Medicina Da Noite
Medicina Da Noite
Medicina Da Noite
JANSEN, JM., et al., orgs. Medicina da noite: da cronobiologia prtica clnica [online]. Rio de
Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007. 340 p. ISBN 978-85-7541-336-4. Available from SciELO Books
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DA CRONOBIOLOGIA PRTICA CLNICA
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Editores Cientficos
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2007
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o homem que ainda no conseguiu aprender como se repetem
os ciclos, com ele uma vez para nunca mais.
Jos Saramago
AUTORES .....
Adolpho Hoirisch
Mdico, livre-docente em Clnica Psiquitrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), professor titular de Psicologia Mdica da UFRJ, membro titular da Sociedade Psicanalti-
ca do Rio de Janeiro e membro titular da Academia Nacional de Medicina.
Arnaldo Noronha
Mdico, professor auxiliar da Faculdade de Cincias Mdicas da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (Uerj) e chefe do Setor de Reabilitao Respiratria do Servio de Pneumologia e
Tisiologia do Hospital Universitrio Pedro Ernesto (Hupe/Uerj) .
Flvio Magalhes
Mdico, especialista em Pneumologia pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
(SBPT) , diretor e mdico do Sleep Laboratrio do Sono do Centro Mdico Barra-Shopping.
Gerson Cotta-Pereira
Mdico, professor titular de Histologia e Embriologia da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (Uerj) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), chefe do Servio de Imunoqu-
mica e Histoqumica da Santa Casa da Misericrdia do Rio de Janeiro e membro titular da
Academia Nacional de Medicina.
Jos Mataruna
Mdico, diretor tcnico do Sleep Laboratrio do Sono do Centro Mdico Barra-Shopping.
Maurcio Younes-Ibrahim
Mdico, doutor em Sciences de La Vie - Universit de Paris VI, livre-docente em Clnica
Mdica / Nefrologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRia), professor
adjunto de Nefrologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e ex-pesquisador
associado e consultor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq).
Prefcio - 13
Apresentao - 17
5 A Adolescncia e a Noite - 87
Jos Henn'que Withers Aquino
7 Sono - 103
Flvio Magalhes eJos Mataruna
8 Cronofarmacologia - 121
Roberto Soares de Moura e Agnaldo Jos Lopes
Parte 11- Sistemas Orgnicos, Doenas e Situaes
ndice - 325
PREFCIO .....
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pelo monge Dionysius Exiguus (Denis, o Baixinho), a pedido do papa Joo I, e em
seguida, no sculo XVI, que perdura at hoje, aquela determinada pelo papa So Greg-
rio XIII e que, inclusive, nomeia nosso calendrio como gregoriano. A inspirao dessa
ltima foi de natureza bem eclesistica: facilitar o clculo da Quaresma a cada ano e a
data da Paixo de Cristo; ou, como dizem outros, dar mais simplicidade e preciso ao
clculo da melhor poca da semeadura da safra de gros para o ano em curso, na sada
do inverno e incio da primavera no hemisfrio norte ... Eureka! Preciso e acelerao!
Flutua nesse novo duplo a seta do tempo externo, as necessidades da sua medida, como
se a prpria vida e suas circunstncias estivessem a acontecer mais rpidas.
E o nosso tempo interior? Como percebemos a sua presena? Afora marcas bvias
tais como nosso crescimento, o ritmo da fome e da saciedade, o sono e a viglia, a libido,
nossa conscincia deste tempo uma conquista da Cincia, em tempos histricos recen-
tes. No sculo XVII, a cadeira metablica de Sartrio; no sculo XIX, o conceito de Meio
Interno (Claude-Bernard); e, na primeira metade do sculo XX, tanto a descoberta da
insulina por Banting e Best (1921) como a descrio das tcnicas de radioimunoensaio,
alguns anos depois (1956), por Rosalyn Yallow' e Solomon Berson, curiosamente iden-
tificando anticorpos antiinsulina pela nova tcnica, so, didaticamente, referenciais
apropriados para o desenvolvimento do nosso conhecimento do tempo interior. Neste
timo de tempo que nos separa destes fatos, meio sculo e a virada do milnio, um
verdadeiro salto quntico transformou o conhecimento, o comportamento e a represen-
tao social das cincias da vida: chegamos ao cromossoma, ao genoma, ao proteoma,
clula-tronco ... manipulao da prpria vida! Virchow no imaginou o alcance da
famosa frase definidora da sua patologia microscpica: "Omnis cellula e cellulaf".
Na Astrofsica, os pulsars marcam o ritmo das emisses de energia por corpos
espaciais especficos e, na nossa Fisiologia, o domnio dos pulsos biolgicos marca
indelvel dos nossos tempos interiores. Para a maioria, o marcador-mor das nossas
vidas ainda o pulso decorrente do batimento cardaco, mesmo reconhecendo o concei-
to tcnico da morte cerebral - a cessao dos seus pulsos bioqumicos que nos mantm
vivos. Nesse Espao-Tempo da vida, como conseqncia especfica dessa tnue sntese
histrica de conceitos anteriormente apresentados, surge, no crepsculo do sculo xx,
o farol de uma nova Cincia - a Cronobiologia. De novo, um duplo-uno fundamental!
No mais como uma mitologia fundadora, platnica, e sim uma realidade cientfica
transformadora. Transformadora, para ns mdicos, do prprio entendimento do bin-
mio sade-doena tanto nos seus aspectos coletivos de preveno e profilaxia como,
mais ainda, na prtica individualizada do atendimento ao sofrimento dos nossos pa-
cientes individuais. Citando o exemplo da Cronofarmacologia, destacamos um dos
campos em que se projetam transformaes, diramos mesmo, revolucionrias para a
'Primeira mulher americana prtica mdica.
aganhar um Prmio Nobel em de notar que Hipcrates nos seus aforismos sbios no se refere s enfermidades
Cincias (1977) e a ser
da noite. Vem, ento, o professor Jos Manoel Jansen e colaboradores, dois e meio milnios
membro da Associao
Mdica Americana (AMA). depois, nos trazer Medicina da Noite, este primoroso volume com ampla, profunda e
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atualizada informao sobre o binmio transformador e desafiador do terceiro milnio
- Medicina e Cronobiologia -, sob a perspectiva da noite, para o aprimoramento e delei-
te do mdico atilado e sintonizado com os avanos da Cincia que podem repercutir,
positivamente, na sua prtica profissional. A noite, a insegurana, os temores, a escu-
rido, os sustos, os medos, freqentemente alinham-se em dana eloqente que se con-
trape s montonas lamentaes. " noite; eis que se eleva mais alto a voz das fontes
fervilhantes. E minha alma tambm uma fonte fervilhante ... , mas vivo encerrado na
minha prpria luz, reabsorvendo as chamas que jorram de mim". Assim falou Zaratustra!
Para muito alm dos sonhos e dos terrores noturnos, a includos as enureses,
bruxismos e polues, Jansen e colaboradores dissecam com maestria os assincronis-
mos dos ritmos biolgicos circadianos, hebdomadrios e que tais. Nos seus vrios cap-
tulos ordenadamente organizados, desde os fundamentos tericos desse conhecimento
at as diversas situaes especficas, nele tratados, conseguem os autores a faanha de
trazer a todos ns, nefitos no assunto ou nem tanto, o estado-da-arte desta matria.
"O tempo e o sono", primeiro captulo, e "Cronobiologia e seus mecanismos", o
segundo, so bases slidas para entender o desenvolvimento do tema central - a Medi-
cina da Noite. A seguir, rigor da clareza e da forma do livro, utilizam os ciclos biolgi-
cos da vida para apresentar as diferenas fisiolgicas especficas entre crianas, adoles-
centes, adultos e gerontes, determinadas pela luz e a escurido, o dia adrenrgico e a
noite melatonnica. Hermann Hesse ensina que "no h dia, por mais quente e rigoroso,
que a tarde no se compadea dele e que, afinal, no o envolva nos braos da me noite".
De a em diante, a patologia assume o protagonismo do texto iluminando a noite
na prtica mdica. No se recusa, inclusive, a dissecar as entranhas daquela que a
doena da velocidade do tempo, na modernidade: o jet lago De outro modo, destaca as
conseqncias negativas dos turnos prolongados de trabalho para os profissionais de
sade e sua relao direta com um maior nmero de erros de conduta a eles associados.
No entanto, a noite no s temor: por exemplo, na Medicina alegre, a Obstetrcia,
poucos so os que se afastam da crena de que o badalar dos sinos biolgicos prefira a
noite para fazer-se escutar! Foi noite que nasceu Jesus!
Pode ser que a noite at no alaparde mais enfermidades que o dia; que tudo o que
se sugere no passe de artifcios dos autores para capturar a benevolncia do sentimen-
to dos crdulos. O deslinde tarefa para quantos se venham dedicar s contraprovas
estatsticas, que porventura socorram as dvidas dos perplexos. Que no seja preterida
contudo a lio bblica que acalma a quantos, como ns, continuam a temer pelas
doenas instaladas durante a noite: "Noli altum sapere, sed time!" (No pretendas sa-
ber muito, mas teme!).
No nosso intento fazer a resenha do livro e no essa a funo do prefcio. A
ele cabe fazer, ou melhor, pr-fazer a introduo do tema e do texto do livro, verdadeiro
estimulante para o deleite que ele antecipa. A responsabilidade enorme. Sneca ensi-
na-nos que "O excesso de livros um peso para o homem que estuda; no o instrui;
muito melhor dedicar-se a poucos autores do que errar a esmo atravs de muitos". Uns
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mil e setecentos anos depois, Denis Diderot, em 1763, na sua "Carta Sobre o Comrcio
do Livro", ratifica o conceito ao afirmar que "antes destes dias de uma suntuosidade que
se esvai com coisas de aparato, custa das teis, a maioria dos livros fazia parte das
ltimas." A Revoluo Francesa que se seguiu ilumina o caminho definitivo do livro
como instrumento essencial de conhecimento e cultura.
Este volume, Medicina da Noite, merece a dedicao que as coisas teis deman-
dam s pessoas em busca de conhecimento e cultura. Para ns, mdicos com interesses
gerais ou especficos na matria, ele traz informao de qualidade, guia-nos pela noite
peridica da vida demonstrando sua intensa atividade fisiolgica e suas interrelaes
com a sade dos dias subseqentes. Das suas anomalias, estabelece os caminhos deter-
minantes de fenmenos clnicos anormais , delas decorrentes, e que transformam as
pessoas em doentes - indivduos que sofrem, merecedores dos nossos melhores cuida-
dos. Saber poder, sintetiza esse pargrafo e toda a idia central do prefcio.
Na tumba do fara Tutmosis III (XVIII Dinastia, 1504-1450 a.C.), encontra-se o
Livro de Amduat que uma representao religiosa da viagem do deus Sol (Ra) atravs
do mundo "Mais Alm"; so as ilustraes das doze horas que o deus, acompanhado na
sua barca por outras divindades e gnios protetores, realiza a viagem de regresso da
morte (a noite) para a vida (o amanhecer) , ciclo que se repete a cada anoitecer - so as
horas escuras do sol! Essa a metfora para Medicina da Noite. Ou como disse um dos
colaboradores do livro "para sair da escurido preciso admitir a possibilidade da luz!"
"Nox gubernatorem prudentem tenet" (A noite atemoriza o piloto prudente) . Os auto-
res, prudentes, no se atemorizaram e nos oferecem esses textos amenos e perspicazes
que engrandecem a bibliografia nacional!
Bom-Dia, Boa-Noite, Boa Leitura!
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APRESENTAO .....
Este livro tem como tema os fenmenos que ocorrem na vida humana em metade
de todos os seus dias (as noites). Hoje, sabemos que h variaes noturnas de todas as
funes orgnicas, graas a fenmenos cronobiolgicos que sero a base de quase a
totalidade do estudo expresso nos captulos a seguir.
Integra a formao de qualquer mdico o treinamento de emergncias. Os famosos
plantes de pronto-socorro so tambm noturnos, quando o aluno aprende, na prtica,
que h doenas mais prevalentes noite e que certas outras pioram nesse perodo. Da
intensidade desse aprendizado, por fora da ao profissional realista, os plantes noturnos
so inesquecveis e permanecem na histria de todo mdico. Quem no se recorda de
mltiplas crises de asma brnquica, no profundo da madrugada, com o sofrimento agudo
dos doentes, risco de vida para alguns, o acompanhamento bem prximo para ajustar o
tratamento quase a cada minuto? Dessa dedicao, redunda a consolidao da solidarie-
dade do mdico ao seu paciente e o aprendizado de mltiplos aspectos semiolgicos e
teraputicos. No s a asma brnquica, mas muitas outras doenas tambm fazem parte
dessa vivncia.
Embora muitos aspectos da Fisiologia e da Nosologia noturnas sejam, portanto,
constituintes do saber prtico de todos os mdicos desde os primrdios de seu apren-
dizado, h, nitidamente, falta de disseminao dos conhecimentos, hoje muito esta-
belecidos, da Cronobiologia e, mais do que isto, estamos carentes de fazer conhecer esta
cincia capaz de clarear inmeras situaes.
Do ponto de vista rotineiro, este livro tem ttulo incomum, inesperado: Medicina
da Noite. Mas, pensando bem, no existe um conjunto de caractersticas noturnas das
doenas? Um clebre autor (Eugene Robin) cunhou uma frase lapidar: "O paciente ador-
mecido , assim mesmo, um doente. Sua doena, alm de continuar noite, pode pro-
gredir de forma inteiramente diferente do que durante o dia" .
A Medicina 'oficial' dos tempos correntes, expressa nos livros-texto e na grande
maioria das revises, consensos e artigos em geral, s se refere a fenmenos que ocor-
rem de dia. Quase nunca h descrio de fenmenos noturnos e, no entanto, continua-
mos a viver, a ser doentes e a sofrer tambm noite , s vezes de forma diferente.
A concepo de Medicina da Noite no a afasta da Medicina, mas se incorpora a
esta como parte constituinte, e s destacada neste livro para ser compendiada como
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um todo e se mostrar importante - j que na atualidade esquecida. Assim, desejamos
afirmar que o conceito de Medicina da Noite :
~ uma realidade
~ uma necessidade
~ muito til
Enfatizando: entender que o organismo humano modifica-se noite e que certas
doenas expressam-se mais ou preferentemente nesse perodo um ganho do mdico no
trato com seus doentes, alm de ser uma solidificao de seu aprendizado adquirido nos
plantes de emergncia ou na prtica posterior.
Dos contatos que tivemos para explicar o contedo e a concepo deste livro a
dezenas de colegas, extramos uma reao quase uniforme. Inicialmente, certo espanto,
buscando entender as motivaes, mas, logo a seguir, compreenso integral da argu-
mentao, seguida por entusiasmo de muitos. A impresso que sempre aflorou foi a de
se acender uma lmpada que j tinha o circuito preparado e que s esperava o clique do
interruptor para incandescer-se. Foi o que ocorreu de forma uniforme com os autores
dos diversos captulos, todos eminentes especialistas em suas diversas reas e que
tiveram a gentileza de reunir suas vivncias e pensamentos, alm de rever seus temas
com grande cuidado e, finalmente, oferecer-nos peas primorosas para compor este con-
junto mpar, o qual traz ao mdico brasileiro um corpo terico para sua reflexo.
Aos autores dos captulos foi dada inteira liberdade nos seus trabalhos, a inclu-
dos a esquematizao e o desdobramento dos mesmos.
O livro dividido em duas partes, como so, comumente, os livros de Medicina
que pretendem ser abrangentes: as bases e a aplicao na prtica. No se pode fugi r
desse esquema, mesmo que a alguns parea que se deveria atacar logo a faceta clnica
do assunto. 'Perdemos' oito captulos para o embasamento do tema e julgamos que
assim est bem 'armado'. Com essa arquitetura, o leitor poder munir-se de muitas
pginas que o preparam para o deleite da segunda parte. Com efeito, a prtica mdica
toda ela dependente de mltiplas cincias e amalgamada pela arte da sua aplicao.
Ento, as 'Bases Gerais, Cronobiolgicas e Clnicas' so distribudas de forma a
levar o leitor das consideraes genricas que falam da noite e do tempo at a Cronobi-
ologia e sua aplicao. Tivemos o cuidado de oferecer at um captulo de 'Mecanismos
Celulares da Cronobiologia', tema que pode ser julgado excessivo por alguns, mas que
d a substncia cientfica da certeza de que a Biologia una, levando o homem a se
comunicar com toda a escala da Evoluo. Foi muito feliz a idia de proporcionar cap-
tulos com a viso de especialistas nas diversas idades do homem - crianas, adolescen-
tes e gerontes. Tm um sabor agradvel de prtica mdica com embasamento. O sono ,
hoje, uma cincia e tem um espao privilegiado no livro, embora at merecesse mais. E,
finalmente, coroando esta primeira parte, uma aplicao que dever progredir muito
nos anos vindouros - a Cronofarmacologia. Saber quais so os ditames da Cronobi-
ologia para melhorar a administrao de tratamentos (medicamentosos ou outros)
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e, assim, melhor tratar os pacientes, um ganho extraordinrio que o mdico do sculo
XXI passa a ter.
A segunda parte lida com diversos sistemas orgnicos, algumas doenas e situa-
es importantes (Medicina das Viagens e do Trabalho). Estamos certos de que ser um
deleite para todos os que se interessam pelo assunto e que, principalmente, tiveram o
cuidado e a pacincia de percorrer a primeira parte.
H muitos anos, trabalho em conexo com os colegas Arnaldo Noronha, Teresinha
Yoshiko Maeda, Domenico Capone, Agnaldo Jos Lopes e Ursula Jansen, estando to-
dos incorporados numa linha de produo que, como este livro , pretende versar sobre
temas teis Medicina brasileira. Assim, nada mais natural que estivessem junto
comigo , com suas competncias mais que comprovadas, coordenando e editando esta
Medicina da Noite. O professor Gerson Magalhes, com sua inteligncia clara e prag-
mtica, foi colaborador interessado desde o primeiro momento e incorporou-se neste
trabalho de organizao.
Desejo prestar uma homenagem especial a um colega que, embora no partici-
pando do livro, foi grande incentivador, ao assumir a idia-me, e com sua mente
privilegiada foi sempre uma mola impulsora - o professor Eddy Bensoussan.
Outro grande apoiado r foi o professor Jos Galvo Alves que, com suas qualidades
de magnfico clnico e educador permanente, sempre quis que estes conceitos fossem
desenvolvidos, amparando nossos esforos de maneira muito positiva.
O professor Luiz de Paula Castro esteve muito presente em todas as fases da prepa-
rao do livro, desde a confeco de um dos mais importantes artigos at os trabalhos
efetivos de sua publicao.
A Fundao Oswaldo Cruz, de extensa e reconhecida atuao na rea cientfica
nacional, estende seus trabalhos para uma interface com a clnica, e o apoio que pres-
tou publicao deste livro bem a traduo do esprito pblico e clarividente de seu
presidente, o professor Paulo Buss, bem como do trabalho diligente e profcuo do Coor-
denador Executivo da Editora Fiocruz, Joo Carlos Canossa Mendes.
Em 1991 , levado pelo meu interesse em torno do controle circadiano do calibre
brnquico na asma que me consumia h mais de uma dcada, freqentei em Mangui-
nhos o VIII Curso de Vero de Cronobiologia ministrado pelo Grupo Multidisciplinar de
Desenvolvimento e Ritmos Biolgicos (GMDRB) da Universidade de So Paulo (USP), e
pude tomar contato com o amplo mundo da Cronobiologia. Aos denodados professores
do GMDRB que constituem a vanguarda brasileira da Cincia que rene o tempo vida,
as homenagens devidas aos pioneiros e desbravadores.
Convidamos para prefaciar o livro os professores Jos Augusto Messias e Ornar da
Rosa Santos, dois dos maiores clnicos das geraes vigentes . Razes? Primeiro, pela
excelncia de suas capacidades e atuaes na prtica e no ensino. Segundo, porque
estamos precisando de penas abrangentes e brilhantes para consolidar o tema Medicina
da Noite. Terceiro, porque so herdeiros legtimos da longa tradio da Clnica Mdica
no Rio de Janeiro, representada por Miguel Couto, Waldemar Berardinelli, Luiz Capriglioni,
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Aloysio de Castro, Miguel Pereira, Edgard Magalhes Gomes, Luiz Feij, Aloysio de
Salles Fonseca, Jayme Landmann, Jacques Houli, Clementino Fraga Filho, Amrico Pi-
quet Carneiro, Fioravanti di Piero, Hlion Pvoa, Anbal Nogueira, Jos de Paula Lopes
Pontes , Lafayette Pereira, Hlio de Castro Lobo , Stanislau Kaplan, Orlando Augusto
Soares e tantos outros. Quarto, pela preocupao dos dois na recuperao do conceito
de Medicina Interna e na busca da revitalizao de sua aceitao pelos jovens mdicos.
Quinto, porque, em conjunto, podero alavancar a disseminao dos conceitos aqui
expressos. Assim como a Cronobiologia inclui a concepo dualista de dia e noite, sono
e viglia, temos, ns tambm, dois prefaciadores, que nos incorporaro neste ciclo vital.
Uma palavra final de reforo sobre nosso tema central. A Cronobiologia no uma
hiptese ou uma tese. Ao contrrio, uma Cincia estabelecida que abrange todos os
seres vivos, sendo to presente e explicando uma srie enorme de fenmenos cclicos
que, no incio do sculo XXI, pode ser considerada uma das cincias integradoras dos
seres vivos. A Medicina da noite filha da Cronobiologia. Esta deve ser divulgada
tambm no territrio da Medicina como uma doutrina moderna, agregadora de todas as
especialidades em torno de seus princpios, basicamente clarificadora de muitos aspec-
tos da prtica, alm de inspiradora do raciocnio clnico, orientando o diagnstico e o
tratamento.
Com o mundo biolgico moderno, ns mdicos devemos aprender a pensar 'crono -
biologicamente' e a incorporar esses conceitos ao nosso dia-a-dia.
20
*
'*
*
o Tempo e o Sono na Medicina da Noite
Jos Manoel Jansen
Agnaldo Jos Lopes
Ursula Jansen
Arnaldo Noronha
Gerson Magalhes
INTRODUO
23
MEDICINA DA NOITE
porais existem com perodos mais longos como o ciclo menstrual, alm de
outros ciclos mais rpidos. De qualquer forma, a noite tem todas as conota-
es patolgicas e de variaes fisiolgicas que sero aqui revistas porque a
organizao biolgica comumente oriunda do balano das fases claro -
escuro do perodo de 24 horas.
~ Efeitos do dormir - O sono fundamental para a manuteno da vida har-
mnica do homem. Suas conseqncias mais importantes so a recupera-
o das atividades fsica, intelectual e psquica. O sono to importante que
passamos cerca de um tero de nossas vidas dormindo. A importncia do
sono to destacada que comporta um captulo na parte I e outro na parte lI,
especfica dos sistemas orgnicos alterados noite, descrevendo, este lti-
mo, apenas uma de suas doenas - a sndrome da apnia-hipopnia obstru-
tiva do sono. Em muitos outros captulos, o sono destacado. Vrios efeitos
do dormir tambm podem ter influncia na Medicina da Noite, como o dec-
bito, a temperatura ambiente que mais fria e certas posies do corpo que
propiciam compresses de nervos perifricos, por exemplo.
~ Efeitos do no-dormir - Socialmente, a 'noite' um apelativo a certas ati-
vidades que levam ao gregarismo, fantasia, ao romantismo, ao divertimen-
to, s artes, mas tambm extrapolao e prticas perigosas. Assim, sabida
a grande incidncia noturna de traumatismos como acidentes automobilsti-
cos ou decorrentes de disputas fsicas. Tambm so comuns as conseqncias
de intoxicao exgena, como os efeitos do alcoolismo e do uso de drogas
ilcitas. A insnia e os medos noturnos inscrevem-se tambm neste item.
Dessa forma, a Medicina da Noite pode ser resumida em duas facetas:
~ o sono (ou tambm o no-dormir);
~ o tempo (base do estudo da Cronobiologia).
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oTEMPO E O SONO NA MED ICI NA DA NOITE
25
MEDICINA DA NOITE
26
oTEMP O E O SONO NA ME DICI NA DA NO ITE
Pineal
(Epitlamo)
Prosencfalo
Tlamo Mesencfalo
Hipfise Cerebelo
* Ncleo supraquiasmtico
Fonte: Adaptado de Foster, R. & Kreitzman , L. Rhythms 01 Life. London: Profile Book, 2004.
Figura 2 - Esquema das relaes entre diversas regies do encfalo envolvidas no ciclo sono-viglia
A excitao cortical (em diferentes intensidades)
promove o estado desperto. A depresso cortical
est relacionada ao sono. As diferentes etapas do O tlamo funciona como ' estao intermediria' ,
sono esto relacionadas co~m
atividade cortical ~ recebendo sinais do hipotlamo e do tronco cerebral.
diferente. Melata, Esses sinais so ' tratados' e, depois, enviados ao crtex.
~
r}:l'ei- ~
* Ncleo supraquiasmtico
Fonte: Adaptado de Foster, R. & Kreitzman , L. Rhythms 01 Life . London : Profil e Book, 2004 .
27
MEDICINA DA NOITE
NTLD (acetilcolina)
HL (orexina) -+-E:~~~~~l/
NSQ FR (glutamato)
LC (noradrenalina)
FR = formao reticular; HL = hipotlamo lateral; NPOVL = ncleo pr-ptico ventrolateral; NSQ = ncleo
supraquiasmtico; NTLO = ncleo tegumentar laterodorsal; NTM = ncleo tuberomamilar; NTPP = ncleo
tegumentar pedunculopontino.
Fonte: Adaptado de Foster, R. & Kreitzman, L. Rhythms af Life. London : Profile Book, 2004.
28
oTEMPO E O SONO NA MEDIC INA DA NOITE
Melatonina
Acelilcolina "' 8
~ NREM/REM
\J)
oncleo supraquiasmtico, como relgio biolgico que , induz e controla os mecanismos envolvidos no ritmo
sono-viglia. Ohipotlamo anterior induz o sono. Ohipotlamo posterior e o tronco cerebral promovem o despertar
ea manuteno do estado alerta. Otlamo, como 'estao intermediria' , modula os estmulos de sono e de estado
alerta. A glndula pineal, atravs da produo de melatonina, estimula o sono. Mltiplos estmulos neuroqumicos
chegam ao crtex e, de seu balano, resulta o estado de excitao ou depresso cortical. Aalternncia do sono REM
e no-REM resultado da interao de diversos ncleos do tronco cerebral.
Fonte: Adaptado de Foster, R. & Kreitzman, L. Rhy/hms 01 Life . London : Profile Book, 2004 .
29
MEDICINA DA NOITE
30
oTEMPO E O SONO NA MED ICINA DA NOITE
nal dos sonhos, caractersticos desta fase do sono. Tambm bom acenar para a
existncia das vias descendentes para a medula que levam ao relaxamento muscular.
Periodicamente, 90 minutos aproximadamente depois do incio do sono no-
REM, descargas dos ncleos tegumentares pednculo-pontinos e dos ncleos tegu-
mentares ltero-dorsais do incio ao sono REM; estes ncleos so ativos durante o
sono REM e na viglia, e tm sua atividade inibida pelas descargas do ncleo dorsal
da rafe e do !oeus eoeruleus. por isto que anti-depressivos, atravs do aumento da
disponibilidade de serotonina e norepinefrina, reduzem o sono REM.
Na integrao normal entre sono no-REM e REM, tem grande importncia um
conjunto de clulas no hipotlamo lateral que secretam o polipeptdeo orexina; tais
clulas, quando comprometidas, do lugar narcolepsia .
~cordar' (sair do perodo de sono) pode depender de :
~ Grande estmulo sensorial como sons intensos e luz, com desligamento dos
mecanismos do sono.
~ Ao dos chamados neurnios do despertar do !oeus eoeru!eus .
~ Ao de neurnios das regies basais do lobo frontal.
~ Mecanismo de modulao ascendente que influi sobre o tlamo, restauran-
do o pleno funcionamento do modo de transmisso com volta da excitao
conical plena.
~ Funcionamento das vias descendentes para excitao dos mecanismos de
ativao dos msculos esquelticos.
Alm de outras consideraes, o sono tem duas caractersticas bsicas: 1)
estado reversvel, nisto diferindo da hibernao, do coma e da morte; 2) tem condi-
es de responder a estmulos endgenos ou exgenos de modo limitado, mas, se tais
estmulos se intensificam, o sono cessa e sobrevm o despertar. O sono apresenta-se
como estado em que animais assumem determinadas posies: eqinos dormem de
p, bovinos com olhos abertos, morcegos de cabea para baixo, pssaros se fi-
xam nos poleiros com seus ps e seres humanos preferem o decbito para dor-
mir. O tempo de sono varia, segundo as diversas espcies: duas horas na girafa, 20
nos morcegos e, quanto a ns adultos, dormimos em mdia 8 horas, nisto existin-
do variaes individuais e conforme as diversas fases da vida; assim que o feto
dorme quase todo o tempo, o recm-nato 16 a 18 horas, caindo o tempo de sono
para 14 horas no final do primeiro ano e para 12 horas aos trs anos, chegando
progressivamente ao padro adulto .
Embora possamos ficar, em situaes extremas , dias sem comer, tal fato no
ocorre com o sono, no sendo possvel manter-se o estado de viglia depois de dois
ou trs dias de privao de sono. Deste modo, funo biolgica fundamental, envol-
vendo trs processos bsicos: 1) homeosttico, determinado pela quantidade prvia de
sono e viglia, da qual a necessidade imperiosa de dormir aps prolongadas viglias
31
MEDICINA DA NOITE
o TEMPO
Como o tempo a base da Cronobiologia, permitimos-nos algumas considera-
es sobre o mesmo.
32
oTEMPO E O SONO NA MEDIC INA DA NOITE
Para a Fsica moderna, o conceito de passagem do tempo (seta do tempo) baseado no senso comum apenas uma
iluso. A Teoria da Relatividade 'acabou com o tempo', no sentido de presente, passado e futuro. Otermo 'tempo
blocado' introduz a concepo de que toda a eternidade constituda por um bloco delimitado pelas trs dimenses
espaciais mais a temporal. Assim, o tempo em que os fenmenos ocorrem unitrio, Nesta figura, esto represen-
tados os movimentos da terra e da lua, esta ltima formando uma espiral em torno da trajetria da terra. Obloco,
dentro do qual ocorrem todos os fenmenos espaciais e temporais, d o conceito de que tudo ocorre como um
conjunto, excluindo a idia de presente, passado e futuro,
Fonte: Adaptado de Davies, P. That mysterious flow. Scientific American, 16(1): 6-11, 2006.
33
MEDICINA DA NOITE
Percepo do Tempo
34
oTEMPO E O SONO NA MEDICINA DA NOI TE
35
MEDICINA DA NOITE
36
oTEM PO E O SONO NA MEDICINA DA NOITE
37
Figura 6 - A deusa do cu, Nut, e o ciclo solar na concepo da civilizao egipcia
A concepo dos maias em relao ao universo descreve trs mundos: 1) o Mundo do Meio, que
a Terra, habitada pelos homens, constitudo de um quadrado que flutua num imenso oceano,
fazendo limite com 2) o Inframundo, local dos mortos e de deuses especficos, constitudo de
nove nveis; 3) o Mundo Superior, constitudo de 13 nveis, o territrio dos deuses edos astros.
No centro do universo ealcanando os trs mundos encontra-se arvore Csmica, aseiba (Ceiba
pentandra) sagrada justamente porque representa o eixo do mundo e a conexo entre Mundo
Superior, Mundo do Meio e Inframundo. Os estudos astronmicos maias eram to precisos que
obtinham resultados mais exatos que os do calendrio gregoriano atualmente vigente. Dentro
dessa perspectiva, o sol era muito estudado, como astro de luz e vida, revelando uma das
divindades mais potentes. Embora sem saber explicar o ciclo solar, em que o astro mostra-se
brilhante durante o dia e est oculto durante a noite, a mitologia maia representava o sol noturno
como um deus especfico, GIII da Trade de Palenque. Nesta figura, est representado todo o ciclo
solar atravs de sua eclptica, incorporando otrajeto diurno eo noturno (passagem pelo Infrarnun-
do). Ocurso diurno o smbolo dos fenmenos da vida humana no perodo claro. noite, a vida
continua, porm o deus Jaguar, metfora do sol noturno, avana pelo Inframundo para renascer no
prximo dia e fechar o ciclo solar.
Figura 8 - Concepo crist da seta do tempo associada ao ciclo do tempo
Frontispcio da primeira edio de Telluris Theoria Sacra ('Teoria Sagrada da Terra') -1690 - de
Thomas Burnet. Nesta concepo, a histria da Terra feita seguindo a seta do tempo, porm na
conformao de um crculo que termina por representar o ciclo do tempo. Jesus, sob o lema "Eu
sou o alfa e o mega", assenta seus ps sobre dois globos, que so acompanhados por cinco
outros, formando, o conjunto, um ciclo. Segundo a tradio da corporao dos relojoeiros,
devemos iniciar a interpretao no sentido horrio, a partir do globo sobre o qual est o p
esquerdo de Jesus, seguindo at o ltimo globo, o que est sob o p direito. Oprimeiro deles
o da Terra original , catico eamorfo, negro. A seguir, a Terra organizada, lisa do den, antes da
queda. Oterceiro o dilvio, com a representao das guas sobre a superfcie da Terra: nessa
representao, a pequena mancha escura acima da linha do Equador aarca de No. Aprxima
a Terra ps-dilvio, com a crosta rachada em continentes: o perodo que vivemos. A outra,
futura, o perodo da consumao pelo fogo, talvez fruto de hecatombe nuclear. A resoluo
ocorre na esfera seguinte, com aTerra expiada de pecados, lisa como a primordial, reino da volta
de Cristo por mil anos. A ltima ocorrer quando do Juzo Final, quando os justos no mais
habitaro a Terra, que se transformar em estrela. Essa histria , sem dvida, a seta do tempo,
que mostra toda a histria da Terra numa seqncia. Porm, os globos esto dispostos em
crculo, e o que inicia em Cristo a ele retorna, fechando o ciclo.
Fonte: Figu ra e interp retao de Gould , S. J. Seta do tempo. Ciclo do tempo - mito e metfora da
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45
CRONOBIOLOGIA E SEUS MECANISMOS
47
MEDICINA DA NOITE
mentos das folhas mantinham-se. Assim, esse foi o primeiro exemplo de fenmeno
temporal observado em livre-curso. Como, na poca, todos os fenmenos semelhan-
tes eram dados por conta de influncia direta das flutuaes de luz ou calor do
ambiente, foi julgado por muitos que o astrnomo no conseguira fazer o isolamen-
to perfeito da planta e a persistncia dos movimentos era devida a qualquer marca-
o externa que tivesse persistido. A partir da, muitas discusses e experimentos
acerca dos movimentos da Mimosa pudica ocorreram.
Trinta anos aps a comunicao de De Mairan, Du Monceau demonstrou que
os movimentos da sensitiva eram independentes de variaes ambientais de tempe-
ratura. Em 1832, De Candolle demonstrou que o perodo de variaes das folhas da
sensitiva, quando em livre-curso, era de 22 a 23 horas e no de um dia certo (2 4
horas). A seguir, pfeffer, inicialmente incrdulo quanto a influncias do tempo na
sensitiva, terminou por se convencer do contrrio, aps experimentos estritos. Sem
dvida, quando um cientista muda a sua hiptese perante a evidncia extrada de
investigao bem conduzida, isto representa um peso muito grande no tocante a
suas concluses.
No terreno mdico, a primeira manifestao de fenmeno cronobiolgico foi a
tese de doutoramento de Virey, na Frana, sobre variaes circadianas da temperatu-
ra em pessoas ss e doentes.
Charles Darwin, em publicao de 1880, dizia que os movimentos das plantas
se devem a propriedades inerentes a elas prprias.
Desses primeiros relatos, j fica clara a essncia das variaes biolgicas rela-
cionadas ao tempo: 'as alteraes so dependentes de mecanismos prprios do orga-
nismo, guardam relao com o tempo (dia, ano, semana etc.), mas so independen-
tes do mesmo' . Tudo se passa como se um mecanismo 'aprendido' e relacionado ao
tempo se tornasse independente do mesmo e, por conseqncia, autnomo (Figura 1) .
A luz e outros fatores externos guardam relao com esses fenmenos apenas como
'corretores' do perodo das variaes apresentadas.
No decorrer da segunda metade do sculo XIX, de todo o sculo XX e deste
incio do XXI, milhares de experimentos em todos os ramos da Biologia documenta-
ram sempre o mesmo: a existncia de mltiplos ritmos alcanando praticamente
toda a escala taxonmica e em mltiplas de suas funes.
Em 1935, Bnning introduziu um outro conceito fundamental que a trans-
misso hereditria da marcao temporal. Estudando uma espcie de feijo, no to -
cante a movimentos do caule e das folhas, demonstrou a transmisso por heredita-
riedade dos perodos correspondentes aos movimentos.
A maioria dos autores concorda que a Cronobiologia veio a se impor como
conceito definitivo e progressivo a partir de meados do sculo XX. Com efeito, hoje,
compreendemos razoavelmente bem os mecanismos envolvidos e reconhecemos o
fenmeno de forma ampla. Mesmo assim, ainda h necessidade de maior aceitao
e, principalmente, de aplicao dos conceitos tericos, especialmente na Medicina.
48
CRONOBIOlOGIA ESEUS MECANISMOS
evidente que um ser vivo, com mecanismos capazes de adapt-lo, quer mor-
folgica, quer funcional, quer topograficamente, s variaes cambiantes promovi-
das pelos ciclos geofsicos e de outra natureza, ter muito melhores chances de
sobrevida que outros, desprovidos dessas vantagens. Esse conceito est embutido
no princpio fundamental de persistncia do mais apto, base de todo o discurso da
Evoluo. Embora essas consideraes no faam parte do arrazoado inicial de Da-
rwin nem dos primeiros estudos evolucionistas, hoje perfeitamente assimilvel
teoria da seleo das espcies, permitindo a sobrevida dos seres mais adaptados.
Os ciclos biolgicos so de tal ordem que apresentam o fenmeno da 'antecipa-
o'. Isto significa que as alteraes ou mudanas necessrias ao enfrentamento de
uma determinada situao relacionada ao tempo ocorrem independentemente de o
fenmeno temporal se expressar. Assim, antes que uma variao da luminosidade
49
MEDICINA DA NOITE
50
CRONOBIOlOGIA E SEUS MECANISMOS
diversas espcies que se abrem em horas bem determinadas e diversas do dia, permi-
tindo a polinizao seletiva e garantida por parte de insetos como abelhas.
O tema dos nichos temporais mostra que as variaes em relao ao tempo no
so unvocas e devem, portanto, ter 'nascido' em momentos diferentes da evoluo,
sendo resultantes de diversas linhas desenvolvidas separadamente e no oriundas
de um nico e exclusivo fenmeno primitivo.
Sem dvida, o tempo, como fator de seleo, uma importante varivel que se
acrescenta ao edifcio da Evoluo e lhe traz nova significao e um desdobramento
muito esclarecedor a respeito de mirades de fenmenos biolgicos.
Um conceito genrico que aflora dos experimentos cronobiolgicos que o
comportamento temporal dos seres vivos encontra-se ajustado s condies ambien-
tais, permitindo-lhes relacionar-se com o 'meio externo' da forma mais adequada e
nos horrios corretos.
51
MEDICINA DA NOITE
52
CRONOBI Ol OGIA ESEU S ME CA NI SMOS
escuro, quando ele inicia suas atividades, ajustando o perodo do ciclo endgeno.
O inverso pode ser dito em relao ao homem, animal diurno, quando o zeitgeber
a luz e no o escuro.
O ajustamento pelo zeitgeber, como fcil concluir, deve ser realizado a cada
ciclo, quando feita a correo da diferena de fase, e esse arrastamento d-se por
avanos ou atrasos da fase do ritmo endgeno. O zeitgeber funciona mais como a
interface claro/escuro ou escuro/claro.
Se um ritmo circadiano estudado em um animal (ou planta, ou organismo
inferior) isolado de seu ambiente e, portanto, sem zeitgeber (em livre-curso, como
dito tecnicamente) , o ritmo se manifesta com seu perodo primitivo, de 25 horas, por
exemplo. Assim, h uma deriva constante e, a cada dia, o ritmo avana uma hora
em relao ao dia solar. Ao final de 12 dias, o avano ter sido de 12 horas, exa-
tamente em oposio de fase. O 'pico' do fenmeno ocorrer exatamente quando
deveria estar no seu mnimo (Figura 1).
noite dia
o 12h
Em A - Atividade de ratos obtida em ciclo claro/escuro de 24h . Em B - Estudo em livre curso. H uma deriva do ritmo que no
espontaneamente de 24h.
Fonte: Adaptado de Cippola-Neto, J.; Marques, N. & Menna-Barreto, L. S. Introduo ao Estudo da Cronobiologia. So Paulo: cone/US~ 1998.
53
MEDICINA DA NOITE
Acrolase Acrolase
Balilase Balilase
Perfodo
: ..
Tompo
Esse tipo de curva a ajustante da maioria dos ritmos circadianos. Esto representados: acrofase, batifase,
amplitude, mesor e perodo.
54
CRONOBIOlOGIA ESEUS MECAN ISMOS
Sono
Viglia
Temperatura
H. C.
Cortisol
4 7 23 7 23 4
Horas do dia
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MEDICINA DA NOITE
56
CRONOBIOLOGIA E SEUS MECANI SMOS
o Macaco Rato
A O
C O
T O
CS O
K O
V O
Perodo claro Perodo escuro
Ritmo claro/escuro de 12f12h. Operodo escuro est representado por barras escuras. A = atividade, C = comer,
T = temperatura central, CS = cortisol plasmtico, K = excreo urinria de potssio, V = volume urinrio.
Fonte: Cipolla-Neto , J.; Marques, N. & Menna-Barreto, L. S. Introduo ao Estudo da Cronobiologia . So Paulo : cone Editora,
USP. 1998 - do original de Moore-Ede , M. C. & Sulzman, F. M. Internai temporal order. In: Ascholf, J. (Ed .) Handbook 01
Behavioral Neurobiology: biological rhythms . New York: Plenum Press, 1981 .
57
MED ICINA DA NOITE
58
CRONOB IOLOGIA E SEUS MECANISMO S
59
MEDICINA DA NOITE
Relgios Segundo
Centrais I NSQ I Relgio
Relgios
\t~~rl'\
Perifricos
Trata-se de um sistema multi-oscilatrio hierarquizado com mecanismos de retroalimentao reguladora. Dois relgios
biolgicos centrais (NSQ e 2 relgio) comandam a ao de diversos relgios perifricos de forma integrada.
Funcionam em pares (clk/cyk e per/tim) de tal forma que, num sistema de indu-
o de produo de protenas especficas no citoplasma e entrada dessas protenas
no ncleo, cria-se um mecanismo de ativao e desativao dos genes que se cum-
pre respeitando intervalo de tempo 'circadiano'.
Detalhando esse mecanismo e explicando a Figura 6, podemos resumir as etapas
da seguinte forma: os genes clk e cyk enviam seus RNA mensageiros que vo induzir
a produo das respectivas protenas no citoplasma. As duas protenas acoplam-se,
formando o complexo CLK-CYK. Este conjunto entra no ncleo e ativa o segmento
gentico de uma cadeia de DNA que atua como promoter ou indutor dos genes per e
tim os quais vo produzir os RNA mensageiros que vo levar produo das protenas
PER e rIM; estas, ao se acumularem lentamente, vo levar ao complexo molecular
PER-TIM o qual, com o tempo, vai introduzir-se no ncleo. A, ento, processa-se a
essncia da ala de controle circadiano quando, no tempo certo, PER-rIM passa a
impedir a ativao dos genes per e tim pelo complexo CLK-CYK, havendo um retrocon-
trole da produo de PER e TIM. Com o passar do tempo, h degradao espontnea do
complexo PER-rIM e, novamente, CLK-CYK passa a ativar os genes per e tim.
60
CRONOB IOlOG IA E SEUS ME CAN IS MO S
CLK-CYC
CLK-CYC
C ITOPLASMA
o
NCLEO
""~
~
~
'IC--;Ik-':- --I-cyc-'I
I indutor I per I tim I
PER-TIM
PER-TIM
Esquema do sistema de ativao/desativao de quatro genes e suas respectivas protenas responsveis pela marcao temporal do
funcionamento celular.
Fonte: Genes: clk/cyc/per/tim. Protenas CLK/CYC/PER/TIM
61
MEDI CIN A DA NOITE
62
CRONOB IOLOGIA E SEUS ME CANISMOS
doxo, deve, pelo menos, ter preservada sua destinao de explicado r da vertente de
estabilidade da Biologia.
Se a organizao temporal dos seres uma realidade, nem por isso os ciclos
podem prescindir de uma tendncia estabilidade dentro de suas variaes temporais,
mantendo em limites estreitos as caractersticas biolgicas que seguem a inscrio de
curvas com limites para mais e para menos. Isto uma caracterstica fisiolgica .
Portanto, na seqncia de reviso que se impe a todos os conceitos cientficos,
medida que novos conhecimentos lhes so acrescidos, o conceito de Homeostasia
pode ser mantido, desde que acrescido da caracterstica de variao no tempo (Ho-
meostasia rtmica). Aperfeioa-se o conceito, acrescentando-se a idia de ciclo tem-
poral. No h necessidade de excluso da Homeostasia. Seus mecanismos so ape-
nas modificados no entendimento de variao com o tempo, mas os limites estreitos
da curva temporal so perfeitamente compatveis com o conceito fundamental.
Precisamos de uma nova Homeostasia, s luzes da Cronobiologia.
Valores de Normalidade
4h 12h 20h
63
MEDICINA DA NOITE
Neutrfilos
12h Oh 6h
/
Falso positivo
~_1+- - - - /+-L
------- 4h
Falso negativo
-+-------+---:-4
16h
'1h - ll,=
~
A introduo da variao circadiana no conceito de normalidade detecta falsos positivos e falsos negativos se for
adotada a concepo clssica.
64
CRONOBIOLOGIA ESEU S MECANISMOS
Mortes
Maior nmero de cirrgicas Doena
eosinfilos pptica Trabalho
de parto
Meia-noite Gota
3 Asma
21
Cetoacidose diabtica
Rinite
Osteoartrite
Artrite reumatide
Melhor AVC
funo Hipertenso arterial
pulmonar Infarto do miocrdio
Angina pectoris
15 9 Morte sbita
Volume urinrio mximo
Meio-dia
Melhor
desempenho
mental
Os momentos assinalados correspondem aos de maior incidncia de doena ou da acrofase das funes.
Fonte: Adaptado de Martin, R. J. Alterations in airways disease during sleep: asthma and chronic obstructive pulmonary
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MECANISMOS CELULARES DA
CRONOBIOLOGIA
Gerson Catta-Pereira
71
MEDICINA DA NOITE
72
MECANISMO S CELULAR ES OA CRONOBI OLOG IA
73
MEDICINA DA NOITE
74
MECANISMOS CEL UL ARES DA CRONOB IOLO GIA
75
MEDICINA DA NO ITE
A meia to nina, hormnio da pineal que controlado pelo ritmo circadiano, alm
de sua conhecida propriedade de induzir o sono, contribui, tambm, para o equil-
brio de estados fisiolgicos em humanos . Adicionalmente, controla a retirada de
radicais livres da corrente circulatria por conta de sua atividade antioxidante e,
tambm, tem atividade anticncer. A melatonina normalmente produzida no esta-
do de obscuridade, atingindo seus nveis maiores entre 2h e 4h da madrugada ,
sendo suprimida pela interrupo da obscuridade por luz artificial durante a noite .
Experimentos realizados em ratos por Blask e colaboradores (2002) demonstra-
ram que exposies luz artificial durante a noite reduzem os nveis de secreo de
melatonina, ao mesmo tempo que elevam os ndices de crescimento de tumores he-
pticos (hepatoma). At mesmo a luz sombria suprime a melatonina. Comparando -
se resultados obtidos sob exposies com luminncia de 0,2 Ix (2 vezes a luz da lua
cheia) e sob exposies com luminncias de 300 Ix (luz branca de escritrio), os
autores verificaram as semelhanas nos ndices de crescimento de hepatomas de
ratos, o que significa a alta sensibilidade do sistema retina-relgio circadiano. J
nos experimentos de Brainard e colaboradores (2001) com voluntrios humanos, a
exposio, por 90 minutos , luz azul com luminncia de 0,1 Ix (luz de lua cheia) ,
76
ME CA NI SMO S CE LULARES DA CRONOBIO LOG IA
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MATURAO DOS FENMENOS 4~
CRONOBIOLGICOS NA INFNCIA
Yvon Toledo Rodrigues
Pedro Paulo Bastos Rodrigues
81
MEDIC INA DA NOITE
82
MATUR AO DOS FNO MEN OS CRO NOBIOL GICOS NA INFNC IA
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MEDICINA DA NOITE
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A ADOLESCNCIA E A NOITE 5~
INTRODUO
ALTERAES ENDOCRINOLGICAS
87
MED ICINA DA NOITE
SONO
88
A ADOLE SC N CIA E A NOI TE
89
MEDIC INA DA NOITE
noite e poder dormir mais tarde. Assim sendo, um adolescente que segue determi-
nado horrio de dormir e acordar durante a semana busca (e quase sempre conse-
gue) permanecer acordado at muito mais tarde nos finais de semana (e geralmente
fora de casa), compensando com um sono que avana pelas manhs de sbado e
domingo, voltando ao horrio habitual no domingo noite. Entretanto, o retorno ao
horrio escolar e, portanto, o adiantamento do ciclo circadiano requer alguns dias
para a readaptao dos ritmos de secreo hormonal. Muitos adolescentes, conse-
qentemente, podem apresentar sinais e sintomas de fadiga, de dificuldade de apren-
dizado (e mesmo de falncia/abandono escolar), de conciliar o sono e de acordar
para ir escola. Quantas crises familiares no so provocadas por isto?
Alguns autores acreditam que, muito mais que um fenmeno social, a busca
do adolescente por dormir mais tarde seria, de fato, biolgica, uma vez que haveria
uma tendncia, durante a adolescncia, ao retardamento do ciclo circadiano em
direo ao padro adulto. O dado importante que, independente da base para estas
mudanas - se psicossocial, biolgica ou ambas -, boa parte dos adolescentes en-
contra-se no que poderamos chamar de 'insuficincia de sono'.
Existe crescente evidncia de que a deprivao do sono exerce grande influn-
cia sobre o controle do comportamento, das emoes e da ateno, alm de uma
interface significativa com o desenvolvimento social, acadmico e com a adoo de
comportamentos de risco. O trinmio noite-deprivao de sono-comportamentos de
risco tem efeitos catastrficos sobre a juventude.
o ADOLESCENTE E A NOITE
Estatsticas mundiais (o Brasil no foge regra) mostram que as principais cau-
sas de morbimortalidade no adolescente e no adulto jovem so as chamadas 'causas
externas'. No Brasil elas correspondem a mais de 50% dos bitos na faixa entre 10 e
24 anos de idade. Nos Estados Unidos e Canad, a mais de 75%. Estudando melho r
estas causas, vemos que h uma grande predominncia desses acontecimentos du -
rante o perodo noturno. Por exemplo, pesquisa desenvolvida por Liu e colaboradores
em New Hampshire, nos Estados Unidos, mostrou que quase dois teros dos acidentes
de trnsito envolvendo adolescentes ao volante ocorreram entre 22h e 6h da manh .
Em 47% desses acidentes, houve a morte do motorista; em 55%, de um dos passagei-
ros e em 20% havia envolvimento de lcool ou outras drogas.
Em trabalho desenvolvido na Espanha, ficou clara a associao entre a fre -
qncia de sadas noturnas do adolescente e o consumo de lcool, tabaco e maco -
nha. Inmeras outras pesquisas tm demonstrado a relao direta entre a noite , o
uso de lcool e outras drogas, o comportamento sexual de risco e a criminalidade em
geral. Uma das pesquisas que procuram entender as razes para o uso de drogas
psicoativas durante a adolescncia, realizada por Boys, Mardsen e Strang, utilizou
entrevistas com 364 jovens usurios de drogas em Londres. Dos entrevistados, 95,9%
90
A ADDLESCNCIA E A ND ITE
disseram que usavam drogas com o intuito de maior socializao e para permanece-
rem acordados noite.
Outro estudo muito interessante mostra que quase 83% das adolescentes tive-
ram sua primeira experincia sexual no perodo noturno, sendo que aproximada-
mente 20% delas declaram ter feito sexo por razes relacionadas diminuio do
controle sobre seu comportamento habitual. notrio que o sexo feito por impulso,
por curiosidade ou oportunidade traz uma chance sensivelmente maior para o no
uso de proteo, ou seja, um risco maior de doenas sexualmente transmissveis ou
de gravidez indesejada.
CONSIDERAES FINAIS
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SITES RECOMENDADOS
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VARIAES CRONOBIOLGICAS NO IDOSO 6~
INTRODUO
Nas prximas dcadas, a prtica da Medicina ser cada vez mais influenciada
pela necessidade de atendimento de sade populao idosa, que vem aumentando
rapidamente em todo o mundo. Nessa populao, a maior expectativa de vida depen-
der tanto da melhoria da sade quanto da manuteno da capacidade funcional.
Dessa forma, torna-se fundamental o entendimento das variaes cronobiolgicas
no idoso.
Neste captulo, dedicado a discutir alguns aspectos do envelhecimento, sob o
ponto de vista das transformaes cronobiolgicas, abordaremos, inicialmente, ques-
tes biolgicas, demogrficas e epidemiolgicas associadas transformao de or-
ganismos jovens, plenos na sua capacidade funcional, em indivduos maduros, por-
tadores de perdas funcionais tpicas; em seguida, a partir da escolha de alguns
sistemas funcionais, descreveremos as alteraes na ritmicidade desses sistemas,
habitualmente associadas ao envelhecimento.
ASPECTOS BIOLGICOS
93
MEDICINA DA NOITE
94
VARIAOES CRONOBIOlO GICAS NO looso
mais idosas, 24 ainda esto no continente europeu, sendo a Itlia aquele com maior
percentual de idosos (18,1%). O Japo o nico pas no europeu que est includo
entre estes 25, com 17% de sua populao tendo 65 anos ou mais de idade.
Os pases em desenvolvimento iniciaram o processo de envelhecimento popula-
cional com pelo menos 50 anos de atraso em relao aos pases desenvolvidos. No
entanto, apesar deste atraso, a velocidade de crescimento das populaes idosas
nesses pases tem sido de grande magnitude. A Frana levou 115 anos - de 1865 a
1980 - para que a sua populao idosa (> = 65 anos) aumentasse de 7% para 14%;
para o Reino Unido foram 45 anos - de 1930 a 1975; para a Espanha, 45 anos -
1947 a 1992. Os pases em desenvolvimento, estima-se, levaro entre 20 e 27 anos
para percorrer este mesmo caminho; o Brasil, entre eles, ter 14% de sua populao
com 65 anos ou mais em 2032, processo que durar apenas 21 anos!
Embora as estatsticas dos pases desenvolvidos utilizem os 65 anos de idade
como referncia para avaliaes, a Organizao Mundial da Sade (OMS) define
como idoso o indivduo com mais de 60 anos. No Brasil, utilizamos com grande
freqncia este mesmo ponto de corte, j que alguns aspectos de nossa realidade
fazem dele um ponto ideal para o melhor entendimento do geronte, para o desen-
volvimento de estimativas e o planejamento de polticas pblicas de sade. Em
primeiro lugar, so os chamados 'idosos jovens' (entre 60 e 69 anos de idade) a
faixa etria que mais cresce, em nmeros relativos, produzindo forte impacto nos
sistemas pblico e privado de previdncia e assistncia sade, e projetando para
os prximos anos aumento de magnitude mpar nas faixas etrias mais idosas,
como visto anteriormente. Em segundo lugar, o baixo nvel, qualitativo e quantita-
tivo, de investimentos na preveno, diagnstico e controle dos fatores de risco de
distrbios neoplsicos, crebro e cardiovasculares, tais como diabetes mellitus do
tipo 2, hipertenso arterial e dislipidemias, em faixas etrias anteriores, faz com
que os indivduos, em nosso pas, atinjam a terceira idade portando tais doenas
em fases mais avanadas, tendo desenvolvido nmero maior de leses de rgos-
alvo, de perdas funcionais mais extensas e maior nmero de incapacidades. Por
ltimo, a velocidade do processo de envelhecimento no Brasil tem surpreendido os
planejadores e, hoje, temos o duplo desafio de, ao mesmo tempo em que se tenta
resolver uma agenda de sade tpica do subdesenvolvimento, implementar aes
de sade voltadas para esta populao envelhecida.
95
MEDICINA DA NOITE
SONO
Como ser visto no prximo captulo, metade das pessoas com mais de 65 anos
tm problemas freqentes de sono, em conseqncia de profunda ruptura do ciclo
sono-viglia, que pode levar a prejuzos significativos nas funes diurnas e com-
prometer seriamente a qualidade de vida dos idosos afetados.
Freqentemente, os distrbios do sono na populao idosa so multifatoriais,
podendo resultar de: 1) alteraes fisiolgicas que so, aparentemente, parte do
envelhecimento 'normal', no patolgico; 2) distrbio secundrio do sono causado
por um dos numerosos problemas de sade fsica ou mental, ou pelo uso de medica-
es ou drogas psicoativas; 3) distrbio primrio do sono; 4) precria 'higiene' do
sono; 5) maneira individualizada de ver a sua necessidade de sono e de sentir a
qualidade do mesmo; 6) combinao desses fatores.
Diversos estudos, com desenho transversal, demonstraram que os idosos, quan-
do comparados com adultos jovens, so desproporcionalmente insatisfeitos com a
qualidade do seu sono, e que 50% deles tm queixas especficas, tais como 'sono
leve', despertar noturno freqente, despertar precoce matinal e sonolncia diurna
indesejvel. Estes estudos tambm mostraram o uso freqente de sedativos e hipn-
ticos pela populao idosa.
Medidas objetivas de sonolncia diurna, tais como os testes de latncia mlti-
pla (MSLTs), mostraram que adultos idosos so significativamente mais sonolentos.
durante todo o dia, do que adultos jovens.
Para pesquisadores da rea, embora haja consenso quanto a estas alteraes
representarem diminuio na capacidade de dormir, existem dvidas quanto a elas
representarem, tambm, diminuio das necessidades de sono que acompanhariam
o envelhecimento normal.
96
VARIAOES CRONOBIOLOGICAS NO 10050
97
MEDICIN A DA NOITE
Sistema Endcrino
98
VARIAOES CRONOBIOLGICAS NO 10050
99
MEDICINA DA NOITE
CONSIDERAES FINAIS
100
VARIAOE S CRON OBIOl GIC AS NO IDO SO
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101
SONO 7<I11III
Flvio Magalhes
Jos Mataruna
103
MEDICINA DA NOITE
FISIOLOGIA DO SONO
ESTGIOS DO SONO
104
SONO
105
MED ICI NA DA NOITE
Uma vez que o sono e a viglia so influenciados por diferentes estmulos de neurotransmissores no
crebro, alimentos e medicamentos que alteram o equilbrio desses estmulos so capazes de afetar nosso
nvel de alerta ou sonolncia ou a qualidade do nosso sono. Bebidas cafeinadas, certas drogas, medica-
mentos anorexgenos e descongestionantes nasais estimulam algumas partes do crebro e causam insnia.
106
SONO
Muitos antidepressivos suprimem o sono REM. Grandes fumantes (os que fumam
mais de 25 cigarros por dia) geralmente tm alterao na arquitetura do sono, com
reduo do sono profundo e do sono REM. Eles tambm tendem a acordar 3 a 4
horas depois de dormirem devido abstinncia de nicotina. Muitas pessoas que
sofrem de insnia tentam resolver o problema com lcool. Se por um lado o lcool os
ajuda a atingir mais rapidamente os estgios 1 e 2; por outro, rouba-lhes o sono
REM e os estgios 3 e 4, que so os estgios mais restauradores. Portanto, o lcool
tende a manter o indivduo nos estgios superficiais de sono, nos quais podem ser
acordados facilmente.
Durante o sono REM, ocorre reduo da capacidade de regulao da temperatura
corporal. Por essa razo, temperaturas ambientais altas ou baixas podem interromper
este estgio do sono. Se o sono REM interrompido numa noite, nossos corpos no
seguem a progresso cclica do sono normal na prxima vez que adormecermos.
107
MEDIC INA DA NOITE
FUNO DO SONO
Embora estejamos ainda tentando responder com exatido razo pela qual
uma pessoa necessita dormir, estudos com animais mostraram que o sono neces-
srio para a sobrevivncia. Por exemplo, enquanto ratos normalmente vivem por
dois ou trs anos, os privados de sono REM somente sobrevivem cerca de cinco
semanas em mdia, e ratos privados de todos os estgios do sono vivem apenas trs
semanas . Ratos privados de sono tambm desenvolvem anormalmente baixas
temperaturas corporais e ulceraes nas caudas e patas, possivelmente devidas
ao comprometimento do sistema imunolgico. Alguns estudos sugerem que a privao
de sono afeta negativamente o sistema imunolgico.
O sono parece necessrio para que nosso sistema nervoso funcione normal-
mente. O sono muito curto deixa-nos no dia seguinte sonolentos e incapazes de nos
concentrarmos. Tambm nos leva a falhas de memria e de desempenho fsico e
reduz nossa habilidade de realizar clculos matemticos. Se a privao de sono
continua, podem-se desenvolver alucinaes e alteraes do humor. Alguns pesqui-
sadores acreditam que o sono d aos neurnios usados durante a viglia a chance de
se desligarem e de serem reparados. Sem sono, os neurnios podem sofrer depleo
de energia ou ento ser poludos por subprodutos da atividade celular normal que os
levam a funcionar imperfeitamente. O sono tambm d ao crebro a chance de exer-
citar importantes conexes neuronais que, de outro modo, poderiam se deteriora r
por falta de atividade.
O estgio delta coincide com a liberao do hormnio do crescimento em crian-
as e adultos jovens. Muitas clulas do corpo tambm apresentam aumento da pro -
duo de protenas e reduo do seu catabolismo durante o sono profundo. Isto pode
108
SONO
109
MEDICINA DA NOITE
acima do quiasma ptico. A luz captada por fotorreceptores na retina gera estmulos
que, atravs do nervo ptico, chegam ao ncleo supraquiasmtico. Os estmulos, a
partir da, atingem vrias regies cerebrais, inclusive a glndula pineal, que
responde aos estmulos induzidos pela luz interrompendo a produo do horm-
nio melatonina. Os nveis de melatonina no organismo normalmente aumentam
aps o anoitecer, na escurido. Isto leva as pessoas a se sentirem sonolentas. O ncleo
supraquiasmtico tambm controla funes sincronizadas com o ciclo sono-viglia,
incluindo temperatura corporal, secreo de hormnios, produo de urina e altera-
o na presso arterial.
Experincias com pessoas privadas da luz e outros indcios externos do tempo
mostraram que a maioria dos relgios biolgicos funciona mais num ciclo de 25
horas do que de 24 horas. Porm, como a luz solar ou outros estmulos luminosos
podem ajustar o ncleo supraquiasmtico, os nossos ciclos biolgicos normalmente
tendem a seguir o ciclo de 24 horas do sol e no o nosso ciclo inato. Os ritmos
circadianos podem ser afetados, em certo grau, por quase todos os tipos de sinaliza-
dores externos de tempo, como o alarme do nosso despertador, o estardalhao do
caminho de lixo e o horrio das nossas refeies. A esses sincronizadores ou marca-
passos externos, chamamos de zeitgebers (do alemo, 'aquele que impe o tempo').
Quando viajantes passam rapidamente de um fuso horrio para outro, ocorre
uma ruptura dos seus ritmos circadianos, levando-os a sentir uma sensao des-
confortvel conhecida como jet lag, ou distrbio de fuso horrio. Por exemplo, quando
viajamos da Califrnia ao Rio de Janeiro, 'perdemos' 5 a 6 horas de acordo com o
nosso relgio corporal (porque h um 'adiantamento' no horrio local). Iremos nos
sentir cansados quando o alarme do relgio nos despertar s 8 horas da manh
seguinte porque, de acordo com o nosso relgio biolgico, ainda so 5 horas da
manh. Em geral, levar alguns dias para que nossos ciclos biolgicos se ajustem
ao novo fuso horrio.
Para reduzir os efeitos do jet lag, pode-se tentar manipular o relgio biolgico
atravs do uso da chamada terapia da luz. A pessoa exposta a luzes especiais,
muitas vezes mais brilhantes que as usadas comumente em casa, por vrias horas,
prximo hora de levantar-se. Isto a ajuda a acertar os seus relgios biolgicos e a
se ajustar ao novo fuso horrio.
Sintomas muito semelhantes ao jet lag so comuns em pessoas que trabalham
noite ou em regime de turnos. Devido aos horrios de trabalho dessas pessoas
estarem em desacordo com os poderosos sinalizadores que regulam o sono, como a
luz solar, freqentemente elas se tornam incontrolavelmente sonolentas durante o
trabalho e podem ter insnia ou outros problemas quando tentam dormir. Indivduos
que trabalham em regime de turnos apresentam maior risco de doena cardaca,
distrbios digestivos e problemas emocionais e psiquitricos, que podem estar re-
lacionados dificuldade para dormir. O nmero e a gravidade dos acidentes de
110
SONO
SONO E DOENA
111
MEDICINA DA NOITE
DISTRBIOS DO SONO
Nos EUA pelo menos 40 milhes de pessoas a cada ano sofrem de distrbios
crnicos do sono , e um adicional de 20 milhes , de problemas ocasionais. Esses
distrbios e as conseqncias da privao de sono interferem no trabalho , na
conduo de veculos, na operao de mquinas e em atividades pessoais. As de-
sordens do sono tambm respondem por um gasto anual estimado de 16 bilhes de
dlares relacionado com custos mdicos. Alm disso , os custos indiretos devido
perda de produtividade e outros fatores so provavelmente muito superiores. Fo -
ram descritos at o momento mais de 80 distrbios do sono, muitos dos quais
podem ser controlados efetivamente quando corretamente diagnosticados. Dentre
os mais comuns, incluem-se: insnia, apnia do sono, sndrome das pernas inqui-
etas e narcolepsia.
O diagnstico correto o primeiro passo essencial no sucesso do tratamento
de um distrbio do sono. A polissonografia noturna (PSG), ou estudo do sono,
o mtodo mais acurado e objetivo para avaliao do sono e estabelecimento de
um diagnstico . Trata-se de um exame no invasivo que registra vrios parme-
tros durante o sono atravs do monitoramento das atividades cardaca e cerebral
(EEG e ECG), dos movimentos oculares e musculares, do fluxo respiratrio , do
esforo respiratrio (torcico e abdominal) e dos nveis de oxignio no sangue
(Sat. O2 ), Existem exames adicionais que funcionam em conjuno com a PSG ,
como o teste de latncias mltiplas para o sono (TMLS), o teste de manuteno
da viglia (TMV) e o teste de titulao de CPAP nasal (Continuous Positive Ai-
rway Pressure) ou presso positiva contnua na via area. Este ltimo especfi-
co para estabelecimento do tratamento de pacientes com sndrome de apnia/
hipopnia obstrutiva do sono moderada e grave. Os exames diagnsticos so
utilizados para avaliar pacientes que relatam sono anormal, muitas vezes com
repercusses dramticas durante o dia , como cansao ao despertar, sonolncia
excessiva diurna e distrbios da ateno e do humor.
112
SONO
Insnia
De acordo com os Institutos Nacionais de Sade dos Estados Unidos, a insnia
afeta mais de 70 milhes de americanos. Os custos diretos da insnia, incluindo as
despesas globais com tratamento, esto estimados em aproximadamente 14 bilhes
de dlares por ano. Os custos indiretos, como perdas de dias de trabalho, dano
propriedade por acidentes e gastos de provedores de assistncia sade, so estima-
dos em 28 bilhes de dlares.
Insnia definida como uma experincia de sono inadequado ou de m quali-
dade, caracterizada por dificuldade de iniciar ou manter o sono ou por um despertar
muito cedo pela manh, com efeitos negativos sobre o desempenho do indivduo no
dia subseqente.
Prevalncia da insnia
A prevalncia da insnia aumenta abruptamente durante a quinta dcada de vida.
As pessoas com insnia freqentemente se queixam de comprometimento da ateno,
memria ou concentrao, alterao do humor, sentimentos de depresso, irritao ou
ansiedade e comprometimento do seu desempenho no trabalho, casa ou escola.
Geralmente, elas tm mais queixas mdicas, procuram mais freqentemente ajuda m-
dica e esto mais propensas a acidentes de trnsito do que as pessoas sem insnia.
Existe um enorme vazio entre a prevalncia de insnia e o controle real de
pessoas com a condio. Enquanto 20% a 30% dos adultos em todo o mundo tm
insnia, em menos de 50% deles a condio diagnosticada. Os pacientes so hesi-
tantes em discutir a insnia com os seus mdicos porque receiam que o seu proble-
ma seja visto como trivial ou indicativo de doena grave. Os mdicos tendem a
trivializar a insnia porque pouco do seu treinamento devotado aos distrbios do
sono e porque freqentemente no atentam para a possibilidade de que o apareci-
mento da insnia pode sinalizar uma condio grave ou um fator de risco estabele-
cido para doena psiquitrica.
Por muito tempo acreditou-se que a insnia fosse um sintoma. Contudo, evidn-
cias recentes sugerem que ela no simplesmente um sintoma de outra condio,
mas sim uma desordem propriamente dita. Independentemente de ocorrer com ou-
tras doenas ou isoladamente, a insnia tende a ter um conjunto consistente de
sintomas noturnos e diurnos. Alm disso , o tratamento das condies associadas,
sem ateno especfica ao sono, pode no melhorar consistentemente a insnia. A
insnia e as condies associadas podem seguir cursos diferentes e, em muitos ca-
sos, a insnia pode ser responsabilizada pela piora dessas condies.
Dados do estudo 2002 'Sleep in America ' Poli (NSF, 2002) mostram que 58%
dos adultos nos EUA apresentam sintomas de insnia, algumas vezes por uma se-
mana ou mais (Grfico 1) . Embora a insnia seja o distrbio do sono mais comum
11 3
MEDICINA DA NOITE
entre a metade dos idosos (48%), estes so menos provveis de apresentar sintomas
freqentes do que os insones mais jovens (45% contra 62%). Os sintomas dos paci-
entes idosos so mais provveis de serem associados a condies mdicas, de acordo
com este estudo realizado em adultos e idosos com idades entre 55 e 84 anos.
Grfico 1 - Freqncia dos episdios em pacientes adultos, com idades entre 55 e 84 anos, com
queixas de insnia, segundo o 2002 'Sleep in America Poli'
Poucas noites
por semana (23%) Toda ou quase
toda noite (35%)
Poucas noites
por ms (21 %)
Raramente/nunca (21 %)
Tipos de insnia
Quanto ao tempo de evoluo, a insnia classificada em aguda e crnica. A
insnia aguda ou de curta durao, que freqentemente devida a uma situao
temporria, como o estresse, o jet lag, a mudana ou perda de emprego ou de um
relacionamento, pode durar at um ms, quando o paciente responde bem ao trata-
mento. importante considerar a causa subjacente. Pode ser til o uso de medica-
es efetivas e seguras.
A insnia crnica, ou de longa durao, persiste por um ms ou mais e pode ser
secundria a causas clnicas, fsicas ou psquicas, a outros distrbios do sono ou a
medicaes e outras substncias. essencial a obteno de um diagnstico clnico.
Alm do uso de medicamentos, a educao comportamental e outras tcnicas, bem
como a adoo de boas prticas de sono, podem melhorar o sono.
Alm disso , a insnia crnica pode ser 'primria', o que significa que no
causada por outros distrbios do sono, doena clnica, psiquitrica, medicaes ou
drogas. A insnia primria pode ser causada por fatores como aumento da tempera-
tura corporal, da taxa metablica ou do metabolismo cerebral, podendo tambm
contribuir para ela as outras formas de insnia e os maus hbitos de sono.
Tratamentos disponveis para insnia
Felizmente, existem vrias opes teraputicas disponveis, que variam da tera-
pia comportamental terapia medicamentosa.
114
SONO
Apnia do Sono
11 5
MEDICINA DA NOITE
desperta (por uns poucos segundos apenas, sem que tome conhecimento do evento) ,
por estmulo central, para que os msculos das vias areas superiores se con-
traiam, revertendo a obstruo e permitindo a entrada de ar nos pulmes. A
pessoa pode inspirar ruidosamente ou arfar e, ento, voltar a roncar. O cicl o
pode se repetir centenas de vezes por noite. Os freqentes despertares que os pacientes
com apnia obstrutiva do sono tm so responsveis pela m qualidade do sono ,
tornando-os continuamente sonolentos e acarretando alteraes da personalidade,
como irritabilidade e depresso. A apnia do sono responsvel pela privao da
oferta adequada de oxignio ao organismo, o que pode levar a cefalia matinal, dimi-
nuio da libido e ao declnio do funcionamento mental. Tambm est associada ao
aumento da presso arterial, arritmias cardacas e aumento do risco de infarto agudo
do miocrdio e acidentes vasculares cerebrais.
Os pacientes com apnia do sono grave no tratada tm uma probabilidade
duas a trs vezes maior de sofrer acidentes automobilsticos do que a populao
em geral. Em alguns indivduos de alto risco, a apnia do sono pode mesmo
levar morte por insuficincia respiratria durante o sono. Estima-se que, nos
EUA, cerca de 18 milhes de indivduos sofram de apnia do sono . Contudo ,
apenas uma minoria destes tm o distrbio devidamente diagnosticado .
Os pacientes com o perfil tpico de apnia/hipopnia obstrutiva do sono ,
com ronco alto, obesidade e sonolncia excessiva diurna , devem ser encaminha-
dos para um centro especializado onde possam ser submetidos polissonografia
noturna . O diagnstico polissonogrfico feito com base no ndice de apnia/
hipopnia (IAH) , ou seja, no nmero desses eventos respiratrios por hora. Em
adultos, considera-se normal um IAH inferior a cinco eventos por hora. Um IAH
de 5 aIS/horas corresponde a uma sndrome de apnia/hipopnia obstrutiva do
sono (SAHOS) leve; de 16 a 30/hora, moderada; e, acima de 30/hora, grave. O
tratamento ir depender da sua gravidade.
A SAHOS leve freqentemente pode ser tratada com perda de peso, trata-
mento efetivo de eventuais doenas obstrutivas das vias areas e adoo de me-
didas que previnam que o paciente durma em decbito dorsal. Pacientes com
SAHOS de maior gravidade podem necessitar do uso de aparelhos ou cirurgia
para corrigir a obstruo. Aqueles com apnia moderada e severa so atualmen-
te melhor controlados com o uso de presso positiva contnua nas vias areas
(CPAP) proporcionada por um dispositivo especial gerador de fluxo, com presso
fixa ou varivel, previamente calibrada, de acordo com a necessidade do pacien-
te. Os pacientes com apnia do sono no devem tomar medicamentos com efeito
hipntico, pois estes podem agravar a sua condio, impedindo-os que desper-
tem para respirar.
A sndrome da apnia/hipopnia obstrutiva do sono ser tratada com maior
detalhe em captulo especfico deste livro.
116
SONO
117
MEDICINA DA NOITE
Narcolepsia
118
SONO
o FUTURO
As pesquisas na rea do sono vm continuamente se expandindo e atraindo a
ateno de vrias reas da cincia mdica. Sabemos agora que o sono um estado
ativo e dinmico e que influencia enormemente a nossa performance quando acor-
dados. Sabemos tambm que fundamental entendermos o sono para compreender-
mos totalmente o nosso crebro e a ns mesmos. Tcnicas inovadoras de imagem
cerebral podem nos ajudar a entender como diferentes regies do crebro funcionam
durante o sono e como diferentes atividades e desordens nos afetam . Compreen-
dendo os fatores que afetam o sono em indivduos saudveis e doentes poderemos
119
MEDICINA DA NOITE
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120
CRONOFARMACOLOGIA 8~
INTRODUO
121
MEDIC INA DA NO ITE
~ Melatonina
~ Teofilina
~ Beta-agonistas
~ Corticosterides
~ Inibi dores da cininase 11
~ Beta-bloqueadores
~ Inibi dores dos canais de clcio
~ Inibidores da sntese da HMGCoA redutase
~ Carraginina
~ Fenilbutazona
~ Indometacina
~ Antagonistas dos receptores H2 da histamina
~ Inibi dores da bomba de prtons
~ Insulina
~ Quimioterpicos
No presente artigo, vamos apontar alguns aspectos que possam ser teis ao se
escolher e prescrever medicamentos no tratamento de doenas que apresentam um
reconhecido ritmo oscilatrio na sua patognese.
INSNIA
122
CRON OFARMACOlOGIA
ASMA
123
MEDICINA DA NOITE
124
CRONOFARMACOLOGIA
125
MEDICIN A DA NOITE
lI, O melhor momento para aplicar estes compostos pode depender das caractersticas
farmacocinticas de cada inibidor.
Em relao aos beta-bloqueadores e diurticos, os estudos cronofarmacolgicos
ainda so discretos e conflitantes para afirmar com certeza qual seria o melho r
momento de aplicar estes compostos. Dados clnicos mostram que os beta-bloquea-
dores, que significativamente reduzem a presso arterial durante o dia, pouco modi-
ficam a presso arterial durante a noite, e reduzem, menos intensamente, a elevao
matutina da presso arterial.
fcil depreender que o sucesso da preveno farmacolgica das complicaes
cardiovasculares ser tanto maior quanto mais adequada for a relao entre o nve l
plasmtico do medicamento e o momento de maior incidncia destas complicaes.
Quando se aplica um medicamento cuja meia-vida curta, temos geralmente picos
de elevada concentrao plasmtica partilhados com outros momentos nos quais o
frmaco se encontra em concentraes plasmticas ineficazes. Portanto, medica-
mento anti-hipertensivo que apresenta efeito rpido e fugaz deve ser evitado no
tratamento crnico da hipertenso arterial. Em contrapartida, os medicamentos de
absoro lenta, se de um lado mantm um nvel plasmtico constante ao longo das
24 horas, podem no oferecer proteo no momento de maior risco e mesmo intensi-
ficar o descenso noturno da presso arterial, o que desaconselhvel.
Um grande avano no tpico cronocintica foi o desenvolvimento de uma pre-
parao farmacotcnica contendo verapamil, um inibidor dos canais de clcio, a
qual foi idealizada em termos dos princpios da Cronofarmacologia, possibilitando
maior liberao do princpio ativo no momento de maior necessidade fisiopatolgi-
ca, isto , pela manh, ao acordar. Verelan-PM foi desenvolvido tendo como base os
preceitos tecnolgicos chronotherapeutic oral drug absorption system (Codas). Esta
tcnica permite a liberao controlada de verapamil de tal forma que, ao lado de
liberao contnua ao longo do dia que se inicia quatro horas aps a aplicao do
medicamento, ocorra maior disponibilidade de verapamil. Isto faz com que o pico
plasmtico do medicamento ocorra a partir de 11 horas da aplicao do produto ,
coincidindo, portanto, com o perodo de maior risco cardiovascular. Estudos clnicos
evidenciaram que esta formulao de verapamil (Verelan-PM) apresenta significativa
atividade anti-hipertensiva, mas estudos multicntricos no revelaram vantagens
deste produto, quando comparado com atenolol e hidroclorotiazida. Evidentemente,
novas pesquisas no campo da cronocintica devero trazer compostos com adequa-
da farmacocintica para o controle eficaz das complicaes cardiovasculares.
HIPERCOLESTEROLEMIA
126
CRONOFARMACOLOGIA
INFLAMAO
127
MEDICINA DA NOITE
se que ela era muito maior por volta da 9 horas do que perto das 21 horas. Pesquisas
realizadas com a fenilbutazona em ratos tambm mostraram variao complexa da
atividade antiinflamatria deste composto. Assim, no ciclo de 24 horas, a atividade
antiinflamatria maior durante a noite, perodo de viglia destes animais, intensa
quando testada no ms de julho, reduzida entre setembro e fevereiro e inexistente
quando testada entre maro e abril.
Os efeitos txicos e letais dos antiinflamatrios tambm seguem ritmos biol-
gicos (cronotoxicidade). Trabalhos experimentais demonstram que a leso gstri-
ca induzida pela aspirina em ratos mxima quando aplicada no incio do perodo
de viglia (noite) destes animais. Labrecque e colaboradores (1983) mostraram que,
em ratos , o efeito letal da fenilbutazona varia de acordo com o momento em que
este composto aplicado, sendo que a dose letal menor durante a noite do que
durante o dia.
Os mecanismos que determinam a cronofarmacologia dos antiinflamatrios
ainda no esto esclarecidos, mas possivelmente no se correlacionam com aspec-
tos farmacocinticos, inclusive efeitos mais intensos podem ocorrer quando os n-
veis plasmticos desses compostos so menores.
Como era de se esperar, os resultados obtidos em animais de laboratrio tam-
bm foram observados em humanos . Estudos realizados em pacientes com artrite
sob tratamento com antiinflamatrio no esteroidal mostraram que a melhor respos-
ta foi obtida quando este medicamento foi aplicado ao deitar. A tolerncia dos paci-
entes, quanto aos efeitos colaterais dos antiinflamatrios, tambm depende do ritmo
circadiano. Assim, efeitos colaterais gastrointestinais (nusea, queimao gstrica e
diarria) e neurolgicos (vertigem, cefalia e ansiedade) ocorrem com mais freq n-
cia quando os antiinflamatrios so aplicados s 8 e s 12 horas, do que quando
aplicados ao deitar.
LCERA PPTICA
A funo gstrica segue ritmo circadiano-bem definido nos pacientes com lce-
ra pptica, em que a motilidade gastrointestinal est reduzida, o esvaziamento gs-
trico est deprimido e a secreo gstrica tende a ser mais intensa durante a noite,
ocasio em que os sintomas se agravam.
Os agentes anti-histamnicos H2 so- antagonistas especficos que inibem a se-
creo cida por bloquear, competitivamente e reversivelmente, os receptores H2 pre-
sentes na membrana basocelular das clulas parietais gstricas. Tais agentes atuam
em todas as fases da secreo do cido gstrico, inibindo as aes produzidas pela
histamina, antagonistas muscarnicos e gastrina, e reduzem tambm o volume e a
concentrao hidrogeninica do suco gstrico. Esses medicamentos somente inibem
parcialmente a secreo cida estimulada por gastrina e so mais efetivos para inibir
a acidez durante perodos de secreo cida basal. Como um perodo longo de secreo
128
CRONOfARMAC OLO GIA
cida basal ocorre durante a noite, doses administradas aps o jantar ou ao deitar-se
so as mais indicadas para esses agentes. Dessa forma , a secreo gstrica em ex-
cesso estar significativamente reduzida.
No tratamento da lcera pptica, outra classe de medicamentos bastante utili-
zada a de inibidores da bomba de prtons. Dentre esses medicamentos, o mais
potente e estudado o omeprazol, uma base fraca absorvida pelo intestino delgado
em ambiente alcalino. Na clula parietal, o omeprazol fica preso nos canalculos
secretores, em ambiente fortemente cido, onde se transforma na sua forma ativa ,
que, ou convertida em um metablito inativo, ou se liga bomba de prtons.
O metablito ativo do omeprazol inativa, de forma irreversvel, esta enzima, e assim
inibe a secreo gstrica de cido . Entretanto, ao contrrio dos antagonistas dos
receptores H2 da histamina, os inibidores da bomba de prtons podem ser adminis-
trados pela manh pois seu efeito se faz por longo perodo.
DIABETES
129
MEDICINA DA NOITE
CNCER
130
CRONOFARMACOLOGIA
131
MEDICINA DA NOITE
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135
*
INTRODUO
RITMO CIRCADIANO
139
MED ICINA DA NOITE
140
END OCRINOLOGIA DA NOITE
migrao para reas prximas linha do Equador, onde maior a intensidade solar.
Na impossibilidade de tal migrao, a fototerapia pode beneficiar bastante.
medida que o organismo envelhece, os ritmos circadianos se modificam. No
entanto, no se determinou se esta mudana se deve a alteraes nos ncleos supra-
quiasmticos, onde fica o relgio central, nos relgios perifricos ou na ligao
entre ambos. Oscilaes da periferia, como os pulmes, cujo ritmo se altera com a
idade, demonstram que o envelhecimento obstaculiza a organizao entre os muitos
relgios que formam o sistema tempo e ritmo dos mamferos, quer seja por pararem,
quer seja por apontarem o tempo incorreto.
Muitas doenas tm seus sinais e sintomas expressos em determinadas horas
do dia, assim como o pico da secreo dos hormnios. A seguir, procuraremos sinte-
tizar estas informaes.
GLNDULA PINEAL
HORMNIOS HIPOTALMICOS
141
MEDICINA DA NOITE
Hipfise Anterior
Hormnio de crescimento (HGH)
142
ENDOC RINOLOGIA DA NOITE
143
MED IC INA DA NO ITE
Hipfise Posterior
Tireide e Paratireide
144
ENDO CRINO LO GIA DA NOITE
volta das 24 horas e queda sensvel ao final do dia, provavelmente mediado por
sinais do ncleo supraquiasmtico hipotalmico. O significado deste aumento no-
turno de TSH ainda no est esclarecido. A temperatura do corpo est estreitamente
ligada a este eixo. A idade progressivamente diminui este pico noturno, que esti-
mulado sobretudo pelo frio, levando em conta o papel dos hormnios tireoideanos
na manuteno da termognense. Alm disso, h uma variao sazonal com a des-
crio de nveis elevados de TSH no inverno.
Sua secreo , tambm, estimulada por estrognio, agonistas -adrenrgicos e
antagonistas dopaminrgicos, e diminuda pelos hormnios tireoideanos, glicocorti-
cides, dopamina, hormnio do crescimento, somatostatina e incio do perodo de sono.
O on clcio o maior regulador da atividade da glndula paratireoideana;
contudo, alguns outros agentes influenciam a secreo do hormnio paratireoidea-
no (PTH). Podemos incluir vrios outros elementos capazes de alterar a atividade do
sistema adenilciclase, tais como as catecolaminas -adrenrgicas , a histamina e os
metablitos da vitamina D.
Um ritmo cicardiano foi descrito para a secreo do PTH com aumento da secre-
o e pulsos de menor amplitude durante a noite. Estes estudos sugerem um controle
neural ou do sistema nervoso central influenciando a sua secreo.
Glndula Supra-Renal
145
MEDI CINA DA NOITE
A adrenal uma das glndulas que mais sofre esta influncia. Dependendo de
variveis, dentre elas o estado emocional e principalmente do ciclo sono-viglia, os
hormnios adrenais tm sua secreo modificada de forma decisiva para a homeos-
tase orgnica.
Estudos comprovam uma interao bidirecional entre o eletroencefalograma
durante os estgios do sono e a secreo de CRH-ACTH-cortisol. Foi evidenciado que
a fase inicial do sono, caracterizada pelo predomnio de ondas lentas, influencia
negativamente a resposta da hipfise e da adrenal ao CRH na secreo do ACTH e
cortisol, respectivamente. Esta influncia no parece ocorrer nos outros estgios do
sono; ao contrrio, a freqncia, a durao, a densidade e a latncia das outras
fases do sono, principalmente a REM, que sofrem influncia dos nveis de cortisol.
Estudo realizado por Axel Steiger, em 2002, demonstrou que a administrao
de ACTH e cortisol em indivduos saudveis reduziu substancialmente o tempo de
sono REM e enfatizou a hiptese de que um aumento da atividade do eixo hipotla-
mo-hipfise-adrenal nas primeiras horas da manh, durante os ltimos episdios
REM, seria o estopim para o espontneo despertar matinal.
Os estados depressivos e a idade avanada alteram o marca passo circadiano da
secreo dos hormnios adrenais, principalmente do cortisol. Seus nveis aumenta-
dos influenciam o ciclo sono-viglia, superficializando o sono, alterando -lhe as fa -
ses e diminuindo o tempo e a qualidade de sono REM. Alm disso, hormnios adre-
nais, como pregnenolona, progesterona, 17-0H-esterides, dehidroepiandrosterona
e alopregnanolona, interagem com receptores gabargicos de forma ainda no bem
elucidada, provocando efeitos caractersticos no eletroencefalograma durante o sono.
Conforme demonstrado, as evidncias apontam no somente para um impor-
tante ritmo circadiano controlador principalmente da secreo de melatonina e corti-
sol, mas tambm para uma ntida influncia do perodo do sono no controle da
secreo dos hormnios adrenais.
Finalmente, devemos lembrar que eventos relacionados ao estresse, como trau-
ma, cirurgia, hipoglicemia e exerccios, podem temporariamente afetar a secreo de
cortisol via sinalizao do sistema nervoso central, resultando em aumento ou redu-
o da produo de CRH e, conseqentemente, numa modificao no ritmo circadia-
no da secreo de cortisol.
Gnadas
146
ENDOCR INOLOGIA DA NOI TE
24,-----------------------------------,
22 Testosterona (nmol/L)
20
18
16
14
12
10+OTTTTTTTTTTTTrrrrrrrrrrrrrrrrnrnnnnrl
19h 21h 23h 1h 3h 5h 7h
Relgio (horas)
Font e: Lubo shitzky, R. et aI. Dis rupti on of the noc turn al tes to ste rone rh yt hm by sleep fra gmentation in normal men.
J .Clin. Endocrinol. Melab ., 86 : 1134-1138 , 200 1.
147
MEDICINA DA NOITE
24,-----------------------------------,
22
::::J
~ 20
E
-S 18
'"c::~ 16
11)
~ 14
~
12
10 ToTTTTTTTTTTTTrrrrrrrrrrnrnrnnnnnn-nrl
19h 21h 23h 1h 3h 5h 7h
Relgio (horas)
148
ENDOCRINOLOG IA DA NOITE
REGULAO DO APETITE
Leptina
A leptina uma substncia protica codificada pelo gene ob que atua no hipo-
tlamo regulando o processo da fome e que participa tambm do metabolismo ener-
gtico orgnico.
Estudos recentes em homens normais sugerem haver um aumento de sua con-
centrao plasmtica durante o perodo noturno. Porm, no foi demonstrado o efei-
to independente do ritmo circadiano de secreo, uma vez que seus nveis sofrem
grande influncia do nmero de refeies realizadas durante o dia, assim como da
quantidade de horas de sono tanto no perodo diurno quanto noturno.
Existem evidncias de que o indivduo obeso portador da 'sndrome do comer
noturno' (night-eating syndrome) tem nveis diminudos de leptina durante o pero-
do de sono noturno. O que ainda no se sabe ao certo se este fato seria uma das
causas ou uma das conseqncias desta sndrome.
Alguns estudiosos vm tentando demonstrar que o sono um regulador fisiol-
gico dos nveis plasmticos de leptina, e como esta substncia participa da regula-
o do apetite indivduos com distrbios crnicos do sono estariam mais sujeitos ao
aumento do apetite principalmente noite. Esta substncia atuaria talvez como
mais um fator causal na incidncia da obesidade neste grupo de indivduos.
Adiponectina
149
MED IC INA DA NOITE
METABOLISMO GLlcOICO
150
ENDOCR INOLOGIA DA NOITE
Grfico 3 - Variaes da glicose sangunea em 24 horas em resposta glicose oral (50 9 a cada 3 horas), refeies idnticas,
infuso constante de glicose e nutrio enteral contnua
150
100
,-----,I----"----,-----,----.
I ----~
08 12 18 20 24 04 08
I I I
06 12 16 20 24 04 08
110
~E 6
ro
.s ~ 100
E
ro
=
>I'-
I
06
t 10
I
14
t
I
18 22 02
I
06
90
80 I I I
06 12 16 20 24 04 08
24h em um dia
Fonte: Cauter, E. V., Polonsky, K. S. & Scheen, A. J. Roles 01 circad ian rhythm icity and sleep in human glucose regulation. Endocrine Reviews, 18(5): 716-738, 1997.
Porm, nenhum estudo sobre esse fenmeno foi realizado com uso de polissonogra-
fia para evidenciar o controle do sono-viglia nos indivduos no diabticos.
Para definir o controle do ritmo circadiano (efeito intrnseco do horrio do dia)
e o efeito dependente do sono per se nas variaes da glicemia durante as 24 horas,
foram elaborados protocolos experimentais que demonstraram haver grande super-
posio dos efeitos do ritmo circadiano e do perodo do sono (Grficos 4 e 5) .
151
MEDICINA DA NOITE
5.00 90
:::J 4.72 85
::;:, 'C
o
E .
. 4.44 80
4.16 75
-O- Noite
3.90 70
77.7 140
:::J
'C 120
~ 66.6
E
.
---=
.
55.5 100
44.4 80
77.7 140
:::J
::;:,
o
E
. 66.6
~ 120
.
55.5 100
44.4
80
8 9 10 11 12 13 14 15 16
O 2 3 4 5 6 7 8
Horas
Fonte: Cauter, E. V; Polonsky, K. S. & Scheen, A. J. Roles of circadian rhythm icity and sleep in human glucose regulation .
Endocrine Reviews , 18(5): 716-738, 1997.
152
ENDOCRINOLOGIA DA NOITE
130 Glicose
120
110
100
90
160
Insulina
140
130
100
80
I I
I I
18 24 06 12 18 24 06 12 18
Horas em um dia
Para eliminar os efeitos de variaes interindividuais sobre a glicemia mdia, insulina e taxa de secreo de
insulina (ISR) no grupo padro, os valores individuais foram expressos em porcentagens sobre a mdia, e valores
absolutos, correspondendo a 100%, foram indicados em escalas ordinais. As barras em preto representam os
perodos de sono, e as barras sombreadas representam os perodos de privao de sono notruno.
Fonte: Cauter, E. V; Potonsky, K. S. & Scheen , A. J. Roles of ci rcadian rhythmicity and sleep in human glucose regulation.
Endocrine Reviews , 18(5): 716-738, 1997.
153
MED ICINA DA NOITE
No Idoso
154
ENDOCRINOLOG IA DA NOITE
Grfico 6 - Padres mdios das concentraes de glicose plasmtica, taxa de secreo de insulina (ISR), e hormnio de
crescimento (GH) observados durante infuso constante de glicose no perodo noturno (painis esquerda) e privao noturna
do sono (painis direita)
Sono Acordado
135
Glicose plasmti ca
125
115
105
95
175
ISR - Taxa de secreo de Insu lina
150
125
100
75
20
GH plasmtico Horas antes e aps tempo de dormir habitual
15
10
-3 +3 +9 + 12
20 20
Para eliminar os efeitos de variaes interindividuais sobre ISR no grupo padro, os val ores individuais foram expressos em porcentagens sobre
a mdia no perodo antes do sono ou 23h. Sono de ondas lentas (SW). As barras em preto representam os perodos de sono, eas barras em aberto
(sem preenchimento) representam os perodos de privao de sono noturno. Sono foi monitorado por polissonografia e os estgios de viglia esto
representados pelas linhas pontilhadas nos painis superiores.
Fonte: Cauter, E. V.; Polonsky, K. S. & Sc heen , A. J. Roles 01 ci rcadian rhythm icity and sleep in human glucose reg ul ation. Endocrine Reviews , 18(5): 716-38, 1977.
155
MEDICINA DA NOITE
No Obeso
Nos casos de obesidade comprovada. muitos estudos examinaram a mdia
de concentrao da glicose e da insulina aps as refeies em diferentes hora s
do dia .
Surpreendentemente. a tolerncia glicose ao longo do dia foi inversamente
proporcional ao grau de obesidade. Ao contrrio do que se observou nos indivduos
jovens com ndice de massa corprea normal. a sensibilidade insulina e a tole-
rncia glicose no sofreram as alteraes esperadas com o entardecer. havendo
apenas um declnio na resposta da clula ~ secreo insulnica nas ltimas
horas do dia.
Esta situao foi confirmada com estudos utilizando como controle um grupo
de pessoas no obesas e um grupo de indivduos obesos recebendo glicose sob
infuso venosa contnua. Monitorizados os nveis de insulina e glicemia a cada
quatro horas. observou-se que o grupo de indivduos obesos no sofreu alteraes
significativas da glicemia. apesar de discreta diminuio da secreo insulnica ao
longo do dia . Assim. evidenciou-se um padro inverso em relao ao adulto jovem
com peso normal, em que a tolerncia aos carboidratos diminuiu com o decorrer
das horas.
Porm, quando existe associao de obesidade com a sndrome da apnia
do sono e com a sndrome do comer noturno, situaes estas mais prevalentes
na populao obesa, ocorrem mudanas no metabolismo glicdico. Parece ha-
ver uma associao independente entre a incidncia destas sndromes com os
nveis de insulina de jejum. Alguns estudos demonstraram que durante a
apnia do sono ocorre marcada queda na secreo noturna de GH com reflexo
na secreo insulnica, principalmente no perodo da manh. Isto poderia ser
uma possvel explicao para a falha de supresso da secreo insulnica que
ocorre nos indivduos obesos durante as ltimas horas de sono e primeiras
horas da manh . Isto est associado ao fato de que o aumento dos nveis de
insulina seria diretamente proporcional ao grau de insulino-resistncia que
ocorre nessa populao (Grfico 7) .
156
ENDOCR INOLOGIA DA NOITE
Grfico 7 - Padres mdios da glicose plasmtica, taxa de secreo de insulina (ISR), insulina srica, cortisol plasmtico e
concentraes de hormnio de crescimento (GH) plasmticos nos grupos de nove indivduos obesos e nove magros de controle
CONTROLE OBESOS
147 140 157 140
Glicose Plasmtica
126 120 146 120 A
105 100 115 100 ~
84 80 94 80
71 60
63 60
= c::::::::J _ 1
110 80 296 80
83 60 182 60 c::::::::::J _ 1
Insulina Sri ca
20.3 140 518 140
11.6 80 296 80
8.7 60 182 60
=
Cortisol Plasmtico 20
20
15 15
la la
c::::::::J _ i
GH Plasmtico
20 20
15 15
10 10
5~ c::::::::J _ 1
18 00 06 12 18 00 06 12 18 00 18 00 06 12 18 00 06 12 18 00
Para eliminar os efeitos de variaes interindividuais sobre a glicemia mdia, insulina e ISR no grupo padro, os valores individuais foram
expressos em procentagens sobre a mdia, evalores absolutos, correspondendo a 100%, foram indicados em escalas ordinais. As barras em preto
representam os perodos de privao de sono noturno.
Fonte: Van Cauter, E. et aI. Abd no rmal lemp oral patterns of glucose tolerance in obes ity: re lation ship to slee p-relale d growth horm one secretion and
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161
CRONOBIOLOGIA E NEUROLOGIA 10 .....
Gerson Magalhes
INTRODUO
A Neurologia da Noite deve, sem dvida, estudar o sono, responsvel por diver-
sos sinais positivos ou negativos que, quando bem avaliados, so importantes no
diagnstico. No sono, esto inseridos diversos ritmos envolvendo hormnios e subs-
tncias participantes da cascata de coagulao. Alm disso, em determinadas situa-
es, a partir de posturas assumidas por quem dorme, h ocorrncia de leses por
presso sobre os nervos perifricos.
163
MEDICINA DA NOITE
164
CRONOBIOLOGIA E NEUROLOG IA
Figura 1 - Alteraes do ECG antes e aps crise convulsiva. Em A, incio da crise convulsiva; em B, crise convulsiva e
artefatos no ECG; em C, trmino da crise convulsiva e taquicardia supraventricular
Cf)
165
MEDICINA DA NOITE
Figura 1 - Alteraes do ECG antes e aps crise convulsiva. Em A, inicio da crise convulsiva; em B, crise convulsiva e
artefatos no ECG; em C, trmino da crise convulsiva e taquicardia supraventricular (continuao)
166
CRONOBIOLOGIA E NEUROLOGIA
Figura 1 - Alteraes do ECG antes e aps crise convulsiva. Em A, incio da crise convulsiva; em B, crise convulsiva e
artefatos no ECG; em C, trmino da crise convulsiva e taquicardia supraventricular (continuao)
: . .
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167
MEDICINA DA NOITE
Descrita por Ekbom (1944), a crise das pernas inquietas caracteriza-se por
sensao de mal-estar afetando as pernas, mormente ao final do dia, quando o paci-
ente deita-se ou senta-se para ver televiso, ou est no cinema; com a movimentao
das pernas os sintomas aliviam, e, para isto, o caminhar a soluo. A sndrome
pode ocorrer juntamente a neuropatias, como a urmica, no diabetes, na carncia de
cido flico , na amiloidose, na anemia ou em outras doenas, nos ltimos meses de
gravidez, em situaes de estresse e fadiga e, por vezes, com carter gentico autos-
smico dominante em certas famlias. Muitos pacientes com a sndrome tm tambm
associados movimentos peridicos dos membros, principalmente das pernas, duran-
te o sono. Vrias medicaes foram propostas, geralmente em pequenas doses, so -
bressaindo a L-dopa e os agonistas dopaminrgicos - pergolide, bromocriptina, pra-
mipexol (0,125 mg, 2 a 3 vezes por dia) , sendo este ltimo bastante efetivo. Foram
tambm utilizados benzodiazepnicos, barbitricos e valproato. Nos pacientes que
apresentam concomitantemente depresso , o bupropion pode ser prescrito porque
existem relatos da sndrome relacionados com antidepressivos tricclicos e inibido-
res da captao da serotonina.
168
CRONOBIOLOGIA E NEUROLOGIA
169
MED IC INA DA NOITE
PARALISIA HIPERCALMICA
CIMBRAS
Nervo Radial
170
CRONOBIOLOGIA E NEUROLOGIA
NeNO Cubital
NeNO Mediano
NeNO Citico
171
MEDICINA DA NOITE
carbonato de ltio (300 a 900 mg), com dosagens procurando manter nveis abaixo
de 1 mg/l, so teraputicas recomendadas.
DORES DE DENTE
LESES EXPANSIVAS
CEGUEIRA NOTURNA
ANOSMIA
172
CRONOBIOLOGIA E NEUROLOGIA
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173
CRONOBIOLOGIA E PSIQUIATRIA 11 .....
Adolpho Hoirisch
INTRODUO
175
MEDI CINA DA NOITE
H, destarte, a caracterizao do dia solar, mas tambm pode seguir o modelo das
estrelas - dia sideral.
Em verdade, o dia solar que se reveste de maior importncia para os seres
vivos. Evidentemente h ciclos hebdomadrios , mensais, sazonais e anuais ; porm,
no ciclo circadiano que se concentra a ateno dos mdicos.
O estudo da Cronobiologia vinculada noite no se faz independentemente da
focalizao dos fenmenos diurnos. A separao resulta de artifcio didtico, pois
noite e dia esto imbricados. A referida integrao est ilustrada na lenda tebana da
Esfinge. Este ser mtico e monstruoso propunha enigmas aos que por ela passassem.
Oferecia ento a alternativa: "Decifra-me ou sers devorado" . Uma das adivinhaes
era: "Quais so as duas irms - uma das quais engendra a outra e esta engendra a
primeira?" (dia, em grego, hmera, palavra feminina) . sabido que dipo respon-
deu tratar-se do dia e da noite.
176
CRONOBIOlOGIA E PSIQ UIATRIA
A morte tambm referida como sono eterno, e um artifcio usado nos filmes
de terror, quando os mortos-vivos (vampiros, mmias, zumbis) aparecem e se tor-
nam visveis em funo de relmpagos que rasgam a escurido de museus, castelos
e palcios amaldioados.
Nas prticas religiosas trazidas para o Brasil pelos escravos africanos, o homi-
cdio mgico invocado ao Orix de Omulu, s sextas-feiras, na porta dos cemitrios
e nas encruzilhadas, utilizando parte do corpo da vtima (unha, cabelo) ou peas do
vesturio da mesma. No nos deteremos no simbolismo da encruzilhada (cruz to
presente nas sepulturas) e da necrpole (cidade dos mortos). Compreende-se o grito
de Goethe, moribundo: "Luz, mais luz!".
Para que a idia de noite no se torne insuportvel, por encerrar as conotaes
de inatividade, repouso, obscurantismo e morte, aparece em nosso socorro o poeta
Pierre Moreau de Maupertins: "J vi noites mais belas que os dias e que me fizeram
esquecer a doura da aurora e o esplendor do meio-dia".
177
MEDICI NA DA NOITE
IMPLICAES PSIQUITRICAS
Distrbios do Sono
178
CRONOBIOlOGIA E PSIQUIATRIA
179
MEDI CIN A DA NOITE
Distrbios do Humor
180
CRONOBIOlOGIA E PSIQU IA TR IA
Esquizofrenias
Outros Aspectos
TERAPUTICA
O estudo objetivo dos ritmos biolgicos, cujo interesse foi despertado a partir de
1950, comea a influir no tratamento dos doentes de diversas reas.
Os efeitos de um frmaco, em geral, ou de substncias psicoativas so pass-
veis de variaes a partir das organizaes temporais. A variao circadiana guarda
relao com propriedades fsico-qumicas dos produtos farmacuticos. Os frmacos
hidrossolveis no so influenciados pelo ritmo circadiano, ao passo que os de
baixa solubilidade o so.
181
MEDICINA DA NOITE
182
CRONO BIOLO GIA E PSIQUIATRIA
CONCLUSES
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185
CRONOBIOLOGIA E ASMA NOTURNA 12 .....
ASMA NOTURNA
187
MEDICINA DA NOITE
da asma noturna ocorram mais claramente em doentes que passam a noite acordados,
so tambm observados naqueles que, encontrando-se dormindo, acordam como efei-
to dessas alteraes. Ballard e colaboradores observaram que havia aumento de
duas vezes na resistncia das vias areas quando os pacientes estavam dormindo.
A maior ou menor facilidade em tratar essas alteraes e esses sintomas pode
ser crucial na conduta do caso, pois evitar alteraes impostas continuidade do
sono fundamental na conservao de sua arquitetura em padres adequados. Esse
aspecto pode apresentar-se at como o de mais difcil equacionamento teraputico ,
mesmo com o controle diurno sendo feito de forma adequada.
Cochrane e Clark relatam que 68% das mortes provocadas por asma em pacientes
adultos ocorreram entre meia-noite e 8 horas da manh, e Hetzel e colaboradores
acharam que oito em dez paradas respiratrias ocorridas em asmticos foram obser-
vadas entre meia-noite e 6 horas da manh. Esses dois trabalhos trazem baila um
tema extremamente importante: alm de piorar noite, a asma pode causar morte
nesse perodo. Com isto, aumenta muito a importncia do fenmeno da asma notur-
na, destacando-se o problema da falta de alerta devida prpria situao do sono.
Alm do mais, Robertson relata que as mortes por asma vm aumentando no mundo
todo, com a grande maioria dos casos ocorrendo no perodo noturno.
Um excelente estudo conduzido por Margaret Turner-Warnick com 7.729 paci-
entes na Inglaterra mostra a magnitude do problema da asma noturna. Setenta e
quatro por cento dos pacientes acordavam no meio da noite ao menos uma vez na
semana; em 64%, tal fato ocorria em pelo menos trs noites na semana e 38% acor-
davam todas as noites com sintomas asmticos.
Delthlefsen e colaboradores mostraram que 94% dos 1.631 episdios de dispnia
que ocorreram no seu estudo de 3.129 pacientes o fizeram no perodo de 22 horas a
7 horas da manh, com ntida predominncia s 4 horas da madrugada.
MAIMONIDES
188
CRONOBILOGIA E ASMA NOTURNA
189
MEDICINA DA NOITE
190
CRONOB ILOGIA E ASMA NOTURNA
60 60
A B
50 50
40 40
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30
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E
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0 000 0100 0200 0300 0400 0500 0600 0100 0200 0 3 00 0400 0500 0600
Hora do dia Hora do dia
Painel A- A resistncia de vias areas de asmticos aumenta durante a noite, mais durante o sono (crculos cheios) que em pacientes despertos
(crculos vazios). Painel B - Em pessoas normais, no se verifica aumento de resistncia (esto representadas as horas da madrugada).
Fonte: Ballard , R. D. et ai. Elfect of sleep on nocturnal br oncho co nstri cti on and ve ntilatory patterns in asthmatics. J. Appl. Physiol., 67: 243, 1989.
191
MEDICINA DA NOITE
192
CRONOBllOGIA E ASMA NOTURNA
193
MEDICINA DA NOITE
9 9
8 8
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t
6h
4 4
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A l' 2' 3' 4' 5' 6' A l' 2' 3' 4' 5' 6'
Dias Dias
9~---r---.----.----r---.--~ 9
8 8
7 7
6+---~--~----+----r--~~~ 6
5 5
4 4
3 t 3
.... --..-"
2 6h 2
AL-~l,~L-2~'~--~Y~--~4'~--~5'~--6~,-L
A l' 2' 3' 4' 5' 6'
Dias Dias
ocontrole circadiano do peak flow permite reconhecer diversos padres. Os vrios quadros esquematizam situa-
es muito comuns na prtica mdica. Azona hachurada corresponde faixa da normalidade. Acima e esquerda,
padro normal, com relativa diminuio do peak flow medido pela manh cedo. Todas as medidas mostram valores
dentro da faixa de normalidade. Acima e direita, asma, com acentuao do ritmo circadiano; os valores esto
quase sempre dentro dos limites da normalidade, a no ser nas primeiras horas da manh. Abaixo e esquerda,
asma com medidas anormais durante todo o dia. Alm disso, grande instabilidade do calibre brnquico eacentuada
diminuio do peak flow s 6h da manh. Este padro de muito maior gravidade que o do caso anterior. Abaixo e
direita, figurada grave obstruo permanente com pequenas variaes dos valores do peak flow. Tal situao
pode corresponder a extenso enfisema pulmonar.
Fonte: Jansen, J. M. Funo pulmonar. In: Paula, A. (Org.) Pneumologia. So Paulo : Sarvier, 1984.
194
CRONOBllOGIA E ASMA NOTURNA
////
Faixa de normalidade
rrr
(6) (12)(18) (
horas
1' dia 2' dia 3' dia 4' dia 5' dia 6' dia 7' dia Dias
Controle circadiano do peak flow durante sete dias. As linhas verticais representam as separaes entre os dias. A rea hachurada a faixa de
normalidade. Mulher de 24 anos, trabalhando em fbrica de jeans h 6 meses. Relata dispnia mais intensa aps as 10h nos dias de trabalho.
Omelhor momento da dispnia ao despertar, contrariamente ao encontrado habitualmente em asmticos. Ogrfico de peak flow confirma as
informaes da paciente. Em todos os dias de trabalho, a paciente est pior nas medidas das 12 e 18h; melhora nos dois ltimos dias, que so
sbado e domingo, quando estava afastada das atividades profissionais. Caso de bissinose.
195
MEDICINA DA NOITE
Peak flow
10
Peak flow
10
Painel superior - Controle do peak flow a partir do atendimento em crise (1 0 dia) . Aps o segundo dia, h flutuaes
com quedas na medida das 6h, porm com nitida tendncia ascendente. Painel inferior - A partir do 70 dia, padro
habitual, com grandes variaes e queda nas medidas das 6 e/ou 12h, quando o paciente fica fora da faixa de
normalidade. (Faixa hachurada = normalidade).
196
CRONOBllOGIA E ASMA NOTURNA
197
MEDICINA DA NOITE
200.----------------------------------------------------,
u..
c...
100
16h 4h 16h 4h
PF
Acurva sinusoidal uma boa representao dessas variaes. (PF = peak flow)
20 f--------------
< 15f--------------
C3
Z
<LU
C)
o
EE
15f--------------
5 f--------------
O 5 10 15 20 24 Hora do dia
Nota-se que em 83% dos pacientes a acrofase ocorre entre 12 e 20 horas, ou seja, 16 4 horas.
198
CRONOBILOGIA E ASMA NOTURNA
o 4 8 12 16 20 24
Hora do dia
Outro multivariado :
PF = C + V cos [(2 Pit + F)ff] + Z sen [(2 Pit + F)ff] + e
199
MEDICINA DA NOITE
Onde:
PF = peak jlow
C = Constante
A = Amplitude (acrofase menos batifase)
V. Z = Coeficientes
Pi = Nmero pi
t = Tempo, momento do dia em que feita a medida
F = Fase (hora da acrofase)
T = perodo
e = Erro residual
Alm de todos os dados da curva sinusoidal, possvel extrair um ndice
percentual de variao expressa como A/m, em que A = amplitude e m = mesor.
O mtodo univariado cossinusal inicialmente introduzido por Halberg utili-
za apenas uma varivel (cosseno) na equao, enquanto o segundo modelo, pro -
posto por Hetzel. utiliza duas variveis (seno e cosseno). Recentemente, os dois
modelos foram comparados, e o modelo multivariado de Hetzel mostrou-se, de
longe, o mais adequado, coincidindo esta concluso com a simples anlise de que
um modelo mais detalhado com mais de uma varivel seria o melhor.
A anlise estatstica, como a feita com ambos os modelos apresentados ,
pode ser criticada por estereotipar a variao do calibre brnquico, impondo uma
onda sinusoidal perfeita e regular, o que poderia no corresponder real variao
do calibre brnquico. H indicaes de que o padro real de variao do peak
jlow mostra um ramo de queda mais agudo, noite, e um ramo de recuperao
mais lento. Seria grfico do tipo dente de serrote. No entanto, um modelo mate-
mtico que contemplasse esse tipo de variao seria extremamente complexo e
no prtico.
200
CRONO BILOGIA E ASMA NOTURNA
CRONOTERAPIA
A asma uma das doenas que mais tem auferido as informaes de estudos
cronofarmacolgicos, de tal forma a melhor adaptar o horrio de administrao dos
medicamentos. De forma prtica, possvel planejar o tratamento da asma, com
vistas a aproveitar as informaes sobre a farmacocintica de seus medicamentos
em relao ao tempo.
Dos agentes farmacolgicos que influem sobre o sistema respiratrio, o que
mais tem sido estudado do ponto de vista cronobiolgico a teofilina. Os primeiros
estudos foram experimentos com roedores, quando ficou demonstrado que os mes-
mos apresentavam variaes circadianas na suscetibilidade a doses letais da droga.
Quando uma suposta dose LD50 (dose letal para 50% do grupo) de teofilina era
administrada ao meio-dia, 62% dos animais morriam, ao passo que se a mesma
dose fosse administrada s 4h da madrugada , a mortalidade era de apenas 12 ,5%.
Esse fato foi atribudo variao circadiana da atividade de enzimas microssomais
hepticas envolvidas no metabolismo do frmaco .
Foram demonstradas diferenas de concentraes s ricas de teofilina, de
absoro lenta, na dependncia da hora da ingesto do medicamento (Figura 9) .
Na tomada matutina , h aumento rpido da concentrao srica, com pico 4
horas aps a ingesto e, a partir da, queda progressiva at 12 horas aps. Na
tomada noturna, a absoro mais lenta, com pico aps 8 horas da ingesto, manten-
do-se a concentrao at 12 horas aps a tomada. As concentraes sricas consegui-
das com a dose noturna so cerca de 25% menores que as da dose diurna (Figura 8) .
201
~ Figura 8 - Comparao entre os modelos regressivos de peak flow circadiano univariado e multivariado ~
c:>
150 , 510 , - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - ,
=
140 -l T'1!l:.. ~ 508 ~ ~ :
I 100 ~
~ 110 494
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1~ G2
180
I \ I \ 490
488
70 iJl V
w~
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50 I f i i I I , I ' I , I i i i i ' I I i ' i , I i , I ' , , I I I I I i i i I I I 480
13 17 21 13 17 21 478
13 17 21 13 17 21
Tempo expresso em hora do dia Tempo expresso em hora do dia
540 370
~ ~
520
350
510
340
500
~ ~~
I ~
~~ Im
4ro ~o
460
300
450
290
440
~ ~
Em A, regresses muito semelhantes; em B, regresses semelhantes, porm com pequenas diferenas de fase; em C, regresses com grandes diferenas de fase eamplitude; em D, regresses
com grandes diferenas de fase eamplitude (Modelo univariado = Quadrados; modelo multivariado = cruzes)
CRONOBILOGIA E ASMA NOTURNA
20
18
16
14
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-, 12
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o
10
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g'-'"
c:::
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c:::
o
6
4
2
o
o 4 8 12
Horas aps administrao
H diferena significativa (p < 0,001) de Oa 4h e s 12h. Nota-se que, na tomada matutina, h aumento rpido
da concentrao srica, com pico aps 4h e, a partir da, queda progressiva at 12h. Na tomada noturna aabsoro
mais lenta, com pico aps 8h, mantendo-se at as 12h (Concentraes aps a tomada pela manh = crculos;
concentraes aps a tomada noite = tringulos).
203
MEDICINA DA NOITE
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209
DISTRBIOS RESPIRATRIOS DO SONO 13 ....
Flvio Magalhes
Anamelia Costa Faria
INTRODUO
Definio
Epidemiologia
211
MEDICINA DA NOITE
Classificao
HISTRICO
212
DISTRBIOS RESPIRATRIOS 00 SONO
FISIOPATOLOGIA
213
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Figura 1 - Polissonografia de um paciente de 41 anos com roncos (fluxo obtido atravs de senso r de presso mostrando curva compativel com SRVAS) ~
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DISTRBIOS RESP IRATRIOS DO SONO
QUADRO CLNICO
215
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Viglia
REM
Estgio 1
Estgio 2
Estgio DELT
MOVTIME
Apnia mista
Apnia centr. 111_ .1 _tJI_ _IIII
Apnia obsl.
Hipopnia I I
Ii i i I I I I I i I I i I i I I I I I I i i I i i j i i i I I i i i I I i I I I J I I I I I I I I J I I I i I i i I I i i I i i i i I I I I I I I I I I I 1
22:45 23:25 00:05 00:45 01 :26 02:06 02:46 03:26 04:06 04:46 05:26
DISTRBIOS RES PIRATRIOS DO SONO
217
MEDICINA DA NOITE
218
Figura 3 - Homem de 52 anos apresentando bradicardia ao trmino de uma apnia seguida de taquicardia
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MED IC IN A DA NOITE
EXAMES COMPLEMENTARES
220
DISTRBIOS RES PIRATRIOS 00 SONO
TRATAMENTO
Tratamento Conservador
221
MEDI CIN A DA NOITE
CPAP Nasal
o tratamento com CPAP nasal foi descrito pela primeira vez em 1981, por Sullivan.
Desde ento, tornou-se a modalidade de tratamento mais efetiva para o tratamento
da apnia do sono . O CPAP previne as apnias e as hipopnias fornecendo uma
presso de ar secundria atravs de uma mscara nasal ou facial que impede o
colapso da faringe.
A aderncia ao tratamento com CPAP nasal mais provvel quando o paciente
tem sonolncia diurna excessiva e percebe a imediata melhora deste sintoma com o uso
do aparelho. A educao exaustiva do paciente e o suporte mdico so imprescindveis.
Os efeitos colaterais do CPAP costumam ser raros e leves, incluindo rinorria,
congesto nasal, ressecamento nasal, conjuntivite quando h escape de ar pela
mscara nasal, abraso na pele (muito rara com o uso da mscara de silicone) ,
claustrofobia e aerofagia .
A congesto nasal e a intolerncia mscara so os efeitos que mais comu-
mente levam ao abandono do tratamento com CPAP. Vrios tipos de mscara so
disponveis, desde mscaras faciais para respiradores bucais at catteres (prongs)
nasais para pacientes com claustrofobia. Tcnicas de dessensibilizao mscara
so eficazes no controle da fobia.
Quanto rinorria, congesto e ao ressecamento do nariz, esses sintomas
podem ser aliviados com o uso de umidificadores e de corticide nasal.
Se o paciente no tolera expirar contra uma presso positiva elevada, pode ser
usada a rampa (aumento gradual da presso enquanto o paciente adormece) ou o
tratamento com presso positiva em dois nveis (BiPAP) . O CPAP autotitulvel foi
introduzido recentemente e permite o ajuste contnuo da presso s necessidades do
paciente. Sua desvantagem o custo mais elevado, porm menor que o do BiPAP.
Efeitos do tratamento com CPAP nasal
222
DISTRBIOS RE SPIRATRIOS 00 SONO
Cirurgia
Dispositivos Intra-Orais
223
MEDICINA DA NOITE
Outros
SAHOS EM CRIANAS
CONCLUSES
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225
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CORAAO DA NOITE 14 ......
INTRODUO
227
MEDICINA DA NOITE
HEMODINMICA DA NOITE
228
CORAO DA NOI TE
240
200
C> 160
::c
E
E
o.. 120
Cf)
80
40
o
8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 o 234 6 7
Tempo (horas)
Presso arterial sistlica = traado de cima; presso arterial mdia = traado do meio; presso arterial diastlica = traado de baixo
* Observar a sua Queda no perodo das Oh s 8h (descenso noturno)
Fonte: Cedido pelo dr. Ivan Cordovil , Instituto Nacional de Cardiolog ia das Laranjeiras, Rio de Janeiro.
229
MEDICINA DA NOITE
Figura 2 - Comportamento das variveis fisiolgicas durante os perodos diurno (O), noturno (N),
diurno em atividade (DA) e diurno em repouso (O R)
-30
20
VSE
(%)
o
-20
20
Is 1===:1 1
o
DC
(%)
-40
50
RP 25
~
(%)
o ~
D N DA DR
Verificar que no periodo noturno observa-se queda da presso arterial mdia (PAM). freqncia cardaca (FC),
volume sistlico ejetado (VSE) e dbito cardaco (DC) e elevao da resistncia perifrica (RP). Observar que no
perodo DR, as variveis fisiolgicas analisadas tm um comportamento semelhante ao perodo N.
Fonte : Adaptado de Veerman et aI., 1995.
230
CORAO OA NO ITE
240
~~~~_g~ __ :____ ~ ___ ~ ____ :____ ~ ___ ~ ____ ~ ___
I
i____:____ ~ ___ i ____ :___ _
I I I I ,
___ ..! ____ , ____ !. ___ ..! ____ , ____ !.I ____ , ____ ,"____ .! ___ _ ,I ___ _ IL __ _ .! _ ______ _
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10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 o 2 3 4 5 6 7 8
Presso arterial sistlica = traado superior; presso arterial mdia = traado intermedirio; presso arterial diastlica = traado inferior.
Observar o desaparecimento do descenso noturno, que corresponde ao intervalo entre Oh e 8h, devido manuteno da viglia e da atividade fsica
durante este perodo.
Fonte: Cedido pelo dr. Ivan Cordovil, Instituto Nacional de Cardiologia das Laranieiras , Rio de Janeiro .
231
MEDICINA DA NOITE
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FC = freqncia cardaca; VS = volume sistlico; VP = volume plasmtico; RP = resistncia perifrica; V0 2 =
consumo de 02; AF = atividade fsica; DC = dbito cardaco; PA = presso arterial; A Vagai = atividade vagai
'Observar que o aumento da A Vagai determina queda da FC. Esta queda da FC, associada s redues de VS, Vp,
V0 2 e AF, determina diminuio do DC, responsvel, por sua vez, pelO aumento da RP e diminuio da PA.
ELETROFISIOLOGIA DA NOITE
Tnus parassimptico i J,
Tnus simptico J, i
232
CORAO DA NOITE
Observar que no registro de cima (perodo de viglia), o ritmo sinusal com freqncia mdia de 74 bpm. No registro debaixo (perodo de sono).
observa-se bradicardia sinusal com freqncia mdia de 54 bpm (aumento da atividade vagai e reduo da atividade simptica). bloqueio trio-
ventricular do 1 grau e bloqueio trio-ventricular do 2 grau do tipo 1.
0 0
233
MEDICINA DA NOITE
234
CORAO DA NOITE
235
MED ICINA DA NOITE
imersos nas formas de onda do complexo QRS e originados nas regies onde a
propagao alentecida e fragmentada. Estes sinais so detectados utilizando tc-
nicas digitais de amplificao e filtragem do eletrocardiograma e observados na re-
gio terminal do complexo QRS e no incio do segmento ST, sendo considerados
marcadores de arritmias ventriculares por fenmeno de reentrada. Variaes circadi-
anas da influncia autonmica sobre a atividade eltrica do corao, principalmente
a atividade simptica, podem modificar a velocidade de propagao do estmulo el-
trico no miocrdio de maneira no uniforme . Regies de cicatriz de infarto do mio-
crdio demonstram aumento da concentrao de tecido conjuntivo cicatricial, redu-
o da quantidade de terminaes simpticas e maior distanciamento entre as fi-
bras, o que ocasiona reduo na velocidade de propagao local em condies ba-
sais. Variaes heterogneas nas velocidades de propagao do estmulo eltrico
em regies sadias e doentes, decorrentes de aumento da atividade autonmica sim-
ptica, so fontes potenciais de arritmias reentrantes. Steinbigler e colaboradores
(1999 , 2000) observaram aumento da prevalncia de potenciais tardios ventricula-
res durante a manh, quando comparado aos perodos vespertino e noturno, em
pacientes com arritmias ventriculares e ps-infarto do miocrdio . O aumento da
prevalncia destes marcadores nas primeiras horas da manh correlaciona-se com o
aumento da atividade simptica ao despertar e explica a maior incidncia de morte
sbita neste grupo de indivduos.
236
CORAO OA NOITE
30.4 20.7
16.9 11.5
o
O
~-'~~",,~~-.~~~~~~_Hz
.1 .2 .3 .4 .5
O
o .2 .3
..........-~Hz
~""''''''T''''''''
.4 .5
.1
237
MEDICINA DA NOITE
Grfico 2 - Distribuio percentual dos eventos cardacos agudos observados durante os perodos
diurno e noturno*
90
57.759
80
70
60
50
40
30
20
10
o
IAM MS O-COI
_Noite DOia
238
CORA ODA NOIT E
2,5
_ Populao geral
2 ~----------j D Tabagismo
D Diabetes
1,5
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E 0,5
o
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-o
'u
E -0,5
-1
-1,5
-2
O 5 10 15 20
Horrio (horas)
*Observar o padro circadiano sinusoidal com aspecto bimodal, que descreve a distribuio de eventos, por
horrio, nos dois subgrupos.
Fonte : Adaptado de Messa el ai., 2004 .
239
MEDICINA DA NOITE
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242
MALES DA NOITE DE ORIGEM DIGESTIVA 15 ....
INTRODUO
243
MEDICINA DA NOITE
244
MALES DA NOI TE DE ORIG EM DIG ESTIVA
245
MEDICINA DA NOITE
246
MALE S DA NOITE DE OR IGEM DIGE STIV A
simptico sobre o parassimptico. Por outro lado, o papel de cada um de tais agentes
fisiolgicos assume carter especfico ou amplificado em doenas raras que, afinal,
refletem sua fisiopatologia.
Como j referido, o anoitecer evoca medos ancestrais que remontam origem
do homem. A noite o mbito fbico por excelncia. Temores difusos amplificam
medos focais (atuais, potenciais ou imaginrios), chegando ao terror noturno, que,
principalmente de natureza nosofbica, paranide, obsessiva e/ou claustrofbica,
acompanham as manifestaes digestivas. A insnia pode ser causa, fator agravante
ou conseqncia de tudo isso.
247
MEDICINA DA NOITE
casas ricas (e hoje em muitas casas pobres), o vaso sanitrio era localizado fora do
corpo da casa. O uso do penico ou urinol e da escarradeira debaixo da cama ou
dentro do criado-mudo era causa de mau cheiro, produtor de nusea e insnia. Em
caso de vaso sanitrio em sute, o modelo usado em alguns pases to produtor de
cheiro nauseante quanto o velho penico.
Doenas parasitrias podem ter seus sinais e sintomas mais notados noite.
Exemplos so o prurido anal por oxiro e a eliminao de ascardeo e de proglotes de
tnia. Excitantes de vermes, como os licores, ingeridos com o jantar, produzem sua
sada anal espontnea ou clicas noite. O mal-estar por aumento do fgado e do
bao ou por ascite - no Brasil causados tambm por parasitas - mais intenso noite.
O megaesfago e o megaclon da doena de Chagas tambm pronunciam seus efeitos
ao decbito. O mesmo pode ocorrer com varizes esofageanas e ainda com hemorridas
(que so outra afeco peridica) ou demais enfermidades proctolgicas.
BIBLIOGRAFIA
248
ASPECTOS NEFROLGICOS 16 .....
DA MEDICINA DA NOITE
Paulo Roberto Oliveira Faraco
Maurcio Younes-Ibrahim
INTRODUO
249
MED ICIN A DA NOITE
FUNO RENAL
Mais do que qualquer outro rgo, o rim responsvel pela manuteno da com-
posio do ambiente interno. A base biolgica da funo renal o conjunto das ativida-
des metablicas das clulas que compem o nfron. Se, por um lado, as adaptaes
funcionais promovidas nas clulas renais regem flutuaes homeostticas sistmicas;
por outro, a funo renal sofre efeitos diretos e indiretos da maioria dos fenmenos
sistmicos que esto implicados em diferentes oscilaes cclicas do organismo.
Nos rins, como em outros rgos, as variaes fisiolgicas ocorrem em sincronia
com o sistema nervoso central (SNC), em comunicaes feitas atravs de sistemas
complexos de sinalizaes endcrinas e neurolgicas. Entretanto, em certas condies
fisiopatolgicas , a eventual quebra de interao com o SNC faz com que os rgos
assumam o comando dos seus prprios ritmos metablicos e funcionais, desta feita
no necessariamente em sincronia com os ciclos dos demais sistemas. Mais recente-
mente foram demonstrados fenmenos oscilatrios circadianos, auto-sustentados,
presentes em diferentes tecidos perifricos, com padres to desenvolvidos quanto os
do SNC. Individualmente, clulas de tecidos perifricos, como pulmo, fgado e rim,
so capazes de manter uma auto-ritmicidade por mais de vinte dias, independente-
mente do SNC, mesmo em culturas ex vivo, sugerindo a existncia de mecanismos de
sincronizao com caractersticas clulas e rgos especficas.
O nfron a unidade funcional do rim. Existem aproximadamente um milho
de nfrons em cada rim humano. Alm do glomrulo , o nfron possui uma sucesso
de segmentos tubulares distintos, compostos por diferentes clulas epiteliais. Diutur-
namente, as estruturas glomerulares promovem ultra filtrao contnua do plasma,
para, em seguida, o epitlio tubular renal executar a antidiurese, pela reabsoro
macia deste ultrafiltrado. Alm destas etapas, ocorre secreo ativa de vrios ele-
mentos metablicos na luz tubular para ento se formar a urina, que produzida
com volume e composio variveis, ao longo das 24 horas. Flutuaes nas carac-
tersticas bioqumicas da urina em face do momento metablico do organismo so a
prpria confirmao da existncia de mecanismos de sinalizao intercelulares e
interteciduais que asseguram, a cada momento, a resposta orgnica integrada do
sistema urinrio.
250
ASPECTOS NEF RO LGICOS DA MED ICINA DA NOITE
251
MEDICINA DA NOITE
na eliminao das drogas pelo rim e nos padres hemodinmicos. A funo renal
oscila ao longo das 24 horas, e a taxa de filtrao glomerular atinge o nvel mais
alto durante o dia, caindo significativamente noite, durante o sono. Ao longo do
ciclo claro do dia, a mdia dos valores de depurao significativamente maior que
a mdia observada nos valores noturnos - p <0,0001 (Figura 1).
TFG
(ml/min)
o
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~ 86 12ml/min
o 12 24h
Representao da variao fisiolgica circadiana da funo renal expressa pelos valores mdios e os respectivos
desvios-padro da taxa de filtrao glomerular (TFG) medida pela depurao da creatinina (expressa em mililitros
por minuto) em indivduos saudveis,
Fonte: Desenhado a partir dos valores descritos por Koopman et aI. C/in, Sei,. 77: 105-111 , 1989,
252
ASP ECTO S NEFR OLGICO S DA MED ICI NA DA NOITE
quando a mesma dose diria dada aos pacientes em dose nica (menor nefrotoxi-
cidade) ou dividida em trs doses (8/8 horas). Ainda, a dose nica diria de AMG
tambm produz efeito txico variado em funo do horrio da infuso. O menor nvel
de nefrotoxicidade foi observado quando os AMG foram infundidos em dose nica s
13h30min.
Outros fatores metablicos podem interferir no potencial nefrotxico de medica-
mentos ao longo do dia. Modelos experimentais mostraram que a nefrotoxicidade
induzida pela ciclosporina A pode ser prevenida pela melatonina , hormnio libera-
do pela pineal na fase escura do ciclo circadiano. O mecanismo protetor atribudo
ao efeito antioxidante da melatonina, que reduziria a peroxidao de lipdeos, um
dos primeiros eventos moleculares presentes no processo de nefrotoxicidade da ci-
closporina A. Mais recentemente, foram demonstrados efeitos diretos de doses nano-
molares de melatonina sobre as clulas tubulares renais, modificando ciclicamente
a permeabilidade transepitelial em efeitos duradouros superiores a 12 horas, atravs
de ativao da protena-quinase C (PKC) , sustentando a hiptese de que a melatonina
poderia sincronizar os ritmos dirios de transporte inico, atravs de efeitos diretos
no citoesqueleto do epitlio renal.
O transporte glomerular de macromolculas tambm obedece a um ritmo circa-
diano, sobretudo o c!earence fracionaI de grandes molculas se encontra alterado
nos pacientes portadores de sndrome nefrtica. Durante a noite , so filtradas ape-
nas cerca de um quarto da quantidade diria de protena. Esta variao tem sido
atribuda a modificaes circadianas que acontecem na estrutura funcional das
membranas glomerulares. Durante o dia, maior percentagem de superfcie de filtra-
o com grandes poros (75 ) estaria envolvida com o processo de filtrao glomeru-
lar, em comparao ao perodo noturno, quando apenas cerca de 65% dos grandes
poros presentes na superfcie das membranas glomerulares estariam funcionantes .
Em consequncia , as molculas maiores seriam filtradas em menor quantidade no
perodo noturno .
MANIFESTAES CLNICAS
253
MEDICIN A DA NOITE
Opsiria
Clica Renal
254
ASP ECTOS NEfR OlGICOS DA ME DICI NA DA NOITE
Leathes observou que a urina da manh mais alcalina do que a da noite e descre-
veu a 'mar alcalina ' da manh.
Apesar de alguns estudos posteriores terem contestado essa observao, a maioria
dos relatos da literatura aceita a hiptese da variao diria do pH no sangue e
urinrio. O modelo postulado atualmente para explicar a flutuao do pH urinrio
correlaciona o fenmeno com a secreo gstrica. A secreo luminal de cido no
estmago resulta na sada de base das clulas parietais, causando alcalinizao do
sangue e, conseqentemente, da urina. A vagotomia previne a alcalinizao da uri-
na. Ao mesmo tempo, a administrao crnica de anticidos parece ter efeito restrito
intraluminal, j que no afeta a alcalinizao circadiana da urina.
Embora indivduos no formadores de clculos tambm desenvolvam urina
cida intermitentemente, a alcalinizao peridica da urina parece ser suficiente
para proteg-los da formao de clculos de cido rico . Bilobrov e colaboradores
(1990) estudaram flutuaes diurnas do pH urinrio a cada trs horas e observaram
que os indivduos no formadores de clculos aprese ntavam amplas variaes de
acidez e alcalinidade da urina , enquanto os formadores de clculos de cido rico
mantinham o pH persistentemente baixo. Murayama e colaboradores (2001) condu-
ziram estudo similar que incluiu pacientes internados submetidos dieta controla-
da e pacientes ambulatoriais em dieta livre e encontraram resultados semelhantes,
em que 82% dos formadores de clculos mantiveram o pH urinrio menor que 6,
sem alcalinizao ps-prandial e matinal.
Os fatores que interferem ou inibem a variao circadiana do pH urinrio parecem
contribuir significantemente para a formao de clculos de cido rico. Se a 'mar
alcalina ' causada pela secreo gstrica, mecanismos potenciais para a sua
ausncia incluem: secreo cida anormal, alterao da carga filtrada de bicarbonato
por diminuio transitria da taxa de filtrao glomerular e aumento da reabsoro
de bicarbonato ligada capacidade secretria de hidrognio . A ausncia da variao
circadiana de pH urinrio, mantendo-o permanentemente baixo, contribui para a
formao de clculos, em particular quando associada variao circadiana do fluxo
urinrio, justificando a grande incidncia de urolitase que se manifesta noite.
A demonstrao estatstica de padro circadiano na ocorrncia de episdios de
clica renal foi elegantemente demonstrada por Manfredini e colaboradores (2002)
numa srie de 3360 pacientes. Numa populao de adultos jovens, em 48,8% foi
comprovada radiologicamente a presena de clculo renal e, em 71% deles, com
contedo de clcio, predominando em dois teros no sexo masculino. O incio dos
sintomas apresentou pico matinal s 4h32min, no havendo diferena significativa
entre os pacientes com e sem clculo identificado. Como a produo de urina e a
excreo de solutos variam ao longo do dia, a hiperconcentrao urinria verificada
durante a noite favorece naturalmente a ocorrncia de nefrolitase e de infeco
urinria. O risco litognico de oxalato de clcio ao longo do dia tambm j foi estudado,
sendo maior no final da noite e incio da manh. A atividade inibitria da cristalizao
255
MEDICINA DA NOITE
Nictria
A nictria reconhecida como uma alterao urinria sintomtica, de origem
multifatorial, que afeta tanto homens como mulheres. Nictria refere-se ao ato de
despertar para urinar. Vrias definies foram propostas para nictria, envolvendo volu-
me eliminado de urina durante perodo noturno fixo (ex: maior que 6,4 m1!kg, volume
urinrio noturno excedendo um tero do volume total dirio), porm, a Organizao
Mundial da sade (OMS) adotou como critrio diagnstico dois ou mais episdios de
esvaziamento vesical durante o perodo noturno . O Quadro 1 mostra os principais
fatores que esto associados com nictria.
Quadro 1 - Principais fatores associados com nictria
Envelhecimento
Psicognicos Aumento da ingesta hdrica, depresso , ansiedade
Comportamental Consumo de lcool e cafena
Patolgicos Diabetes mel/itus , diabetes insipidus, infeces do trato
urinrio, cncer, insuficincia venosa, insuficincia cardaca
congestiva , hipertenso, insuficincia renal crnica
Hormonais Deficincia de estrognio, produo reduzida de hormnio
antidiurtico
Alteraes do sono Interrupes, tempo de permanncia no leito
POliria Reabsoro noturna de lquidos, sede excess iva
Distrbios vesicais Diminuio da funo e capacidade da bexiga
Doenas neurolgicas Doena de Parkinson, doena de Alzheimer,
esclerose mltipla
256
ASPE CTOS NEFRO l G ICO S DA ME DI CINA DA NOITE
257
MEDICINA DA NOITE
bem demonstrado pelo menor dbito urinrio noturno verificado nos pacientes que
usam sedativos para dormir, em relao aos que no usam.
Nictria tambm deve ser considerada como decorrente da produo aumenta-
da de peptdeo natriurtico atrial, nos casos de distrbio primrio do sono. A apnia
obstrutiva do sono pode causar diurese noturna atravs da produo de peptdeo
atrial natriurtico estimulada pela hipoxemia. Estudos recentes indicam que a nict-
ria pode ser um marcador importante na identificao de apnia noturna, baseado
no mecanismo descrito anteriormente.
A enurese noturna da criana, em determinados casos, apresenta mecanismos
comuns com a nictria do adulto. A associao entre aumento da frao de excreo
de sdio, hipo-osmolalidade urinria e baixos nveis plasmticos de hormnio anti-
diurtico durante o perodo noturno demonstra que a nictria do adulto de origem
renal pode se manifestar na criana com o quadro clnico de enurese noturna.
A nictria, como distrbio primrio da funo renal, associada ou no a outros
fatores determinantes como citados anteriormente, constitui-se atualmente em ma-
nifestao clnica relevante e que deve ser abordada de forma ampla pelo clnico.
258
ASPE CTOS NE f ROL GIC OS DA MED ICIN A DA NOITE
BIBLIOGRAFIA
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260
CRONOBIOLOGIA E REUMATOLOGIA
INTRODUO
261
MEDICINA DA NOITE
OSTEOARTRITE
OSTEOPOROSE
262
CRONOBIOLOGIA E REUMATOLOG IA
ARTRITE REUMATIDE
263
MEDICINA DA NOITE
264
CRONOB IOlOG IAE REUM ATOlOGIA
265
MEDICINA DA NOITE
ESPONDILOARTROPATIAS SORONEGATIVAS
GOTA
A gota acomete mais homens do que mulheres e tem por caracterstica crises de
mono ou oligoartrite. As crises tendem a melhorar, mesmo que espontaneamente,
aps uns dias e, no perodo intercrtico, que pode variar em extenso, trata-se o
paciente visando a reduzir o cido rico srico. A crise da gota ocorre pela deposio
de cristais de cido rico em uma ou mais articulaes, constituindo-se num dos
quadros de intensidade dolorosa mais intensa. Ocorre mais freqentemente noite e
comumente acorda o paciente durante o sono. No encontramos estudos sobre o
tema, mas existem algumas possveis explicaes para essa correlao. A mais plau-
svel est ligada maior drenagem linftica durante o perodo de repouso da arti-
culao, com a rpida sada de gua livre, o que leva precipitao dos cristais na
articulao durante o sono.
FIBROMIALGIA
266
CRONOBIOLOGIA E REUMATOLOGIA
SNDROME DE SJGREN
CRONOFARMACOLOGIA EM REUMATOLOGIA
267
MEDICINA DA NOITE
BIBLIOGRAFIA
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269
ASPECTOS GINECO-OBSTTRICOS 18 .....
DA MEDICINA DA NOITE
Anna Lydia Pinho do Amaral
Vanderlei Carlos Pacini
INTRODUO
271
MEDICINA DA NOITE
272
ASPECTOS GIN ECO- OB STT RICOS DA ME DICINA OA NOITE
Trmino da Gravidez
Smolensky (1972) demonstrou que o incio do trabalho de parto ocorre com
mais freqncia entre 1h30min e 2h30min e que o maior nmero de nascimentos
seria em torno das 5h30min. Grupo controle de partos induzidos no mesmo horrio
teria pico mximo de nascimentos entre 10h30min e 15h30min. Ajunte-se a esses
estudos o realizado por Apgar, que demonstrou que crianas nascidas durante o
final da manh e no perodo da tarde apresentam maior incidncia de problemas no
perodo neonatal.
O horrio de maior incidncia da parturio dos animais e das mulheres , se-
gundo Honnebier e Nathanielsz (1994), durante a noite e nas primeiras horas da
manh. Os autores estudaram a atividade miometrial pr-parto e os hormnios cir-
culantes, a fim de verificar o ritmo circadiano materno-fetal e sugeriram que o feto
recebe informaes acerca da luz ambiente, atravs da me. A interao materno-
fetal seria responsvel pela parturio na melhor hora do dia e, segundo estes auto-
res, existiria um sistema circadiano materno prprio do estado gravdico.
Backe (1991 ), em 1.881 partos ocorridos na Noruega, achou que os ocorridos
durante a noite apresentam trabalho de parto e durao significamente menor (cerca
273
MEDICINA DA NOITE
274
ASPECTOS GIN ECO- OBST tT RICOS DA ME DICI NA DA NOITE
muitos autores, esta produo depende de diversos fatores, dentre os quais esto
aspectos da alimentao, quantidade e qualidade das horas de sono, luminosidade,
exerccios, uso de drogas e idiopticos.
Nos seres humanos, o aspecto sexual no exerce uma relao de causa e efeito
quando se busca a ovulao. No h necessidade da ovulao para que se permita o
desejo da relao sexual. Em seres humanos, as relaes coito-luz ou coito-escuri-
do no so imprescindveis liberao do GnRH. Entretanto, fatores emocionais
influem decisivamente no ciclo menstrual feminino, no se conhecendo exatamente
as interaes entre o crtex cerebral e o hipotlamo. Este ltimo, considerado gln-
dula endcrina, responde a impulsos provenientes de centros mais altos do crebro.
Os impulsos so transmitidos atravs da mediao de neurotransmissores, tais como
dopamina, norepinefrina, serotonina, melatonina, acetilcolina, histamina e cido
aminobutlico. Destes, os mais estudados so as catecolaminas, que estimulam a
liberao de GnRH quando indivduos so submetidos a processo de estresse como,
por exemplo, durante uma relao sexual, que estatisticamente ocorre com maior
freqncia no perodo noturno e exerce influncia no ciclo menstrual. Por outro
lado , a serotonina e a melatonina parecem exercer papis de inibidoras da liberao
de gonadotrofinas. Para Neves e colaboradores (2004), a melatonina produzida na
fase de escurido ambiental e o estresse e exerccio fsico em humanos podem au-
mentar as concentraes plasmticas de melatonina. A secreo de melatonina tem
fortes influncias sobre os ritmos circadianos da atividade reprodutora.
O controle da acetilcolina ainda no est bem determinado, mas sabemos que
altas doses de atropina podem bloquear a liberao de gonadotrofinas. As prostra-
glandinas, mais notadamente a E2 , esto envolvidas no processo de liberao do
GnRH. Por outro lado, os estrgenos podem sofrer influncia e ao de uma enzima
do hipotlamo, a 2-hidroxilase, que os transformam em catecolestrognios, de estru-
tura semelhante s catecolaminas, influenciando na liberao de GnRH. As endorfi-
nas tambm podem bloquear a liberao de GnRH. Para muitos autores, substncias
como prostaglandinas, prolactina e endorfinas so produzidas e liberadas durante o
dia apenas para a sobrevivncia, ou seja, para as necessidades mnimas e, durante
a noite, outras formas moleculares estariam afetando diretamente o centro liberador
de GnRH , determinando, por exemplo, um pulso de LH e conseqente ovulao.
Estes eventos no so bem estabelecidos pela maioria dos autores e, portanto, deve-
mos procurar outras teorias futuras para uma compreenso destes fenmenos notur-
nos do ciclo menstrual.
De aco rdo com a liberao pulstil de GnRH, h liberao, tambm em ritmo
pulstil , de FSH e LH , e qualquer fator que interfira na liberao destes pulsos
provocar resposta direta na ovulao. O ciclo menstrual um processo repetitivo
da integrao do eixo hipotlamo-hipfise-ovrio, com muitas mudanas estrutu-
rais importantes nos rgos-alvo como tero, trompas, vagina e endomtrio. Cada
ciclo em que no ocorreu fertilizao culminar sempre em menstruao , sendo o
275
MEDICIN A DA NOITE
primeiro dia do fluxo menstrual considerado o incio do ciclo. De acordo com ques-
tionrio aplicado a 150 mulheres de regies urbanas, em consultas peridicas, ficou
estabelecido que a maioria delas (63%) iniciaram um novo ciclo menstrual durante a
noite, ou seja, aps o escurecer. Algumas explicaes so descritas para este fato .
Parece que, durante a noite, nos perodos de sono, quando ocorre relaxamento geral e
em especial da musculatura miometrial, das arterolas endometriais e da musculatura
uterina cervical. se processariam os primeiros sinais de menstruao.
Alm desses efeitos, no descartada a participao de eventos emocionais
relacionados ao coito que, da mesma forma que pode causar menostasia, estaria
causando, de forma noturna, a menstruao. Estas vias atravs das quais fatores
emocionais vividos durante a noite podem bloquear as respostas ovariana ou endo-
metrial no esto esclarecidas, mas sabido que as mesmas ocorrem com freqn-
cia. Tudo indica que os padres comportamentais e de resposta das funes orgni-
cas parecem representar a expresso de memria do sistema lmbico, apreendidos
durante o desenvolvimento biopsquico do indivduo. Todos estes efeitos so corro-
borados por Yen (1983), que relata a ao do GnRH aparentemente mediada pela
adenilciclase. O GnRH liga-se ao seu receptor na membrana da clula-alvo, promo-
vendo a sntese da adenosina-cclica-monofosfato, que atua nas protenas celulares
para produzir o seu efeito. Esta fonte de energia estaria mais liberada no perodo de
repouso, com pouca claridade, sem barulho e sem a utilizao dos centros sensori-
ais superiores, determinando, desta forma, durante a noite, um gasto reduzido de
energia, aumentando assim a fonte extra para utilizao de todo o complexo meca-
nismo desta apoptose endometrial dita menstruao. Pinto e Mello, em trabalho re-
cente, reiteram que as contraes uterinas apresentam seu ritmo mximo por volta
de 1 hora da madrugada. Em estudo realizado em mulheres da Islndia e Finlndia,
que ficaram expostas a perodos prolongados de claridade, observou-se anovulao,
oligomenorria, hipomenorria e amenorria. Em consonncia a estas situaes,
podemos arriscar dizer que as mulheres iniciam um novo ciclo, com maior freqn -
cia, durante o perodo noturno e que todas as doenas catameniais, como dismenor-
ria, enxaqueca, asma, trombocitopenia menstrual, porfiria, artrite, epilepsia, ins-
nia, hipersonia, pneumotrax catamenial, endometriose e miomatose, tambm so
deflagradas no perodo noturno.
Ovulao
276
ASPECTOS GI NECO -O BS TTRICOS DA ME DICINA DA NOITE
Prurido Vulvovaginal
277
MED ICINA DA NOITE
278
ASPE CT OS GINECO-OSSTETR ICOS DA MED ICINA DA NOITE
posta imune via TH1, onde h liberao de citocinas como interferon-gama, inter-
leucina-1 e 2. Por outro lado, a via TH2, que libera citocinas estimulantes da produ-
o de anticorpos (interleucinas-4, 5 e 10), ter valor limitado na defesa da mucosa
contra este agente. No h como negar que o intercurso sexual se d mais noite e,
desta forma, aspectos fisiopatognicos envolvendo respostas imunes ligadas aos pro-
cessos alrgicos individuais e em decorrncia desta interao sexual podem ser cau-
sa direta do prurido.
Manifestaes clnicas aparecem no sistema reprodutor, em que a nica re-
gio sujeita restrio fsica do recrutamento linfoctico. Em estudo recente, confir-
mou-se que o prurido estaria relacionado ao perodo noturno, observando-se a pato-
gnese dos fungos no trato genital. Jacob e colaboradores (1996) relatam um caso de
prurido de incio noturno em paciente alrgica ao fluido espermtico. Aspectos mor-
folgicos das leveduras (estrutura, composio, crescimento e nutrio das espcies
patognicas de cndida), relacionados principalmente aderncia, dimorfismo,
mudana fenotpica e fatores do hospedeiro, sofrem interferncias principalmente no
perodo de repouso. Essas interferncias tambm podem ocorrer com a atividade
sexual, utilizao de bebida alcolica, prtica tabgica, utilizao de drogas e entor-
pecentes e, sobretudo, ingesto excessiva de carboidratos, gerando hiperglicemia
transitria, intolerncia glicose, disfuno do sistema imune e candidose, esta
ltima expressada principalmente pelo prurido vulvovaginal.
Ainda ao anoitecer, com a diminuio da temperatura, utilizando ou no
aparelhos de ar-condicionado, observa-se diminuio das Heat Schok Protein (pro-
tenas de choque). Estas so produzidas em todas as clulas vivas e tm papel
preponderante no processo de recomposio de protenas desnaturadas, importan-
tes para o metabolismo celular, promovendo a reconstituio de sua conformao
natural e servindo como montadoras de novas protenas que estariam sendo utili-
zadas para manter glicocorticides, andrgenos, receptores de progesterona e cer-
tas cinases celulares em seus estados no ativos, contribuindo para a integridade
noturna das mucosas.
BIBLIOGRAFIA
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279
MEDICINA DA NOITE
280
ASPE CTOS GINECO -OS STTR ICOS DA MED IC INA DA NOITE
281
MEDICINA DAS VIAGENS AREAS 19 ~
INTRODUO
Desde tempos ancestrais, o sonho de voar sempre fez parte do imaginrio hu-
mano. Existem registros em pinturas rupestres e na mitologia grega (caro usa asas
para fugir dos labirintos de Creta) . Em 400 a.C., os chineses criaram as pipas para o
lazer, para rituais e para testar as condies do tempo. Hero de Alexandria desenvol-
veu o aerolipile. Leonardo da Vinci, em 1485, desenhou o ornithoptero a partir de
estudos sobre asas e caudas de pssaros, inspirando a criao do helicptero. Alberto
Santos Dumont, em 1906, teve a primazia de descer em Paris no 14 bis, tornando
'real' o sonho acalentado h tanto tempo.
A tecnologia da aviao rapidamente progrediu no sculo xx, a partir dos grandes
conflitos mundiais, com a aviao militar e, mais tarde, com a aviao civil. Esta
ltima, ao transportar passageiros e cargas em um perodo de tempo relativamente
rpido, passou a ocupar um espao que no seria possvel a qualquer outro meio de
transporte, seja por terra ou por mar.
Esses avanos permitiram a reduo das distncias e do tempo de vo sem
escalas, bem como o aumento da capacidade de transporte de passageiros, elevando
o nmero e a durao dos vos transcontinentais. Dados da Associao Internacional
de Transportes Areos (lata), revelam que o nmero anual de passageiros em vo
passou de 1.562 milhes, em 1999, para 1.647 milhes, em 2000.
O crescente nmero de viajantes a turismo, negcios ou estudos despertou o
desenvolvimento da Medicina Aeroespacial ou Medicina das Viagens Areas (MVA).
Esta uma subrea da Medicina das Viagens (MV) , que compreende tambm a Medi-
cina das Altitudes e Medicina Baromtrica. Para o seu estudo, concorrem disciplinas
283
MEDIC INA DA NOITE
SNDROME DE DESSINCRONIZAO
284
MED ICINA DAS VIA GENS A REAS
e atravessam muitas zonas de tempo. Essas sensaes fazem parte de uma cadeia de
eventos relacionados adaptao do corpo s mudanas de fusos horrios.
O corpo tem um sistema de ritmos sincronizados que organizam suas funes
em rgidos ciclos de 24 horas. Estes ritmos podem ser influenciados e ajustados a
uma ampla faixa de fatores ambientais, como o horrio no relgio de pulso, se est
claro ou escuro e as mudanas de temperatura (Grfico 1).
Grfico 1 - Curva de temperatura corporal
Temp.
o 3 5 9 12 15 18 21 24
Hora do dia
Jet lag um te rmo usado para um conjunto de sintomas que resultam das
mudanas nos padres rtmicos naturais do corpo, quando so rapidamente cruza-
dos muitos fusos horrios. A rpida passagem pelos fusos rompe os ritmos naturais
do corpo, ultrapassando a sua capacidade para reajustar-se s mudanas.
Este fenmeno denominado dessincronizao ou desorientao e at que o
corpo consiga reajustar seu relgio interno para os novos fusos muitas pessoas iro
sentir esses efeitos. Ojet lag um dos tipos de distrbios do sono.
O organismo desenvolve um ciclo natural dormir-despertar, o qual se liga aos
padres de oferta de luz-escurido no ambiente. As viagens entre os fusos alteram
estes padres, desregulando os ritmos corporais. Embora uma mudana de poucas
horas no parea significativa, pode ser o bastante para afetar este ciclo. Se um
norte-americano , em Braslia, receber uma chamada para despertar s 7 horas da
manh, o corpo dele ainda estar girando no tempo de Nova Iorque, onde so so-
mente 5 horas da manh. Os efeitos do jet lag vo alm do cansao. Isto ocorre
porque o romp imento do ciclo dormir-despertar afeta muitos processos orgnicos,
incluindo a temperatura e a secreo de hormnios. O desequilbrio desses proces-
sos pode levar a um amplo espectro de sintomas.
285
MEDICINA DA NOITE
o CICLO CIRCADIANO
o ritmo vital
O corpo humano tem muitos ritmos que governam as nossas vidas. O prprio
desabrochar da vida humana ocorre com maior freqncia noite. J os temidos
ataques cardacos tm o pico em torno das 10 horas da manh. Assim, quase todo
aspecto da vida humana cronometrado.
O ser humano tem vrios relgios biolgicos internos. O funcionamento do
organismo em um perodo de 24 horas denominado ritmo circadiano.
O relgio circadiano localiza-se nos mamferos no ncleo supraquiasmtico do
hipotlamo, no sistema nervoso central (SNC). Este ncleo contm osciladores circa-
dianos em mltiplas clulas autnomas e os seus mecanismos oscilatrios come-
am a ser desvendados. Ainda representa um desafio conhecer como clulas indivi-
duais do SNC criam um marca-passo tissular que produz uma leitura exterior coe-
rente ao resto do organismo.
Estudos de gene-expresso, expondo ratos a ciclos de luz-escurido por pero-
dos prximos aos limites de sincronizao do ritmo circadiano, sugerem que os dois
ritmos de atividade motora refletem as atividades separadas de dois osciladores loca-
lizados nas regies ventrolateral e dorsomedial do SNC.
O ritmo circadiano a principal fonte de informaes temporal e rtmica para
todos os processos fisiolgicos do organismo, inclusive a alternncia do sono-vig-
lia. Recentes estudos, em modelos animais e humanos, demonstram importante
modulao do sono e viglia mediada pelo ritmo circadiano.
o ciclo dormir-despertar
A vantagem na adaptao dos comportamentos de sincronizao dormir-des-
pertar com as mudanas dirias no ambiente externo clara. Porm, no mundo
moderno, onde as restries do tempo so menos importantes, o relgio circadiano
ainda impe limites rgidos na fronteira do sono e estado de viglia, os quais so
crescentemente percebidos como limitaes ao desempenho humano . Este conflito
est ligado aos distrbios do sono do jet lag e do trabalho em turnos e noturno,
problemas que no so exatamente doenas, mas refletem a funo normal do ritmo
circadiano (RC) no contexto das demandas extraordinrias na programao do ciclo
dormir-despertar. Independente de outros fatores, o relgio circadiano potencializa a
insnia e o estado de viglia em uma fase do ciclo diurno, enquanto favorece o sono
na fase oposta.
A presena de luz ou escurido desencadeia o ciclo de dormir-despertar. O corpo
vai se acostumando com a noite, medida que declina o dia. A produo de melato-
nina estimulada na escurido, enquanto dormimos, e se reduz medida que surge
a luz do dia ; a luz natural interrompe a produo do hormnio. Este hormnio
secretado pela hipfise, glndula conhecida como 'cronometrista do crebro', por
286
MEDICI NA DAS VIAGEN S AREA S
Perodo de adaptao
O corpo se adapta para as mudanas de fuso a uma taxa bruta de uma hora por
dia. Ento, aps realizar uma viagem atravs de oito zonas de tempo, o passageiro
pode levar cerca oito dias para ajustar-se completamente nova hora local.
Muitas pessoas tm uma melhor tolerncia para viajar em direo ao Oeste do
que para o Leste: as viagens para o oeste resultam em um dia mais longo que bene-
ficia aqueles cujo ritmo natural do corpo maior do que um ciclo de 24 horas.
Certamente, um vo que no cruze zonas de tempo - viagem Norte para o Sul, por
exemplo - no ir causar o jet lago
EPIDEMIOLOGIA
287
MEDICINA DA NOITE
DIAGNSTICO
SINTOMATOLOGIA
288
MED ICINA DAS VIAGENS AREAS
despertar e, medida que mais zonas de tempo so cruzadas, o mais provvel que
outros ritmos corporais sejam rompidos, o que pode levar a sintomas mais severos.
A insnia um dos principais sintomas do jet lag; ela se caracteriza pela
incapacidade em estabelecer um padro de sono. Esta quebra do ciclo de viglia
durante o dia gera sonolncia diurna ou indisposio geral. A privao de sono leva
reduo da ateno, bastante o suficiente para dificultar a conduo de um auto-
mvel. Os distrbios do sono, s vezes, podem levar, em mdio prazo, a um colapso
nervoso cujas razes podem passar despercebidas. No Quadro 1 podemos observar
uma sinopse dos sintomas.
DURAO
Para cada fuso que o indivduo cruza durante uma viagem, leva-se cerca de um
dia para ajustar-se ao novo ambiente. Por exemplo, pode levar trs dias para quem
viaja da Califrnia para Nova Iorque sentir-se 'normal' novamente. Se a pessoa via-
jar de volta para a Califrnia, aps ajustar-se ao tempo de Nova Iorque, pode levar
outros trs dias para ajustar-se ao tempo da Califrnia.
As pessoas idosas parecem ser mais duramente atingidas pelo jet lag e podem
requerer um pouco mais de tempo para se ajustarem. A viagem do Oeste ao Leste
pode produzir sintomas mais incmodos, desde que o organismo tem mais dificulda-
de em ajustar seu relgio para trs do que para adiante.
TRATAMENTO
289
MEDICINA DA NOITE
Cronoterapia
290
MED IC INA DAS VIAGENS AREAS
Estilo de vida
As pessoas podem responder s trocas nas fases ativas exibindo sinais de pri-
vao de sono. Os adolescentes podem ter dificuldades de se levantarem para aula e
de se manterem acordados nas primeiras horas da manh. possvel que os traba-
lhadores em turnos tenham dificuldades se as trocas ocorrerem muito rapidamente
antes que eles tenham chance para ajustar-se.
Alimentao
Atividade fsica
Terapia farmacolgica
291
MED ICIN A DA NOITE
292
MED ICINA DAS VIAGENS AREAS
geram fenmeno de rebote (comumente observado com uso de BZD). O zolpidem tem
demonstrado, em estudos duplos-cegos controlados com placebo, propriedades hip-
nticas na maioria dos pacientes sem afetar o desempenho de modo significativo no
dia seguinte, quando administrado em doses de 7,5-10mg.
uma droga rapidamente absorvida, tem uma meia-vida de 2,5h e constitui-se
em boa opo para os pacientes com insnia de incio tardio. Por ser uma droga de
curta-ao para induzir o sono, pode ser utilizada no tratamento do jet lago Seu uso
no est estabelecido para crianas e, na gravidez, os benefcios devem sempre
ultrapassar os riscos.
As principais contra-indicaes so hipersensibilidade e lactao. Os efeitos
colaterais podem incluir: sonolncia, vertigem, tontura e falta de coordenao moto-
ra; os pacientes devem ser aconselhados a evitar dirigir e operar mquinas pesadas.
As pessoas idosas devem ser monitoradas quanto a eventuais prejuzos no desempe-
nho motor ou cognitivo.
Melatonina
293
MEDICINA DA NOITE
terapia etc.). Porm, as pessoas que no tiveram sintoma do jet lag em uma viagem
prvia podem nunca precisar utilizar a melatonina.
A melatonina em geral no produz efeitos colaterais srios, embora exista pouca
informao sobre a segurana de sua utilizao em longo prazo. Possveis efeitos colate-
rais incluem edema das mamas, queda da temperatura e agravamento da depresso.
Alguns estudos da reviso Cochrane (2003) no recomendam o uso da melato-
nina em pessoas com epilepsia ou em uso de anticoagulantes orais, em virtude da
possibilidade de ocorrerem interaes medicamentosas.
PREVENO
Embora no exista nada que consiga prevenir completamente o jet lag, os via-
jantes podem tomar algumas medidas para limitar seus efeitos. Em qualquer abor-
dagem sobre o problema, bom que os passageiros tenham em mente os conselhos
mostrados no Quadro 2.
Durante a primeira noite no novo fuso horrio, os comprimidos para dormir
podem ser teis para ajudar a pegar no sono em um horrio ao qual a pessoa no
est acostumada. prefervel que o mdico prescreva uma droga de ao curta, de
uso estritamente eventual, que pode ser valiosa e no ocasionar nenhum dano ou
dependncia. Em geral, recomenda-se o uso de pequenas doses , suficientes para
atingir este propsito, alm de evitar o uso de lcool.
Claramente, s deveriam ser usadas plulas para dormir em vos que sejam
suficientemente longos: insensato que o indivduo tome um comprimido que o
deixar sonolento durante oito horas se j esteja em vo h mais de duas horas. E
nunca demais alertar que o uso de lcool, plulas para dormir, fadiga ejet lag no
combinam com dirigir. Muitas pessoas cambaleiam depois de uma longa viagem
area e de forma imprevidente tentam dirigir, quando elas com certeza ainda no
esto ajustadas nova situao.
294
ME DICI NA DAS VIAG EN S ARE AS
A prpria pessoa deve tomar medidas, o mais Ficar acordado durante todo o dia;
Adotar o horrio local ,
breve possvel, que favoream uma melhor Dormir somente noite;
ao chegar ao destino.
adaptao ao novo fuso horrio. Fazer as refeies no horrio local ;
Passar tempo ao ar livre.
Evitar ficar no hotel;
Expor-se luz natural. Adaptao mais rpida ao novo ambiente. Sair luz do dia no novo fuso;
Caminhar tarde.
Evitar o uso de bebidas Evitar l cool , ch e caf;
Levam desidratao, interferem no sono e
estimulantes, durante
pioram os sintomas do jet lag. Preferir lquidos leves, sem teor alcolico.
e aps o vo.
Tomar bastante lquido antes,
Evitar a desidratao. Preferir gua e sucos naturais.
durante e aps o vo.
Prevenir a sensao de frio durante
Elevar a temperatura Tomar um banho quente, ao chegar
o dia (queda natural da temperatura
basal do corpo. ao hotel e tarde.
do corpo, noite).
Aceitar, com naturalidade, que o Procurar relaxar e entender que o organismo precisa
Prevenir o estresse e a queda da performance
desempenho fsico e mental estar desse tempo para adequar -se nova real idade;
fsica e intelectual
quase sempre reduzido, ao chegar
na chegada ao destino. Evitar dirigir na chegada.
a um novo fuso.
295
MEDICINA DA NOITE
PROGNSTICO
Jet lag um distrbio transitrio que, na maioria dos casos, se resolve por si
mesmo dentro de alguns dias. As pessoas idosas e aquelas com rotinas muito rgi-
das podem ter mais dificuldade para tolerar as mudanas nos seus respectivos ciclos
de luz-escurido, por isso possvel que venham a precisar de um tempo mais longo
para se recuperarem. Porm, at mesmo para estas pessoas, espera-se que todos os
sintomas desapaream em duas semanas.
No h dvida de que, com o passar do tempo, as pessoas que viajam com certa
freqncia desenvolvem as suas prprias estratgias de enfrentamento do jet lago
Esta uma razo que dificulta a avaliao formal de cura para o jet lago Decifrar a
influncia de outros fatores o principal desafio, e um grande nmero de viajantes
seria necessrio para realizar um estudo cientfico.
Muitas das conseqncias dos distrbios do sono relacionadas ao ritmo circa-
diano podem ser modificadas com o uso de cronoterapia. A educao em sade pode
desempenhar um papel crtico na resposta teraputica; porm a educao na higiene
do sono sem outras intervenes freqentemente insuficiente.
CONCLUSES
296
MEDICINA DAS VIAGENS AREAS
aps as viagens areas, devem ser feitos com critrios e orientados por mdicos, de
modo a minimizar os efeitos e os riscos decorrentes das mudanas das zonas
de tempo. Afinal, se viajar preciso, tambm necessrio cuidar da sade, um bem
precioso demais para ficar oscilando em fusos.
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298
TRABALHO EM TURNOS E NOTURNO 20 ~
E CRONOBIOLOGIA
Alberto Jos de Arajo
299
MED ICINA DA NOITE
Alm disso, os lampies a leo no garantiam bom nvel de iluminao para reali-
zar atividades artesanais, noite, com qualidade. O trabalho noturno, poca,
predominava na minerao de carvo.
Idade Mdia
Incio: 476 Migrao da cidade -7 Predomnio de trabalho artesanal durante o Reduo do trabalho noturno
campo dia
Final: 1453 Extrao mineral Intensificao da atividade mineira Trabalho noturno nas minas
Revoluo Industrial
300
TRABAL HOS EM TURNOS E NOTU RNOE CRONOBIOLOGIA
301
MEDICINA DA NOITE
para viver so dispor de servios o tempo todo para atender a quaisquer tipos de
necessidades.
Porm, um misto de curioso e trgico desse novo modus operandi da sociedade
24 horas que o homem reduz cada vez mais o perodo de sono, ignorando o seu
efeito restaurador. Para tanto, usa toda sorte de estmulos disponveis para prolon-
gar o estado de viglia, como a dizer a si prprio: "no se pode perder tempo dormin-
do; a noite ainda uma criana, atenta e submetida s vontades do dia".
Apesar de todos os problemas de sade causados pelo TTN, a sua massiva
incorporao pelo mercado em geral nos sinaliza que este tipo de trabalho veio para
ficar. Existem muitos interesses polticos e financeiros envolvidos, das indstrias de
equipamentos s corporaes que compram e vendem servios para que ele no
venha a ser abolido.
A parte triste desta histria introdutria que o TTN pode ser bom para os
negcios, mas piora a qualidade de vida, aumenta o risco de acidentes e distrbios
psquicos e reduz a expectativa de vida de milhes de trabalhadores, roubando o
sono deles e de suas famlias.
Alm disso, a globalizao dos mercados levou a um contrato neoliberal de
restrio social com conseqentes perdas de direitos, precarizao do trabalho, maior
carga laboral e jornadas prolongadas.
O TTN, com reduzido perodo de recuperao do organismo, a progressiva ro-
botizao, automatizao e reduo da fora de trabalho gera um ambiente de ten-
so, desgaste fsico e mental.
302
TR ABA LH OS EM TURN OS E NOTURNO E CR ONOBIO LOGI A
desejo para dormir e a fadiga esto associados ao trabalho noturno, a pessoa come-
a a alcanar o sono.
A maioria dos trabalhadores em turnos noturnos vai direto para a cama quan-
do chega em casa. Enquanto dormem, a temperatura continua subindo e alcana o
pico entre 12 e 13h. Este cume, juntamente com a necessidade de ir ao banheiro, faz
com que a pessoa acorde. Depois de levantar-se, o sono tende a ficar muito difcil e,
s vezes, at mesmo impossvel. Este fenmeno conhecido como 'insnia de
manuteno do sono', uma queixa muito freqente em trabalhadores de turnos.
Entre 14 e 17h a temperatura corporal baixa ligeiramente, fenmeno denomina-
do como o 'mergulho ou depresso ps-almoo'. Porm, a pessoa no precisa comer
para sentir isto, j que ele um ritmo natural do corpo. Uma vez que a temperatura
declina, este um bom horrio para que o trabalhador de turnos durma. Todas as
pessoas sentem esta fadiga, a despeito de terem dormido bem. s 20h aproximada-
mente, a temperatura do corpo comea a subir e atinge o pico ao redor de 22h. Aps
isso, a temperatura comea a declinar novamente e o ciclo se repete.
Um indivduo pode mudar o relgio do seu ritmo de temperatura corporal, mas
para um trabalhador de turnos isto raro ou mesmo impossvel, por causa das cons-
tantes mudanas a que se submete. Se uma pessoa trabalha sempre noite e permane-
ce no mesmo ciclo de dormir-despertar no seu tempo fora do trabalho, ela poderia
mudar este ritmo, mas improvvel que o faa por causa dos aspectos sociais.
Os viajantes experimentam este mesmo problema de ritmo de temperatura. um
fenmeno conhecido como jet lag ou sndrome de dessincronizao (tema tratado no
artigo 19). Os sintomas de jet lag podem ser minimizados se a pessoa permanecer por
algum tempo no novo fuso horrio. Tem sido demonstrado que, em geral, uma pessoa
leva duas semanas para mudar o ritmo de temperatura do corpo, nesta situao.
O sistema circadiano somente capaz de ajustar-se, no mximo, a uma mudan-
a de 1-2h/dia. Quando algum trabalha em turnos noturnos isso resulta em uma
sbita mudana de hora, a qual poderia ser comparada a voar do Rio de Janeiro para
a Europa. Trabalhar em escala com turno rotatrio semanal (dia, tarde e noite)
comparvel a fazer uma excurso ao redor do mundo em trs semanas , sem os
prazeres de visitar, por exemplo, a Frana, a Espanha ou a China.
Alm dos efeitos sobre o ritmo circadiano, o trabalho em turnos afeta, sobretu-
do, o ritmo do sono. O padro de sono humano classicamente dividido em duas
categorias: sono NREM (no-movimento rpido dos olhos) e sono REM (movimento
r pido dos olhos) .
Ambos, sono REM e NREM, combinados, levam cerca de 90 minutos para com-
pletar um ciclo, e se repetem com a mesma freqncia, a cada noite. Quando uma
pessoa modifica, de forma significativa, o seu horrio de dormir, o ciclo NREM/REM
fica dessincronizado . Algumas pesquisas sugerem que o retorno a um estado nor-
303
MEDICINA DA NOITE
mal pode levar de 7 a 14 dias. Assim, um trabalhador de turnos que muda o seu
padro de sono a cada 4-7 dias tem poucas chances de retornar ao seu ciclo de sono
NREM/REM para um estado quase normal.
O sono dividido em quatro fases NREM:
~ Fase 1: fase transitria entre o despertar e o sono leve, dura entre 10-15
minutos. Nesta fase o corpo registra o sono.
~ Fase 2: chamado 'sono clnico'. A presso e a freqncia cardaca caem;
corresponde a 50% do sono, a cada noite. Como um perodo de sono de dia
normalmente mais curto, o trabalhador em turno noturno sai perdendo
nesta fase .
~ Fases 3 e 4: fases reparadoras do sono. A pessoa se encontra em 'sono
profundo' e o corpo e a mente restauram a si prprios. Estas fases so muito
importantes na manuteno da sade.
Durante as fases de sono NREM, a mente fica esttica e as funes corporais
permanecem em seu estado habitual (embora mais lentas) .
O perodo de sono REM normalmente acontece entre 70-90 minutos aps o
incio do sono. Em mdia, uma pessoa completa cinco ciclos a cada noite com o
primeiro perodo durando de 15-20 minutos e os ltimos de 30-60 minutos.
Os trabalhadores de turnos tendem a perder os ltimos perodos de sono REM
por no dormirem o suficiente durante o dia. Na fase REM h considervel atividade
mental, a freqncia cardaca acelera e a presso sangnea flutua . durante este
perodo que sonhamos. Porm , se a pessoa no despertada nesta fase , tende a
esquecer de seus sonhos. Outros fatos importantes sobre o sono REM que o corpo
perde a habilidade para regular a temperatura como se estivesse paralisado. Isto
pode nos impedir de representar nossos sonhos.
O trabalhador de turnos, ao dormir durante o dia, tem, em mdia, 2-3h a menos
de sono do que quem dorme noite. Ele perde frao significativa de sono REM e a
quantidade de sono da Fase 2 menor. Isto resulta em 'sono fragmentado'. Ele dorme
freqentemente durante o dia em dois perodos distintos: algumas horas pela manh e
depois, uma hora tarde, ou pouco antes de se dirigir para o trabalho, noite.
O trabalhador noturno pode achar difcil dormir durante o dia, pela dificuldade
em manter um ambiente escuro e livre de rudos. O barulho, at mesmo quando no
leva a despertar, tem efeito nos ciclos de sono da pessoa. O trabalhador noturno deve
lidar com a privao de sono e com o efeito da depresso do ritmo circadiano .
Como resultado, difcil para um trabalhador de turnos no se sentir cansado.
A ESCALA EM TURNOS
Por causa da sua prpria natureza, no existe um horrio perfeito que incorpore
o trabalho em turnos. Para a maioria das pessoas, os turnos que giram no sentido
304
TRABALHO S EM TURNOS E NOTURNO E CRONOBIOLOG IA
horrio, ou seja, de dia, tarde e noite, so melhores que do que aqueles que
rodam em sentido anti-horrio. A freqncia de rotao tambm controversa. Al-
guns defendem uma prolongada rotao dos turnos, tais como de duas a trs sema-
nas. Outros fazem apologia de rotaes curtas de dois a trs dias. Ambas escalas tm
vantagens e desvantagens.
O corpo necessita de aproximadamente dez dias para ajustar-se ao trabalho em
turnos noturnos. Porm, comum que os trabalhadores de turnos noturnos rever-
tam as rotinas dirias para 1-2 dias durante os dias de folga, as quais tendem a
tornar o ritmo circadiano instvel.
A quantidade de horas de trabalho em turnos (durao de 8 versus 12 horas)
tambm controversa. O organismo humano, em geral, pode tolerar turnos com dura-
o de at 12 horas. muito importante para a integridade fsica e segurana no
trabalho que no seja permitida dobra ou 'sero' durante rotao de turnos com
durao de 12 horas.
A melhor escala ser sempre aquela que tem a concordncia dos empregados.
Quando existe um espao para os empregados participarem na discusso das esca-
las de trabalho, possvel um melhor ajuste a seus ritmos e uma melhor aceitao
dos horrios, o que leva, por conseguinte, a menos reclamaes. Porm, h estrat-
gias que podem ser utilizadas na otimizao dos horrios de turnos, conforme vere-
mos, a seguir:
305
MEDI CINA DA NO ITE
EFEITOS NO METABOLISMO
306
TRABALHOS EM TURNOS E NOT URNO E CRONOBIO LOGIA
o Metabolismo Noite
A temperatura uma das funes corporais mais importantes que segue o rit-
mo circadiano. Ela aumenta durante o dia, alcanando o nvel mais baixo bem cedo,
na manh, e o seu ponto mximo no final da tarde.
A tendncia para dormir e ficar adormecido acontece durante a fase decrescente
do relgio circadiano da temperatura (entre meia-noite e 4h da manh). Quando a
temperatura corporal sobe, torna-se mais difcil ficar adormecido. Por isso, os traba-
lhadores noturnos que tentam dormir s 8h da manh sentem muitas dificuldades,
e tambm acham difcil permanecer adormecidos durante o dia.
Se, por um lado, o trabalho em turnos apresenta vrios pontos positivos para
as crescentes demandas de uma sociedade que se movimenta 24h/dia; por outro,
para os trabalhadores em turnos, significa 'pagar um preo alto', pois exige ateno
redobrada e produz tenso, fadiga e distrbios do sono. Isto acontece, apesar da
adoo de medidas para reduzir o impacto na sade e segurana no trabalho, como,
por exemplo, a reduo do nmero de horas e a adoo de escalas de rotao de
turnos que favoream a recuperao do organismo.
Os benefcios oferecidos a quem trabalha noite - tais como o pagamento de
adicional noturno e de horas extras e de mais tempo livre durante o dia - no com-
pensam os efeitos sobre a sade, imediatos e de longo prazo, do desgaste do trabalho
em condies que subvertem o relgio biolgico interno.
importante compreender como o TTN afeta a sade, a segurana e a capacidade
no trabalho. Isto depende, em grande parte, de fatores intrnsecos ao processo de traba-
lho, como a organizao e diviso social do trabalho, e de fatores extrnsecos, como a
interferncia na vida familiar e nas relaes sociais.
Os efeitos sobre a sade podem ser classificados em: imediatos e de longo pra-
zo. Alguns efeitos acontecem to logo se iniciam as jornadas em turnos e, em geral,
podem afetar o sono, o ritmo circadiano, o desempenho e a segurana no trabalho e
produzem alteraes na dinmica social e familiar. Os efeitos de longo prazo inclu-
em o surgimento de distrbios digestivos, cardiovasculares e psquicos.
Em funo do rompimento do ritmo circadiano e dos distrbios no padro nor-
mal de sono, o TTN provoca os seguintes efeitos:
~ Fadiga crnica: o cansao a queixa mais freqente. A pessoa fica mais vulne-
rvel a doenas e tem uma queda na motivao e na performance no trabalho.
307
MEDICINA DA NOITE
Efeitos Imediatos
Sono
Assim que iniciam suas atividades em turnos, os trabalhadores comeam a
notar mudanas no padro de sono. Normalmente, eles tm uma quantidade menor
de sono, pois se vem obrigados a dormir durante o dia, quando os seus ritmos
circadianos os deixam mais despertos.
O sono durante o dia tem, em geral, de 2 a 3 horas a menos do que noite.
Os indivduos referem que de dia no conseguem dormir to profundamente quanto
noite. Isto acontece devido claridade e aos rudos da cidade em movimento,
levando a um sono mais superficial e a despertar mais facilmente.
Esses fatores interferem e afetam bastante a qualidade do sono. Ambos, traba-
lhadores em turnos e noturno, dormem pior quando trabalham noite. Porm, os
trabalhadores em turno so, de todos, aqueles que menos dormem. Alm disso, a
perda do sono contribui para que a pessoa durma em horrios imprprios. Isto afeta
a capacidade de um trabalhador para executar, de forma segura e eficaz, determina-
dos procedimentos.
A sonolncia afeta o desempenho dentro e fora do trabalho . A conduo de
veculos, na ida ou na volta do trabalho, uma das principais preocupaes pelo
308
TR ABALHOS EM TURN OS E NOTU RNO E CRON OBIOLOGIA
309
MED ICINA DA NOITE
310
TRABALHOS EM TURNOS E NOTURNO E CRONOBIOLOG IA
Uma vez que os indivduos que adoecem so levados a deixar o TTN, fica mais
difcil mostrar uma relao de causa-efeito entre os fatores relacionados ao TTN e a
queda do estado de sade. Assim, ao realizar uma investigao na empresa, os
pesquisadores podem se deparar somente com os trabalhadores mais saudveis. Com
isso em mente, no fica claro se a escala em turnos ou no a causa atual dos
problemas de sade. Porm, aqueles que deixaram de atuar em turnos freqentemen-
te apontam os problemas de sade como razo principal para cessarem o trabalho
em turnos.
Um horrio estressante de trabalho pode combinar-se com outros fatores de
risco para a sade. Se uma pessoa tem outras fontes de tenso na vida, como, por
exemplo, casamento em crise ou ente querido padecendo de doena crnica, um
horrio de trabalho exigente no ajudar certamente a enfrentar a situao.
Se um trabalhador sofre de dependncia qumica (lcool, tabaco, anfetamina
ou outras substncia psico-ativas) ter mais dificuldade para resistir ao estresse das
escalas em turnos. preciso lembrar que uma das formas de enfrentamento do
estresse e das tenses no trabalho buscar compensao com o uso de drogas, o que
refora e mantm o ciclo de dependncia. Um horrio rigoroso de trabalho tambm
pode agravar qualquer problema de sade preexistente.
Distrbios digestivos
provvel que os problemas digestivos sejam mais comuns em trabalhadores de
turnos porque a digesto segue ritmo circadiano. Normalmente, as pessoas ali-
mentam-se e satisfazem suas necessidades fisiolgicas em horrios regulares durante
o dia. O TTN, pelas mudanas freqentes nos horrios de trabalho e de sono, pode
interferir com os padres de alimentao (tanto quantitativo quanto qualitativo) e o
adequado funcionamento do aparelho digestivo. Alm disso, existem vrios fatores
perturbadores da digesto que interferem com o tempo para a mastigao, com a
secreo do suco gastropancretico e com a mo til idade gastrointestinal, dentre os
quais podemos citar:
~ a no existncia de pausas para as refeies nos turnos noturnos, j que
geralmente so mais curtos;
~ um maior lapso de tempo entre o preparo dos alimentos e o horrio em que
so digeridos, ao contrrio do trabalho diurno;
~ uma oferta de alimentos pr-cozidos, congelados, 'quentinhas' e de mqui-
nas automticas (nveis altos de carboidratos e gorduras);
~ o desenvolvimento de hbitos de beber mais caf, lcool e refrigerantes e de fumar.
As queixas mais comuns so inapetncia, nusea, epigastralgia, pirose, borbo-
rigmo, flatulncia e constipao. Diversos estudos epidemiolgicos tm demonstra-
do que os trabalhadores em turnos, a longo prazo, podem desenvolver gastrite crni-
ca, lcera gastroduodenal e colite em freqncia maior do que os trabalhadores
311
MEDICINA DA NOITE
312
TRABAL HOS EM TURN OS E NOTU RNO E CR ONO BI OLOGIA
313
MEDICINA DA NOITE
314
TRABA LHOS EM TURNOS E NOTUR NO E CRONO BIOLOGIA
que a pessoa repouse sem dormir, vlido para recuperar as funes orgnicas,
especialmente o sistema msculo-esqueltico. O trabalhador deve programar pelo
menos sete horas na cama, mesmo que ele no durma o tempo inteiro.
~ Qual a mnima quantidade de sono?
A ampla maioria dos trabalhadores necessita de pelo menos seis horas de sono,
porm muitos precisam mais do que isto. A maior parte das pessoas no se sente
revigorada com somente esse perodo de sono. melhor que o indivduo fique com sua
quantidade de horas que considere adequada para si. medida que ele torna-se mais
adaptado ao trabalho em turnos, poder achar que precisa de menos horas de sono.
~ Por que 'deslocar os dias para trs'?
'Deslocar os dias para trs', aps encerrar o turno noturno, melhor para
alcanar um maior perodo de sono na noite seguinte. Dormir pouco, s um par de
horas, logo aps o turno noturno, livra da sonolncia. Ento, a pessoa pode ficar
acordada durante todo o dia e ir dormir em horrio habitual, noite.
~ Qual o papel dos cochilos?
Os trabalhadores em turnos cochilam, especialmente quando esto escalados
no turno noturno. Adicionar uma soneca ao sono regular, tarde ou noite, ajuda
a combater a sonolncia durante o trabalho noturno . Porm, o cochilo no deve ser
longo o suficiente para substituir o sono regular. Se a pessoa cochila, deve se permi-
tir bastante tempo para diminuir a sonolncia antes de iniciar o trabalho. Se a
pessoa tem horrio para cochilar no trabalho durante uma pausa, no deve fazer
um cochilo muito curto. Um cochilo inferior a 15 minutos pode deixar a pessoa
ainda mais sonolenta. O tempo mnimo para um cochilo, durante uma pausa, deve
ser de 20 a 30 minutos. Novamente, o indivduo deve-se permitir suficiente tempo
para reduzir a sonolncia antes de fazer um trabalho perigoso, e jamais usar os cochilos
na pausa do trabalho para substituir o sono em casa. Os cochilos funcionam
melhor quando so entendidos como um tempo extra de sono. Eles no funcionam bem
quando a pessoa tenta compensar o sono perdido.
Protegendo o Sono
Bloquear o rudo
31 5
MEDICIN A DA NOITE
316
TRABA LHOS EM TURN OS E NOTU RNO E CRO NOBIOLOGIA
Os exerccios devem ser evitados nas trs horas que antecedem o sono. Eles
tendem a ativar o corpo e mant-lo em viglia, dificultando 'pegar no sono'. O tempo
de exerccio tambm pode ajudar uma pessoa a mudar de um turno para outro. Como
os exerccios leves ativam o corpo para produzir energia, tambm podem ajudar o
corpo a mudar o ritmo para o novo horrio de trabalho.
Os exerccios devem ser feitos antes de ir para o turno de trabalho . Praticar
exerccios no comeo da manh salutar para o turno de dia; durante a tarde, bom
para o turno do incio da noite; cedo da noite, bom para o turno noturno. A pessoa
no deve exceder-se na prtica de exerccios, pois, se isto ocorrer, acabar tambm
exausta para trabalhar.
1. Sente-se ou deite-se calmamente em seu prprio quarto de dormir, apague as luzes e feche as cortinas
e, caso prefira, oua msica suave.
2. Mentalmente procure desligar-se da realidade, evite concentrar o pensamento no trabalho ou nas tarefas
cotidianas.
3. Faa de 3 a 5 inspiraes profundas, solte o ar lentamente pela boca.
4. A seguir inspire normalmente e solte o ar lentamente, enquanto vai tensionando lentamente cada grupo
muscular do corpo , iniciando pelos membros inferiores.
5. Enrijea e depois relaxe lentamente cada msculo do corpo. Faa isto com as pernas, coxas e abdome,
ombro, braos, pescoo e face.
6. Inspire profundamente e expire lentamente durante o exerccio. Tente sentir toda atenso (tnus) de cada
grupo muscular.
7. Depois faa a manobra inversa, solte e relaxe cada grupo muscular.
317
MEDICINA DA NOITE
Alimentao Saudvel
Exposio Luz
318
TRAB ALHOS EM TUR NOS E NOTUR NO E CRONOBIOLOGIA
Assim, possvel usar a luz brilhante para desviar o cume do ritmo circadiano
em tempos diferentes do dia . Porm, preciso planejar um adequado horrio de
exposio luz e penumbra. Tambm preciso muito esforo e disciplina do traba-
lhador em turnos, o que acaba no sendo muito prtico para todas os indivduos.
A exemplo do que ocorre com muitas pessoas na sociedade, parte dos trabalha-
dores em turnos ingere bebidas com cafena antes, durante e aps a jornada de
trabalho . Do mesmo modo, alguns ingerem bebidas alcolicas para relaxarem ou
ficarem mais sociveis. Outras drogas, como, por exemplo, anfetaminas e sonferos,
tm sido usadas para ajudar os indivduos a manterem-se despertos ou para dormir.
A seguir, apresentamos uma sntese sobre as principais drogas que interferem no
sono dos trabalhadores em turnos. (Uma reviso mais detalhada encontra-se no
artigo 19, Medicina das Viagens Areas). Alm disso, se forem usados com freqn-
cia, acabam gerando tolerncia e reduo dos efeitos benficos.
Cafena
A cafena um estimulante moderado que ajuda na manuteno do estado
alerta e que, talvez, melhore a performance no trabalho. Certamente a droga esti-
mulante mais amplamente usada no mundo. um ingrediente natural no caf e no
ch, e adicionada a muitos refrigerantes gasosos. As bebidas com cafena fazem
parte de nossa dieta cotidiana e esto facilmente disponveis. Por causa disto, a
cafena usada, mais do que qualquer outra droga, para manter a agilidade, ter um
melhor desempenho e para enfrentar a sonolncia.
As pesquisas apiam a experincia cotidiana e demonstram que a cafena man-
tm a atividade e uma boa performance no trabalho. Elas nos dizem tambm que a
cafena bastante segura se usada em doses pequenas, entre uma e trs xcaras de
caf ou ch ou de um a trs refrigerantes por dia. Nessas doses, a cafena a nica
droga que pode ser recomendada, com segurana, como uma ajuda para o trabalhador
de turnos.
Se a pessoa tomar bebidas com cafena, deve faz-lo antes ou muito cedo no
turno. O uso do caf no final do turno dificulta dormi r depois, em casa. Tomar caf
prximo hora de deitar-se deixa o sono mais leve e menos satisfatrio.
Um trabalhador que toma muita cafena, por exemplo, de 5 a 6 xcaras de
caf diariamente, deve ser aconselhado a fazer uma reduo gradual da dose.
Tomar menos caf lhe far relaxar mais facilmente e melhorar o sono. O uso de
cafena pode ser reduzido gradualmente durante vrios dias, e ateno especial deve
ser dada s pessoas que fumam e tomam caf, pela associao comportamental
freqente . A reduo muito rpida da quantidade de cafena pode produzir sintomas
de abstinncia, tais como dores de cabea, nervosismo, mau humor e irritabilidade.
319
MEDICINA DA NOITE
Anfetam inas
Estas drogas so estimulantes muito fortes que aumentam a viglia e podem
eliminar completamente o sono. Infelizmente, por causarem dependncia qumica e
tolerncia (necessidade de doses cada vez maiores para ter o mesmo efeito), elas no
podem ser recomendads. A maior parte destas drogas ilegal ou somente pode ser
obtida com a p_r~crio mdica, considerando sempre o risco de a pessoa tornar-se
dependente. O uso freqente produz nervosismo extremo e mudanas no humor, e o
desempenho rrOfra~alho, na verdade, fica prejudicado.
lcool
Uma pequena dose diria de vinho ou licor no momento da refeio pode aju-
dar a relaxar. Porm, para o trabalhador de turno, o uso de lcool no recomend-
vel sob hiptese alguma, antes, durante e mesmo nas primeiras horas aps o traba-
lho, quando se prepara para dormir. O lcool no deve ser ingerido nem mesmo
durante uma pausa ou um perodo de breve descanso no trabalho.
Ele reconhecido como uma substncia que deprime o sistema nervoso central,
reduz os reflexos, deixa a pessoa cansada e induz a uma curta sonolncia, sendo
estas as principais razes de incidentes e acidentes no trabalho com pessoas que
ingerem lcool.
Da mesma forma, tampouco ele deve ser recomendado para facilitar o sono ,
pois pode tornar a pessoa sonolenta no incio, mas na verdade acaba perturbando o
sono, com um despertar mais rpido e freqente durante a noite. Alm disso, a
pessoa sente dificuldades para voltar a pegar no sono ou, ainda, dorme mais super-
ficialmente. Ou seja, a pessoa no dorme o tempo que necessita para reparar o sono.
O lcool dever ser evitado pelo menos cerca de uma a duas horas antes de ir
para a cama, sobretudo se a pessoa tem de trabalhar imediatamente depois de um
perodo de sono.
320
TRABALHOS EM TURNOS E NOTURNO E CRONOBIOLOG IA
321
MEDI CINA DA NOITE
CONCLUSES
322
TR ABAL HOS EM TURNO S E NOTURNO E CR ONOBIOLOGIA
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323
MEDI CIN A DA NOITE
324
NDICE ....
325
alucinose peduncular 181 psorisica 266
amenorria 141, 276 reativa 266
AMG ver aminoglicosdeos reumatide 65 , 117, 127, 171,261,262,
amiloidose 117, 168 263,264,265 , 266,267
aminoglicosdeos 252, 253 artrose ver osteoartrite
amnsia 292 AS ver sono ativo
amniorrexe prematura 278 asma 19, 65,85 , 111,123, 124,188,189,
AMPc ver adenosina monofosfato cclico 190,192, 195,199,200,220,222,245,276
anemia 117, 168 brnquica 17, 187
falciforme 224 noturna 123,124,187, 188,189,190,
anfetamina(s) 169,172,178, 311,319,320 193,202,203
angina 65, 164 ocupacional 194, 195
angiotensina 99, 125, 257 aspartil-fosfato 73
anorexia 264 aspirina 128
nervosa 257 astenia 179
anos mia 172 atenolol 126
anovulao 257, 276 atetose 168
ansiedade 113, 128, 180, 215, 246, 256 atividade
antagonistas cortical 27
adrenrgicos 123 onrica 180
colinrgicos 124 parassimptica 234, 238
dopaminrgicos 145 simptica 232, 234, 238
dos receptores H2 da histamina 122, 128, 129 vagai 227, 232, 233, 238
muscarnicos 128 atorvastatina 127
anticorpos 279 atraso puberal 141
antiinsulina 14 atropina 275
anti-Ro/SSA 267 AVP ver hormnio antidiurtico
antimuscarnicos 267 axnios 25,26,30,74, 144
antitrombina III 163
AOS ver apnia obstrutiva do sono B
aparelho
balismo 168
cardiovascular ver sistema cardiovascular
beb 83
digestivo ver sistema digestrio
benzodiazepnicos 123, 168, 182,291,292,293
urinrio ver sistema urinrio
apnia(s) 169, 211, 213, 215,219 betaglobulina 265
bicarbonato 255
central 115, 212 , 216, 223, 258
biorritmo 175
do sono 112, 156, 217,218, 220,221 ,
bloqueadores alfa-adrenrgicos 129
222, 223, 224, 254, 259
bloqueio AV de segundo grau 218
obstrutiva do sono 24, 103, 115, 116,
211,212, 216,258 boca
amarga 244, 247
AR ver artrite reumatide
seca 215
arginina-vasopressina ver hormnio
bocejo 244, 247
antidiurtico
borborigmo 311
artrite 85, 128,264, 265,267, 276
bradicardia 218, 219, 235
das doenas inflamatrias intestinais 266
sinusal 233
idioptica juvenil 265, 266
326
brometo chronotherapeutic oral drug absorption
de ipratrpio 202 system 126
de oxitrpio 202 ciclo(s)
bromocriptina 168 claro do dia 252
bruxismo 15, 168, 247 claro-escuro 53, 82, 249, 251, 271
buli mia 181 de liberao do cortisol 264
bupropion 168 de secreo de insulina 130
de viglia 289
c dia e noite 145, 306
dormir-despertar 28, 285, 286, 287, 288,
cafena 32, 108, 178, 179, 256,290,313, 319
291,303,305
cimbras 170
dos batimentos cardacos 250
clcio 145, 169, 255, 263
dos pulsos hormonais hipofisrios 250
clculo(s)
gondico 181
de cido rico 254, 255
luz-escurido 141, 286, 290, 296
de oxalato de clcio 254
menstrual 24,47, 132, 177, 250,272,
renal 255
274 , 275,276
cncer 94, 111 , 130, 256
nictemrico 180
colorretal 77
ovulatrio 277
da crvix uterina 273
reprodutor 75
de clon 131
sono-viglia 25, 27,28 , 85, 96 , 97, 104,
de mama 77, 132, 273
110, 122, 123, 131, 146, 150, 177, 180,
genital 273
233, 235
ovariano 131
ciclofrenia 180
cndida 277, 279
ciclosporina A 253
candidose 278, 279
cimetidina 99
cansao 112, 215, 285, 289 , 307
ciprofloxacina 252
carbamazepina 170
cisplatina 131, 252
carragenina 122, 127
cistite 256
cataplexia 118,119, 168
citarabina 131
catecolaminas 145, 154, 163, 169, 228, 233,
citocinas 73, 190, 264, 279
257,274,275
citoquinas ver citocinas
cefalalgia 171, 172
claridade 179,272, 276, 308
cefalia 128, 179, 289
artificial 182
matinal 116,215
clonazepam 170, 292
unilateral 171
c1ordiazepxido 292
cegueira noturna 172
cloreto de potssio 170
clula(s)
cloridato de metilfenidato 119
~ (beta) 129, 130, 156
cloriprimamina 169
de Leydig 148
clozapina 182
natural killer 131, 263 cocana 172
nervosa(s) 25, 74, 274, 286
cochilo(s) 97,119,180, 291, 295,309, 315
parietal(ais) 128, 129, 255
Codas ver chronotherapeutic oral drug
tecais 277
absorption system
TH! 278
coito 275,276, 278
CHR ver hormnio liberador de corticotrofina
colapso nervoso 289
327
colecistoquinina 32 cronofisiologia 175, 250
colesterol 126, 127 cronopatologia 175, 245
clica cronoterapia 131, 200, 203,290, 291,293,296
nefrtica ver clica renal cronotoxicidade 128
renal 253, 254, 255 cronotoxicologia 246
colite 311
colria matinal 253 o
comportamento
de autolimpeza 58 dawn phenomenon ver fenmeno do alvorecer
exploratrio 58 dbito
congesto nasal 171, 179, 222 cardaco 227, 228, 229 , 230, 232
constipao 98, 189, 311 urinrio noturno 257, 258
Continuous Positive Airway Pressure 112, degenerao macular 94
116, 217, 218, 220, 222, 223, 224 dehidroepiandrosterona 98, 146
Cor pulmonale 224 sulfato de 272
coria 117, 168 delrios ourivides 181
corioamnionite 278 denervao neural simptica 235
coriza 247 deoxipiridinolina 263
corticotrofina 99, 142, 143, 145, 146, 264, depresso 27, 29,76, 98, 111, 112, 113,
265 , 266 116,118, 119, 123,144,168, 180, 215,
cortisol 55,56,57,84,88, 142, 143, 145, 220, 256, 264, 294, 304
146,148,149,154,157,177,182,190, do inverno 140, 141, 180
192,228, 263, 264,265, 277 ps-almoo 303
cortisona 278 psquica 261
CPAP ver Continuous Positive Airway Pressure sazonal ver depresso do inverno
creatinina 252, 263 dermatomiosite 261
criana(s) 15, 18, 82, 83, 104, 105, 108, desidratao 100, 170, 284, 288, 295
109,147,224,258, 273, 287,292,293,300 despersonalizao 181
crises convulsivas 164, 168, 169 despertar(es) 27,28, 29,31,75, 96,97, 104,
cromossomo 106,112,113,116,117,118,140,145,
146,163,164,168,178,180,182, 187,
lq32 169
194, 212, 213, 215, 217, 224, 229, 235 ,
11 143
11q13-14 170 236,240,256,258,285,288, 289,304,
17 142 308,316, 317, 320,321
17q23 169 desrealizao 181
19 143 DHEA ver dehidroepiandrosterona
2 142 diabetes 94, 129, 150, 159, 168, 239, 287
20 144 insipidus 256
6 142 mellitus 95, 98, 117, 130, 156, 158, 256
diarria 128, 169, 244, 246 , 247, 289
X 144
cronobiologia 14, 15, 17, 18, 19, 20, 23, 24, diazepam 292
32,37, 4748,52,61,62,63,121,147, difenidramina 170
175,176,180,181,183,262,272,273, 284 disartria 173
cronofarmacodependncia 131 disfagia 244, 245
cronofarmacologia 14, 18,49,66, 121, 122, dismenorria 276
126, 128, 175, 202, 251 , 267 dispepsia 244, 247
328
dispnia 187, 188, 189, 215 eletrooculografia 220
distenso abdominal 246 EMG ver eletromiografia
distonia paroxstica noturna 168 endorfinas 246, 275
distrbio de movimentos peridicos engasgos 215
de membros 117 enurese 15, 105, 257, 258
diurese noturna 258 enxaqueca 171, 246, 276
ONA ver cido desoxirribonuclico enzima(s)
doena 2-hidroxilase 275
de Alzheimer 111, 256 hidroxiindol-ortometil-transferase 59
de Chagas 248 HMG-CoA redutase 127
de Leber 172 N-acetil-transferase 59, 272
de Marfan 215 Na-K-ATPase 257
de parkinson 32, 256 proteolticas 277
do neurnio motor 170 EOG ver eletrooculografia
do refluxo gastroesofgico 244, 247 epigastralgia 308, 311
parenquimatosa renal 254 epilepsia(s) 111, 168, 276, 294
pulmonar obstrutiva crnica 218 eructao 244, 247
dopamina 26,32 , 75,99, 117, 142, 143, 145, escala
265,275 de Likert 262
doxorrubicina 131 de sonolncia de Epworth 217
OPO ver deoxipiridinolina esclerose
OPOC ver doena pulmonar obstrutiva crnica lateral amiotrfica 117
mltipla 256
E escurido 15, 84,141, 182, 285,286,290,
296, 318
ECG ver eletrocardiograma
espondilite anquilosante 261, 266
edema 223, 253, 263
espongiose 172
agudo de pulmo 124
esquizofrenia 111, 181, 245
das mamas 294
estado
de parede brnquica 191
adormecido 28 , 307
EEG ver eletroencefalograma
alerta 25, 26,29, 103, 107, 108,277,
efeito
309,318, 319
do trabalhador saudvel 310
exarcebado 26
eixo
de sono lncia ver sonolncia
hipotalmico-pituitrio-adrenal 264
de sono profundo ver sono profundo
hipotlamo- hipfise-adrenal 99, 143, 146
de sono superficial ver sono superficial
hipotlamo-hipfise-ovrio 275
de viglia ver viglia
hormnio do crescimento/insulinlike
desperto ver viglia
growthJactor 88, 100 levemente adormecido 26
neuroendcrino 277
estimulao adrenrgica 215
eletrocardiograma 51, 112, 164, 165, 166,
estradiol 143, 267, 277
167,170, 214,219,221, 223,234,235 ,
estresse 61 , 89,99,114,118,139,142,143,
236,237, 239
146,168, 238,257,264,275, 278, 295,
eletroencefalograma 30, 51 , 97, 105, 112,
311,312,316
146,164, 168, 169, 218,220
eletromiografia 170, 220
329
estrognio 75, 142, 144, 145, 148, 256, G
257,273, 278
GABA ver cido gama-aminobutrico
exerccio(s) fsico(s) 61, 100,119,141,146,
galactorria 99
169, 275 , 290, 291,316, 317,318,321
gama-hidroxibutirato 119
exposio solar 261, 262, 263
gamaglobulinas 265
extreme dippers 125
gastrina 75, 76, 128
gastrite 308, 311
F
GC ver gonadotrofina corinica
fadiga 90,97, 98,108,119,141,168,169 , gene
172, 258, 284, 289, 291, 294, 295, 303, CACNA1S 169
308,310 clk 60
crnica 215, 307 clock 73
de viagem 284, 288 cycle 73
operacional 179, 182 cyk 60
fenil-hidantona 252 hPer2 140
fenilbutazona 128 KCNE3 170
fenitona 170 ob 149
fenmeno per 60, 73
da antecipao 49, 50 psbAI 72
de arrastamento 52, 53 , 83 SCN4A 170
do alvorecer 150, 158 SCN5A 235
feto 31 , 58, 82 , 84,273 tim 60, 73
fibrilao geronte ver idoso(s)
atrial 217, 218 gestao 81, 140
ventricular 169 GH ver hormnio do crescimento
fibromialgia 117, 261, 264 , 266 GH/IGF -1 ver eixo hormnio do crescimento/
flatulncia 244,247,311 insulinlike growthJactor
jlutter atn'al 218 GHRH ver hormnio liberador de HGH
foliculoestatina 144 ginecomastia 99
fotossensibilidade 261, 267 glndula(s)
fototerapia 141 , 182 adrenal 75,99, 143, 145, 146, 262,267
fragmento N-terminal 142 endcrina 275
freqncia hipfise 27, 29,74,87,99,141,142,143,
cardaca 25,58, 63,82,84, 105, 106, 144, 145, 146,274,275, 277, 286,293,306
111, 125,218, 227, 228, 229, 230, paratireoideana 144, 145
232, 234, 237, 238, 302, 304, 307,312 pineal 27,29,32,59, 74, 75,
respiratria 51, 84, 106 76, 84, 110, 122,123,140, 141, 182,
FSH ver hormnio folculo estimulante 249, 253, 272, 273
funo densidade espectral 237 pituitria 99, 173, 264, 274
furosemida 252 supra-renal 145
fuso(s) horrio(s) 30, 35, 97, 110, 140, 178, tireide 144
179,285,287,288,289,290,291,293, glicazida 130
294, 295, 296, 297, 303 glicemia 98, 129, 130,150,151,153,154,
156, 157, 158, 159
glicina 26
330
glicognio 84 hipertrofia
glicose 84, 85,98, 129, 130, 148, 150,151, adenoidiana 215
152, 153, 154, 155, 156, 157, 158,279 adenotonsilar 224
globulinas 265 hipoalbuminemia 292
glucagon 129, 154 hipoaldosteronismo hiporreninmico 99
glutamato 26, 28, 74, 75 hipobarismo 284
GnRH ver hormnio liberador hipocinesia 180
de gonadotrofinas hipocretina 28, 169
gonadotrofina(s) 75, 100, 143, 144, 146, hipfise ver glndula hipfise
147,274,275,277 hipoglicemia 142, 146
corinica (GC) 143 hipogonadismo 99, 100
hipofisrias 146, 277 hipomenorria 276
gota 65,261, 266 hipommia 180
hipopnia(s) 215, 216, 218, 221, 222 , 224
H obstrutiva do sono 24, 112, 115, 116,
211,213
haloperidol 182 hipotireoidismo 98, 99, 170, 171, 215
HAS ver hipertenso arterial sistmica hipoxemia 218, 223, 224, 258
HDL ver High Density Protein hipxia 213, 215, 220, 235, 284
Heat Schok Protein 279 histamina 26, 28, 29, 122, 128, 129, 145,
hemoglobinria 254 190,193,275,277,278
paroxstica noturna 253, 254 histidina 73
hemlise intravascular 254 HLA ver Human Leuko0'te Antigen
hepatoma 76 homeostase 47,61,62,63,121,139,143,
HGH ver hormnio do crescimento 146, 229, 249, 251
HHA ver eixo hipotlamo-hipfise-adrenal homeostasia ver homeostase
hidantona 178 hormnio(s)
hidroclorotiazida 126, 170 antidiurtico 74 , 99, 100,142,143,144,
hidrognio 255 173, 256, 257, 258
hidroxiprolina 263 da pineal ver melatonina
hidroxyindol-O- metiltransferase 272 do crescimento 55, 56, 58, 59, 60, 85,
High Density Protein 259 88, 99,100,108,142,145,154,155,156,
HIOMT ver hidroxyindol-O-metiltransferase 157, 182
hiperatividade 111 estimulador da tireide 99, 143, 144, 145
noturna 180 estimulador de melancitos a 142
hipercapnia 213, 215 estimulador de melancitos ~ 142
hiperglicemia 129, 279 folculo estimulante 88, 143, 144, 148,
hiperprolactinemia 99 274,275,277
hipersonia 276 liberador de corticotrofina 142, 143, 145,
hipertenso 76, 85, 256 146,265
arterial 95, 125, 126 liberador de gonadotrofinas 75, 143, 144,
arterial sistmica 217, 222, 228 274,275,276,277
intracraniana 172 liberador de HGH 100, 142
pulmonar 217 liberador de tireotrofina 143
hipertireoidismo 98 luteinizante 88, 98, 99, 143, 144, 148,
265,274,275,276,277,279
331
natriurtico atrial 99 da liberao de somatotropina 142
paratireoideano 145 da mono-amino-oxidase 182, 292
somatotrfico ver hormnio do da sntese da HMG-CoA redutase 122
crescimento de recaptao de serotonina 119
tireoestimulante ver hormnio dos canais de clcio 122, 126
estimulador da tireide inibina 144
HPN ver hemoglobinria paroxstica insnia 24,106,107,110, 111 , 112,113,
noturna 115, 117, 122, 123, 140, 172, 178, 180,
Human Leukocyte Antigen 118 181,215,245,247,248,258,276,286,
humor lbil 179 287, 289
aguda 114
crnica 114, 182,292
de rebote 292
IAH ver ndice de apnia-hipopnia
final 178
ICC ver insuficincia cardaca congestiva
inicial 178
ictercia 172, 244
intermitente 178
idoso(s) 15, 18, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99,
primria 114
100, 104, 107, 114, 125, ISO, 154, 156,
insuficincia
180,247,257,272,289,292,293,296
cardaca congestiva 218, 222, 256
IFN-o ver interferon gama
renal
IGF-1 ver insulinlike growthJactor
crnica 117, 256, 258, 259
iluminao 76, 77, 300, 312
terminal 254, 258
artificial 82, 243
insulina 14, 85, 122, 129, 130, 149, ISO,
intensa 182
153, 154, ISS, 156, 157, 158, 159,287
iluses 181
insulinlike growthJactor 88, 100
imidazopiridinas 291, 292
interferon-gama 264, 279
imipramina 169
interleucina 32, 279
impotncia (sexual) 215
intervalo QT 234, 235, 239
incontinncia urinria 257
IRC ver insuficincia renal crnica
ndice(s)
irradiao ultravioleta 72, 267
de apnia-hipopnia 116, 211, 212, 216,
isquemia 163, 238
217,218,220,221,223
cardaca 217, 218,228
de microdespertares 217
indigesto 308
J
indometacina 122, 127
infncia 81,87,88,109,164,170 jetlag 15,35,66,110,111,114,120,140,
infarto(s) 164, 169 284,285,286,287,288,289,290,291,
do miocrdio 65,116,124,218,236,237, 292, 293, 294, 295, 296, 303, 306
238, 239, 240 jovem(ns) 97,99, 100, 104, 114, ISO, 156,306
infeco urinria 255
in fertilidade 278 L
inibidor(es)
L-dopa 168
da bomba de prtons 122, 129
lactente(s) 82, 83, 104, 107, 109
da captao da serotonina 168
laringite 245
da cininase 11 122, 125
LC ver locus coeruleus
da liberao de gonadotrofinas 275
332
leptina 149, 150 M
LES ver lpus eritematoso sistmico
macroglossia 213, 215
leso 278
mania 111, 180, 182
gstrica 128
mar alcalina 255
ps-quiasmtica 58
medicina
pr-quiasmtica 58
aeroespacial ver medicina das viagens areas
leucemia 117
baromtrica 283
leucotrienos 123, 190, 193
da noite 15,16, 17, 18,19,20,23,24,
LH ver hormnio luteinizante
172,249,271
libido 14, 116,2 15
das altitudes 283
linfcitos 64 , 124
das viagens 19, 283
B 131
das viagens areas 283, 284, 318, 319
T 124, 131
de emergncia 284
TH1 278
do sono 103
TH2 190, 192
do trabalho 19, 66, 179, 195
lipotmia 246
preventiva 183, 284
lipotropina 142
medos noturnos 24
litase renal 254
melanopsina 74
ltio 182
melatonina 27, 29, 32, 59, 74, 76, 77, 84,
carbonato de 172
98,110,122,123,124,140,141,145,
locus coeruleus 25, 29, 31
146,147, 148, 154, 181,182,249,253,
logorria 180
263,265,272,275,286,289,290,291,
lorazepam 292
293,294,306,318,321
luminosidade 49,50,84,85, 172,247,275
memria, lapsos de 215
lpus eritematoso sistmico 261, 267
menopausa 257
luteinizao 277
pr-menopausa 273
luz 15, 47,48, 52,53, 57, 58, 61, 71,72,
ps-menopausa 149, 273
73,74,76,77,81,82,84 , 110,111,140,
menostasia 276
179, 182, 246, 264, 265, 286, 290, 293,
menstruao 275, 276
306,318,319
mergulho 187
ambiente 82, 273
ps-almoo ver depresso ps-almoo
artificial 59, 76, 271
meteorismo 246
azul 73, 74 , 77
metocJopramida 99
branca 76, 77
mexiletine 170
brilhante 179, 290, 293, 318, 319
microcochilos 108, 118
da lua cheia 38, 74, 76, 77
microdespertar(es) 215, 216,217,218, 221
de laboratrio 52
midazolam 292
do dia ver luz solar
mieloma mltiplo 171
natural ver luz solar
miocJonias 105, 168
solar 52,71, 110, 147, 176,2 61,262,
miomatose 276
286,289,290,295,313,321
mio sina 277
sombria 76
miotonia 117, 170
ultravioleta B 267
mirtazapina 224
vermelha 77
modafenil 119, 169
monoartrite 266
333
moming dippers ver mergulho supraquiasmtico 25 , 27, 28, 29, 30, 58 ,
morte sbita 65,124,169,21 7,235,236 , 59,60, 61 , 74,75,76 , 81 , 82,97,109,
237, 238, 240 110, 141 , 145, 249,264 , 286
MSLTs ver testes de latncia mltipla tegumentar
para o sono ltero-dorsal 28, 29
MVA ver medicina das viagens areas pednculo-pontino 28 , 29
tbero-mamilar 28, 29
N
narcolepsia 31,112,118,119, 120,168, 212
o
nascimento 81 , 82 , 83, 84, 87,94,175,273,274 obesidade 115, 116, 149, 156, 158,212, 213 ,
NAT ver N-acetil-transferase 215,218 , 224, 291 , 308
natriurese 256 obscuridade 59, 71 , 72 , 76
nusea 128, 244 , 246 , 247, 248, 289, 311 obstipao intestinal 245, 246
nefrolitase 255 oci tocina 144
neuromiotonia ver sndrome de Isaac OIT ver Organizao Internacional do Trabalho
neurnio 25 , 26, 28, 30,31 , 74,75,76, 104, oligoartrite ver artrite idioptica juvenil
108, 109, 144,170,182,212,274 oligomenorria 276
nicotina 107 omeprazol 129
nictria 215, 253 , 254, 256, 257, 258 OMS ver Organizao Mundial de Sade
night-eating syndrome ver sndrome ONU ver Organizao das Naes Unidas
do comer noturno opsiria 253, 254
NK ver clulas natural killer opsoclono 168
NO-GMPc ver sistema xido ntrico/ orexina 28 , 29,31, 169
guanosina mono fosfato cclico Organizao
noctria 253, 256, 267 das Naes Unidas 301
noradrenalina 26, 28,29,84 , 104, 141 , 306 Internacional do Trabalho 301
norepinefrina 31 , 99 , 180,274,275 Mundial da Sade 95, 256
NPOVL ver ncleo pr-ptico ventrolateral osteoartrite 65 , 85 , 94, 261, 262, 267
NRD ver ncleo da rafe dorsal osteoartrose 65 , 127
NREM ver sono no-REM osteoporose 94, 262, 263
NSQ ver ncleo supraquiasmtico ovulao 141, 272, 275 , 276 , 277
NTLD ver ncleo tegumentar ltero-dorsal oxalato de clcio 255 , 256
NTM ver ncleo tbero-mamilar oxazepam 292
NTPP ver ncleo tegumentar xido ntrico 123, 125, 220, 222
pednculo-pontino oxignio 106, 112 , 115 , 116, 218 , 220, 221 ,
ncleo 222,228,231,234,235 , 284
do trato solitrio 75 oxiplatino 131
dorsal da rafe 28, 29, 31 oznio 284
dorsomedial do hipotlamo 75
geniculado lateral 58, 75 p
paraventricular 143
paracetamol 252
do hipotlamo 75 , 143
parada sinusal 218 , 233
do tlamo 75
paralisia
pr-ptico ventro-Iateral 28, 29
cerebral 224
334
do nervo citico 171 prolactina 75,98,99, 142, 182,264,265,275
do nervo cubital 171 prostaglandina
do nervo radial 170 D2 32
dos amantes ver paralisia do nervo radial E2 275,277
hipercalmica 170 prostatismo 257
peridica hipocalmica 169 protena
paratireide ver glndula paratireoideana catinica eosinoflica 123
parto 257, 271 , 273, 274 da mielina perifrica 22 171
pr-termo 278 de choque ver Heat Schok Protein
trabalho de 65,81,272,273,274 quimiottica de moncitos 220, 222
pentano 220 quinase C 253, 267
peptdeo Ro/SSA 267
delta-indutor do sono 32 X eosinoflica 123
liberador de gastrina 75, 76 proteinria matinal 253
natriurtico atrial 257, 258 protriptilina 224
vasoativo intestinal 74, 75, 76 prurido
pergolide 168 anal 248
perindropil 125 vulvovaginal 277, 278, 279
perodo psicose(s)
neonatal 273 afetiva(s) 180
Pigment dispersing hormone 73, 74 sazonais 182
pineal ver glndula pineal bipolares 180
pinealoma 141 esquizo-afetivas 181
pirose 311 esquizofrnica ver esquizofrenia
pituitria ver glndula pituitria manaco-depressiva 180
plenitude epigstrica 247 PTH ver hormnio paratireoideano
pneumopatia crnica 224 puberdade 87,88,89,100, 141,147,148,277
pneumotrax catamenial 276 precoce 272
polissonografia 112,116, 119, 151, 155, tardia 272
158,213, 214,220, 221 , 224, 258
poliria noturna 99, 256 Q
porfiria 276
QS ver sono tranqilo
potssio 55, 56, 57, 85 , 251
queimor retroesternal 245
pramipexol 168
quiasma ptico 27, 110
pr-pbere 88, 148, 265
prednisona 171,202,267 quimapril 125
pregnenolona 146
presso R
arterial 25,84, 105, 110, 116, 125, 126, 163, ramipril 125
164,172,217, 218,222,227,228,229, reflexo de Bezold-jarish 229
230,231 , 232, 238, 302, 304,307, 312 refluxo gastroesofgico 190, 215, 247
sangnea ver presso arterial regurgitao 245
pr-opiomelanocortina 142 relgio(s)
procainamida 170 biolgico(s) 27,28,29,30, 56, 58, 59, 60,
progesterona 84, 132,144,146, 148, 273, 71, 72, 73, 74, 76, 81, 98, 109, 110,
277,278, 279
335
139, 140,145,146, 147,148,175, 179, do metabolismo glicdico 158
180, 182, 190,263,286, 287,288,296, do sono 98
305,307, 310,322 dos cruzadores de OPO 263
circadiano(s) 71,72,73,74,76 , 77,81, dos neutrfilos 64
82 , 104,286,306,307 em macacos 84
renina 99, 217, 257 materno-fetal 273
repaglinida 130 na toxicologia do 5-fluorouracil 131
ressecamento nasal 222 nas concentraes plasmticas
retina 58, 74,76,110,111,172 da prolactina 274
rigidez (das articulaes) 262 , 263, 266 nictemrico 182
rinite 65, 85, 189 no nascimento 82
rinorria 222 circalunar(es) 51, 52
ritalina 169 circanatpes 51
ritmo(s) circanual(ais) 51 , 52,71,127, 272,273
biolgico(s) 15,51,82 , 83,100,121,122, circasseptanos 51, 52 , 127
124,127,128,132,146, 147, 175, 177, circasseptrios 71 , 273
178,181 , 182,183,190, 249,250 , 271 , claro-escuro 13, 24 , 53 , 55 , 57,61,82,
272 , 289, 296 251,277
circadiano infradiano(s) 51. 52,73, 175, 177, 249, 272
celular do tumor 273 sazonais 71,84
da atividade da enzima Na-K-ATPas 257 semanal(ais) ver ritmo(s) circasseptrio(s)
da atividade locomotora 265 sono-viglia 26,27, 29, 30, 51 , 55 , 58,
da atividade reprodutora 275 59, 89 , 97, 246, 286
da cicatrizao espontnea 245 ultradiano(s) 51 , 73,175 , 177,249, 272
da defecao matinal 246 ronco 115, 116, 167,212,213,214,215,
da doena 267 216,218, 219 , 223,224
da meia to nina 272
da mulher 272 s
da osteoartrose 127
SAHOS ver sndrome da apnia-hipopnia
da secreo da prolactina 99
obstrutiva do sono
da secreo de cortisol 146
S-OHEA ver sulfato de
da secreo de melatonina 146, 289
dehidroepiandrostenediona
da testosterona 272
serotonina 26, 28 , 29,31,58,59, 104,119,
de liberao de metablitos da renova-
168,169,182,265,275
o ssea 263
sesta 139, 245 , 291
de reabsoro ssea 263
SFSA ver sndrome de fase de sono avanada
de trabalhadores 306
sncope vaso-vagai 229
defecatrio 246
sndrome
do ACTH 99
da apnia-hipopnia obstrutiva do sono
do AOH circulante ver do hormnio
24 , 112, 116,156,211,212 , 213 , 215,
antidiurtico
217, 218 , 220 , 221 , 223 , 224
do calibre brnquico 190
da hipoventilao central 224
do cortisol 99
da imunodeficincia adquirida 247
do hormnio antidiurtico 99, 256
da morte sbita da criana 235
do idoso 95, 96
da praga de Ondina 169
336
da rigidez ver sndrome do homem rgido autnomo 58, 75, 232 , 236, 240
das pernas inquietas 112, 117, 168,212 central 58, 74, 75, 115, 119, 123,
de Brugada 235 141,143,145,146,213,250,251,264,
de dessincronizao ver jet lag 274, 286 , 292, 320
de Down 215 , 224 parassimptico 25, 75, 234 , 246, 247
de fadiga de viagem 288 simptico 25, 75, 227, 234, 247
de fase de sono avanada 290, 291 vagai 202
de fase de sono tardia 290 neuroendcrino 277
de fragilidade do idoso 94 xido ntrico/guanosina mono fosfato
de Guillain-Barr 171 cclico 125
de Isaac 117 porta-hipofisrio 87, 143, 274
de Lennox-Gastaut 164 renina-angiotensina-aldosterona 99, 125
de poliria noturna 257 reprodutor 278, 279
de resistncia das vias areas superiores respiratrio 200, 213
213,214,221 urinrio 250, 251 , 253, 256
de Sheeham 173 visual (dos macacos) 81
de Sjgren 267 sdio 99, 144, 173, 251, 256, 258
do clon irritvel 246 somatopausa 100
do comer noturno 149, 150, 156 somatostatina 75, 100, 142, 143, 145
do homem rgido 117 somatotropina ver hormnio do crescimento
do QT longo congnito 235 sonambulismo 105, 168, 247
do tnel do carpo 171 sonho(s) 15,31,105, 106, 109, 118, 169,
hepatorrenal 254 180, 304
nefrtica 253 sonilquio 168
pickwickiana ver sndrome da apnia- sono
hipopnia obstrutiva do sono arquitetura do 103, 104, 106, 107, 188,
urmica 258 292
singulto 244 , 247 ativo ver sono REM
sinvastatina 127 atrasado 140
sistema de ondas lentas ver sono profundo
adenilciclase 145 diurno 153
adrenrgico 125 estgio 1 do 89, 104, 105, 106, 107, 216
arterial coronariano 227 estgio 2 do 89,97, 104, 105, 106, 107,
ascendente do despertar 28, 29 164, 216
cardiovascular 124, 143, 22 7, 228, 236 estgio 3 do 89, 97, 104, 105 , 106, 107,
digestivo ver sistema digestrio 142, 154, 169
digestrio 106,213,246,311 estgio 4 do 89 , 97, 104, 105, 106, 107,
efetor homeosttico 82 142 , 154, 169
endcrino 58, 75, 98, 145 estgio delta ver sono profundo
hematopotico 253 estgio no-REM do ver sono no-REM
imune ver sistema imunolgico estgio REM do ver sono REM
imunolgico 58 , 59, 106, 108, 143, 265, fase no-REM do ver sono no-REM
278 , 279 fase REM do ver sono REM
lmbico 30, 276 fragmentado 117, 118, 147,304
metablico 143 higiene do 96,290,291,296,313 , 321 , 322
nervoso 26 , 28, 85, 108, 142, 257 ininterrupto 147, 153
337
no paradoxal 180 ventricular no-sustentada 218
no-REM 24, 25, 27, 29,30, 31,32,83, tcnicas de radioimunoensaio 14
85,105 , 106,147, 154,164, 169,227, temperatura
232 , 233, 237, 303,304 ambiente 24,48,50,71,72,73 , 83, 107,
noturno 24, 83, 88, 97, 98, 149, 150, 153, 170, 193,279, 285 , 302
179, 216, 277 corporal 29, 48, 55, 56, 57, 58, 59, 60,
paradoxal ver sono REM 61,74,75,81, 82,83, 85,97, 106,107,
paralisia do 118, 168, 169 108,110,114,115,145,154,177,
privao de 31,104, 107, 108, 111, 112, 178, 181, 234 , 250, 265 , 285 , 294,295,
119, 153, 155,157, 179,212, 213,221, 302,303, 304,307
288, 289,291 , 295,296,304,310, 322 cutnea ver temperatura corporal
profundo 26 , 89, 97, 100, 104, 105, 106, retal ver temperatura corporal
107, 108, 109, 111 , 182,216, 304 teofilina 122, 124, 200, 202, 203
reduo do 97, 107, 180 terbutalina 124
REM 24 , 25 , 27, 29, 30, 31, 32, 60,83, terror(es) noturno(s) 15, 105, 168, 245, 247
84, 89, 97, 103, 104, 105, 106, 107, 108, teste
109,111,118,119,146, 147, 148,154, de manuteno da viglia 112
155,164,169,177,179,216, 218,227, de mltiplas latncias ao sono 112, 119
232 , 233, 234, 237, 238, 303, 304 de titulao de CPAP nasal 112
superficial 26, 107, 264, 308 oral de tolerncia glicose 98, 129, 150
tranqilo ver sono no-REM testosterona 75 , 98 , 100, 144 , 147, 148,
sonolncia 26,30, 32, 104, 106, 118, 123, 266 , 272
140,218,293,295,308, 309,315, 316, tireide ver glndula tireide
319,320,321 TMLS ver teste de mltiplas latncias
diurna 89, 96,97, 112, 116, 118, 119, ao sono
139, 179, 180,211 , 212, 213,215 , 216, TMV ver teste de manuteno da viglia
217, 220, 222, 223 , 267, 289 tocainida 170
SRVAS ver sndrome de resistncia das vias tolbutamida 129
areas superiores torsade des points 235
Sudden Irlfant Death Syndrome ver tosse 187, 191 , 245, 247
sndrome da morte sbita da criana TOTG ver teste oral de tolerncia glicose
sudorese 169, 170, 215 TRH ver hormnio liberador de tireotrofina
sulfametoxazol 252 trabalho(s)
sulfato de parto 65,81 , 272,273, 274
de dehidroepiandrosterona 266, 272 em turnos 66 , 111, 140, 120,286,288,
de quinina 170 299,300,301,302,303,304,305 , 306,
superxido neutroflico 220, 222 307,308,310,311,312,314, 315,322
em turnos e noturno 286 , 288, 299 , 300,
T 301 , 302,307, 310, 311 , 314,322
noturno 66, 98, 271, 286, 288, 299, 300,
tabagismo 239, 312
301,303, 315,322
taquiarritmias ventriculares polimrficas ver
transtorno bipolar 111
sndrome do QT longo congnito
tremor
taquicardia 219
essencial 168
supraventricular 164, 165, 166, 167
parkinsoniano 168
ventricular 169, 218,234
338
trombocitopenia menstrual 276
trombose do viajante 284
TSH ver hormnio estimulador da tireide
TTN ver trabalhos em turnos e noturno
turnos de trabalho ver trabalho(s) em turnos
u
lcera
duodenal 245
gastroduodenal 311
pptica 128, 129, 244, 245
uremia 117
urolitase 254, 255
v
valproato 168
vasopressina ver hormnio antidiurtico
verapamil 126, 171
vertigem 128, 246 , 293
viglia 14, 20, 25 , 26 , 27,28 , 29,30, 31 , 32,
52,83 , 88 , 89,105 , 106, 108,109, 118,
123,128,139,140, 145 , 151,155 , 164,
165,189,191,194,213, 216 , 227, 231 ,
233 , 234, 250 , 286, 289, 302 , 313, 317,
318 , 319 , 320
vmito 164, 244, 246, 247
x
xeroftalmia 172
z
zaleplom 115
Zeitgeber 52 , 53 , 56 , 57, 58 , 59 , 61,83, 110,
291 , 296
zolpidem 115, 293
zopliclone 182
339
Formato: 21 x 26cm
Tip%gia: Caxton Lt BT e Swiss 721 BT
Papel: Print Max 90g/m'
Carto Supremo 250g/m'
CTp, Impresso e acabamento: Imprinta Express Grfica e Editora Ltda .
Rio de Janeiro, dezembro de 2007.