulado
uma base para uma poltica de preveno da degradao da
Inclui Material Particulado, PTS Partculas Totais em qualidade do ar. Devem ser aplicados s reas de
Suspenso, MP10 Partculas Inalveis e FMC Fumaa. preservao. No se aplicam, pelo menos em curto prazo, a
reas de desenvolvimento, onde devem ser aplicados os
encontra um conjunto de poluentes constitudos de poeiras, padres primrios. Como prev a prpria resoluo, a
fumaas e todo tipo de material slido e lquido que se aplicao diferenciada de padres primrios e secundrios
mantm suspenso na atmosfera por causa de seu pequeno requer que o territrio nacional seja dividido em classes I, II
tamanho. As principais fontes de emisso de particulado e III conforme o uso pretendido. A mesma resoluo prev,
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ainda, que enquanto no for estabelecida a classificao das
reas, os padres aplicveis sero os primrios. Os considerada como multidisciplinar. Seu corpo de
parmetros regulamentados so os seguintes: partculas conhecimento forma-se com base no conhecimento das
totais em suspenso, fumaa, partculas inalavam dixido de outras cincias. Pode ser dividido em seis aspectos: 1. ar,
enxofre, monxido de carbono, oznio e dixido de 2. gua, 3. solo e subsolo, 4. fauna, 5. flora, 6. .
nitrognio. A mesma resoluo estabelece, ainda, os Muller Jr. (2007) comenta que, o crescimento da
critrios para episdios agudos de poluio do ar. populao e o consumo exagerado de recursos naturais
provocam a poluio do ar, da gua e geram desperdcios
2.6 Efeitos nocivos gerados pelo Material Particulado slidos, quando no h reaproveitamento necessrio para
A presena de altos nveis de material particulado na uma sustentabilidade correta e que, o principal problema no
atmosfera pode ter srias consequncias direitas ou indiretas a urbanizao, e sim a falha do ser humano que no cria
sobre os seres humanos. Abaixo esto descritos os principais cidades mais sustentveis e habitveis.
efeitos. O conceito de governana foi definido pelo Banco
Mundial como sendo a maneira pela qual o poder exercido
2.6.1. Efeitos na Sade Humana na administrao dos recursos econmicos e sociais do pas,
com vistas ao desenvolvimento, tendo estabelecido quatro
Os resultados imediatos da exposio a poluentes
dimenses-chave para a boa governana: administrao do
atmosfricos so irritao dos olhos, pele, garganta e
sistema de nasofaringe apresentando efeitos agudos ou setor pblico; quadro legal; participao e prestao de
crnicos (ROSALES-CASTILLO et al., 2001). contas; e informao e transparncia (WORLD BANK,
1992).
As partculas inaladas viajam para os pulmes se as
Segundo Rosenau e Czempiel (1992), em um extenso
defesas do sistema respiratrio o permitir. Eles podem entrar
trabalho colaborativo, governana no deve ser entendida
no esfago. A sub 5m conseguem chegar brnquios, e
como sinnimo de governo, mas como um sistema mais
ainda mais perigosamente alvolos, causando a doena
conhecida como neumoconiosis (CROCE et al., 1998). amplo, eficaz no desempenho das funes necessrias
persistncia sistmica, que s funciona se apoiada pelas
A exposio ao material particulado tambm gera
instituies governamentais e pelo comprometimento de
bronquite crnica, diminuio da funo pulmonar, o
atores privados e no governamentais.
aumento de ataques de asma e intimamente associada com
maiores taxas de mortalidade (SEINFELD; PANDIS, 2012)
Os resultados desta modelagem permitem:
2.6.2. Efeitos na sade dos animais Avaliar a parcela de poluio gerada pelas fontes
Embora no tm muitas informaes, tem sido conhecidas, cujas emisses podem/devem ser
encontrado, por exemplo, que o gado pastando perto das estimadas;
indstrias de alumnio ou de tijolo desenvolve fluorosis, Verificar a contribuio individual da fonte e
manquejar, rigidez nas articulaes e baixa na produo de comparar com outras fontes ou ainda com as
leite (DIX, 1981). concentraes de fundo (background) estimadas;
Determinar as reas de maior impacto sobre a
2.6.3. Efeitos sobre as plantas qualidade do ar, considerando todos os fatores
meteorolgicos atuando simultaneamente, junto
Quando o p e fuligem so depositados nas folhas das
com os efeitos topogrficos;
plantas so bloqueados os seus poros, limitando a absoro
de CO2 e a passagem da luz. Isso reduza a fotossntese e Definir quais os poluentes merecem ser
aumenta a perda de gua por transpirao. Dano direto nas monitorados no ambiente, caso haja alterao
clulas devido a mudanas no PH tambm so apresentados. significativa da qualidade do ar;
Estes efeitos alteram o processo de crescimento da planta e, Avaliar impactos futuros das fontes ainda no
portanto, reduzir o valor das colheitas e o desempenho instaladas.
agrcola de uma regio (DIX, 1981).
2.8 Conceitos bsicos para os equipamentos de controle da
2.6.4. Efeitos sobre o clima poluio do ar
A poluio do ar tem muitos efeitos sobre os centros De modo geral h dois mtodos bsicos pelos quais se
urbanos, porque neles as mudanas se manifestam no micro pode controlar a emisso de poluentes atmosfricos (e
meteorologia que pode alterar o ciclo hidrolgico e odores) nos processos industriais. Estas tcnicas so
meteorolgico de uma cidade. divididas em dois grupos:
Um grande nmero de partculas em suspenso pode a) Mtodos indiretos, tais como modificao do
aumentar a turbidez da atmosfera e, assim, reduzir a processo e/ou equipamento;
quantidade de radiao solar que atinge a superfcie. As b) Mtodos diretos ou tcnicas de tratamento.
partculas absorvem e refletem a radiao solar para gerar
2.8.1 Medidas diretas
uma reduo de at 15-20% em reas contaminadas (Ross,
1974). O material particulado tem um efeito mais As medidas ou mtodos diretos de controle incluem
pronunciado na reduo da radiao solar na gama tcnicas destrutivas como incinerao e biofiltrao, e
ultravioleta que na gama de infravermelhos tcnicas recuperativas, como absoro, adsoro e
condensao (JUNIOR et al., 2010; KHAN; GHOSHAL,
2.7 Gesto ambiental 2000; QUADROS; BELLI FILHO; LISBOA, 2009). Na
Para as empresas e muito importante adotar medidas sequncia ser apresentado uma breve descrio de cada
para a proteo do meio ambiente. Ferreira (2003, p. 16) uma destas tcnicas. Estas tcnicas passam por duas etapas:

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Concentrao dos poluentes na fonte para tratamento A seleo de um equipamento de controle de poluio
efetivo antes do lanamento na atmosfera: atmosfrica para um dado processo industrial nem sempre
uma tarefa fcil, tendo em vista o grande nmero de
2.8.2 Classificao dos equipamentos de controle da parmetros que influenciam nos mecanismos de coleta, bem
poluio do ar como o grau de importncia relativa destes parmetros para
Os equipamentos de controle so classificados um mesmo tipo de equipamento de controle de poluio.
primeiramente em funo do estado fsico do poluente a ser Assim, para o processo de seleo do equipamento
considerado. Em seguida a classificao envolve diversos (MOREIRA; FONSECA; DE VIVES, 2009) elaboraram um
parmetros como mecanismo de controle, uso ou no de rol de parmetros e propriedades que podem influenciar
gua ou outro lquido, etc. nesta deciso. A importncia relativa dos parmetros fica na
dependncia do rigor da legislao pertinente s questes
2.8.2.1 Equipamentos de controle de material particulado ambientais e os custos dos equipamentos, perante o
desembolso financeiro que a empresa ou empreendimento
ter disponibilidade de investir.
. Coletores mecnicos inerciais e gravitacionais
1. Grau de purificao desejada: est relacionado com
. Coletores mecnicos centrfugos (ex.: ciclones)
as normas que regulamentam os nveis de poluio do ar em
. Precipitadores dinmicos secos
indstrias de processamento, com a qualidade do ar em salas
. Filtro de tecido (ex.: o filtro-manga)
. Precipitador eletrosttico seco limpas etc.
2. Concentrao, tamanho e distribuio
granulomtrica das partculas: identificam os tipos de
. Torre )
equipamentos de controle de poluio atmosfrica para
. Lavadores com enchimento
atingir uma dada eficincia de coleta de particulados.
. Lavador ciclnico
3. Propriedades fsicas dos contaminantes:
. Lavador venturi
. Lavadores de leito mvel Viscosidade: influencia a potncia requerida e provoca
alteraes na eficincia de coleta Umidade: contribui para o
empastamento das partculas sobre o equipamento de
2.8.2.2 Equipamentos de controle para gases e vapores
controle, acarreta problemas de corroso e influencia a
. Absorvedores
resistividade eltrica das partculas.
. Adsorvedores
. Incinerao de gs com chama direta Densidade: determinante na identificao do tipo,
. Incineradores de gs catalticos eficincia e tamanho do equipamento de controle de
poluio.
4. Propriedades qumicas do contaminante: so
2.8.3 Conceitos bsicos para os equipamentos de controle
importantes quando existe a possibilidade de reao qumica
da poluio do ar
entre o fluxo de transporte, material coletado e os materiais
2.8.3.1 Eficincia dos equipamentos de fabricao do equipamento de controle de poluio.
5. Condies do ar de transporte:
Temperatura: influencia o volume do ar de transporte,
a especificao dos materiais de construo e o tamanho do
equipamento de controle de poluio. Tambm est
relacionada com as propriedades fsicas (viscosidade,
Onde,
densidade) e qumicas (adsoro, solubilidade) do ar de
A = carga de entrada (concentrao)
transporte.
B = carga de sada
Presso: influencia a escolha do tipo e tamanho do
2.8.3.2 Eficincia global de coleta equipamento de controle, agindo, tambm, sobre a perda de
carga admissvel atravs do mesmo.
Na prtica existem muitos casos de utilizao de Umidade: dever ser observada as mesmas
equipamentos de controle em srie, como por exemplo, um consideraes feitas para os contaminantes.
ciclone seguido de um lavador. Nesse caso define-se a 6. Facilidade de limpeza e manuteno: influencia a
Eficincia Global de Coleta escolha do tipo de equipamento de controle e a frequncia
Para realizao do clculo da eficincia entre os de interrupo do processo.
resultados obtidos nas amostragens para o parmetro 7. Fator econmico: tem influncia na especificao
material particulado nos dois equipamentos, ser utilizada a do tipo e eficincia do equipamento de controle de poluio
seguinte frmula: atmosfrica.
8. Mtodo de eliminao do material coletado:
influencia a escolha do tipo e a capacidade do equipamento
de controle.
Para a indstria cermica os equipamentos de controle
Onde, mais utilizados seguindo as determinaes acima so:
A = 110mg/Nm (Padro utilizado para Fundao do Meio Ciclones;
Ambiente FATMA, para emisso de material particulado) Filtro de mangas;
B = Resultado do valor da emisso de material particulado. Lavadores de gases;
Multiciclones.
2.9. Fatores determinantes na escolha do equipamento de
controle de poluio

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2.10 Material particulado Coletores seco coletores O livre curso da fuligem e gases, em demanda das
midos posies mais altas do filtro, obstaculizado por ao das
Um sistema de captao de material particulado formado aletas e do escudo de gua pressurizada. A gua
pelas seguintes partes: pressurizada submetida a um tubo aspersor em forma de
anel, o qual possui em sua face voltada para o centro do
sistema, uma sequncia de furos equidistantes, que torna a
gua pressurizada j fora dos seus limites, em um
culas residurias verdadeiro escudo de gua. Esse evento faz barrar
(equipamento de controle) completamente o fluxo de fuligem em demanda ao exterior
atmosfrico. Aps o processo de conteno da fuligem,
esta passa a se depositar sobre as aletas e o piso do corpo
III. RESULTADOS do filtro. Isso implica em que se faam limpezas
peridicas. Nas figuras 1 at 4 so oferecidos os detalhes
3.1 Filtro antifuligem para chamin industrial do sistema projetado.
O modelo proposto neste trabalho o desenvolvido
pela empresa Datumy Consultoria e Projetos, que pode ser Figura 1 Vista Parcial do Sistema de Filtro Atmosfrico
utilizado para o controle de emisso de partculas destina-
se a estabelecer o processo de filtragem dos resduos de
fuligem, liberados quando da queima de matrias-primas
combustveis, para a obteno do aquecimento dos 02
(dois) fornos do empreendimento. Essa inovao
conseguida atravs da for
atravs do qual os gases oriundos da queima da lenha (dos
combustveis) so expelidos atravs da chamin, porm, os
resduos de fuligem no conseguem atravessar levados pela
decantao area causada pela gua.
A liberao indiscriminada de fumaa pelas chamins
das olarias submete a populao aos efeitos txicos dos
componentes qumicos que formam essas fumaas,
provocando problemas respiratrios na populao afetada Fonte: Autores, 2015.
pela absoro da fuligem espalhada pela ao dos ventos.
O objeto desse modelo de utilidade predominantemente
passivo, e utiliza materiais de fcil aquisio, posto que Figura 2 Vista Superior do Filtro Atmosfrico
seja de origem nacional e apresentam baixo custo.
Apresenta uma excelente relao custo/benefcio,
justificando o investimento.
Para sua manuteno dispensada mo-de-obra
especializada o que significa baixo custo operacional. Sua
concepo arquitetnica dispensa filtros base de esponjas
ou tela, e em lugar destes, usa-se uma cmara cilndrica
passiva formada por aletas intercaladas, e adoo de um
escudo de gua pressurizada, utilizada para a conteno da
fuligem, evitando que esta, seja expelida para a atmosfera.
A instalao do filtro antifuligem para chamin industrial',
exige apenas que encaixe do corpo do filtro na
extremidade superior da chamin convencional existente
Fonte: Autores, 2015.
apresente mesmo dimetro, o que facilitar o ajuste e
ancoramento de ambos.
A gua utilizada no sistema totalmente Figura 3 Sistema de Tratamento e Utilizao de gua para o
Filtro Atmosfrico
reaproveitvel, visto que h um recurso de drenagem,
levando por gravidade ao tanque, a gua que acabara de ser
utilizada no processo de filtragem da fuligem devendo
ocorrer limpeza peridica a cada 15 dias da gua, e
diariamente da tela instalada na desembocadura do tubo de
drenagem, que faz retornar ao tanque a gua impregnada
de fuligem que se depositou na base cnica do filtro.

uma estao elevatria, conduzindo a gua pressurizada s


partes altas do sistema. As aletas so instaladas em
posies equidistantes e em posio longitudinal
ascendente, o que as conserva ligeiramente inclinadas.
Fonte: Autores, 2015.
Cada uma em relao parede interna do filtro apresenta
um desgaste retilneo em seu formato, contraposto pelo
formato curvo da parede interna do filtro.

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4 - Funcionamento do Sistema de Ventilao para Chamin Figura 4 Sistema de Transporte de Fuligem para o Tanque de
Decantao do Sistema de Filtro
A ventilao industrial trata das aplicaes da
ventilao em ambientes industriais. Segundo Clezar e
Nogueira (199, p. 20), o uso da ventilao industrial tem
por objetivo:
a) Controle de contaminantes no ar a nveis
aceitveis;
b) Controle da temperatura, velocidade e umidade do
ar para conforto humano;
c) Preveno ao fogo e a exploses.

O sistema de ventilao de ar em tneis composto


por insufladores, exaustores e jatos ventiladores.
Os insufladores possuem um motor com rotao
constante, cujo sistema de partida direto e um rotor com
Fonte: Autores, 2015
um conjunto de ps acoplado ao eixo do motor. Atravs de
um sistema de acionamento automtico ou manual,
A tecnologia que ser utilizada dever atender aos mais
podemos variar o ngulo formado pelas ps, obtendo,
rgidos padres exigidos pelos rgos ambientais,
assim, uma vazo varivel, com o ventilador funcionando.
proporcionando uma gua de tima qualidade para o reuso e
A funo dos exaustores retirar o ar da estao e dos
uma torta com baixo teor de umidade, sendo a mesma
tneis, e, atravs da circulao, renovar o mesmo,
utilizada como fertilizante.
proporcionando a reduo do calor. O exaustor da estao
constitudo por um motor de rotao constante, cujo
sistema de partida direto e possui um conjunto de ps IV. CONCLUSES
acoplado, atravs de um rotor, ao eixo do motor. Os
Conclui-se que a poluio gerada pelo cozimento do
exaustores de estao tm a vazo constante e os ngulos
tijolo e do uso de combustveis altamente poluentes no s
das ps so predeterminados e fixos. Entre duas estaes
subterrneas, esto localizados os exaustores de tnel, que afeta essa populao onde esto localizados os fornos, mas
possuem vazo varivel como os insufladores. tambm para cidades prximas porque os fumos viajam,
A funo da veneziana evitar a recirculao do ar levando cinzas no ar e espalhando atravs da nuvem de
no canal de ventilao, quando um ventilador estiver fumaa que gerada; alm do mal que est causando ao
parado e o outro funcionando, evitando assim um fluxo meio ambiente tambm foi observado que os leos so
parasita no ventilador. derramados no cho como resduo ou por acidente. Portanto,
Nas regies de transio entre tnel e trecho a cu prope-se:
aberto, existem os jatos ventiladores, cuja funo exaurir Realizar modificaes, a fim de melhorar a execuo
o ar do tnel. Tm a mesma funo do exaustor de tnel. A do controle das emisses para a atmosfera.
vazo deles fixa. Tem um centro de controle que fornece Verificar o tipo de combustvel para a gravao, se ele
o estado do sistema de ventilao, por estao, alm de pode ser alterado por um combustvel alternativo que gere
enviar comandos, visando alterao desse estado. menos poluio do slido, lquido e gasoso.
No sistema da figura 04, demonstra a sada da No planejamento e gesto ambiental importante a
fuligem atravs das cisternas de transporte de fuligem, atuao conjunta dos diversos rgos municipais, estaduais
onde na poro final de cada cisterna desemboca em uma e federais, que geralmente atuam de forma dispersa e
caixa de alvenaria diretamente interligada com o exaustor isolada, bem como, a participao da comunidade local na
esta caixa possui o dimensionamento de 1,00m (um metro) tomada de decises.
de largura na base das cisternas por 1,5m (um metro e A ausncia de licenciamento ambiental em grande
meio) de altura. parte das olarias, apenas uma possui, demonstra o descaso
Todo o material proveniente da queima dos fornos com o meio ambiente, falta de fiscalizao pelos rgos
ser transportado pelo exaustor, at o sistema de lavagem ambientais da regio e comprometimento dos
de fuligem, onde os aspersores faro uma cortina de gua empreendedores.
que far as partculas slidas ficar inertes no sistema de Para obter-se uma postura correta perante o meio
gua. ambiente necessria reduo dos impactos ambientais
O Sistema de Tratamento de Fuligem tem por analisados, adequao com as leis ambientais e melhoria na
finalidade o aproveitamento e recuperao da gua fiscalizao. Para isso importante realizao de um
proveniente da lavagem de gases de caldeiras para reuso estudo de perspectiva de vida til da reserva, descanso da
no processo. Alm da gua, a fuligem, representada pelas rea de extrao e mtodos de produo mais eficientes em
cinzas do produto e subproduto lenhoso que queimado na relao ao meio ambiente.
caldeira separada da gua por processos de separao A avaliao ambiental realizada, atravs de ensaios de
slido/lquido atravs de peneiramento, sedimentao e solubilizao, mostra, em geral, a fixao dos metais pela
filtrao, em equipamentos que fazem parte do sistema de massa argilosa submetida queima. Portanto, este material
Tratamento da Fuligem. Esse material slido retirado da no acarreta problemas ambientais, inerentes a possveis
gua enviado para a lavoura, pois um timo fertilizante. solubilizaes da maioria dos metais, pela utilizao do
material. Os metais analisados (prata, brio, cdmio, cobre,
ferro, sdio, chumbo, mangans, zinco e mercrio)
apresentam concentraes no solubilizado abaixo dos

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limites mximos permitidos pela legislao. Entretanto, os JUNIOR, G. N. D. R. C. et al. Odor assessment tools and
elementos alumnio e cromo apresentam, no extrato obtido, odor emissions in industrial processes-doi:
concentraes superiores s estabelecidas pela NBR 10004, 10.4025/actascitechnol. v32i3. 4778. Acta Scientiarum.
podendo causar problemas ambientais. Technology, v. 32, n. 3, p. 287-293, 2010.
As anlises da mistura gasosa decorrente da queima
KHAN, F. I.; GHOSHAL, A. K. J. Loss Prevent. Proc,
dos tijolos com resduo demonstram a presena dos gases
2000. p.527-545.
dixido de enxofre e metano. Alm dos gases citados, ocorre
elevao nas concentraes de monxido de carbono e MOREIRA, S.; FONSECA, R. J.; DE VIVES, A. E. S.
dixido de carbono, quando comparadas aos valores obtidos Monitoring and evaluation of duct emission and stationary
atravs da queima dos tijolos sem incorporao do resduo. sources of ceramic industries by SR-TXRF. 2009.
Como esta anlise apenas objetiva uma comparao da
QUADROS, M.; BELLI FILHO, P.; LISBOA, H. Efficiency
composio qumica da mistura gasosa proveniente da
Evaluation of Gas Treatment Equipments in Terms of Odor
queima dos tijolos com diferentes composies, mantendo-
se constantes as demais variveis de processo, no permite Removal Using Dynamic Olfactometry. Water Practice &
comparaes com limites pr-estabelecidos pela legislao. Technology, v. 4, n. 2, 2009.
Atualmente na indstria de revestimentos cermicos ROSALES-CASTILLO, J. A. et al. Los efectos agudos de
que utiliza o processo de fabricao via mida, um dos la contaminacin del aire en la salud de la poblacin:
principais impactos ambientais a poluio atmosfrica evidencias de estudios epidemiolgicos. salud pblica de
emitida pelos seus atomizadores, principalmente material mxico, v. 43, n. 6, p. 544-555, 2001.
particulado.
Nos resultados encontrados nesse estudo, constata-se ROSENAU, J. N.; CZEMPIEL, E. (Eds.). Governance
que o filtro de mangas o equipamento de controle de without government: order and change in world politics.
emisso mais eficiente. Alm da eficincia o filtro de Cambridge: Cambridge University Press, 1992. Revista
mangas possibilita a empresa que utiliza esse equipamento o Sodebras Volume 10 N118 Outubro/ 2015.
reaproveitamento do material particulado captado pelo filtro SCARDUA, F. P. Governabilidade e descentralizao da
em seu processo, sendo assim eliminando um resduo de gesto ambiental no Brasil. Braslia: UnB/CDS, 2003.
uma forma ecologicamente correta.
Com relao ao uso do lavador de gases, as SCHNEIDER, T. Air pollution in the 21st century: Priority
desvantagens so maiores que as vantagens oferecidas, pois issues and policy. Elsevier, 1999. ISBN 0080544908.
alm da baixa eficincia necessita de um tratamento SEINFELD, J. H.; PANDIS, S. N. Atmospheric chemistry
complementar para os seus efluentes, problema que o filtro and physics: from air pollution to climate change. John
de mangas no apresenta. Wiley & Sons, 2012. ISBN 1118591364.
Para um setor que busca a sustentabilidade e a
melhoria contnua em seu processo produtivo, as questes SHARAN, M. et al. A mathematical model for the
relacionadas ao bem estar da comunidade e as exigncias dispersion of a ir pollutants in low wind conditions.
dos rgos governamentais em relao ao meio ambiente, Atmospheric Environment, v. 30, n. 8, p. 1209-1220, 1996.
devem ser priorizadas permanentemente no sentido de WORLD BANK. Governance and development.
buscar o melhoramento e o aperfeioamento de seus Washington, Oxford University Press. 1992. Revista
controles ambientais. Sodebras Volume 10 N118 Outubro/ 2015.
WORLDWATCH, T.; INSTITUTE. State of the World
V. REFERNCIAS 2015: Confronting Hidden Threats to Sustainability. Island
BRASIL. Lei n. 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispe Press, 2015. ISBN 1610916107.
sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulao e aplicao, e d outras VI. COPYRIGHT
providncias. Dirio Oficial da Repblica Federativa do
Brasil, Braslia, DF, 2 de setembro de 1981. Disponvel em: Direitos autorais: Os autores so os nicos responsveis pelo
Acesso em: 13.11.2015. Revista Sodebras Volume 8 material includo no artigo.
N89 Maio/ 2013.
CLEZAR, C. A.; NOGUEIRA, C. R. Ventilao
Industrial. Florianpolis: UFSC, 1999.
CONAMA, Resolues do CONAMA 1984-2008, 2.
Edio, Braslia, 2008.
CROCE, M. et al. Poluio ambiental e alergia respiratria.
Medicina (Ribeirao Preto. Online), v. 31, n. 1, p. 144-153,
1998.
DIX, H. M. H. M. Environmental pollution : atmosphere,
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Wiley, c1981.: Chichester [Eng.] ; New York : Wiley,
c1981., 1981.

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