Lutas - o Caratê
Lutas - o Caratê
Lutas - o Caratê
O
CARATÊ
O CARATÊ
O caratê, nasceu na ilha japonesa de Okinawa, no século XVIII. Proibidos de usar armas no local, os
habitantes criaram a arte marcial como forma de defesa contra o ataque de possíveis inimigos. A palavra karate é
o termo japonês para "mãos vazias" (kara significa vazioe te significa mão).
Como a invenção funcionou, ela começou a ser praticada constantemente na região,
mesmo sem a necessidade de seu uso. A expansão da modalidade começou a acontecer no
início do século XX, quando o mestre Gichin Funakoshi, mais precisamente em 1922, foi
convidado pelo Ministério dos Esportes do Japão a conduzir apresentações de caratê na
capital Tóquio.
Os caratecas geralmente atribuem a criação do moderno caratê ao filho de
Gichin Funakoshi, Yoshitaka Funakoshi. Embora seu pai tenha praticado o caratê contato
total, onde os lutadores golpeavam de modo ilimitado, Yoshitaka acreditava em uma
aplicação mais pacífica dos fundamentos da luta. Desse modo, propriamente chamado
caratêdo ou "caminho do caratê", ele é visto mais como um estilo de vida do que somente
um sistema de combate. Os caratecas controlam suas forças se concentrando,
principalmente, no desenvolvimento físico, espiritual e mental em vez da competição.
A prática agradou a muita gente, e a modalidade passou a ser praticada em escolas e
universidades. Estas últimas, inclusive, foram as primeiras instituições a realizar competições
do esporte, na década de 1950. O primeiro Campeonato Mundial de caratê foi disputado em
1970, também em Tóquio. Desde então, o torneio passou a se realizado a cada dois anos.
CARATÊ NO BRASIL
Assim como a maioria dos esportes, o caratê chegou ao Brasil por meio de imigrantes –
nesse caso, os japoneses. Isso teria acontecido no começo do século 20, quando os
primeiros orientais desembarcaram no Porto de Santos.
A prática só se tornou esportiva, porém, na década de 1950, quando começaram a surgir
as primeiras academias onde o esporte era ensinado. A modalidade cresceu, e o país
conseguiu vencer o primeiro Campeonato Mundial em 1972, quando Luís Watanabe ganhou
a competição de kumitê.
Depois disso, o Brasil passou a se posicionar quase sempre entre as dez melhores
nações em competições internacionais. Atualmente, o país é uma das grandes forças do
esporte nas Américas.
OS ESTILOS DO CARATÊ
GojuRyu: o nome advém de go (força) e ju (flexibilidade) e foi desenvolvido pelo
mestre Chojun Miyagi. É uma técnica que prima pelo bloqueio para dar mais rapidez ao
ataque e que exige muita resistência e força.
WadoRyu: significa estilo do caminho da paz e foi criado pelo mestre Hironori
Otsuka. Difere dos demais estilos por usar o mínimo de esforço, imobilizações, esquivas e
golpes de impacto com os membros, além de arremessos e projeções. O bloqueio como
técnica de defesa é transformado em movimento de ataque.
ShorinRyu: tem suas origens no caratê de Sokon Matsumura. Shorin significa “floresta
de pinheiros”. É caracterizado pela respiração mais natural possível e por suas bases
(posturas) mais altas.
O FÍSICO
Quando os antigos mestres das artes marciais desenvolviam suas sofisticadas técnicas de
luta, utilizam princípios de física básicos. Em qualquer combate entre duas pessoas, ambos
os lutadores trazem uma certa quantidade de energia para a situação. A quantidade total
de potencial de energia depende do tamanho do lutador, força muscular e saúde física. O
objetivo do caratê é usar seu corpo como um canal de energia.
O caratê nada mais é do que um sistema utlizado para variar as forças de uma luta em
sua vantagem. Existem muitas maneiras de fazer isso.
Antes de mais nada, você concentra toda a sua força em uma área relativamente
pequena. Se abrir totalmente suas mãos e empurrar alguém, a força de seu ataque se
dispersa através da palma e dos dedos. Isso dissipa excessivamente a força de seu ataque
em uma área bastante ampla e seu oponente sentirá uma força relativamente fraca. Mas se
você mantiver todos os seus dedos juntos com força e bater na pessoa somente com a face
da sua mão, ou somente com a ponta dos dedos, esta mesma quantidade de força será
empregada em uma área muito menor. Nessa área, o impacto será muito mais intenso. Se
você tentar isto em si mesmo (delicadamente, por favor), poderá avaliar a diferença. O
ataque concentrado é muito mais doloroso.
Um elemento crucial do caratê é o direcionamento da
energia do soco ou chute para um ponto relativamente
pequeno de contato
No caratê, existem várias formas de dar socos e chutes, mas a maior parte delas apóiase
nesta mesma idéia básica. O ponto de impacto é reduzido para uma área muito pequena,
geralmente ossuda de sua mão ou pé, e a força de seu ataque é direcionada para este
ponto. Os caratecas fortalecem suas mãos e pés de modo que eles possam desferir estes
socos e chutes sem se ferirem seriamente. É crucial praticar a técnica o mais perfeitamente
possível; se o carateca golpear continuamente de forma incorreta, ele ou ela pode
eventualmente desenvolver artrites graves.
Os caratecas maximizam a força do impacto colocando seu corpo inteiro no soco ou
chute. Se você assistir os caratecas lutando, verá que eles freqüentemente centralizam seu
torso e transferem seu peso de uma perna para a outra quando desferem um soco. Desse
modo, a energia de seu corpo em movimento vai para cada golpe junto com a energia dos
músculos do braço. Os caratecas praticam também o golpe com grande velocidade,
aumentando a força de cada um deles .
Um dos mais importantes elementos no caratê é o prosseguimento da trajetória de
socos e chutes. Quando você bate em alguma coisa, digamos que um pedaço de tábua, o
instinto natural é de diminuir seu impulso justamente antes do impacto; você hesita pois não
quer machucar sua mão. Os caratecas desprogramam este instinto de hesitação; eles
visualizam o prosseguimento do punho até algum ponto mais além do alvo (o outro lado da
tábua, por exemplo). Para maximizar a força de cada movimento, é essencial que o carateca
prossiga a trajetória. Antes de cada ataque, os caratecas respiram profundamente. Assim
que eles realizam o soco ou chute, soltam o fôlego. Isto os ajuda a focalizar cada movimento.
Esta é a idéia básica que existe por trás das manobras ofensivas do caratê.
DEFESA
Vimos que dois lutadores trazem uma certa quantidade de energia para o combate. O
carateca canaliza sua própria energia para maximizar a força de ataque. Porém no caratê, é
também importante canalizar a energia do oponente. Os caratecas fazem isso com
inteligência, bloqueando as manobras.
Como qualquer objeto em movimento, o soco ou chute tem seu próprio momentum, o
produto de sua massa e velocidade. Velocidade (e por extensão, momentum) não é só uma
medida de rapidez, mas também de direção. Em outras palavras, dois objetos com massa e
velocidade iguais têm um momentum diferente se estiverem em direções diferentes.
A força do impacto entre dois objetos é determinada pelo momentum dos objetos. Para ver
como isto funciona, imagine um carro indo em direção a um muro. Se o carro bater de frente
no muro, a direção do momentum é diretamente perpendicular ao muro. A frente do carro e a
área do muro na qual bateu experimentam o máximo da força do impacto, sofrendo ambos o
dano máximo. Mas se o carro colide com o muro de lado (como, por exemplo, bater na grade
protetora que divide uma estrada), a direção do momentum estará no ângulo da parede. O
momentum mantém o carro indo adiante, assim o muro sente uma pequena fração da força
total.
Neste segundo cenário, a força do impacto muda o momentum do carro ligeiramente. O
muro empurra o carro diagonalmente, de modo que a direção do momentum do carro o
afasta do muro (em outras palavras, o carro ricocheteia).
Os punhos e pés voadores são como carros em velocidade. Se alguém lhe socar
diretamente no peito, você sentirá a maior parte da força do punho. No caratê, o objetivo é
interceptar o punho de forma que ele tenha contato com o lado do seu corpo, assim
você redireciona o momentum para longe. Isto se faz movendo o braço ou perna do seu
oponente para longe de você com seu próprio braço. Dependendo do ataque, os caratecas
podem dar um golpe para cima, para baixo ou em ambos. Com este tipo de bloqueio, você
sempre acabará colidindo com seu oponente, mas sentirá somente uma fração da força do
ataque.
Isto também direciona o momentum do oponente contra ele mesmo. Quando você move o
golpe para o lado, o próprio momentum de seu oponente o arremessará adiante,
desestabilizando seu equilíbrio. Isto o deixará vulnerável para o ataque; você poderá
descarregar um golpe bem sucedido ou imobilizálo no chão. Você poderá também agarrar
os agressores e arremessálos adiante, aumentando o momentum de progressão.
Utilizando esta defesa, o carateca poderá jogar os agressores no chão. O arremesso não é
um elemento central no caratê, entretanto, desempenha um papel importante em outras
artes marciais, especialmente no judô e no aikido.
No caratê e em outras artes marciais, você pode puxar os
oponentes em sua direção para aumentar o momentum de
progressão e desestabilizálos
Para se proteger contra ataques, os caratecas se colocam em uma posição de combate
particular. Geralmente, os caratecas se postam com uma perna na frente e a outra atrás.
Isto protege efetivamente a frente do corpo de ataques e dá ao carateca um
melhor equilíbrio. Ele se mantém em seu próprio centro de gravidade relativamente próximo
ao chão, tornandose assim mais difícil para o oponente derrubálo.
Numa competição de caratê, ambos os caratecas se concentram em se proteger de
ataques enquanto esperam por uma abertura na defesa do oponente. Freqüentemente, um
carateca pode descarregar um golpe bem sucedido imediatamente após desviarse do
ataque do oponente, pois neste momento ele fica mais vulnerável. Muito do caratê é
baseado em prestar atenção no que ocorre ao seu redor, assim você pode reconhecer uma
oportunidade quando ela aparece.
EXIBIÇÃO DAS HABILIDADES
O caratê foi desenvolvido dentre os estilos de artes marciais planejados para auxílio em
combate. Em sua maioria, estes estilos de luta foram planejados somente como autodefesa,
mas eles também incluíam meios de mutilar ou mesmo matar uma pessoa. Prova disto está
na total atenção à anatomia humana. Ao aplicar golpes poderosos nas partes mais
vulneráveis do corpo rosto, plexo solar, e virilha o carateca pode por abaixo um oponente
imediatamente.
Atualmente, o caratê é ensinado como esporte e não como meio de combate. Os
caratecas têm inúmeras maneiras de demonstrar suas habilidades sem machucar outra
pessoa.
Para demonstrar a maestria nos socos, chutes e bloqueios, os caratecas realizam
várias simulações de combate. Em um exercício, chamado kata, os caratecas executam
uma seqüência prédeterminada de defesa e ataque contra inimigos imaginários. O kata é
extremamente importante para os praticantes iniciais de caratê, pois ajudaos a aperfeiçoar
sua técnica.
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EXEMPLO DE KATA HEIAN SHODAN
Os caratecas mais adiantados podem entrar em kumite, um tipo de treino estilo livre.
O kumite consiste no combate individual ou por equipes. No kumite, cada golpe pode
render até três pontos ao lutador, dependendo do movimento e da forma como o golpe foi
aplicado. O vencedor é aquele que, durante a luta, abrir oito pontos de vantagem sobre o
adversário ou tiver uma vantagem numérica ao final do tempo de combate.
Rob Olevsky, faixa preta 9º dan, e Tony Letourneau, faixa
preta 4º dan, praticam treino estilo livre
Normalmente, os caratecas entram nas lutas como um modo aberto e engajado para
praticar a própria técnica e concentração. Mas os caratecas podem também participar de
competições mais formais dekumite, conhecidas como "luta pontuada". Neste esporte, um
árbitro outorga pontos, chamados ippons, quando um carateca executa um golpe bem
sucedido revelando excelente técnica e atitude. O vencedor é o primeiro carateca a atingir
um determinado número de pontos (normalmente três) ou o que obter o máximo de pontos
ao final de um certo limite de tempo (normalmente de um a três minutos).
O katae okumitesão demonstrações efetivas da maestria dos caratecas nos movimentos
do caratê, assim como sua atenção e controle. Mas eles não permitem aos caratecas
demonstrar sua força total, uma vez que isto poderia ser extremamente perigoso. Os
caratecas devem usar meios alternativos de mostrar sua força total.
As competições de caratê normalmente acontecem em locais fechados, e sempre sobre
uma superfície plana, chamada dojo, espaço de oito metros quadrados feito de material
sintético. Ele é basicamente o mesmo utilizado no judô, apenas com metragem um pouco
menor.
Um típico ringue de luta
Os professores de caratê podem usar um grande escudo para protegeremse da força
total do ataque de seus alunos. Eles podem também usar uma roupa acolchoada protetora,
mas isto é mais comum em classes gerais de autodefesa do que no caratê convencional.
Uma das mais populares demonstrações de força é o tameshi wari, também conhecido como
"demonstração de quebra." Com muita prática e concentração, os caratecas podem
quebrar tábuas e tijolos apenas com seus pés e mãos. Basicamente, eles transformam suas
extremidades em cortadores naturais, quebrando a integridade estrutural de um objeto
direcionando a força de seu corpo inteiro para uma pequena área. A medida que progridem,
os caratecas praticam a quebra de blocos cada vez mais fortes.
O elemento básico desse poder é o ki. Ki é uma força amorfa, indefinível, geralmente
descrita como a energia da vida . Ela une todas as coisas vivas e dá a cada pessoa seu
poder espiritual, físico e mental. Na maioria das escolas, os caratecas iniciantes não se
preocupam tanto com o ki. Eles focam principalmente na própria técnica e nos exercícios
físicos. Porém nessas atividades básicas, elas são colocadas como parte essencial para
exercícios ki posteriores.
REGRAS DO CARATÊ COMPETITIVO
O caratê competitivo é dividido em duas modalidades: kumitê e o kata. O primeiro é a luta
propriamente dita, na qual dois atletas se enfrentam em combates de três minutos (para
homens) ou dois minutos (para mulheres). Já o kata é o exercício de ataque e defesa feito
contra um adversário imaginário.
No kumitê, a vitória é dada ao lutador que somar mais pontos, distribuídos de acordo com
o grau de dificuldade dos golpes. Caso um dos competidores abra oito pontos de vantagem
sobre o adversário durante a luta, ele será considerado vencedor. Se houver empate na
pontuação ao fim do combate, será disputada uma prorrogação de um minuto, e, nesse
caso, vencerá aquele que marcar o primeiro ponto. Caso a igualdade persista, caberá à
arbitragem decidir quem será o ganhador do confronto.
A pontuação é dividida da seguinte forma: o ipon vale um ponto. É quando o atleta acerta
um soco no abdômen ou no rosto do adversário. Chute no abdômen vale dois pontos. É o
chamado nihon. O sanbon é quando o lutador acerta um chute no rosto, e soma três pontos.
Mas atenção: não pode haver contato nos golpes no rosto. Os árbitros avaliam a intenção
do movimento. Um carateca não pode, em hipótese alguma, acertar o braço, as pernas, as
genitálias, as articulações, o tornozelo e o peito do pé do adversário.
Se o atleta for derrubado e não se recuperar em dez segundos, ele está eliminado. É o
kiken.
As competições são divididas de acordo com o peso dos atletas (veja tabela).
No kata, por sua vez, os dois atletas apresentam, lado a lado, séries de movimentos de
defesa e ataque. Existe uma série obrigatória e outra livre. Na primeira, o carateca deve
seguir os ensinamentos de escolas reconhecidas, fazendo movimentos coordenados e
tradicionais. Já na livre, ele poderá fazer uma combinação de golpes, contanto que os
apresente antecipadamente aos três ou cinco juízes (dependendo da competição) que
avaliam as performances.
KATA
Equipamentos
A vestimenta usual de um lutador de caratê é ogui (semelhante ao quimono utilizado pelos judocas).
Tratase de uma jaqueta e uma calça de cotton confortáveis, de modo que ele possa executar os golpes
com facilidade e sem impedimentos. Além disso, os praticantes devem usar luvas de borracha para
evitar que os golpes causem lesões.
A jaqueta do carateca deve ser presa com uma faixa colorida. A cor da faixa indica o nível de
habilidade do carateca, ou kyu. Os caratecas mais avançados são classificados por seu dan. Eis aqui
um típico sistema de classificação, em ordem ascendente:
CURIOSIDADES
o lado do judô, o caratê é, atualmente, uma das artes marciais mais praticadas no Brasil –
A
ensinada, inclusive, em escolas primárias. E um dos principais motivos para tamanha
popularização foi o sucesso de um filme sobre o assunto. Karate Kid, de 1984, do diretor John
Avildsen, conta a história de um professor japonês de artes marciais radicado nos Estados
Unidos que conhece um garoto chamado Daniel (a quem ele chamava de DanielSan, ou
“Senhor Daniel”) e resolve ensinar técnicas de caratê a ele.
A popularidade do caratê também já foi explorada no mundo dos videogames. Além dos jogos
nos quais a modalidade é o tema central, um personagem carateca, em especial, tornouse
célebre em um dos games mais famosos da década de 90, o Street Fighter, que consagrou o
lutador Ryu como um dos preferidos dos jogadores.
Ao contrário do que acontece no judô, o caratê não é um esporte amplamente dominado pelos
japoneses, criadores da modalidade. Apesar da supremacia nas competições individuais, os
asiáticos levam desvantagem na história por equipes. Em campeonatos mundiais, os maiores
vencedores da categoria em questão são a França e a GrãBretanha, com seis títulos cada,
contra três da Espanha e somente um do Japão.