Amarelinho - Texto Questões
Amarelinho - Texto Questões
Amarelinho - Texto Questões
aconteceram com Amarelinho, descreve (diz como ) o personagem e o ambiente em que vive.
Amarelinho
Ele caminhava chutando terra. Gostava de chutar a terra vermelha igual a sangue, quente
por causa do sol, seca, meio estorricada. O caminho para a cidade era longo, ele morava no
ltimo barraco, perto da cerca de arame farpado. Casa? No era nem! Uns paus fincados de
qualquer jeito, paredes de latas de leo abertas, pedaos de papelo; tinha muitos daquele
barracos por ali, na favela. Dentro, um quadrado de cho batido. Ali viviam a me dele e mais
cinco irmos. Ele era o segundo, de cima para baixo.
Magro, mido e desconjuntado, joelhos que pareciam bolas de tnis, loirinho anmico de
olhos azuis descorados parecia nem ter sangue. Por isso, tinha o apelido de Amarelinho.
Oito anos. Onde tinha nascido? No sabia. Nem pensava nessas coisas. Para ele, cada
dia era um dia novo, a me sempre gritalhona, batendo nos menorzinhos; existia o irmo mais
velho que no queria trabalhar; a irm estava empregada e morava na cidade. Os menores saam
assim que amanhecia e comiam onde encontravam comida. Era sempre assim.
O Amarelinho gostava de viver ali. No tinha quem o obrigasse a fazer coisas, ia onde
quisesse, estava sempre na cidade, rondava os bares (principalmente na hora da fome), parava,
ficava olhando comprido, respirava fundo o cheiro de fritura at que o dono ficasse com d e lhe
desse o que comer. A vida era desse jeito: caf aqui, po ali, um xingamento mais adiante.
Quando sentia sede, era s encontrar uma torneira quase sempre a do jardim pblico. Abria,
enchia a boca, o jato molhava os ps, s vezes tomava um banho. Era gostoso, principalmente
no calor. Quando o jardineiro via, levantava os braos, vinha correndo e esbravejando.
Amarelinho caa na risada, fugia deixando a torneira aberta, o jorro prateado cavoucando a terra,
lavando os ps do jardineiro... Amarelinho ria de longe, ria que ria, mostrando os dentes
enviesados e sujos...
medida que caminhava, a favela ia ficando para trs. Uma quadra pela frente comeava
o asfalto, a cidade. Dali para diante, as casas eram de tijolos, telhas, tinham jardim, flores, e as
pessoas vestiam roupa limpa um outro mundo.
Avistou os amigos sentados ao p do cruzeiro: P de Chumbo, Nanico e Pavio. P de
Chumbo era um mulato gordo, briguento, que tinha um canivete de ao. Roubado, lgico! Era ele
o lder do grupo. Por causa do canivete. Depois, tinha o Nanico baixinho, forte, moreno de cabelo
comprido e ensebado. O Pavio era preto de nariz achatado, o mais alto do bando. O Pavio
parecia um corisco, era o mais veloz na corrida. O Nanico? Apesar de pequeno era esperto como
o diabo. Ele sempre arrombava as fechaduras ou, tirando os pinos das dobradias, abria as
portas. Contava que, uma vez, tinha feito uma bomba. Podia ser verdade, o Nanico tinha uma
cuca tima, consertava at rdio. Como aquele que tinha roubado de um fusquinha.
O Amarelinho no possua a habilidade deles. E, se continuava no bando, era porque,
sendo pequeno, passava pelos vos dos vitrs. Assim, quando queriam roubar alguma casa, era
o Amarelinho quem entrava primeiro, abria a porta por dentro, e o grupo fazia o servio. Muito
mais fcil que tirar pinos de dobradias ou arrombar fechaduras.
Mas o Amarelinho no gostava de ser apenas o passador de buraco de vitr! Ele queria ser
mais importante! (Ganymedes Jos. Amarelinho. So Paulo, Moderna, 1983. P. 7-8)
Vocabulrio
Estorricada: quase torrada
Esbravejando: gritando com raiva
Enviesados: tortos, quebrados
Cruzeiro: grande cruz
DESCRIO
Descrio:
Caracterizao psicolgica:
4. Como o autor descreve os amigos de Amarelinho? (Observe que ele os descreve fsica e
psicologicamente.)
a) P de Chumbo:
b) Nanico:
c) Pavio