Fenomeno Da Violencia

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Compreendendo o Fenmeno da Violncia

Marco Conceitual do Fenmeno

Professora Maria Leolina Couto Cunha

Centro de Combate Violncia Infantil (Cecovi)

Pontifcia Universidade Catlica do Paran (PUCPR) PUCweb

Copyright - PUCPR - Verso 1.0 - junho 2009


Marco Conceitual do Fenmeno 2

O Curso de Especializao no Enfrentamento da Violncia Contra Crianas e Adolescentes


tem como objetivo estudar o fenmeno da violncia contra crianas e adolescentes nas mo-
dalidades violncia domstica, explorao sexual comercial, trabalho infantil, trfico hu-
mano e pedofilia, detalhando a conceituao, o diagnstico, as formas de intervenes nos
contextos legal, institucional e familiar de cada fenmeno, respectivamente, a fim de dar ao
aluno o suporte tcnico necessrio para que este desempenhe com eficincia e compromis-
so o rduo ofcio de DEFENSOR DA CRIANA E DO ADOLESCENTE.

Objetivos especficos
Propiciar um momento de apoio mtuo entre os alunos atravs dos estudos de caso,
tarefas intermedirias e jornada cientfica presencial.
Fortalecer o referencial terico e prtico acerca do enfrentamento da violncia contra
crianas e adolescentes.
Cooperar com as aes interventivas dos alunos em seus municpios, assessorando e
incentivando na implantao de programas de preveno e atendimento direto na
rea do enfrentamento da violncia contra crianas e adolescentes.
Incentivar o funcionamento de redes de proteo criana e ao adolescente vitimiza-
dos, favorecendo o intercmbio de servios no enfrentamento do fenmeno.

Apresentao
A violncia contra a criana e o adolescente Trata-se de um trabalho pioneiro, pois o
consiste num fenmeno complexo, que nico curso de ps-graduao em nosso
abrange vrias modalidades. Nosso curso pas a estudar a violncia contra a criana e
estudar a violncia domstica, a explora- o adolescente abordando conjuntamente as
o sexual comercial e o trabalho infantil. modalidades: violncia domstica, explora-
Nossa metodologia ter como foco a abor- o sexual comercial e trabalho infantil.
dagem do marco conceitual de cada uma
dessas violncias, seu diagnstico e as es- Sem dvida, o curso representa um avano
tratgias para o seu enfrentamento, anali- significativo na luta por uma cultura de paz.
sando inclusive a respectiva legislao. Esperamos que todos os nossos alunos
possam desfrutar das temticas aqui colo-
A abordagem dos temas ser feita dentro de cadas, aplicando os conhecimentos adquiri-
uma viso multidisciplinar e interinstitucional, dos, tornando-se defensores competentes e
isso porque o combate a violncia contra a comprometidos com a causa da criana e do
criana e o adolescente requer ao conjun- adolescente vitimizados.
ta, e cada vez mais especializada, de dife-
rentes profissionais, que devem atuar em
rede.

O Centro de Combate Violncia Infantil


(Cecovi) e a Pontifcia Universidade Catlica
do Paran (PUCPR) desenvolveram, em
parceria, o presente curso de ps-graduao
por acreditarem na importncia e necessi-
dade de qualificao dos profissionais que
militam contra a violncia.

Profa. Maria Leolina Couto Cunha


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INTRODUO
A violncia contra crianas e adolescentes
sempre esteve presente na sociedade. Se- Todo ato ou omisso
gundo deMause (1975):

(...) quanto mais retroagirmos na histria


maior ser a violncia praticada contra os in- Artigo 5. - Nenhuma criana ou adolescente
fantes, sendo que as justificativas legitimado- ser objeto de qualquer forma de negligncia,
ras das muitas atrocidades cometidas so discriminao, explorao, violncia, cruelda-
fundamentadas em mitos e preconceitos his- de e opresso, punindo na forma da lei qual-
toricamente constitudos. quer atentado, por ao ou omisso, aos
seus direitos fundamentais.

OBJETIVO
Estudar o marco conceitual do fenmeno da
violncia contra crianas e adolescentes,
abordando as seguintes modalidades: Sujeito Ativo

1. Violncia domstica
2. Explorao sexual comercial a) Pais: biolgicos ou por afinidade (pa-
3. Trabalho infantil drasto e madrasta).
b) Responsveis: tutores e curadores.
c) Parentes: irmos, avs, tios etc.

1. Violncia domstica
Conceito de tutela

A violncia domstica tem como principais


vtimas crianas, adolescentes, mulheres e Segundo Diniz (2003), tutela pode ser de-
idosos. Por ser ampla, a abordagem muda finida como:
de acordo com o tipo de vtima, j que os
aspectos cientficos, legais e institucionais (...) um conjunto de direitos e obrigaes
usados para combat-la so diferenciados. conferidos pela lei a um terceiro, para que
proteja um menor no-emancipado que no
Para o nosso estudo, trataremos somente se ache sob o ptrio familiar, administrando
da violncia domstica contra crianas e seus bens, representando-o e assistindo-o
adolescentes, que se subdivide em: fsica, nos atos da vida civil.
sexual, psicolgica, negligncia e abandono.

Adotamos o conceito de Azevedo & Guerra Circunstncias justificadoras


(2000), que definem violncia domstica da tutela
contra crianas e adolescentes como:
Dar-se- tutela para a proteo de menores
todo ato ou omisso praticado por pais, pa- no-emancipados e de seus bens pelas se-
rentes ou responsveis capazes de causar guintes ocasies:
dano fsico, psicolgico e sexual, implicando
numa transgresso de poder, dever de prote- a) Falecimento dos pais
o do adulto e numa coisificao da infncia. b) Pais declarados ausentes pelo juiz
c) Pais que sofreram suspenso ou desti-
tuio do poder familiar
Profa. Maria Leolina Couto Cunha
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Conceito de curatela
Ainda de acordo com Diniz (2003), o concei- Sujeito Passivo
to de curatela pode ser definido como:
Crianas e adolescentes so sujeitos passi-
vos da violncia domstica. Segundo o Esta-
Encargo pblico cometido a algum, por lei,
tuto da Criana e do Adolescente (ECA),
para reger e defender uma pessoa e adminis-
trar os bens de maiores incapazes que, por si considera-se:
ss, no esto em condies de faz-lo, em
razo de enfermidade ou deficincia mental
Criana pessoa com at 12 anos in-
(RT, 529:80). completos.
Adolescente pessoa entre 12 e 18 anos
de idade.
Esto sujeitos curatela
(art. 1.767, CC)
a) Aqueles que, por enfermidade ou defici- Violncia Fsica, Sexual
ncia mental, no tiverem o necessrio dis- e Psicolgica
cernimento para os atos da vida civil.
b) Aqueles que, por outra causa duradoura,
no puderem exprimir a sua vontade. Violncia fsica
c) Os deficientes mentais, os brios habi-
tuais e os viciados em txicos. Muitas so as discusses quanto forma
d) Os excepcionais sem completo desenvo- conceitual da violncia domstica fsica.
lvimento mental. Para alguns, s existir dano fsico quando
e) Os prdigos, isto , pessoas que gastam estiver presente o dano anatmico. Para
desordenadamente suas posses. para outros, ela se quando da ao resultar
dor, mesmo que no produza dano fsico, a
Segundo Diniz (2003): violncia j estar presente.

Curador especial para menor sob poder fami-


Este ltimo ponto de vista tem aberto espa-
liar ou tutela. Possvel ser que, em atos o para debate e incentivado a militncia no
mortis causa, algum, ao nomear menor meio acadmico no sentido de que as puni-
no-emancipado seu herdeiro ou legatrio, es corporais, enquanto mtodo disciplinar
venha indicar um curador especial exclusiva- de crianas e adolescentes, sejam abolidas
mente para administrar os bens deixados por tanto no espao familiar como na escola.
herana ou legado, mesmo que o contempla-
do esteja sob tutela ou sob poder familiar. A questo, entretanto, s alcana unanimi-
dade quando se trata do conceito de maus-
Nessa clusula, no haver exceo indivi- tratos fsicos (castigos corporais) que, se-
dualidade da tutela, visto que tem por escopo gundo Azevedo & Guerra (1989), possui
to-somente atender vontade do testador
duas modalidades:
de zelar pelo interesse econmico do menor,
nomeando, para isso, pessoa de sua confian-
a para gerir apenas os bens recebidos por Os cruis, que so extremos e incompatveis
herana. H uma excepcional concomitncia com a idade e o discernimento da criana.
entre curatela e poder familiar ou entre curate- Ex.: me que mergulha a mo da filha canho-
la e tutela. ta de cinco anos em gua fervendo para en-
sin-la a usar a mo direita.
Os pais e o tutor continuaro tendo a respon- Os que resultam em ferimentos, por exem-
sabilidade de administrar outros bens do me- plo, pai que espanca o filho com chicote ou
nor e de zelar pela sua criao e educao. vara de marmelo, deixando verges em sua
pele.
Profa. Maria Leolina Couto Cunha
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O posicionamento do nosso legislador se


encontra ultrapassado e carece urgentemen- (...) o uso de uma criana como objeto de
te de reviso. gratificao de necessidades ou desejos se-
xuais adultos. O incesto refere-se explora-
Em pases como Sucia, Finlndia, Dina- o sexual de uma criana por outro membro
marca, Noruega, ustria, Chipre, Letnia e da famlia. A definio legal de incesto a
Crocia, a punio corporal de crianas e coabitao entre pessoas aparentadas cujo
adolescentes considerado crime. O resul- grau, por lei, proibiria o casamento. (LEWIS,
1995, p. 1032)
tado dessa medida tem sido a erradicao,
ou grande reduo dos casos de violncia
intrafamiliar na modalidade fsica.
(...) a ocorrncia de prticas sexuais entre
Entretanto, como no Brasil ainda no avan- um indivduo maior (16 anos ou mais), princi-
amos at esse grau de conscientizao, palmente do sexo masculino, com uma crian-
vamos pautar nosso estudo apenas sob a a na pr-puberdade (13 anos ou menos).
Normalmente, preciso haver diferena de
tica de maus-tratos fsicos prtica, hoje, cinco anos entre os dois, exceto no caso de a
legalmente proibida pelo nosso Direito Pe- prtica se dar no final da adolescncia, quan-
nal, e que deve ser denunciada e combatida do o que mais conta a maturidade sexual.
por todos ns. (DUNAIGRE, 1999, p. 14)

Violncia sexual (...) todo ato ou jogo sexual em que um adul-


to submete uma criana e/ou um adolescente
com inteno de estimular-se ou satisfazer-se
Definies do fenmeno: sexualmente, com ou sem o consentimento
da vtima, impondo-se pela fora fsica ou
ameaas nas classes de baixa renda e pela
(...) uma situao em que uma criana ou
seduo nas demais classes, podendo variar
adolescente usado para gratificao sexual
desde a ausncia de contato sexual (vouye-
de um adulto ou mesmo de um adolescente
rismo) at os atos sexuais, com ou sem pene-
mais velho, baseado numa relao de poder
trao. (VAZ, 1997, p. 17)
que pode incluir desde carcias, manipulao
da genitlia, mama ou nus, explorao se-
xual, voyeurismo, pornografia e exibicionis-
mo, at o ato sexual, com ou sem penetra-
o, com ou sem violncia. (ABRAPIA, 1997, Todo ato ou jogo sexual, numa relao hete-
p. 7) ro ou homossexual, entre um ou mais adultos
e uma criana menor de 18 anos, tendo por
finalidade estimular sexualmente a criana ou
utiliz-la para obter uma estimulao sexual
(...) a falta de consentimento do menor na re- sobre sua pessoa ou de outra pessoa. (A-
lao com o adulto. A vtima forada fisica- ZEVEDO & GUERRA, 2000)
mente ou coagida verbalmente a participar
da relao, sem ter necessariamente capaci-
dade emocional ou cognitiva para consentir
ou julgar o que est acontecendo. A seduo Caracteriza-se como abuso sexual qualquer
de menores entra nessa categoria, pois o afe- contato ou interao (visual, verbal ou psico-
to do adulto usado como isca para um rela- lgica) entre uma criana ou adolescente e
cionamento sexual, sem que o menor tenha a um adulto, na qual o menor esteja sendo
condio adequada de avaliar esse proces- usado para estimulao sexual daquele que
so. (GUADERER, 1996, p. 163) comete o ato, ou de outra pessoa. (Allender,
1999)

Profa. Maria Leolina Couto Cunha


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Pelo exposto, percebemos que a conceitua-


o da violncia sexual no pacfica. A ex-
presso se subdivide nas modalidades: Transgresso do
poder/dever do adulto
Abuso sexual intrafamiliar
Abuso sexual extrafamiliar A violncia domstica contra crianas e ado-
Explorao sexual comercial lescentes , acima de tudo, uma relao de-
sigual de poder, onde o mais forte subjuga e
Vamos analisar, por enquanto, apenas o si- abusa do mais fraco.
gnificado do abuso sexual intrafamiliar con- O adulto tem o poder de proteger a criana
tra crianas e adolescentes. Esse tipo de e o adolescente. Quando essa relao (adul-
abuso tambm chamado de incesto. Para to e criana) acontece dentro do ambiente
Kornfield (2000) existem dois tipos de inces- familiar, o adulto, alm de ter o poder de
to: proteo, passa a ter o dever de exercer
essa proteo. Quando esse poder/dever
Intrafamiliar em que o abusador liga- transgredido, se instaura uma das formas
do vtima por laos de consanguinidade ou mais terrveis de violncia.
afinidade (pai, me, avs, tios, irmos, pa-
drasto, madrasta, cunhados etc.).
Polimorfo ou extrafamiliar em que o
abusador pode ser qualquer pessoa que Coisificao da criana e
ocupe papel significante na vida da criana,
do adolescente
vindo assim ganhar a confiana dela e, con-
sequentemente, levar vantagem psicoemo- Uma das caractersticas mais marcantes do
cional em sua vida (amigos, vizinhos, religio- agressor de violncia domstica enxergar
sos, comerciantes do bairro, mdicos, den- a criana e o adolescente no como um su-
tistas, professores etc.). jeito de direitos, mas como um objeto que
lhe pertence, e que existe para executar
Definimos abuso sexual intrafamiliar contra suas ordens e vontades.
crianas e adolescentes como:
Caso concreto
Todo ato de natureza ertica, com ou sem
Atendemos no Cecovi um caso de um menino
contato fsico, com ou sem uso de fora, en- de sete anos de idade que apanhava muito do
tre um adulto ou adolescente mais velho e padrasto. Paulinho (nome fictcio) tinha tanto
uma criana ou adolescente, unidos por vn- medo de Seu Pedro (nome fictcio), seu padras-
culos de consanguinidade, afinidade ou res- to, que quando este gritava, segundo os vizi-
ponsabilidade. nhos, Paulinho chegava a se urinar nas calas.
Cientes do ocorrido, designamos uma equipe
para fazer uma visita quela famlia. Ao chegar-
mos na vila onde eles moravam, a me de Pau-
Violncia psicolgica linho veio a nossa procura e, com muita raiva,
comeou a nos xingar com palavras de baixo ca-
lo, perguntando o que ns tnhamos ido fazer
ali. No satisfeita, Dona Maria (nome fictcio),
Violncia psicolgica uma forma sutil e me de Paulinho, levantou sua saia e abaixou
perversa de causar dor na alma humana. A sua calcinha, e apontando para a marca da ope-
criana, pela sua peculiar condio de ser rao cesariana, berrava: Olhe seu bando de
humano em desenvolvimento, completa- 'guas'! Vocs esto vendo essa marca aqui?
mente indefesa a esse tipo de ataque, que Fui eu quem pariu este menino. Se eu quiser, eu
se exterioriza atravs da rejeio, isolamen- cuspo, eu piso, eu mato ele. E ningum tem
to, medo e humilhaes. nada a ver com isso. Nem juiz, nem delegado,
nem polcia vai me ensinar a criar filho meu. Ele
me pertence. (COUTO, 2003)

Profa. Maria Leolina Couto Cunha


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2. Explorao sexual
comercial Trfico Humano
Foi realizado em 1996, na cidade de Esto-
colmo, Sucia, o I Congresso Mundial contra
a Explorao Sexual Comercial de Crianas.
Na ocasio, o conceito de explorao sexual O trfico realizado com vrios objetivos,
comercial foi definido como: dentre os quais destacamos:

explorao sexual;
escravatura;
remoo de rgos.
(...) o uso de uma criana para propsi-
tos sexuais em troca de dinheiro ou favo- Geralmente, as crianas so recrutadas
res em espcie entre a criana, o cliente, atravs do uso de fora, coao, rapto e
o intermedirio ou agenciador, e outros abuso de autoridade. Muitas vezes so da-
que se beneficiam do comrcio de crian- das ou vendidas por uma pessoa que tenha
as para esse propsito. autoridade sobre elas.

Segundo a Conveno das Naes Unidas


para a Preveno, Represso e Punio do
Ficou definido que o termo 'criana' abrangia Trfico de Pessoas, batizada de Conveno
pessoas de 0 a 18 anos. Desde ento, ficou de Palermo (2000), ficou conceituado o trfi-
definido que o fenmeno da explorao se- co internacional de pessoas como:
xual comercial de crianas abrangia quatro
modalidades:

prostituio;
pornografia; A expresso 'trfico de pessoas' significa
turismo sexual; e recrutamento, transporte, transferncia,
trfico de crianas e adolescentes para abrigo ou recebimento de pessoas, por
fins comerciais e sexuais. meio de ameaa ou uso de fora ou de
outras formas de coero, rapto, fraude,
engano, abuso de poder ou posio de
vulnerabilidade ou de dar ou receber pa-
Prostituio gamentos ou benefcios para obter o con-
sentimento para uma pessoa ter controle
sobre outra pessoa, para o propsito de
explorao.
Ocorre em uma relao mercantil e sexual,
em que ocorre uma permuta de sexo por va- A explorao incluir, no mnimo, a explo-
lores materiais ou sociais. As crianas e os rao da prostituio de outrem ou outras
adolescentes, por sua vulnerabilidade e formas de explorao sexual, o trabalho
condio prpria de pessoas ainda em pro- ou servios forados, escravatura ou pr-
cesso de desenvolvimento, devem ser vistos ticas similares escravatura, a servido
como vtimas, logo so prostitudas, e no ou a remoo de rgos.
prostitutas.

Nesse sentido, termo prostituio no deve


ser aplicado a crianas e adolescentes, pois
no se prostituem, so na verdade explora-
dos sexualmente.
Profa. Maria Leolina Couto Cunha
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3. Trabalho infantil
Turismo sexual

O conceito de trabalho infantil est delinea-


As crianas so exploradas sexualmente por
do no artigo 7., XXXIII,CF/88 quando afirma
turistas provenientes de outros pases ou
que a criana e o adolescente at 16 anos
por turistas do nosso prprio pas.
de idade no pode exercer qualquer traba-
lho, salvo na condio de aprendiz para os
Aqui, existe cumplicidade ativa e passiva de
adolescentes a partir de 14 anos. J o traba-
agncias de viagens, guias tursticos, hotis,
lho noturno, perigoso e insalubre vetado
bares, restaurantes, boates, barracas de
para todos os menores de 18 anos; sem ex-
praia, garons, porteiros, taxistas, prostbu-
ceo.
los, casas noturnas e de massagem.

Pornografia infanto-juvenil

a representao visual da explorao se-


xual de uma criana ou adolescente, con-
centrada na atividade sexual e na manipula-
o das suas genitais.

Logo, o uso de crianas e adolescentes na


produo de materiais para revistas, filmes,
vdeos e sites, protagonizando cenas de
sexo explcito e exposio obscena de seus
rgos sexuais, se enquadra na categoria de
pornografia infanto-juvenil.

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Pro-reitoria Comunitria e de Extenso


Diretoria de EAD / PUCweb
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