Pre Projeto Mestrado Lucas UNIRIO
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RESUMO
Este projeto de pesquisa pretende demonstrar a partir de uma anlise dos choros de
Capiba e tendo como eixo referencial terico o pensamento de Blacking e Moraes de que os
que forma o universo do frevo pode ter influenciado estas suas composies e como o dilogo
PALAVRAS CHAVE
1. Introduo
Dono de uma produo musical incontestvel das mais prolixas e variadas, Loureno
da Fonseca Barbosa, o Capiba, se consagrou principalmente por suas composies no gnero
que, como afirma Saldanha (2008), se tornaria o mais representativo da msica urbana do
Recife: o frevo. Juntamente com Nelson Ferreira so considerados dois dos maiores
expoentes desse gnero. Mas Capiba no se restringiu apenas a esse estilo musical e em suas
composies incursionou por valsas, maracatus, sambas, guarnias, baies, toadas, choros,
alm de integrar o movimento Armorial ao lado de Guerra Peixe, Jarbas Maciel, Clvis
Pereira e Cussy de Almeida onde se destacam, dentre outras composies armoriais, sua
Missa Armorial e a sute Sem Lei nem Rei.
Assim como o choro no Rio de Janeiro, o frevo tem sua formao embrionria no final
do sculo XIX com as bandas de msica que tocavam um repertrio europeu com suas
influncias regionais brasileiras e se consolidam a princpios do sculo XX. Saldanha destaca
que
Como msica, o frevo remonta do repertrio das bandas militares sediadas no Recife a
partir da segunda metade do sculo XIX. marcha-carnavalesca derivada das rias
cantadas nos clubes, bem como e principalmente das polcas-marchas e dobrados
tocados pelas bandas musicais de Pernambuco. Inicialmente sofre influncias do
maxixe, da quadrilha e do galope, posteriormente, se deixa influenciar por
americanismos conhecidos atravs do disco e do rdio como o one-step e o jazz. Surge
como msica popular urbana autoral e hoje conta com data de nascimento oficial.
(SALDANHA, 2008, p. 29)
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Dessa forma, pode-se perceber que ambos os gneros partem de um lugar comum,
para a construo de suas identidades como msica urbana brasileira e seguem, possivelmente
pelas diferenas em suas relaes e influncias com elementos musicais e elementos externos
msica, por caminhos diferentes durante sua consolidao.
Mesmo sendo o choro carioca de nascimento, as contribuies que este recebeu por
parte de msicos pernambucanos como os do porte de Joo Pernambuco e Quincas
Laranjeiras em sua fase de consolidao, estes influenciando principalmente no tocante ao
desenvolvimento do repertrio violonstico brasileiro, no podem deixar de ser enfatizadas.
Quanto a essas contribuies Cazes atenta que o contato entre os msicos nordestinos e
cariocas estimulou a consolidao do choro e que a assimilao de novos sotaques e
incorporaes de gneros virtuossticos como o frevo, certamente foram fatores de
enriquecimento do choro na dcada de 1920. (CAZES, 2010, p. 68). Alm desses dois
msicos pernambucanos podemos citar, dentre outros grandes destaques do choro nacional,
nomes muito influentes como os dos bandolinistas Luperce Miranda, Rossini Ferreira e o
violonista Jaime Toms Florence (o Meira). Essa tradio no choro segue ainda muito presente
em Pernambuco at os dias de hoje.
a parte da arte musical que tem como referncia a prpria msica, e no parmetros
externos. Envolve em geral o desmembramento de uma estrutura musical em
elementos constituintes relativamente mais simples, alm da investigao do papel
desses elementos na estrutura. Entre os muitos tipos de mtodos empregados,
incluem-se a anlise atravs da estrutura fundamental (Schenker), do tema, da forma
(Tovey), da estrutural frasal (Riemann), e a que faz uso da teoria da informao
(GROVE, 1994, p. 28).
O mesmo autor ainda atenta que uma anlise do pensamento musical deve incluir tanto
as anlises de partituras, que por si s so apenas representaes aproximadas dos sons
pretendidos de uma pea musical (BLACKING, 2007, p. 207), de transcries descritivas de
performances, que na sua viso podem ser mais precisas, mas que precisam sempre ser
observadas no contexto de seus usos sociais e no sistema cultural do qual fazem parte
(Ibidem).
Enquanto que para Moraes os elementos da linguagem musical tais como melodias,
motivos musicais, andamentos, ritmos e harmonizaes por possurem um discurso e
caractersticas prprias determinantes em sua compreenso podem ser analisados
isoladamente e nas relaes entre si, mas que no entanto eles tambm devem ser
compreendidos na lgica do desenvolvimento da viso de mundo do autor que est,
obviamente, vinculada tambm aos aspectos sociais e culturais de um determinado gnero e
estilo. (MORAES 2000, p. 215) O autor ainda destaca a importncia de outros elementos
como a forma instrumental, os tipos de instrumentos e seus timbres, a interpretao e os
arranjos que contm indicaes fundamentais para compreender a composio por si mesma
e nas suas relaes com as experincias sociais e culturais de seu tempo (Ibidem).
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2. Objetivos
2.1. Objetivo Geral
Compreender a partir de anlises dos choros de Capiba, tendo como eixo referencial
terico o pensamento de Blacking e Moraes de que os fatores extramusicais tambm so
fundamentais para o entendimento de uma obra musical, de que forma se deu o dilogo entre
esse gnero com o universo musical do frevo, to fortemente arraigado na produo musical
de Capiba, como esse dilogo pode ter contribudo no processo composicional desses choros e
que elementos caractersticos do frevo podem ter sidos trazidos para essas composies.
3. Justificativa
O estudo sobre de que forma os choros de Capiba podem ter recebido influncias do
universo do frevo, assim como o frevo, de certa forma, tambm pode ter influenciado o choro
durante sua consolidao no Rio de Janeiro no incio do sculo XX, trar luz uma discusso
sobre a maneira que se tem desenvolvido ao longo da histria o dilogo entre essas duas
linguagens to fortemente encontradas e representativas na cultura musical urbana em
Pernambuco. O dilogo entre as linguagens do frevo e do choro pode ser observado como
uma prtica muito comum e que atravessa geraes entre os msicos pernambucanos,
principalmente em Recife e Olinda. Esse dilogo facilmente identificado, por exemplo, nas
rodas de choro onde no repertrio dos chores o frevo est quase que obrigatoriamente
presente e, em contrapartida, os integrantes dos grupos de choro so em geral os mesmos que
compem as orquestras de pau e corda nos carnavais para tocar o frevo de bloco. Esse
intercmbio de conhecimentos e o trnsito natural em diferentes gneros musicais s vm a
enriquecer ainda mais a maneira de tocar, pensar e compor cada um desses gneros.
O fato de que todo acervo de Capiba estar disponvel no Museu Capiba facilitar o
acesso a esse acervo e torna a pesquisa sobre o entendimento de seus processos
composicionais ainda mais necessria.
4. Metodologia
Uma pesquisa discogrfica com gravaes dos seus choros e dos frevos selecionados
tambm constaro como parte integrante dessa pesquisa, alm de aspectos tcnicos e
histricos importantes para o delineamento do perfil desses gneros que sero abordados
atravs do levantamento bibliogrfico de obras relacionadas a Capiba, anlise musical,
musicologia e etnomusicologia, como tambm de publicaes sobre o choro e o frevo e
demais temas transversais que venham a contribuir para a presente pesquisa.
5. CRONOGRAMA
1o ano
Ms 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1.1.1.1. 1
Atividades 2
Levantamento bibliogrfico X X X X X X
Anlise das obras selecionadas X X X X X X
Pesquisa sonoro-documental X X
2o ano
Ms 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1.1.1.2. 1
Atividades 2
Pesquisa sonoro-documental X X X
Elaborao da dissertao X X X X X X X X X
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REFERNCIAS
CMARA, Renato Phaelante da; BARRETO, Aldo Paes. Capiba: frevo meu bem. Rio de
Janeiro: Funarte - Instituto Nacional de Msica, 1986.
CAZES, Henrique. Choro, do Quintal ao Municipal. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora 34, 2010.
Dicionrio Grove de Msica Edio concisa / editada por Stanley Sadie; editora assistente,
Alison Latham; traduo, Eduardo Francisco Alves Ed. Jorge Zahar. Rio de Janeiro, RJ
1994.
MORAES, Jos Geraldo Vince de. Histria e Msica: cano popular e conhecimento
histrico. Revista Brasileira de Histria. So Paulo, v20, n 39, p. 203-221. 2000.
TINHORAO, Jose Ramos. Histria Social da Musica Popular Brasileira. So Paulo: Ed. 34,
1998.
TORRES, Zilah Barbosa. Capiba: Um Nome, Uma Vida, Uma poca. Recife: Fundao Antnio
dos Santos Abranches FASA, 1985.