Fundamentos de Antenas
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Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Elétrica
Antenas e Propagação
Agosto de 2003
Índice
i
ii ENE - FT - UnB
3.3.4 Influência de um plano condutor infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.4 Antena dipolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.5 Noções de conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.6 Alimentação de antenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.7 Baluns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5 Tipos de antenas 67
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.2 Antenas eletricamente curtas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.3 Antenas ressonantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5.4 Antenas de banda larga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.5 Antenas de abertura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Referências 103
Capı́tulo 1
1.1 Introdução
Uma grande variedade de enlaces via rádio pode ser implementada usando como portadora
uma freqüência do espectro eletromagnético. Os organismos de regulação limitam a faixa de
1
2 ENE - FT - UnB
radiofreqüências (RF) entre 30 kHz e 300 GHz, embora a propagação de ondas eletromagnéticas
também seja possı́vel abaixo de alguns kHz. Por acordo internacional a faixa de RF é dividida
em bandas, cada banda sendo designada por um nome. A Tab.1.1 mostra as várias bandas de
freqüências com as aplicações tı́picas.
Assim como o petróleo, o espectro de RF é um recurso natural escasso e, portanto, deve
ser utilizado de forma prudente e conservativa. Vários serviços como rádio AM, rádio FM, TV,
celular, satélite e enlaces fixos terrestres devem compartilhar desse espectro comum. Além disso,
cada um desses serviços deve crescer e se expandir sem causar interferência em outro.
A tarefa de alocar e controlar o espectro de RF é de responsabilidade de um comitê inter-
nacional de padronização, criado pelas Nações Unidas e denominado de União Internacional de
Telecomunicações (ITU - International Telecommunications Union). Os órgãos do ITU de inter-
esse para comunicações via rádio são as agências designadas de ITU-T (anteriormente CCITT) e
ITU-R (anteriormente CCIR). Dentro do ITU-R, a WARC (World Administrative Radio Confer-
ence) é responsável pela alocação de uma banda especı́fica de freqüência para os serviços atuais e
futuros, e a RRB (Radio Regulations Board, anteriormente IFRB) define as regras internacionais
para a utilização da freqüência dentro dessas bandas. O ITU dividiu o mundo em três regiões,
Fig.1.2. A região 1 inclui a Europa, a áfrica e a Comunidade dos Estados Independentes; a
região 2 inclui a América do Norte e a América da Sul; a região 3 inclui a ásia, a Austrália e o
Pacı́fico.
Distante da antena transmissora, uma onda eletromagnética tem duas componentes vetoriais
mutuamente perpendiculares: um campo elétrico e um campo magnético. Esses dois campos são
normais à direção de propagação, o que caracteriza uma onda transverso eletromagnética (TEM),
Fig.1.3. Os campos elétrico e magnético interagem um com o outro; um campo magnético
variante induz um campo elétrico e um campo elétrico variante induz um campo magnético.
A frente de onda é uma superfı́cie imaginária formada por pontos em que os campos
têm fase constante. Se, além da fase constante, os campos têm a mesma magnitude em qualquer
ponto da frente de onda, ela é uniforme. Nesse caso, os valores máximos e mı́nimos dos vetores
campo elétrico e campo magnético ocorrem no mesmo instante de tempo e são independentes
do ponto de observação na frente de onda. Ondas eletromagnéticas no espaço livre caminham
como uma onda plana não uniforme.
1.3.2 Perı́odo
O perı́odo de uma onda é o intervalo de tempo necessário para que os vetores campos elétrico e
magnético dessa onda voltem a se repetir. O perı́odo T é expresso por
1
T = (s) (1.1)
f
em que f é a freqüência da onda (o número de ciclos por segundo, em Hz).
Figura 1.4: Comportamento espacial dos campos elétrico e magnético em uma onda polarizada linear-
mente na vertical.
em que µ0 = 4π × 10−7 H/m e ε0 = 8, 854 × 10−12 F/m. Um outro meio qualquer é especificado
em termos da permissividade relativa µr = µ/µ0 e da permeabilidade relativa εr = ε/ε0 .
O comprimento de onda é a menor distância entre duas superfı́cies de mesma fase. O compri-
mento de onda λ é expresso por
v
λ= (m) (1.4)
f
1.3.5 Polarização
Figura 1.5: Comportamento espacial do campo elétrico em uma onda elipticamente polarizada. A onda
se aproxima do observador.
elétrico permanece constante em comprimento mas rotaciona sobre um caminho circular, ele
está circularmente polarizado, Fig.1.6a e Fig.1.6b. O comportamento tempo-espaço da onda
circularmente polarizada é difı́cil de visualizar. A Fig.1.7 fornece uma vista em perspectiva
espacial de uma onda circularmente polarizada para a esquerda. Na medida em que essa onda
se desloca na direção do eixo +z, o campo elétrico em um ponto fixo rotaciona na direção dos
ponteiros do relógio no plano xy (resultando em uma onda circularmente polarizada para a
esquerda). Isso é ilustrado na figura com a seqüência da variação no tempo do vetor campo
elétrico em um plano.
Considere uma fonte de voltagem conectada a uma antena por meio de uma linha de transmissão
de dois condutores. Aplicando-se uma voltagem na entrada da linha cria-se um campo elétrico
entre os seus condutores, cujas linhas de são mostradas na Fig.1.8. As linhas de fluxo forçam
os elétrons livres dos condutores a se deslocarem. O movimento de cargas origina uma corrente
que, por sua vez, cria um campo magnético com suas respectivas linhas de fluxo.
Antenas e Propagação 7
Figura 1.7: Vista em perspectiva de uma onda circularmente polarizada para a esquerda.
entre as ondas no espaço livre e as ondas criadas ao se atirar uma pedra em um lago. Quando
a perturbação na água inicia, as ondas criadas se deslocam afastando-se do ponto onde a pedra
caiu. Se a perturbação persiste, novas ondas são criadas mas atrasadas em suas propagações
com relação às iniciais.
Processo semelhante acontece com as ondas eletromagnéticas criadas por uma per-
turbação elétrica. Se a perturbação elétrica inicial produzida pela fonte é de curta duração,
as ondas eletromagnéticas criadas caminham dentro da linha de transmissão, em seguida pela
antena e finalmente serão radiadas como ondas no espaço livre, mesmo se a fonte elétrica não mais
existe. Se a perturbação elétrica é de natureza contı́nua, as ondas eletromagnéticas se deslocam
continuamente uma após a outra, como mostrado na Fig. 1.9 para uma antena bicônica.
As ondas eletromagnéticas no interior da linha de transmissão e da antena estão asso-
ciadas com as cargas presentes nos condutores. No entanto, quando as ondas são radiadas, elas
formam caminhos fechados sem cargas associadas. Com isso se conclui que cargas elétricas são
necessárias para excitar mas não para manter os campos, que podem existir na sua ausência.
Essa é uma analogia direta com as ondas na água.
O mecanismo pelo qual as linhas de força de campo elétrico se libertam da antena,
Antenas e Propagação 9
Figura 1.9: Linhas de campo elétrico no espaço livre produzidas por uma antena bicônica.
para formar ondas no espaço livre, pode ser ilustrado pelo exemplo de uma antena curta com
relação ao comprimento de onda. Nessa antena, o tempo de deslocamento é desprezı́vel, o que
permite uma melhor interpretação fı́sica do desprendimento das linhas de força. Embora seja
um mecanismo simplificado, ele permite a visualização da criação das ondas no espaço livre.
A Fig.1.10a mostra as linhas de força criadas entre os braços de um dipolo eletricamente
curto alimentado pelo centro, no primeiro quarto do perı́odo, tempo durante o qual as cargas
atingem seu valor máximo (assumindo uma variação senoidal no tempo) e as linhas caminham
a partir do centro de uma distância radial igual a λ/4. Neste exemplo, assuma que o número
de linhas formadas são três. Durante o próximo quarto do perı́odo, as três linhas originais
caminham uma distância adicional de λ/4 (um total de λ/2 do ponto inicial) e a densidade de
cargas nos condutores começa a diminuir. Isso pode ser entendido como sendo acompanhado
pela introdução de cargas opostas que no final da primeira metade do perı́odo neutralizam as
cargas nos condutores. As três linhas de força criadas pelas cargas opostas caminham uma
distância de λ/4 durante o segundo quarto da primeira metade do perı́odo. Elas são mostradas
pontilhadas na Fig.1.10b. O resultado final é que existem três linhas de força apontando num
sentido na primeira distância de λ/4 e o mesmo número de linhas apontando no sentido contrário
na segunda distância de λ/4. Como não existem cargas lı́quidas na antena, as linhas de força
devem ser forçadas a se desprender dos condutores e se unir para formar caminhos fechados,
Fig.1.10c. Na segunda metade do perı́odo, o mesmo fenômeno ocorre mas em sentido oposto. A
seguir, o processo se repete e continua indefinidamente.
10 ENE - FT - UnB
Figura 1.10: Formação e liberação das linhas de campo elétrico pelo dipolo curto.
Capı́tulo 2
2.1 Introdução
Em uma onda eletromagnética, uma variação do campo elétrico produz um campo magnético
variante, que gera um campo elétrico e, dessa forma, energia se propaga. Uma linha de trans-
missão é um dispositivo de dois terminais capaz de guiar energia de um ponto a outro. Em um
dos terminais a potência (ou informação) é inserida e no outro terminal essa potência é extraı́da.
Então, uma linha de transmissão pode ser vista como um dispositivo de quatro terminais para
conectar dispositivos elétricos.
Os cabos elétricos de ligação de uma lâmpada ou ferramenta são exemplos de linhas
de transmissão, como também o são os fios de telefone, de áudio, de vı́deo e mesmo as fibras
nervosas do corpo humano. As interconexões de todos os circuitos elétricos, guias de onda -
condutores metálicos ocos de seções transversais diversas -, fibras ópticas, e até mesmo enlaces
de rádio podem ser vistos como exemplos de linhas de transmissão, Fig.2.1.
As linhas de transmissão estão por toda parte e apresentam uma variedade infinita.
Porém, indiferente ao tipo de construção, todas operam de acordo com os mesmos princı́pios
básicos que serão discutidos a seguir.
é conveniente classificar as linhas de transmissão em três grupos principais de acordo
com o modo de operação: modo TEM; modo de ordem superior; e as ondas espaciais no modo
TEM.
Uma propriedade das linhas de dois condutores - bifilar, coaxial, microfita - é que os
campos elétrico e magnético são transversos à direção de propagação da onda. Tais campos são
conhecidos como modos TEM, e, para esses modos, as grandezas escalares V e I são relacionadas
11
12 ENE - FT - UnB
diretamente aos campos vetoriais E e H da linha de transmissão. Logo, essas estruturas podem
ser analisadas usando a aproximação para circuitos, que é um procedimento mais rápido e menos
complexo, quando comparado à teoria geral dos campos, em que as incógnitas são os campos
elétrico e magnético.
De outra forma, guias de onda (os quais são construı́dos de condutores ocos), estruturas
de condutor único e guias de onda dielétricos têm campos eletromagnéticos com componentes
na direção de propagação da onda. Tais configurações de campo (conhecidos como modos de
ordem superior), somente podem ser analisadas utilizando a teoria de campos eletromagnéticos.
O principal uso de linhas de transmissão é a transferência de sinais e potência entre
dois pontos. As linhas de transmissão são geralmente grandes em uma dimensão e pequenas nas
outras duas. Nas freqüências utilizadas para transmissão de potência, as dimensões transversais
são muito pequenas quando comparadas com λ (comprimento de onda). Por exemplo, para uma
freqüência de 60 Hz, o comprimento de onda é de 5.000 km e as dimensões transversais são da
ordem de metro ou menos. Mesmo a dimensão longitudinal é, na maioria dos casos, apenas uma
fração de λ.
Antenas e Propagação 13
Para freqüências mais altas, os comprimentos das linhas de transmissão podem ser de
vários comprimentos de onda. Na freqüência de 1 GHz, a qual é o limite para a maioria das
linhas práticas tais como linhas coaxiais e de fios paralelos, a seção transversal é da ordem de
0,03λ. Acima de 1 GHz, as perdas inviabilizam o uso prático dessas linhas. Como exemplo, um
cabo coaxial operando a 5 GHz pode apresentar perdas acima de 100 dB/km.
Na faixa de 1 GHz a 100 GHz, guias de ondas são usados. As seções transversais dos
guias de onda são da ordem de λ. Em 10 GHz, uma freqüência tı́pica de operação de guias de
onda, um guia de 10 m de comprimento tem várias centenas de comprimentos de onda.
Acima de 100 GHz, os guias de onda são difı́ceis de serem usados devido a dificuldade
de construção, uma vez que sua seção transversal fica muito pequena. Então, guias de ondas
ópticos tornam-se mais adequados, apresentando perdas de 0,3 dB/km e 0,2 dB/km, operando
em comprimentos de onda ao redor de 1,3 µm e 1,55 µm, respectivamente. Nesse caso, a seção
transversal é grande quando comparada com o comprimento de onda, geralmente excedendo
100λ (125 µm é um valor tı́pico do diâmetro da fibra). Claramente, qualquer fibra óptica na
prática tem uma dimensão de vários milhões de comprimentos de onda.
Figura 2.2: Evolução de uma linha de transmissão a partir de uma célula de campo para a linha de dois
condutores, coaxial e de microfita.
Antenas e Propagação 15
Figura 2.3: Cabo coaxial (a) flexı́vel; (b) semiflexı́vel; (c) rı́gido.
freqüência.
A Fig.2.3 apresenta três tipos de linhas coaxiais. Na Fig.2.3a, tem-se o cabo coaxial mais
comum, muito usado na recepção de TV devido a facilidade de manuseio por ser flexı́vel. As
Figs.2.3b e 2.3c mostram um cabo semiflexı́vel e um cabo coaxial constituindo de dois condutores
rı́gidos, respectivamente. O cabo rı́gido geralmente tem aplicação em freqüências de microondas
e é preenchido por um dielétrico que pode ser constituı́do de material sólido ou ar, ou um gás
sobre pressão. Tal procedimento, que evita a entrada de umidade, é também utilizado em guias
de ondas.
Cabos coaxiais com encapsulamento metálico duplo apresentam maior proteção contra
radiação e interferências eletromagnéticas de fontes externas. A Fig.2.4 mostra uma linha coaxial
com duas malhas condutoras.
Um circuito equivalente para uma seção de linha de transmissão é mostrado na Fig.2.5,
onde observa-se que uma linha de transmissão é essencialmente um dispositivo de quatro ter-
minais. Dois terminais (entrada) são conectados, por exemplo, ao transmissor e os outros dois
(saı́da) são conectados à antena. Entre esses terminais estão distribuı́dos os parâmetros in-
16 ENE - FT - UnB
Associada aos parâmetros distribuı́dos, pode-se definir uma impedância caracterı́stica para a
linha de transmissão. Assumind-se uma linha infinitamente longa, a impedância caracterı́stica
determina a corrente que flui quando uma dada voltagem é aplicada na linha. Para linhas sem
perdas, essa impedância é puramente resistiva e constante.
A impedância caracterı́stica é importante no cálculo de quanto de energia é transferida
da fonte para a carga. Para uma linha infinita, toda a energia da fonte é transferida para a linha
e nenhuma potência retorna para a fonte. Se a linha é finita e termina em uma carga puramente
Antenas e Propagação 17
resistiva e com valor igual a sua impedância caracterı́stica, a fonte a sentirá como uma linha
infinita e toda a energia conduzida pela linha é absorvida pela carga. Se a linha é terminada
com qualquer outra carga, energia é refletida de volta à fonte.
A Tab.2.1 mostra alguns tipos de linhas de transmissão de dois condutores e as respec-
tivas fórmulas para o cálculo da impedância caracterı́stica (Z0 ).
Uma linha de transmissão ideal não tem perdas. Contudo, as linhas de transmissão na prática
dissipam potência de três formas.
1. Radiação: a linha de transmissão tende a agir como se fosse uma antena, e perdas por
radiação podem ser consideráveis para alguns tipos de linha.
3. Reflexão: para uma linha com impedância caracterı́stica real com uma carga diferente de
Z0 , energia é refletida de volta à fonte. Como resultado, têm-se perdas por reflexão.
Quando a linha é infinita, a energia injetada pelo transmissor resulta em uma onda que se
propaga indefinidamente na linha. As ondas propagantes de corrente e voltagem se deslocam,
sem nenhum obstáculo, uma vez que a linha não tem fim.
Imaginando agora que os condutores terminem abruptamente, como se eles fossem cor-
tados, as ondas propagantes ao atingirem o fim da linha serão refletidas. Estas ondas refletidas
se compõem com as incidentes resultando na formação de um padrão de ondas estacionárias
de corrente e voltagem ao longo da linha. As ondas refletidas representam energia que, não
sendo absorvida pela carga, são refletidas de volta pela linha. Isso é indesejado em uma linha
de transmissão, uma vez que o objetivo é transferir o máximo de potência para a carga.
Se energia é refletida, ondas estacionárias são formadas, o que implica em uma mudança
da razão entre a voltagem e a corrente ao longo da linha, e uma conseqüente alteração da
impedância da linha. Se toda a energia é refletida no final da linha, nenhuma energia é absorvida
pela carga, e a impedância ao longo da linha é puramente reativa. Se parte da energia é absorvida
pela carga e a restante é refletida, a impedância ao longo da linha pode ser resistiva (valor maior
ou menor que Z0 ) ou pode ser complexa (uma parte resistiva e outra reativa).
Neste item serão consideradas linhas finitas, terminadas com uma carga ZL , Fig.2.6. A voltagem
total e a corrente total resultam de duas ondas que se propagam em direções opostas, sendo a
18 ENE - FT - UnB
bifilar Z0 ≈ η
π log 2D
d (D >> d)
η b
coaxial cilı́ndrica Z0 = 2π log a
√
η b+√b2 −c2
coaxial elı́ptica Z0 = 2π log a+ a2 −c2
placas colineares Z0 ≈ η
π log 4D
ω (D >> ω)
D >> d
2s D 2 −s2
bifilar com blindagem Z0 ≈ η
π log d D 2 +s2 ⇒
s >> d
h >> d
4ω
fio no interior de uma calha Z0 ≈ η
2π log πd tanh rh
ω ⇒
ω >> b
Antenas e Propagação 19
V = V0 + V1 (2.1)
ZL − Z0
Γi = − = −Γv (2.8)
ZL + Z0
ZL + jZ0 tan(βx)
Z(x) = Z0 (2.9)
Z0 + jZL tan(βx)
√
em que β = ω/v = ω µε é a constante de fase. Quando a linha é terminada em circuito aberto
(ZL = ∞), (2.9) fica
Z0
Z(x) = (2.10)
j tan(βx)
Quando a linha é terminada em circuito aberto (ZL = 0), (2.9 se reduz a
Então, a impedância para uma linha sem perdas em aberto ou curto circuitada é uma
reatância pura.
A relação entre os máximos e mı́nimos de voltagem ao longo da linha é denominada
relação de onda estacionária, sendo expressa por
De (2.12) se obtém
S−1
|Γv | = (2.13)
S+1
Outras denominações para a relação de onda estacionária de voltagem são usadas, como
SWR (standing wave ratio), VSWR (voltage standing wave ratio), ROE (relação de onda esta-
cionária) e COE (coeficiente de onda estacionária).
A relação de onda estacionária pode ser obtida experimentalmente movendo-se uma
ponta de prova ao longo de uma fenda na linha (no caso de uma linha coaxial, uma pequena
fenda axial no condutor externo na qual a ponta de prova pode ser movida). Essa ponta de prova
é convenientemente conectada a um detetor, o qual fornece os valores absolutos da variação de
voltagem ao longo da linha.
O conhecimento da relação de onda estacionária (ou do coeficiente de reflexão) tem
importância fundamental porque fornece o quanto de potência incidente está sendo refletida. A
partir de S determina-se, de (2.13), o coeficiente de reflexão e, a seguir a potência refletida por
Como exemplo, considere um transmissor conectado a uma antena por meio de uma linha
de transmissão com uma relação de onda estacionária medida igual a 1,5. De (2.13) obtém-se
Antenas e Propagação 21
Figura 2.12: Formação de onda estacionária em uma linha de meio comprimento de onda; (a) linha
terminada em curto; (b) linha terminada em aberto.
Figura 2.13: Distribuição da voltagem e da impedância em uma linha de meio comprimento de onda;
(a) linha terminada com R < Z0 ; (b) linha terminada com R > Z0 .
Se uma linha de transmissão sem perdas termina em uma carga resistiva, menor ou
maior que Z0 , o efeito é similar a uma linha em curto ou em aberto. Para uma carga menor que
Z0 , os pontos de máximos e mı́nimos sobre a linha são os mesmos que para a linha terminada
em curto, Fig.2.13, em que se observa a distribuição de voltagem e a variação da impedância ao
longo da linha. A Fig.2.13b mostra a voltagem e a impedância para uma linha terminada com
carga maior que Z0 . Os valores máximos e mı́nimos da impedância ao longo da linha se repetem
a cada meio comprimento de onda, sendo, porém, finitos e não-nulos, e dependentes do valor da
carga.
A Fig.2.14 mostra o comportamento da voltagem e da corrente ao longo da linha, para
uma carga resistiva cujo valor varia de infinito à zero.
Os efeitos de carga puramente reativa são mostrados na Fig.2.15. Na Fig.2.15a, a linha
é terminada com uma carga puramente capacitiva. Neste caso, o padrão de onda estacionária
Antenas e Propagação 25
Figura 2.14: Carga resistiva variando de zero a infinito em uma linha de meio comprimento de onda.
Figura 2.15: Linhas de meio comprimento de onda; (a) terminada em uma capacitância; (b) terminada
em uma indutância.
Figura 2.16: Mudanças da impedância ao longo de uma linha de meio comprimento de onda; (a) linha
terminada em aberto; (b) linha terminada em curto.
entes impedâncias. A Fig.2.16a ilustra essas variações da impedância (no caso apenas reativa)
para uma linha terminada em aberto. Se o gerador é conectado entre um quarto e um meio
de comprimento de onda da carga, a impedância de entrada consiste de uma reatância indu-
tiva. Conectando-se o gerador nos mesmos locais mas com a linha curto-circuitada, Fig.2.16b, a
impedância vista pelo gerador consistirá de uma reatância capacitiva.
Se o gerador na Fig.2.16a for conectado exatamente a um quarto de comprimento de
onda do final em aberto, a impedância de entrada é uma reatância extremamente baixa. O
circuito equivalente em termos de parâmetros concentrados é um circuito ressonante série. Em
outras palavras, a linha de transmissão tem comprimentos ressonantes como em uma antena.
Se o gerador for conectado exatamente a um quarto de comprimento de onda do final em curto,
Fig.2.16b, tem-se uma impedância consistindo de uma reatância extremamente alta. O circuito
equivalente nesse caso é um circuito ressonante paralelo.
Cargas podem ser conectadas ao longo da linha para modificar o valor da impedância
na entrada, de forma a se ter um perfeito casamento de impedância com o gerador. A Fig.2.17
ilustra uma conexão entre um gerador e uma carga usando uma linha coaxial. Considere que
o gerador esteja casado com a carga (ZS = Z0 = 50 Ω), e a carga apresenta uma resistência
de 50 Ω em série com uma reatância capacitiva igual a 20 Ω. A Fig.2.18 ilustra como corrigir
o valor da carga para que reflexões não ocorram na linha. Observa-se nessa figura um toco de
linha com uma reatância na entrada igual em magnitude, mas de sinal contrário, à da reatância
de carga. Nesse caso, o toco em curto, conectado em série com a carga, anula a reatância da
carga, realizando o casamento de impedâncias.
Na prática, é mais usual proceder o casamento com tocos de linha em paralelo com a
linha de transmissão, evitando, dessa forma, distúrbios nos campos ocasionados pelas ligações
em série. Nos cálculos, fica mais fácil usar admitância em vez de impedância, uma vez que as
Antenas e Propagação 27
Figura 2.17: Ligação entre uma carga e um gerador usando uma linha coaxial.
No estudo anterior de linhas de transmissão, foi dada ênfase em linhas propagando ondas eletro-
magnéticas transversais (TEM), isto é, ondas com os campos elétrico e magnético transversais
à direção de propagação.
Os guias de ondas possibilitam a propagação da onda eletromagnética com componente
28 ENE - FT - UnB
Figura 2.19: Foto de duas transições entre linhas coaxiais e guias de onda.
Figura 2.20: Foto de parte de um transmissor FM mostrando trechos de cabos coaxiais rigidos.
Antenas e Propagação 29
De forma semelhante a uma linha de transmissão de dois condutores, quando uma onda eletro-
magnética se propagando dentro de um guia de ondas atinge o seu final, parte ou toda a energia
pode ser transmitida para fora do guia e parte ou toda a energia pode ser refletida. Se no final
do guia tem-se uma antena corneta, a onda eletromagnética geralmente é radiada para o espaço
livre. Se o guia de ondas termina com uma parede metálica, então a energia é totalmente re-
fletida. A interferência entre as ondas incidente e refletida forma uma onda estacionária no guia.
Tal onda é estacionária com relação ao espaço, mas varia no domı́nio do tempo.
Com a finalidade de prevenir ondas estacionárias ou, mais especificamente, a reflexão
que faz surgir as ondas estacionárias, um guia de ondas deve ser terminado com uma carga
30 ENE - FT - UnB
Figura 2.22: Cargas para guia de ondas; (a) areia e grafite; (b) carga resistiva.
casada. Quando uma antena devidamente projetada é usada para terminar um guia de ondas,
ela forma a carga requerida para prevenir reflexões. De outra forma, uma carga tem que ser
providenciada, de forma a absorver toda a energia que chegar ao final do guia.
Um exemplo de terminação é mostrada na Fig.2.22a, onde tem-se um ”resistor” composto
de areia e grafite. Quando os campos eletromagnéticos se propagam para dentro da carga, eles
causam fluxo de correntes, os quais geram calor. Então, a potência de RF é dissipada na carga,
evitando dessa forma ondas refletidas.
Na Fig.2.22b, o elemento resistivo é uma haste carbonizada, colocada no centro de forma
a absorver energia do campo elétrico. O campo elétrico causa fluxos de corrente e conseqüente
perda de energia por aquecimento.
Uma outra classe de cargas terminais, usando materiais como grafite ou material sintético
carbonizado, tendo os formatos de cunha e piramidal, são mostrados na Fig.2.23. Da mesma
forma que nas cargas com areia e grafite, a absorção da energia se dá por dissipação devido ao
aquecimento do material.
Na conexão entre sistemas, é comum a necessidade de inserir (ou retirar) sinais de guias de
ondas. Um exemplo está mostrado na Fig.2.19, onde sinais provenientes de cabos coaxiais são
acoplados para dentro de guias de ondas elı́pticos. Na faixa de microondas, existem três tipos
básicos de acoplamento usados em guia de ondas: capacitivo, indutivo e abertura.
O acoplamento capacitivo, Fig.2.24, usa um radiador vertical inserido em um dos finais
do guia de ondas. Tipicamente, é uma antena monopolo vertical de um quarto do comprimento
de onda da freqüência de operação do sistema. As linhas de campo elétrico para o modo mais
usual de operação estão mostradas nas Fig.2.24a e Fig.2.24b, onde também pode-se notar que
um curto é posicionado a um quarto do comprimento de onda do monopolo. A esta distância
tem-se um defasamento do sinal de 90o até o curto, 180o no curto e 90o do curto até o monopolo
(o sinal é refletido totalmente pelo curto). Então, o sinal que foi em direção ao curto chega
Antenas e Propagação 31
Figura 2.23: Cargas para guia de ondas; (a) cunha; (b) cunha dupla; (c) piramidal.
em fase no monopolo, somando construtivamente com o sinal que se propaga na outra direção.
A Fig.2.24c mostra um guia de ondas com uma possibilidade de ajuste da posição do curto,
procurando com isso adaptá-lo a diferentes freqüências de funcionamento.
A Fig.2.25 mostra a transição entre uma linha coaxial e um guia de ondas retangular,
utilizando um acoplamento por intermédio de um monopolo em forma de gota. O formato do
monopolo tem a finalidade de aumentar a largura de faixa de operação do dispositivo, o qual
é na realidade um alimentador para uma antena corneta. A Fig.2.26 ilustra uma fotografia do
interior de uma antena corneta, conectada a um alimentador como o da Fig.2.25.
O acoplamento indutivo (ou acoplamento por loop), Fig.2.27, consiste em um pequeno
loop de fio condutor posicionado de tal forma que o número de linhas de fluxo magnético seja
maximizado. Este tipo de acoplamento é usado, por exemplo, para conectar uma antena recep-
tora de microondas a uma linha coaxial. Em alguns casos, o loop é montando em conjunto com
um diodo detetor de forma que, quando o sinal de microondas é combinado com um oscilador
local, uma freqüência intermediária entre 30-300 MHz é obtida.
Acoplamento por aberturas no guia, Fig.2.28, são geralmente usados quando se tem
o interesse de acoplar duas seções de guias de onda. As aberturas podem ser projetadas de
forma a acoplar o campo elétrico, o campo magnético ou ambos. Na Fig.2.28, a abertura A está
posicionada onde têm-se os picos do campo elétrico, sendo dessa forma um acoplamento para
campo elétrico; a abertura B está posicionada onde têm-se os máximos do campo magnético,
sendo uma abertura para acoplamento de campo magnético; e a posição intermediária C permite
32 ENE - FT - UnB
Figura 2.24: Acoplamento em guia de ondas utilizando uma ponta de prova (antena monopolo); (a)
linhas de campo saindo do radiador dentro do guia; (b) adequada localização da ponta de prova; (c) guia
de ondas com ajustes de localização do curto.
Figura 2.25: Acoplamento entre uma linha coaxial e um guia de ondas retangular.
Figura 2.29: Guia de ondas retangular aberto mostrando aberturas para acoplamentos.
Capı́tulo 3
3.1 Introdução
A radiação de energia eletromagnética - por um circuito, uma cavidade ressonante ou uma linha
de transmissão - pode ter um efeito importante como um fenômeno indesejado ou como parte de
um processo para excitar ondas no espaço. No primeiro caso, procura-se minimizar as perdas de
potência por radiação, mudando a configuração dos circuitos ou adicionando blindagem. Quando
a radiação é desejada o que se procura é excitar ondas a partir uma dada fonte de energia em
uma ou várias direções, da forma mais eficiente possı́vel.
O dispositivo que atua como transição ou casamento entre a fonte e a onda no espaço
é conhecido como radiador ou antena. Para o projeto de uma antena, as seguintes informações
são necessárias.
2. A potência total radiada quando a antena é excitada por uma tensão ou corrente conhecida;
Para se obter qualquer uma das informações anteriores, a técnica utilizada é a solução das
equações de Maxwell sujeitas às condições de contorno na antena e no infinito. Isso só é possı́vel
em alguns poucos casos, porque a maioria das configurações práticas são muito complicadas para
a solução por essa técnica direta.
A teoria eletromagnética tem como base as equações de Maxwell. Estas equações são obtidas
de forma generalizada da experiência e sua precisão se confirma na prática. Na formulação que
35
36 ENE - FT - UnB
será apresentada, se considera que os campos variam harmonicamente no tempo ou são funções
do tipo ejωt , em que ω = 2πf é a freqüência angular.
As quatro quantidades de interesse são os vetores intensidade de campo elétrico E (V/m),
intensidade de campo magnético H (A/m), densidade de fluxo elétrico D (C/m2 ) e densidade
de fluxo magnético B (Wb/m2 ). Esses campos, juntamente com as suas fontes, a densidade de
corrente J (A/m2 ) e a densidade de carga ρv (C/m3 ), estão relacionados pelas seguintes equações
de Maxwell na forma diferencial ou pontual.
∇ × E = −jωB (3.1)
∇ × H = jωD + J (3.2)
∇ · D = ρv (3.3)
∇·B=0 (3.4)
Em adição às equações de Maxwell, existem três relações constitutivas envolvendo os campos
e as caracterı́sticas do meio no qual eles existem. Elas são dadas por
D = εE (3.5)
B = µH (3.6)
J = σE (3.7)
D = ε0 E (3.8)
B = µ0 H (3.9)
J=0 (3.10)
Em (3.11), o fator ε + σ/jω pode ser considerado como uma permissividade complexa.
Em geral, além de uma possı́vel condutividade finita, um dielétrico apresenta perdas de polar-
ização, de modo que mesmo que σ seja zero, ε ainda é complexo da forma ε0 − jε00 . Então,
quando o meio dielétrico tem perdas, trabalha-se com uma permissividade complexa e qualquer
perda por condução é incluı́da como uma parte da componente imaginária ε00 .
Antenas e Propagação 37
As relações (3.1) a (3.11) são válidas em pontos do espaço onde não existem descontinuidades. Na
interface entre dois meios, elas não se aplicam e deve-se utilizar condições de contorno. Como
exemplo, a Fig.3.1 mostra um condutor perfeito (σ = ∞) com um vetor unitário n normal à
superfı́cie. O campo eletromagnético é zero no condutor perfeito. Na superfı́cie do condutor, a
componente tangencial do campo elétrico é contı́nua através do contorno e, portanto, é igual a
zero, então
n×E=0 (3.12)
Do mesmo modo, a componente normal do campo magnético deve ser zero, uma vez que
nenhum fluxo magnético penetra no condutor, logo
n·H =0 (3.13)
Na superfı́cie condutora, deve fluir uma densidade de corrente Js (A/m) dada por
Js = n × H (3.14)
As linhas de densidade de fluxo terminam nas cargas uma vez que não existe campo
dentro do condutor.
38 ENE - FT - UnB
Para a solução das equações de Maxwell e a obtenção dos campos eletromagnéticos radiados, é
conveniente se introduzir a função auxiliar potencial vetor magnético A, que satisfaz a seguinte
equação de onda vetorial
∇2 × A + k2 A = −J (3.16)
√
em que k = ω µε é a constante de propagação do meio. Os vetores campo elétrico e campo
magnético são determinados do potencial vetor magnético por meio das relações
j
E = −jωµA − ∇(∇ · A) (3.17)
ωε
H=∇×A (3.18)
Em geral, ao se calcular os campos eletromagnéticos de estruturas radiantes com dis-
tribuições de correntes conhecidas, se utiliza uma série de suposições simplificadoras do modelo.
A primeira delas consiste em se considerar a antena emissora localizada no espaço homogêneo
infinito. Nesse caso, a solução para a equação de onda (3.16) é da forma
Z 0
1 0 0 0 e−jk|r−r | 0
A(x, y, z) = J(x , y , z ) dv (3.19)
4π v |r − r0 |
p
em que |r − r0 | = (x − x0 )2 + (y − y 0 )2 + (z − z 0 )2 é a distância do ponto de observação para
um ponto qualquer localizado na região da fonte de corrente, Fig.3.2.
O problema do cálculo do campo radiado por uma antena, conhecida a distribuição de
corrente, reduz-se, em essência, à resolução da equação (3.19).
Uma grande classe de antenas é aquela constituı́da por fios condutores dispostos de modo a
produzir certas propriedades de radiação. Na maioria dos casos práticos, pode-se desprezar a
dimensão da seção transversal dos fios e tratá-los como condutores filamentares.
O dipolo elétrico de Hertz, com corrente infinitesimal Idl, é um radiador elementar,
Fig.3.3. Embora uma corrente elementar não possa ser isolada do restante da antena, os campos
de uma antena real podem ser calculados a partir dela mediante uma integração apropriada.
Antenas e Propagação 39
Para a corrente infinitesimal da Fig.3.3, em que Idl está na direção z, o potencial vetor magnético,
determinado por (3.19), terá uma única componente na direção z igual a
Idz −jkR
Az = e (3.20)
4πR
Utilizando-se a componente esférica do potencial vetor Aθ = −Az sin θ e as relações
(3.17) e (3.18) determina-se, na região de campo distante (r >> λ),
r
Idz µ0 e−jkR
Eθ = j sin θ (3.21)
2λ ε0 R
Eθ Idz e−jkR
Hφ = =j sin θ (3.22)
η 2λ R
q
µ0
em que η = ε0 = 120π = 377 Ω é a impedância intrı́nseca do espaço livre.
Das expressões (3.21) e (3.22) e da Fig.3.3, se conclui que:
1. O dipolo de Hertz emite ondas progressivas, que se deslocam para o infinito com a veloci-
dade da luz;
2. O vetor E se localiza no plano de elevação, que passa pelo eixo do dipolo; e o vetor H se
localiza no plano de azimute. Assim, o dipolo emite ondas com polarização linear;
3. As superfı́cies de fase constante dessas ondas são esferas cujos centros coincidem com o
centro do dipolo. Então, o dipolo tem um centro de fase que coincide com o seu centro.
elevação (plano do vetor E), o diagrama de radiação é uma senóide. No plano azimute (plano
do vetor H), o diagrama de radiação é uma circunferência. Portanto, o dipolo de Hertz radia
o máximo de energia na direção perpendicular ao seu eixo e, ao longo do seu eixo, a radiação é
zero, Fig.3.4.
A potência média no tempo radiada pelo dipolo de Hertz é calculada integrando-se o vetor de
Poynting através da superfı́cie de uma esfera arbitrária. Na região de campo distante, tem-se
I Z Z
1 1 2π π |Eθ |2 2 40π 2
Pr = Re ∗
E × H · ds = dφ R sin θdθ = 2 (Idz)2 (3.23)
2 s 2 0 0 η λ
1
Pr = |IA |2 Rr (3.24)
2
3.3.3 Diretividade
Figura 3.6: Diagrama de radiação do dipolo elétrico elementar sobre um condutor perfeito.
Cabe notar que para h = 0 o plano condutor infinito aumenta em duas vezes a diretivi-
dade do dipolo vertical e, então, na direção de radiação máxima se obtém Dmáx = 3.
em que z 0 cos θ é a diferença de percurso entre os raios traçados desde a origem das coordenadas
e desde o ponto de integração z 0 até o ponto de observação.
Utilizando uma distribuição de corrente senoidal da forma
sin k(l − |z|)
Iz (z) = I0 |z| < l (3.32)
sin kl
e a relação entre o potencial vetor magnético e o campo elétrico dada por (3.17), determina-se
jI0 η cos(kl cos θ) − cos kl e−jkR
Eθ = (3.33)
2π sin kl sin θ R
44 ENE - FT - UnB
Figura 3.8: Determinação do campo distante radiado pelo dipolo elétrico simétrico.
Comparando as equações (3.34) e (3.21) se conclui que o dipolo simétrico curto, com
distribuição de corrente senoidal, é equivalente, para o campo radiado, ao dipolo elétrico de
Hertz de comprimento duas vezes menor. Então, para o dipolo curto de comprimento total 2l,
a diretividade no plano transversal é igual 1,5 e o módulo da resistência de radiação no espaço
livre é igual a
2
l
Rr = 80π 2 (Ω) (3.35)
λ
Para o dipolo de meia onda com o comprimento de cada braço l = λ/4, Fig.3.9a, a
expressão (3.33) se reduz a
I0 η cos( π2 cos θ) e−jkR
Eθ = j (3.36)
2π sin θ R
A radiação máxima, como no caso anterior, está orientada no plano transversal θ = π/2
e a largura do diagrama de radiação é um pouco menor. A largura do diagrama de radiação é
normalmente caracterizada pelo ângulo de abertura ∆θ, em cujos limites a intensidade de campo
√
não é menor que a intensidade de campo na direção de radiação máxima dividida por 2. Esse
Antenas e Propagação 45
Qualquer radiador isolado pode ser combinado, com um elemento igual ou diferente, para formar
um conjunto que tenha uma direção particular na qual a fase se adiciona e a radiação é concen-
trada. A Fig.3.11 mostra, como exemplo de um conjunto, dois dipolos elétricos elementares com
comprimentos dl iguais, situados em quadratura espacial e temporal, isto é, dispostos no espaço
com um ângulo de 90◦ entre eles e excitados com correntes defasadas também por 90◦ .
Somando-se as componentes Eθ e Eϕ do campo elétrico radiado por cada um dos dipolos,
obtidos de forma análoga à seção 3.2.2, obtém-se as seguintes expressões para o campo total
radiado.
jηdl e−jkR
Eθ = [−Ix cos ϕ − Iy sin ϕ] cos θ (3.37)
2λ R
jηdl e−jkR
Eϕ = [Ix sin ϕ − Iy cos ϕ] (3.38)
2λ R
Considere que a relação de quadratura das correntes nos dipolos tem a forma
◦
Iy = e−j90 Ix = −jIx (3.39)
Então, o vetor corrente total I = Ix âx + Iy ây gira no sentido contrário aos ponteiros do
relógio, completando uma revolução em um perı́odo de oscilação, quando se observa do infinito
para o semi-eixo z positivo. Nesse caso, as componentes do campo elétrico tomam a forma mais
simples
−jηIx dl e−jkR
Eθ = cos θe−jϕ (3.40)
2λ R
−ηIx dl −jϕ e−jkR
Eϕ = e (3.41)
2λ R
Esses dois dipolos elementares se caracterizam por uma série de propriedades. Em
primeiro lugar, considere a configuração de polarização do campo radiado. Para pontos de ob-
servação sobre o eixo z, pode-se concluir, supondo ϕ = 0 em (3.40) e (3.41), que as componentes
Eθ e Eϕ são produzidas, respectivamente, pelos dipolos Ix dl e Iy dl. Com a condição (3.39) se
deduz que a extremidade do vetor campo elétrico total radiado, em qualquer ponto do eixo z, de-
screverá uma circunferência no tempo, igual ao perı́odo de oscilação, em um plano perpendicular
à direção de propagação da onda. Isso significa que o campo elétrico radiado tem polarização
circular sobre o eixo z. Para todas as outras direções, a componente Eθ , devido a existência do
fator cos θ, terá uma amplitude menor que a componente Eϕ , mas ainda em quadratura de fase.
Portanto, nessas direções o campo radiado terá polarização elı́ptica.
O sentido de rotação do vetor E em qualquer ponto do espaço, exceto no plano xy,
onde ocorre a polarização puramente linear, coincidirá com o sentido de rotação da corrente
total nos dois dipolos. O sentido de rotação, para a direita ou para a esquerda, do vetor E na
onda eletromagnética plana será considerado com relação ao observador que olha na direção de
propagação. Com base nessa direção, deduz-se que no semi-espaço superior 0 < θ < π/2 o campo
radiado tem polarização elı́ptica e rotação para a direita e no semi-espaço inferior π/2 < θ < π,
rotação para a esquerda. O grau de elipticidade da polarização se caracteriza pela relação entre
Antenas e Propagação 47
os eixos maior e menor da elı́pse de polarização, com o sinal dependendo do sentido de rotação
(positivo para rotação à direita). No exemplo dos dois dipolos elementares, o coeficiente de
elipticidade da polarização apresenta todos os possı́veis valores, desde 1 para θ = 0; zero para
θ = π/2 e −1 para θ = π.
O diagrama espacial de potência normalizado é definido por
S(θ, ϕ 1 2
= F 2 (θ, ϕ) = cos θ + 1 (3.42)
Smáx 2
A Fig.3.12 mostra o diagrama de radiação espacial. Observa-se que não existe direção
de radiação nula. A radiação máxima é obtida na direção do eixo z, isto é, para θ = 0 ou θ = π.
A diretividade, na direção de máxima radiação, é dada por
8π
Dmáx = R 2π R π = 1, 5 (3.43)
0 0 (cos2 θ+ 1) sin θdθdϕ
A linha de alimentação tem um papel muito importante no funcionamento dos sistemas radiantes.
Entre outras funções, a linha de alimentação canaliza a energia eletromagnética, assegura o
regime correto dos circuitos de entrada e de saı́da do transmissor e do receptor e faz uma
filtragem em freqüência dos sinais de entrada.
A Fig.3.14a mostra a alimentação pelo centro do dipolo de meia onda, por meio de
uma linha simétrica. Devido ao descasamento entre a linha paralela, com alta impedância ca-
racterı́stica, e o dipolo ressonante, com baixa resistência de entrada, essa maneira de excitação
produz uma onda estacionária na linha de alimentação, como indicado na figura. Esse descasa-
mento pode ser reduzido escolhendo-se o dielétrico da linha de modo a diminuir a sua impedância
caracterı́stica, ao custo de alguma perda de energia no dielétrico. O arranjo em delta ou em pa-
ralelo da Fig.3.14b pode resultar em um bom casamento de impedâncias e baixa onda estacionária
na linha, se as várias dimensões são convenientemente escolhidas. Uma outra vantagem dessa
alimentação é que no centro do dipolo ocorre um nulo de tensão, o que permite fixar o dipolo
em suportes sem isolantes.
Como visto, o dipolo de meia onda tem uma impedância de entrada que é muito baixa
para a conexão direta com uma linha de transmissão de fios paralelos e, então, algum tipo
de estrutura de casamento de impedâncias é necessário para uma condição favorável de onda
estacionária na linha. Uma maneira de se obter esse casamento é por meio do dipolo com
estube, Fig.3.15. Fazendo-se o comprimento L um pouco menor que meio comprimento de
onda, a impedância de entrada terá uma reatância capacitiva em série com a resistência de
radiação. Para um comprimento S do estube menor que λ/4, a impedância de entrada da linha
50 ENE - FT - UnB
de transmissão em curto será uma reatância indutiva, com um módulo que pode ser ajustado
para sintonizar a capacitância da antena. A impedância resultante nos terminais do dipolo será
uma resistência pura, a resistência do circuito ressonante em paralelo. Pela escolha de L e S,
essa resistência pode ser ajustada para qualquer valor desejado. Esse arranjo é mecanicamente
bom, porque o trecho em curto do estube pode ser utilizado para suporte da antena sem o uso
de isoladores.
Dobrar o dipolo é uma forma alternativa de se obter uma alta impedância de entrada,
Fig.3.16. Esse método tem a vantagem adicional de também aumentar a largura de banda da
antena, uma consideração importante para aplicações em FM e TV.
O dipolo dobrado de meia onda consiste essencialmente de dois radiadores de meia
onda muito próximos um do outro e conectados pelas extremidades. Considerando somente
as correntes radiantes, os dois elementos estão em paralelo e, se seus diâmetros são iguais, as
correntes nos elementos serão iguais e no mesmo sentido. Se 1 A flui no centro de cada elemento,
a corrente efetiva total será 2 A e a potência radiada será (2I1 )2 Rr ' 4 × 73I12 ou 4 vezes aquela
radiada por um único elemento carregando 1 A. Contudo, a corrente liberada pelo gerador nos
terminais a − b é somente 1 A, tal que a resistência de entrada é 4 vezes aquela de um dipolo
simples. Conectando-se três elementos com diâmetros iguais, como na Fig.3.16b, a resistência
de entrada será aproximadamente 9 vezes a de um único dipolo.
Para entender o aumento na largura de banda do dipolo dobrado, considere o dipolo
simples da Fig.3.17a, conectado em paralelo com uma linha de um quarto de comprimento de
onda. Na freqüência de ressonância, a resistência do dipolo está em paralelo com a impedância
de entrada da linha de transmissão, a qual tem uma resistência de valor muito alto. Abaixo da
ressonância, a impedância da antena torna-se capacitiva, mas a linha de transmissão torna-se
indutiva, e a combinação em paralelo tende a permanecer com um fator de potência aproxi-
madamente unitário. De forma contrária, acima da ressonância a impedância da antena torna-se
indutiva e a impedância da linha torna-se capacitiva tal que a compensação novamente ocorre.
Embora a compensação esteja longe da perfeição, devido às susceptâncias não serem
iguais e opostas, se a freqüência varia muito da freqüência de ressonância do dipolo, um ponto
de compensação de susceptância perfeito (impedância de entrada é uma resistência pura) ainda é
Antenas e Propagação 51
Figura 3.16: (a) Dipolo dobrado. (b) Dipolo com três elementos.
obtido. Abaixo da ressonância isso ocorre para as mesmas condições que levam para o casamento
do dipolo com estube da Fig.3.15. Acima da ressonância, o ponto de compensação ocorre quando
a susceptância capacitiva do estube é suficiente para sintonizar a parte indutiva da antena.
A resistência de entrada para esse casamento com estube será consideravelmente maior
que para a freqüência de ressonância, mas a relação de onda estacionária resultante é razoável
sobre a faixa e, então, a largura de banda efetiva aumenta. Isso representa uma banda de
freqüência aproximada de dois para um.
As considerações anteriores também se aplicam para o dipolo dobrado que tem o estube
(na verdade dois estubes em série) como caracterı́stica intrı́nseca. Os elementos do dipolo do-
brado carregam as correntes da antena, que estão no mesmo sentido nos dois elementos, e as
correntes das linhas de transmissão, que estão em sentidos opostos nos dois elementos do dipolo,
3.17b. Na freqüência de ressonância, as correntes da antena são relativamente grandes, chegando
a um valor no centro de cada elemento igual a Ia = V /Rin = V /4Rr , ao contrário das correntes
da linha de transmissão que são zero no centro, mas tem um valor It = V /2Zot nas extremidades,
em que Zot é a impedância caracterı́stica de cada uma das duas seções da linha de transmissão
em curto.
3.7 Baluns
O conhecimento do valor da impedância entre dois terminais, embora seja importante, não é
suficiente para se conectar corretamente essa impedância a uma linha de transmissão, uma vez
que existem acoplamentos entre os terminais e o terra. Esses acoplamentos de fuga para o terra
podem ser representados pelo circuito equivalente da Fig.3.19. Existem dois casos especiais que
devem ser considerados com detalhes.
O primeiro é quando Z2 = Z3 em magnitude e fase. Nesse caso, a impedância AB é
dita balanceada e a diferença de potencial de A para o terra e de B para o terra são iguais em
magnitude e opostas em fase.
O segundo caso especial é quando Z2 ou Z3 é zero. Nesse caso, um dos lados está
no potencial de terra e a impedância é freqüentemente descrita como não-balanceada. Um
exemplo comum de uma linha balanceada é a linha de fios paralelos. As linhas não-balanceadas
são geralmente as de forma coaxial. Outros tipos de linhas, em que os condutores apresentem
acoplamentos diferenciados para com o terra, também podem ocorrer. Um exemplo seria a linha
de fios paralelos com condutores de espessuras diferentes, contudo tal linha não é usual.
Estando os dois condutores com potenciais diferentes com relação ao terra, a capacitância
com relação ao terra dos condutores individuais é diferente, logo a corrente nos dois condutores
pode ser diferente.
Com a finalidade de simplificar a conexão das linhas de transmissão balanceadas ou
não-balanceadas com as antenas, estas são geralmente projetadas com impedâncias de entradas
balanceadas ou não-balanceadas. Isso é conseguido assegurando a simetria da antena, onde uma
entrada balanceada é requerida, ou escolhendo um ponto de alimentação no potencial terra, onde
uma entrada não-balanceada é necessária.
Um exemplo simples de uma antena balanceada é a antena dipolo, Fig.3.20a. A Fig.3.20b
ilustra uma antena monopolo, exemplificando uma antena desbalanceada. A Fig.3.20c mostra
uma antena dipolo com o ponto de alimentação entre o centro e o final (artifı́cio utilizado para
se buscar valores diferentes da impedância de entrada). Tal antena apresenta um desequilı́brio,
não sendo possı́vel alimentá-la satisfatoriamente nem pela linha balanceada e nem pela linha
não-balanceada.
Muitas vezes é necessário alimentar uma antena balanceada com um cabo coaxial, e,
embora menos freqüente, alimentar uma antena não-balanceada com uma linha balanceada.
54 ENE - FT - UnB
Figura 3.20: (a) antena dipolo com alimentação simétrica; (b) antena monoplolo alimentada na base;
(c) antena dipolo com alimentação assimétrica.
Tais conexões, de forma a não afetar o funcionamento do sistema, requerem técnicas especiais.
As estruturas que fazem com que o potencial e/ou as correntes nas duas partes da estrutura
sejam iguais são conhecidas como baluns (balanced-to-unbalanced converters).
Se um cabo coaxial é ligado diretamente a uma antena balanceada, correntes serão
induzidas na parte exterior da malha externa do coaxial, radiando campos eletromagnéticos em
direções não desejadas. Essas correntes causam um desequilı́brio na distribuição de corrente no
dipolo, alterando o lobo principal do diagrama de radiação, as vezes de forma drástica em antenas
diretivas, afetando consequentemente o ganho da antena. Na recepção, sinais interferentes podem
ser induzidos na parte externa do coaxial e acopladas para dentro do cabo, alimentando o receptor
com sinais indesejados.
A dificuldade associada com a conexão entre um sistema não-balanceado com um sistema
balanceado, pode ser compreendida considerando a linha coaxial fixada em um plano de terra e
conectada a uma linha paralela, Fig.3.21. Nessa situação, ZL é a impedância de carga e ZS é
uma impedância associada com as estruturas de suporte.
No sistema da Fig.3.21, as correntes resultantes podem ser vistas como produzidas por
um gerador ideal, Fig.3.22. Nota-se que as correntes nas linhas A e B não são necessariamente
iguais, uma vez que o fluxo total da corrente saindo do ponto b flui na linha A, mas as correntes
totais que chegam em b vêm da linha B e da conexão com o terra. O objetivo principal dos
baluns é prover com que as correntes nas linhas A e B da Fig.3.21 sejam semelhantes. Como
introdução aos tipos de baluns utilizados, a Fig.3.23 ilustra um dispositivo capaz de introduzir
uma simetria com relação ao terra, simetria esta essencial em todos os tipos de baluns ou nos
sistemas balanceados.
A representação equivalente desse tipo de balun é mostrada na Fig.3.24. Nesse caso, nota-
Antenas e Propagação 55
4.1 Introdução
2. A emissão ou a recepção das ondas eletromagnéticas não deve ser acompanhada por um
consumo inútil de energia em perdas ôhmicas na estrutura da antena. Em outras palavras,
a antena deve ter o mais alto rendimento possı́vel.
57
58 ENE - FT - UnB
Um dos parâmetros mais importantes das antenas é a sua curva caracterı́stica de ra-
diação (diagrama direcional). Ela é uma representação do vetor complexo normalizado F(θ, ϕ),
que determina completamente, na região de campo distante, a distribuição angular e todas as
propriedades de polarização e de fase do campo eletromagnético radiado. é necessário, para essa
determinação, a indicação da posição da origem do sistema de coordenadas (R, θ, φ) com relação
a qual se calcula a diferença de fase. No caso mais geral, a curva caracterı́stica de radiação
envolve o produto de três fatores
Em (4.1), o fator real positivo F (θ, φ) é a curva caracterı́stica de radiação (diagrama direcional)
de amplitude do campo. Esse fator é normalizado de modo que
4.3 Polarização
O fator p(θ, ϕ) na equação (4.1) é o vetor unitário de polarização, com as componentes orientadas
segundo as direções dos vetores básicos do sistema de coordenadas esféricas
A potência de sinal útil, dissipada na carga da antena receptora, pode ser escrita como
em que Sinc é o módulo do vetor de Poynting da onda incidente na antena, F 2 (θ0 , φ0 ) é o valor
da curva caracterı́stica de radiação de potência normalizada no sentido de chegada da onda, ψ é
o fator de perda por dissipação de energia na antena e na rede de casamento, |ξ|2 é o coeficiente
de polarização e Γ é o coeficiente de reflexão.
De acordo com a expressão (4.6) existem quatro condições para se aproveitar o máximo
de potência recebida na carga.
A diretividade de uma antena é dada pela relação da máxima intensidade de radiação (potência
por unidade de ângulo sólido) U (θ, φ)máx para a intensidade de radiação média Uméd . Ou, para
uma certa distância da antena, a diretividade pode ser expressada como a relação entre o valor
máximo do vetor de Poyntig e o seu valor médio
U (θ, φ)máx S(θ, φ)máx
D= = (4.7)
Uméd Sméd
Ambos os valores da intensidade de radiação e do vetor de Poynting devem ser medidos
na região de campo distante da antena. O vetor de Poynting médio sobre uma esfera é dado por
Z 2π Z π
1 W
S(θ, f )méd = S(θ, φ)dΩ (4.8)
4π 0 0 m2
Então, a diretividade é igual a
1 1 4π
D= RR = 1 RR = (4.9)
1 S(θ,φ) Pn (θ, φ)dΩ ΩA
4π S(θ,φ)máx dΩ 4π
G = eD (4.10)
em que θHP é a largura de feixe de meia potência no plano θ e φHP é a largura de feixe de meia
potência no plano φ, Fig.4.3. Nessa figura, o dipolo de meia onda é usado como referência para
o ganho de uma antena, então, em decibéis, tem-se que
em que dBi é o ganho relativo ao radiador isotrópico e dBd é o ganho relativo ao dipolo de meia
onda.
O aumento da concentração de energia em uma direção pode ser obtido por meio de
conjunto de antenas elementares. A Fig.4.4 mostra esse efeito utilizando-se conjuntos de dipolos
de meia onda.
A relação frente-costas é uma comparação entre o nı́vel do feixe principal da antena com relação
ao nı́vel do lóbulo traseiro. Quanto maior o valor medido da relação frente-costas melhor a
isolação na parte posterior da antena, Fig.4.5. Esse parâmetro é importante no estudo da
interferência de sinais provenientes de outras antenas.
4.7 Impedância
A impedância de entrada de uma antena é uma função da freqüência e não pode ser descrita por
uma expressão analı́tica simples. No entanto, para uma dada freqüência, a impedância da antena
pode ser representada por uma resistência em série com uma reatância. Em uma banda estreita
Antenas e Propagação 63
Figura 4.4: Aumento do ganho por meio de conjunto de dipolos de meia onda.
Quando se estima a qualidade de uma antena receptora, se deve comparar a potência do sinal
recebido com a potência total de ruı́do na entrada do receptor. Todos os ruı́dos da antena podem
ser divididos em externos e internos. Normalmente, o ruı́do externo, recebido pela antena do
espaço em redor, é o dominante. Esse ruı́do é originado por:
Como regra, os ruı́dos internos, originados pelo movimento térmico dos elétrons nos con-
dutores não-ideais e em dielétricos da antena e da linha de alimentação, são menos importantes.
Antenas e Propagação 65
Uma vez que os ruı́dos internos e externos, pela sua composição espectral e influência
no sistema de recepção, são completamente equivalentes entre si, o seu efeito total é estimado
mediante um único parâmetro TA , chamado de temperatura de ruı́do da antena, medido em
graus Kelvin (K). A temperatura de ruı́do permite calcular a potência de ruı́do fornecida ao
receptor pela antena, em uma banda de freqüências ∆f , pela fórmula
Tipos de antenas
5.1 Introdução
De acordo com seu desempenho com relação à freqüência, as antenas podem ser divididas em
quatro tipos básicos: Antenas eletricamente curtas, Antenas ressonantes, Antenas de banda larga
e Antenas de abertura.
Uma antena é eletricamente curta quando as suas dimensões são da ordem (ou menores) do
que um décimo do comprimento de onda para a freqüência de operação. Essa é a antena do
tipo mais elementar e tem uma estrutura muito simples, com propriedades que não são sensı́veis
aos detalhes de construção. As principais caracterı́sticas de uma antena eletricamente curta são
baixa diretividade; baixa resistência de entrada; alta reatância de entrada; e baixa eficiência de
radiação.
O monopolo vertical, usado nos carros para recepção de rádio AM, é um exemplo de
uma antena eletricamente curta. Esse monopolo tem cerca de 0,003λ de comprimento e o seu
diagrama é aproximadamente omnidirecional no plano horizontal. A utilização de monopolos,
para simular um dipolo no espaço livre, é particularmente importante em baixas freqüências, o
que implica em grandes valores de comprimento de onda.
Nas faixas de VLF e HF (3 kHz a 300 kHz) a superfı́cie terrestre comporta-se pratica-
mente como um condutor perfeito. Além disso, as ondas de superfı́cie polarizadas verticalmente
sofrem atenuações muito menores que as polarizadas horizontalmente. Finalmente, as ondas
espaciais propagando-se pela atmosfera serão sensivelmente menos afetadas pelas condições mo-
mentâneas da ionosfera ou pelos distúrbios ionosféricos. Dessa forma, a aplicação de monopolos
verticais curtos é praticamente uma imposição nessas faixas de freqüências.
Monopolos verticais eletricamente curtos têm uma baixa resistência de radiação e uma
reatância capacitiva relativamente alta. Nas freqüência próximas da freqüência de operação,
a antena pode ser considerada como um circuito concentrado, consistindo de uma resistência
(de radiação mais perdas) e uma capacitância em série. Para um melhor aproveitamento da
potência, a reatância capacitiva deve ser cancelada por um indutor conveniente e a impedância
67
68 ENE - FT - UnB
resistiva resultante casada para a linha de alimentação da antena.
Uma forma de se diminuir a reatância capacitiva é crescer eletricamente a antena. A
carga de topo realiza este objetivo, permitindo o fluxo de cargas na extremidade da antena, o
que produz uma intensidade de corrente equivalente a do monopolo de λ/4, Fig.5.1. Na prática,
sistema de fixação também é constituı́do de condutores, sendo necessária a colocação de isolantes
entre o sistema de fixação e o sistema radiante, Fig.5.2. Nessas situações, a única estrutura
responsável pelo efeito de carga de topo, na freqüência de operação, é aquela de dimensão LT .
Na faixa de ondas médias (MF), compreendida no espectro de 300 kHz a 3 MHz, o solo
terrestre não se comporta como um condutor perfeito. Nessa situação, utiliza-se um sistema
de terra para simular um condutor perfeito. Esse sistema é composto por condutores de co-
bre, dispostos radialmente a partir da base da antena e dela isolados, conforme a vista de topo
da Fig.5.3. Em geral, são empregados 120 radiais, ligeiramente enterrados no solo, de compri-
mentos em torno de λ/4, suficiente para simular adequadamente um solo condutor de dimensões
teóricas infinitas. As alturas adotadas para os monopolos variam de λ/6 a 5λ/8, dependendo das
caracterı́sticas de operação e fatores econômicos. Pelas dimensões envolvidas, esses radiadores
verticais poderão ser, mecanicamente, torres auto-suportadas ou torres estaiadas, Fig.5.4.
As antenas eletricamente curtas são ineficientes devido às perdas ôhmicas na estrutura.
O diagrama de radiação é independente do tamanho da antena. Uma antena eletricamente curta
comporta-se como um simples dipolo elétrico e/ou magnético. O dipolo elétrico é fisicamente
realizável, enquanto que o dipolo magnético é simulado por uma corrente circular. Embora o
diagrama de radiação e a diretividade de uma antena eletricamente curta sejam independentes
do tamanho e da freqüência, a resistência de radiação e, especialmente, a reatância não são. Isso
faz com que seja difı́cil se transferir potência da antena para uma carga, ou de um gerador para
a antena, quando a freqüência varia. Uma antena com essa caracterı́stica tem um alto Q, em
que Q é definido como 2πf vezes o valor de pico da energia armazenada sobre a potência média
radiada. Na prática, um alto Q significa que a impedância de entrada é muito sensı́vel a uma
pequena variação da freqüência.
As antenas que operam em uma única freqüência ou em uma pequena faixa de freqüências são
denominadas de ressonantes. As suas caracterı́sticas principais são ganho baixo ou moderado;
impedância de entrada real; e largura de banda estreita.
Na faixa de HF (3 a 30 MHz) – comprimentos de onda entre 100 m e 10 m –, é possı́vel
construir estruturas da ordem de grandeza do comprimento de onda utilizado. Em aplicações
na faixa de HF, grande ênfase é dada sobre os dipolos de meia onda que, por maior facilidade
de utilização, são operados em polarização horizontal. Essa escolha de polarização também
pode ser analisada lembrando-se que, na faixa de HF, o mecanismo de radiação fundamental é
a propagação ionosférica. Desse modo, a finalidade principal do serviço é, por exemplo, operar
segundo um ângulo de partida de 20◦ e causar pouca interferência com os sistemas vizinhos.
Antenas e Propagação 69
Quando a antena tem uma performance aceitável em um ou mais parâmetros (diagrama, ganho,
e/ou impedância) sobre uma largura de banda de 2:1 com relação às freqüências superior e
inferior de operação, ela é classificada como de banda larga. As suas caracterı́sticas principais
são ganho baixo ou moderado; ganho constante; impedância de entrada real; e largura de banda
grande.
Nas antenas ressonantes, a onda incidente a partir do ponto de alimentação é refletida
pela extremidade do condutor, criando uma distribuição de onda estacionária. Se a onda refletida
é de pequena intensidade, a estrutura é denominada de antena de onda caminhante. De forma
72 ENE - FT - UnB
contrária à antena ressonante, que suporta onda estacionária, uma antena de onda caminhante
atua como uma estrutura guiante para a onda. Ondas caminhantes podem ser criadas usando
uma carga casada na extremidade para evitar reflexão. Também, as antena muito longas podem
dissipar a maior parte da potência, restando uma pequena fração para ser refletida. Essas antenas
tendem a ter uma largura de banda de 2:1.
O fio reto carregando uma onda caminhante pura é a antena de onda caminhante mais
simples. Um fio longo é aquele que tem um comprimento maior que meio comprimento de onda.
A Fig.5.10 mostra essa estrutura com uma carga casada RL para evitar reflexão. A impedância de
entrada de uma antena de onda caminhante é predominantemente real. Isso pode ser entendido
lembrando-se que a impedância de uma linha de transmissão de baixa perda é igual à impedância
caracterı́stica da linha (real), se a linha suporta uma onda caminhante pura. A resistência de
radiação desse tipo de antena é da ordem de 200 a 300 Ω. A resistência da terminação deve ser
igual ao valor da resistência de radiação.
A antena ressonante em V pode se tornar uma antena de onda caminhante terminando-
se o fio com cargas casadas, Fig.5.11. O diagrama em cada braço é mostrado separadamente,
bem como o diagrama resultante. Uma extensão dessa antena é a antena rômbica, Fig.5.12. A
operação dessa antena pode ser melhor visualizada comparando-se com uma linha de transmissão
que foi separada na sua parte central e tem, consequentemente, um valor maior de impedância
caracterı́stica. O resistor de carga RL deve ter um valor conveniente para casamento com a linha
Antenas e Propagação 75
de transmissão e deve absorver as ondas caminhantes carregadas pela antena. Como a separação
entre as linhas é grande relativamente ao comprimento de onda, a estrutura radia. Se projetado
de forma conveniente, um diagrama diretivo com um único feixe na direção longitudinal pode
ser obtido. A impedância da antena rômbica tem valor tı́pico da ordem de 600 a 800 Ω.
Dentre as antenas de banda larga, o dipolo dobrado é uma das mais utilizadas. Ele
é formado por dois dipolos cilı́ndricos ligados pela extremidade, como mostra a Fig.5.13 para
aplicações em HF e VHF. O dipolo dobrado apresenta uma impedância de cerca de 4 vezes a
do dipolo de meia onda ou 260 Ω. Esse valor aproxima-se bastante dos 300 Ω de impedância
caracterı́stica de uma linha de transmissão de fios paralelos comercial, possibilitando um bom
casamento dipolo-linha. Os dipolos dobrados são utilizados, por exemplo, no sistema de estações
costeiras para comunicações com navios.
Uma antena de banda larga é caracterizada por uma região ativa. As ondas propagantes
se originam no ponto de alimentação e caminham para a região ativa onde grande parte da
potência é radiada. Uma antena de banda larga com geometria circular tem uma região ativa
em que a circunferência é um comprimento de onda e produz polarização circular. Um exemplo
é a antena helicoidal, Fig.5.14, que pode alcançar uma largura de banda de 2:1. Essa antena
pode ser considerada como a interface entre a antena linear (quando o diâmetro da hélice tende a
76 ENE - FT - UnB
zero) e a antena em anel (quando os espaçamentos entre as espiras tendem a zero). Em função de
suas dimensões, as antenas helicoidais apresentam as seguintes possibilidades de radiação: modo
normal (ou transversal), modo dos quatro lobos e modo axial (ou longitudinal). O modo axial é o
mais importante para aplicações em sistemas de comunicações ponto a ponto, entre as freqüências
de aproximadamente 200 MHz a 600 MHz. Nesse modo, pode-se também construir conjuntos
planos formados por duas ou quatro helicoidais, Fig.5.15, conseguindo-se ganhos tı́picos de 15
dB e 18 dB, respectivamente.
6.1 Introdução
A onda eletromagnética radiada por uma antena tende, em geral, a se propagar para todas as
direções a partir da antena, a menos que isso seja alterado elétrica ou mecanicamente. A energia
radiada por uma antena transmissora pode alcançar a antena receptora por diferentes caminhos
de propagação. A onda pode, por exemplo, caminhar nas proximidades e paralela à superfı́cie
da terra. Nesse caso, ela é afetada por absorção em prédios e árvores, pela densidade de gases
da atmosfera e por objetos no seu caminho de propagação. Elas também podem ser espalhadas
por objetos refletores de radiofreqüência. Esse tipo de sinal é denominado de onda terrestre e é
a principal fonte de energia na área de cobertura primária de uma estação. As ondas terrestres
podem ser convenientemente divididas em onda de superfı́cie e onda espacial, que por sua vez
pode ser subdividida em onda direta e onda refletida.
As ondas que chegam no receptor, depois de reflexão ou espalhamento na ionosfera, são
conhecidas como ondas ionosféricas ou ondas celestes. A ionosfera é a área da atmosfera que se
estende de cerca de 50 km até cerca de 400 km acima da superfı́cie da terra.
As onda que são refletidas ou espalhadas na troposfera (região da atmosfera dentro de
10 quilômetros da superfı́cie da terra) são denominadas de ondas troposféricas.
Neste capı́tulo, o canal de radiocomunicação é introduzido em termos de ondas radiadas,
a partir da propagação em espaço livre e concluindo com o efeito do terreno sobre a onda
eletromagnética.
Quando a antena está localizada no espaço livre, isto é, remota da terra e de qualquer obstrução,
a densidade de potência (a potência por unidade de área) é igual a
PT GT
S= (6.1)
4πd2
79
80 ENE - FT - UnB
A potência disponı́vel na antena receptora é
PT GT PT GT λ2 GR
PR = SAef = Aef = (6.2)
4πd2 4πd2 4π
em que GR e Aef são, respectivamente, o ganhocom e a área efetiva da antena receptora. Da
relação 6.2, obtém-se
2
PR λ
= GT GR (6.3)
PT 4πd
que é uma relação fundamental conhecida como equação de Friis. A relação entre o comprimento
de onda, a freqüência e a velocidade de propagação (c = λf ) pode ser usada para escrever 6.3
na forma alternativa 2
PR c
= GT GR (6.4)
PT 4πf d
A perda de propagação no espaço livre é convenientemente expressada em dB, a partir
da equação 6.4 como
PR
LF = 10 log = 10 log GT + 10 log GR − 20 log f − 20 log d + 147, 6 (6.5)
PT
Quando as duas antenas são isotrópicas, a perda básica no caminho de propagação é
A equação 6.4 mostra que a propagação no espaço livre obedece a lei do inverso da
distância ao quadrado, de modo que a potência diminui em 6 dB quando a distância do enlace
dobra (ou se reduz em 20 dB por década), equação 6.5. Do mesmo modo, as perdas no caminho
aumentam com o quadrado da freqüência de transmissão, tal que as perdas também aumentam de
6 dB quando a freqüência dobra. Antenas com altos ganhos podem ser utilizadas para diminuir
essas perdas. Essas antena são relativamente fáceis de se construir para freqüências na faixa
de VHF e superiores. Isso fornece uma solução para enlaces fixos ponto a ponto, mas não para
enlaces móveis em VHF ou UHF nos quais cobertura omnidirecional é necessária.
E2
S= (6.7)
η
Então, substituindo-se 6.1 em 6.7, tem-se que
E2 PT GT
= (6.8)
120π 4πd2
de onde se obtém √
30PT GT
E= (6.9)
d
Antenas e Propagação 81
Finalmente, nota-se que a máxima potência que pode ser liberada para os terminais de
um receptor casado é dada por
2
E 2 Aef E 2 λ2 GR Eλ GR
P = = = (6.10)
η 120π 4π 2π 120
EIRP = PT GT (6.11)
6.5 A atmosfera
6.5.1 Troposfera
A troposfera é a camada que está em contato com a superfı́cie terrestre e se estende até a
uma altitude de aproximadamente 11 km. A principal caracterı́stica dessa camada é que a
temperatura decresce numa razão de 6,5 a 7 graus centı́grados por quilômetro de altitude. Na
troposfera estão presentes alguns tipos de gases como o oxigênio, o nitrogênio e o bióxido de
carbono, além de vapor d’água, chuvas, neves e poluição. O estudo do comportamento fı́sico dessa
camada é feito por meio de três parâmetros: pressão atmosférica, temperatura e pressão do vapor
d’água. Os principais fenômenos, no que diz respeito à propagação das ondas eletromagnéticas
na troposfera, são:
6.5.2 Estratosfera
6.5.3 Ionosfera
A ionosfera é caracterizada pelo grau de ionização, que varia de intensidade durante o dia e,
principalmente, do dia para a noite. A modificação do grau de ionização altera a propagação
das ondas eletromagnéticas nessa camada. A ionosfera começa em uma altitude de cerca de 50
km e se estende a uma altura de aproximadamente 400 km, podendo ser subdividida em várias
sub-camadas, de acordo com os diferentes graus de ionização. As camadas mais altas são as mais
fortemente ionizadas. A Fig.6.2 ilustra o meio de propagação formado pela superfı́cie terrestre
e a atmosfera. As sub-camadas e algumas de suas caracterı́sticas são listadas a seguir.
3. Camada F (150 - 400 km) - durante o dia é dividida em duas sub-camadas F1 e F2; a
camada F1 é similar à camada E com baixa densidade de ionização; a camada F2 permite
transmissões em HF acima de 4.000 km.
Existem dois modos principais de propagação das ondas eletromagnéticas entre o transmissor
e o receptor: a onda terrestre, que se propaga diretamente do transmissor para o receptor, e
a onda celeste, que caminha até à camada eletricamente condutora da atmosfera (a ionosfera)
e é refletida de volta para a terra. Comunicações em longas distâncias ocorrem principalmente
por meio das ondas celestes, e as transmissões em curtas distância e todas as comunicações
84 ENE - FT - UnB
em UHF ocorrem por meio das ondas terrestres. Algumas formas de transmissão consistem na
combinação dessas duas.
A propagação da onda terrestre é em parte afetada pelas caracterı́sticas elétricas da
terra (solo ou água), e por difração, ou encurvamento, da onda com a curvatura da terra. Essas
caracterı́sticas diferem entre localidades, mas são praticamente constantes ao longo do tempo.
Por outro lado, a propagação da onda celeste é variável, uma vez que o estado da ionosfera está
sempre variando, afetando a reflexão, ou a refração, da onda.
6.7.1 VLF
6.7.2 LF e MF
Para freqüências entre kHz e alguns MHz (as bandas LF e MF) a onda terrestre é o modo
dominante de propagação e as caracterı́sticas de radiação são intensamente influenciadas pela
presença da terra. Em LF a onda de superfı́cie é utilizada para comunicações em longa distância
e navegação. As antenas são ainda fisicamente muito grandes e transmissores de alta potência são
usados. O aumento da largura de banda disponı́vel em MF permite o seu uso comercial em rádio
AM. Embora a atenuação da onda de superfı́cie seja mais alta do que na faixa de LF, comunicação
sobre distâncias de diversas centenas de quilômetros são ainda possı́veis, particularmente durante
o dia. à noite, a propagação da onda celeste via camada D da ionosfera é possı́vel na faixa de
86 ENE - FT - UnB
MF e isso leva à possibilidade de interferência entre sinais chegando em um mesmo ponto, um
por meio da onda terrestre e o outro pela onda celeste. A interferência pode ser construtiva
ou destrutiva, dependendo da fase das ondas e da variação temporal na altura da camada D,
tornando o sinal alternadamente fraco e forte. Esse fenômeno, chamado de fading, também é
produzido por diversos outros mecanismos e sempre ocorre quando a energia pode se propagar
por meio de mais de um caminho.
6.7.3 HF
Propagação da onda terrestre também ocorre em HF, mas a onda ionosférica é dominante nessa
faixa de freqüências. As camadas ionizadas dentro da ionosfera (as camadas D, E e F) existem em
alturas de vários quilômetros acima da superfı́cie da terra e a comunicação em grande distância
pode ocorrer por meio de um ou vários saltos. A altura das diferentes camadas varia durante a
hora do dia, a estação do ano e a localização geográfica. Isso causa severos problemas que têm
atraı́do a atenção de pesquisadores durante muitos anos e ainda é de grande interesse.
Freqüências em VHF e UHF são normalmente muito altas para ocorrer a propagação da onda
pela ionosfera. As comunicações ocorrem por meio das componentes direta e refletida da onda
terrestre. Nessas bandas, as antenas têm tamanhos relativamente pequenos e podem ser posi-
cionadas com vários comprimentos de onda distante da terra. Nessas condições a onda espacial
é predominante. A largura de banda disponı́vel é tal que rádio FM de alta qualidade e canais de
televisão podem ser disponibilizados, mas a propagação é normalmente restrita para pontos den-
tro do horizonte e a cobertura é essencialmente local. A análise da propagação da onda espacial
em VHF e UHF necessita levar em conta os problemas da reflexão da terra e de obstáculos nat-
urais ou artificiais. Difração em árvores e prédios e refração na camada mais baixa da atmosfera
são também importantes.
6.7.5 SHF
Freqüências em SHF são normalmente chamadas de microondas e este termo é algumas vezes
usado para descrever a parte da banda de UHF acima de cerca de 1,5 GHz. O caminho de
propagação deve estar em linha de visada entre o transmissor e o receptor, caso contrário as
perdas serão extremamente altas. Nessas freqüências é possı́vel projetar antenas compactas de
alto-ganho, normalmente do tipo refletora, que concentra a radiação em uma direção desejada.
Freqüências de microondas são usadas para comunicações via satélite, enlaces terrestres ponto a
ponto, radares e sistemas de comunicações de curtas distâncias.
6.7.6 EHF
O termo ondas milimétricas é as vezes utilizado para descrever as freqüências em EHF (entre
30 GHz e 300 GHz). Comparando-se com freqüências menores, enormes larguras de banda são
Antenas e Propagação 87
disponı́veis nessa parte do espectro. Propagação em linha de visada é predominante e, embora a
interferência da onda refletida pela terra seja possı́vel, ela é insignificante, devido a rugosidade da
terra ser muito maior em comparação com o comprimento de onda envolvido. Somente quando
a terra é muito suave, ou uma superfı́cie de água está presente, é que as ondas refletidas têm um
papel significativo. Na banda de ondas milimétricas os mais importantes efeitos que têm de ser
considerado são espalhamentos por chuva, em certas freqüências, absorção por nevoeiro, vapor
d’água e outros gases atmosféricos. A Fig.6.4 mostra a atenuação por oxigênio e vapor d’água
não-condensado, em função da freqüência. Pode-se observar que para algumas freqüências existe
uma intensa linha de absorção, por exemplo a absorção por vapor d’água em 22 GHz e a absorção
por oxigênio em 60 GHz. No entanto, entre esses pontos existem janelas onde a atenuação é
muito menor.
N = (n − 1) × 106 (6.12)
Devido à refração do sinal, a onda de rádio não percorre uma linha reta. O encurvamento do
raio depende do gradiente da refratividade em cada ponto ao longo do caminho. Tomando-se
uma média do gradiente sobre o percurso, pode-se considerar que o raio segue uma trajetória
curva, em um arco com raio r. Este raio é inversamente proporcional ao gradiente médio do
ı́ndice de refração sobre o caminho, sendo obtido por
1 dn
= (6.16)
r dh
Assim como a onda de rádio não segue uma linha reta, a superfı́cie da terra sobre a qual
ela caminha não é plana. A superfı́cie da terra pode ser considerada como sendo um arco de
raio médio de 6.370 km. Se um perfil linear para N é assumido (isto é, gradiente uniforme), o
encurvamento para baixo do raio da onda pode ser determinado admitindo-se que ele percorre
90 ENE - FT - UnB
um caminho reto, com o raio da terra sendo dado por um valor efetivo. Para a atmosfera padrão
o fator apropriado para a obtenção do raio efetivo é K = 4/3, de modo que o raio efetivo é 4/3
vez o raio real. A Fig.6.7 ilustra o conceito de raio equivalente. Então, o raio efetivo da terra é
igual a ae = 8.497 km. Com referência à Fig.6.8, observa-se que (h1 + ae )2 = R2 + a2e , de modo
que R2 = 2h1 ae + h21 ' 2h1 ae . Como a altura da antena é pequena comparada com a distância
para o horizonte, tem-se que R é aproximadamente igual à distância dT . Então a distância para
o horizonte é dada por dT = (2h1 ae )1/2 .
Para outros gradientes do ı́ndice refrativo o raio efetivo deve ser ajustado apropriada-
mente. O raio efetivo pode ser encontrado pela relação
1 1 dn
= + (6.17)
re r dh
1 157
K= = (6.18)
1 + rdn/dh 157 + G
Quando uma frente de onda encontra um obstáculo ou uma descontinuidade que não é grande
em comparação com o comprimento de onda, pode-se utilizar o princı́pio de Huygens para se
obter uma solução para o problema. Esse princı́pio sugere que cada ponto de uma frente de onda
atua como uma fonte de frentes de ondas secundárias que se combinam para produzir uma nova
frente de onda na direção de propagação. A Fig.6.10 mostra uma frente de onda que se encontra
na posição AA0 . Ondas esféricas se originam em cada ponto do plano AA0 para formar a nova
frente de onda BB 0 , que é tangencial a todas as ondas com iguais raios.
Considerações das ondas originadas em todos os pontos do plano AA0 levam para uma
expressão para o campo, em qualquer ponto de BB 0 , na forma de uma integral, cuja solução
mostra que o campo em qualquer ponto de BB 0 é exatamente o mesmo do ponto mais próximo
em AA0 , com sua fase retardada por 2πd/λ. As ondas então se propagam ao longo de linhas
retas normais às frentes de ondas.
obstáculo (que é assumido ser impenetrável ou perfeitamente absorvente) somente uma frente
de onda semi-infinita CC 0 existe. A teoria dos raios sugere que nenhum campo eletromagnético
existe na região de sombra abaixo da linha pontilhada BC, mas o princı́pio de Huygens estabelece
que as ondas que se originam em todos os pontos em BB 0 , por exemplo em P , se propagam na
região de sombra e o campo, em qualquer ponto dessa região, será a resultante de interferências
de todas essas ondas. O encurvamento aparente das ondas de rádio em torno de uma obstrução
é conhecido como difração.
Para se introduzir alguns conceitos associados com difração considere um transmissor T
e um receptor R no espaço livre, Fig.6.12. Considere também um plano normal à linha de visada
em qualquer ponto entre T e R. Nesse plano constrói-se cı́rculos concêntricos de raios arbitrários.
Então, qualquer onda que alcance R via qualquer ponto nesses cı́rculos caminhará uma distância
maior do que pelo percurso TOR. Em termos da geometria da Fig.6.13 o comprimento adicional
no percurso é
h2 (d1 + d2 )
∆' (6.19)
2 d1 d2
em que assumiu-se h << d1 , d2 . A correspondente diferença de fase é
2π∆ 2π h2 (d1 + d2 )
∆φ = = (6.20)
λ λ 2 d1 d2
Da Fig.6.12 observa-se que, no plano passando através de O, pode-se construir uma famı́lia de
cı́rculos tendo a propriedade de que o comprimento total de T para R, via cada cı́rculo, seja nλ/2
maior do que a distância TOR, em que n é um inteiro. O cı́rculo mais interno representa o caso
n = 1, com um excesso de percurso igual a λ/2. Os raios dos cı́rculos individuais dependem da
localização do plano imaginário com relação às extremidades. Os raios são maiores na metade do
percurso e diminuem com a proximidade das extremidades. Esses pontos definem uma famı́lia de
Antenas e Propagação 93
Figura 6.12: Famı́lia de cı́rculos definidos em um plano imaginário entre transmissor e receptor.
elipsóides como ilustrado na Fig.6.14. O raio de qualquer uma dessas curvas pode ser expresso
em termos de n e das dimensões da Fig.6.13 como
s
nλd1 d2
h = rn = (6.21)
d1 + d2
Essa é uma aproximação válida para d1 , d2 >> rn e, então, não é realista para as
vizinhanças dos terminais. O volume envolvido pelo elipsóide definido por n = 1 é conhecido
como a primeira zona de Fresnel. O volume entre os elipsóides definidos por n = 1 e n = 2 é a
segunda zona de Fresnel etc. As contribuições para o campo no ponto de recepção das sucessivas
zonas de Fresnel tendem a estar em oposição de fase e, portanto, se interferem destrutivamente.
Se uma superfı́cie plana absorvente ideal é colocada entre T e R, ela terá pouca influência no
campo quando bem afastada da linha de visada. O campo em R terá o valor do espaço livre.
Ele começa a oscilar quando aumenta-se a altura do anteparo bloqueando, então, cada vez mais
o campo das zonas de Fresnel abaixo da linha de visada. A amplitude da oscilação diminui até
que o anteparo alcance a linha de visada, quando então exatamente metade do valor do campo é
obstruı́do e a atenuação é de 6 dB. Para alturas além desse valor, a oscilação cessa e a intensidade
do campo diminui.
Para determinar a atenuação de forma quantitativa usa-se a teoria clássica da difração
e pode-se substituir qualquer obstrução ao longo do caminho por um plano absorvente colocado
na mesma posição. O plano é normal ao percurso direto e se prolonga para o infinito em todas
as direções, exceto verticalmente onde ele termina na altura da obstrução original. Difração por
gume de faca é o termo usado para descrever essa situação e todas as reflexões na terra são
ignoradas. As integrais de Fresnel são usadas para se expressar a difração por gume de faca.
A Fig.6.15 mostra a perda por difração em dB relativa ao espaço livre. Na zona de sombra
abaixo da linha de visada a perda aumenta continuamente. Acima da linha de visada ocorre
oscilação sobre o valor do espaço livre, a amplitude da oscilação decrescendo, com a atenuação
tendendo para zero quando o percurso torna-se totalmente desobstruı́do. Para obstrução de
metade do campo a perda é 6 dB, mas da Fig.6.15 observa-se que quando 60% da primeira zona
de Fresnel está desobstruı́da, a perda com relação ao espaço livre é zero. Na prática, então,
Antenas e Propagação 95
Figura 6.15: Perdas por difração sobre o espaço livre para um obstáculo gume de faca.
projeta-se enlaces ponto a ponto com as alturas das antenas de modo a desobstruir a maior
parte da primeira zona de Fresnel.
Os fenômenos de interferência associados com antenas localizadas sobre a terra plana podem ser
determinados estudando-se os campos mostrados na Fig.6.16.
Com referência à Fig.6.16, o campo que chega na antena receptora por meio do percurso
direto produz uma voltagem proporcional a
e−jkR1
f1 (θ1) f2 (θ10 ) (6.22)
4πR1
e−jkR2
f1 (θ2) f2 (θ20 )ρejφ (6.23)
4πR2
em que ρejφ é o coeficiente de reflexão na terra. Na situação prática usual h1 e h2 são muito
menores do que a separação d, então os ângulos θ1 , θ2 , θ10 , θ20 são muito pequenos, e os diagramas
de radiação das antenas podem ser assumidos constantes na faixa dos ângulos envolvidos. A
voltagem total recebida será proporcional a
" #
−jkR1 0 −jkR1
0 e jφ f1 (θ2) f2 (θ2 ) −jk(R2 −R1 ) 0 e
f1 (θ1) f2 (θ1 ) 1 + ρe e = f1 (θ1) f2 (θ1 ) F (6.24)
4πR1 f1 (θ1) f2 (θ10 ) 4πR1
1 (h2 − h1 )2
R1 ≈ d + (6.26)
2 d
e
1 (h2 + h1 )2
R2 ≈ d + (6.27)
2 d
de onde obtém-se
2h1 h2
R2 − R1 = (6.28)
d
Se ρejφ = −1 então
−jk2h1 h2 /d
kh1 h2
F = 1 − e
= 2 sin (6.29)
d
Isso mostra que o efeito da interferência pode dobrar a intensidade do campo com relação
ao seu valor no espaço livre. Definindo-se o ângulo de elevação como na Fig.6.17, sendo dado
por tan ψ0 = h2 /d, e substituindo-se na equação (6.18), tem-se
e é mı́nimo quando
λ n
tan ψ0 = n = 0, 1, 2, ... (6.32)
h1 2
O diagrama de cobertura é um gráfico da intensidade relativa do campo como uma
função da direção no espaço a partir da antena transmissora. Ele é análogo ao diagrama de
intensidade de campo de uma antena. Em qualquer diagrama de cobertura, os parâmetros fixos
são a altura h1 da antena transmissora e o comprimento de onda λ. A distância d para a
localização da antena receptora e a altura h2 da antena receptora são parâmetros variáveis, e
cada par de valores h2 , d determina um ponto no espaço. O diagrama de cobertura é um gráfico
com curvas F/r = constante no plano h2 d. Em muitas situações a distância r em linha de visada
entre as antenas é aproximadamente igual à distância horizontal d. As várias curvas F/r que
são plotadas são escolhidas para representar o mesmo nı́vel de sinal que seria obtido em uma
distância de um múltiplo, ou fator múltiplo, de uma referência conveniente no espaço livre rf .
√ √
Por exemplo, F/r = m/rf ou F = mr/rf ≈ md/rf , com m = 1, 2, 2, .... ou 1/ 2, 1/2, ... A
diferença no nı́vel de sinal entre sucessivas curvas é portanto 3 dB. Usando-se (6.18) encontra-se
que as curvas com nı́vel de sinal constante são dadas por (em que assume-se r ≈ d)
kh1 h2 d
F = 2 sin =m (6.33)
d df
quando o coeficiente de reflexão é igual a −1. Para o caso da terra plana é mais conveniente se
usar (6.19), com (6.20) e (6.21), o que resulta em
d
2 |sin kh1 tan ψ0 | ≈ 2 |sin kh1 ψ0 | = m (6.34)
df
Figura 6.18: Diagrama de cobertura para a terra plana com coeficiente de reflexão igual a −1.
intensidade de sinal máxima em 4 km seria recebida. Este nı́vel de sinal é o mesmo que em 2
km com condições de espaço livre.
A potência recebida é proporcional ao campo elétrico ao quadrado, tal que
2
λ 2 2πh1 h2
Pr = Pt Gt Gr sin (6.35)
4πd λd
A relação (6.25) é conhecida como a equação de propagação sobre a terra plana. Ela
difere da relação no espaço livre, equação (4.3), em dois aspectos. Primeiro, como uma con-
sequência da consideração d >> h1 , h2 , o ângulo é pequeno e λ cancela na equação (6.25)
tornando-a independente da freqüência. Em segundo lugar, ela mostra a dependência da potência
com o inverso da quarta potência da distância, ao contrário da lei do inverso da distância ao
quadrado para o espaço livre. Isso significa um decaimento mais rápido na potência recebida
com a distância, 12 dB para cada vez que a distância dobra.
Deve-se lembrar que a equação (6.25) somente se aplica quando d >> h1 , h2 . Perto do
transmissor a equação (6.24) deve ser usada e existem máximos e mı́nimos na intensidade do
sinal, como mostra a Fig.6.19.
Antenas e Propagação 99
A relação (6.14) pode ser utilizada para o cálculo do campo recebido em qualquer localização,
mas deve-se notar que para terra esférica existe uma certa quantidade de divergência da onda
refletida pela terra, Fig.6.22. Esse efeito pode ser considerado usando-se um fator de divergência
na equação (6.14). Então, para antenas localizadas sobre a terra esférica, Fig.6.23, com um raio
efetivo re (atmosfera padrão), a expressão para o fator de ganho de percurso é
F = 1 + Dρejφ−jk∆R
1/2
= [1 + Dρ cos(φ − k∆R)]2 + [Dρsen(φ − k∆R)]2 (6.40)
h i1/2
= (1 + Dρ)2 − 4Dρsen2 ( φ−k∆R
2 )
Figura 6.23: Duas antenas mutuamente visı́veis localizadas sobre a terra esférica.
Nas considerações anteriores, a superfı́cie da terra foi considerada plana e lisa. Entretanto, na
realidade a superfı́cie terrestre não é nem plana nem lisa. Na maioria dos casos ela é irregular,
com exceção das superfı́cies dos mares, rios e lagos.
A onda refletida no solo rugoso tem menor intensidade que a refletida em uma superfı́cie
lisa devido a dispersão da onda em todas as direções. Mesmo os raios refletidos que chegam
na antena receptora estão defasados entre si por percorrerem distâncias diferentes. A Fig.6.24
ilustra o conceito de rugosidade.
Da Fig.6.25 conclui-se que a diferença de percurso entre os raios A e B é
∆l = 2d sin ψ (6.42)
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