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REVISITANDO A CINDERELA NEGRA: LITERATURA E

HISTRIA EM QUARTO DE DESPEJO, DE CAROLINA
MARIA DE JESUS
(REVISITING THE DARK CINDERELLA: LITERATURE AND
HISTORY IN CHILD OF THE DARK, BY CAROLINA MARIA DE
JESUS)

Maringela Alonso 1; Jos Pedro Toniosso 2

1 Professora do Curso de Letras das Faculdades Integradas Fafibe Bebedouro/SP, Mestre

em Estudos Literrios pela UNESP/Araraquara.
maryalons@ig.com.br

2 Professor do Curso de Histria das Faculdades Integradas Fafibe Bebedouro/SP,

Mestrando em Educao pelo Centro Universitrio Moura Lacerda (CUML)
jptoniosso@itelefonica.com.br

Abstract: The purpose of this paper is to discuss the intermediation between

Literature and History into Child of the Dark, by Carolina Maria de Jesus. We look
forwards to put in evidence the crossing of these two knowledges, pointing in
caroliniana writing its borders and identities. We believe that the literary studies and
historiographical approach by textuality, as the two writings are based in a
perception process and experiments among the same areas which permite new
itineraries can be traced by creativity and researchers ability.

Keywords: Literature; History; Child of the Dark; Carolina Maria de Jesus

Resumo: O propsito desse artigo discutir as intermediaes entre Literatura e

Histria na obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Procuramos
evidenciar o cruzamento desses dois saberes, pontuando na escrita caroliniana, suas
fronteiras e identidades. Entendemos que os estudos literrios e historiogrficos se
aproximam pela textualidade, uma vez que as duas escritas baseiam-se em processos
de percepo e organizao da realidade que cerca seus narradores. A troca de
experincias entre reas afins permite que novos itinerrios sejam traados por meio
da criatividade e competncia do pesquisador.

Palavras-chave:Literatura; Histria; Quarto de despejo; Carolina Maria de Jesus.

Dilogos possveis: Fico x Histria

Partindo do princpio de que o ato de ler no significa apenas decodificar as palavras

num gesto mecnico de decifrao de sinais, entendemos a obra literria como uma espcie de
documento que conserva o contedo da conscincia humana individual e social de modo
cumulativo. Ao ler um texto, o leitor estabelece elos com as manifestaes socioculturais que
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lhe so distantes no espao e no tempo: a histria designa ao mesmo tempo a dinmica da

literatura e o contexto da literatura (COMPAGNON, 1999, p. 197).
Embora a realidade possa ser representada de maneira indireta pelo narrador de um
romance, uma vez que este faz uso da imaginao, mediante a figurao da linguagem, e o
historiador possa registrar aspectos correspondentes a situaes extratextuais, Literatura e
Histria dialogam, j que todo discurso escrito revela uma forma de conhecimento mimtico,
ou seja, tanto a escrita ficcional quanto a no ficcional representam apenas a realidade
imaginada ou ocorrida.
Fico e Histria utilizam a textualidade e podem ser compreendidas por meio de
recursos especficos para a leitura de palavras escritas.A ampliao do conhecimento que
decorre dessa leitura propicia a compreenso do tempo presente e o papel do leitor como
sujeito histrico.
De acordo com o crtico Antonio Candido,
s podemos entender (uma obra) fundindo texto e contexto numa interpretao
dialeticamente ntegra, em que tanto o velho ponto de vista que explicava pelos
fatores externos, quanto o outro, norteado pela convico de que a estrutura
virtualmente independente, se combinam como momentos necessrios do processo
interpretativo. (1967, p. 04)
No tentamos com o presente texto equivaler fico e histria. Mas sim procuramos o
entendimento de suas fronteiras, pois ainda que ocupem planos epistemolgicos diferentes,
Literatura e Histria aproximam-se da realidade atravs da utilizao de meios narrativos.
Portanto, tendo como foco a obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, buscamos
com este trabalho estabelecer leituras crticas e possveis da fico e da histria,
concentrando-nos mais naquilo que estas duas formas de escrita tm em comum do que em
suas diferenas.

Quarto de despejo: cogulos poticos

Carolina Maria de Jesus foi uma escritora que viveu em meados do sculo XX. Suas
obras apresentam o tormento de fazer parte de um cenrio afastado dos processos de
modernizao e dos interesses comuns do sistema capitalista, ou seja, a favela. Negra, semi-
analfabeta, catadora de lixo, Carolina foi moradora da favela do Canind em So Paulo. Seu
dirio, posteriormente intitulado Quarto de despejo, foi publicado em 1960, graas a
interveno do jornalista Audlio Dantas.
Quando publicada, a obra causou um impacto no cenrio brasileiro da poca, j que na
linguagem dos despossudos e dos desescolarizados, trazia um testemunho da vida nas ruas, o
depoimento do cotidiano de uma favela.
A obra tornou-se um best seller, porm, a trajetria de Carolina, at sua morte, foi
incomum e perturbadora. A Cinderela Negra, como foi denominada pelos estudos de
Levine e Meihy, no se enquadrou como escritora famosa. Em pouco tempo, foi forada a
voltar condio de vida precria, e na misria viu terminarem seus dias, em 1977.
Problematizando os embates sociais vivenciados na favela do Canind, o valor esttico
de Quarto de despejo apresenta uma linguagem singular, pontuada de lirismo potico. Para
Adlio Dantas, o sucesso de Quarto de despejo deve-se a uma [...] tosca, acabrunhante e at
lrica narrativa do sofrimento do homem relegado condio mais desesperada e humilhante
de vida (2000, p. 04).
No que tange definio de lirismo, recorremos ao poeta Mrio de Andrade em carta
datada de 2 de Janeiro de 1933 a Oneyda Alvarenga. Nas pginas dessa missiva o escritor nos
deixa uma significativa reflexo sobre o conceito de lirismo:
Lirismo um fenmeno psquico que toda a gente mais ou menos tem [...]. Lirismo
tanto pode dar poesia como pode dar prosa [...]. O operrio que voltando do trabalho
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v num jardim ricao uma rosa pegvel e a arranca e a pe no palet pra se enfeitar,
sentiu e aceitou um fato de lirismo individualista. O operrio que voltando do
trabalho enxerga num jardim ricao uma rosa, e, por estar imbudo de revolta
comunista contra os burgueses, sente raiva, entra no jardim adentro, arranca a rosa e
a destri, tambm aceitou um fato de lirismo que j no puramente individualista,
mas coletivista, convertido em funo social. Lirismo um fenmeno psicolgico.
(ANDRADE, 1983, p. 38-40).
As observaes de Mrio de Andrade atendem aos propsitos percorridos neste
artigo, uma vez que a realidade de Quarto de despejo descrita, em muitos momentos, de
maneira lrica, de acordo com as apreenses dos afetos da narradora. A voz de Carolina
expande-se, atingindo essa espcie de lirismo coletivista, apontada por Mrio de Andrade.
As trivialidades do cotidiano da favela so apresentadas por meio de um vocabulrio singular,
em que a mescla de termos revelam uma inusitada combinao:
[...] Chegaram novas pessoas para a favela. Esto esfarrapadas, andar curvado e os
olhos fitos no solo como se pensasse na sua desdita por residir num lugar sem
atrao. Um lugar que no se pode plantar uma flor para aspirar o seu perfume, para
ouvir o zumbido das abelhas ou o colibri acariciando-a com seu frgil biquinho. O
unico perfume que exala na favela a lama podre, os excrementos e a pinga.
(JESUS, 2000, p. 42).
Na construo da narrativa tais termos se colidem, marcando uma espcie de tenso no
decorrer do texto. Percebemos uma espcie de potica de contrastes presente nos enunciados:
flor, perfume, abelhas, colibri, frgil biquinho X lama podre, excrementos,
pinga.
De acordo com Raffaella Fernandez, a escrita caroliniana [...] formulada por um
constante deslocamento de linguagens, de modo a gerar uma coexistncia de diferenas que,
nesse ponto, vem a transformar a prtica literria, dando-lhe uma nova dimenso (2008, p.
129). Nesta nova dimenso apontada pela estudiosa, destacamos, na tessitura narrativa, o
modo lrico que preenche os intervalos do discurso social, tingindo-o de linguagem potica.
O processo potico ocorre, antes de tudo, na palavra. A escrita de Quarto de despejo
conjuga-se numa intensidade discursiva marcada por apontamentos sinestsicos da narradora:
A favela hoje est quente. Durante o dia a Leila e o seu companheiro Arnaldo brigaram. O Arnaldo
preto. Quando veio para a favela era menino. Mas que menino! [...]. (JESUS, 2000, p. 46, grifo
nosso)
O relato apresentado atravs de sons que ganham sentidos e valores metafricos, os
quais criam uma expresso lingstica com capacidade de evocar sensaes, impresses e
emoes de Carolina aos leitores.
O terico Lefebve denomina desestruturao um dos tipos de desvio que podem ser
observados na linguagem potica, ou seja, quando certas regras do cdigo ordinrio so
violadas (1980, p.27). A linguagem potica, portanto, a linguagem dos desvios. Neste
sentido, o lirismo presente em Quarto de despejo transforma a palavra corrente em palavra
potica quando liberta a lngua de regras gramaticais, da seqncia lgica e rompe com
conceitos e formas fixas do discurso. Esta linguagem possui suas prprias verdades e seus
prprios modos de estruturao.
Conforme afirma Germana de Sousa, o valor esttico do texto de Carolina [...] est
configurado na obra por meio da linguagem rasurada, que sintetiza dialeticamente
anacronismo e oralidade.(2004, p. 08). Neste sentido, percebemos que a escrita caroliniana,
embora muitas vezes no faa uso das normas lingsticas, capaz de recriar o mundo da
favela em uma originalidade de movimento e cor:
O cu est maravilhoso. Azul claro e com nuvens brancas esparsas. Os bales com
suas cores variadas percorrem o espao. As crianas ficam agitadas quando um
balo vem desprendendo-se. Como lindo o dia de So Pedro. Por que ser que os
santos juninos so homenageados com fogos? (JESUS, 2000, p. 154)
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Ao lidarmos com a escrita de Quarto de despejo notamos os elementos que

constituem uma espcie de harmonizao potica. Ao lado das estruturas sociais, a narrativa
capta a integrao de elementos diversos, resultando uma estrutura narrativa orgnica e auto-
suficiente.
A leitura de Quarto de despejo incita uma discusso em torno do cnone. Esta
literatura menor, como muitas vezes foi denominada, mostra-se capaz de criar
envolvimento e beleza, na medida em que recria poeticamente o rebotalho universo de uma
favela.

Quarto de Despejo: o inventrio da pobreza nos anos dourados

O intervalo de tempo em que viveu Carolina Maria de Jesus, entre 1915 e 1977,
corresponde a um perodo de profundas transformaes no Brasil.
O ano de 1915 correspondia a uma poca em que a sociedade era predominantemente
agrcola. Havia uma exaltao vocao agrcola do pas, e a industrializao ainda
principiante se voltava apenas para a produo de gneros de primeira necessidade, sem a
exigncia de grande tecnologia ou de mo-de-obra especializada.
A partir de 1945 inicia-se a fase de produo de bens de capital. De acordo com Jlia
Falivene Alves, nessa poca, o Estado assumiu a liderana do processo de industrializao, se
associando iniciativa privada em algumas reas e, ainda, procurando atrair o capital
estrangeiro. (1992, p. 31)
nesse contexto que Carolina Maria de Jesus inicia sua condio de migrante. Aps
viver em Sacramento, no Tringulo Mineiro, a autora desloca-se para outras cidades
interioranas, e em 1947 chega favela do Canind, local em que viveria at o incio da dcada
de 1960. Portanto, o perodo em que Carolina vive na condio de favelada corresponde
quele que costuma ser chamado de democrtico, o qual se inicia com o final da ditadura do
Estado Novo (1937 a 1945) e estende-se at as vsperas da instalao da ditadura militar
(1964).
Em 1955, ano em que Carolina inicia a escrita do seu dirio, Juscelino Kubitschek
eleito presidente da repblica. Segundo Thomas Skidmore, em seu discurso Juscelino evocava
que era o destino do Brasil tomar o caminho do desenvolvimento e que a soluo para o
desenvolvimento nacional, com todas as suas injustias sociais e tenses polticas, devia ser a
industrializao urgente. (1979, p. 207)
Juscelino esforou-se por gerar um senso de confiana prpria entre os brasileiros. A
construo de Braslia como a nova capital do pas foi o smbolo escolhido como o sinal dos
novos tempos, alm de ter servido para desviar a ateno de muitos problemas difceis no
setor social e econmico. (SKIDMORE, 1979, p. 208).
Para Carolina os esforos de Juscelino em angariar a simpatia popular no surtiram
efeito, mas serviram para ampliar sua antipatia pelo ento presidente:
[...] o que o senhor Juscelino tem de aproveitvel a voz. Parece um sabi e a sua
voz agradvel os ouvidos. E agora, o sabi est residindo em uma gaiola de ouro
que o Catete. Cuidado sabi, para no perder esta gaiola, porque os gatos quando
esto com fome contempla as aves na gaiola. E os favelados so os gatos. Tem
fome. (JESUS, 2000, p. 30)
Efetivamente no demorou a aparecer os sintomas de desequilbrio do ambicioso
programa econmico de Kubitschek. O anunciado Programa de Metas sob o lema 50 anos de
desenvolvimento em 5 anos de governo resultaria, em meados de 1958, em um aumento de
10% no custo de vida (SKIDMORE, 1979, p. 216). Dessa forma, no decorrer do ano,
Carolina, por repetidas vezes manifestou sua desconfiana em relao a Juscelino: [...] Eu
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no gosto do Kubstchek. O homem que tem um nome esquisito que o povo sabe falar, mas
no sabe escrever. (JESUS, 2000, p. 70).
Carolina critica a ateno dispensada aos pobres pelo governo de Juscelino
estabelecendo relao com uma passagem bblica:
Quando Jesus disse para as mulheres de Jerusalm: - No chores por mim. Chorae
por vs suas palavras profetisava o governo do Senhor Juscelino. Penado de
agruras para o povo brasileiro. Penado que o pobre h de comer o que encontrar no
lixo ou ento dormir com fome. Voc viu um co quando quer segurar a cauda com
a boca e fica rodando sem peg-la? igual o governo do Juscelino. (JESUS, 2000,
p. 117/118)
Na dcada de 1950, a cidade de So Paulo passou por um inchamento, mudando
suas feies. Segundo Marly Rodrigues, as favelas e bairros de periferia brotaram na mesma
intensidade que novos bairros de classe mdia e de gr-finos, o que se refletia na distino
entre os grupos sociais no espao fsico. (1992, p. 32)
Essa realidade no passou despercebida para Carolina, que tinha uma forma muito
prpria de destacar essas diferenas: [...] Eu classifico So Paulo assim: O Palcio, a sala
de visita. A Prefeitura a sala de jantar e a cidade o jardim. E a favela o quintal onde
jogam os lixos. (JESUS, 2000, p. 28)
As condies de vida geradas pelo crescimento desordenado das cidades contrastavam
com a euforia do desenvolvimentismo dos anos dourados. As favelas j se destacavam pela
pobreza explcita e pelo descaso governamental. Em seus estudos sobre a obra caroliniana, o
historiador Meihy, afirma que Quarto de Despejo uma das poucas obras que refletiam a
realidade urbana brasileira, sendo narrado por algum que padeceu na carne o problema da
misria (1994, p. 231). O estudioso constata que a histria de Carolina causou diferentes
sentimentos dentro e fora do Brasil, mas para os pases ricos, mostrava-se como um retrato de
um mundo injusto armado em cima de estruturas solidificadas por sculos de dominao
colonialista:
... Ns somos pobres, viemos para as margens do rio. As margens do rio so os
lugares do lixo e dos marginais. Gente da favela considerado marginais. No mais
se v os corvos voando as margens do rio, perto dos lixos. Os homens
desempregados substituram os corvos. (JESUS, 2000, p. 48)
Carolina no era unanimidade. Classificada ento, das mais variadas formas
favelada preta, mulher pobre e de cor, vtima da misria - mostrava atravs da sua
escrita a indignao com a realidade em que vivia. Muitos viam como surpreendente o fato da
realidade ser apresentada por uma mulher negra e semi-analfabeta, mas que, de modo
independente, soube expressar o sentimento de pobreza e de sofrimento dos marginalizados:
[...] As oito e meia eu j estava na favela respirando o odor dos excrementos que
mescla com o barro podre. Quando estou na cidade tenho a impresso que estou na
sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludos, almofadas de
sitim. E quando estou na favela tenho a impresso que sou um objeto fora de uso,
digno de estar num quarto de despejo. (JESUS, 2000, p. 33 )

Consideraes finais

A anlise aqui realizada permitiu compreender a grande aceitao de Quarto de

despejo, bem como o paradoxal abandono de sua autora no cnone brasileiro.
As reflexes em torno da narrativa caroliniana confirmam os dilogos possveis entre
a fico e a histria, na medida em que revisita um imaginrio social que no se esgotou.
A linguagem um denominador comum entre a Literatura e a Histria, uma vez que
revelam-se como discursos, ou seja, sistemas de significao e portanto, construes
humanas:
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A criao literria traz como condio necessria uma carga de liberdade que a torna
independente sob muitos aspectos, de tal maneira que a explicao dos seus
produtos encontrada sobretudo neles mesmos. Como conjunto de obras de arte a
literatura se caracteriza por essa liberdade extraordinria que transcende as nossas
servides. Mas na medida em que um sistema de produtos que so tambm
instrumentos de comunicao entre os homens, possui tantas ligaes com a vida
social, que vale a pena estudar a correspondncia e a interao entre ambas.
(CANDIDO, 1989, p. 163)
As observaes do crtico Antonio Candido so propcias aos objetivos percorridos
por este texto na leitura de Quarto de despejo. Como leitura possvel da recriao da favela
do Canind, a escrita caroliniana no apenas representa, mas tambm institui a realidade,
instaurando novos imaginrios e prticas sociais. Nesta perspectiva, a fico portadora de
uma reflexo, constituindo-se em uma mediao social, tal como o discurso histrico. Da ser
possvel atravs das tcnicas de expresso literria, revelar a Histria, tais como os modos de
narrar e construir pontos de vista.

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